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JORNADA DE TEOLIGIA PRÁTICA

A doutrina das ultimas coisas - AULA 2

Na sua primeira vinda, para proclamar seu evangelho de salvação, Jesus palmilhou esta terra,
pisou no chão, andou de sandálias, andou de barco, dormiu em lugar incerto, nas cidades,
aldeias e distritos; Ele “se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1.14). Contudo, na primeira fase de
sua vinda, quando haverá o arrebatamento da Igreja, Jesus não toca. Ele estará “nos ares” ou
“nas nuvens” (1 Ts 4.17). Nenhum teólogo ou cientista cristão poderá explicar como os crentes
fiéis serão arrebatados. E um mistério que só a fé pode aceitar como real e factual.

1. A Ressurreição dos Mortos

A ressurreição dentre os mortos é doutrina que faz parte eminentemente do patrimônio


da fé cristã. No tempo de Paulo, ele sentiu necessidade de ensinar à igreja de Corinto
sobre esse importante tema da vida da Igreja. Corinto era uma cidade grega. E os gregos
acreditavam na alma, e que esta seria imortal, mas não criam na ressureição dos mortos.
Entendiam que o corpo é uma “prisão da alma” e que não faria sentido libertar-se dessa
prisão e retomar para outro corpo e continuar com a alma encarcerada.

a) Dúvidas quanto à ressurreição.

Com essa visão, até mesmo os crentes eram influenciados pela descrença quanto à
ressurreição. Havia, mesmo entre os crentes, quem não cresse na ressurreição.
Escreveu Paulo aos crentes de Corinto: “Ora, se se prega que Cristo ressuscitou dos
mortos, como dizem alguns dentre vós que não há ressurreição de mortos? E, se não
há ressurreição de mortos, também Cristo não ressuscitou” (1 Co 15.12,13). O tema da
ressurreição é de tamanha significância que só se pode entender pela fé. A lógica
racional, que dominava a mente dos primeiros crentes por influência da cultura grega,
bem como o entendimento lógico dos homens, nos dias presentes, inclui a
ressurreição na ideia de que a Bíblia é cheia de mitos. A falta de fé na doutrina da
ressurreição dos mortos é tão grave que resulta em questionamentos que podem
desacreditar a mensagem do evangelho, o papel dos pregadores e a certeza da
salvação. Paulo argumentou em sua carta aos coríntios: “E, se Cristo não ressuscitou,
logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé. E assim somos também
considerados como falsas testemunhas de Deus, pois testificamos de Deus, que
ressuscitou a Cristo, ao qual, porém, não ressuscitou, se, na verdade, os mortos não
ressuscitam. Porque, se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou. E,
se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados. E
também os que dormiram em Cristo estão perdidos. Se esperamos em Cristo só nesta
vida, somos os mais miseráveis de todos os homens (1 Co 15.14-19).

Existem teólogos, que na verdade nem mereceriam esse nome, que se valem de argumentos
racionais e humanistas, para negarem o fato da ressurreição. Rudolf Bultmann (1884-1976)
afirmava que a Bíblia está cheia de mitos. Daí, suas ideias serem denominadas ' Teologia do
Mito . Segundo essa teologia, pode-se crer em Jesus como Salvador, sem ter que crer em seu
nascimento virginal, em sua ressurreição, ou na sua segunda vinda; Deus não se revela
milagrosamente no tempo e no espaço. “O homem moderno pensa de modo científico, em
categorias rigorosamente causais”. São especulações humanas, que em nada abalam o alicerce
da inspiração da Bíblia, como revelação de Deus ao homem.

b) A garantia da ressurreição.

A Palavra de Deus assegura-nos que os mortos hão de ressuscitar. “Porque, se cremos


que Jesus morreu e ressuscitou, assim também aos que em Jesus dormem Deus os
tornará a trazer com ele” (1 Ts 4.14). Paulo também diz: “Porque, assim como a morte
veio por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por um homem” (1 Co
15.21). Creiam ou não creiam os ímpios, queiram ou não queiram os materialistas, que
dizem que, na morte, o ser humano é igual a um animal irracional, nada mais
restando, a não ser a decomposição orgânica e o pó, os que morreram em Cristo, em
fidelidade e santidade, tornarão a viver, e farão parte da “primeira ressurreição (cf. Ap
5.6). O corpo dos salvos que estiverem mortos, não importa há quantos anos ou
séculos, não importa a forma como morreram, de velhice, de doença, de acidente,
etc., haverá a poderosa ação do Espírito Santo, transmutando seus corpos em corpos
gloriosos: “Assim também a ressurreição dos mortos. Semeia-se o corpo em
corrupção, ressuscitará em incorrupção. Semeia-se em ignomínia, ressuscitará em
glória. “Semeia-se em fraqueza, ressuscitará com vigor” (1 Co 15.42,43).

c) A primeira ressurreição.

