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CAPÍTULO 2
Assim, os assuntos de Direito Empresarial estão distribuídos da seguinte forma:
CAPÍTULOS
1
SOBRE ESTE CAPÍTULO
Desta forma, pode-se dizer que as carreiras que mais cobram os assuntos a serem
abordados aqui são aquelas nas quais a disciplina em apreço é mais explorada. Temos como
exemplo as provas da magistratura, de procuradorias, além de provas para os serviços notariais
e registrais.
O tema em estudo não é extenso e volta-se mais para a lei seca. Não existem grandes
divergências doutrinárias ou jurisprudenciais sobre os assuntos que estudaremos aqui.
Vamos juntos!
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SUMÁRIO
DIREITO INTERNACIONAL ..................................................................................................................... 5
Capítulo 2 .................................................................................................................................................. 5
2.12.4 Princípios................................................................................................................................................................ 48
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2.12.8 Alteração do nome empresarial .................................................................................................................. 58
GABARITO ............................................................................................................................................... 80
JURISPRUDÊNCIA................................................................................................................................... 87
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DIREITO INTERNACIONAL
Capítulo 2
O presente capítulo vai tratar sobre o regime jurídico da empresa. Portanto, estudaremos
institutos extremamente relevantes para todo o estudo do direito empresarial, a exemplo do
registro, do estabelecimento e da escrituração, dentre outros. O tema não conta com
divergências, decorrendo, em grande parte, da letra fria da lei. Os assuntos são simples e
merecem estudo atento, a fim de que você garanta preciosos pontos em prova! Vamos juntos!
Assim sendo, o estabelecimento não se confunde com a empresa, uma vez que esta,
conforme visto no capítulo 1 de nosso curso, corresponde a uma atividade. Da mesma forma,
o estabelecimento não se confunde com o empresário, já que este é uma pessoa física ou
jurídica que explora essa atividade empresarial e é o titular dos direitos e obrigações dela
decorrentes.
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Mas, embora estabelecimento, empresa e empresário sejam noções que não se
confundem, são conceitos que se inter-relacionam, podendo-se dizer, pois, que o
estabelecimento, como complexo de bens usado pelo empresário no exercício de sua atividade
econômica, representa a projeção patrimonial da empresa ou o organismo técnico-econômico
mediante o qual o empresário atua.
É objeto unitário de direito (art. 1.143, CC). Por isso o empresário pode vender, arrendar
ou dar em usufruto o estabelecimento, pois trata-se simplesmente de um objeto. Pode o
estabelecimento ser objeto unitário de direitos e de negócios jurídicos, translativos ou
constitutivos, que sejam compatíveis com a sua natureza.
Art. 1.143. Pode o estabelecimento ser objeto unitário de direitos e de negócios jurídicos,
translativos ou constitutivos, que sejam compatíveis com a sua natureza.
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Prevalece na doutrina, sobretudo em virtude da obra clássica de Oscar Barreto Filho sobre
o assunto1, que o estabelecimento comercial tem natureza jurídica de universalidade de fato,
sendo composto de bens, direitos e interesses, materiais e imateriais, necessários, úteis e
efetivamente aplicados ao exercício da empresa.
Universalidade de direito é aquele conjunto de bens que são reunidos por vontade da lei.
Exemplo: herança e massa falida. Não se trata o estabelecimento empresarial, portanto, de
unidade complexa de bens destinados a um fim determinado em lei (universitas juris), mas de
um conjunto de bens com finalidade vinculada do seu dono, que é o empresário ( universitas
rerum ou facti).
A doutrina brasileira majoritária, seguindo mais uma vez as ideias suscitadas pela doutrina
italiana, sempre considerou o estabelecimento empresarial uma universalidade de fato, uma vez
que os elementos que o compõem formam uma coisa unitária exclusivamente em razão da
destinação que o empresário lhes dá, e não em virtude de disposição legal.
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CRUZ, André Santa. Direito Empresarial. Coleção Sinopses para Concursos. Salvador: Juspodivm, 2019. P.77.
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empresa, organiza um complexo de características dinâmicas próprias. A ela, e não ao
estabelecimento empresarial, imputam-se as obrigações e asseguram-se os direitos relacionados
à empresa.
Nessa situação, é correto afirmar que o imóvel alugado não faz parte do estabelecimento
empresarial da mencionada pessoa jurídica.
Ora, aquele imóvel faz parte do patrimônio da padaria, mas não integra o
estabelecimento. A padaria possui um patrimônio e dentro dele há um estabelecimento. Isso
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CRUZ, André Santa. Direito Empresarial. Coleção Sinopses para Concursos. Salvador: Juspodivm, 2019. P.76.
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Vide questão 02 e 04
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porque só faz parte do estabelecimento os bens que estão diretamente relacionados à atividade
empresarial.
PATRIMÔNIO
Eis mais uma distinção que pode ser feita, portanto, entre estabelecimento e patrimônio,
uma vez que este, ao contrário daquele, este compreende até mesmo as relações jurídicas –
direitos e obrigações – do seu titular.
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Universalidade
de fato
Bens individuais
dele integrantes Faz parte do
Estabelecimento
podem ser patrimônio da
empresarial empresa
negociados
isoladamente
2.2 Trespasse
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Trespasse implica a transferência do conjunto de bens organizados pelo alienante ao
adquirente, de modo que este possa prosseguir com a exploração da atividade empresarial.
Para que o trespasse produza seus efeitos entre o alienante e o adquirente, não é
necessário nenhum tipo de publicidade. Porém, para que o contrato de trespasse produza efeitos
perante terceiros, é preciso que haja averbação na junta comercial, bem como publicação na
imprensa oficial.
Art. 1.144. O contrato que tenha por objeto a alienação, o usufruto ou arrendamento do
estabelecimento, só produzirá efeitos quanto a terceiros depois de averbado à margem
da inscrição do empresário, ou da sociedade empresária, no Registro Público de Empresas
Mercantis, e de publicado na imprensa oficial.
O art. 1.144 CC estabelece que para o contrato de trespasse produzir efeitos perante
terceiros, será preciso:
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2.2.1 Eficácia do trespasse
A eficácia do trespasse é garantida pelos bens que permanecem com o devedor, que
devem ser suficientes para saldar sua dívida.
Caso não sejam, deve-se observar a regra do art. 1.145, que estabelece o PAGAMENTO
DE TODOS OS CREDORES ou AUTORIZAÇÃO DE TODOS OS CREDORES.
É feita uma notificação dos credores, para que se manifestem, no prazo de 30 dias,
dizendo se são contra ou a favor do trespasse. O silêncio, aqui, é entendido como
consentimento.
Art. 1.145. Se ao alienante não restarem bens suficientes para solver o seu passivo, a
eficácia da alienação do estabelecimento depende do pagamento de todos os credores,
ou do consentimento destes, de modo expresso ou tácito, em trinta dias a partir de sua
notificação.
O art. 862 do novo CPC prevê que, “quando a penhora recair em estabelecimento
comercial, industrial ou agrícola [leia-se, genericamente, estabelecimento empresarial] (...), o juiz
nomeará administrador-depositário, determinando-lhe que apresente em 10 (dez) dias o plano
de administração”. Apresentado o referido plano, o juiz ouvirá as partes e decidirá (§1º). O §2º,
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porém, prevê que “é lícito às partes ajustar a forma de administração e escolher o depositário,
hipótese em que o juiz homologará por despacho a indicação”.
A violação do art. 1.145 do CC enseja ato de falência. O credor pode requerer a falência
do empresário que venda bens sem respeitar o art. 1.145 do CC (sem o consentimento de todos
os credores ou não permanecendo com bens suficientes para solver seu passivo), pois esse ato
é considerado como ato de falência, conforme previsto no art. 94, III, “c” da Lei 11.101/05.
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CRUZ, André Santa. Direito Empresarial. Coleção Sinopses para Concursos. Juspodivm: Salvador, 2019. P.81.
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Assim, em se tratando de dívidas tributárias ou de dívidas trabalhistas, não se aplica o
disposto no art. 1.146 do Código Civil, uma vez que a sucessão tributária e a sucessão trabalhista
possuem regimes jurídicos próprios, previstos em legislação específica (arts. 133 do CTN e 448
da CLT, respectivamente).
Enunciado 233, CJF: Art. 1.142: A sistemática do contrato de trespasse delineada pelo
Código Civil nos arts. 1.142 e ss., especialmente seus efeitos obrigacionais, aplica-se
somente quando o conjunto de bens transferidos importar a transmissão da
funcionalidade do estabelecimento empresarial.
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Difere da situação de transferência de participação em sociedade (transferência de cotas),
onde a responsabilidade do sócio que transferiu perdura por um prazo de 2 anos. Isso porque
o art. 1.003 do CC preconiza que o cedente responde solidariamente com o cessionário, perante
a sociedade e terceiros, pelas obrigações que tinha como sócio, até 2 anos depois de averbada
a modificação do contrato.
2.3.1 Concorrência
Antes do CC, não havia nenhuma referência legal que impedisse a concorrência. Portanto,
o que acontecia, na prática empresarial, era a confecção de um contrato, onde se inseria uma
cláusula chamada “cláusula de não-restabelecimento”.
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O contrato de trespasse irá definir sobre a possibilidade de concorrência do alienante do
estabelecimento. Na omissão do contrato de trespasse, aplica-se a regra do art. 1.147 do CC.
Ou seja, não havendo autorização expressa, o alienante do estabelecimento não pode fazer
concorrência ao adquirente, nos 5 anos subsequentes à transferência.
