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CERS CARTÓRIO

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CERS BOOK

CAPÍTULO 2
Assim, os assuntos de Direito Empresarial estão distribuídos da seguinte forma:

CAPÍTULOS

Capítulo 1 – FUNDAMENTOS E TEORIAS DO DIREITO



EMPRESARIAL
Capítulo 2 (você está aqui!) – DO REGIME JURÍDICO DA EMPRESA


Capítulo 3 – DO DIREITO SOCIETÁRIO 

Capítulo 4 – DAS SOCIEDADES ANÔNIMAS 


Capítulo 5 – DOS CONTRATOS EMPRESARIAIS 
Capítulo 6 – DA CRISE NA EMPRESA: LEI DE FALÊNCIAS E DE

RECUPERAÇÃO JUDICIAL

Capítulo 7 – DA INTERVENÇÃO E DA LIQUIDAÇÃO EXTRAJUDICIAL DE



INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS

Capítulo 8 – DOS TÍTULOS DE CRÉDITO 

Capítulo 9 – DA LEI DE PROPRIEDADE INDUSTRIAL 

Capítulo 10 – DA DECLARAÇÃO DE DIREITOS DA LIBERDADE



ECONÔMICA E DA LEI ANTICORRUPÇÃO

1
SOBRE ESTE CAPÍTULO

No primeiro capítulo de nosso curso, estudamos sobre a evolução histórica, os


fundamentos e a teoria geral do direito empresarial, com ênfase em seu principal objeto de
estudo: a empresa. Dando seguimento a este exame, o presente capítulo vai tratar sobre o
regime jurídico da empresa.

Assim, no presente capítulo, estudaremos institutos como o estabelecimento, o registro


e a escrituração, dentre outros. Trata-se de tema cobrado em certames para o ingresso em
praticamente todas as carreiras jurídicas, pois consiste em tema basilar da disciplina de direito
empresarial.

Desta forma, pode-se dizer que as carreiras que mais cobram os assuntos a serem
abordados aqui são aquelas nas quais a disciplina em apreço é mais explorada. Temos como
exemplo as provas da magistratura, de procuradorias, além de provas para os serviços notariais
e registrais.

O tema em estudo não é extenso e volta-se mais para a lei seca. Não existem grandes
divergências doutrinárias ou jurisprudenciais sobre os assuntos que estudaremos aqui.

Vamos juntos!

2
SUMÁRIO
DIREITO INTERNACIONAL ..................................................................................................................... 5

Capítulo 2 .................................................................................................................................................. 5

2. Regime Jurídico da Atividade Empresarial ................................................................................. 5

2.1 Estabelecimento empresarial ........................................................................................................................... 5

2.2 Trespasse ............................................................................................................................................................... 10

2.2.1 Eficácia do trespasse ......................................................................................................................................... 12

2.3 Responsabilidade do adquirente e do alienante ................................................................................. 13

2.4 Sub-rogação nos contratos de exploração............................................................................................. 17

2.5 Aviamento ............................................................................................................................................................. 19

2.6 Ponto comercial .................................................................................................................................................. 20

2.7 Ação Renovatória ............................................................................................................................................... 21

2.8 Registro Empresarial ......................................................................................................................................... 24

2.9 SINREM ................................................................................................................................................................... 27

2.10 Atos de registro .................................................................................................................................................. 30

2.11 Escrituração ........................................................................................................................................................... 37

2.12 Nome Empresarial ............................................................................................................................................. 43

2.12.1 Conceito e função.............................................................................................................................................. 43

2.12.2 Natureza Jurídica do Nome Empresarial ................................................................................................. 44

2.12.3 Características do nome empresarial ........................................................................................................ 47

2.12.4 Princípios................................................................................................................................................................ 48

2.12.5 Extensão da proteção do nome empresarial ......................................................................................... 50

2.12.6 Espécies de nome empresarial ..................................................................................................................... 52

2.12.7 Direitos decorrentes do nome empresarial ............................................................................................ 56

3
2.12.8 Alteração do nome empresarial .................................................................................................................. 58

2.12.9 Cancelamento de nome empresarial......................................................................................................... 59

QUADRO SINÓPTICO ............................................................................................................................ 62

QUESTÕES COMENTADAS ................................................................................................................... 65

GABARITO ............................................................................................................................................... 80

QUESTÃO DESAFIO ................................................................................................................................ 81

GABARITO QUESTÃO DESAFIO ........................................................................................................... 82

LEGISLAÇÃO COMPILADA .................................................................................................................... 84

JURISPRUDÊNCIA................................................................................................................................... 87

MAPA MENTAL ...................................................................................................................................... 91

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................................... 93

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DIREITO INTERNACIONAL

Capítulo 2

O presente capítulo vai tratar sobre o regime jurídico da empresa. Portanto, estudaremos
institutos extremamente relevantes para todo o estudo do direito empresarial, a exemplo do
registro, do estabelecimento e da escrituração, dentre outros. O tema não conta com
divergências, decorrendo, em grande parte, da letra fria da lei. Os assuntos são simples e
merecem estudo atento, a fim de que você garanta preciosos pontos em prova! Vamos juntos!

2. Regime Jurídico da Atividade Empresarial

2.1 Estabelecimento empresarial

Também chamado de estabelecimento comercial, fundo de comércio ou azienda (artigos


1.142 ao 1.149 do CC).

Estabelecimento é, de acordo com o art.1.142 do Código Civil, todo complexo de bens


organizado para exercício da empresa, pelo empresário ou por sociedade empresária, sendo
imprescindível para o exercício da atividade empresarial. Só fazem parte do estabelecimento os
bens que estão diretamente relacionados à atividade empresarial.

Assim sendo, o estabelecimento não se confunde com a empresa, uma vez que esta,
conforme visto no capítulo 1 de nosso curso, corresponde a uma atividade. Da mesma forma,
o estabelecimento não se confunde com o empresário, já que este é uma pessoa física ou
jurídica que explora essa atividade empresarial e é o titular dos direitos e obrigações dela
decorrentes.

5
Mas, embora estabelecimento, empresa e empresário sejam noções que não se
confundem, são conceitos que se inter-relacionam, podendo-se dizer, pois, que o
estabelecimento, como complexo de bens usado pelo empresário no exercício de sua atividade
econômica, representa a projeção patrimonial da empresa ou o organismo técnico-econômico
mediante o qual o empresário atua.

 Bens corpóreos ou materiais: móveis, utensílios, mercadoria, maquinários, o


próprio imóvel, veículos e todos os demais bens que o empresário utiliza para
o bom desenvolvimento e organização de sua atividade econômica. Obs.: Bem
imóvel não é o estabelecimento, mas sim elemento integrante do
estabelecimento. Isso porque estabelecimento é diferente de patrimônio;

 Bens incorpóreos ou imateriais: compreendem, principalmente, os bens


industriais (registro de desenho industrial, marca registrada, patente de
invenção, de modelo de utilidade, nome empresarial e título de
estabelecimento) e o ponto (local ao qual a atividade econômica é explorada).

O enunciado 7 da I Jornada de Direito Comercial apresenta interessante exemplo de bem


incorpóreo que compõe o estabelecimento empresarial.

Enunciado 7, CJF: O nome de domínio integra o estabelecimento empresarial como bem


incorpóreo para todos os fins de direito.

Estabelecimento não é sujeito de direito, mas objeto de direito. Sujeito de direito é o


empresário individual ou a sociedade empresária.

É objeto unitário de direito (art. 1.143, CC). Por isso o empresário pode vender, arrendar
ou dar em usufruto o estabelecimento, pois trata-se simplesmente de um objeto. Pode o
estabelecimento ser objeto unitário de direitos e de negócios jurídicos, translativos ou
constitutivos, que sejam compatíveis com a sua natureza.

Art. 1.143. Pode o estabelecimento ser objeto unitário de direitos e de negócios jurídicos,
translativos ou constitutivos, que sejam compatíveis com a sua natureza.

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Prevalece na doutrina, sobretudo em virtude da obra clássica de Oscar Barreto Filho sobre
o assunto1, que o estabelecimento comercial tem natureza jurídica de universalidade de fato,
sendo composto de bens, direitos e interesses, materiais e imateriais, necessários, úteis e
efetivamente aplicados ao exercício da empresa.

A reunião de bens do estabelecimento decorre da vontade do empresário ou da


sociedade empresária, e não da vontade da lei. Logo, trata-se de uma universalidade de fato. O
estabelecimento como universalidade de fato constitui um conjunto de bens materiais e
imateriais que serve ao exercício de atividades econômicas.

Universalidade de direito é aquele conjunto de bens que são reunidos por vontade da lei.
Exemplo: herança e massa falida. Não se trata o estabelecimento empresarial, portanto, de
unidade complexa de bens destinados a um fim determinado em lei (universitas juris), mas de
um conjunto de bens com finalidade vinculada do seu dono, que é o empresário ( universitas
rerum ou facti).

A doutrina brasileira majoritária, seguindo mais uma vez as ideias suscitadas pela doutrina
italiana, sempre considerou o estabelecimento empresarial uma universalidade de fato, uma vez
que os elementos que o compõem formam uma coisa unitária exclusivamente em razão da
destinação que o empresário lhes dá, e não em virtude de disposição legal.

Ao se afirmar que o estabelecimento empresarial não é sujeito de direito, o que se


pretende afastar é a noção de personalização desse complexo de bens, presente em algumas
proposições da segunda metade do século XIX, principalmente na Alemanha, que procuravam
criar um conceito legal capaz de justificar a relativa autonomia entre a empresa e o empresário.
Falava-se na tese da empresa em si.

A tentativa de personalização do estabelecimento, contudo, não logrou êxito, inclusive no


direito brasileiro, conforme já vimos aqui. Segundo o disposto na legislação brasileira, é um
equívoco considerar o estabelecimento empresarial uma pessoa jurídica. Sujeito de direito é a
sociedade empresária, que, reunindo os bens necessários ou úteis ao desenvolvimento da

1
CRUZ, André Santa. Direito Empresarial. Coleção Sinopses para Concursos. Salvador: Juspodivm, 2019. P.77.
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empresa, organiza um complexo de características dinâmicas próprias. A ela, e não ao
estabelecimento empresarial, imputam-se as obrigações e asseguram-se os direitos relacionados
à empresa.

Lembre, contudo, que o fato de o estabelecimento empresarial ser uma universalidade


de fato não impede que os bens singulares dele integrantes sejam negociados isoladamente,
na esteira do art.90 do Código Civil2.

Dando continuidade ao nosso estudo, destacamos que, no âmbito do direito privado,


cujos princípios gerais, à luz do art. 109 do CTN, são informadores para a definição dos institutos
de direito tributário, a filial é uma espécie de estabelecimento empresarial, fazendo parte do
acervo patrimonial de uma única pessoa jurídica, partilhando dos mesmos sócios, contrato social
3e firma ou denominação da matriz. Nessa condição, a filial consiste, conforme doutrina
majoritária, em uma universalidade de fato, não ostentando personalidade jurídica própria, não
sendo sujeito de direitos, tampouco uma pessoa distinta da sociedade empresária. Cuida-se de
um instrumento de que se utiliza o empresário ou sócio para exercer suas atividades (REsp
1.355.812/RS).

Imaginemos a seguinte situação prática: no acervo patrimonial de determinada padaria


há dois imóveis. O primeiro é sede da sociedade empresária, enquanto o segundo, localizado
em outra unidade da federação, encontra-se alugado. Os valores recebidos a título de aluguéis
desse segundo imóvel são aplicados no ativo patrimonial da referida sociedade empresária.

Nessa situação, é correto afirmar que o imóvel alugado não faz parte do estabelecimento
empresarial da mencionada pessoa jurídica.

Ora, aquele imóvel faz parte do patrimônio da padaria, mas não integra o
estabelecimento. A padaria possui um patrimônio e dentro dele há um estabelecimento. Isso

2
CRUZ, André Santa. Direito Empresarial. Coleção Sinopses para Concursos. Salvador: Juspodivm, 2019. P.76.

3
Vide questão 02 e 04
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porque só faz parte do estabelecimento os bens que estão diretamente relacionados à atividade
empresarial.

Assim, estabelecimento é diferente de patrimônio. O estabelecimento integra o


patrimônio, mas isso não significa que o estabelecimento é o patrimônio.

PATRIMÔNIO

estabelecimento + outros bens não relacionados diretamente à atividade empresarial

O estabelecimento empresarial não compreende os débitos da empresa. Os débitos fazem


parte do patrimônio da empresa e não do estabelecimento comercial. Sendo o estabelecimento
uma universalidade de fato, ou seja, um complexo de bens organizado pelo empresário, ele não
compreende os contratos, os créditos e as dívidas, por representarem matéria de direito.

Eis mais uma distinção que pode ser feita, portanto, entre estabelecimento e patrimônio,
uma vez que este, ao contrário daquele, este compreende até mesmo as relações jurídicas –
direitos e obrigações – do seu titular.

Para arrematarmos o nosso estudo até aqui, segue o seguinte organograma:

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Universalidade
de fato

Bens individuais
dele integrantes Faz parte do
Estabelecimento
podem ser patrimônio da
empresarial empresa
negociados
isoladamente

Pode o estabelecimento ser


objeto unitário de direitos e
de negócios jurídicos,
translativos ou constitutivos,
que sejam compatíveis com a
sua natureza.

2.2 Trespasse

Trespasse é o nome que se dá para o contrato de compra e venda de estabelecimento


empresarial. O trespasse não se confunde com a cessão de cotas.

Na cessão de cotas, não existe transferência da titularidade do estabelecimento, mas, tão


somente, a transferência das cotas sociais. É alteração apenas do quadro societário.

Na transferência da participação societária, o estabelecimento empresarial não muda de


titular. Tanto antes como após a transação, o estabelecimento pertencia e continua a pertencer
à sociedade empresária, à mesma pessoa jurídica, que apenas tem a sua composição de sócios
alterada. Na cessão de cotas ou alienação de controle, o objeto da venda é a participação
societária, ou seja, as cotas ou as ações, conforme a espécie societária.

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Trespasse implica a transferência do conjunto de bens organizados pelo alienante ao
adquirente, de modo que este possa prosseguir com a exploração da atividade empresarial.

TRESPASSE CESSÃO DE COTAS

Provoca a transferência da Não ocorre a transferência da titularidade


titularidade do estabelecimento. estabelecimento, mas sim a modificação do quadro social
(alteração dos sócios).

Para que o trespasse produza seus efeitos entre o alienante e o adquirente, não é
necessário nenhum tipo de publicidade. Porém, para que o contrato de trespasse produza efeitos
perante terceiros, é preciso que haja averbação na junta comercial, bem como publicação na
imprensa oficial.

Art. 1.144. O contrato que tenha por objeto a alienação, o usufruto ou arrendamento do
estabelecimento, só produzirá efeitos quanto a terceiros depois de averbado à margem
da inscrição do empresário, ou da sociedade empresária, no Registro Público de Empresas
Mercantis, e de publicado na imprensa oficial.

O art. 1.144 CC estabelece que para o contrato de trespasse produzir efeitos perante
terceiros, será preciso:

 Averbação do contrato na Junta Comercial;

 Publicação na imprensa oficial.

Os prazos para a averbação ou publicação são indeterminados, cabendo ao interesse das


partes do contrato a publicidade imediata, levando em consideração a desoneração de
responsabilidades e efetividade da execução de direitos ou créditos.

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2.2.1 Eficácia do trespasse

A eficácia do trespasse é garantida pelos bens que permanecem com o devedor, que
devem ser suficientes para saldar sua dívida.

Caso não sejam, deve-se observar a regra do art. 1.145, que estabelece o PAGAMENTO
DE TODOS OS CREDORES ou AUTORIZAÇÃO DE TODOS OS CREDORES.

É feita uma notificação dos credores, para que se manifestem, no prazo de 30 dias,
dizendo se são contra ou a favor do trespasse. O silêncio, aqui, é entendido como
consentimento.

Art. 1.145. Se ao alienante não restarem bens suficientes para solver o seu passivo, a
eficácia da alienação do estabelecimento depende do pagamento de todos os credores,
ou do consentimento destes, de modo expresso ou tácito, em trinta dias a partir de sua
notificação.

A Súmula 451 do STJ autoriza a penhora da sede do estabelecimento comercial. Porém,


esta medida é excepcional, devendo ocorrer apenas em caso de não se encontrarem outros
bens para penhora.

Súmula 451, STJ: É legítima a penhora da sede do estabelecimento comercial.

Segundo definiu o STJ em sede de recurso repetitivo, a penhora de imóvel no qual se


localiza o estabelecimento da empresa é excepcionalmente permitida quando inexistentes outros
bens passíveis de penhora e desde que não seja servil à residência da família (REsp 1.114.767/RS,
Rel. Ministro Luiz Fux, Corte Especial, julgado em 02/12/2009, DJe 04/02/2010).

O art. 862 do novo CPC prevê que, “quando a penhora recair em estabelecimento
comercial, industrial ou agrícola [leia-se, genericamente, estabelecimento empresarial] (...), o juiz
nomeará administrador-depositário, determinando-lhe que apresente em 10 (dez) dias o plano
de administração”. Apresentado o referido plano, o juiz ouvirá as partes e decidirá (§1º). O §2º,

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porém, prevê que “é lícito às partes ajustar a forma de administração e escolher o depositário,
hipótese em que o juiz homologará por despacho a indicação”.

Corroborando o entendimento jurisprudencial do STJ, no sentido de que a penhora de


estabelecimento empresarial é medida excepcional, o art. 865 do novo CPC determina o
seguinte: “a penhora de que trata esta subseção somente será determinada se não houver outro
meio eficaz para a efetivação do crédito”.

A violação do art. 1.145 do CC enseja ato de falência. O credor pode requerer a falência
do empresário que venda bens sem respeitar o art. 1.145 do CC (sem o consentimento de todos
os credores ou não permanecendo com bens suficientes para solver seu passivo), pois esse ato
é considerado como ato de falência, conforme previsto no art. 94, III, “c” da Lei 11.101/05.

2.3 Responsabilidade do adquirente e do alienante

O adquirente do estabelecimento responde pelo pagamento dos débitos anteriores à


transferência, desde que regularmente contabilizados. Mas atenção: a regra do art. 1.146 não se
aplica para as dívidas trabalhistas ou tributárias, ramos do direito que contam com regras
próprias em caso de sucessão (art.448 da CLT e art. 133 do CTN, respectivamente)4.

