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Malu Cooper
VOLUME 1
VOCALISES
Editora
G4 Edições Ltda. – TONS Instituto de Educação Musical
www.tons.com.br – g4@tons.com.br
Autoras
Malu Cooper - malucooper@uol.com.br
Diana Goulart - diana@imagelink.com.br
www.dianagoulart.pro.br
3ª impressão
ISBN 85-89355-02-0
CDD 780.7
O livro de exercícios de técnica vocal POR TODO CANTO, de Diana Goulart e Malu Cooper, é um
excelente suporte didático para o professor de canto, para o cantor profissional e o preparador
vocal que visam o trabalho com música popular, pois aborda mais de 20 gêneros musicais diferentes,
do samba de roda ao pop e rock, passando pelo afoxé, xote, baião, frevo, maracatu e muitos outros.
Sem reproduzir nenhuma música conhecida, as professoras apresentam, sempre com justificativas
e objetivos muito claros, as mais diversas situações-problema referentes à técnica de cantar pro-
priamente dita ao mesmo tempo em que estimulam o aluno a perceber as “levadas” rítmicas, as
“manhas”, as gírias da linguagem musical popular. Sem falar na alegria, graça e bom-humor das letras
e melodias que revelam o prazer e o amor de cantar e educar de Diana e Malu.
Roberto Gnattali
Maestro, compositor e professor da Faculdade de Música da Uni-Rio
Esse trabalho realizado por Diana e Malu faz o que nós instrumentistas já conhecemos: mostra a
importância dos exercícios diários para a solidificação da técnica, trabalhando o aquecimento, arti-
culação, extensão etc. Mas não tinha visto até o presente momento nenhuma publicação voltada para
o canto popular no Brasil com uma proposta tão bem definida, onde cada vocalise é também uma boa
prática de música. Com as ótimas gravações nos CDs que acompanham o livro, o cantor e aluno que se
utilizarem destes treinos diários com certeza estarão se aprimorando na técnica e ao mesmo tempo
se familiarizando com cada uma das infinitas possibilidades rítmicas e estilísticas que cada faixa
propõe. Na minha opinião o estudo bem feito tem que se tornar prazeroso, missão essa já previamen-
te cumprida pelas autoras. E o melhor de tudo: é só abrir e sair treinando por todo canto.
Délia Fischer
Pianista, compositora e professora de piano
Quando comecei a receber e-mails dos quatro cantos do Brasil por conta do programa “Fama”, da
TV Globo, do qual eu era o professor de canto, pedindo-me indicações de aulas de canto em suas
cidades ou regiões, fiquei perdido. Conheço e indico professores em muitas capitais, em algumas gran-
des cidades... mas no interior do Acre? No norte de Minas Gerais? Na periferia de Brasília? A solução
veio com este livro. Passei a indicá-lo como uma forma de iniciação e aperfeiçoamento vocal àquelas
pessoas que não tinham condições geográficas ou econômicas de freqüentar aulas de canto. E também
àquelas que queriam exercitar-se com vocalises mais próximos do canto popular, com grande variedade
rítmica, harmônica e melódica, saindo dos “miniminimi” e da ditadura da escala maior. Claro que este
livro não substitui o professor de canto, como aliás já frisam as autoras, mas ajuda — e muito — a
todos aqueles que, portadores de vozes saudáveis, querem iniciar-se ou aperfeiçoar-se na parte téc-
nica do estudo da voz cantada para o gênero popular. Vocalises criativos, inéditos, variados, musicais e
sobretudo brasileiríssimos - este é o gol de ouro deste livro, que o destaca dos demais. A Diana e a
Malu, para quem eu tive o prazer de dar aulas em cursos e aulas particulares e de dividir mesas
redondas em seminários e congressos de canto, meus efusivos parabéns.
Felipe Abreu
Professor de Canto — Rio de Janeiro.
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Malu Cooper
Diana Goulart
Diana Goulart,
Claudio Nucci,
Malu Cooper
e Flávio Paiva
Patrícia Peres
Antonio Guapiassu
Itamar Assiére
Ignez Perdigão e Diana Goulart Diana Goulart, Zeca Rodrigues e Malu Cooper
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Deco Fiori
Alexandre Caldi
Índice
Apresentação ................................................................................ 11
Respiração e Apoio..................................................................... 15
Aquecimento ................................................................................. 17
Ressonância .................................................................................. 24
Articulação ...................................................................................27
Flexibilidade ................................................................................ 30
Projeção ........................................................................................ 34
Extensão ....................................................................................... 37
As Autoras.................................................................................... 44
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Apresentação
Este livro é o resultado de um intenso trabalho de pesquisa que foi realizado por nós ao
longo de muitos anos de sala de aula, com constante busca de aprimoramento das técnicas
pedagógicas.
