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Poder Público Como Réu

COMUNICAÇÃO DE ATOS PROCESSUAIS


 Citação
 Intimação
RESPOSTA DO ENTE PÚBLICO E REVELIA

Intervenção Anômala do Poder Público


INTRODUÇÃO
CARACTERÍSTICAS E NATUREZA
SISTEMÁTICA DE APLICAÇÃO
 Admissibilidade
 Modo de ingresso do ente público
 Modo de atuação em juízo
 Interposição de recurso
 Pedido de suspensão

Tutela Provisória Contra o Poder


Público
INTRODUÇÃO
LEGISLAÇÃO
CONSTITUCIONALIDADE
VEDAÇÕES LEGAIS À TUTELA DE URGÊNCIA CONTRA O PODER
PÚBLICO

 Ato de autoridade com prerrogativa de foro


 Irreversibilidade da medida
 Compensação de créditos tributários e previdenciários
 Ações possessórias
TUTELA DE EVIDÊNCIA CONTRA O PODER PÚBLICO
MEIOS DE IMPUGNAÇÃO

Concurso não se faz para passar, mas até passar. Porrada na preguiça! A fila anda e a catraca seleciona. É nóis, playboy!!!
Art. 238. Citação é o ato pelo qual são convocados o réu, o executado
ou o interessado para integrar a relação processual.

Ato processual que integra o demandado à relação jurídica processual.

Trata-se de ato indispensável ao processo, e sua falta gera uma nulidade


insanável, podendo ser arguida a qualquer tempo.

Em relação à Fazenda Pública, esta será citada na pessoa de seus


representantes, conforme o artigo 75 do CPC determina.

No âmbito federal, a regulação fica por conta da LC nº 73/93. A União é citada


na pessoa dos órgãos da AGU (artigo 35).

Na esfera estadual, a citação é feita na pessoa do Procurador-Geral do Estado.

No que se refere aos municípios, é importante prestar atenção. A CF não previu


COMUNICAÇÃO DE expressamente a prestação de serviços jurídicos por Procuradorias organizadas em
CITAÇÃO
ATOS PROCESSUAIS carreiras. Só previu para a União e para os Estados (nestes, obrigatoriamente membros
de carreira, ingresso por concurso público).

Isto posto, o CPC dispõe (art. 75, III) que o município pode ser representado
pelo prefeito ou pelo procurador. Citado, o prefeito deve constituir advogado,
mediante mandato, para defender os interesses do ente público.

Art. 246 § 1o Com exceção das microempresas e das empresas de pequeno


porte, as empresas públicas e privadas são obrigadas a manter cadastro nos
sistemas de processo em autos eletrônicos, para efeito de recebimento de
citações e intimações, as quais serão efetuadas preferencialmente por esse
meio.
§ 2o O disposto no § 1o aplica-se à União, aos Estados, ao Distrito
Federal, aos Municípios e às entidades da administração indireta.

A citação da Fazenda Pública não pode ser feita pelo correio, sendo exigida a
citação pessoal, através de oficial de justiça, salvo se o sistema for eletrônico, ocasião
em que será pelo próprio sistema. (Artigo 246, §1º).

1
Feito com base nos resumos de Diovane Franco (obrigado, cara!) e outras fontes.
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Art. 269. Intimação é o ato pelo qual se dá ciência a alguém dos atos e dos termos
do processo.
§ 1o É facultado aos advogados promover a intimação do advogado da outra parte
por meio do correio, juntando aos autos, a seguir, cópia do ofício de intimação e do aviso
de recebimento.
§ 2o O ofício de intimação deverá ser instruído com cópia do despacho, da decisão
ou da sentença.
§ 3o A intimação da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios
e de suas respectivas autarquias e fundações de direito público será realizada
perante o órgão de Advocacia Pública responsável por sua representação judicial.

Art. 272. Quando não realizadas por meio eletrônico, consideram-se feitas as
intimações pela publicação dos atos no órgão oficial.
§ 6o A retirada dos autos do cartório ou da secretaria em carga pelo advogado, por
pessoa credenciada a pedido do advogado ou da sociedade de advogados, pela Advocacia
Pública, pela Defensoria Pública ou pelo Ministério Público implicará intimação de
qualquer decisão contida no processo retirado, ainda que pendente de publicação.
INTIMAÇÃO

No regime jurídico processual comum (particulares), em regra, a intimação é feita por publicação
no Diário Oficial.