Com relação às dívidas trabalhistas, conforme já mencionado, aplica-se a regra da


sucessão trabalhista, prevista nos arts. 10 e 448, da CLT.

A responsabilidade pelas dívidas trabalhistas recairá exclusivamente sobre o adquirente.


O alienante só terá responsabilidade solidária se o trespasse houver sido fraudulento (com base
no Código Civil).

Já no que toca às dívidas tributárias, aplica-se a regra do art. 133, do CTN.

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CRUZ, André Santa. Direito Empresarial. Coleção Sinopses para Concursos. Juspodivm: Salvador, 2019. P.81.
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Assim, em se tratando de dívidas tributárias ou de dívidas trabalhistas, não se aplica o
disposto no art. 1.146 do Código Civil, uma vez que a sucessão tributária e a sucessão trabalhista
possuem regimes jurídicos próprios, previstos em legislação específica (arts. 133 do CTN e 448
da CLT, respectivamente).

Exceção: não haverá sucessão trabalhista quando o trespasse decorrer de recuperação


judicial ou falência (arts. 60 e 141 da Lei 11.101/2005). Quando se tratar de compra realizada no
processo de falência ou recuperação judicial (por meio de leilão), o adquirente do
estabelecimento não responde pela falência ou pelas dívidas tributárias, trabalhistas ou
decorrentes de acidente de trabalho, nos termos do art. 141, II da Lei 11.101/05.

O alienante (devedor primitivo) continua solidariamente obrigado, mas apenas no prazo


de um ano, desde que a dívida esteja regularmente contabilizada.

 Caso se trate de dívida vencida, conta-se um ano da DATA DA


PUBLICAÇÃO NA IMPRENSA OFICIAL;

 Caso se trate de dívida vincenda, conta-se um ano a partir da DATA


DO VENCIMENTO.

Enunciado 233, CJF: Art. 1.142: A sistemática do contrato de trespasse delineada pelo
Código Civil nos arts. 1.142 e ss., especialmente seus efeitos obrigacionais, aplica-se
somente quando o conjunto de bens transferidos importar a transmissão da
funcionalidade do estabelecimento empresarial.

Ou seja, essa sistemática, sobretudo para efeitos obrigacionais, só se aplica quando o


conjunto de bens transferidos importar a transmissão da funcionalidade do estabelecimento
empresarial. Justificou-se tal posicionamento sob a alegação de que, para se falar em trespasse
de estabelecimento, é necessário que haja transferência de elementos suficientes à preservação
de sua finalidade como tal, ou seja, a universalidade adquirida deve ser idônea a operar como
estabelecimento, ainda que tenham sido decotados alguns de seus elementos originais.

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Difere da situação de transferência de participação em sociedade (transferência de cotas),
onde a responsabilidade do sócio que transferiu perdura por um prazo de 2 anos. Isso porque
o art. 1.003 do CC preconiza que o cedente responde solidariamente com o cessionário, perante
a sociedade e terceiros, pelas obrigações que tinha como sócio, até 2 anos depois de averbada
a modificação do contrato.

2.3.1 Concorrência

Antes do CC, não havia nenhuma referência legal que impedisse a concorrência. Portanto,
o que acontecia, na prática empresarial, era a confecção de um contrato, onde se inseria uma
cláusula chamada “cláusula de não-restabelecimento”.

Hoje, a cláusula de não-restabelecimento está prevista no art. 1.147 do CC. Assim, a


cláusula de não-restabelecimento está implícita aos contratos de trespasse, na forma do art.
1.147 do CC, de modo que se faz necessária cláusula expressa a fim de que seja possível a
concorrência.

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O contrato de trespasse irá definir sobre a possibilidade de concorrência do alienante do
estabelecimento. Na omissão do contrato de trespasse, aplica-se a regra do art. 1.147 do CC.
Ou seja, não havendo autorização expressa, o alienante do estabelecimento não pode fazer
concorrência ao adquirente, nos 5 anos subsequentes à transferência.

Tenha em mente, ainda, que a cláusula de não restabelecimento fixada por prazo
indeterminado é considerada abusiva. Segundo o STJ, as partes não podem prever que a cláusula
de “não restabelecimento” será por prazo indeterminado. O ordenamento jurídico pátrio, salvo
expressas exceções, não aceita que cláusulas que limitem ou vedem direitos sejam estabelecidas
por prazo indeterminado (REsp 680.815/PR, Min. Raul Araújo, j. 20/03/2014 – inf. 554).

É possível que seja ampliado, mas ele não pode ser fixado em prazo indeterminado e, no
caso concreto, é possível que tal ampliação seja considerada abusiva se ampliar demais a
restrição. Nesse sentido:

Enunciado 490, CJF: A ampliação do prazo de 5 anos de proibição de concorrência pelo


alienante ao adquirente do estabelecimento, ainda que convencionada no exercício da
autonomia da vontade, pode ser revista judicialmente, se abusiva.

Ainda de acordo com o STJ, é válida a cláusula contratual de não concorrência, desde
que limitada espacial e temporalmente. Isso porque esse tipo de cláusula protege a concorrência
e os efeitos danosos decorrentes de potencial desvio de clientela, sendo esses valores jurídicos
reconhecidos constitucionalmente (REsp 1.203.109/MG, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado
em 6/5/2015 – Inf. 561).

O limite geográfico dessa limitação deve ser definido casualmente em função da natureza
do comércio. Deve-se analisar se o eventual restabelecimento do alienante configura, de fato,
concorrência ao adquirente. O elemento teleológico da norma referida não é a proibição do
restabelecimento do alienante, e sim a proibição da concorrência desleal ao adquirente.

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Assim, quando a relação estabelecida entre as partes for eminentemente comercial, a
cláusula que estabeleça dever de abstenção de contratação com sociedade empresária
concorrente pode sim irradiar efeitos após a extinção do contrato, desde que por um prazo
certo e em determinado lugar específico (limitada temporária e espacialmente).

Ex.: João resolveu montar um quiosque no shopping para vender celulares, cartões pré-
pagos etc. Para isso, ele fez um contrato com a operadora de celular “XXX” por meio da qual
ele somente iria vender os produtos e serviços dessa operadora e, em troca, ela ofereceria a ele
preços diferenciados, consultoria e treinamento para abrir a loja. No contrato assinado com a
operadora, havia uma cláusula dizendo que João estava proibido, por 6 meses após a extinção
do contrato, de contratar com qualquer empresa concorrente naquela cidade. Essa cláusula de
não concorrência é válida.

No caso de arrendamento ou usufruto do estabelecimento, a proibição prevista persistirá


durante o prazo do contrato (art. 1.147, parágrafo único).

2.4 Sub-rogação nos contratos de exploração

É preciso entender que o contrato de trespasse não garante a clientela, que é mera
situação de fato. A clientela não é elemento integrante do estabelecimento empresarial. Por
conta disso, a fim de que a clientela se mantenha, o trespasse gera a sub-rogação automática
do adquirente nos contratos estipulados para a exploração do estabelecimento, se não tiverem
caráter pessoal.

Havendo justa causa, os terceiros podem rescindir o contrato em 90 dias, contados da


publicação da transferência. Assim dispõe o art. 1.148:

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Art. 1.148. Salvo disposição em contrário, a transferência importa a sub-rogação do
adquirente nos contratos estipulados para exploração do estabelecimento, se não tiverem
caráter pessoal, podendo os terceiros rescindir o contrato em 90 dias a contar da
publicação da transferência, se ocorrer justa causa, ressalvada, neste caso, a
responsabilidade do alienante.

O art. 1.148 do CC traz uma regra importante: o adquirente terá a garantia que todos os
contratados de exploração do estabelecimento continuarão em vigor.

A jurisprudência e o Enunciado 234 do CJF entendem que nos contratos de trespasse


ocorre a sub-rogação automática de todos os contratos, exceto o contrato de locação, em
respeito ao art. 13 da Lei de Inquilinato (Lei 8.245/91).

Enunciado 234, CJF: Art. 1.148: Quando do trespasse do estabelecimento empresarial, o


contrato de locação do respectivo ponto não se transmite automaticamente ao adquirente.
Fica cancelado o enunciado nº 64.

A Lei de Locação (art. 13) prevê a anuência por escrito do locador do imóvel objeto da
transferência do contrato de locação.

O STJ entende que o contrato de locação, fugindo a regra do art. 1.148, não é transferido
automaticamente, dependendo da anuência do locador.

STJ: Transferência do fundo de comércio. Trespasse. Efeitos: continuidade do processo


produtivo; manutenção dos postos de trabalho; circulação de ativos econômicos. Contrato
de locação. Locador. Avaliação de características individuais do futuro inquilino.
Capacidade financeira e idoneidade moral. Inspeção extensível, também, ao eventual
prestador da garantia fidejussória. Natureza pessoal do contrato de locação.
Desenvolvimento econômico. Aspectos necessários: proteção ao direito de propriedade e
a segurança jurídica. Afigura-se destemperado o entendimento de que o art. 13 da Lei do
Inquilinato não tenha aplicação às locações comerciais, pois, prevalecendo este
posicionamento, o proprietário do imóvel estaria ao alvedrio do inquilino, já que segundo
a conveniência deste, o locador se veria compelido a honrar o ajustado com pessoa diversa
daquela constante do instrumento, que não rara as vezes, não possuirá as qualidades
essenciais exigidas pelo dono do bem locado (capacidade financeira e idoneidade moral)
para o cumprir o avençado. Liberdade de contratar. As pessoas em geral possuem plena
liberdade na escolha da parte com quem irão assumir obrigações e, em contrapartida,
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gozar de direitos, sendo vedada qualquer disposição que obrigue o sujeito a contratar
contra a sua vontade. Aluguéis. Fonte de renda única ou complementar para inúmeros
cidadãos. Necessidade de proteção especial pelo ordenamento jurídico (REsp
1.202.077/MS, rel. Ministro Vasco Della Giustina – desembargador convocado do TJ/RS –
DJe 10/03/2011).

A cessão dos créditos referentes ao estabelecimento transferido produzirá efeito em


relação aos respectivos devedores, desde o momento da publicação da transferência, mas o
devedor ficará exonerado se de boa-fé pagar ao cedente (art. 1.149 do CC).

2.5 Aviamento

Aviamento é nome dado pelo mercado ao valor agregado pela articulação dos bens que
compõem o estabelecimento, na exploração de uma atividade econômica. Desta forma,
aviamento não é integrante do estabelecimento, mas sim um ATRIBUTO seu.

Em outras palavras, aviamento, ou goodwill of trade, é o potencial de lucratividade.

O aviamento é justamente a aptidão para gerar lucro do estabelecimento. Quanto mais


eficiente for a organização dos elementos do estabelecimento, mais aviado será o
estabelecimento.

Trata-se de um atributo do estabelecimento empresarial, resultado do conjunto de vários


fatores de ordem material ou imaterial que lhe conferem capacidade ou aptidão de gerar lucros.
Cada estabelecimento possui um aviamento maior ou menor. Diz-se que o aviamento é pessoal
ou subjetivo quando a capacidade de gerar lucros resulta substancialmente de qualidades do
titular da empresa; será real ou objetivo se decorrente da qualidade do estabelecimento
empresarial.

A clientela é resultante do aviamento, e este existe graças a ela – um decorre do outro.


Ambos, por não serem considerados bens, não estão sujeitos a uma proteção direta, nos moldes
do que ocorre com o patrimônio material ou imaterial da empresa. A clientela é, pois,

19
manifestação externa do aviamento e sua proteção jurídica é determinada pelas normas de
direito concorrencial e pelos diversos institutos técnico-jurídicos que viabilizam a livre-iniciativa
e a livre-concorrência.

Vale ressaltar que a clientela, tal qual ocorre com o aviamento, não é um elemento do
estabelecimento, mas apenas uma qualidade ou um atributo dele5.

Clientela não se confunde com freguesia

CLIENTELA FREGUESIA

Conjunto de pessoas que mantém com o Conjunto de pessoas que passam em frente
empresário ou sociedade empresária relações ao ponto do negócio, em razão da sua
jurídicas constantes; localização estratégica.

2.6 Ponto comercial

É um bem incorpóreo que integra o estabelecimento empresarial. Ponto comercial é o


local onde o empresário realiza sua atividade empresarial. O ponto é muito importante para o

5
CRUZ, André Santa. Direito Empresarial. Coleção Sinopses para Concursos. Juspodivm: Salvador, 2019. P.85.

20
estabelecimento comercial, daí porque goza de proteção legal. Essa proteção se dá através da
chamada ação renovatória.

Quando o empresário se estabelece em um ponto alugado e permanece naquele local


um determinado tempo, ele faz investimentos para ganhar o respeito dos consumidores, passar
a ser conhecido e a adquirir, consequentemente, uma clientela fiel. Por essa razão, o regime
jurídico-empresarial reconhece a esse empresário o chamado direito de inerência ao ponto,
consubstanciado na prerrogativa de permanecer naquele local mesmo na hipótese de o locador
não pretender mais a renovação do contrato locatício.

2.7 Ação Renovatória

A ação renovatória tem por objetivo a renovação compulsória do contrato de locação


empresarial. A ação está prevista na Lei nº 8.245/91, nos artigos 51 a 55.

Nas locações destinadas ao comércio, o locatário terá direito a renovação compulsória


do contrato, por igual prazo, desde que, cumulativamente:

 Requisito formal: o contrato a renovar tenha sido celebrado por


escrito e com prazo determinado;

 Requisito temporal: prazo mínimo de 5 anos de relação contratual


contínua. O prazo mínimo do contrato a renovar ou a soma dos prazos
ininterruptos dos contratos escritos deve ser de 5 anos;

 Requisito material: o locatário esteja explorando seu comércio, NO


MESMO RAMO, pelo prazo mínimo e ininterrupto de 3 anos.

21
O direito assegurado neste artigo poderá ser exercido pelos cessionários ou sucessores
da locação.

A lei não está protegendo o locador, nem o locatário, mas sim o ponto comercial. Faltando
um dos requisitos, não há como se ajuizar a ação renovatória. Presentes todos os requisitos da
ação renovatória, poderá ela ser ajuizada, pois o empresário passa a ter o intitulado direito de
inerência ao ponto.

Imaginemos a seguinte situação: empresário tinha realizado um contrato de locação por


cinco anos, de modo que nos três primeiros anos possuía uma padaria no ponto e, nos últimos
dois, uma farmácia. Pode ele ajuizar a renovatória? Não, porque não permaneceu na mesma
atividade nos últimos três anos do contrato.

A propositura da referida ação renovatória, segundo o disposto no art. 51, §5º, da Lei
8.245/1991, deve ser feita “no interregno de um ano, no máximo, até seis meses, no mínimo,
anteriores à data da finalização do prazo do contrato em vigor”. Dizendo de outra forma, a ação
renovatória deve ser ajuizada nos seis primeiros meses do último ano do contrato de aluguel.

Sendo assim, faltando um ano para o término do contrato, deve o empresário locatário,
se pretender permanecer no ponto, procurar o locador para iniciar as tratativas acerca da
renovação da relação contratual. Caso o locador demonstre o interesse de retomar o ponto, não
renovando o contrato, cabe ao locatário tomar as providências necessárias ao ajuizamento da
ação renovatória, sob pena de ver decair o seu o direito à renovação compulsória da relação
locatícia.

22
Destaque-se que a legislação admite a propositura de ação renovatória nos contratos de
locação de espaços em shopping centers. Nesse caso, previu a lei que não cabe alegar, para a
retomada do imóvel, a necessidade do bem para uso próprio, nem para transferência de
estabelecimento empresarial existente há mais de um ano cuja maioria do capital seja de sua
titularidade ou de seu cônjuge, ascendente ou descendente (art. 52, §2º, da Lei 8.245/1991).

Diga-se ainda que, em tese, não é abusiva a previsão, em normas gerais de


empreendimento de shopping center ("estatuto"), da denominada "cláusula de raio", segundo a
qual o locatário de um espaço comercial se obriga – perante o locador – a não exercer atividade
similar à praticada no imóvel objeto da locação em outro estabelecimento situado a um
determinado raio de distância contado a partir de certo ponto do terreno do shopping center
(STJ, REsp 1.535.727/RS, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 10/5/2016 – inf. 585).

No caso de sublocação do imóvel, a ação renovatória é de competência exclusiva do


sublocatário já que esta ação, como dito, se propõe a proteger o ponto comercial (art. 51, §1º).

23
O teto de receita bruta (faturamento) para enquadramento no Simples Nacional foi
majorado de R$ 3.600.000,00 para R$4.800.000,00 (Empresa de Pequeno Porte).

O Microempreendedor Individual (MEI) passa de um limite de R$ 60 mil para R$ 81 mil


por ano, uma média mensal de R$ 6,75mil, e a Empresa de Pequeno Porte (EPP) passa de R$
3,6 milhões para R$ 4,8 milhões anuais, média mensal de R$ 400mil.

Mas, cuidado! Persiste um “sublimite” para cálculo de ICMS e ISS. As EPPs que
ultrapassarem o valor anterior, de R$ 3,6 milhões de faturamento, terão o ICMS e o ISS
calculados fora da tabela do Simples Nacional, conforme regras estabelecidas pela lei

complementar 155/2016.

2.8 Registro Empresarial6

Conforme previsão, o Registro Público de Empresas 7Mercantis é exercido em todo o


território nacional, de forma sistêmica, por órgãos federais, estaduais e distrital e detém as
seguintes finalidades:

I - dar garantia, publicidade, autenticidade, segurança e eficácia aos atos jurídicos das
empresas mercantis, submetidos a registro na forma desta lei;
II - cadastrar as empresas nacionais e estrangeiras em funcionamento no País e manter
atualizadas as informações pertinentes;
III - proceder à matrícula dos agentes auxiliares do comércio, bem como ao seu
cancelamento.

A inscrição na Junta Comercial antes de iniciar a atividade é obrigação legal imposta a


todo e qualquer empresário (empresário individual ou sociedade empresária), sob pena de
começar a exercer a empresa irregularmente

Tal obrigação decorre do comando do art. 967 do Código Civil:

Art. 967. É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas


Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade.

Recorde-se que, para o empresário comum, o registro é mera condição de regularidade.


Nessa linha, o enunciado 199 do CJF, conferindo interpretação ao art. 967 do CC, determina que

6
Vide questão 01, 03, 05, 08 e 11
7
Vide questão 09
24
“a inscrição do empresário ou sociedade empresária é requisito delineador de sua regularidade,
e não de sua caracterização”. Ou seja, se o empresário não fizer o registro, ele não deixa de
ser empresário, mas será considerado empresário irregular, sofrendo, por isso, algumas
consequências (por exemplo: a impossibilidade de requerer recuperação judicial).