Tenha em mente, ainda, que a cláusula de não restabelecimento fixada por prazo
indeterminado é considerada abusiva. Segundo o STJ, as partes não podem prever que a cláusula
de “não restabelecimento” será por prazo indeterminado. O ordenamento jurídico pátrio, salvo
expressas exceções, não aceita que cláusulas que limitem ou vedem direitos sejam estabelecidas
por prazo indeterminado (REsp 680.815/PR, Min. Raul Araújo, j. 20/03/2014 – inf. 554).
É possível que seja ampliado, mas ele não pode ser fixado em prazo indeterminado e, no
caso concreto, é possível que tal ampliação seja considerada abusiva se ampliar demais a
restrição. Nesse sentido:
Ainda de acordo com o STJ, é válida a cláusula contratual de não concorrência, desde
que limitada espacial e temporalmente. Isso porque esse tipo de cláusula protege a concorrência
e os efeitos danosos decorrentes de potencial desvio de clientela, sendo esses valores jurídicos
reconhecidos constitucionalmente (REsp 1.203.109/MG, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado
em 6/5/2015 – Inf. 561).
O limite geográfico dessa limitação deve ser definido casualmente em função da natureza
do comércio. Deve-se analisar se o eventual restabelecimento do alienante configura, de fato,
concorrência ao adquirente. O elemento teleológico da norma referida não é a proibição do
restabelecimento do alienante, e sim a proibição da concorrência desleal ao adquirente.
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Assim, quando a relação estabelecida entre as partes for eminentemente comercial, a
cláusula que estabeleça dever de abstenção de contratação com sociedade empresária
concorrente pode sim irradiar efeitos após a extinção do contrato, desde que por um prazo
certo e em determinado lugar específico (limitada temporária e espacialmente).
Ex.: João resolveu montar um quiosque no shopping para vender celulares, cartões pré-
pagos etc. Para isso, ele fez um contrato com a operadora de celular “XXX” por meio da qual
ele somente iria vender os produtos e serviços dessa operadora e, em troca, ela ofereceria a ele
preços diferenciados, consultoria e treinamento para abrir a loja. No contrato assinado com a
operadora, havia uma cláusula dizendo que João estava proibido, por 6 meses após a extinção
do contrato, de contratar com qualquer empresa concorrente naquela cidade. Essa cláusula de
não concorrência é válida.
É preciso entender que o contrato de trespasse não garante a clientela, que é mera
situação de fato. A clientela não é elemento integrante do estabelecimento empresarial. Por
conta disso, a fim de que a clientela se mantenha, o trespasse gera a sub-rogação automática
do adquirente nos contratos estipulados para a exploração do estabelecimento, se não tiverem
caráter pessoal.
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Art. 1.148. Salvo disposição em contrário, a transferência importa a sub-rogação do
adquirente nos contratos estipulados para exploração do estabelecimento, se não tiverem
caráter pessoal, podendo os terceiros rescindir o contrato em 90 dias a contar da
publicação da transferência, se ocorrer justa causa, ressalvada, neste caso, a
responsabilidade do alienante.
O art. 1.148 do CC traz uma regra importante: o adquirente terá a garantia que todos os
contratados de exploração do estabelecimento continuarão em vigor.
A Lei de Locação (art. 13) prevê a anuência por escrito do locador do imóvel objeto da
transferência do contrato de locação.
O STJ entende que o contrato de locação, fugindo a regra do art. 1.148, não é transferido
automaticamente, dependendo da anuência do locador.
2.5 Aviamento
Aviamento é nome dado pelo mercado ao valor agregado pela articulação dos bens que
compõem o estabelecimento, na exploração de uma atividade econômica. Desta forma,
aviamento não é integrante do estabelecimento, mas sim um ATRIBUTO seu.
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manifestação externa do aviamento e sua proteção jurídica é determinada pelas normas de
direito concorrencial e pelos diversos institutos técnico-jurídicos que viabilizam a livre-iniciativa
e a livre-concorrência.
Vale ressaltar que a clientela, tal qual ocorre com o aviamento, não é um elemento do
estabelecimento, mas apenas uma qualidade ou um atributo dele5.
CLIENTELA FREGUESIA
Conjunto de pessoas que mantém com o Conjunto de pessoas que passam em frente
empresário ou sociedade empresária relações ao ponto do negócio, em razão da sua
jurídicas constantes; localização estratégica.
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CRUZ, André Santa. Direito Empresarial. Coleção Sinopses para Concursos. Juspodivm: Salvador, 2019. P.85.
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estabelecimento comercial, daí porque goza de proteção legal. Essa proteção se dá através da
chamada ação renovatória.
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O direito assegurado neste artigo poderá ser exercido pelos cessionários ou sucessores
da locação.
A lei não está protegendo o locador, nem o locatário, mas sim o ponto comercial. Faltando
um dos requisitos, não há como se ajuizar a ação renovatória. Presentes todos os requisitos da
ação renovatória, poderá ela ser ajuizada, pois o empresário passa a ter o intitulado direito de
inerência ao ponto.
A propositura da referida ação renovatória, segundo o disposto no art. 51, §5º, da Lei
8.245/1991, deve ser feita “no interregno de um ano, no máximo, até seis meses, no mínimo,
anteriores à data da finalização do prazo do contrato em vigor”. Dizendo de outra forma, a ação
renovatória deve ser ajuizada nos seis primeiros meses do último ano do contrato de aluguel.
Sendo assim, faltando um ano para o término do contrato, deve o empresário locatário,
se pretender permanecer no ponto, procurar o locador para iniciar as tratativas acerca da
renovação da relação contratual. Caso o locador demonstre o interesse de retomar o ponto, não
renovando o contrato, cabe ao locatário tomar as providências necessárias ao ajuizamento da
ação renovatória, sob pena de ver decair o seu o direito à renovação compulsória da relação
locatícia.
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Destaque-se que a legislação admite a propositura de ação renovatória nos contratos de
locação de espaços em shopping centers. Nesse caso, previu a lei que não cabe alegar, para a
retomada do imóvel, a necessidade do bem para uso próprio, nem para transferência de
estabelecimento empresarial existente há mais de um ano cuja maioria do capital seja de sua
titularidade ou de seu cônjuge, ascendente ou descendente (art. 52, §2º, da Lei 8.245/1991).
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O teto de receita bruta (faturamento) para enquadramento no Simples Nacional foi
majorado de R$ 3.600.000,00 para R$4.800.000,00 (Empresa de Pequeno Porte).
Mas, cuidado! Persiste um “sublimite” para cálculo de ICMS e ISS. As EPPs que
ultrapassarem o valor anterior, de R$ 3,6 milhões de faturamento, terão o ICMS e o ISS
calculados fora da tabela do Simples Nacional, conforme regras estabelecidas pela lei
complementar 155/2016.
I - dar garantia, publicidade, autenticidade, segurança e eficácia aos atos jurídicos das
empresas mercantis, submetidos a registro na forma desta lei;
II - cadastrar as empresas nacionais e estrangeiras em funcionamento no País e manter
atualizadas as informações pertinentes;
III - proceder à matrícula dos agentes auxiliares do comércio, bem como ao seu
cancelamento.
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Vide questão 01, 03, 05, 08 e 11
7
Vide questão 09
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“a inscrição do empresário ou sociedade empresária é requisito delineador de sua regularidade,
e não de sua caracterização”. Ou seja, se o empresário não fizer o registro, ele não deixa de
ser empresário, mas será considerado empresário irregular, sofrendo, por isso, algumas
consequências (por exemplo: a impossibilidade de requerer recuperação judicial).
Contudo, quanto ao ruralista, já vimos que tal registro é indispensável para que se
caracterize como empresário, pois a lei permite que, mesmo que pratique atividade nos moldes
do art. 966 do CC, opte por não aderir ao regime jurídico empresarial, não efetivando seu
registro na Junta Comercial.
O empresário rural é a pessoa física ou jurídica que exerce atividade agrária, seja ela
agrícola, pecuária, agroindustrial ou extrativa (vegetal ou mineral), procurando conjugar, de
forma racional, organizada e econômica, os fatores terra, trabalho e capital.
Art. 971. O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão, pode,
observadas as formalidades de que tratam o art. 968 e seus parágrafos, requerer inscrição
no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, caso em que, depois de
inscrito, ficará equiparado, para todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro.
Diante desse contexto, forçoso é concluir que, para o rurícola, o registro empresarial é
facultativo e constitutivo, como pode ser inferido do seguinte enunciado do CJF:
Enunciado 202, CJF: Arts. 971 e 984: O registro do empresário ou sociedade rural na Junta
Comercial é facultativo e de natureza constitutiva, sujeitando-o ao regime jurídico
empresarial. É inaplicável esse regime ao empresário ou sociedade rural que não exercer
tal opção.
Retornando-se ao art. 967, pode dizer-se que ele não adota o sistema subjetivo de
direito comercial ou empresarial, tal como na primeira fase evolutiva desse ramo do direito.
Nesta, para ser comerciante, era necessário o registro nas corporações de ofício, instituições que
criavam regras aplicáveis somente aos que nelas estavam escritos.
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Enunciado 198, CJF: Art. 967: A inscrição do empresário na Junta Comercial não é requisito
para a sua caracterização, admitindo-se o exercício da empresa sem tal providência. O
empresário irregular reúne os requisitos do art. 966, sujeitando-se às normas do Código
Civil e da legislação comercial, salvo naquilo em que forem incompatíveis com a sua
condição ou diante de expressa disposição em contrário.
Art. 969. O empresário que instituir sucursal, filial ou agência, em lugar sujeito à jurisdição
de outro Registro Público de Empresas Mercantis, neste deverá também inscrevê-la, com
a prova da inscrição originária.
Parágrafo único. Em qualquer caso, a constituição do estabelecimento secundário deverá
ser averbada no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede.