No direito Processual Público, todas as intimações devem ser feitas pessoalmente, mediante
carga dos autos, remessa ou encaminhamento eletrônico. (art. 183, §1º).

Tanto na citação quanto na intimação, o CPC dispõe que a preferência é por meio eletrônico,
havendo obrigatoriedade das entidades se cadastrarem no sistema de processo eletrônico.

Em caso de processo eletrônico, o início do prazo se dá com a entrada do processo na caixa de


entrada da procuradoria responsável (Enunciado 401 do FPPC)

Em relação à possibilidade de o advogado particular intimar outro advogado (art. 269, §1º), a
doutrina entende não ser possível em relação ao ente público, uma vez que este possui a prerrogativa
da intimação pessoal, com carga dos autos ou remessa.
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RESPOSTA DO ENTE PÚBLICO E REVELIA


Regularmente citada, se não for realizada a audiência de conciliação ou se esta for frustrada (art. 334), a
pessoa jurídica de direito público terá prazo de 30 dias úteis para apresentar sua defesa (art. 335, c/c art. 183
e artigo 219). Neste período, o procurador responsável buscará os dados necessários com a entidade
administrativa demandada.

OBS.: a contestação não precisa estar acompanhada de procuração, pois a representação


judicial do ente público pelo advogado público decorre da posse e exercício efetivo do cargo.

O advogado público deve concentrar todas alegações em sua defesa (princípio da concentração) e rebater
todos os argumentos trazidos pela autoria na contestação, sob pena de preclusão (princípio da eventualidade).

E a impugnação específica? É obrigatória? Há divergência. Entretanto, em relação aos direitos


indisponíveis, pensa-se que o ônus da administração pública está dispensado, pois não se admite confissão ficta
contra o ente público (art. 341, I)

No que toca à revelia do Poder Público, deve-se saber os efeitos desta para entendimento da matéria. A
revelia é a não apresentação de contestação, acarretando a presunção de veracidade dos fatos alegados pela
parte autora.

O artigo 345, inciso II do CPC dispõe que não produz o efeito de presunção dos fatos alegados quando se
tratar sobre direitos indisponíveis, havendo, portanto, necessidade de produção de prova acerca dos fatos
constitutivos do direito do autor.

Logo, a revelia não produz o efeito material (presunção de veracidade) contra o ente público, nem o efeito
formal (intimação por publicação, artigo 346), pois este possui a prerrogativa de intimação pessoal.

OBS.: Recentemente o STJ entendeu que incidem os efeitos materiais da revelia contra o
Poder Público na hipótese em que, devidamente citado, deixa de contestar o pedido do autor,
sempre que estiver em litígio uma obrigação de direito privado firmada pela Administração
Pública, e não um contrato genuinamente administrativo.
DIREITO PROCESSUAL CIVIL. INCIDÊNCIA DOS EFEITOS MATERIAIS DA REVELIA CONTRA
A FAZENDA PÚBLICA EM CONTRATOS DE DIREITO PRIVADO.

Incidem os efeitos materiais da revelia contra o Poder Público na hipótese em que,