Constatamos que os vocalises habitualmente usados pelos professores de canto eram deri-
vados do canto lírico, e quase sempre voltados para esta estética musical. Para diminuir a
imensa distância que existe entre a técnica vocal tradicional e o repertório de música popular
escolhido pelos nossos alunos, passamos a compor pequenas frases, pequenos trechos musicais
que atendessem às necessidades de treinamento vocal que buscávamos, e ao mesmo tempo
tivessem um “sabor” de música popular.
A técnica vocal tem que estar a serviço da música. Ela é tão viva quanto a música, e só existe
em função dela. Portanto, ela tem que soar como a música que queremos cantar. Evidentemen-
te, o instrumento é o mesmo - a voz – e, portanto, o cantor popular pode (e deve) perfeitamen-
te se beneficiar do estudo tradicional.
Os exercícios aqui propostos devem ser vistos como um acréscimo, como alternativas para
trazer variedade às aulas, e nunca como um substituto dos vocalises tradicionais.
Não temos a intenção de fazer neste livro um extenso e profundo tratado sobre as ques-
tões da técnica vocal. Apenas abordamos alguns de seus aspectos mais relevantes para a
execução dos vocalises aqui apresentados. Para quem quer se aprofundar, recomendamos
olhar as sugestões bibliográficas na pág. 46, além do nosso website www.dianagoulart.pro.br/
portodo canto.
A partir daí fica mais fácil trabalhar a expressividade da execução. O prazer encontrado
na prática dos vocalises facilita ao aluno estabelecer a relação entre qualidade sonora (a voz
“bem colocada”, com bom aproveitamento respiratório, projeção adequada, articulação clara
etc) e os princípios da técnica vocal.
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Pensando nisto, apresentamos sugestões para a prática diária de vocalises: uma espécie de
guia para construir um “cardápio” variado de exercícios, que vai ajudar o aluno/cantor a criar
uma rotina de treinamento que contemple os diversos aspectos importantes na técnica vocal.
Além disso, reunimos algumas “dicas” que, acreditamos, serão úteis para quem deseja aper-
feiçoar-se na prática vocal.
As melodias, letras e cifras de todos os vocalises em todos os tons que foram gravados nos
CDs se encontram no Volume 2 (Partituras para o Professor).
Por isso este trabalho está em constante revisão/ampliação, e não se encerra neste conjunto
de páginas. Visite a página www.dianagoulart.pro.br/portodocanto na Internet, onde você pode-
rá encontrar:
IMPORTANTE
Este trabalho não pretende, em nenhuma hipótese, substituir a aula de canto acompanhada
por um professor ou preparador vocal. Ao contrário, vemos o CD como um complemento, um
material de apoio para tornar as aulas mais produtivas. Somente um profissional da voz poderá
dar ao aluno a orientação necessária e a segurança de estar realizando os exercícios de forma
correta.
Instruções preliminares
Os vocalises estão divididos em categorias (aquecimento, respiração e apoio, ressonância,
articulação, flexibilidade, projeção e extensão). Trata-se de uma divisão exclusivamente
didática - na realidade, estes aspectos podem estar presentes simultaneamente em qualquer
dos exercícios. Ao fazer um vocalise de extensão, por exemplo, não podemos esquecer as
outras categorias (um bom apoio, articulação bem cuidada, projeção definida). Na verdade,
os vocalises aqui apresentados refletem o que acontece nas músicas do seu repertório, onde
você tem que estar atento para os diversos aspectos previamente estudados, como respira-
ção, postura, emissão etc., e ainda trabalhar a interpretação.
Nos CDs que acompanham o livro, os vocalises foram gravados por vários cantores, com
diferentes tipos de voz. Em alguns momentos eles cantam juntos, em outros só um deles can-
ta. Por que fizemos isto? Para mostrar que, se estiver confortável, você pode ir do grave ao
agudo. E é exatamente isto que você deve fazer: estar atento para usar sua voz sem esforço,
respeitando os seus limites. Observe que tanto os homens como as mulheres podem ter vozes
graves, médias ou agudas. Por isso fizemos no CD um revezamento: ora a voz mais grave é de
cantor, ora de cantora; e o mesmo acontece com as vozes mais agudas.