Pode-se definir filial, juridicamente, como a sociedade empresária que atua sob a direção
e administração de outra, chamada de matriz, mas mantém sua personalidade jurídica e o seu
patrimônio, bem como preserva sua autonomia diante da lei e do público. Agência, por sua vez,
pode ser conceituada como empresa especializada em prestação de serviços que atua
especificamente como intermediária. E sucursal, por fim, é o ponto de negócio acessório e
distinto do ponto principal, responsável por tratar dos negócios deste e a ele subordinado
administrativamente.
Nessa mesma linha, o texto da súmula 363 do STF ao considerar que a pessoa jurídica
de direito privado, gênero do qual a sociedade empresária é espécie, “pode ser demandada no
domicílio da agência, ou estabelecimento, em que se praticou o ato”. Nesse sentido é também
a norma do art. 75, §1º, do Código Civil.
2.9 SINREM
SINREM é o Sistema Nacional de Registro de Empresas Mercantis e foi instituído pela Lei
nº 8.934/94 (art. 3º). Destina-se ao registro público de serviços mercantis, sendo que esse
sistema é composto por dois órgãos:
A Junta Comercial 8é responsável pela execução e administração dos atos de registro. Sua
natureza jurídica é de autarquia estadual, integrante da estrutura administrativa dos Estados-
membros. Cada unidade federativa possui uma Junta Comercial, segundo disposição constante
do art. 5º da lei.
8
Vide questão 07
27
Por fazerem parte da estrutura administrativa dos Estados, mas, ao mesmo tempo,
sujeitarem-se, no plano técnico, às normas e diretrizes baixadas pelo DREI, diz-se que as juntas
comerciais têm subordinação hierárquica híbrida.
Sendo assim, somente a Junta Comercial do Distrito Federal se submete, tanto técnica
como administrativamente, ao DREI, conforme preceitua o art. 6º, parágrafo único, da Lei
8.934/1994.
Sobre a subordinação hierárquica híbrida das Juntas Comerciais, André Luiz Santa Cruz
Ramos explica:
Em razão desse caráter híbrido de subordinação das Juntas Comerciais (ao Estado-membro
respectivo e ao DREI), o Superior Tribunal de Justiça consolidou entendimento de que há
uma divisão de competência para apreciar ações judiciais em que a Junta Comercial seja
parte. Tratando-se de matéria administrativa, a competência para processar e julgar as
ações em que a Junta figure num dos polos da demanda é da Justiça comum estadual.
Em contrapartida, em se tratando de matéria técnica, relativa ao registro de empresa, a
competência passa a ser da Justiça Federal, em virtude do interesse na causa do DREI,
conforme preceitua o art. 109, inciso I, da Constituição Federal.
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ato de seu presidente. (REsp 678.405/RJ, 3.ª Turma, Rel. Min. Castro Filho, j. 16.03.2006, DJ
10.04.2006, p. 179).
Dessa forma, quando se tratar de demanda que envolva somente questões particulares,
como conflitos societários, a competência será da Justiça Estadual, ainda que no processo esteja
sendo discutido um ato ou registro praticado pela Junta Comercial.
29
Muito embora tenha sido investido nas funções de órgão central disciplinador, fiscalizador
e supervisor do registro de empresas, o DREI não dispõe de instrumentos de intervenção nas
Juntas comerciais, caso não adotem suas diretrizes ou deixem de acatar recomendações de
correção. A lei estabelece, apenas, que o DREI pode representar às autoridades competentes as
irregularidades que identificar (ex. Governador, Ministério Público Estadual etc).
II - O arquivamento:
b) dos atos relativos a consórcio e grupo de sociedade de que trata a Lei nº 6.404, de 15
de dezembro de 1976;
30
e) de atos ou documentos que, por determinação legal, sejam atribuídos ao Registro
Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins ou daqueles que possam interessar ao
empresário e às empresas mercantis;
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De acordo com o art. 32, inciso II, da Lei 8.934/1994, conforme já mencionado aqui, estão
sujeitos ao arquivamento:
As declarações de microempresa;
O art. 35 da referida Lei, por sua vez, enuncia uma série de atos que não devem
se sujeitar ao arquivamento:
32
b) a outorga uxória ou marital, quando necessária;
VIII - os contratos ou estatutos de sociedades mercantis, ainda não aprovados pelo
Governo, nos casos em que for necessária essa aprovação, bem como as posteriores
alterações, antes de igualmente aprovadas.
Parágrafo único. A junta não dará andamento a qualquer documento de alteração de
firmas individuais ou sociedades, sem que dos respectivos requerimentos e instrumentos
conste o Número de Identificação de Registro de Empresas (Nire).
No que diz respeito às sociedades cooperativas, durante muito tempo, houve polêmica
sobre onde deveriam ser registradas. Se, por um lado, o Código Civil as considera como
sociedade simples (art. 982, parágrafo único), o que atrairia a competência do Oficial de Registro
de Pessoas Jurídicas (art. 1.150), a lei específica dessas instituições determina que seu registro
ocorra na Junta Comercial (art. 18 da Lei 5.764/1971).
Nesse sentido, o art. 1.093 do CC estipula que “a sociedade cooperativa reger-se-á pelo
disposto no presente Capítulo, ressalvada a legislação especial”. O enunciado 69 do CJF, por sua
vez, consolida a interpretação daquele preceito legal da seguinte forma: “as sociedades
cooperativas são sociedades simples sujeitas à inscrição nas juntas comerciais”.
9
Vide questão 10
33
É importante mencionar que, segundo o art. 1.154 do Código Civil, o ato sujeito a registro
não pode ser oposto a terceiros antes do cumprimento das formalidades exigidas, salvo se
houver prova de que o terceiro o conhecia.
A ausência do registro provoca, dentre outros efeitos, a ilegitimidade ativa para pedido
de falência de terceiro e pedido de recuperação judicial. Nesse diapasão, vale destacar que,
muito embora possa ter sua falência requerida, a sociedade empresária que, irregularmente,
não mantém registro, não pode pedir a falência alheia. Isso porque o art. 97, § 1º, da Lei
11.101/2005 (Lei de Falências) exige que o credor empresário comprove a regularidade de suas
atividades, por meio da apresentação de certidão do Registro Público de Empresas, para que
possa requerer a falência do devedor.
Interessante notar que o art. 105 da Lei 11.101/2005 admite que uma sociedade
empresária não registrada faça o pedido de autofalência, bastando que prove, por outros
documentos, quem são os seus sócios, com os respectivos endereços e relação de bens pessoais.
No que tange à sociedade ou à EIRELI, o mais grave efeito da ausência de registro diz
respeito ao regime da responsabilidade de seus integrantes, que será ilimitada. E isso em virtude
de, em tais situações, aplicar-se o regramento das sociedades em comum (arts. 986 a 990 do
CC).
34
Conforme o art. 36 da Lei 8.934/1994, “os documentos referidos no inciso II do art. 32
deverão ser apresentados a arquivamento na junta, dentro de 30 (trinta) dias contados de sua
assinatura, a cuja data retroagirão os efeitos do arquivamento; fora desse prazo, o arquivamento
só terá eficácia a partir do despacho que o conceder”.
O Código Civil dispõe no mesmo sentido em seu art. 1.151, §§ 1.º e 2.º, preceituando, no
§ 3.º, que “as pessoas obrigadas a requerer o registro responderão por perdas e danos, em caso
de omissão ou demora”.
Daí se conclui a relevância de que, por exemplo, uma alteração de contrato social seja
levada a registro na Junta Comercial dentro de 30 (trinta) contados da sua efetiva realização. Se
isso não ocorrer, tal alteração contratual só será considerada eficaz perante terceiros após o
deferimento do registro. Por outro lado, se o registro for feito no prazo legal, a alteração do
contrato retroagirá seus efeitos desde a data em que foi decidida pelos sócios.
Em síntese, “se o ato é levado a registro dentro do prazo legal de trinta dias, o registro
opera efeitos ex tunc, retroagindo à data da sua efetiva realização. Em contrapartida, se o ato
é levado a registro fora do prazo legal de trinta dias, produz efeitos ex nunc, ou seja, só se
torna eficaz a partir do seu deferimento”.
Art. 1.151. O registro dos atos sujeitos à formalidade exigida no artigo antecedente será
requerido pela pessoa obrigada em lei, e, no caso de omissão ou demora, pelo sócio ou
qualquer interessado.
§ 1º Os documentos necessários ao registro deverão ser apresentados no prazo de trinta
dias, contado da lavratura dos atos respectivos.
§ 2º Requerido além do prazo previsto neste artigo, o registro somente produzirá efeito
a partir da data de sua concessão.
Nesse sentido, a Ministra Nancy Andrighi decidiu pela concessão de efeitos retroativos
para alteração de quadro societário, cuja data da confecção e assinatura do respectivo acordo
ocorreu antes do registro, mas este foi efetivado dentro dos 30 (trinta) dias seguintes (REsp
1.381.719 – BA).
35
Em síntese, podemos ilustrar os efeitos retroativos do registro com o seguinte esquema:
36
Ocorre que, costuma ser comum a exigência de apresentação de certidão de regularidade
fiscal por decretos estaduais, que sequer possuem leis estaduais respectivas. Em face disso, o
Superior Tribunal de Justiça tem decretado, reiteradamente, a ilegalidade destes decretos,
considerando ilegítima a referida exigência, por considerá-la incompatível com o princípio
constitucional da livre-iniciativa. Outro argumento invocado pela Corte foi o fato de a exigência
em tela não estar prevista na Lei 8,934/94, bem em seu decreto federal regulamentar (Decreto
1.800/1996). Neste sentido: REsp 724.015/PE, REsp 1.393.724/PR e AgInt no REsp
1.256.469/PE10.
