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Élder M.

Russell Ballard
Do Quórum dos Doze Apóstolos
“Counseling with Our Councils” (Aconselhando com nossos Conselhos),
Conference Report, abril de 1994, pp. 31–34; ou Ensign, maio de 1994, pp. 24–26

Um motor bem regulado


Antes de ser chamado como Autoridade Geral, eu trabalhava no ramo de automóveis, como
meu pai. Com o passar dos anos, aprendi a gostar do som e do desempenho de um motor bem
regulado. Para mim, ouvir o leve ruído de um motor de um carro em marcha lenta ou o vigoroso
ronco de um motor em plena capacidade é quase como música. A potência que esse som
representa é ainda mais emocionante. Não há nada que se compare à emoção de estar ao
volante de um carro cujo motor tem um ótimo desempenho, com todas as partes funcionando
em perfeita harmonia. Por outro lado, nada é mais frustrante que um motor que não funciona
direito. Por mais bela que seja a pintura, por mais confortável que seja o estofamento, se o
motor não estiver funcionando bem, o carro não passa de uma carcaça cujo potencial não foi
atingido. O motor de um automóvel pode funcionar com parte de seus cilindros, mas nunca irá
tão longe, nem andará tão rapidamente, ou tão suavemente quanto o faria se estivesse
devidamente regulado.

A ala de um único cilindro


Infelizmente, algumas alas da Igreja não estão usando todos os seus cilindros, havendo até
mesmo as que estão tentando funcionar com um único cilindro. A ala que funciona com um só
cilindro é aquela onde o bispo cuida de todos os problemas, toma todas as decisões e
acompanha todas as designações. Assim, como o cilindro sobrecarregado de um motor, o
bispo logo estará esgotado. Os bispos carregam pesadas incumbências, Eles e somente eles,
portam determinadas chaves e são os únicos que podem cumprir certas responsabilidades.
Mas não são chamados para ser a única solução de todos os problemas de todas as pessoas.
São chamados para presidir, liderar e estender o amor de Deus a Seus filhos. O Pai Celestial
não espera que façam tudo sozinhos. O mesmo ocorre com os presidentes de estaca,
presidentes de quóruns do sacerdócio e de auxiliares e, até com pais e mães. Todos têm
responsabilidades que exigem grande parte de seu tempo, talento e energia. Mas ninguém tem
que fazer tudo sozinho. Deus, o Organizador Mestre, inspirou a criação de um sistema de
comitês e conselhos. Se compreendido e posto em prática da maneira adequada, esse sistema
irá diminuir a carga de todos os líderes, individualmente, e ampliar o impacto de seu ministério,
por meio do auxílio conjunto de outras pessoas.

Fazer bom uso dos conselhos


Seis meses atrás, falei deste púlpito sobre a importância do sistema de conselhos da Igreja.
Falei sobre o grande poder espiritual e a orientação inspirada que podemos obter com a
realização adequada de conselhos de estaca, ala e família. O Espírito continua a prestar-me
testemunho de que os conselhos devidamente realizados são vitais para o cumprimento da
missão da Igreja. Por isso, estava ansioso para ver de que maneira minhas observações de
outubro foram entendidas, particularmente por nossos fiéis e diligentes bispos. Nas sessões de
treinamento que realizei em vários locais, desde a última conferência geral, dei ênfase à
realização de conselhos de ala. Como parte do treinamento, convidava um conselho de ala a
participar. Apresentava ao bispo um problema teórico sobre uma família menos ativa e pedia-
lhe que desenvolvesse, com o conselho de ala, um plano para a reativação da família.
Invariavelmente, o bispo assumia de imediato a liderança da situação e dizia: ‘Este é o
problema, e isto é o que acho que precisa ser feito para resolvê-lo’. Em seguida, dava
designações aos vários membros do conselho da ala. Era um bom exercício de delegação de
responsabilidades, creio eu, mas nem sequer começava a utilizar a experiência e sabedoria
dos membros do conselho para tratar do problema. Por fim, pedia ao bispo que tentasse
novamente, mas que, dessa vez, solicitasse idéias e sugestões aos membros do conselho,
antes de fazer qualquer designação. Incentivava-o especialmente a pedir idéias às irmãs
presentes. Quando o bispo abria a reunião aos membros do conselho, pedindo que todos
dessem sua contribuição, era como se abrisse as comportas do céu. Um reservatório de
inspiração e percepção fluía entre os membros do conselho ao planejarem como integrar a
família menos ativa. Ao observar que a mesma cena se repetia vez após vez, nos últimos seis
meses, decidi que seria útil falar novamente a respeito da importância dos conselhos. Não falo
com a intenção de censurar os que não deram a devida atenção na última vez, mas porque a
Igreja necessita urgentemente que os líderes, especialmente os presidentes de estaca e
bispos, controlem e canalizem o poder espiritual por meio dos conselhos. Os problemas da
família, ala e estaca poderão ser solucionados se buscarmos soluções à maneira do Senhor.
Por experiência própria, digo que vidas são abençoadas quando os líderes usam os comitês e
conselhos com sabedoria. Eles fazem o trabalho do Senhor avançar com mais rapidez, como
um bom carro no seu melhor desempenho. Os membros dos comitês e conselhos têm um
objetivo comum. Juntos, podem trabalhar de maneira muito mais agradável ao servirem na
Igreja.