Contudo, quanto ao ruralista, já vimos que tal registro é indispensável para que se
caracterize como empresário, pois a lei permite que, mesmo que pratique atividade nos moldes
do art. 966 do CC, opte por não aderir ao regime jurídico empresarial, não efetivando seu
registro na Junta Comercial.

O empresário rural é a pessoa física ou jurídica que exerce atividade agrária, seja ela
agrícola, pecuária, agroindustrial ou extrativa (vegetal ou mineral), procurando conjugar, de
forma racional, organizada e econômica, os fatores terra, trabalho e capital.

Nessa linha, tem-se o art. 971 do Código Civil:

Art. 971. O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão, pode,
observadas as formalidades de que tratam o art. 968 e seus parágrafos, requerer inscrição
no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, caso em que, depois de
inscrito, ficará equiparado, para todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro.

Diante desse contexto, forçoso é concluir que, para o rurícola, o registro empresarial é
facultativo e constitutivo, como pode ser inferido do seguinte enunciado do CJF:

Enunciado 202, CJF: Arts. 971 e 984: O registro do empresário ou sociedade rural na Junta
Comercial é facultativo e de natureza constitutiva, sujeitando-o ao regime jurídico
empresarial. É inaplicável esse regime ao empresário ou sociedade rural que não exercer
tal opção.

Retornando-se ao art. 967, pode dizer-se que ele não adota o sistema subjetivo de
direito comercial ou empresarial, tal como na primeira fase evolutiva desse ramo do direito.
Nesta, para ser comerciante, era necessário o registro nas corporações de ofício, instituições que
criavam regras aplicáveis somente aos que nelas estavam escritos.

Conforme o regramento atual, a ausência do registro não subtrai o sujeito do regime


empresarial, mas somente o submete às sanções decorrentes do descumprimento da norma. O
empresário não registrado é um empresário irregular.

Nesse sentido, tem-se o seguinte enunciado do CJF:

25
Enunciado 198, CJF: Art. 967: A inscrição do empresário na Junta Comercial não é requisito
para a sua caracterização, admitindo-se o exercício da empresa sem tal providência. O
empresário irregular reúne os requisitos do art. 966, sujeitando-se às normas do Código
Civil e da legislação comercial, salvo naquilo em que forem incompatíveis com a sua
condição ou diante de expressa disposição em contrário.

A obrigatoriedade do registro deflui do art. 969 do Código Civil:

Art. 969. O empresário que instituir sucursal, filial ou agência, em lugar sujeito à jurisdição
de outro Registro Público de Empresas Mercantis, neste deverá também inscrevê-la, com
a prova da inscrição originária.
Parágrafo único. Em qualquer caso, a constituição do estabelecimento secundário deverá
ser averbada no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede.

Pode-se definir filial, juridicamente, como a sociedade empresária que atua sob a direção
e administração de outra, chamada de matriz, mas mantém sua personalidade jurídica e o seu
patrimônio, bem como preserva sua autonomia diante da lei e do público. Agência, por sua vez,
pode ser conceituada como empresa especializada em prestação de serviços que atua
especificamente como intermediária. E sucursal, por fim, é o ponto de negócio acessório e
distinto do ponto principal, responsável por tratar dos negócios deste e a ele subordinado
administrativamente.

Observe-se, contudo, que o Superior Tribunal de Justiça inclui no conceito de filial o


estabelecimento empresarial que não constitui sede dos negócios:

Verifica-se, portanto, que a filial, na condição de espécie de estabelecimento, é um bem,


um instrumento, uma universalidade de fato que integra o patrimônio da sociedade
empresária e não uma pessoa distinta desta. Destarte, a discriminação do patrimônio da
empresa, mediante a criação de filiais, não afasta a unidade patrimonial da pessoa jurídica,
que, na condição de devedora, deve responder com todo o ativo do patrimônio social por
suas dívidas, à luz de regra de direito processual prevista no art. 591 do Código de
Processo Civil, segundo a qual “o devedor responde, para o cumprimento de suas
obrigações, com todos os seus bens presentes e futuros, salvo as restrições estabelecidas
em lei”. (STJ, 2ª Turma, AgRgREsp 1544571/SC, Relator: Ministro Mauro Campbell Marques,
julgado em 6/10/2015, DJe 16/10/2015.)

O tema do estabelecimento e de suas respectivas filiais, sucursais ou agências também é


relevante para se saber qual é o domicílio do empresário individual e da sociedade empresária,
visto que será o local indicado em seus atos constitutivos, quando do registro na Junta
Comercial.
26
Observe-se, no entanto, que o Código de Processo Civil de 2015 estabelece como foro
competente quanto às obrigações que a pessoa jurídica contraiu, o lugar onde se acha sua
agência ou sucursal (art. 53, III, b). O Código Civil, por sua vez, em seu art. 75, §1º, estabelece
que, “tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles
será considerado domicílio para os atos nele praticados”.

Nessa mesma linha, o texto da súmula 363 do STF ao considerar que a pessoa jurídica
de direito privado, gênero do qual a sociedade empresária é espécie, “pode ser demandada no
domicílio da agência, ou estabelecimento, em que se praticou o ato”. Nesse sentido é também
a norma do art. 75, §1º, do Código Civil.

2.9 SINREM

SINREM é o Sistema Nacional de Registro de Empresas Mercantis e foi instituído pela Lei
nº 8.934/94 (art. 3º). Destina-se ao registro público de serviços mercantis, sendo que esse
sistema é composto por dois órgãos:

 Departamento de Registro Empresarial e Integração ou DREI (antigo


DNRC).

 Junta Comercial (órgão estadual e executor);

O Departamento Nacional de Registro de Comércio (DNRC) foi extinto pelo Decreto


8.001/2013, que criou o Departamento de Registro Empresarial e Integração (DREI). Tem
natureza jurídica de órgão federal vinculado ao Ministério da Economia, encarregado de
normatizar e fiscalizar os atos de registro.

A Junta Comercial 8é responsável pela execução e administração dos atos de registro. Sua
natureza jurídica é de autarquia estadual, integrante da estrutura administrativa dos Estados-
membros. Cada unidade federativa possui uma Junta Comercial, segundo disposição constante
do art. 5º da lei.

8
Vide questão 07
27
Por fazerem parte da estrutura administrativa dos Estados, mas, ao mesmo tempo,
sujeitarem-se, no plano técnico, às normas e diretrizes baixadas pelo DREI, diz-se que as juntas
comerciais têm subordinação hierárquica híbrida.

Sendo assim, somente a Junta Comercial do Distrito Federal se submete, tanto técnica
como administrativamente, ao DREI, conforme preceitua o art. 6º, parágrafo único, da Lei
8.934/1994.

Sobre a subordinação hierárquica híbrida das Juntas Comerciais, André Luiz Santa Cruz
Ramos explica:

Em razão desse caráter híbrido de subordinação das Juntas Comerciais (ao Estado-membro
respectivo e ao DREI), o Superior Tribunal de Justiça consolidou entendimento de que há
uma divisão de competência para apreciar ações judiciais em que a Junta Comercial seja
parte. Tratando-se de matéria administrativa, a competência para processar e julgar as
ações em que a Junta figure num dos polos da demanda é da Justiça comum estadual.
Em contrapartida, em se tratando de matéria técnica, relativa ao registro de empresa, a
competência passa a ser da Justiça Federal, em virtude do interesse na causa do DREI,
conforme preceitua o art. 109, inciso I, da Constituição Federal.

Assim, se no processo se discute, por exemplo, o reajuste de servidores da Junta


Comercial, a competência será da Justiça Estadual, porque nesse caso a lide versa sobre matéria
eminentemente administrativa.

Porém, se a Junta Comercial indeferir o pedido de arquivamento de contrato social de


uma determinada sociedade limitada, com base numa Instrução Normativa do DREI, e essa
sociedade resolver impetrar mandado de segurança contra tal decisão, deverá fazê-lo perante a
Justiça Federal, porque, nesse caso, a Junta agiu sob orientação de um ente federal, o DREI.

Contudo, o autor supramencionado assinala que o próprio STJ alterou esse


posicionamento, passando a entender que a Justiça Federal é competente para julgar os
processos em que figura como parte a Junta Comercial somente nos casos em que se discute
a lisura do ato praticado pela Junta ou nos casos de mandado de segurança impetrado contra

28
ato de seu presidente. (REsp 678.405/RJ, 3.ª Turma, Rel. Min. Castro Filho, j. 16.03.2006, DJ
10.04.2006, p. 179).

Dessa forma, quando se tratar de demanda que envolva somente questões particulares,
como conflitos societários, a competência será da Justiça Estadual, ainda que no processo esteja
sendo discutido um ato ou registro praticado pela Junta Comercial.

29
Muito embora tenha sido investido nas funções de órgão central disciplinador, fiscalizador
e supervisor do registro de empresas, o DREI não dispõe de instrumentos de intervenção nas
Juntas comerciais, caso não adotem suas diretrizes ou deixem de acatar recomendações de
correção. A lei estabelece, apenas, que o DREI pode representar às autoridades competentes as
irregularidades que identificar (ex. Governador, Ministério Público Estadual etc).

2.10 Atos de registro

Os atos de registro praticados pelas Juntas Comerciais são três, a matrícula, o


arquivamento e a autenticação, todos mencionados no art.32 da Lei 8.934/94:

Art. 32. O registro compreende:

I - a matrícula e seu cancelamento: dos leiloeiros, tradutores públicos e intérpretes


comerciais, trapicheiros e administradores de armazéns-gerais;

II - O arquivamento:

a) dos documentos relativos à constituição, alteração, dissolução e extinção de firmas


mercantis individuais, sociedades mercantis e cooperativas;

b) dos atos relativos a consórcio e grupo de sociedade de que trata a Lei nº 6.404, de 15
de dezembro de 1976;

c) dos atos concernentes a empresas mercantis estrangeiras autorizadas a funcionar no


Brasil;

d) das declarações de microempresa;

30
e) de atos ou documentos que, por determinação legal, sejam atribuídos ao Registro
Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins ou daqueles que possam interessar ao
empresário e às empresas mercantis;

III - a autenticação dos instrumentos de escrituração das empresas mercantis registradas


e dos agentes auxiliares do comércio, na forma de lei própria.

Vejamos, agora, de maneira resumida, detalhes de cada ato:

 Autenticação: se relaciona à escrituração do empresário (livros), sendo


condição de regularidade desses documentos. Assim, um livro comercial deve ser
levado à Junta Comercial para autenticação e, neste ato, terá todos os requisitos
extrínsecos que devem ser observados na escrituração. Conforme o art. 39 da Lei
8.934/1994, “as juntas comerciais autenticarão: I – os instrumentos de escrituração das
empresas mercantis e dos agentes auxiliares do comércio; II – as cópias dos
documentos assentados”. Contudo, não se pode olvidar o que se encontra previsto
nos arts. 39-A e 39-B, inseridos pela Lei Complementar 147/2014: “a autenticação dos
documentos de empresas de qualquer porte realizada por meio de sistemas públicos
eletrônicos dispensa qualquer outra” (art. 39-A); e “a comprovação da autenticação de
documentos e da autoria de que trata esta Lei poderá ser realizada por meio
eletrônico, na forma do regulamento” (art. 39-B).

 Matrícula: relaciona-se aos auxiliares do comércio tais como leiloeiros,


tradutores públicos, trapicheiros etc. Consiste em uma condição para que eles possam
exercer, regularmente, tais atividades paracomerciais.

 Arquivamento: se refere aos atos de constituição (registro em sentido


estrito), modificação e extinção (averbação, para tudo que vem depois da constituição);
correspondem, por sua vez, ao registro dos empresários individuais, sociedades
empresárias e cooperativas.

No que se refere ao arquivamento, alguns pontos merecem ser esclarecidos.

31
De acordo com o art. 32, inciso II, da Lei 8.934/1994, conforme já mencionado aqui, estão
sujeitos ao arquivamento:

 Os documentos relativos à constituição, alteração, dissolução e extinção


de firmas mercantis individuais, sociedades mercantis e cooperativas;

 Os atos relativos a consórcio e grupo de sociedade de que trata a Lei 6.404,


de 15 de dezembro de 1976;

 Os atos concernentes a empresas mercantis estrangeiras autorizadas a


funcionar no Brasil;

 As declarações de microempresa;

 Atos ou documentos que, por determinação legal, sejam atribuídos ao


Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins ou daqueles que possam
interessar ao empresário e às empresas mercantis.

O art. 35 da referida Lei, por sua vez, enuncia uma série de atos que não devem
se sujeitar ao arquivamento:

I - os documentos que não obedecerem às prescrições legais ou regulamentares ou que


contiverem matéria contrária aos bons costumes ou à ordem pública, bem como os que
colidirem com o respectivo estatuto ou contrato não modificado anteriormente;
II - os documentos de constituição ou alteração de empresas mercantis de qualquer
espécie ou modalidade em que figure como titular ou administrador pessoa que esteja
condenada pela prática de crime cuja pena vede o acesso à atividade mercantil;
III - os atos constitutivos de empresas mercantis que, além das cláusulas exigidas em lei,
não designarem o respectivo capital, bem como a declaração precisa de seu objeto, cuja
indicação no nome empresarial é facultativa;
IV - a prorrogação do contrato social, depois de findo o prazo nele fixado;
V - os atos de empresas mercantis com nome idêntico ou semelhante a outro já existente;
VI - a alteração contratual, por deliberação majoritária do capital social, quando houver
cláusula restritiva;
VII - os contratos sociais ou suas alterações em que haja incorporação de imóveis à
sociedade, por instrumento particular, quando do instrumento não constar:
a) a descrição e identificação do imóvel, sua área, dados relativos à sua titulação, bem
como o número da matrícula no registro imobiliário;

32
b) a outorga uxória ou marital, quando necessária;
VIII - os contratos ou estatutos de sociedades mercantis, ainda não aprovados pelo
Governo, nos casos em que for necessária essa aprovação, bem como as posteriores
alterações, antes de igualmente aprovadas.
Parágrafo único. A junta não dará andamento a qualquer documento de alteração de
firmas individuais ou sociedades, sem que dos respectivos requerimentos e instrumentos
conste o Número de Identificação de Registro de Empresas (Nire).

No que diz respeito às sociedades cooperativas, durante muito tempo, houve polêmica
sobre onde deveriam ser registradas. Se, por um lado, o Código Civil as considera como
sociedade simples (art. 982, parágrafo único), o que atrairia a competência do Oficial de Registro
de Pessoas Jurídicas (art. 1.150), a lei específica dessas instituições determina que seu registro
ocorra na Junta Comercial (art. 18 da Lei 5.764/1971).

Nesse sentido, o art. 1.093 do CC estipula que “a sociedade cooperativa reger-se-á pelo
disposto no presente Capítulo, ressalvada a legislação especial”. O enunciado 69 do CJF, por sua
vez, consolida a interpretação daquele preceito legal da seguinte forma: “as sociedades
cooperativas são sociedades simples sujeitas à inscrição nas juntas comerciais”.

O empresário individual arquiva na Junta Comercial sua declaração de que exerce


atividade nos moldes do art. 966. Por este motivo se diz que seu registro tem natureza
declaratória. Excepciona-se, contudo, o rurícola que, como visto, se constitui como empresário
mediante o registro na Junta Comercial.

Por outro lado, o registro da sociedade empresária ou da EIRELI têm natureza


constitutiva, haja vista a criação da pessoa jurídica por meio do registro (art. 45, CC9).

Observe, entretanto, que, tanto no caso do empresário individual como no caso da


sociedade empresária, o ato sujeito a registro deverá ter o visto de advogado (art. 1º, § 2º da
Lei 8.934/1994), salvo no caso de microempresa ou empresa de pequeno porte (art. 9º, § 2º da
LC 123/2006).

9
Vide questão 10
33
É importante mencionar que, segundo o art. 1.154 do Código Civil, o ato sujeito a registro
não pode ser oposto a terceiros antes do cumprimento das formalidades exigidas, salvo se
houver prova de que o terceiro o conhecia.

Conforme André Luiz Santa cruz Ramos:

A norma é plenamente justificável, e possui outros dispositivos correlatos, que representam


verdadeiro desdobramento do seu conteúdo normativo (por exemplo, arts. 1.015,
parágrafo único, II, e 1.174, ambos do Código Civil).
Com efeito, se as Juntas Comerciais são o órgão de registro público dos empresários e
das sociedades empresárias, sua função precípua é tornar públicos os atos desses agentes
econômicos, a fim de se tornarem conhecidos de terceiros e a eles poderem ser opostos.

A ausência do registro provoca, dentre outros efeitos, a ilegitimidade ativa para pedido
de falência de terceiro e pedido de recuperação judicial. Nesse diapasão, vale destacar que,
muito embora possa ter sua falência requerida, a sociedade empresária que, irregularmente,
não mantém registro, não pode pedir a falência alheia. Isso porque o art. 97, § 1º, da Lei
11.101/2005 (Lei de Falências) exige que o credor empresário comprove a regularidade de suas
atividades, por meio da apresentação de certidão do Registro Público de Empresas, para que
possa requerer a falência do devedor.

Interessante notar que o art. 105 da Lei 11.101/2005 admite que uma sociedade
empresária não registrada faça o pedido de autofalência, bastando que prove, por outros
documentos, quem são os seus sócios, com os respectivos endereços e relação de bens pessoais.

Outras implicações da falta de registro consistem na impossibilidade de se inscrever no


cadastro nacional de pessoas jurídicas (CNPJ), de obter certidão negativa de débitos tributários
e, por consequência, de participar de licitação.

No que tange à sociedade ou à EIRELI, o mais grave efeito da ausência de registro diz
respeito ao regime da responsabilidade de seus integrantes, que será ilimitada. E isso em virtude
de, em tais situações, aplicar-se o regramento das sociedades em comum (arts. 986 a 990 do
CC).

34
Conforme o art. 36 da Lei 8.934/1994, “os documentos referidos no inciso II do art. 32
deverão ser apresentados a arquivamento na junta, dentro de 30 (trinta) dias contados de sua
assinatura, a cuja data retroagirão os efeitos do arquivamento; fora desse prazo, o arquivamento
só terá eficácia a partir do despacho que o conceder”.