A classificação dos tipos da voz não depende apenas da extensão [distância entre a
nota mais grave e a mais aguda que o instrumento - neste caso, a voz - pode emitir]: há
outros critérios para isto. Mas não cabe aqui um aprofundamento desta questão, já que no
canto popular o que conta é a identidade ou estilo individual de cada voz, sem a preocupa-
ção de classificá-la. Mesmo que você tenha sido algum dia classificado, por exemplo, como
tenor, o que importa aqui é estar atento para os limites - e possibilidades de expansão - da
sua voz. Na música popular, as classificações não podem ser encaradas como uma camisa de
força. Você pode cantar na região que quiser, desde que respeite o seu conforto. Nunca,
jamais, em tempo algum você deve forçar a sua voz!
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Você deverá inicialmente usar a voz gravada nos CDs como guia; quando estiver mais seguro
poderá dispensar este apoio e fazer os exercícios só com o acompanhamento. É só girar o botão
de “balanço” do seu equipamento de som, pois a voz foi gravada só de um lado do estéreo. Em
alguns aparelhos de som este efeito pode ser conseguido pressionando a tecla “karaokê”.
Mais uma dica antes de passarmos à prática: não encare os vocalises como simples exercícios
mecânicos! Tome posse da melodia, procure descobrir as variações melódicas e rítmicas que ela
sugere. Compreenda a proposta do acompanhamento, observando o que cada instrumento faz.
Escolha um instrumento e tente cantar junto com ele.
Fique atento às finalizações: mostramos diferentes exemplos de como acabar uma músi-
ca - você pode fazer adaptações e aproveitar estas idéias no seu repertório habitual! En-
fim, descubra uma nova maneira de ouvir, muito mais aprofundada, onde você tem prazer
também em perceber detalhes de toda a banda em vez de prestar atenção apenas no solis-
ta, na linha melódica e/ou na letra.
Respiração e Apoio
Esta é a base fundamental para quem deseja ter controle da emissão vocal - seja na
fala, seja no canto. Uma boa respiração, com a utilização correta do apoio diafragmático,
é a primeira condição para uma boa performance. No canto, é importante que o indivíduo
tenha pleno controle de sua respiração: o tempo de inspiração é geralmente mais curto, e a
expiração é geralmente bem mais longa.
O que vem a ser o apoio? É a sustentação da coluna de ar que faz parte da produção do som.
Quando você inspira, o ar enche os seus pulmões, alargando a região das costelas e extendendo
os músculos intercostais. Ao mesmo tempo, o diafragma se abaixa e expande para os lados (sem
o seu controle voluntário). O que você pode - e deve - controlar são os músculos intercostais e
abdominais. Assim, o diafragma e todos os músculos envolvidos no processo respiratório estão na
posição adequada a proporcionar uma boa emissão vocal, pois eles controlam a saída do ar e do
som (que ocorre na expiração).
Esquema de inspiração
Traquéia
Pulmão
Diafragma
Fig. 1 Fig. 2 Fig. 3
A precisão e a suavidade do ataque do som, bem como todas as nuances vocais e a maioria dos
recursos interpretativos, dependem do perfeito controle do apoio, para poder dosar a saída do
ar, e também a quantidade de ar a ser empregada em cada frase que cantamos.
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Exercício 2 - Repetir o ex. 1, desta vez fazendo o som "SSSSS..." (contínuo ou legato) durante a
expiração. Procure manter o som homogêneo, estável, sem variação de intensidade, e durante um
tempo confortável, sem exageros. Mantenha as costelas alargadas durante toda a emissão do som.
Exercício 3 - Repetir o ex. 1, agora fazendo sons bem curtos em "S" (destacados ou staccato).
A cada som corresponde um movimento de alargamento das costelas (como se quisesse alargar
ainda mais a cintura).