Três comitês e conselhos de ala


Para o que pretendo expor, analisarei três dos comitês e conselhos de ala, que devem sempre
seguir uma agenda previamente organizada.
O primeiro é o comitê executivo do sacerdócio. Os integrantes desse comitê são o bispado, o
líder do grupo de sumos sacerdotes, o presidente do quórum de élderes, o líder da missão da
ala, o presidente dos Rapazes, o secretário executivo da ala e o secretário da ala. Este comitê
se reúne uma vez por semana, sob a direção do bispo, para avaliar os programas do
sacerdócio da ala, que incluem o templo e a história da família, o trabalho missionário, bem-
estar, ensino familiar e ativação de membros.
O segundo é o comitê de bem-estar da ala. Inclui o comitê executivo do sacerdócio e a
presidência da Sociedade de Socorro. Este comitê se reúne pelo menos uma vez por mês,
também sob a direção do bispo, para analisar as necessidades materiais dos membros da ala.
Somente o bispo pode decidir o destino dos recursos de bem-estar, mas o comitê ajuda a
cuidar dos pobres, planejando e coordenando o uso dos recursos da ala, inclusive tempo,
talentos, aptidões, material e o serviço de solidariedade dos membros. Nesta e em outras
reuniões de comitês e conselhos, freqüentemente são discutidos assuntos delicados, que
exigem sigilo absoluto.
O terceiro é o conselho da ala. Inclui o comitê executivo do sacerdócio, a presidente da
Sociedade de Socorro, o presidente da Escola Dominical, a presidente da Primária, a
presidente das Moças e o encarregado do comitê de atividades. O bispo pode convidar outros
para participar, se necessário. Este conselho se reúne pelo menos uma vez por mês, para
correlacionar o planejamento de todos os programas e atividades da ala e analisar o progresso
da ala no cumprimento da missão da Igreja. O conselho da ala reúne um grupo heterogêneo de
líderes do sacerdócio e líderes das mulheres para que, juntos, possam ter uma visão ampla
dos assuntos que afetam os membros da ala e da comunidade. O conselho estuda as
sugestões dos mestres familiares e das professoras visitantes. (…)

Usar os conselhos para ajudar a reter os conversos


Uma das maiores preocupações das Autoridades Gerais é a falta de integração de alguns
recém-conversos e dos membros menos ativos da Igreja. Se os conselhos de ala funcionarem
como devem, cada pessoa recém convertida será integrada, receberá visita de mestres
familiares e professoras visitantes, e será chamada para um cargo adequado, poucos dias
após o batismo. O membro menos ativo receberá um cargo, fazendo com que se sinta útil e
amado pelos irmãos da ala. (…)