devidamente citado, deixa de contestar o pedido do autor, sempre que estiver em litígio uma
obrigação de direito privado firmada pela Administração Pública, e não um contrato
genuinamente administrativo. Segundo os arts. 319 e 320, II, ambos do CPC, se o réu não
contestar a ação, reputar-se-ão verdadeiros os fatos afirmados pelo autor, não induzindo a
revelia esse efeito se o litígio versar sobre direitos indisponíveis. A Administração Pública
celebra não só contratos regidos pelo direito público (contratos administrativos), mas também
contratos de direito privado em que não se faz presente a superioridade do Poder Público frente
ao particular (contratos da administração), embora em ambos o móvel da contratação seja o
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interesse público. A supremacia do interesse público ou sua indisponibilidade não justifica que
a Administração não cumpra suas obrigações contratuais e, quando judicializadas, não conteste
a ação sem que lhe sejam atribuídos os ônus ordinários de sua inércia, não sendo possível
afastar os efeitos materiais da revelia sempre que estiver em debate contrato regido
predominantemente pelo direito privado, situação na qual a Administração ocupa o mesmo
degrau do outro contratante, sob pena de se permitir que a superioridade no âmbito processual
acabe por desnaturar a própria relação jurídica contratual firmada. A inadimplência
contratual do Estado atende apenas a uma ilegítima e deformada feição do interesse
público secundário de conferir benefícios à Administração em detrimento dos interesses
não menos legítimos dos particulares, circunstância não tutelada pela limitação dos
efeitos da revelia prevista no art. 320, II, do CPC. Dessa forma, o reconhecimento da dívida
contratual não significa disposição de direitos indisponíveis; pois, além de o cumprimento do
contrato ser um dever que satisfaz o interesse público de não ter o Estado como inadimplente,
se realmente o direito fosse indisponível, não seria possível a renúncia tácita da prescrição com
o pagamento administrativo da dívida fulminada pelo tempo. STJ 4ª Turma REsp 1.084.745-MG,
Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 6/11/2012.

O direito defendido pela Fazenda Pública em juízo somente será considerado indisponível quando refira-
se ao interesse público primário; ao revés, se estiver relacionado apenas com o interesse público secundário, há
de ser reputado disponível.

Na doutrina, um dos poucos a tratar do tema é Marinoni e Mitidiero:

“Direito indisponível é aquele que não se pode renunciar ou alienar. Os direitos da


personalidade (art. 11, CPC/1973) e aqueles ligados ao estado da pessoa são indisponíveis.
O direito da Fazenda Pública, quando arrimado em interesse público primário, também o
é. O direito da Fazenda Pública com esteio no interesse público secundário não é
indisponível.” (Código de Processo Civil comentado artigo por artigo. São Paulo:
RT, 2008, p. 326).
INTERVENÇÃO ANÔMALA DO PODER PÚBLICO 6/16

A Lei nº 9469/97 dispõe sobre alguns aspectos da atuação da União em juízo, como a
possibilidade de realização de acordos e transações e a regulação dos pagamentos de condenações.

INTRODUÇÃO Ainda, há a previsão da chamada intervenção anômala, conforme artigo abaixo:

Art. 5º A União poderá intervir nas causas em que figurarem, como autoras
ou rés, autarquias, fundações públicas, sociedades de economia mista e empresas
públicas federais.
Parágrafo único. As pessoas jurídicas de direito público poderão, nas causas
cuja decisão possa ter reflexos, ainda que indiretos, de natureza
econômica, intervir, independentemente da demonstração de interesse
jurídico, para esclarecer questões de fato e de direito, podendo juntar
documentos e memoriais reputados úteis ao exame da matéria e, se for o caso,
recorrer , hipótese em que, para fins de deslocamento de competência, serão
consideradas partes.

Tal modalidade de intervenção não se confunde com as intervenções de terceiro previstas no


CPC. Em relação ao artigo, embora esteja escrito União, a doutrina e a jurisprudência já se consolidaram
no sentido de que esse instituto é aplicável a todos os entes políticos e suas autarquias.
INTERVENÇÃO ANÔMALA DO PODER PÚBLICO 7/16

As formas de intervenção comum do CPC necessitam de interesse jurídico. Na intervenção da


Lei nº 9469/97, basta interesse econômico, não necessitando a presença de interesse jurídico pelo
ente público. Essa consequência econômica pode ser, inclusive, reflexa ou indireta.

A norma deve ser compreendida na exata medida em que a consequência patrimonial afeita o
interesse público – como, por exemplo, a possibilidade de obstaculizar a consecução das finalidades do
Estado. Logo, deve haver interesse econômico, voltado para as finalidades públicas, ao interesse
público do Estado.

Quanto a sua natureza jurídica, há divergência doutrinária. Uns entendem ser uma nova
modalidade de intervenção de terceiro, nomeando-a como intervenção anômala, outros entendem ser
uma modalidade de amicus curiae.