Exercício 6 - Inspire lentamente enquanto caminha quatro passos. Observe sempre o alar-
gamento natural das costelas. Ao dar o quinto passo, comece a fazer um som com a boca fechada
(bocca chiusa): Hummmmm..... durante os próximos oito passos. Atenção: não dê muito volume à
sua voz - é mais importante você sentir esta ressonância do que cantar forte. Use a região média
de sua voz - ou seja, o som não deve ser nem muito grave nem muito agudo. Atenção mais uma vez:
cuide para que ao final desse último passo, o ar tenha sido todo expulso para dar lugar à próxima
inspiração. Então, sem interromper o pulso da contagem, recomece o processo - volte a inspirar
lentamente e repita o ciclo.
Exercício 7 - Mantenha os quatro passos para inspirar, mas tente variar o tempo de expira-
ção - por exemplo, você pode ir acrescentando dois passos de cada vez. É uma boa maneira de
monitorar o seu progresso.
Aquecimento
Todo atleta deve se aquecer antes de um jogo. O aquecimento consiste em exercícios simples,
fáceis, que preparam o corpo para responder a uma grande exigência sem sofrer danos. Também o
cantor deve se preparar para uma apresentação – ou mesmo para uma aula - fazendo vocalises de
aquecimento. Estes vocalises podem ser frases curtas, geralmente em grau conjunto (ou seja, a
melodia se move por tom e/ou semitom, sem dar “saltos”), de simples memorização ou tiradas de
músicas conhecidas e de pequena extensão.
Todos os vocalises têm uma introdução que pode ter de 4 a 16 compassos (veja o Volume 2 -
Partituras para o Professor). Aproveite esta introdução como um exercício de concentração:
prepare-se para cantar, verificando sua postura corporal e seu controle respiratório.
Vocalise 01
Humming bem lento (esqueceu o que é humming? Veja na pág. anterior). Procure trazer o som
para a ponta dos lábios, sentindo-os sempre vibrar. Cuide para que o espaço dentro da boca seja
bastante amplo e confortável.
Vocalise 02
Deve ser cantado com um som de “bocca chiusa” (humming) alternando com a vogal [ô], for-
mando a “frase” [MM Ô MM Ô MM], ou alternando com a vogal [a], formando a “frase” [MM A
MM A MM]. Procure sempre dar um bom espaço dentro da boca ao executar o [MM]. E lembre-
se: direcione o som para os seus lábios.
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Vocalise 03
Mantenha sempre uma postura sem tensão - principalmente rosto, pescoço, ombros, braços.
Note que esta melodia apresenta um trecho em modo maior (os dois primeiros compassos) e
outro em modo menor (os dois seguintes).
Vocalise 04
Assim como o vocalise anterior, este também apresenta alternância entre terça maior e me-
nor. Procure inspirar bem no início, evitando assim respirar entre as três estrofes. A perfeita
articulação é também fundamental neste vocalise. A melodia é ligeiramente modificada a partir
da metade do exercício (modulações descendentes). Consulte a partitura no Volume 2 (Partitu-
ras para o Profesor). Observe também que muitas vezes nos finais das frases ocorrem as chama-
das “blue notes”. Esta é uma abordagem típica do blues e do rock, e se caracteriza por uma
ligeira imprecisão no ataque do terceiro grau da escala (“rock ’n’ roll-ado”).
Samba amaxixado
Baião de ovo virado
Bom mesmo é esse “rock ’n’ roll-ado”
Vocalise 05
Atenção para as modulações de uma frase para a outra: este exercício sobe em terças maio-
res e desce em terças menores. Siga o modelo da gravação no CD ou da partitura no Volume 2
(Partituras para o Profesor)!
Vocalise 06
Atenção: Na partitura usamos, como é hábito na escrita de melodias jazzísticas, as colcheias
suingadas - ou seja, estão escritas duas colcheias mas deve-se ler uma quiáltera onde a primeira
nota é uma semínima e a segunda uma colcheia. Assim:
Observe que no final há um “rallentando” (o andamento cai, ou seja, o exercício fica mais lento).
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Vocalise 07
É uma frase bem longa, e deve ser cantada inteira, sem pausa ou interrupção para respirar.
No começo pode ser difícil, mas com a continuidade você vai adquirir um maior controle da
respiração - é esta a finalidade do vocalise. Se necessário, você pode, num primeiro estágio,
fazer uma respiração após o compasso 4. Experimente também usar outras vogais.
Vocalise 08
Staccato (Pa-ra de fa-lar) / legato (Fecha essa matraca e vem cantar). Ao alternar staccato
e legato procure fazer uma clara distinção entre as duas formas de apoio, já descritas nos
exercícios respiratórios 2 e 3 do capítulo Respiração e Apoio.