O Código Civil dispõe no mesmo sentido em seu art. 1.151, §§ 1.º e 2.º, preceituando, no
§ 3.º, que “as pessoas obrigadas a requerer o registro responderão por perdas e danos, em caso
de omissão ou demora”.

Daí se conclui a relevância de que, por exemplo, uma alteração de contrato social seja
levada a registro na Junta Comercial dentro de 30 (trinta) contados da sua efetiva realização. Se
isso não ocorrer, tal alteração contratual só será considerada eficaz perante terceiros após o
deferimento do registro. Por outro lado, se o registro for feito no prazo legal, a alteração do
contrato retroagirá seus efeitos desde a data em que foi decidida pelos sócios.

Em síntese, “se o ato é levado a registro dentro do prazo legal de trinta dias, o registro
opera efeitos ex tunc, retroagindo à data da sua efetiva realização. Em contrapartida, se o ato
é levado a registro fora do prazo legal de trinta dias, produz efeitos ex nunc, ou seja, só se
torna eficaz a partir do seu deferimento”.

O art. 1.151 afasta qualquer dúvida a respeito dessa conclusão:

Art. 1.151. O registro dos atos sujeitos à formalidade exigida no artigo antecedente será
requerido pela pessoa obrigada em lei, e, no caso de omissão ou demora, pelo sócio ou
qualquer interessado.
§ 1º Os documentos necessários ao registro deverão ser apresentados no prazo de trinta
dias, contado da lavratura dos atos respectivos.
§ 2º Requerido além do prazo previsto neste artigo, o registro somente produzirá efeito
a partir da data de sua concessão.

Nesse sentido, a Ministra Nancy Andrighi decidiu pela concessão de efeitos retroativos
para alteração de quadro societário, cuja data da confecção e assinatura do respectivo acordo
ocorreu antes do registro, mas este foi efetivado dentro dos 30 (trinta) dias seguintes (REsp
1.381.719 – BA).

35
Em síntese, podemos ilustrar os efeitos retroativos do registro com o seguinte esquema:

O art. 37 da Lei 8.934/1994 relaciona os documentos que devem instruir os pedidos de


arquivamento de atos constitutivos e suas respectivas alterações. O seu parágrafo único, por
sua vez, determina que, além daqueles que o artigo expressamente elenca, nenhum outro
documento será exigido das firmas individuais e sociedades referidas nas alíneas a, b e d do
inciso II do art. 32”. Na mesma esteira, o Decreto 1.800/1996, que regulamentou a Lei
8.934/1994, deixa claro em seu art. 34, parágrafo único, que outros documentos só podem ser
exigidos se houver “expressa determinação legal”.

36
Ocorre que, costuma ser comum a exigência de apresentação de certidão de regularidade
fiscal por decretos estaduais, que sequer possuem leis estaduais respectivas. Em face disso, o
Superior Tribunal de Justiça tem decretado, reiteradamente, a ilegalidade destes decretos,
considerando ilegítima a referida exigência, por considerá-la incompatível com o princípio
constitucional da livre-iniciativa. Outro argumento invocado pela Corte foi o fato de a exigência
em tela não estar prevista na Lei 8,934/94, bem em seu decreto federal regulamentar (Decreto
1.800/1996). Neste sentido: REsp 724.015/PE, REsp 1.393.724/PR e AgInt no REsp
1.256.469/PE10.

2.11 Escrituração11

Escriturar significa registrar ou anotar as contas de uma atividade empresarial. Consiste


em lançar nos livros (instrumentos de escrituração) adequados, com base em documento hábil,
as operações que o empresário realiza no desenvolvimento de suas atividades e os reflexos que
delas decorrem.

Em primeiro lugar, é importante estabelecer a distinção entre livro obrigatório e


facultativo, pois a falta de escrituração deste último não constitui ilegalidade ao passo que isso
ocorrerá no caso de omissão do dever de escriturar quanto ao primeiro.

 Obrigatório: é aquele que sua escrituração é imposta ao empresário e que


a sua ausência traz consequência sancionadora. Pode ser comum ou especial. O livro
obrigatório especial só é exigível de alguns empresários, como é o caso do livro de
registo de duplicata para aqueles que emitem essa espécie de título. O livro obrigatório
comum está previsto no art. 1.180, CC, sendo que seu único exemplo é o livro diário,
que pode ser substituído por fichas, no caso de ser adotada escrituração mecanizada
ou eletrônica.

10
CRUZ, André Santa. Direito Empresarial. Coleção Sinopses para Concursos. Salvador: Juspodivm, 2018. P.75.
11
Vide questão 06
37
 Facultativo: é aquele que tem para o empresário uma função de controle
de seus negócios, de modo que sua falta não importa em irregularidade ou lhe gera
qualquer tipo de sanção. São exemplos o livro caixa, livro razão, livro conta-corrente,
estoque, dentre outros.

É importante salientar que o Código Civil de 2002 admitiu a escrituração eletrônica:

Art. 1.180. Além dos demais livros exigidos por lei, é indispensável o Diário, que pode ser
substituído por fichas no caso de escrituração mecanizada ou eletrônica.
Parágrafo único. A adoção de fichas não dispensa o uso de livro apropriado para o
lançamento do balanço patrimonial e do de resultado econômico.

Os livros, antes do seu uso, devem, necessariamente, ser autenticados pela Junta
Comercial (Art. 1181 do CC/02), mas somente podem ser autenticados os livros do empresário
regular (p.u. do art. 1181 do CC/02).

O art. 1179, §2º dispensa da escrituração o pequeno empresário mencionado no art. 970.
Cuidado! Nas provas falam em microempresa e empresa de pequeno porte. Não é a mesma
coisa. De acordo com a doutrina e a jurisprudência, o “pequeno empresário” é, tão somente, o
microempreendedor individual (MEI).

Recorde a figura do Microempreendedor Individual a partir da tabela abaixo:

Empresa de Pequeno Porte Pequeno empresário


Micro empresa (ME)
(EPP) (MEI)

38
Empresário Individual Empresário Individual APENAS empresário
Sociedade Empresária Sociedade Empresária individual (pessoa física).
Sociedade Simples Sociedade Simples Logo, pessoa jurídica não pode
EIRELI EIRELI ser pequeno empresário.

Não é um tipo de empresário. Não é um tipo de empresário. Não é um tipo de empresário.

É uma classificação que se dá É uma classificação que se dá É uma classificação que se dá


para aqueles tipos de para aqueles tipos de para um tipo de empresário.
empresários. Trata-se de um empresários. Trata-se de um Trata-se de um mero
mero enquadramento. Logo, mero enquadramento. Logo, enquadramento. Logo, não é
não é um novo tipo de não é um novo tipo de um novo tipo de empresa.
empresa. empresa.

A classificação se dá para fins A classificação se dá para fins Na prática, é o conhecido


fiscais e outras vantagens. de benefícios fiscais e outras Micro empreendedor
vantagens. individual (MEI).
Receita Bruta anual inferior a R$ Receita Bruta anual superior a Receita Bruta anual igual ou
360.000,000. R$ 360.000,00 e igual ou inferior inferior a R$ 60.000,00.
a R$ 4.800.000,000.

Não está dispensado da Não está dispensado da Somente o MEI está


escrituração dos livros. escrituração dos livros. dispensado da escrituração
dos livros.

Os requisitos intrínsecos da escrituração são observados quando ela é feita em idioma


e moeda corrente nacionais e em forma contábil, por ordem cronológica de dia, mês e ano,
sem intervalos em branco, nem entrelinhas, borrões, rasuras, emendas ou transportes para as
margens. Por outro lado, os requisitos extrínsecos, concernentes à segurança dos livros,
referem-se à sua autenticação pela Junta Comercial.

39
Tais requisitos são essências para determinação da eficácia probatória dos livros
empresariais. O art. 417 do CPC/2015 preceitua que “os livros empresariais provam contra o seu
autor, sendo lícito ao empresário, todavia, demonstrar, por todos os meios permitidos em direito,
que os lançamentos não correspondem à verdade dos fatos”.

Conforme o referido comando legal, a eficácia probatória do livro empresarial contra o


empresário independe de sua correta escrituração. Isso significa que consubstancia presunção
relativa (juris tantum) contra o empresário. Nada impede, contudo, que o empresário demonstre,
por outros meios de prova, que os lançamentos constantes da escrituração que lhe é
desfavorável não correspondem à verdade.

Em contrapartida, para que os livros provem a favor do empresário, é preciso que estejam
regularmente escriturados, conforme impõe o art. 418 do CPC/2015: “os livros empresariais, que
preencham os requisitos exigidos por lei, provam também a favor do seu autor no litígio entre
empresas”.

Embora não estejam elencados como títulos executivos, o que, em tese, autorizaria o
acesso à via executiva, quando devidamente escriturados, terão valor probatório em uma ação
ordinária de conhecimento, inclusive, no caso de ação monitória.

O art. 419 do CPC/2015 esclarece que a escrituração contábil é indivisível e, se dos seus
lançamentos uma parte for favorável a seu autor e outra desfavorável, ambas serão consideradas
em conjunto, como unidade.

Como último tema relevante para a escrituração empresarial, tem-se o sigilo empresarial,
o qual deve ser compreendido a partir de certas premissas.

Em primeiro lugar, convém ter em mente que o princípio da sigilosidade da escrituração


orienta a atividade empresarial e significa que as informações contidas nos livros são relevantes
e confidenciais (art. 1.190, CC). Seu escopo é inibir a concorrência desleal, de modo que
nenhuma autoridade pode determinar a apresentação dos livros do empresário, salvo os casos
previstos em lei.

40
Nessa orientação, o art. 1.190 do CC dispõe que:

Art. 1.190. Ressalvados os casos previstos em lei, nenhuma autoridade, juiz ou tribunal,
sob qualquer pretexto, poderá fazer ou ordenar diligência para verificar se o empresário
ou a sociedade empresária observam, ou não, em seus livros e fichas, as formalidades
prescritas em lei.

Percebe-se, assim, que a exibição dos livros empresariais poderá ser determinada,
judicialmente e em certos casos previstos em lei. Além disso, existem situações que se permite
que o magistrado determine, de ofício, a exibição dos livros empresariais e outros em que isso
somente poderá ocorrer:

EXIBIÇÃO PARCIAL
EXIBIÇÃO INTEGRAL
(art. 418, CPC c/c art.
(art. 417, CPC c/c art. 1.191, caput, CC)
1.191, § 1º, CC)

Possível somente me certos casos, como, por exemplo, sucessão, falência,


Cabível em qualquer
sociedade ou comunhão de interesses e administração ou gestão à conta
ação judicial.
de outrem

De ofício ou mediante
Somente por requerimento da parte
requerimento

No caso de sociedade anônima, a norma aplicável é o seguinte artigo da Lei 6.404/76:

Art. 105. A exibição por inteiro dos livros da companhia pode ser ordenada judicialmente
sempre que, a requerimento de acionistas que representem, pelo menos, 5% (cinco por
cento) do capital social, sejam apontados atos violadores da lei ou do estatuto, ou haja
fundada suspeita de graves irregularidades praticadas por qualquer dos órgãos da
companhia.

41
Importante ressaltar que, em todo e qualquer caso de ordem judicial para exibição dos
livros empresariais deverá estar presente o interesse de agir (súmula 260, STF), o qual se afigura,
por exemplo, quando houver pertinência quanto às transações entre as partes.

Convém pontuar que o fato de um livro não ser obrigatório não exime o empresário de
apresenta-lo às autoridades fiscais. Se, mesmo não sendo obrigado, ele o escriturou a
consequência é que deverá disponibilizá-lo. Nesse sentido, a súmula 439 do Supremo Tribunal
Federal enuncia que “estão sujeitos à fiscalização tributária ou previdenciária quaisquer livros
comerciais, limitado o exame aos pontos objeto da investigação.” Na mesma linha, o art. 1.193
determina que o sigilo empresarial não pode ser oposto às autoridades fazendárias, no exercício
da fiscalização do pagamento de impostos, nos termos estritos das respectivas leis especiais

A prova resultante dos livros e fichas não é bastante nos casos em que a lei exige escritura
pública, ou escrito particular revestido de requisitos especiais, visto que pode ser ilidida pela
comprovação da falsidade ou inexatidão dos lançamentos.

42
Sobre a escrituração dos livros empresariais, convém apresentar três consequências que
se relacionam à:

 Ausência de escrituração: além da inviabilidade de utilizar os livros como


forma de prova, o empresário, sociedade empresária ou EIRELI que tiver sua falência
decretada, a concessão de recuperação judicial ou homologação de plano de
recuperação extrajudicial (art. 178 da Lei nº 11.101/2005) praticará crime falimentar, o
que aplica tão somente em relação aos livros obrigatórios (comuns ou especiais).

 Ausência de apresentação: O art. 104, II da Lei 11.101/05 determina que,


após decretada a falência, o empresário deposite os livros obrigatórios em cartório,
que serão entregues ao administrador judicial. A não apresentação pode gerar o crime
de desobediência, previsto no art. 104, parágrafo único. Da mesma maneira, quando
a apresentação for obrigatória (ex. inventário), o juiz poderá determinar a busca e
apreensão do livro. Além disso, os fatos narrados que estão diretamente relacionados
à prova do livro não apresentado serão reputados como verdadeiros. Obviamente,
essa presunção é relativa, pois o parágrafo único do art. 1192 estabelece que esse tipo
de presunção ficta pode ser elidida por prova documental em contrário. (art. 1192,
caput, CC).

 Falsificação dos livros comerciais: esse ato importa em crime de falsificação


de documento público (art. 297, §2º, CP), vez que os livros comerciais são equiparados
a documentos públicos. É caso de falsificação de documento público por equiparação.

2.12 Nome Empresarial

2.12.1 Conceito e função

Na lição de Dylson Doria (1995:110), o nome comercial é aquele “adotado pela pessoa
física ou jurídica para o exercício do comércio e por cujo meio se identifica”. Sob a mesma

43
perspectiva, o Decreto n. 916, de 24 de outubro de 1890, ao conceituá-lo, enfatizou seu caráter
funcional, considerando-o “o nome sob o qual o comerciante ou sociedade exerce o comércio
e assina-se nos atos a ele referentes”.

Em sentido semelhante, o Código Civil, em seu art. 1.155, assim definiu nome comercial:
“considera-se nome empresarial a firma ou a denominação adotada, de conformidade com este
Capítulo, para o exercício de empresa”.

A doutrina indica duas importantes funções para o nome empresarial. A primeira,


considerada como subjetiva, tem por fim identificar e individualizar o sujeito. A segunda,
chamada de objetiva, se relaciona à capacidade de garantir fama, renome, reputação.

2.12.2 Natureza Jurídica do Nome Empresarial

Ricardo Negrão explica que o nome empresarial e suas subespécies, dentre elas as firmas
e as denominações, não integram o estabelecimento empresarial, sendo, antes, atributos
pessoais do empresário ou da sociedade empresária. Diante disso, o autor conclui que “sua
função primordial é a identificação pessoal do titular, seja ele constituído sob a forma coletiva
ou individual”.

Para André Santa Cruz, com base no art.1º da IN/DREI 15/2013, o nome empresarial é
aquele sob o qual o empresário, a empresa individual de responsabilidade limitada e a sociedade
empresária exercem suas atividades e se obrigam nos atos a elas pertinentes12.

No entanto, o nome empresarial possui, além da qualidade de identificação de uma


pessoa, outra, de natureza patrimonial, o que leva os doutrinadores a divergirem sobre sua
natureza.

Para uma primeira corrente, ele seria um direito de propriedade industrial. Esse
entendimento é incompatível com o ordenamento jurídico brasileiro, pois, no atual estágio de
desenvolvimento doutrinário e legislativo, o nome não pode ser considerado direito de

12
CRUZ, André Santa. Direito Empresarial. Coleção Sinopses para Concursos. Salvador: Juspodivm, 2019. P.87.
44
propriedade industrial, vez que este consiste em propriedade imaterial e se constitui coisa
incorpórea, como ocorre com as marcas, patentes e desenhos industriais, que, após sua criação
intelectual, ganham força de direito autônomo ao da personalidade de seu criador.

O nome empresarial, por sua vez, não dispõe dessa autonomia em razão de sua
indissociabilidade da figura humana que o detém. É o que ocorre, por exemplo, com as firmas,
“constituídas de nomes pessoais do empresário ou dos sócios da sociedade empresária, e, ainda,
porque não pode ser alienado mesmo quando se tratar de sua forma denominativa, não
vinculada a nomes pessoais (art. 1.164 do Código Civil).” (NEGRÃO, 2018:156).

Segundo outra corrente doutrinária e jurisprudencial, o nome empresarial tem natureza


de direito pessoal. Para defender esse posicionamento, Karin Grau-Kuntz (1993:63) afirma que
o sistema do direito brasileiro concede personalidade a todas as pessoas jurídicas e considera,
como condição para sua concessão, a adoção do nome empresarial, impedindo que ele seja
objeto de cessão ou transferência, o que faz dele objeto de um direito pessoal.

Como um dos grandes expoentes do direito empresarial brasileiro que se afilia a este
entendimento, tem-se Carvalho de Mendonça (2000, 2:175-176):

O nome do comerciante não é propriedade. Pode, é certo, constituir uma riqueza se a


casa comercial adquiriu fama e crédito, graças ao trabalho, à inteligência e à probidade
do seu fundador, mas isso está longe de constituí-lo em coisa, em objeto de comércio.
Ele não tem valor patrimonial, inestimabilis rest est e assim: a) não figura no ativo do
balanço da casa comercial; é inalienável e intransmissível, porque é inerente à pessoa e
não pode ser considerado distintamente desta, pelo que não pode ser objeto de contrato,
nem pode ser legado, doado, ou cedido; b) não é suscetível de penhora em execução; c)
não entra na falência, nem a massa creditória dele dispõe; d) não pode constituir quota
social; e) não é desapropriável. Ainda mais o nome é imprescritível (Clovis, Código Civil, 2
ª edição, v. 1. p. 424). Pelo fato de ser a firma comercial exclusiva de quem a inscreveu no
registro não se conclui constituir objeto de propriedade. O direito de quem inscreveu a
firma é meramente pessoal. É direito pessoal absoluto, diz-nos Clovis Bevilacqua. O
exclusivismo é instituído em benefício do comércio para evitar fraudes e, portanto, no
interesse público. É a concorrência desleal que se procura combater.