2.11 Escrituração11
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CRUZ, André Santa. Direito Empresarial. Coleção Sinopses para Concursos. Salvador: Juspodivm, 2018. P.75.
11
Vide questão 06
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Facultativo: é aquele que tem para o empresário uma função de controle
de seus negócios, de modo que sua falta não importa em irregularidade ou lhe gera
qualquer tipo de sanção. São exemplos o livro caixa, livro razão, livro conta-corrente,
estoque, dentre outros.
Art. 1.180. Além dos demais livros exigidos por lei, é indispensável o Diário, que pode ser
substituído por fichas no caso de escrituração mecanizada ou eletrônica.
Parágrafo único. A adoção de fichas não dispensa o uso de livro apropriado para o
lançamento do balanço patrimonial e do de resultado econômico.
Os livros, antes do seu uso, devem, necessariamente, ser autenticados pela Junta
Comercial (Art. 1181 do CC/02), mas somente podem ser autenticados os livros do empresário
regular (p.u. do art. 1181 do CC/02).
O art. 1179, §2º dispensa da escrituração o pequeno empresário mencionado no art. 970.
Cuidado! Nas provas falam em microempresa e empresa de pequeno porte. Não é a mesma
coisa. De acordo com a doutrina e a jurisprudência, o “pequeno empresário” é, tão somente, o
microempreendedor individual (MEI).
38
Empresário Individual Empresário Individual APENAS empresário
Sociedade Empresária Sociedade Empresária individual (pessoa física).
Sociedade Simples Sociedade Simples Logo, pessoa jurídica não pode
EIRELI EIRELI ser pequeno empresário.
39
Tais requisitos são essências para determinação da eficácia probatória dos livros
empresariais. O art. 417 do CPC/2015 preceitua que “os livros empresariais provam contra o seu
autor, sendo lícito ao empresário, todavia, demonstrar, por todos os meios permitidos em direito,
que os lançamentos não correspondem à verdade dos fatos”.
Em contrapartida, para que os livros provem a favor do empresário, é preciso que estejam
regularmente escriturados, conforme impõe o art. 418 do CPC/2015: “os livros empresariais, que
preencham os requisitos exigidos por lei, provam também a favor do seu autor no litígio entre
empresas”.
Embora não estejam elencados como títulos executivos, o que, em tese, autorizaria o
acesso à via executiva, quando devidamente escriturados, terão valor probatório em uma ação
ordinária de conhecimento, inclusive, no caso de ação monitória.
O art. 419 do CPC/2015 esclarece que a escrituração contábil é indivisível e, se dos seus
lançamentos uma parte for favorável a seu autor e outra desfavorável, ambas serão consideradas
em conjunto, como unidade.
Como último tema relevante para a escrituração empresarial, tem-se o sigilo empresarial,
o qual deve ser compreendido a partir de certas premissas.
40
Nessa orientação, o art. 1.190 do CC dispõe que:
Art. 1.190. Ressalvados os casos previstos em lei, nenhuma autoridade, juiz ou tribunal,
sob qualquer pretexto, poderá fazer ou ordenar diligência para verificar se o empresário
ou a sociedade empresária observam, ou não, em seus livros e fichas, as formalidades
prescritas em lei.
Percebe-se, assim, que a exibição dos livros empresariais poderá ser determinada,
judicialmente e em certos casos previstos em lei. Além disso, existem situações que se permite
que o magistrado determine, de ofício, a exibição dos livros empresariais e outros em que isso
somente poderá ocorrer:
EXIBIÇÃO PARCIAL
EXIBIÇÃO INTEGRAL
(art. 418, CPC c/c art.
(art. 417, CPC c/c art. 1.191, caput, CC)
1.191, § 1º, CC)
De ofício ou mediante
Somente por requerimento da parte
requerimento
Art. 105. A exibição por inteiro dos livros da companhia pode ser ordenada judicialmente
sempre que, a requerimento de acionistas que representem, pelo menos, 5% (cinco por
cento) do capital social, sejam apontados atos violadores da lei ou do estatuto, ou haja
fundada suspeita de graves irregularidades praticadas por qualquer dos órgãos da
companhia.
41
Importante ressaltar que, em todo e qualquer caso de ordem judicial para exibição dos
livros empresariais deverá estar presente o interesse de agir (súmula 260, STF), o qual se afigura,
por exemplo, quando houver pertinência quanto às transações entre as partes.
Convém pontuar que o fato de um livro não ser obrigatório não exime o empresário de
apresenta-lo às autoridades fiscais. Se, mesmo não sendo obrigado, ele o escriturou a
consequência é que deverá disponibilizá-lo. Nesse sentido, a súmula 439 do Supremo Tribunal
Federal enuncia que “estão sujeitos à fiscalização tributária ou previdenciária quaisquer livros
comerciais, limitado o exame aos pontos objeto da investigação.” Na mesma linha, o art. 1.193
determina que o sigilo empresarial não pode ser oposto às autoridades fazendárias, no exercício
da fiscalização do pagamento de impostos, nos termos estritos das respectivas leis especiais
A prova resultante dos livros e fichas não é bastante nos casos em que a lei exige escritura
pública, ou escrito particular revestido de requisitos especiais, visto que pode ser ilidida pela
comprovação da falsidade ou inexatidão dos lançamentos.
42
Sobre a escrituração dos livros empresariais, convém apresentar três consequências que
se relacionam à:
Na lição de Dylson Doria (1995:110), o nome comercial é aquele “adotado pela pessoa
física ou jurídica para o exercício do comércio e por cujo meio se identifica”. Sob a mesma
43
perspectiva, o Decreto n. 916, de 24 de outubro de 1890, ao conceituá-lo, enfatizou seu caráter
funcional, considerando-o “o nome sob o qual o comerciante ou sociedade exerce o comércio
e assina-se nos atos a ele referentes”.
Em sentido semelhante, o Código Civil, em seu art. 1.155, assim definiu nome comercial:
“considera-se nome empresarial a firma ou a denominação adotada, de conformidade com este
Capítulo, para o exercício de empresa”.
Ricardo Negrão explica que o nome empresarial e suas subespécies, dentre elas as firmas
e as denominações, não integram o estabelecimento empresarial, sendo, antes, atributos
pessoais do empresário ou da sociedade empresária. Diante disso, o autor conclui que “sua
função primordial é a identificação pessoal do titular, seja ele constituído sob a forma coletiva
ou individual”.
Para André Santa Cruz, com base no art.1º da IN/DREI 15/2013, o nome empresarial é
aquele sob o qual o empresário, a empresa individual de responsabilidade limitada e a sociedade
empresária exercem suas atividades e se obrigam nos atos a elas pertinentes12.
Para uma primeira corrente, ele seria um direito de propriedade industrial. Esse
entendimento é incompatível com o ordenamento jurídico brasileiro, pois, no atual estágio de
desenvolvimento doutrinário e legislativo, o nome não pode ser considerado direito de
12
CRUZ, André Santa. Direito Empresarial. Coleção Sinopses para Concursos. Salvador: Juspodivm, 2019. P.87.
44
propriedade industrial, vez que este consiste em propriedade imaterial e se constitui coisa
incorpórea, como ocorre com as marcas, patentes e desenhos industriais, que, após sua criação
intelectual, ganham força de direito autônomo ao da personalidade de seu criador.
O nome empresarial, por sua vez, não dispõe dessa autonomia em razão de sua
indissociabilidade da figura humana que o detém. É o que ocorre, por exemplo, com as firmas,
“constituídas de nomes pessoais do empresário ou dos sócios da sociedade empresária, e, ainda,
porque não pode ser alienado mesmo quando se tratar de sua forma denominativa, não
vinculada a nomes pessoais (art. 1.164 do Código Civil).” (NEGRÃO, 2018:156).
Como um dos grandes expoentes do direito empresarial brasileiro que se afilia a este
entendimento, tem-se Carvalho de Mendonça (2000, 2:175-176):
A terceira e última corrente doutrinária que pretende explicar a natureza jurídica do nome
empresarial o considera como direito pessoal derivado da concorrência desleal, qualificando-o
45
a partir de sua utilidade. Nessa linha, Gabriel Leonardos (1994:45) verifica que tal instituto não
constitui propriedade autônoma, tal como ocorre com a marca ou a patente, mas, a despeito
disso, incorpora-se ao fundo do comércio da empresa, com todas as consequências decorrentes.
Tanto assim, que tem como finalidade “proteger os investimentos feitos para se formar a
reputação de um nome, a par de proteger os consumidores que se habituaram a associar uma
determinada qualidade a um dado nome”.
Em face das três correntes apresentadas, a que mais se conforma com o direito brasileiro
é aquela que o considera como direito pessoal. Isso porque, o próprio texto constitucional o
erige à classe dos direitos individuais, de criação intelectual (art. 5º, XXIX da CRFB). E isso, a
despeito de ser tutelado contra a concorrência desleal, o que se faz visando ao interesse social
e ao desenvolvimento tecnológico e econômico do país.
Ricardo Negrão apresenta relevante distinção entre o nome empresarial, a marca, o título
de estabelecimento e a insígnia (NEGRÃO, 2018:158). Segundo o magistério do autor
(...) o nome é atributo da personalidade, por meio do qual o empresário exerce sua
atividade; a marca é sinal distintivo de um produto ou de um serviço; título de
estabelecimento é a designação de um objeto de direito – o estabelecimento empresarial;
e insígnia é um sinal, emblema, formado por figuras, desenhos, símbolos, conjugados ou
não a expressões nominativas. Esta e o título do estabelecimento têm em comum sua
idêntica destinação: designar o estabelecimento do empresário; na forma, contudo,
diferem: a insígnia utiliza a forma emblemática, e o título, a nominativa. (...)
A confusão muitas vezes se estabelece em virtude da possibilidade de utilização do núcleo
de um nome empresarial como marca ou título de estabelecimento. (...)