Pa-ra de fa-lar
Fecha essa matraca e vem cantar
Vocalise 09
Mais um vocalise alternando staccato e legato. As modulações são feitas por quartas justas -
ou seja, cada frase está numa região bem distante da anterior. Fique atento para respeitar os
limites da sua voz, mantendo-se dentro do conforto.
Cacá, Dedé
Subindo a Ladeira do Bonfim
Vocalise 10
Além do trabalho intenso de apoio, não podemos deixar de destacar a importância de uma
cuidadosa articulação.
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Vocalise 11
Ao cantar este vocalise, enfatize a palavra [quem] todas as vezes em que ela aparece.
Vocalise 12
Para fechar este bloco de aquecimento e apoio, um vocalise mais longo que contempla estes
dois aspectos simultaneamente.
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Ressonância
São exercícios que ajudam a perceber que o som da sua voz pode ser modificado no momento
da emissão. Como isso acontece? Você pode aproveitar os “ressonadores” do seu corpo - as
cavidades da cabeça e do peito para valorizar determinadas características do som. Você pode
“amplificar” determinadas frequências e “amortecer” outras.
Antes do próximo vocalise, experimente o seguinte exercício: coloque uma das mãos no peito e
faça um som contínuo utilizando a vogal [u], começando do mais grave que conseguir, e suba
glissando (ou seja, “escorregando” pelos sons, de uma altura a outra, sem definir cada uma das
notas) até o mais agudo. Observe que no início, você vai sentir uma forte vibração em sua mão;
mas num determinado ponto deste contínuo, ela desaparece. Neste ponto é que a ressonância de
peito é substituída pela de cabeça.
Vocalise 13
[LôM MôN NôN] (nota parada) - Atenção: você deve pronunciar cuidadosamente cada con-
soante, dando ênfase ao som do [m] e [n] finais, sendo o [ô] apenas uma vogal de passagem e
ligação. Também aqui, as modulações são feitas por quartas justas.
Vocalise 14
[NUM(i) NUM(i) NUM(i)] - assim como no vocalise anterior, valorize as consoantes. O [i] deve ser
articulado muito levemente, de forma quase imperceptível. Faça este exercício bem suingado!
Vocalise 15
Faça cada fonema de forma bem exagerada (mas sempre mantendo o conforto e o relaxamen-
to), ampliando o espaço vertical dentro da boca.
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Vocalise 16
Subir com a vogal nasal [ã] e descer com ela aberta [á]. Note que esta melodia também apre-
senta um trecho em modo maior (dois primeiros compassos) e outro em modo menor (dois últimos
compassos).
Vocalise 17
Acentue a diferença entre os sons orais [al], de alguém, [a], de aqui e a frase só pra te ver, e
os restantes, nasais.
Articulação
Como o próprio nome diz, são frases com fonemas que exigem extremo cuidado para serem bem
pronunciados, provocando um intenso movimento articulatório para serem compreendidos.
Vocalise 18
Procure dar sempre espaço vertical dentro da boca. Note que o [y] é apenas um impulso para
a vogal que o sucede [a], não devendo portanto ser enfatizado. O compasso alternado (5/4)
confere a este exercício uma característica rítmica pouco usual e muito interessante.
Você pode usar, alternativamente, outros fonemas como, por exemplo, [Yô_ô] , [Yú_ú] ou
[Yê_ê].
Vocalise 19
Mantenha o rosto muito relaxado durante os vocalises. Você pode exagerar na “fôrma”. Use e
abuse da sua articulação. Procure acentuar a vogal [ô]. Assim como no vocalise 14, insira um [i]
brevíssimo, quase imperceptível, ao pronunciar os quatro primeiros [ôb(i)la blag] de cada frase.
Observe a letra abaixo da partitura.
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Vocalise 20
Seguindo o modelo da gravação, use as combinações de fonemas indicadas abaixo:
Vocalise 21
Mais uma vez ocorre a alternância entre os modos maior (Pintassilgo, Pintaroxo), menor (Che-
ga-e-vira, Engole-vento) e novamente maior (Asa Branca, Melro e Colibri).
Pintassilgo, Pintaroxo
Chega-e-vira, Engole-Vento
Asa Branca, Melro e Colibri
Vocalise 22
Impossível destacar somente a articulação neste vocalise, que exige grande flexibilidade e
rapidez. Por isto ele faz a transição deste capítulo para o próximo.
