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Aqui que emerge a raiz do problema: não existe consenso social no Brasil de aceitação das
políticas neoliberais, de ajuste fiscal e de desidratação do Estado.
Segundo pesquisa realizada por Datafolha, 71% dos brasileiros rejeita a reforma da
previdência apresentada pelo governo Temer . Também segundo Datafolha, 64% avalia que
a reforma trabalhista trará mais benefícios aos empresários do que para os trabalhadores. Da
mesma forma, pesquisa de Vox Populi indica que a PEC 241, que prevê o congelamento de
gastos públicos durante duas décadas, é rejeitada por 70% dos brasileiros. Finalmente,
pesquisa do Instituto Data Popular mostra que 81% dos brasileiros prefere ter acesso a
serviços públicos melhores a pagar menos impostos.
Levando isso em consideração, a defensa explícita de políticas neoliberais não parece ser a
melhor estratégia para o MBL dilate sua base de apoio.
Se a defesa desta agenda econômica não pode ser o foco da atuação política por ser
impopular e impedir o crescimento do grupo, mude-se a estratégia.
Quais são as pautas que podem ajudar ao MBL a estabelecer um diálogo com a população, e
expandir sua influência política?
Na verdade, pouco importa o conteúdo do tema, o essencial é que crie controvérsia. Pouco
importa a corrupção na luta contra a mesma. Pouco importa a escola no projeto Escola sem
Partido. Pouco importa a arte no Queermuseu. Pouco importa o gênero na formulação da
“ideologia de gênero”.
O que importa é provocar temas morais para agitar a sociedade e esticar o domínio do grupo.
Este populismo, portanto, se nutre e também aprofunda a polarização social brasileira
justamente por insistir na confrontação.
Não podemos negar que esta estratégia está dando certo. Legitimou socialmente o
impeachment e continua ajudando a aumentar a popularidade do MBL no caminho eleitoral
de 2018.
Riscos óbvios derivam da mesma porque a verdadeira intenção deste grupo, que é a
implementação da agenda neoliberal, se esconde atrás de uma cortina de fumaça.
Além disso, o debate público fica refém de uma lógica moralista, que divide o mundo num
binômio simplório do bem contra o mal, e ultraconservadora que ameaça as liberdades mais
básicas.