A natureza jurídica de cada um desses elementos é distinta: a primeira – marca – tem
caráter de propriedade imaterial, protegida mediante registro no Instituto Nacional da
Propriedade Industrial, e, como tal, integra o estabelecimento empresarial; o segundo –
título de estabelecimento – é direito intelectual, amparado contra uso indevido, sem
necessidade de qualquer registro; e o último é nome empresarial, atributo do empresário
ou da sociedade empresária, regido pelas disposições dos arts. 1.155 a 1.168 do Código
Civil de 2002.
46
Asteroide & Cia. Ltda.”, tem-se que o núcleo “Asteróide” é o nome civil de uma pessoal natural,
que foi utilizado para compor os três elementos distintivos do exercício da empresa.
Por outro lado, imagine que a sociedade empresária “Icecream S/A” possua como
proteção de seus produtos as marcas para sorvete “Tutti Geli” e para bolo “Gostogel”. Nesse
caso, nada impede que, na cidade de Campinas, seu estabelecimento use o título (fantasia) “
Casa do Sorvete d’Itália” e a insígnia formada por essas palavras e pela figura de um sorvete,
na forma da torre que tornou famosa a cidade de Pisa.
Por outro lado, imagine que a sociedade empresária “Icecream S/A” possua como
proteção de seus produtos as marcas para sorvete “Tutti Geli” e para bolo “Gostogel”. Nesse
caso, nada impede que, na cidade de Campinas, seu estabelecimento use o título (fantasia) “
Casa do Sorvete d’Itália” e a insígnia formada por essas palavras e pela figura de um sorvete,
na forma da torre que tornou famosa a cidade de Pisa.
O art. 34 da Lei 8934/94 permite deduzir dois princípios norteadores do nome empresarial:
47
qualificação do sucessor, desde que o contrato de trespasse permita (art. 1.164, p.u.,
CC). Anote-se, contudo, que pode ser alienado o título de estabelecimento, também
chamado de apelido, nome de fantasia ou nome da placa. Se Gomes e Silva Ltda é o
nome da pessoa jurídica proprietária de um posto gasolina, ele mas o termo “Posto
Fazendão”, seu nome fantasia, pode.
2.12.4 Princípios
O art. 34 da Lei 8934/94 permite deduzir dois princípios norteadores do nome empresarial:
13
CRUZ, André Santa. Direito Empresarial. Coleção Sinopses para Concursos. Salvador: Juspodivm, 2019. P.88.
48
efeitos do princípio da veracidade reside no fato de que a omissão da palavra limitada
torna os sócios responsáveis solidários e ilimitados.
Fique atento, porque, de acordo com o STJ, é possível que o nome de domínio de um
empresário coincida com uma marca ou nome empresarial já registrados anteriormente por
outro empresário. No caso cuja ementa é mencionada a seguir, decidiu o STJ que não há, em
regra, ilegalidade na situação ora descrita. Isso ocorre porque o fato de um empresário ter
registrado uma certa expressão como nome empresarial ou como marca não confere a ele,
49
automaticamente, o direito de exclusividade sobre essa expressão como nome de domínio, uma
vez que este se submete ao princípio ``first come, first served``14. Vejamos:
14
CRUZ, André Santa. Direito Empresarial. Coleção Sinopses para Concursos. Salvador: Juspodivm, 2019. P. 90.
50
No que tange à firma individual, o Código tornou facultativa a inclusão do objeto ou
gênero de atividade (art. 1.156), omitindo-se em relação às firmas sociais. A jurisprudência, por
outro lado, é no sentido de garantir a proteção dos nomes empresariais nos limites de sua
atividade, isto é, do objeto social, cuja designação se torna obrigatória para as denominações.
Dessa forma, conclui-se que a proteção do nome empresarial não é absoluta (erga
omnes), de modo a impedir o uso dele para qualquer empreendimento. Aplica-se, na verdade,
o princípio da especialidade, concedendo-se tutela relativa, porquanto limitada ao ramo de
atividade do seu titular.
Por outro lado, no que diz respeito ao nome de domínio, salvo hipótese de usurpação
de direito de marca ou nome empresarial, a anterioridade do registro destes não assegura, por
si só, o direito de exigir a abstenção de uso do nome de domínio na rede mundial de
computadores (internet) por aquele que ostenta direitos acerca do mesmo signo distintivo. Isso
porque, “no Brasil, o registro de nomes de domínio é regido pelo princípio "First Come, First
Served ", segundo o qual é concedido o domínio ao primeiro requerente que satisfizer as
exigências para o registro” (REsp 658.789/RS).
51
pedido do interessado, desde que observada instrução normativa do Departamento de Registro
Empresarial e Integração.
Essa proteção absoluta dentro dos limites da unidade federativa é reconhecida pelo STJ
(REsp nº 1673450) e se encontra prevista no art. 1.166 do Código Civil de 2002, o qual dispõe
que “inscrição do empresário, ou dos atos constitutivos das pessoas jurídicas, ou as respectivas
averbações, no registro próprio, asseguram o uso exclusivo do nome nos limites do respectivo
Estado”. O parágrafo único desse mesmo dispositivo também consigna a possibilidade de
extensão a todo o território nacional, se registrado na forma da lei especial.
De acordo com o art. 1.155 do Código Civil, existem duas espécies de nome empresarial:
a firma e a denominação.
O quadro abaixo permite visualizar os dois tipos de nome empresarial aqui mencionados
(NEGRÃO, 2018:160):
NOME
DESCRIÇÃO
EMPRESARIAL
52
“É o nome adotado pela sociedade empresária para o exercício de sua atividade,
pelo qual se identifica no mundo empresarial, sendo composto pelos nomes civis
ou partes destes, de um, alguns ou todos os sócios da sociedade, sendo exigidos,
Firma Social
em sua formação, acréscimos de expressões indicadoras da espécie societária
(limitada ou comandita por ações) e/ou da existência de sócios que não deram
nome à sociedade (e companhia), por extenso ou abreviadamente.”
Firma individual:
Denominação:
letras. Ex. Bola Sete buffet infantil, Nana Nenê roupas infantis, Divina Gula
restaurante, etc. Na denominação o ramo da atividade passa a ser obrigatório,
salvo para ME e EPP. Como regra geral, o nome do sócio não pode estar na
denominação, mas o Código Civil autoriza, excepcionalmente, quando for para
homenagem, honraria.
54
Passadas as conclusões acima, é interessante você guardar que cada espécie empresarial
pode, a depender da autorização legal a ela relacionada, usar firma ou denominação. E, em
provas de concursos, essas peculiaridades são cobradas com uma certa frequência. Por isso,
preparamos o quadrinho a seguir, a fim de otimizar o seu estudo! Veja:
55
Sociedade em conta de participação Não pode ter nome empresarial
56
Muito embora não possa ser registrado no Instituto Nacional da Propriedade Industrial
(INPI), órgão incumbido de conceder privilégios industriais e registros de marcas e desenhos
industriais. Entretanto, a própria Lei da Propriedade Industrial protege o nome contra usos
indevidos ou imitações, dentro de sua dimensão concorrencial.
57
Se não houver confusão de identidade entre o nome civil empregado para formar a marca
e a pessoa de um terceiro homônimo, o emprego civil na marca deverá ser suportado por
todos os terceiros homônimos, mesmo que por uma razão qualquer tal uso não lhes seja
agradável ou conveniente. O mesmo raciocínio se empregará nos casos em que o nome
civil coincida com uma expressão de fantasia. Assim, o membro da família ‘Coelho’, ‘Lobo
’, ‘Leite’, ‘Café’ etc. só poderá impedir que um terceiro empregue uma dessas expressões
de fantasia em sua marca, que por mero acaso coincidem com seu patronímico, se provar
que aquela marca reporta à sua identidade.
No caso de retirada, exclusão ou morte de sócio cujo nome civil constava da firma
social (art. 1.165);
Na alteração da categoria de sócio figurante na firma social, para as sociedades de
capital e indústria, em comandita simples e por ações (interpretação do art. 1.157,
parágrafo único);
Na alienação do estabelecimento empresarial por ato entre vivos, facultando-se,
entretanto, se o contrato de alienação permitir, ao novo adquirente aditar o antigo
nome ao seu, precedendo-o: “Fulano de Tal & Cia., sucessor de Primeira Firma Social
”.
58
Conforme o Superior Tribunal de Justiça, é necessário emitir nova procuração para seu
representante na hipótese de alteração do nome empresarial. O Tribunal Superior do trabalho
adota o mesmo entendimento, exigindo nova procuração caso, no meio de um processo, uma
empresa modifique o nome com o qual se identifica. E isso, sob pena dos advogados ficarem
impedidos de atuar no processo.
Por fim, vejamos o quadro abaixo, que resume as regras específicas para a formação do nome
empresarial:
59
REGRAS ESPECÍFICAS PARA FORMAÇÃO DO NOME EMPRESARIAL
60
- Denominação: nome de sócio(s) ou expressão
linguística + designação do objeto da sociedade
61
QUADRO SINÓPTICO
Eficácia do trespasse Art.1.145 do Código Civil: Art. 1.145. Se ao alienante não restarem
bens suficientes para solver o seu passivo, a eficácia da alienação
do estabelecimento depende do pagamento de todos os
credores, ou do consentimento destes, de modo expresso ou
tácito, em trinta dias a partir de sua notificação.
Aviamento
Aviamento é nome dado pelo mercado ao valor agregado pela
um ATRIBUTO seu.
62
Ponto Comercial Trata-se de bem incorpóreo que integra o estabelecimento
empresarial. É o local onde o empresário realiza sua
atividade empresarial.