Após valer-se da dialética, Paulo afirma com convicção plena que a ressurreição não
pode ser questionada, mas é um fato real, admitido pela fé, que tem por base e
referência a ressurreição de Cristo, como o primeiro a reviver pelo poder sobrenatural
de Deus, tornando-se a garantia de que todos os que morreram nele haverão de
reviver. Ele diz, no início de sua carta, que Cristo “ressuscitou, segundo as escrituras”
(1 Co 15.4b); “Mas, agora, Cristo ressuscitou dos mortos e foi feito as primícias dos
que dormem. Porque, assim como a morte veio por um homem, também a
ressurreição dos mortos veio por um homem. Porque, assim como todos morrem em
Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo. Mas cada um por sua ordem:
Cristo, as primícias; depois, os que são de Cristo, na sua vinda” (1 Co 15.20-23). Neste
estudo, estamos discorrendo sobre a “primeira ressurreição” (Ap 20.5). A ressurreição
dos salvos. O primeiro, ou “as primícias”, a dar início à primeira ressurreição, foi Jesus.
Ninguém reviveu, vencendo a morte física, antes dEle. Depois que Ele ressuscitou,
houve a ressurreição de muitos servos de Deus, que estavam nos sepulcros. “E
abriram-se os sepulcros, e muitos corpos de santos que dormiam foram ressuscitados”
(Mt 27.52); eles também fazem parte da primeira ressurreição; mais dois grupos
também farão parte desse evento glorioso: “as duas testemunhas” (Ap 11.1-12, ler
especialmente v. 12 - “subi cá”); e o último grupo dos “mártires”, que aceitarão a
Cristo na “grande tribulação” (Ap 7.9-17). Na revelação do Apocalipse, o próprio Jesus
Cristo diz a João: “Não temas; eu sou o Primeiro e o Ultimo e o que vive; fui morto,
mas eis aqui estou vivo para todo o sempre. Amém! E tenho as chaves da morte e do
inferno” (Ap 1.17b,18 - grifo nosso). A ressurreição dos mortos e a transformação dos
vivos será um processo de tão grande complexidade, que só pela fé podemos
acreditar. Como corpos que sequer existirão mais nos túmulos, ou desaparecidos em
meio a catástrofes, poderão se recompor e assumir a condição de corpos
incorruptíveis, glorios. Paulo diz: “E, quando isto que é corruptível se revestir da
incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da imortalidade, então, cumprir-se-á
a palavra que está escrita: Tragada foi a morte na vitória” (1 Co 15.54).

2. A Transformação dos Vivos

a) O processo da transformação.

De igual modo, a transformação do corpo dos vivos será algo inimaginável à


mente humana. Num instante, num átimo de tempo, “num momento, num abrir e
fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos
ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados” (1 Co 15.52). Como se
dará essa metamorfose? Não ousamos especular. Mas entendemos que o Criador,
que fez todas as coisas passarem a existir a partir do nada, também fará a
transformação dos corpos físicos, corrompidos e mortais se tornarem corpos
espirituais, semelhantes ao corpo glorioso de Cristo, ao ressuscitar ao terceiro dia,
da tumba em Jerusalém. Seu corpo, o mesmo que foi sepultado, ressurgiu
resplandecente, capaz de atravessar as paredes, e se deslocar no espaço sem
auxílio de qualquer objeto ou equipamento material. Ele deu uma amostra do que
seria o corpo ressurreto quando se transfigurou no monte da Transfiguração (Mt
17.2). Os salvos que estiverem vivos, quando da volta de Jesus, passarão por um
processo sobrenatural instantâneo, pelo qual serão, primeiramente,
transformados e, ato contínuo à ressurreição dos salvos, serão arrebatados com
eles. Diz a Bíblia: “depois, nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados
juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim
estaremos sempre com o Senhor” (1 Ts 4.17 - grifo nosso). A transformação dos
vivos é descrita por Paulo de forma bem interessante: “Eis aqui vos digo um
mistério: Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos
transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última
trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e
nós seremos transformados. Porque convém que isto que é corruptível se revista
da incorruptibilidade e que isto que é mortal se revista da imortalidade” (1 Co
15.5-53), O apóstolo ressalta a transformação sobrenatural do corpo corruptível
(que se decompõe) em um corpo incorruptível, que não pode mais envelhecer,
adoecer e morrer. Enfatiza a vitória sobre a morte, quando o corpo do salvo se
tornará imortal, pela ressurreição ou pela transformação, por se tomar espiritual
e glorificado.

b) A necessidade da transformação.

“A transformação dos vivos é necessária. Diz a Bíblia “que carne e sangue não
podem herdar o Reino de Deus, nem a corrupção herda a incorrrupção” (1 Co
15.50). Na condição natural, biológica, limitada, ninguém pode sequer chegar às
nuvens sem aparelhos especiais de sobrevivência. Astronautas usam trajes
espaciais, adaptados para a rarefação do ar atmosférico. Nas estações espaciais,
por mais modernas que sejam, os cientistas criam condições especiais para os que
nela passam alguns dias e têm que voltar à Terra. Os mortos, ao ressuscitarem,
terão corpo semelhante ao de Jesus, após sua ressurreição (Fp 3.21), e estarão de
imediato em condições de subir aos céus, sem auxílio de qualquer equipamento
fabricado pelo homem. Assim, a transformação é o processo sobrenatural, em
que o corpo, formado por tecidos, células, sangue e outros elementos físicos, será
transformado num corpo glorioso, idêntico ao dos ressuscitados, com que
poderão ir ao encontro do Senhor nos ares”, ou literalmente, nas nuvens.

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