O STJ entende se tratar de hipótese de assistência simples:

CARACTERÍSTICAS
“[...] O mencionado dispositivo, ao explicitar a finalidade da intervenção – para
E NATUREZA
esclarecer questões de fato e de direito, podendo juntar documentos e memoriais
reputados úteis ao exame da matéria e, se for o caso, recorrer -, por exegese lógica,
também deixa claro que se trata de intervenção ad coadjuvandum, ou seja, está-se
diante de intervenção simples. (4ª Turma - Resp. 708.040/RJ)

O STJ procura dar limitação a tal modalidade de intervenção, não cabendo a intervenção
anômala em sede de mandado de segurança, uma vez que desvirtua a finalidade do mandamus, que
exige prova pré-constituída, havendo uma cognição mais célere, por ausência de produção de provas.

Ademais, a jurisprudência tem obstado determinadas hipóteses de intervenção da União,


quando a causa não apresenta qualquer contorno relevante à participação do ente público.

Assim, o STJ entende que a atuação legítima do ente público deve-se pautar pela preservação e
pela persecução do interesse público – ainda que a previsão legal seja genérica quanto a sua
participação no processo.
INTERVENÇÃO ANÔMALA DO PODER PÚBLICO 8/16

SISTEMÁTICA DE APLICAÇÃO
É admitida em todos os procedimentos (comum, cumprimento de sentença, especiais,
embargos à execução, etc.).
ADMISSIBILIDADE Só há ressalva quanto aos Juizados Especiais, uma vez que é vedada a intervenção de
terceiros nestes procedimentos.

Majoritariamente entende-se que basta uma petição, apresentando os documentos e


provas, sendo suficiente a intimação das partes para se manifestar sobre o ingresso do ente público
MODO DE INGRESSO no feito.
DO ENTE PÚBLICO
Dispensa-se instauração de incidente.

A pessoa jurídica pode entrar no feito para esclarecer questões de fato e de direito, podendo
juntar documentos e memoriais reputados úteis ao exame da matéria.

MODO DE ATUAÇÃO EM Não lhe é possível efetuar requerimentos no processo, como a oitiva de
JUÍZO testemunhas ou a expedição de ofício a determinada entidade para obter
informações, tampouco praticar atos inerentes aos direitos de ação e de defesa, ou
seja, não pode reconvir e contestar.

A previsão legal contempla a hipótese de interposição de recurso, entretanto, há polêmica


no assunto no que tange ao deslocamento de competência.

Se a União intervém em um feito na Justiça Estadual e recorre, o processo será deslocado


para Justiça Federal, por força do artigo 5º, parágrafo único, parte final da Lei 9.469/97 e do artigo
109, I, da CF, pois há interesse da União no feito, independentemente da natureza da controvérsia,
vez que a competência é ratione personae.

Ademais, nas hipóteses de denunciação da lide e chamamento ao processo já ocorre o


deslocamento de competência, nos termos da súmula 150 do STJ:
INTERPOSIÇÃO DE
RECURSO Súmula 150 STJ: Compete à Justiça Federal decidir sobre a existência
de interesse jurídico que justifique a presença, no processo, da União, suas
autarquias ou empresas públicas.

Logo, a Justiça Federal é quem deve analisar a presença de interesse jurídico no feito, motivo
pelo qual a análise de interesse econômico, voltado ao interesse público, deve ser feita pela Justiça
Federal.

O STJ já se manifestou sobre o assunto, entendendo que a sentença proferida na Justiça


Estadual pelo juiz de primeiro grau é válida, uma vez que esta Justiça era competente para a
apreciação do feito à época.
INTERVENÇÃO ANÔMALA DO PODER PÚBLICO 9/16

A jurisprudência consolidada no STJ é no sentido de que há, excepcionalmente, situações em


que a Justiça Federal julga, em grau de recurso, processos sentenciados pela Justiça Estadual – é o
que ocorre na hipótese em que a União ingressa no feito na fase recursal.

Portanto, a regra é que a intervenção anômala, por si só, não acarreta o


deslocamento de competência.
Já o recurso interposto pela União, sim, tornando-a parte e deslocando a
competência, nos termos do artigo 109, I, da CF.