SINREM
SINREM é o Sistema Nacional de Registro de Empresas Mercantis
e foi instituído pela Lei nº 8.934/94 (art. 3º). Destina-se ao registro
Escrituração
Escriturar significa registrar ou anotar as contas de uma atividade
empresarial. Consiste em lançar nos livros (instrumentos de
Nome empresarial
Art. 1.155 do Código Civil: “Considera-se nome empresarial a
firma ou a denominação adotada, de conformidade com este
Capítulo, para o exercício de empresa”.
63
Prevalece a natureza jurídica de direito pessoal
Dupla função: identificar a empresa e proteger o patrimônio.
Dotado de inalienabilidade e imprescritibilidade.
Obedece aos princípios da novidade e da veracidade.
Proteção do nome empresarial: restrita a cada estado da
federação em cuja junta comercial for registrado.
Se o objetivo for a proteção nacional do nome empresarial, ele
deverá ser registrado em cada estado da federação.
Espécies: firma e denominação.
Possibilidade de alteração do nome empresarial restrita às
seguintes hipóteses: No caso de retirada, exclusão ou morte de
sócio cujo nome civil constava da firma social (art. 1.165); Na
alteração da categoria de sócio figurante na firma social, para as
sociedades de capital e indústria, em comandita simples e por
ações (interpretação do art. 1.157, parágrafo único); Na alienação
do estabelecimento empresarial por ato entre vivos, facultando-
se, entretanto, se o contrato de alienação permitir, ao novo
adquirente aditar o antigo nome ao seu, precedendo-o: “Fulano
de Tal & Cia., sucessor de Primeira Firma Social”.
Possibilidade de cancelamento prevista no artigo 1.168 do
Código Civil.
O cancelamento do nome empresarial restringe-se aos seguintes
casos: cessação a atividade empresarial (inatividade);
Liquidação/dissolução da sociedade; fim do prazo de vigência da
sociedade por tempo determinado.
64
QUESTÕES COMENTADAS
Questão 1
Comentário:
A questão exigia amplo conhecimento das previsões legais acerca do registro dos
empresários e sociedades empresárias, assim como das sociedades simples:
- CC, Art. 998. Nos trinta dias subseqüentes à sua constituição, a sociedade deverá requerer
a inscrição do contrato social no Registro Civil das Pessoas Jurídicas do local de sua sede.
65
§ 2º Com todas as indicações enumeradas no artigo antecedente, será a inscrição tomada
por termo no livro de registro próprio, e obedecerá a número de ordem contínua para
todas as sociedades inscritas.
Art. 999. As modificações do contrato social, que tenham por objeto matéria indicada no
art. 997, dependem do consentimento de todos os sócios; as demais podem ser decididas
por maioria absoluta de votos, se o contrato não determinar a necessidade de deliberação
unânime.
Art. 1.000. A sociedade simples que instituir sucursal, filial ou agência na circunscrição de
outro Registro Civil das Pessoas Jurídicas, neste deverá também inscrevê-la, com a prova
da inscrição originária.
Parágrafo único. Em qualquer caso, a constituição da sucursal, filial ou agência deverá ser
averbada no Registro Civil da respectiva sede.
Questão 2
66
Em 15 de fevereiro de 2019, foi concedido o registro e arquivamento dos atos constitutivos.
Levando em consideração os dados apresentados, assinale a alternativa correta.
A) Considerando a data da assinatura do contrato social e a data de apresentação dos atos
constitutivos para registro, os sócios responderão solidária e ilimitadamente pelas obrigações
sociais até a data do despacho concessivo do arquivamento.
B) Não existe sociedade antes da concessão do registro e arquivamento do contrato social,
porquanto constitutivo de direito o ato registral.
C) O contrato social e demais documentos exigidos em lei deverão ser apresentados a
arquivamento na junta, dentro de 20 dias contados de sua assinatura, a cuja data retroagirão
os efeitos do arquivamento.
D) Os efeitos do arquivamento dos atos constitutivos da sociedade empresária constituída por
Maria e João retroagirão à data de 01 de janeiro de 2019.
E) A personalidade jurídica da sociedade empresária constituída por Maria e João coincide com
a data do início da atividade empresarial.
Comentário:
- Art. 1.151. O registro dos atos sujeitos à formalidade exigida no artigo antecedente será
requerido pela pessoa obrigada em lei, e, no caso de omissão ou demora, pelo sócio ou
qualquer interessado. § 1 o Os documentos necessários ao registro deverão ser
apresentados no prazo de trinta dias, contado da lavratura dos atos respectivos. § 2 o
Requerido além do prazo previsto neste artigo, o registro somente produzirá efeito a partir
da data de sua concessão. § 3 o As pessoas obrigadas a requerer o registro responderão
por perdas e danos, em caso de omissão ou demora.
Questão 3
67
A) Não há óbices para que seja levado a registro e arquivamento o contrato social de sociedade
empresária que disponha sobre a possibilidade de alienação do nome empresarial,
independentemente da previsão de regramento quanto à possibilidade de utilização do nome
empresarial pelo adquirente do estabelecimento em caso de trespasse.
B) O ato sujeito a registro não pode, antes do cumprimento das respectivas formalidades, ser
oposto a terceiro, ante a inexistência do arquivamento e do efeito de publicidade exigido em
lei, não se admitindo exceções.
C) As sociedades constituídas para o exercício de profissional intelectual, de natureza científica,
vinculam-se ao Registro Civil das Pessoas Jurídicas, salvo se o exercício da profissão constituir
elemento de empresa.
D) As pessoas obrigadas a requerer o registro não responderão por perdas e danos em caso de
omissão ou demora, ante a natureza iminentemente declaratória do registro empresarial, o que
faz com que a situação pretérita ao arquivamento seja reconhecida pelo Direito, nas condições
da lei.
E)As cooperativas poderão ser empresariais ou simples, e, na primeira hipótese, estarão sujeitas
ao registro empresarial.
Comentário:
- CC, art. 1.164. O nome empresarial não pode ser objeto de alienação.
68
Parágrafo único. O adquirente de estabelecimento, por ato entre vivos, pode, se o contrato
o permitir, usar o nome do alienante, precedido do seu próprio, com a qualificação de
sucessor.
- CC, art. 1.154. O ato sujeito a registro, ressalvadas disposições especiais da lei, não pode,
antes do cumprimento das respectivas formalidades, ser oposto a terceiro, salvo prova de
que este o conhecia.
Parágrafo único. O terceiro não pode alegar ignorância, desde que cumpridas as referidas
formalidades.
- CC, art. 982, parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-se empresária
a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa.
- CC, Art. 1.151. O registro dos atos sujeitos à formalidade exigida no artigo antecedente
será requerido pela pessoa obrigada em lei, e, no caso de omissão ou demora, pelo sócio
ou qualquer interessado. (...) § 3 o As pessoas obrigadas a requerer o registro responderão
por perdas e danos, em caso de omissão ou demora.
Questão 4
69
capital social; responsabilidade dos sócios; qualificação dos sócios; nomeação de administrador;
nome empresarial; sede e foro; prazo de duração.
Assinale a alternativa correta.
A) Todas as assertivas são verdadeiras.
B) As assertivas I, II e IV são verdadeiras.
C) As assertivas II e III não são verdadeiras.
D) Apenas as assertivas I e III são verdadeiras.
Comentário:
- CC, art. 997. A sociedade constitui-se mediante contrato escrito, particular ou público, que, além
de cláusulas estipuladas pelas partes, mencionará: I - nome, nacionalidade, estado civil, profissão e
residência dos sócios, se pessoas naturais, e a firma ou a denominação, nacionalidade e sede dos
sócios, se jurídicas; II - denominação, objeto, sede e prazo da sociedade; III - capital da sociedade,
expresso em moeda corrente, podendo compreender qualquer espécie de bens, suscetíveis de
avaliação pecuniária; IV - a quota de cada sócio no capital social, e o modo de realizá-la; V - as
prestações a que se obriga o sócio, cuja contribuição consista em serviços; VI - as pessoas naturais
incumbidas da administração da sociedade, e seus poderes e atribuições; VII - a participação de
cada sócio nos lucros e nas perdas; VIII - se os sócios respondem, ou não, subsidiariamente, pelas
obrigações sociais. Parágrafo único. É ineficaz em relação a terceiros qualquer pacto separado,
contrário ao disposto no instrumento do contrato.
- No tocante à participação dos lucros, importante mencionar os seguintes artigos: CC, art. 1.007.
Salvo estipulação em contrário, o sócio participa dos lucros e das perdas, na proporção das
respectivas quotas, mas aquele, cuja contribuição consiste em serviços, somente participa dos lucros
na proporção da média do valor das quotas; - CC, art. 1.008. É nula a estipulação contratual que
exclua qualquer sócio de participar dos lucros e das perdas.
70
individual, observado, no que couber, o disposto nos arts. 1.113 a 1.115 deste Código . Parágrafo
único. Não se aplica o disposto no inciso IV caso o sócio remanescente, inclusive na hipótese de
concentração de todas as cotas da sociedade sob sua titularidade, requeira, no Registro Público de
Empresas Mercantis, a transformação do registro da sociedade para empresário individual ou para
empresa individual de responsabilidade limitada, observado, no que couber, o disposto nos arts.
1.113 a 1.115 deste Código.
Questão 5
71
Comentário:
- CC, art. 1.154. O ato sujeito a registro, ressalvadas disposições especiais da lei, não pode,
antes do cumprimento das respectivas formalidades, ser oposto a terceiro, salvo prova de
que este o conhecia. Parágrafo único. O terceiro não pode alegar ignorância, desde que
cumpridas as referidas formalidades.