Tornar-se uma equipe para resolver problemas


Quando os presidentes de estaca e bispos permitem que os líderes do sacerdócio e das
auxiliares, a quem o Senhor chamou para servir com eles, se tornem parte de uma equipe de
resolução de problemas, coisas maravilhosas começam a acontecer. A participação dessas
pessoas amplia a base das experiências e da compreensão, levando a melhores soluções.
Vocês bispos, fortalecem os líderes da ala, dando-lhes a oportunidade de oferecer sugestões e
ser ouvidos. Preparem futuros líderes, permitindo que eles participem e aprendam. Podem por
meio desse envolvimento, aliviar bastante a sua carga. As pessoas que se sentem
responsáveis por um problema têm mais disposição de ajudar na procura de uma solução,
aumentando muito a possibilidade de sucesso. Assim que os devidos conselhos estiverem
organizados e os irmãos e irmãs tiverem plena oportunidade de participar, os líderes da ala e
da estaca poderão fazer mais do que apenas manter as organizações. Poderão dirigir seus
esforços no sentido de encontrar maneiras de tornar este mundo um lugar melhor para se
viver. Os conselhos de ala certamente podem abordar assuntos como violência de quadrilhas,
segurança das crianças, decadência do padrão de vida urbano ou campanhas de limpeza da
comunidade. Os bispos poderiam perguntar aos conselhos de ala: “Como podemos fazer algo
significativo para a comunidade?” Esse tipo de pensamento e uma participação mais ampla na
melhoria da comunidade são atitudes recomendáveis para os santos dos últimos dias.

Como os Apóstolos se reúnem em conselho


Venho servindo nos últimos oito anos e meio como membro de um conselho de doze homens.
Viemos de ambientes diversos e trouxemos ao Conselho dos Doze Apóstolos um sortimento de
experiências na Igreja e no mundo. Em nossas reuniões, nós não nos sentamos apenas,
esperando que o Presidente Howard W. Hunter nos diga o que fazer. Aconselhamo-nos
abertamente uns com os outros, ouvimos uns aos outros com profundo respeito pela
capacidade e experiência que os irmãos trazem ao conselho. Debatemos uma imensa
variedade de assuntos, desde a administração da Igreja até acontecimentos mundiais, e
fazemo-lo de modo sincero e franco. Às vezes debatemos assuntos durante semanas, antes de
chegarmos a uma conclusão. Nem sempre concordamos durante o debate, mas quando a
decisão é tomada, sempre terminamos unidos e determinados.

Ouvir e arrazoar nos conselhos


Este é o milagre dos conselhos da Igreja: ouvir uns aos outros e ouvir o Espírito! Quando nos
apoiamos uns aos outros nos conselhos da Igreja, começamos a compreender como Deus
toma homens e mulheres comuns e os transforma em líderes extraordinários. Os melhores
líderes não são aqueles que se matam de tanto trabalhar, tentando fazer tudo sozinhos; os
melhores líderes são os que seguem o plano de Deus e se aconselham com os seus
conselhos. “Vinde então”, disse o Senhor em uma dispensação passada, por intermédio do
profeta Isaías: “e argüi-me”. (Isaías 1:18) Nesta última dispensação, Ele repetiu a
admoestação: “Juntos arrazoemos para que compreendais”. (D&C 50:10) Lembremos que o
conselho básico da Igreja é o conselho familiar. Os pais e as mães devem aplicar
diligentemente os princípios que mencionei em seu relacionamento mútuo e com os filhos.
Fazendo isso, nossos lares poderão tornar-se um céu na Terra. Irmãos e irmãs, trabalhemos
juntos, como nunca o fizemos, para cumprir nossas responsabilidades, a fim de descobrirmos
como tornar mais eficaz o uso do maravilhoso poder dos conselhos. Peço-lhes que ponderem
tudo o que eu disse sobre este assunto em outubro passado, juntamente com tudo o que disse
hoje. Testifico que podemos trazer toda a força do plano revelado por Deus, referente à
liderança no evangelho, para o nosso ministério, ao nos aconselharmos uns com os outros.
Que Deus nos abençoe para que permaneçamos unidos no trabalho de fortalecer a Igreja e
seus membros, é minha oração em nome de Jesus Cristo. Amém.

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