Quando o ente público ingressa no feito, a doutrina e a jurisprudência majoritária entendem


que cabe perfeitamente o pedido de suspensão do ato que cause lesão à ordem, à saúde, à
segurança e à economia pública.
PEDIDO DE SUSPENSÃO

Logo, ao recorrer, o ente pode pedir a suspensão dos efeitos da decisão ou dos atos acima
mencionados.
TUTELA PROVISÓRIA CONTRA O PODER PÚBLICO 10/16

O curso natural do processo, que se prolonga no tempo, pode acarretar prejuízos aos direitos
das partes em litígio, em virtude da não obtenção do bem da vida rapidamente, devido ao trâmite e
demais questões processuais. A fim de contornar tal situação, o sistema jurídico prevê a possibilidade
INTRODUÇÃO
de concessão de tutelas de urgência/provisórias.

Entretanto, no que se refere à Fazenda Pública, há diversas ressalvas legais à concessão de


tutelas provisórias em face do Estado.

Lei nº 8.437/92: disciplina a concessão de medidas cautelares contra o Poder Público:


Art. 1° Não será cabível medida liminar contra atos do Poder Público, no
procedimento cautelar ou em quaisquer outras ações de natureza cautelar ou preventiva,
toda vez que providência semelhante não puder ser concedida em ações de mandado de
segurança, em virtude de vedação legal.

§ 1° Não será cabível, no juízo de primeiro grau, medida cautelar inominada ou a


sua liminar, quando impugnado ato de autoridade sujeita, na via de mandado de
segurança, à competência originária de tribunal.

§ 2° O disposto no parágrafo anterior não se aplica aos processos de ação


popular e de ação civil pública.

§ 3° Não será cabível medida liminar que esgote, no todo ou em qualquer parte, o
objeto da ação.

LEGISLAÇÃO
§ 4° Nos casos em que cabível medida liminar, sem prejuízo da comunicação ao
dirigente do órgão ou entidade, o respectivo representante judicial dela será
imediatamente intimado.

§ 5o Não será cabível medida liminar que defira compensação de créditos


tributários ou previdenciários.

Lei 9.494/97: disciplina a concessão de tutela antecipada contra o Poder Público:


Art. 1º Aplica-se à tutela antecipada prevista nos arts. 273 e 461 do Código de
Processo Civil o disposto nos arts. 5º e seu parágrafo único e 7º da Lei nº 4.348, de 26 de
junho de 1964, no art. 1º e seu § 4º da Lei nº 5.021, de 9 de junho de 1966, e nos arts.
1º, 3º e 4º da Lei nº 8.437, de 30 de junho de 1992.

Art. 2o-B. A sentença que tenha por objeto a


Liberação de recurso,
Inclusão em folha de pagamento,
Reclassificação,
Equiparação,
TUTELA PROVISÓRIA CONTRA O PODER PÚBLICO 11/16

Concessão de aumento ou extensão de vantagens a servidores da União, dos


Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, inclusive de suas autarquias e fundações,
somente poderá ser executada após seu trânsito em julgado. (Incluído pela Medida
provisória nº 2.180-35, de 2001)

Lei 12.016/09: disciplina o mandado de segurança:


Art. 7º ...
§ 2o Não será concedida medida liminar que tenha por objeto

a compensação de créditos tributários,


a entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior,
a reclassificação ou equiparação de servidores públicos e
a concessão de aumento ou
a extensão de vantagens ou pagamento de qualquer natureza.

§ 5o As vedações relacionadas com a concessão de liminares previstas neste artigo


se estendem à tutela antecipada a que se referem os arts. 273 e 461 da Lei no 5.869,
de 11 janeiro de 1973 - Código de Processo Civil.

Art. 14 ...
§ 3o A interposição de agravo de instrumento contra liminar concedida nas
ações movidas contra o poder público e seus agentes não prejudica nem condiciona o
julgamento do pedido de suspensão a que se refere este artigo.

Lei 8.036/90: liminares em MS sobre FGTS

Art. 29-B. Não será cabível medida liminar em mandado de segurança, no


procedimento cautelar ou em quaisquer outras ações de natureza cautelar ou preventiva,
nem a tutela antecipada prevista nos arts. 273 e 461 do Código de Processo Civil que
impliquem saque ou movimentação da conta vinculada do trabalhador no FGTS.