A terceira e última corrente doutrinária que pretende explicar a natureza jurídica do nome
empresarial o considera como direito pessoal derivado da concorrência desleal, qualificando-o

45
a partir de sua utilidade. Nessa linha, Gabriel Leonardos (1994:45) verifica que tal instituto não
constitui propriedade autônoma, tal como ocorre com a marca ou a patente, mas, a despeito
disso, incorpora-se ao fundo do comércio da empresa, com todas as consequências decorrentes.
Tanto assim, que tem como finalidade “proteger os investimentos feitos para se formar a
reputação de um nome, a par de proteger os consumidores que se habituaram a associar uma
determinada qualidade a um dado nome”.

Em face das três correntes apresentadas, a que mais se conforma com o direito brasileiro
é aquela que o considera como direito pessoal. Isso porque, o próprio texto constitucional o
erige à classe dos direitos individuais, de criação intelectual (art. 5º, XXIX da CRFB). E isso, a
despeito de ser tutelado contra a concorrência desleal, o que se faz visando ao interesse social
e ao desenvolvimento tecnológico e econômico do país.

Ricardo Negrão apresenta relevante distinção entre o nome empresarial, a marca, o título
de estabelecimento e a insígnia (NEGRÃO, 2018:158). Segundo o magistério do autor

(...) o nome é atributo da personalidade, por meio do qual o empresário exerce sua
atividade; a marca é sinal distintivo de um produto ou de um serviço; título de
estabelecimento é a designação de um objeto de direito – o estabelecimento empresarial;
e insígnia é um sinal, emblema, formado por figuras, desenhos, símbolos, conjugados ou
não a expressões nominativas. Esta e o título do estabelecimento têm em comum sua
idêntica destinação: designar o estabelecimento do empresário; na forma, contudo,
diferem: a insígnia utiliza a forma emblemática, e o título, a nominativa. (...)
A confusão muitas vezes se estabelece em virtude da possibilidade de utilização do núcleo
de um nome empresarial como marca ou título de estabelecimento. (...)
A natureza jurídica de cada um desses elementos é distinta: a primeira – marca – tem
caráter de propriedade imaterial, protegida mediante registro no Instituto Nacional da
Propriedade Industrial, e, como tal, integra o estabelecimento empresarial; o segundo –
título de estabelecimento – é direito intelectual, amparado contra uso indevido, sem
necessidade de qualquer registro; e o último é nome empresarial, atributo do empresário
ou da sociedade empresária, regido pelas disposições dos arts. 1.155 a 1.168 do Código
Civil de 2002.

Valendo-se de exemplo oferecido pelo autor, é possível utilizar a expressão linguística “


Brinquedo Asteroide” como marca de produtos fabricados no estabelecimento industrial “Fábrica
de Brinquedos Asteroide”. Considerando que este, por sua vez, pertença ao empresário “José

46
Asteroide & Cia. Ltda.”, tem-se que o núcleo “Asteróide” é o nome civil de uma pessoal natural,
que foi utilizado para compor os três elementos distintivos do exercício da empresa.

Por outro lado, imagine que a sociedade empresária “Icecream S/A” possua como
proteção de seus produtos as marcas para sorvete “Tutti Geli” e para bolo “Gostogel”. Nesse
caso, nada impede que, na cidade de Campinas, seu estabelecimento use o título (fantasia) “
Casa do Sorvete d’Itália” e a insígnia formada por essas palavras e pela figura de um sorvete,
na forma da torre que tornou famosa a cidade de Pisa.

Por outro lado, imagine que a sociedade empresária “Icecream S/A” possua como
proteção de seus produtos as marcas para sorvete “Tutti Geli” e para bolo “Gostogel”. Nesse
caso, nada impede que, na cidade de Campinas, seu estabelecimento use o título (fantasia) “
Casa do Sorvete d’Itália” e a insígnia formada por essas palavras e pela figura de um sorvete,
na forma da torre que tornou famosa a cidade de Pisa.

2.12.3 Características do nome empresarial

O art. 34 da Lei 8934/94 permite deduzir dois princípios norteadores do nome empresarial:

 Inalienável: não há como transferir a propriedade do nome empresarial,


objetivamente, o nome empresarial não pode ser objeto de alienação (art. 1164, caput,
CC). No entanto, é possível que o adquirente do estabelecimento comercial continue
usando o antigo nome empresarial do alienante, precedido do seu e com a

47
qualificação do sucessor, desde que o contrato de trespasse permita (art. 1.164, p.u.,
CC). Anote-se, contudo, que pode ser alienado o título de estabelecimento, também
chamado de apelido, nome de fantasia ou nome da placa. Se Gomes e Silva Ltda é o
nome da pessoa jurídica proprietária de um posto gasolina, ele mas o termo “Posto
Fazendão”, seu nome fantasia, pode.

 Imprescritível: aquele que for lesado pelo uso indevido do nome


empresarial pode, a qualquer tempo, ajuizar ação para anular a inscrição de nome
empresarial feita com violação da lei ou do contrato (art. 1.167, CC). Conforme a
jurisprudência, antes de se determinar a anulação do nome empresarial, deve ser dada
a oportunidade, geralmente no prazo de 30 (trinta) dia, para que o réu modifique o
nome.

2.12.4 Princípios

O art. 34 da Lei 8934/94 permite deduzir dois princípios norteadores do nome empresarial:

 Princípio a veracidade: também chamado de autenticidade, requer que o


nome empresarial não contenha nenhuma informação falsa13. Por isso, impõe que a
firma individual ou social seja composta a partir do nome do empresário, da EIRELI ou
dos sócios respectivamente. Por isso, na firma social, é obrigatória a presença de nome
de sócio que compõe a sociedade, não se admitindo nome fictício ou de pessoa que
não fizer parte da sociedade. Outra consequência desse princípio está na necessidade
de que seja retirado da firma social o nome de sócio que venha a falecer, for excluído
ou se retirar da sociedade (art. 1.165, CC). Por outro lado, a denominação não deve
conter nome de sócio, salvo para homenagear, como forma de honraria, esteja ele
vivo ou morto. É o que ocorre, por exemplo na sociedade anônima, porque, ainda que
conste o nome do fundador, acionista ou pessoa. Por último, um dos mais relevantes

13
CRUZ, André Santa. Direito Empresarial. Coleção Sinopses para Concursos. Salvador: Juspodivm, 2019. P.88.
48
efeitos do princípio da veracidade reside no fato de que a omissão da palavra limitada
torna os sócios responsáveis solidários e ilimitados.

 Princípio da novidade: significa que não poderão coexistir, na mesma


unidade federativa, dois nomes empresariais idênticos ou semelhantes, prevalecendo
aquele já protegido pelo prévio arquivamento (art.1.166 do Código Civil). Aqui dentro
há ainda ao princípio da especificidade, pois o caráter inovador do nome alcança, em
regra, apenas o ramo da atividade exercida pelo empresário. Ou seja, podem coexistir
nomes, desde que em atividades diferentes, como é o caso da denominação “
Primavera”, que pode ser imobiliária, seguradora, transportadora, floricultura etc. Outro
exemplo seria a denominação “Churrascaria Garfo de Ouro” para um churrascaria, o
que não impede, em tese, que uma empresa que venda talheres e pratos funcione
com o nome “Garfo de Ouro Presentes”.

Conforme o Superior Tribunal de Justiça que havendo a mudança do nome empresarial,


é necessária nova procuração aos advogados da sociedade.

Fique atento, porque, de acordo com o STJ, é possível que o nome de domínio de um
empresário coincida com uma marca ou nome empresarial já registrados anteriormente por
outro empresário. No caso cuja ementa é mencionada a seguir, decidiu o STJ que não há, em
regra, ilegalidade na situação ora descrita. Isso ocorre porque o fato de um empresário ter
registrado uma certa expressão como nome empresarial ou como marca não confere a ele,

49
automaticamente, o direito de exclusividade sobre essa expressão como nome de domínio, uma
vez que este se submete ao princípio ``first come, first served``14. Vejamos:

RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE ABSTENÇÃO DE USO. NOME ”EMPRESARIAL. MARCA.


NOME DE DOMÍNIO NA INTERNET. REGISTRO. LEGITIMIDADE. CONTESTAÇÃO. AUSÊNCIA
DE MÁ-FÉ. DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL NÃO DEMONSTRADA. AUSÊNCIA DE
SIMILITUDE FÁTICA.
1. A anterioridade do registro no nome empresarial ou da marca nos órgãos competentes
não assegura, por si só, ao seu titular o direito de exigir a abstenção de uso do nome de
domínio na rede mundial de computadores (internet) registrado por estabelecimento
empresarial que também ostenta direitos acerca do mesmo signo distintivo.
2. No Brasil, o registro de nomes de domínio é regido pelo princípio "First Come, First
Served ", segundo o qual é concedido o domínio ao primeiro requerente que satisfizer
as exigências para o registro.
3. A legitimidade do registro do nome do domínio obtido pelo primeiro requerente pode
ser contestada pelo titular de signo distintivo similar ou idêntico anteriormente
registrado - seja nome empresarial, seja marca.
4. Tal pleito, contudo, não pode prescindir da demonstração de má-fé, a ser aferida caso
a caso, podendo, se configurada, ensejar inclusive o cancelamento ou a transferência do
nome de domínio e a responsabilidade por eventuais prejuízos.
5. No caso dos autos, não é possível identificar nenhuma circunstância que constitua
sequer indício de má-fé na utilização do nome pelo primeiro requerente do domínio.
6. A demonstração do dissídio jurisprudencial pressupõe a ocorrênciade similitude fática
entre o acórdão atacado e os paradigmas.
7. Recurso especial principal não provido e recurso especial adesivo prejudicado. (REsp
658.789/RS, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Terceira Turma, DJe 12/9/2013)

2.12.5 Extensão da proteção do nome empresarial

O princípio da especialidade deve ser considerado para se determinar o titular do direito


de uso exclusivo do nome empresarial. Tanto assim que o Código Civil procurou solucionar os
conflitos gerados pelas colidências entre titulares de nomes empresariais, cujas atividades são
distintas, exigindo o acréscimo do objeto na constituição da denominação adotada pelas
sociedades limitadas, anônimas e em comandita por ações (arts. 1.158, § 2º, 1.160 e 1.161).

14
CRUZ, André Santa. Direito Empresarial. Coleção Sinopses para Concursos. Salvador: Juspodivm, 2019. P. 90.
50
No que tange à firma individual, o Código tornou facultativa a inclusão do objeto ou
gênero de atividade (art. 1.156), omitindo-se em relação às firmas sociais. A jurisprudência, por
outro lado, é no sentido de garantir a proteção dos nomes empresariais nos limites de sua
atividade, isto é, do objeto social, cuja designação se torna obrigatória para as denominações.

Dessa forma, conclui-se que a proteção do nome empresarial não é absoluta (erga
omnes), de modo a impedir o uso dele para qualquer empreendimento. Aplica-se, na verdade,
o princípio da especialidade, concedendo-se tutela relativa, porquanto limitada ao ramo de
atividade do seu titular.

Em caso de exercício de atividade idêntica por titular de nome empresarial e detentor de


direito de marca, o Superior Tribunal de Justiça tem se orientado por dois critérios, a
especificidade e a novidade (ou precedência do registro). Assim, na hipótese de colidência entre
empresários de um mesmo ramo, impõe-se atentar primeiramente à anterioridade de cada um
dos registros, prevalecendo o princípio da novidade (REsp: 262643 SP).

Por outro lado, no que diz respeito ao nome de domínio, salvo hipótese de usurpação
de direito de marca ou nome empresarial, a anterioridade do registro destes não assegura, por
si só, o direito de exigir a abstenção de uso do nome de domínio na rede mundial de
computadores (internet) por aquele que ostenta direitos acerca do mesmo signo distintivo. Isso
porque, “no Brasil, o registro de nomes de domínio é regido pelo princípio "First Come, First
Served ", segundo o qual é concedido o domínio ao primeiro requerente que satisfizer as
exigências para o registro” (REsp 658.789/RS).

À luz do princípio da novidade, o art. 61 do Decreto n. 916, de 24 de outubro de 1890,


determina que “toda firma nova deverá se distinguir de qualquer outra que exista inscrita no
registro do lugar”, mas restringe a proteção dos nomes ao âmbito de atuação do órgão de
registro. Essa é a posição encontrada no Decreto n. 1.800/96, que regulamentou a Lei de Registro
de Empresas Mercantis (Lei n. 8.934/94) e circunscreveu a proteção à unidade federativa de
jurisdição da Junta Comercial na qual se procedeu ao arquivamento respectivo (Decreto n.
1.800/96, art. 61). Permite-se, contudo, que tal proteção seja estendida a outras unidades a

51
pedido do interessado, desde que observada instrução normativa do Departamento de Registro
Empresarial e Integração.

Essa proteção absoluta dentro dos limites da unidade federativa é reconhecida pelo STJ
(REsp nº 1673450) e se encontra prevista no art. 1.166 do Código Civil de 2002, o qual dispõe
que “inscrição do empresário, ou dos atos constitutivos das pessoas jurídicas, ou as respectivas
averbações, no registro próprio, asseguram o uso exclusivo do nome nos limites do respectivo
Estado”. O parágrafo único desse mesmo dispositivo também consigna a possibilidade de
extensão a todo o território nacional, se registrado na forma da lei especial.

2.12.6 Espécies de nome empresarial

De acordo com o art. 1.155 do Código Civil, existem duas espécies de nome empresarial:
a firma e a denominação.

O quadro abaixo permite visualizar os dois tipos de nome empresarial aqui mencionados
(NEGRÃO, 2018:160):

NOME
DESCRIÇÃO
EMPRESARIAL

“É o nome adotado pelo empresário e pela empresa individual de


responsabilidade limitada no exercício de suas atividades, mediante o qual se
identificam no mundo empresarial, sendo composto pelo nome civil (do
Firma
empresário individual ou do titular da empresa) completo ou abreviado, acrescido
Individual
ou não de designação precisa de sua pessoa ou do gênero de sua atividade. Na
empresa individual de responsabilidade limitada exige-se, ainda, a inclusão, após
o nome escolhido, da expressão ‘EIRELI’”.

52
“É o nome adotado pela sociedade empresária para o exercício de sua atividade,
pelo qual se identifica no mundo empresarial, sendo composto pelos nomes civis
ou partes destes, de um, alguns ou todos os sócios da sociedade, sendo exigidos,
Firma Social
em sua formação, acréscimos de expressões indicadoras da espécie societária
(limitada ou comandita por ações) e/ou da existência de sócios que não deram
nome à sociedade (e companhia), por extenso ou abreviadamente.”

“É o nome adotado pela empresa individual de responsabilidade limitada e pela


sociedade empresária para o exercício de suas atividades, pelo qual essas pessoas
jurídicas se identificam no mundo empresarial; no primeiro caso é formado por
expressão linguística que contenha o objeto social e deve ser acrescida da
Denominação expressão EIRELI ou, quando se tratar de sociedade, do tipo societário escolhido.
Observamos, quanto à empresa individual de responsabilidade limitada, que a
autorização decorre do disposto no § 1º do art. 980-A do Código Civil, reforçando
àquele com que ela contratar a ciência de que a responsabilidade patrimonial de
seu parceiro negocial limita-se ao capital registrado.”

Do quadro acima, podemos extrair as seguintes conclusões a respeito da aplicação e da


composição dos nomes empresariais:

 Firma individual:

 Aplicação: Empresário Individual

 Composição (art. 1.156): nome civil do empresário (completo ou

abreviado), podendo ser acrescentado o ramo da atividade ou designação mais


precisa de sua pessoa (facultativo). Ex. Roberto Justus, R. Justus ou Roberto Justus
Joalheiro.

 Firma social ou razão social


53
 Aplicação: sociedade que possui, ao menos, um sócio com

responsabilidade ilimitada (ex. sociedade em nome coletivo). É o caso da sociedade


em nome coletivo, da sociedade em comandita simples e da sociedade em
comandita por ações. Isso porque, se o sócio pode responder pelas dívidas da
sociedade, o credor tem o direito de saber quem ele é, por isso é necessário ter o
seu nome presente. Tanto assim que, se um sócio que não integrar a firma praticar
um ato de gestão, ele ficará solidariamente obrigado.

 Composição: nome ou nomes dos sócios (completo ou abreviado),

sendo facultativo o acréscimo do ramo da atividade (R. Justus & E. Batista


petrolífera). É possível acrescentar a Cia ao final para indicar que a sociedade tem
outro ou outros sócios. Observe-se, contudo, que a expressão Cia no início ou no
meio de um nome empresarial significa que se trata de sociedade anônima.

 Denominação:

 Aplicação: destinada, em regra, à sociedade que possui sócio com

responsabilidade limitada e à EIRELI. Ex. sociedade anônima, limitada e em


comandita por ações.

 Composição: expressão linguística, ou seja, termos, palavras, frases,

letras. Ex. Bola Sete buffet infantil, Nana Nenê roupas infantis, Divina Gula
restaurante, etc. Na denominação o ramo da atividade passa a ser obrigatório,
salvo para ME e EPP. Como regra geral, o nome do sócio não pode estar na
denominação, mas o Código Civil autoriza, excepcionalmente, quando for para
homenagem, honraria.

54
Passadas as conclusões acima, é interessante você guardar que cada espécie empresarial
pode, a depender da autorização legal a ela relacionada, usar firma ou denominação. E, em
provas de concursos, essas peculiaridades são cobradas com uma certa frequência. Por isso,
preparamos o quadrinho a seguir, a fim de otimizar o seu estudo! Veja:

Pessoa jurídica Nome empresarial

Empresário individual Só pode usar firma individual

EIRELI Pode usar firma ou denominação

Sociedade em nome coletivo Só pode usar firma social

Sociedade em comandita simples Só pode usar firma social

Sociedade limitada Pode usar firma ou denominação

Sociedade anônima Só pode usar denominação social

Sociedade em comandita por ações Pode usar firma ou denominação social

Sociedade cooperativa Só pode usar denominação social

55
Sociedade em conta de participação Não pode ter nome empresarial

Em 8 de março de 2018 o Diretor do Departamento de Registro Empresarial e Integração


- DREI, no uso das atribuições legais, publicou a Instrução Normativa DREI Nº 45 de 07/03/2018
regulamentando o fim das designações de porte "Microempresa" ou "Empresa de Pequeno
Porte", e suas respectivas abreviações, "ME" ou "EPP". Tais designações, constantes do nome
empresarial das empresas optantes pelo Simples Nacional, foram introduzidas pelo art. 72 da
Lei Complementar 123/2006 como obrigatórias, todavia, dentre as várias mudanças no sistema,
levadas a efeito pela Lei Complementar nº 155, de 27 de outubro de 2016 (art. 10, inciso V),
houve a revogação do mencionado art. 72 e, portanto, das designações de porte "Microempresa"
ou "Empresa de Pequeno Porte", e suas respectivas abreviações, "ME" ou "EPP". É importante
ressaltar que tal mudança atinge apenas o nome empresarial e não o enquadramento de porte.