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Flexibilidade
São frases que apresentam movimentos ascendentes e descendentes, geralmente com saltos,
podendo exigir grande agilidade e rapidez.
Na música popular, é muito comum - e altamente desejável - que o intérprete faça uma leitura
pessoal das músicas, tanto em termos melódicos como rítmicos; dependendo do gênero musical,
esta liberdade para acrescentar variações ao tema original passa a ser quase uma exigência. Por
exemplo: se você cantar jazz, bossa ou samba seguindo rigorosamente o que está escrito na
partitura, o resultado vai ficar “duro”, fora de estilo ou sem suíngue. No caso do jazz, espera-se
mesmo que o cantor seja um improvisador e tenha a habilidade de re-inventar, na hora, o tema
cantado.
Ouça atentamente os seus cantores favoritos e tente observar a maneira singular com que
eles interpretam as canções: como eles distribuem as sílabas dentro dos versos (divisão rítmica),
como dão mais ênfase a uma frase ou a uma palavra, como sustentam certas vogais e fazem
outras mais curtas, como começam e finalizam cada frase musical. Mas atenção: só cante junto
com o disco se a região estiver confortável para sua voz!
As gravações nos CDs deste livro, por terem objetivo didático, procuram evitar as variações
excessivas; mas você notará que em alguns vocalises existem algumas sutis diferenças rítmicas
ao longo do exercício. Por exemplo, no vocalise 24 você poderá ouvir (e cantar):
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Projeção
São exercícios que devem ser feitos usando imagens mentais que direcionem o som. A proje-
ção dá direção à voz; deve ser sempre associada à orientação do som, à intenção de conduzir a
voz até um ponto imaginário, independente da intensidade desejada (som mais forte ou mais
fraco). Para isso, é imprescindível um bom desempenho do seu apoio diafragmático.
Pru _________ ú - ô - á - ô - ú
Pri __________ í - ê - é - ê - í
Áêáê-áêáê
Ôêôêô
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Extensão
São vocalises que trabalham os extremos da voz, buscando uma passagem suave entre as
ressonâncias de cabeça e de peito, e dando oportunidade para que o aluno transite natural-
mente entre elas.
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Vai o vento
Leva as folhas
Varre o tempo, vai
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Algumas Dicas
E sugestões para seu programa de treinamento/manutenção
1. Planeje seu melhor horário para os vocalises. Se você demora a “esquentar” de manhã, deixe
para vocalisar num horário em que você já esteja mais ativo, para conseguir melhor rendi-
mento.
2. A idéia não é fazer os 40 vocalises numa mesma sessão. Planeje cardápios diários, que
caibam dentro do seu tempo disponível. Tente variar os vocalises escolhidos dentro de
cada categoria. Para sua orientação, damos uma sugestão de estrutura por sessão. Este
exemplo se aplica a um aluno que dedica trinta minutos por dia, quatro vezes por semana,
ao seu treinamento.
3. Ao fazer seus exercícios, procure respeitar a ordem das categorias, e dos vocalises dentro
delas.
4. Fixe metas que você possa atingir. É melhor programar quinze minutos por dia, três vezes por
semana, e cumprir, do que planejar uma hora diária e frustrar-se por não conseguir.
5. Se você teve um dia ou uma noite atípicos, não se exija demais no dia seguinte.
6. Aprenda a estar em sintonia com sua voz. Respeite seus limites, mesmo se estiver no meio do
treinamento. Não tenha medo de interromper um vocalise se você sentiu que está de alguma
forma forçando seu aparelho fonador.
7. Resista à tentação de cantar “igualzinho” ao cantor que você admira, pois a sua voz não tem,
necessariamente, a mesma extensão que a dele. Cada voz tem características próprias, com
sua personalidade e seu timbre único.
8. Cabe lembrar que as vozes masculinas soam uma oitava abaixo das vozes femininas. Ou seja:
quando se escreve uma frase musical, por exemplo, para duas vozes — um cantor e uma
cantora — o cantor estará cantando uma oitava abaixo.
9. Depois de bem acostumado com os vocalises propostos, experimente dar asas à sua criati-
vidade, inventando variações dos exercícios aprendidos ou mesmo criando novas melodias
que combinem com os acompanhamentos. Releia o último parágrafo das Instruções Preli-
minares, na página 13.