Diante desta sistemática, a regra é que não se pode conceder tutela


antecipada em ação ordinária se há vedação legal desta concessão em mandado de
segurança ou em outro normativo legal.
TUTELA PROVISÓRIA CONTRA O PODER PÚBLICO 12/16

As vedações legais apenas explicitam hipóteses em que a medida de urgência não deveria
ser concedida, por falta de seus pressupostos autorizadores.

Ainda, não há que se falar em incompatibilidade com o regime de reexame necessário e a


tutela de urgência, pois, conforme se vê nos mandados de segurança, é comum a concessão de
liminar em primeira instância e a posterior subida dos autos, por força do reexame necessário.

Quanto ao regime de precatório, deve-se saber que este regime é atinente tão somente às
condenações judiciais que impliquem em pagamento de quantia pecuniária.

Outras imposições de obrigações de fazer não ficam obstadas. Logo, as


decisões de eficácia executiva e mandamental não se submetem ao regime
dos precatórios. Neste sentido, recentíssimo julgado do STF entendeu que a
execução provisória de obrigação de fazer em face da Fazenda Pública não atrai
o regime constitucional dos precatórios.

CONSTITUCIONALIDADE
Assim, em caso de “obrigação de fazer”, é possível a execução provisória contra a Fazenda
Pública, não havendo incompatibilidade com a Constituição Federal.

Ex: sentença determinando que a Administração institua pensão por morte para
dependente de ex-servidor. (2017, repercussão geral, INFO 866)2

ADC 4: ainda, foi questionado o artigo 1º da Lei nº 9.494/97, entendendo


o STF pela constitucionalidade do referido artigo. Logo, as vedações à concessão
da tutela de urgência em face do Estado são compatíveis com o ordenamento
jurídico.
Exceção: é possível a execução provisória contra a Fazenda Pública para
pagar quantia, com a expedição de precatório mesmo antes do trânsito em
julgado, em caso de parcela incontroversa da dívida. Assim, se determinada parte
da dívida é incontroversa (não há discordância da Fazenda Pública), pode-se
expedir precatório a respeito dela.
Nesse sentido: STJ. 1ª Turma. AgInt no REsp 1598706/RS, Rel. Min. Sérgio
Kukina, julgado em 13/09/2016.3

2
A instituição de pensão, embora acarrete, por via reflexa, a liberação de recursos públicos, não se trata de concessão de aumento ou extensão de
vantagem.
3
https://dizerodireitodotnet.files.wordpress.com/2017/07/info-866-stf.pdf
TUTELA PROVISÓRIA CONTRA O PODER PÚBLICO 13/16

VEDAÇÕES LEGAIS À TUTELA DE URGÊNCIA CONTRA O PODER PÚBLICO


O §1º do artigo 1º da Lei nº 8.437/92 veda a concessão de “medida cautelar inominada ou
a sua liminar, quando impugnado ato de autoridade sujeita, na via do mandado de segurança, à
competência originária do tribunal.

Busca-se evitar burla às regras de competência por prerrogativa de foro previstas na CF.

Ex: em MS contra o Presidente, de competência originária do STF, só o STF pode


conceder liminar. Entretanto, se for intentada uma ação ordinária contra a União, em
virtude de ato do Presidente, de competência do juiz federal de primeiro grau, este juiz de
primeiro grau não poderá conceder tutela antecipada contra o Presidente.

Logo, se em sede de MS a autoridade tiver foro de prerrogativa de função, e o autor da


demanda opte por utilizar uma ação ordinária contra a União no primeiro grau, fica vedada a
concessão de tutela de urgência. Se o caso não comportar MS, o juízo originário competente,
desde sempre, é o de primeiro grau, não havendo que se falar em tentativa de burla ao regramento
de competências.
ATO DE AUTORIDADE
COM PRERROGATIVA DE
ATENÇÃO: há exceção na própria Lei nº 8.437/92, que permite a
FORO
concessão de tutela de urgência em ação popular e ação civil pública. Pode,
portanto, ser concedido ainda que o ato impugnado tenha sido praticado por
autoridade com foro por prerrogativa de função, cuja competência do MS seria do
tribunal originário.