2.12.7 Direitos decorrentes do nome empresarial

A proteção do nome empresarial decorre da iniciativa do titular da empresa de levar seus


atos constitutivos para o registro no órgão de Registro Público das Empresas Mercantis – a
Junta Comercial. Isso porque o art. 33 da Lei n. 8.934/1994 determina que “a proteção ao nome
empresarial decorre automaticamente do arquivamento dos atos constitutivos de firma
individual e de sociedades, ou de suas alterações”.

56
Muito embora não possa ser registrado no Instituto Nacional da Propriedade Industrial
(INPI), órgão incumbido de conceder privilégios industriais e registros de marcas e desenhos
industriais. Entretanto, a própria Lei da Propriedade Industrial protege o nome contra usos
indevidos ou imitações, dentro de sua dimensão concorrencial.

É possível dividir as ações protetivas da tutela do nome empresarial em três categorias


(FRANÇA; 1994:1048):

 Reclamação, que assiste ao titular quando este “é recusado por parte de


outrem”;

 Contestação, se o nome de modo ilícito, for usado pessoalmente por parte


de outrem”;

 De proibição, na ocorrência de seu uso ilícito “de maneira não pessoal”.

Na esfera administrativa, a proteção se dá por oposição ao INPI ou mediante ações de


proibição ou indenizatórias.

A tutela jurídica abrange, entre outros, os seguintes direitos:

 Não pode ter seu elemento característico ou diferenciador reproduzido ou


imitado em marcas a ponto de causar confusão ou associação indevida (art. 124, V,
da Lei n. 9.279/96). Elemento característico ou diferenciador do nome empresarial é
qualquer parte deste capaz de causar engano no mercado consumidor.

Karin Grau-Kuntz (1998:102-103) discute a aplicação da tutela concorrencial do nome


civil:

57
Se não houver confusão de identidade entre o nome civil empregado para formar a marca
e a pessoa de um terceiro homônimo, o emprego civil na marca deverá ser suportado por
todos os terceiros homônimos, mesmo que por uma razão qualquer tal uso não lhes seja
agradável ou conveniente. O mesmo raciocínio se empregará nos casos em que o nome
civil coincida com uma expressão de fantasia. Assim, o membro da família ‘Coelho’, ‘Lobo
’, ‘Leite’, ‘Café’ etc. só poderá impedir que um terceiro empregue uma dessas expressões
de fantasia em sua marca, que por mero acaso coincidem com seu patronímico, se provar
que aquela marca reporta à sua identidade.

 Não pode ser usado indevidamente em produto destinado à venda, em exposição ou


em estoque (art. 195, V, da Lei n. 9.279/96).
 Na hipótese de violação por atos de concorrência desleal, cabe indenização ao seu
titular (art. 209 da Lei n. 9.279/96).
 Permite ação para anulação de inscrição de nome empresarial feita com violação da
lei ou do contrato (art. 1.167 do Código Civil).

2.12.8 Alteração do nome empresarial

Em decorrência dos princípios da veracidade e da novidade, a alteração das firmas torna-


se obrigatória nas seguintes situações

 No caso de retirada, exclusão ou morte de sócio cujo nome civil constava da firma
social (art. 1.165);
 Na alteração da categoria de sócio figurante na firma social, para as sociedades de
capital e indústria, em comandita simples e por ações (interpretação do art. 1.157,
parágrafo único);
 Na alienação do estabelecimento empresarial por ato entre vivos, facultando-se,
entretanto, se o contrato de alienação permitir, ao novo adquirente aditar o antigo
nome ao seu, precedendo-o: “Fulano de Tal & Cia., sucessor de Primeira Firma Social
”.

58
Conforme o Superior Tribunal de Justiça, é necessário emitir nova procuração para seu
representante na hipótese de alteração do nome empresarial. O Tribunal Superior do trabalho
adota o mesmo entendimento, exigindo nova procuração caso, no meio de um processo, uma
empresa modifique o nome com o qual se identifica. E isso, sob pena dos advogados ficarem
impedidos de atuar no processo.

2.12.9 Cancelamento de nome empresarial

As hipóteses estão no art. 1168 CC:

 Cessar a atividade empresarial (inatividade). O empresário pode declarar na junta a


cessação e dará baixa na empresa. Essa inatividade pode ser presumida na hipótese
do art. 60 da lei 8934/94 – aquela que não proceder a qualquer arquivamento por dez
anos consecutivos, deve informar à junta comercial que deseja manter-se em
funcionamento. Na ausência dessa comunicação, ela será considerada inativa,
promovendo, a junta, o cancelamento do registro com a perda automática da proteção
ao nome empresarial.
 Liquidação/dissolução da sociedade
 Expirado o prazo de vigência da sociedade por tempo determinado

Por fim, vejamos o quadro abaixo, que resume as regras específicas para a formação do nome
empresarial:

59
REGRAS ESPECÍFICAS PARA FORMAÇÃO DO NOME EMPRESARIAL

TIPO EMPRESÁRIO ELEMENTOS/ACRÉSCIMOS

Obrigatório: nome civil completo ou abreviado e


Empresário Individual
designação precisa (art. 1.163 – homônimo)
(art. 1.156)
Facultativo: designação pessoal/ramo de atividade

FIRMA Obrigatório: nome dos sócios + e/& Companhia (&


Sociedade em Nome
(individual ou Cia)
Coletivo (art. 1.157)
social) Facultativo: designação do ramo de atividade

Sociedade em Obrigatório: nome comanditado + e/& Companhia


Comandita Simples (& Cia)

(art. 1.157) Facultativo: designação do ramo de atividade

Obrigatório: denominação do objeto social +


sociedade anônima (S/A) ou companhia (Cia). *
Vedado o uso da última ao final
Sociedade Anônima Facultativo: admitido o uso do nome do sócio
DENOMINAÇÃO
(art. 1.160) fundador ou outrem que tenha contribuído para o
êxito da empresa

Obrigatório: EIRELI ao final


Empresa Individual de
- Firma: nome do único sócio
Responsabilidade
- Denominação: nome de sócio(s) ou expressão
Limitada
FIRMA linguística
(art. 980-A, § 1º)
OU Facultativo: designação do ramo de atividade
DENOMINAÇÃO
Obrigatório: limitada (Ltda) ao final
Sociedade Limitada
- Firma: nome de um ou mais sócios + “e companhia
(art. 1.158)

60
- Denominação: nome de sócio(s) ou expressão
linguística + designação do objeto da sociedade

Sociedade em Obrigatório: Companhia (Cia) + comandita por ações,


Comandita por Ações após o nome dos sócios; ou & Comandita por ações
(art. 1.161) + objeto social

61
QUADRO SINÓPTICO

REGIME JURÍDICO EMPRESARIAL


Estabelecimento  De acordo com o art.1.142 do Código Civil, todo complexo de
bens organizado para exercício da empresa, pelo empresário ou
por sociedade empresária, sendo imprescindível para o exercício
da atividade empresarial.

Trespasse  Consiste no contrato de compra e venda de estabelecimento


empresarial.

Eficácia do trespasse  Art.1.145 do Código Civil: Art. 1.145. Se ao alienante não restarem
bens suficientes para solver o seu passivo, a eficácia da alienação
do estabelecimento depende do pagamento de todos os
credores, ou do consentimento destes, de modo expresso ou
tácito, em trinta dias a partir de sua notificação.

Responsabilidade do  Art.1.146 do Código Civil.


 O adquirente do estabelecimento responde pelo pagamento dos
adquirente e do
débitos anteriores à transferência, desde que regularmente
alienante
contabilizados.
 O alienante (devedor primitivo) continua solidariamente
obrigado, mas apenas no prazo de um ano, desde que a dívida
esteja regularmente contabilizada.

Sub-rogação nos  Art. 1.148 do Código Civil: Salvo disposição em contrário, a


transferência importa a sub-rogação do adquirente nos contratos
contratos de
estipulados para exploração do estabelecimento, se não tiverem
exploração
caráter pessoal, podendo os terceiros rescindir o contrato em 90
dias a contar da publicação da transferência, se ocorrer justa
causa, ressalvada, neste caso, a responsabilidade do alienante.

Aviamento
 Aviamento é nome dado pelo mercado ao valor agregado pela

articulação dos bens que compõem o estabelecimento, na


exploração de uma atividade econômica.

 Desta forma, ele não é integrante do estabelecimento, mas sim

um ATRIBUTO seu.

62
Ponto Comercial  Trata-se de bem incorpóreo que integra o estabelecimento
empresarial. É o local onde o empresário realiza sua
atividade empresarial.

Registro Empresarial  Art. 967 do Código Civil: É obrigatória a inscrição do empresário


no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede,
antes do início de sua atividade.

 Art. 969 do Código Civil: O empresário que instituir sucursal, filial


ou agência, em lugar sujeito à jurisdição de outro Registro
Público de Empresas Mercantis, neste deverá também inscrevê-
la, com a prova da inscrição originária. Parágrafo único. Em
qualquer caso, a constituição do estabelecimento secundário
deverá ser averbada no Registro Público de Empresas Mercantis
da respectiva sede.

SINREM
 SINREM é o Sistema Nacional de Registro de Empresas Mercantis
e foi instituído pela Lei nº 8.934/94 (art. 3º). Destina-se ao registro

público de serviços mercantis, sendo que esse sistema é

composto por dois órgãos: o Departamento de Registro

Empresarial e Integração ou DREI (antigo DNRC) e a Junta


Comercial (órgão estadual e executor);

Atos de registro  Art.32 da Lei 8.934/94;


 Os atos de registro praticados pelas Juntas Comerciais são três, a
matrícula, o arquivamento e a autenticação.

Escrituração
 Escriturar significa registrar ou anotar as contas de uma atividade
empresarial. Consiste em lançar nos livros (instrumentos de

escrituração) adequados, com base em documento hábil, as

operações que o empresário realiza no desenvolvimento de suas


atividades e os reflexos que delas decorrem.

Nome empresarial
 Art. 1.155 do Código Civil: “Considera-se nome empresarial a
firma ou a denominação adotada, de conformidade com este
Capítulo, para o exercício de empresa”.

63
 Prevalece a natureza jurídica de direito pessoal
 Dupla função: identificar a empresa e proteger o patrimônio.
 Dotado de inalienabilidade e imprescritibilidade.
 Obedece aos princípios da novidade e da veracidade.
 Proteção do nome empresarial: restrita a cada estado da
federação em cuja junta comercial for registrado.
 Se o objetivo for a proteção nacional do nome empresarial, ele
deverá ser registrado em cada estado da federação.
 Espécies: firma e denominação.
 Possibilidade de alteração do nome empresarial restrita às
seguintes hipóteses: No caso de retirada, exclusão ou morte de
sócio cujo nome civil constava da firma social (art. 1.165); Na
alteração da categoria de sócio figurante na firma social, para as
sociedades de capital e indústria, em comandita simples e por
ações (interpretação do art. 1.157, parágrafo único); Na alienação
do estabelecimento empresarial por ato entre vivos, facultando-
se, entretanto, se o contrato de alienação permitir, ao novo
adquirente aditar o antigo nome ao seu, precedendo-o: “Fulano
de Tal & Cia., sucessor de Primeira Firma Social”.
 Possibilidade de cancelamento prevista no artigo 1.168 do
Código Civil.
 O cancelamento do nome empresarial restringe-se aos seguintes
casos: cessação a atividade empresarial (inatividade);
Liquidação/dissolução da sociedade; fim do prazo de vigência da
sociedade por tempo determinado.

64
QUESTÕES COMENTADAS

Questão 1

(CESPE - Concurso de Outorga de Delegações do TJDF – 2019 – Critério Provimento) A


respeito do registro de empresários e de sociedades, assinale a opção correta.
A) As sociedades simples devem ser inscritas no registro público de empresas mercantis, ainda
que não exerçam atividade econômica organizada.
B) Os empresários devem ser inscritos no registro público de empresas mercantis em razão da
natureza meramente intelectual inerente à sua atividade.
C) As sociedades simples devem ser inscritas no registro civil de pessoas jurídicas quando
exercerem atividades profissionais e intelectuais.
D) Os empresários devem ser inscritos no registro civil de pessoas jurídicas, haja vista que
exercem atividade econômica organizada.
E) As sociedades empresárias devem ser inscritas no registro civil de pessoas jurídicas, tendo
em vista o exercício de atividade econômica organizada.

Comentário:

A questão exigia amplo conhecimento das previsões legais acerca do registro dos
empresários e sociedades empresárias, assim como das sociedades simples:

- CC, art. 967. É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas


Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade.

- CC, Art. 998. Nos trinta dias subseqüentes à sua constituição, a sociedade deverá requerer
a inscrição do contrato social no Registro Civil das Pessoas Jurídicas do local de sua sede.

§ 1º O pedido de inscrição será acompanhado do instrumento autenticado do contrato, e,


se algum sócio nele houver sido representado por procurador, o da respectiva procuração,
bem como, se for o caso, da prova de autorização da autoridade competente.

65
§ 2º Com todas as indicações enumeradas no artigo antecedente, será a inscrição tomada
por termo no livro de registro próprio, e obedecerá a número de ordem contínua para
todas as sociedades inscritas.

Art. 999. As modificações do contrato social, que tenham por objeto matéria indicada no
art. 997, dependem do consentimento de todos os sócios; as demais podem ser decididas
por maioria absoluta de votos, se o contrato não determinar a necessidade de deliberação
unânime.

Parágrafo único. Qualquer modificação do contrato social será averbada, cumprindo-se as


formalidades previstas no artigo antecedente.

Art. 1.000. A sociedade simples que instituir sucursal, filial ou agência na circunscrição de
outro Registro Civil das Pessoas Jurídicas, neste deverá também inscrevê-la, com a prova
da inscrição originária.

Parágrafo único. Em qualquer caso, a constituição da sucursal, filial ou agência deverá ser
averbada no Registro Civil da respectiva sede.

- Art. 1.150. O empresário e a sociedade empresária vinculam-se ao Registro Público de


Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais, e a sociedade simples ao Registro Civil
das Pessoas Jurídicas, o qual deverá obedecer às normas fixadas para aquele registro, se a
sociedade simples adotar um dos tipos de sociedade empresária.

Questão 2

(NCUFPR- Concurso de Outorga de Delegações do TJPR – 2019 – Critério Remoção) Maria


e João, amigos da época de faculdade, formados em administração de empresas, resolveram
estabelecer entre si sociedade para o desenvolvimento de software como serviço (SaaS), com
início imediato da atividade empresarial. Passados 6 meses do início das atividades, em 01 de
janeiro de 2019 assinaram o contrato social de constituição da sociedade empresária,
apresentando-o para arquivamento na Junta Comercial competente em 03 de fevereiro de 2019.

66
Em 15 de fevereiro de 2019, foi concedido o registro e arquivamento dos atos constitutivos.
Levando em consideração os dados apresentados, assinale a alternativa correta.
A) Considerando a data da assinatura do contrato social e a data de apresentação dos atos
constitutivos para registro, os sócios responderão solidária e ilimitadamente pelas obrigações
sociais até a data do despacho concessivo do arquivamento.
B) Não existe sociedade antes da concessão do registro e arquivamento do contrato social,
porquanto constitutivo de direito o ato registral.
C) O contrato social e demais documentos exigidos em lei deverão ser apresentados a
arquivamento na junta, dentro de 20 dias contados de sua assinatura, a cuja data retroagirão
os efeitos do arquivamento.
D) Os efeitos do arquivamento dos atos constitutivos da sociedade empresária constituída por
Maria e João retroagirão à data de 01 de janeiro de 2019.
E) A personalidade jurídica da sociedade empresária constituída por Maria e João coincide com
a data do início da atividade empresarial.

Comentário:

Exigia-se na questão a aplicação do conhecimento teórico em um caso prático:

- Art. 1.151. O registro dos atos sujeitos à formalidade exigida no artigo antecedente será
requerido pela pessoa obrigada em lei, e, no caso de omissão ou demora, pelo sócio ou
qualquer interessado. § 1 o Os documentos necessários ao registro deverão ser
apresentados no prazo de trinta dias, contado da lavratura dos atos respectivos. § 2 o
Requerido além do prazo previsto neste artigo, o registro somente produzirá efeito a partir
da data de sua concessão. § 3 o As pessoas obrigadas a requerer o registro responderão
por perdas e danos, em caso de omissão ou demora.

Questão 3

(NCUFPR - Concurso de Outorga de Delegações do TJPR – 2019 – Critério Provimento) De


acordo com as disposições do Código Civil de 2002, o registro é instituto complementar do
Direito de Empresa. Com relação ao assunto, assinale a alternativa correta.

67
A) Não há óbices para que seja levado a registro e arquivamento o contrato social de sociedade
empresária que disponha sobre a possibilidade de alienação do nome empresarial,
independentemente da previsão de regramento quanto à possibilidade de utilização do nome
empresarial pelo adquirente do estabelecimento em caso de trespasse.
B) O ato sujeito a registro não pode, antes do cumprimento das respectivas formalidades, ser
oposto a terceiro, ante a inexistência do arquivamento e do efeito de publicidade exigido em
lei, não se admitindo exceções.
C) As sociedades constituídas para o exercício de profissional intelectual, de natureza científica,
vinculam-se ao Registro Civil das Pessoas Jurídicas, salvo se o exercício da profissão constituir
elemento de empresa.
D) As pessoas obrigadas a requerer o registro não responderão por perdas e danos em caso de
omissão ou demora, ante a natureza iminentemente declaratória do registro empresarial, o que
faz com que a situação pretérita ao arquivamento seja reconhecida pelo Direito, nas condições
da lei.
E)As cooperativas poderão ser empresariais ou simples, e, na primeira hipótese, estarão sujeitas
ao registro empresarial.

Comentário:

-CC, art. 1.150. O empresário e a sociedade empresária vinculam-se ao Registro Público de


Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais, e a sociedade simples ao Registro Civil
das Pessoas Jurídicas, o qual deverá obedecer às normas fixadas para aquele registro, se a
sociedade simples adotar um dos tipos de sociedade empresária.