10. Recorra sempre que quiser ao seu professor ou preparador vocal, seja para tirar uma
dúvida, seja para avaliar seu progresso.
11. Pode parecer óbvio, mas não custa lembrar: sua voz reflete sua saúde. Uma rotina saudá-
vel, com boa alimentação e exercícios físicos moderados, vai favorecer sua voz e sua vida.
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As autoras
Diana Goulart
Formada em Psicologia e licenciada pela PUC – RJ (1977). Pós-Graduada (Especialista) em
Educação Musical no Conservatório Brasileiro de Música do Rio de Janeiro (2001).
Estudou técnica vocal com Scylla Machado, Pepê Castro Neves, Felipe Abreu, Elisabeth
Howard e Lisa Popeil (esta última em Los Angeles). Estudou Harmonia com Célia Vaz,
Violão com Billy Teixeira e Piano com Cecília Conde e Marisa Gandelman. Fez também os
cursos de Percepção, Harmonia e Arranjo no CIGAM – Centro Ian Guest de Aperfeiçoa-
mento Musical.
Participou do Grupo de Pesquisas da Voz do Rio de Janeiro, que, por dois anos, reuniu
professores de canto, regentes de corais, fonoaudiólogos e fisioterapeutas para o estudo
da voz cantada.
Atuou como cantora em diversas casas noturnas, clubes, shows e bailes com a Rio Jazz
Orchestra, Rio Dixieland Jazz Band e vários pequenos grupos. Durante quatro anos fez a
preparação vocal, arranjos e regência do grupo vocal “Jazz Friends”.
Malu Cooper
Formada em Licenciatura nos cursos de Letras da UFRJ (1985) e de Música da UNI-RIO
(1996). Estudou canto erudito com José Luís Nascimento e José Paulo Bernardes e inter-
pretação em canto popular com Ryta de Cássia. Atualmente estuda com Felipe Abreu.
Participou do Grupo de Pesquisas da Voz do Rio de Janeiro, que, por dois anos, reuniu
professores de canto, regentes de corais, fonoaudiólogos e fisioterapeutas para o estudo
da voz cantada. Mantém-se constantemente atualizada através de cursos e congressos liga-
dos à Educação Musical, Técnica Vocal, Técnicas corporais relacionadas à voz e Regência
Coral. É membro da Associação Brasileira de Canto.
Leciona canto desde 1991 em aulas particulares e cursos de música no Rio de Janeiro.
Desde 1993 vem trabalhando como preparadora vocal de vários corais do Rio de Janeiro, e,
a partir de 1998, começou a atuar como regente coral, dirigindo hoje 2 grupos. Atualmente,
estuda regência coral com Carlos Alberto Figueiredo.
Junto com Diana Goulart, vem desenvolvendo diversos projetos, entre os quais a Oficina de
Técnica Vocal no Canto Popular (curso intensivo que engloba técnica vocal e interpretação).
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Bibliografia sugerida
BEHLAU, Mara & Pontes, Paulo. Higiene Vocal - informações básicas, Editora Lovise, SP, 1993.
BEHLAU, Mara & Rehder, Maria Inês. Higiene Vocal para o Canto Coral. Rio de Janeiro: Revinter,
1997.
BOONE, Daniel R. Is Your Voice Telling on You?, San Diego, California: Singular Publishing
Group, Inc., 1991.
CHENG, Stephen Chun-Tao, O Tao da Voz - Uma abordagem das técnicas do Canto e da voz
falada combinando as tradições oriental e ocidental. Editora Rocco, RJ, 1999.
COSTA, Henrique Olival e SILVA, Marta Assumpção de Andrade - Voz Cantada - Evolução,
Avaliação e Terapia Fonoaudiológica, Editora Lovise, São Paulo, SP - 1998.
COELHO, Helena de Souza Wöhl, Técnica Vocal para Coros — Editora Sinodal, S. Leopoldo, RS, 1994.
MELLO, Edmée Brandi de Souza, Educação da Voz Falada — Editora Atheneu, RJ/SP, 1992.
SANDRONI, Clara, 260 dicas para o cantor popular — Editora Lumiar, RJ, 1998.
Gravação
Flávio Paiva e Guta Menezes
Mixagem
Flavio Paiva e Malu Cooper
no Estúdio Duas Auras - Rio de Janeiro
flavio.paiva@openlink.com.br
Masterização
Solon do Valle
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