Art. 1º, §3º da Lei nº 8.437/92 veda a concessão de tutela de urgência que esgote, no todo
ou em parte o objeto da ação.

IRREVERSIBILIDADE DA
Não se trata de um dogma inafastável, havendo situações em que a não concessão da
MEDIDA
medida de urgência pode levar ao perecimento do direito do autor, como nos casos de ações que
pleiteiam medicamentos.
TUTELA PROVISÓRIA CONTRA O PODER PÚBLICO 14/16

Outra vedação legal prevista no §5º da mesma lei é a compensação de créditos tributários e
previdenciários através de concessão de tutela de urgência, protegendo o Estado de possíveis
irreversibilidades.
Ademais, a compensação de créditos tributários demanda lei específica, conforme prevê o
artigo 170 do CTN, não existindo compensação tributária autoaplicável.
COMPENSAÇÃO
DE CRÉDITOS Não fosse só isso, o artigo 170-A do CTN4 veda a compensação de tributo objeto de
TRIBUTÁRIOS E contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial.
PREVIDENCIÁRIOS

Nesse sentido, o STJ editou a súmula 212, enunciando que “a compensação


de créditos tributários não pode ser deferida em ação cautelar ou por medida liminar
cautelar antecipatória”.

A regra é que seja permitida a concessão do provimento de urgência sem a oitiva do réu (art.
562, CPC), entretanto, contra a Fazenda Pública, o parágrafo único deste mesmo artigo exige a prévia
audiência do representante judicial do ente antes da concessão liminar.

A concessão da liminar sem a intimação prévia do estado caracteriza error in procedendo, a


permitir anulação da decisão.

AÇÕES
POSSESSÓRIAS

4
Art. 170-A. É vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do
trânsito em julgado da respectiva decisão judicial. (Artigo incluído pela Lcp nº 104, de 2001)
TUTELA PROVISÓRIA CONTRA O PODER PÚBLICO 15/16

CPC Art. 311. A tutela da evidência será concedida, independentemente da


demonstração de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo, quando:

I - ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito


protelatório da parte;

II - as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente e


houver tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em súmula vinculante;

III - se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova documental adequada


do contrato de depósito, caso em que será decretada a ordem de entrega do objeto
custodiado, sob cominação de multa;

IV - a petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos


fatos constitutivos do direito do autor, a que o réu não oponha prova capaz
TUTELA DE EVIDÊNCIA de gerar dúvida razoável.
CONTRA O PODER
PÚBLICO Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o juiz poderá decidir
liminarmente.

A doutrina tem entendido que as vedações examinadas anteriormente quanto à concessão


de tutela provisória não se aplicam à tutela de evidência.

Nesse sentido, Enunciado 35 FPPC: “As vedações à concessão da tutela


antecipada contra a Fazenda Pública não se aplicam aos casos de tutela de
evidência. ”

Cumpre esclarecer que, na hipótese do inciso IV do mencionado artigo 311 do CPC,


Leonardo da cunha entende que se aplicam as vedações legais, de modo a impedir, por exemplo,
a expedição de precatório ou da requisição de pequeno valor antes do trânsito em julgado, não
podendo haver burla ao regime de precatórios.
TUTELA PROVISÓRIA CONTRA O PODER PÚBLICO 16/16

Há três meios de impugnar a tutela provisória:

(i) agravo de instrumento, quando a decisão concessiva for interlocutória, no curso do


processo;

(ii) o pedido de suspensão, dirigido à Presidência do Tribunal respectivo, objetivando sustar


a eficácia do provimento urgente, sendo independente em relação ao eventual agravo interposto;
MEIOS DE
IMPUGNAÇÃO
(iii) reclamação, cabível para garantir a observância de enunciado de súmula vinculante ou
decisão em controle concentrado de constitucionalidade, e garantir a observância de julgamento
de IRDR ou IAC.

O pedido de suspensão e a reclamação serão analisadas em capítulo específico, sendo


importante saber, no momento, as hipóteses em que podem ser utilizadas, conforme acima
mencionadas.

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