- CC, art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade


econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.

Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de


natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou
colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa..

- CC, art. 1.164. O nome empresarial não pode ser objeto de alienação.

68
Parágrafo único. O adquirente de estabelecimento, por ato entre vivos, pode, se o contrato
o permitir, usar o nome do alienante, precedido do seu próprio, com a qualificação de
sucessor.

- CC, art. 1.154. O ato sujeito a registro, ressalvadas disposições especiais da lei, não pode,
antes do cumprimento das respectivas formalidades, ser oposto a terceiro, salvo prova de
que este o conhecia.

Parágrafo único. O terceiro não pode alegar ignorância, desde que cumpridas as referidas
formalidades.

- CC, art. 982, parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-se empresária
a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa.

- CC, Art. 1.151. O registro dos atos sujeitos à formalidade exigida no artigo antecedente
será requerido pela pessoa obrigada em lei, e, no caso de omissão ou demora, pelo sócio
ou qualquer interessado. (...) § 3 o As pessoas obrigadas a requerer o registro responderão
por perdas e danos, em caso de omissão ou demora.

Questão 4

(CONSULPLAN - Concurso de Outorga de Delegações do TJMG – 2019 – Critério Remoção)


O contrato social é o instrumento através do qual se materializa o encontro de vontade dos
sócios da sociedade empresária. A respeito dos requisitos e elementos de validade do contrato
social da sociedade empresária, analise as assertivas a seguir.
I. São requisitos do contrato social: agente capaz; objeto possível e lícito; forma prescrita ou não
defesa em lei; todos os sócios devem contribuir para a formação do capital social e participarão
dos resultados, positivos ou negativos. II. É nula a cláusula que exclua algum dos sócios dos
lucros ou da participação nas perdas, bem como que estabeleça distribuição desproporcional à
participação de cada um no capital social. III. A falta de pluralidade dos sócios ensejará a
dissolução da sociedade, no prazo de cento e oitenta dias, desde que haja previsão contratual
quanto ao prazo. IV. São cláusulas essenciais ao contrato social: tipo societário; objeto social;

69
capital social; responsabilidade dos sócios; qualificação dos sócios; nomeação de administrador;
nome empresarial; sede e foro; prazo de duração.
Assinale a alternativa correta.
A) Todas as assertivas são verdadeiras.
B) As assertivas I, II e IV são verdadeiras.
C) As assertivas II e III não são verdadeiras.
D) Apenas as assertivas I e III são verdadeiras.

Comentário:

- CC, art. 997. A sociedade constitui-se mediante contrato escrito, particular ou público, que, além
de cláusulas estipuladas pelas partes, mencionará: I - nome, nacionalidade, estado civil, profissão e
residência dos sócios, se pessoas naturais, e a firma ou a denominação, nacionalidade e sede dos
sócios, se jurídicas; II - denominação, objeto, sede e prazo da sociedade; III - capital da sociedade,
expresso em moeda corrente, podendo compreender qualquer espécie de bens, suscetíveis de
avaliação pecuniária; IV - a quota de cada sócio no capital social, e o modo de realizá-la; V - as
prestações a que se obriga o sócio, cuja contribuição consista em serviços; VI - as pessoas naturais
incumbidas da administração da sociedade, e seus poderes e atribuições; VII - a participação de
cada sócio nos lucros e nas perdas; VIII - se os sócios respondem, ou não, subsidiariamente, pelas
obrigações sociais. Parágrafo único. É ineficaz em relação a terceiros qualquer pacto separado,
contrário ao disposto no instrumento do contrato.

- No tocante à participação dos lucros, importante mencionar os seguintes artigos: CC, art. 1.007.
Salvo estipulação em contrário, o sócio participa dos lucros e das perdas, na proporção das
respectivas quotas, mas aquele, cuja contribuição consiste em serviços, somente participa dos lucros
na proporção da média do valor das quotas; - CC, art. 1.008. É nula a estipulação contratual que
exclua qualquer sócio de participar dos lucros e das perdas.

- De acordo com a previsão legal, ou seja, independente de previsão contratual a sociedade se


dissolve em razão da ausência de pluralidade: CC, art. 1.033. Dissolve-se a sociedade quando
ocorrer: (...) IV - a falta de pluralidade de sócios, não reconstituída no prazo de cento e oitenta dias
(...) Parágrafo único. Não se aplica o disposto no inciso IV caso o sócio remanescente, inclusive na
hipótese de concentração de todas as cotas da sociedade sob sua titularidade, requeira no Registro
Público de Empresas Mercantis a transformação do registro da sociedade para empresário

70
individual, observado, no que couber, o disposto nos arts. 1.113 a 1.115 deste Código . Parágrafo
único. Não se aplica o disposto no inciso IV caso o sócio remanescente, inclusive na hipótese de
concentração de todas as cotas da sociedade sob sua titularidade, requeira, no Registro Público de
Empresas Mercantis, a transformação do registro da sociedade para empresário individual ou para
empresa individual de responsabilidade limitada, observado, no que couber, o disposto nos arts.
1.113 a 1.115 deste Código.

Questão 5

(VUNESP - Concurso de Outorga de Delegações do TJRS – 2019 – Critério Provimento) Em


relação ao registro e o nome empresarial, dispõe o Código Civil:
A) O ato sujeito a registro, ressalvadas disposições especiais da lei, não pode, antes do
cumprimento das respectivas formalidades, ser oposto a terceiro, salvo prova de que este o
conhecia.
B) O registro dos atos sujeitos à formalidade exigida para o empresário e para as sociedades
simples e empresárias, será requerido pelo sócio com poderes de gestão, e, no caso de omissão
ou demora, por qualquer um dos sócios, sendo que os documentos necessários ao registro
deverão ser apresentados no prazo de vinte dias, contado da lavratura dos atos respectivos.
C) Para fins de registro, cumpre à autoridade competente, a qualquer tempo, verificar a
autenticidade e a legitimidade do signatário do requerimento, bem como fiscalizar a observância
das prescrições legais concernentes ao ato ou aos documentos apresentados, obrigando-se a
comunicar no prazo de 30 dias ao representante do Ministério Público, eventuais indícios de
fraudes detectadas.
D) É vedada a utilização de firma na sociedade anônima e na sociedade em comandita por
ações, que obrigatoriamente deverão adotar denominação designativa do objeto social, aditada
da expressão “sociedade anônima” e “comandita por ações”, por extenso ou abreviadamente.
E) O nome empresarial não pode ser objeto de alienação, exceto se o adquirente do
estabelecimento, por ato entre vivos, exercer a mesma atividade empresarial de seu antecessor,
mediante autorização expressa do alienante no contrato social e declaração da quitação do
preço.

71
Comentário:

- CC, art. 1.154. O ato sujeito a registro, ressalvadas disposições especiais da lei, não pode,
antes do cumprimento das respectivas formalidades, ser oposto a terceiro, salvo prova de
que este o conhecia. Parágrafo único. O terceiro não pode alegar ignorância, desde que
cumpridas as referidas formalidades.

Questão 6

(VUNESP - Concurso de Outorga de Delegações do TJRS – 2019 – Critério Provimento) Em


relação à escrituração empresarial, é correto afirmar:
A) A escrituração será feita em idioma e moeda corrente nacionais e em forma contábil, por
ordem cronológica de dia, mês e ano, sem intervalos em branco, nem entrelinhas, borrões,
rasuras, emendas ou transportes para as margens, salvo se devidamente ressalvadas, sendo
vedado o uso de código de números ou de abreviaturas.
B) Além dos demais livros exigidos por lei, é indispensável o Diário, que pode ser substituído
por fichas no caso de escrituração mecanizada ou eletrônica, ficando dispensado em tal
circunstância o uso de livro apropriado para o lançamento do balanço patrimonial e do de
resultado econômico.
C) O empresário ou sociedade empresária que adotar o sistema de fichas de lançamentos poderá
substituir o livro Diário pelo livro Balancetes Diários e Balanços, observadas as mesmas
formalidades extrínsecas exigidas para aquele.
D) A escrituração ficará sob a responsabilidade de contabilista, administrador ou economista
legalmente habilitado, podendo ser substituído por sócio que apresente uma das referidas
qualificações, sendo lançados no Diário o balanço patrimonial e o de resultado econômico,
podendo ser assinado por bacharel em Ciências Contábeis legalmente habilitado, ficando
dispensada, nesse caso, a anuência do empresário ou sociedade empresária.
E) O juiz poderá autorizar a exibição integral dos livros e papéis de escrituração quando
necessária para resolver quaisquer pendências judiciais, mediante requerimento fundamentado
da parte adversa cuja recusa tipifica crime de desobediência e de responsabilidade fiscal.

72
Comentário:

- CC, art. 1.185. O empresário ou sociedade empresária que adotar o sistema de fichas de
lançamentos poderá substituir o livro Diário pelo livro Balancetes Diários e Balanços,
observadas as mesmas formalidades extrínsecas exigidas para aquele.

- CC, art. 1.183. A escrituração será feita em idioma e moeda corrente nacionais e em
forma contábil, por ordem cronológica de dia, mês e ano, sem intervalos em branco, nem
entrelinhas, borrões, rasuras, emendas ou transportes para as margens. Parágrafo único. É
permitido o uso de código de números ou de abreviaturas, que constem de livro próprio,
regularmente autenticado.

- CC, art. 1.180. Além dos demais livros exigidos por lei, é indispensável o Diário, que pode
ser substituído por fichas no caso de escrituração mecanizada ou eletrônica. Parágrafo
único. A adoção de fichas não dispensa o uso de livro apropriado para o lançamento do
balanço patrimonial e do de resultado econômico.

- CC, art. 1.182. Sem prejuízo do disposto no art. 1.174 , a escrituração ficará sob a
responsabilidade de contabilista legalmente habilitado, salvo se nenhum houver na
localidade.

- CC, art. 1.191. O juiz só poderá autorizar a exibição integral dos livros e papéis de
escrituração quando necessária para resolver questões relativas a sucessão, comunhão ou
sociedade, administração ou gestão à conta de outrem, ou em caso de falência. (...)

Questão 7

(NCUFPR - Concurso de Outorga de Delegações do TJPR – 2019 – Critério Remoção)


Compete aos vogais das Juntas Comerciais examinar o cumprimento das formalidades legais de
todos os atos, documentos ou instrumentos apresentados a arquivamento. Com relação ao
processo decisório e revisional, identifique como verdadeiras (V) ou falsas (F) as seguintes
afirmativas:

73
( ) A constituição de sociedades anônimas, de consórcios ou grupo de sociedades e de
sociedades limitadas subordinam-se ao regime de decisão colegiada, por meio do Plenário.
( ) Verificada a existência de vício sanável, será formulada pelo Vogal exigência com a
correspondente fundamentação legal, a qual deverá ser cumprida em até 15 dias contados do
dia subsequente à data da ciência pelo interessado ou da publicação do despacho, sendo que
será considerado novo pedido de arquivamento caso o processo seja devolvido após o prazo
de cumprimento, sujeito ao pagamento de novas custas.
( ) Constituem meios de revisão do processo de decisão dos Vogais, Turmas ou Plenário o
pedido de reconsideração e o recurso ao Plenário, sendo inafastável, em qualquer dos casos, a
utilização dos meios judiciais cabíveis.
( ) O pedido de reconsideração terá por objeto obter a revisão de despachos singulares de
Vogais ou de Turmas, sendo que será apreciado pela mesma autoridade que prolatou o
despacho, suspendendo o prazo para o cumprimento de exigências formuladas e objeto da
reconsideração.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta, de cima para baixo.

A) F – F – V – V.
B) V – V – F – F.
C) V – V – V – V.
D) F – V – F – F.
E) F – F – F – V.

Resposta: E

Comentário:

- Lei 8.934/94, art. 41. Estão sujeitos ao regime de decisão colegiada pelas juntas
comerciais, na forma desta lei: I - o arquivamento: a) dos atos de constituição de sociedades
anônimas; b) dos atos referentes à transformação, incorporação, fusão e cisão de empresas
mercantis; c) dos atos de constituição e alterações de consórcio e de grupo de sociedades,
conforme previsto na Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976 (...)

74
- Lei 8.934/94, art. 40. Todo ato, documento ou instrumento apresentado a arquivamento
será objeto de exame do cumprimento das formalidades legais pela junta comercial. § 1º
Verificada a existência de vício insanável, o requerimento será indeferido; quando for
sanável, o processo será colocado em exigência. § 2º As exigências formuladas pela junta
comercial deverão ser cumpridas em até 30 (trinta) dias, contados da data da ciência
pelo interessado ou da publicação do despacho. § 3º O processo em exigência será
entregue completo ao interessado; não devolvido no prazo previsto no parágrafo anterior,
será considerado como novo pedido de arquivamento, sujeito ao pagamento dos preços
dos serviços correspondentes.

- Lei 8.934/94, art. 44. O processo revisional pertinente ao Registro Público de Empresas
Mercantis e Atividades Afins dar-se-á mediante: I - Pedido de Reconsideração; II - Recurso
ao Plenário; III - Recurso ao Departamento Nacional de Registro Empresarial e Integração.

- Lei 8.934/94, art. 45. O Pedido de Reconsideração terá por objeto obter a revisão de
despachos singulares ou de Turmas que formulem exigências para o deferimento do
arquivamento e será apresentado no prazo para cumprimento da exigência para apreciação
pela autoridade recorrida em 3 (três) dias úteis ou 5 (cinco) dias úteis, respectivamente.

Questão 8

(CONSULPLAN - Concurso de Outorga de Delegações do TJMG – 2018 – Critério Provimento)


“João e Maria criaram a empresa de prestação de serviços ‘A Bruxa Doce’, porém não levaram
os atos constitutivos a registro no prazo previsto em lei.” Diante dessa situação hipotética,
assinale a alternativa correta.
A) Passado o prazo de 30 (trinta) dias, o registro somente produzirá efeito a partir da data de
sua concessão.
B) Passado o prazo de 90 (noventa) dias, o registro somente produzirá efeito a partir da data
de sua concessão.
C) Passado o prazo de 60 (sessenta) dias, o registro somente produzirá efeito a partir da data
de sua concessão.

75
D) Passado o prazo de 45 (quarenta e cinco) dias, o registro somente produzirá efeito a partir
da data de sua concessão.

Comentário:

Mais uma vez trata-se de questão que exige conhecimento acerca do art. 1.151, CC: "O
registro dos atos sujeitos à formalidade exigida no artigo antecedente será requerido pela
pessoa obrigada em lei, e, no caso de omissão ou demora, pelo sócio ou qualquer
interessado. § 1 o Os documentos necessários ao registro deverão ser apresentados no
prazo de trinta dias, contado da lavratura dos atos respectivos. § 2 o Requerido além do
prazo previsto neste artigo, o registro somente produzirá efeito a partir da data de sua
concessão. § 3 o As pessoas obrigadas a requerer o registro responderão por perdas e
danos, em caso de omissão ou demora."

Questão 9

(VUNESP - Concurso de Outorga de Delegações do TJSP – 2018 – Critério Provimento) No


Registro Público Empresarial,
A) a sociedade que não proceder a qualquer arquivamento no período de 05 (cinco) anos
consecutivos, deverá comunicar à Junta Comercial que deseja se manter em funcionamento.
B) as procurações e os atos levados a arquivamento nas Juntas Comerciais são dispensados de
reconhecimento de firma.
C) expirado o prazo da sociedade celebrada por tempo determinado, a proteção ao nome
empresarial caducará no prazo de 05 (cinco) anos.
D) as alterações contratuais poderão ser efetuadas por escritura pública ou instrumento
particular, independentemente da forma adotada no ato constitutivo.

Comentário:

- Lei 8.934/94, art. 60. A firma individual ou a sociedade que não proceder a qualquer
arquivamento no período de dez anos consecutivos deverá comunicar à junta comercial

76
que deseja manter-se em funcionamento. § 1º Na ausência dessa comunicação, a
empresa mercantil será considerada inativa, promovendo a junta comercial o cancelamento
do registro, com a perda automática da proteção ao nome empresarial; § 2º A empresa
mercantil deverá ser notificada previamente pela junta comercial, mediante comunicação
direta ou por edital, para os fins deste artigo; § 3º A junta comercial fará comunicação do
cancelamento às autoridades arrecadadoras, no prazo de até dez dias; § 4º A reativação
da empresa obedecerá aos mesmos procedimentos requeridos para sua constituição.

- Lei 8.934/94, art. 63. Os atos levados a arquivamento nas juntas comerciais são
dispensados de reconhecimento de firma, exceto quando se tratar de procuração.

- Lei 8.934/94, art. 59. Expirado o prazo da sociedade celebrada por tempo determinado,
esta perderá a proteção do seu nome empresarial.

- Lei 8.934/94. art. 53. As alterações contratuais ou estatutárias poderão ser efetivadas por
escritura pública ou particular, independentemente da forma adotada no ato constitutivo.

Questão 10

(CONSULPLAN - Concurso de Outorga de Delegações do TJMG - 2018 – Critério Remoção)


A anulação da constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato
respectivo, tem prazo de
A) prescrição de 3 (três) anos.
B) prescrição de 5 (cinco) anos.
C) decadência de 3 (três) anos.
D) decadência de 5 (cinco) anos.

Comentário:

CC, art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a
inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de
autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações
77
por que passar o ato constitutivo. Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular
a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo,
contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro.

Questão 11

(NCUFPR - Concurso de Outorga de Delegações do TJPR – 2019 – Critério Provimento) Várias


foram as alterações promovidas no âmbito da organização do registro do comércio,
especialmente após a criação da Rede Nacional para a Simplificação do Registro e da Legalização
de Empresas e Negócios (REDESIM) pela Lei nº 11.598/2007 e após as reformas ministeriais
promovidas entre os anos de 2015 e 2018. Com relação ao assunto, identifique como verdadeiras
(V) ou falsas (F) as seguintes afirmativas:
( ) Os serviços do Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins serão exercidos,
em todo o território nacional, de maneira uniforme, harmônica e interdependente, pelo Sistema
Nacional de Registro de Empresas Mercantis, composto pelo Departamento Nacional de Registro
do Comércio, como órgão central, e pelas Juntas Comerciais, como órgãos locais.
( ) A competência de preparar e relatar os documentos submetidos à deliberação pelas Juntas
Comerciais é da Procuradoria, sendo vedada a constituição de uma assessoria técnica para tal
finalidade.
( ) O Departamento Nacional de Registro Empresarial e Integração integra o Sistema Nacional
de Registro de Empresas Mercantis, competindo-lhe, entre outras atribuições, propor os planos
de ação, políticas, diretrizes e normas relativas ao Registro Público de Empresas Mercantis e
Atividades Afins.
( ) O mandato de Vogal, e respectivo suplente, será de 4 anos, permitida apenas uma
recondução, sendo que o Vogal, ou seu suplente, perderá o mandato caso tenha mais de três
faltas consecutivas às sessões, ou 12 alternadas no mesmo ano, sem justo motivo.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta, de cima para baixo.