Questão 6
72
Comentário:
- CC, art. 1.185. O empresário ou sociedade empresária que adotar o sistema de fichas de
lançamentos poderá substituir o livro Diário pelo livro Balancetes Diários e Balanços,
observadas as mesmas formalidades extrínsecas exigidas para aquele.
- CC, art. 1.183. A escrituração será feita em idioma e moeda corrente nacionais e em
forma contábil, por ordem cronológica de dia, mês e ano, sem intervalos em branco, nem
entrelinhas, borrões, rasuras, emendas ou transportes para as margens. Parágrafo único. É
permitido o uso de código de números ou de abreviaturas, que constem de livro próprio,
regularmente autenticado.
- CC, art. 1.180. Além dos demais livros exigidos por lei, é indispensável o Diário, que pode
ser substituído por fichas no caso de escrituração mecanizada ou eletrônica. Parágrafo
único. A adoção de fichas não dispensa o uso de livro apropriado para o lançamento do
balanço patrimonial e do de resultado econômico.
- CC, art. 1.182. Sem prejuízo do disposto no art. 1.174 , a escrituração ficará sob a
responsabilidade de contabilista legalmente habilitado, salvo se nenhum houver na
localidade.
- CC, art. 1.191. O juiz só poderá autorizar a exibição integral dos livros e papéis de
escrituração quando necessária para resolver questões relativas a sucessão, comunhão ou
sociedade, administração ou gestão à conta de outrem, ou em caso de falência. (...)
Questão 7
73
( ) A constituição de sociedades anônimas, de consórcios ou grupo de sociedades e de
sociedades limitadas subordinam-se ao regime de decisão colegiada, por meio do Plenário.
( ) Verificada a existência de vício sanável, será formulada pelo Vogal exigência com a
correspondente fundamentação legal, a qual deverá ser cumprida em até 15 dias contados do
dia subsequente à data da ciência pelo interessado ou da publicação do despacho, sendo que
será considerado novo pedido de arquivamento caso o processo seja devolvido após o prazo
de cumprimento, sujeito ao pagamento de novas custas.
( ) Constituem meios de revisão do processo de decisão dos Vogais, Turmas ou Plenário o
pedido de reconsideração e o recurso ao Plenário, sendo inafastável, em qualquer dos casos, a
utilização dos meios judiciais cabíveis.
( ) O pedido de reconsideração terá por objeto obter a revisão de despachos singulares de
Vogais ou de Turmas, sendo que será apreciado pela mesma autoridade que prolatou o
despacho, suspendendo o prazo para o cumprimento de exigências formuladas e objeto da
reconsideração.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta, de cima para baixo.
A) F – F – V – V.
B) V – V – F – F.
C) V – V – V – V.
D) F – V – F – F.
E) F – F – F – V.
Resposta: E
Comentário:
- Lei 8.934/94, art. 41. Estão sujeitos ao regime de decisão colegiada pelas juntas
comerciais, na forma desta lei: I - o arquivamento: a) dos atos de constituição de sociedades
anônimas; b) dos atos referentes à transformação, incorporação, fusão e cisão de empresas
mercantis; c) dos atos de constituição e alterações de consórcio e de grupo de sociedades,
conforme previsto na Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976 (...)
74
- Lei 8.934/94, art. 40. Todo ato, documento ou instrumento apresentado a arquivamento
será objeto de exame do cumprimento das formalidades legais pela junta comercial. § 1º
Verificada a existência de vício insanável, o requerimento será indeferido; quando for
sanável, o processo será colocado em exigência. § 2º As exigências formuladas pela junta
comercial deverão ser cumpridas em até 30 (trinta) dias, contados da data da ciência
pelo interessado ou da publicação do despacho. § 3º O processo em exigência será
entregue completo ao interessado; não devolvido no prazo previsto no parágrafo anterior,
será considerado como novo pedido de arquivamento, sujeito ao pagamento dos preços
dos serviços correspondentes.
- Lei 8.934/94, art. 44. O processo revisional pertinente ao Registro Público de Empresas
Mercantis e Atividades Afins dar-se-á mediante: I - Pedido de Reconsideração; II - Recurso
ao Plenário; III - Recurso ao Departamento Nacional de Registro Empresarial e Integração.
- Lei 8.934/94, art. 45. O Pedido de Reconsideração terá por objeto obter a revisão de
despachos singulares ou de Turmas que formulem exigências para o deferimento do
arquivamento e será apresentado no prazo para cumprimento da exigência para apreciação
pela autoridade recorrida em 3 (três) dias úteis ou 5 (cinco) dias úteis, respectivamente.
Questão 8
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D) Passado o prazo de 45 (quarenta e cinco) dias, o registro somente produzirá efeito a partir
da data de sua concessão.
Comentário:
Mais uma vez trata-se de questão que exige conhecimento acerca do art. 1.151, CC: "O
registro dos atos sujeitos à formalidade exigida no artigo antecedente será requerido pela
pessoa obrigada em lei, e, no caso de omissão ou demora, pelo sócio ou qualquer
interessado. § 1 o Os documentos necessários ao registro deverão ser apresentados no
prazo de trinta dias, contado da lavratura dos atos respectivos. § 2 o Requerido além do
prazo previsto neste artigo, o registro somente produzirá efeito a partir da data de sua
concessão. § 3 o As pessoas obrigadas a requerer o registro responderão por perdas e
danos, em caso de omissão ou demora."
Questão 9
Comentário:
- Lei 8.934/94, art. 60. A firma individual ou a sociedade que não proceder a qualquer
arquivamento no período de dez anos consecutivos deverá comunicar à junta comercial
76
que deseja manter-se em funcionamento. § 1º Na ausência dessa comunicação, a
empresa mercantil será considerada inativa, promovendo a junta comercial o cancelamento
do registro, com a perda automática da proteção ao nome empresarial; § 2º A empresa
mercantil deverá ser notificada previamente pela junta comercial, mediante comunicação
direta ou por edital, para os fins deste artigo; § 3º A junta comercial fará comunicação do
cancelamento às autoridades arrecadadoras, no prazo de até dez dias; § 4º A reativação
da empresa obedecerá aos mesmos procedimentos requeridos para sua constituição.
- Lei 8.934/94, art. 63. Os atos levados a arquivamento nas juntas comerciais são
dispensados de reconhecimento de firma, exceto quando se tratar de procuração.
- Lei 8.934/94, art. 59. Expirado o prazo da sociedade celebrada por tempo determinado,
esta perderá a proteção do seu nome empresarial.
- Lei 8.934/94. art. 53. As alterações contratuais ou estatutárias poderão ser efetivadas por
escritura pública ou particular, independentemente da forma adotada no ato constitutivo.
Questão 10
Comentário:
CC, art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a
inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de
autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações
77
por que passar o ato constitutivo. Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular
a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo,
contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro.
Questão 11
A) F – F – V – V.
B) V – V – F – F.
C) V – V – V – V.
D) F – V – F – F.
E) V – F – V – V.
78
Comentário:
- Lei 8.934/94. art. 3º. Os serviços do Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins
serão exercidos, em todo o território nacional, de maneira uniforme, harmônica e
interdependente, pelo Sistema Nacional de Registro de Empresas Mercantis (Sinrem), composto
pelos seguintes órgãos: I - o Departamento Nacional de Registro Empresarial e Integração, órgão
central do Sinrem, com as seguintes funções: a) supervisora, orientadora, coordenadora e
normativa, na área técnica; e b) supletiva, na área administrativa; e II - as Juntas Comerciais,
como órgãos locais, com funções executora e administradora dos serviços de registro.
- Lei 8.934/94, art. 8º, § 1º As juntas comerciais poderão ter uma assessoria técnica, com a
competência de preparar e relatar os documentos a serem submetidos à sua deliberação, cujos
membros deverão ser bacharéis em Direito, Economistas, Contadores ou Administradores.
- Lei 8.934/94. Art. 16. O mandato de vogal e respectivo suplente será de 4 (quatro) anos,
permitida apenas uma recondução. Art. 17. O vogal ou seu suplente perderá o mandato nos
seguintes casos: I - mais de 3 (três) faltas consecutivas às sessões, ou 12 (doze) alternadas no
mesmo ano, sem justo motivo; II - por conduta incompatível com a dignidade do cargo.
79
GABARITO
Questão 1 - C
Questão 2 - A
Questão 3 - C
Questão 4 - C
Questão 5 - A
Questão 6 - C
Questão 7 - E
Questão 8 - A
Questão 9 - D
Questão 10 - C
Questão 11 - A
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QUESTÃO DESAFIO
81
GABARITO QUESTÃO DESAFIO
Resposta Ideal:
Gabarito do Professor:
Nos artigos sequentes é possível identificar o prazo para a entrega dos referidos
documentos (30 dias) e as consequências do seu cumprimento ou não.
O autor André Santa Cruz comenta (CRUZ, André Santa. Direito Empresarial. 8. ed. São
Paulo: Método, 2018. p. 198-198.): “É importante, pois, que uma alteração do contrato social,
por exemplo, seja levada a registro na Junta Comercial dentro de 30 (trinta) contados da sua
efetiva realização, uma vez que, se isso não for feito, a referida alteração contratual só será
considerada eficaz perante terceiros após o deferimento do registro. Caso, porém, o registro
seja feito dentro do prazo legal, a alteração contratual, quando deferida, considerar-se-á
produzindo efeitos desde a data em que foi decidida pelos sócios.”.
O art. 36 da Lei 8.934/1994 prevê o prazo de 30 dias, o seu termo inicial e os efeitos de
tal regra. Dele é possível se extrair que o não cumprimento do referido prazo ocasiona um
82
atraso na eficácia do arquivamento, passando a produzir efeito apenas a partir do despacho
que o conceder.