A) F – F – V – V.
B) V – V – F – F.
C) V – V – V – V.
D) F – V – F – F.
E) V – F – V – V.
78
Comentário:

- Lei 8.934/94. art. 3º. Os serviços do Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins
serão exercidos, em todo o território nacional, de maneira uniforme, harmônica e
interdependente, pelo Sistema Nacional de Registro de Empresas Mercantis (Sinrem), composto
pelos seguintes órgãos: I - o Departamento Nacional de Registro Empresarial e Integração, órgão
central do Sinrem, com as seguintes funções: a) supervisora, orientadora, coordenadora e
normativa, na área técnica; e b) supletiva, na área administrativa; e II - as Juntas Comerciais,
como órgãos locais, com funções executora e administradora dos serviços de registro.

- Lei 8.934/94, art. 8º, § 1º As juntas comerciais poderão ter uma assessoria técnica, com a
competência de preparar e relatar os documentos a serem submetidos à sua deliberação, cujos
membros deverão ser bacharéis em Direito, Economistas, Contadores ou Administradores.

- Lei 8.934/94, art. 4º O Departamento Nacional de Registro Empresarial e Integração (Drei) da


Secretaria de Governo Digital da Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão e Governo
Digital do Ministério da Economia tem por finalidade: (...) II - estabelecer e consolidar, com
exclusividade, as normas e diretrizes gerais do Registro Público de Empresas Mercantis e
Atividades Afins; (...)

- Lei 8.934/94. Art. 16. O mandato de vogal e respectivo suplente será de 4 (quatro) anos,
permitida apenas uma recondução. Art. 17. O vogal ou seu suplente perderá o mandato nos
seguintes casos: I - mais de 3 (três) faltas consecutivas às sessões, ou 12 (doze) alternadas no
mesmo ano, sem justo motivo; II - por conduta incompatível com a dignidade do cargo.

79
GABARITO

Questão 1 - C

Questão 2 - A

Questão 3 - C

Questão 4 - C

Questão 5 - A

Questão 6 - C

Questão 7 - E

Questão 8 - A

Questão 9 - D

Questão 10 - C

Questão 11 - A

80
QUESTÃO DESAFIO

Para o registro de Empresas Mercantis é necessário o arquivamento


dos documentos relativos à constituição, alteração, dissolução e extinção
de firmas mercantis individuais, sociedades mercantis e cooperativas;

dos atos relativos a consórcio e grupo de sociedade de que trata a Lei


nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976; dos atos concernentes a empresas
mercantis estrangeiras autorizadas a funcionar no Brasil; das declarações
de microempresa; de atos ou documentos que, por determinação legal,
sejam atribuídos ao Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades

Afins ou daqueles que possam interessar ao empresário e às empresas


mercantis.

A legislação determina que tais documentos devem ser


apresentados para o arquivamento na junta no prazo de 30 (trinta) dias
contados de sua assinatura. Qual a consequência pelo descumprimento
de tal prazo?

81
GABARITO QUESTÃO DESAFIO

 Resposta Ideal:

Se os documentos forem apresentados no prazo de 30 dias contados da assinatura, os

efeitos do arquivamento retroagiram a data da referida assinatura. Porém, se forem entregues


fora desse prazo, o arquivamento só terá eficácia a partir do despacho que o conceder, segundo
o art. 36 da Lei 8.934/1994.

 Gabarito do Professor:

O art. 32 da Lei 8.934/1994 descreve o que compreende o registro: a matrícula e seu


cancelamento dos leiloeiros, tradutores públicos e intérpretes comerciais, trapicheiros e
administradores de armazéns-gerais; o arquivamento de diversos documentos; e a autenticação
dos instrumentos de escrituração das empresas mercantis registradas e dos agentes auxiliares
do comércio, na forma de lei própria.

Nos artigos sequentes é possível identificar o prazo para a entrega dos referidos
documentos (30 dias) e as consequências do seu cumprimento ou não.

O autor André Santa Cruz comenta (CRUZ, André Santa. Direito Empresarial. 8. ed. São
Paulo: Método, 2018. p. 198-198.): “É importante, pois, que uma alteração do contrato social,
por exemplo, seja levada a registro na Junta Comercial dentro de 30 (trinta) contados da sua
efetiva realização, uma vez que, se isso não for feito, a referida alteração contratual só será
considerada eficaz perante terceiros após o deferimento do registro. Caso, porém, o registro
seja feito dentro do prazo legal, a alteração contratual, quando deferida, considerar-se-á
produzindo efeitos desde a data em que foi decidida pelos sócios.”.

O art. 36 da Lei 8.934/1994 prevê o prazo de 30 dias, o seu termo inicial e os efeitos de
tal regra. Dele é possível se extrair que o não cumprimento do referido prazo ocasiona um

82
atraso na eficácia do arquivamento, passando a produzir efeito apenas a partir do despacho
que o conceder.

O autor André Santa Cruz resume (CRUZ, André Santa. Direito Empresarial. 8. ed. São
Paulo: Método, 2018. p. 198-198.): “Em resumo: se o ato é levado a registro dentro do prazo
legal de 30 dias, o registro opera efeitos ex tunc, retroagindo à data da sua efetiva realização.
Em contrapartida, se o ato é levado a registro fora do prazo legal de 30 dias, produz efeitos ex
nunc, ou seja, só se torna eficaz a partir do seu deferimento.”.

83
LEGISLAÇÃO COMPILADA

REGIME JURÍDICO DA ATIVIDADE EMPRESARIAL

 Código Civil:
o Art.967;
o Art.969;
o Art.971;
o Art. 1.142;
o Art.1.143;
o Art.1.144;
o Art. 1.145;
o Art.1.146;
o Art.1.147;
o Art.1.148;
o Art.1.149;
o Art. 1.151;
o Art.1.154;
o Art.1.155;
o Art.1.156;
o Art.1.157;
o Art.1.158;
o Art.1.165;
o Art.1.168;
o Art. 1.179;
o Art. 1.180;
o Art.1.181;
o Art.1.190;
 Lei 8.245/91:
o Art.13;
o Art.34;

84
o Art.52;
o Art.52;
o Art.53;
o Art.54;
o Art.55.
 Lei 8.934/94:
o Art.32;
o Art.33;
o Art.34;

 Súmulas e Enunciados

 Enunciado 1, CJF

Decisão judicial que considera ser o nome empresarial violador do direito de marca não implica a anulação do
respectivo registro no órgão próprio nem lhe retira os efeitos, preservado o direito de o empresário alterá-lo.

 Enunciado 2, CJF

A vedação de registro de marca que reproduza ou imite elemento característico ou diferenciador de nome
empresarial de terceiros, suscetível de causar confusão ou associação (art. 124, V, da Lei n. 9.279/1996), deve ser
interpretada restritivamente e em consonância com o art. 1.166 do Código Civil.

 Enunciado 202, CJF:

O registro do empresário ou sociedade rural na Junta Comercial é facultativo e de natureza constitutiva, sujeitando-
o ao regime jurídico empresarial. É inaplicável esse regime ao empresário ou sociedade rural que não exercer tal
opção.

 Enunciado 198, CJF:

Art. 967: A inscrição do empresário na Junta Comercial não é requisito para a sua caracterização, admitindo-se o
exercício da empresa sem tal providência. O empresário irregular reúne os requisitos do art. 966, sujeitando-se às
normas do Código Civil e da legislação comercial, salvo naquilo em que forem incompatíveis com a sua condição
ou diante de expressa disposição em contrário.

 Súmula 363, STF

A pessoa jurídica de direito privado pode ser demandada no domicílio da agência, ou estabelecimento, em que se
praticou o ato.

 Súmula 439, STF

85
Estão sujeitos à fiscalização tributária ou previdenciária quaisquer livros comerciais, limitado o exame aos pontos
objeto da investigação.

 Súmula 260, STF

O exame de livros comerciais, em ação judicial, fica limitado as transações entre os litigantes.

 Súmula 451, STJ

É legítima a penhora da sede do estabelecimento comercial.

86
JURISPRUDÊNCIA

PROTEÇÃO DO NOME EMPRESARIAL

 REsp 1184867/SC, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em
15/05/2014, DJe 06/06/2014

RECURSO ESPECIAL. PROPRIEDADE INDUSTRIAL. NOME COMERCIAL. MARCAS MISTAS.


PRINCÍPIOS DA TERRITORIALIDADE E ESPECIFICIDADE/ESPECIALIDADE. CONVENÇÃO DA
UNIÃO DE PARIS - CUP.
1. Não se verifica a alegada violação do art. 535 do Código de Processo Civil, uma vez
que o Tribunal de origem se pronunciou de forma clara e suficiente sobre a questão
posta nos autos, nos limites do seu convencimento motivado. Ademais, o magistrado não
está obrigado a rebater, um a um, os argumentos trazidos pela parte, desde que os
fundamentos utilizados tenham sido suficientes para embasar a decisão.
2. Não há ilegitimidade passiva do Instituto Nacional de Propriedade Industrial-INPI em
ação ordinária que busca invalidar decisão administrativa proferida pela autarquia federal
no exercício de sua competência de análise de pedidos de registro marcário, sua
concessão e declaração administrativa de nulidade.
3. A tutela ao nome comercial se circunscreve à unidade federativa decompetência da
junta comercial em que registrados os atos constitutivos da empresa, podendo ser
estendida a todo o território nacional desde que seja feito pedido complementar de
arquivamento nas demais juntas comerciais. Por sua vez, a proteção à marca obedece ao
sistema atributivo, sendo adquirida pelo registro validamente expedido pelo Instituto
Nacional da Propriedade Industrial - INPI, que assegura ao titular seu uso exclusivo em
todo o território nacional, nos termos do art. 129, caput, e § 1º da Lei n. 9.279/1996. (REsp
1190341/RJ, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em
05/12/2013, DJe 28/02/2014 e REsp 899.839/RJ, Rel. Ministro MASSAMI UYEDA, TERCEIRA
TURMA, julgado em 17/08/2010, DJe 01/10/2010).
4. O entendimento desta Corte é no sentido de que eventual colidência entre nome
empresarial e marca não é resolvido tão somente sob a ótica do princípio da anterioridade
do registro, devendo ser levado em conta ainda os princípios da territorialidade, no que
concerne ao âmbito geográfico de proteção, bem como o da especificidade, quanto ao
tipo de produto e serviço. (REsp 1359666/RJ, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA
TURMA, julgado em 28/05/2013, DJe 10/06/2013).
5. No caso concreto, equivoca-se o Tribunal de origem ao afirmar que deve ser dada
prioridade ao nome empresarial em detrimento da marca, se o arquivamento na junta
comercial ocorreu antes do depósito desta no INPI. Para que a reprodução ou imitação

87
de nome empresarial de terceiro constitua óbice a registro de marca, à luz do princípio
da territorialidade, faz-se necessário que a proteção ao nome empresarial não goze de
tutela restrita a um Estado, mas detenha a exclusividade sobre o uso em todo o território
nacional. Porém, é incontroverso da moldura fática que o registro dos atos constitutivos
da autora foi feito apenas na Junta Comercial de Blumenau/SC.
6. A Convenção da União de Paris de 1883 - CUP deu origem ao sistema internacional
de propriedade industrial com o objetivo de harmonizar o sistema protetivo relativo ao
tema nos países signatários, do qual faz parte o Brasil (<http://www.wipo.int/treaties/en>).
É verdade que o art. 8º da dita Convenção estabelece que "O nome comercial será
protegido em todos os países da União, sem obrigação de depósito ou de registro, quer
faça ou não parte de uma marca de fábrica ou de comércio." Não obstante, o escopo
desse dispositivo é assegurar a proteção do nome empresarial de determinada sociedade
em país diverso do de sua origem, que seja signatário da CUP, e não em seu país natal,
onde deve-se atentar às leis locais.
7. O artigo 124, XIX, da Lei da Propriedade Industrial veda o registro de marca que
reproduza outra preexistente, ainda que em parte e com acréscimo "suscetível de causar
confusão ou associação com marca alheia". Sob o enfoque pelo ângulo do direito
marcário, a possibilidade de confusão e/ou associação entre as marcas é notória, por
possuírem identidade fonética e escrita quanto ao elemento nominativo e ambas se
destinarem ao segmento mercadológico médico.
Assim, é inviável admitir a coexistência de tais marcas.
8. Ainda que não tivesse sido reconhecido o direito de precedência do registro n.
816805776 para a marca mista MULTIMED, ao contrário do que sugere o Tribunal a quo,
não seria possível concluir pela nulidade deste. Isso porque tal registro foi concedido em
1994, não sofrendo nenhuma impugnação por parte da autora, seja administrativamente
no prazo de seis meses (art. 101 da Lei n.
5.772/1971, correspondente ao atual 169 da Lei n. 9.279/1996), seja judicialmente no
prazo de 5 anos, nos termos do art. 174 da Lei n.
9.279/1996. Desse modo, está preclusa a possibilidade de questionar tal registro por meio
de processo administrativo de nulidade, bem como por meio de ação de nulidade de
registro. Este só poderá ser impugnado por meio de processo administrativo de
caducidade e se preenchidos os requisitos legais, nos termos da Lei da Propriedade
Industrial.
9. A desconstituição do registro por ação própria é necessária para que possa ser afastada
a garantia da exclusividade em todo o território nacional. (REsp 325158/SP, Rel. Ministra
NANCY ANDRIGHI, Rel. p/ Acórdão Ministro CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO,
TERCEIRA TURMA, julgado em 10/08/2006, DJ 09/10/2006, p. 284 e REsp 1189022/SP,
Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 25/02/2014, DJe
02/04/2014).
10. No decorrer de processo administrativo de nulidade já instaurado, afigura-se temerária
a conduta do titular de marca registrada que firma contrato de licenciamento com

88
terceiro, tanto mais se não informar este acerca do óbice sofrido pelo registro marcário.
Não há nexo de causalidade entre decisão proferida pelo INPI de concessão do registro
marcário, posteriormente invalidada por meio de regular processo administrativo, e a
desistência de terceiro em prosseguir com o licenciamento desta marca, ao tomar
conhecimento de que a sua titular respondia ao referido processo administrativo de
nulidade.
11. Recurso especial provido.

No caso acima, uma primeira empresa registrou seu nome no estado de Santa Catarina.
Anos depois, outra empresa, fez o registro de marca com nomenclatura muito semelhante ao
nome da empresa de SC no estado do Rio Grande do Sul.

Irresignada com o ocorrido, a primeira empresa ajuizou ação com objetivo de invalidar o
registro da marca da segunda empresa no RS.

Ao apreciar a questão, o STJ entendeu que a pretensão da primeira empresa não merecia
provimento. É que, para o nome empresarial obter proteção frente à marca registrada
posteriormente, ele deveria ter sido registrado em cada estado da federação. Afinal, conforme
já havia assentado a Corte em julgado anterior ao aqui comentado, a proteção do nome
empresarial é restrita a cada estado da federação.

Lembre que nome empresarial e marca não se confundem (inclusive, vamos estudar a
marca e os demais aspectos da propriedade intelectual à frente em nosso curso). Inclusive, veja
abaixo um quadrinho retirado dos comentários do Professor Márcio André Cavalcante, do Dizer
o Direito, sobre o julgado em análise15:

NOME EMPRESARIAL MARCA

Em regra, a proteção do nome empresarial fica A proteção da marca obedece ao sistema


restrita ao Estado/DF de competência da Junta atributivo, sendo adquirida pelo registro
Comercial em que foi registrado o ato constitutivo validamente expedido pelo INPI, que assegura ao

15
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Precedência de nome empresarial que não implica direito ao registro de marca. Disponível
em:
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/10c272d06794d3e5785d5e7c5356e9ff?categoria=8&palavr
a-chave=NOME+EMPRESARIAL&criterio-pesquisa=e. Acesso em: 30/12/2020.
89
da empresa. Ex.: se a empresa “A” registrou seu titular seu uso exclusivo em todo o território
ato constitutivo na Junta Comercial de Blumenau, nacional (art. 129, caput e § 1º, da Lei nº
a proteção será apenas em Santa Catarina. 9.279/1996).

Essa proteção poderá ser estendida a todo o Em outras palavras, depois do registro no INPI,
território nacional, desde que seja feito pedido apenas o titular desta marca poderá utilizá-la em
complementar de arquivamento nas demais todo o Brasil.
Juntas Comerciais.

Todavia, no caso, se houvesse registro do nome empresarial em cada estado da


federação, isto poderia justificar a invalidação do registro da marca com nomenclatura
semelhante. Neste caso, seria necessário também a possibilidade relevante de confusão entre
os sinais característicos.

Por fim, o art. 8º da Convenção da União de Paris de 1883 (CUP), que estabelece:
“O nome comercial será protegido em todos os países da União, sem obrigação de depósito ou
de registro, quer faça ou não parte de uma marca de fábrica ou de comércio``, não se aplica ao
presente julgado. Segundo interpretam a doutrina e o STJ, esse art. 8º da CUP destina-se apenas
à proteção do nome empresarial da sociedade em país diverso do de sua origem, e não em seu
país natal.

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MAPA MENTAL

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Precedência de nome empresarial que não implica direito ao registro de
marca. Disponível em:
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/10c272d06794d3e5785d5e7c5356e9ff?categoria
=8&palavra-chave=NOME+EMPRESARIAL&criterio-pesquisa=e. Acesso em: 30/12/2020.

COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito comercial, volume 1: direito de empresa. São Paulo: Editora Revista dos
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CRUZ, André Santa. Direito Empresarial. Coleção Sinopses para Concursos. Salvador: Juspodivm, 2018.

FAZZIO JUNIOR, WALDO. Manual de direito comercial. São Paulo: Atlas, 2019.

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PENANTE JR, Francisco. LAURINDO, Felipe. Prática empresarial. Recife: Armador, 2019.

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