O autor André Santa Cruz resume (CRUZ, André Santa. Direito Empresarial. 8. ed. São
Paulo: Método, 2018. p. 198-198.): “Em resumo: se o ato é levado a registro dentro do prazo
legal de 30 dias, o registro opera efeitos ex tunc, retroagindo à data da sua efetiva realização.
Em contrapartida, se o ato é levado a registro fora do prazo legal de 30 dias, produz efeitos ex
nunc, ou seja, só se torna eficaz a partir do seu deferimento.”.
83
LEGISLAÇÃO COMPILADA
Código Civil:
o Art.967;
o Art.969;
o Art.971;
o Art. 1.142;
o Art.1.143;
o Art.1.144;
o Art. 1.145;
o Art.1.146;
o Art.1.147;
o Art.1.148;
o Art.1.149;
o Art. 1.151;
o Art.1.154;
o Art.1.155;
o Art.1.156;
o Art.1.157;
o Art.1.158;
o Art.1.165;
o Art.1.168;
o Art. 1.179;
o Art. 1.180;
o Art.1.181;
o Art.1.190;
Lei 8.245/91:
o Art.13;
o Art.34;
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o Art.52;
o Art.52;
o Art.53;
o Art.54;
o Art.55.
Lei 8.934/94:
o Art.32;
o Art.33;
o Art.34;
Súmulas e Enunciados
Enunciado 1, CJF
Decisão judicial que considera ser o nome empresarial violador do direito de marca não implica a anulação do
respectivo registro no órgão próprio nem lhe retira os efeitos, preservado o direito de o empresário alterá-lo.
Enunciado 2, CJF
A vedação de registro de marca que reproduza ou imite elemento característico ou diferenciador de nome
empresarial de terceiros, suscetível de causar confusão ou associação (art. 124, V, da Lei n. 9.279/1996), deve ser
interpretada restritivamente e em consonância com o art. 1.166 do Código Civil.
O registro do empresário ou sociedade rural na Junta Comercial é facultativo e de natureza constitutiva, sujeitando-
o ao regime jurídico empresarial. É inaplicável esse regime ao empresário ou sociedade rural que não exercer tal
opção.
Art. 967: A inscrição do empresário na Junta Comercial não é requisito para a sua caracterização, admitindo-se o
exercício da empresa sem tal providência. O empresário irregular reúne os requisitos do art. 966, sujeitando-se às
normas do Código Civil e da legislação comercial, salvo naquilo em que forem incompatíveis com a sua condição
ou diante de expressa disposição em contrário.
A pessoa jurídica de direito privado pode ser demandada no domicílio da agência, ou estabelecimento, em que se
praticou o ato.
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Estão sujeitos à fiscalização tributária ou previdenciária quaisquer livros comerciais, limitado o exame aos pontos
objeto da investigação.
O exame de livros comerciais, em ação judicial, fica limitado as transações entre os litigantes.
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JURISPRUDÊNCIA
REsp 1184867/SC, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em
15/05/2014, DJe 06/06/2014
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de nome empresarial de terceiro constitua óbice a registro de marca, à luz do princípio
da territorialidade, faz-se necessário que a proteção ao nome empresarial não goze de
tutela restrita a um Estado, mas detenha a exclusividade sobre o uso em todo o território
nacional. Porém, é incontroverso da moldura fática que o registro dos atos constitutivos
da autora foi feito apenas na Junta Comercial de Blumenau/SC.
6. A Convenção da União de Paris de 1883 - CUP deu origem ao sistema internacional
de propriedade industrial com o objetivo de harmonizar o sistema protetivo relativo ao
tema nos países signatários, do qual faz parte o Brasil (<http://www.wipo.int/treaties/en>).
É verdade que o art. 8º da dita Convenção estabelece que "O nome comercial será
protegido em todos os países da União, sem obrigação de depósito ou de registro, quer
faça ou não parte de uma marca de fábrica ou de comércio." Não obstante, o escopo
desse dispositivo é assegurar a proteção do nome empresarial de determinada sociedade
em país diverso do de sua origem, que seja signatário da CUP, e não em seu país natal,
onde deve-se atentar às leis locais.
7. O artigo 124, XIX, da Lei da Propriedade Industrial veda o registro de marca que
reproduza outra preexistente, ainda que em parte e com acréscimo "suscetível de causar
confusão ou associação com marca alheia". Sob o enfoque pelo ângulo do direito
marcário, a possibilidade de confusão e/ou associação entre as marcas é notória, por
possuírem identidade fonética e escrita quanto ao elemento nominativo e ambas se
destinarem ao segmento mercadológico médico.
Assim, é inviável admitir a coexistência de tais marcas.
8. Ainda que não tivesse sido reconhecido o direito de precedência do registro n.
816805776 para a marca mista MULTIMED, ao contrário do que sugere o Tribunal a quo,
não seria possível concluir pela nulidade deste. Isso porque tal registro foi concedido em
1994, não sofrendo nenhuma impugnação por parte da autora, seja administrativamente
no prazo de seis meses (art. 101 da Lei n.
5.772/1971, correspondente ao atual 169 da Lei n. 9.279/1996), seja judicialmente no
prazo de 5 anos, nos termos do art. 174 da Lei n.
9.279/1996. Desse modo, está preclusa a possibilidade de questionar tal registro por meio
de processo administrativo de nulidade, bem como por meio de ação de nulidade de
registro. Este só poderá ser impugnado por meio de processo administrativo de
caducidade e se preenchidos os requisitos legais, nos termos da Lei da Propriedade
Industrial.
9. A desconstituição do registro por ação própria é necessária para que possa ser afastada
a garantia da exclusividade em todo o território nacional. (REsp 325158/SP, Rel. Ministra
NANCY ANDRIGHI, Rel. p/ Acórdão Ministro CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO,
TERCEIRA TURMA, julgado em 10/08/2006, DJ 09/10/2006, p. 284 e REsp 1189022/SP,
Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 25/02/2014, DJe
02/04/2014).
10. No decorrer de processo administrativo de nulidade já instaurado, afigura-se temerária
a conduta do titular de marca registrada que firma contrato de licenciamento com
88
terceiro, tanto mais se não informar este acerca do óbice sofrido pelo registro marcário.
Não há nexo de causalidade entre decisão proferida pelo INPI de concessão do registro
marcário, posteriormente invalidada por meio de regular processo administrativo, e a
desistência de terceiro em prosseguir com o licenciamento desta marca, ao tomar
conhecimento de que a sua titular respondia ao referido processo administrativo de
nulidade.
11. Recurso especial provido.
No caso acima, uma primeira empresa registrou seu nome no estado de Santa Catarina.
Anos depois, outra empresa, fez o registro de marca com nomenclatura muito semelhante ao
nome da empresa de SC no estado do Rio Grande do Sul.
Irresignada com o ocorrido, a primeira empresa ajuizou ação com objetivo de invalidar o
registro da marca da segunda empresa no RS.
Ao apreciar a questão, o STJ entendeu que a pretensão da primeira empresa não merecia
provimento. É que, para o nome empresarial obter proteção frente à marca registrada
posteriormente, ele deveria ter sido registrado em cada estado da federação. Afinal, conforme
já havia assentado a Corte em julgado anterior ao aqui comentado, a proteção do nome
empresarial é restrita a cada estado da federação.
Lembre que nome empresarial e marca não se confundem (inclusive, vamos estudar a
marca e os demais aspectos da propriedade intelectual à frente em nosso curso). Inclusive, veja
abaixo um quadrinho retirado dos comentários do Professor Márcio André Cavalcante, do Dizer
o Direito, sobre o julgado em análise15:
15
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Precedência de nome empresarial que não implica direito ao registro de marca. Disponível
em:
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/10c272d06794d3e5785d5e7c5356e9ff?categoria=8&palavr
a-chave=NOME+EMPRESARIAL&criterio-pesquisa=e. Acesso em: 30/12/2020.
89
da empresa. Ex.: se a empresa “A” registrou seu titular seu uso exclusivo em todo o território
ato constitutivo na Junta Comercial de Blumenau, nacional (art. 129, caput e § 1º, da Lei nº
a proteção será apenas em Santa Catarina. 9.279/1996).
Essa proteção poderá ser estendida a todo o Em outras palavras, depois do registro no INPI,
território nacional, desde que seja feito pedido apenas o titular desta marca poderá utilizá-la em
complementar de arquivamento nas demais todo o Brasil.
Juntas Comerciais.
Por fim, o art. 8º da Convenção da União de Paris de 1883 (CUP), que estabelece:
“O nome comercial será protegido em todos os países da União, sem obrigação de depósito ou
de registro, quer faça ou não parte de uma marca de fábrica ou de comércio``, não se aplica ao
presente julgado. Segundo interpretam a doutrina e o STJ, esse art. 8º da CUP destina-se apenas
à proteção do nome empresarial da sociedade em país diverso do de sua origem, e não em seu
país natal.
90
MAPA MENTAL
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Precedência de nome empresarial que não implica direito ao registro de
marca. Disponível em:
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/10c272d06794d3e5785d5e7c5356e9ff?categoria
=8&palavra-chave=NOME+EMPRESARIAL&criterio-pesquisa=e. Acesso em: 30/12/2020.
COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito comercial, volume 1: direito de empresa. São Paulo: Editora Revista dos
Tribunais, 2019.
CRUZ, André Santa. Direito Empresarial. Coleção Sinopses para Concursos. Salvador: Juspodivm, 2018.
FAZZIO JUNIOR, WALDO. Manual de direito comercial. São Paulo: Atlas, 2019.
PENANTE JR, Francisco. Resumos para concursos, vol. 37, Direito Empresarial, 2ª edição. São Paulo: Editora
JusPodivm, 2019.
PENANTE JR, Francisco. LAURINDO, Felipe. Prática empresarial. Recife: Armador, 2019.
93