Você está na página 1de 14

A Tábua de Esmeralda

Hermes Trimegisto

Este texto foi referendado por todos os alquimistas e dificilmente um alquimista não o sabia de cor ou
não o tinha anotado em local visível em seu laboratório, para constantes meditações. Este texto
alquímico foi escrito em uma esmeralda por Hermes Trimegisto e apesar de muito reduzido contém
todos os ensinamentos da alquimia, basta conseguir interpretá-lo.

Existem várias versões deste texto, porém com poucas distorções, isto deve ser devido as inúmeras
traduções de idiomas distintos. Transcreveremos esse texto, com um brevíssimo comentário entre
parênteses, notando que ele nos faz percorrer um périplo que vai da trindade humana (corpo, alma,
espírito), a uma trindade cósmica (mundo natural, mundo humano, mundo divino) para terminar na
trindade divina (Espírito, Essência, Energia-Vida).

I - "É verdadeiro, sem falsidade, certo e muito verdadeiro

(A verdade nos três mundos)

II - "que àquilo que está em cima é igual àquilo que está embaixo

(Lei da polaridade, da imantação)

e que àquilo que está embaixo é igual àquilo que está em cima,

(Lei da analogia, lei dos sinais de apoio)

para realizar os milagres de uma única coisa.

(Lei do Ternário e de série, lei das correspondências)

III - "E da mesma forma que todas as coisas foram e vieram do Um,

(Lei da unidade e da criação divinas, lei do Número)

assim todas as coisas nasceram desta coisa única por simples ato de adaptação.

(Lei da adaptação)

IV - "O Sol é seu pai, a Lua sua mãe, o vento a carregou em seu útero, a terra é sua ama de
leite.

(Os quatro elementos: Fogo (Sol), Água (a Lua, elemento úmido), Ar (o vento); Terra)

O Telesma (perfeição) de todo o mundo está aí.


Seu poder não tem limites sobre a Terra.

V - "Separarás os elementos da Terra daqueles do Fogo, o sutil do grosseiro,


cuidadosamente com grande habilidade.

(Arcano da salvação; separação do espírito (sutil) e da matéria (espesso); espiritualização)


Sobe da Terra para o Céu e torna a descer para a Terra e une para si próprio a força das
coisas superiores e inferiores...

(Leis da involução e da evolução)

Desse modo, obterás a glória do mundo e as trevas se afastarão de ti.

VI - "Esta coisa é a forte fortaleza de toda força,

(Lei do amor e do sacrifício)

pois vence toda coisa sutil e penetra em toda coisa sólida

(E pela lei do Amor que o Espírito move o universo)

VII - "Assim o mundo foi criado.

(Lei da realização. Amor e Sacrifício criam as obras duráveis)

VIII - "Conseqüentemente esta é a fonte das inúmeras e admiradas adaptações cujo meio
está aqui.

IX - "Por esta razão sou chamado Hermes Trimegistos, pois possuo as três partes da filosofia
universal."

(Conhecimento absoluto dos três planos do universo: divino, astral, físico)

"O que eu disse a respeito da operação do Sol está realizado e aperfeiçoado."


Tábua de Esmeralda

A famosa Tábua de Esmeralda sempre foi utilizada como ponto de partida para os estudiosos
da alma humana. Segundo dizem, neste pequeno texto, originariamente gravado em uma
esmeralda, estão encerrados os mais secretos segredos da vida. Alquimistas, filósofos, magos,
cabalistas, basearam suas pesquisas neste fragmento de sabedoria, atribuído a um sábio
egípcio chamado Hermes Trimegisto. Daí o motivo do nome hermetismo para generalizar as
diversas correntes ocultistas ao longo do tempo. Veja uma versão do texto da Tábua de
Esmeralda, seguido de uma breve interpretação pessoal.

"É verdade, correto e sem falsidade, que o que está em baixo, é como o
que está em cima, para realizar os milagres de uma coisa só.

Como todas as coisas derivam-se da Coisa Única, pela vontade Daquele


que as criou, pelo poder de sua palavra, assim também tudo deve a sua
existência a esta Unidade, pela ordem Natural criadora.

O Sol é o seu pai, a Lua é a sua mãe, o vento o transporta em seu


ventre, a terra é a sua nutriz. Este ente é o pai de todas as coisas do
Mundo. Seu poder é imenso e perfeito.

Separarás a terra do fogo, o sutil do denso, com muito cuidado e grande


habilidade. Ela sobe da terra ao céu e de novo descerá à terra, deste
modo recebe a força das coisas superiores e inferiores.

Por este meio terás a glória de todo o mundo quaisquer trevas afastar-se-
ão de ti. É a força forte de toda a força, pois vencerá toda a coisa sutil e
penetrará toda a coisa sólida. Assim foi criado o universo. E, Disto
surgem maravilhosas realizações, cujo meio está aqui.

Por isso sou chamado Hermes Trismegisto, porque possuo poder sobre
as três partes da sabedoria do mundo. O que eu disse da obra-mestra da
Arte Alquímica, a Obra Solar, aqui está dito e encerrado. Tudo".

De acordo com as premissas da alquimia interior, a tábua da esmeralda revela, simplesmente,


que existe um mundo espiritual que reflete tudo o que existe no mundo material ou vice-versa
já que tudo é uma coisa só. Todas as experiências positivas e negativas têm sua origem nos
níveis mais elevados da consciência. Com a compreensão destes segredos pode-se dominar o
quinto elemento, denominado pelos antigos alquimistas de quintessência, que consiste na
energia original criadora do Universo. O detentor deste poder pode descer aos abismos
infernais se fizer o seu uso incorreto; ou ascender aos céus inefáveis se fizer o uso adequado.

Na compreensão do código da Esmeralda está a chave de ouro que abre o Palácio da


Eternidade. Buscai e encontrareis esse conhecimento sagrado.
Aonde?
Dentro de você mesmo.
Como?
Somente através do estudo constante e da prática do autoconhecimento, será possível chegar
a um entendimento profundo das palavras transcritas na esmeralda por Hermes. Existem
diversas análises sérias e profundas acerca do texto acima. Entretanto, como se trata de um
texto iniciático, acreditamos que só através do estudo e da prática da alquimia interior, pode-se
chegar a uma interpretação segura acerca do texto.

Apenas para servir de estímulo e meditação sobre as verdades contidas na Tábua de


Esmeralda, apresentamos uma breve interpretação de caráter pessoal acerca do texto
iniciático de Hermes. Cada parte do texto será precedida de uma análise embasada nos
conceitos mais espiritualizados do hermetismo. Vejamos:

É verdade, correto e sem falsidade, que o que está em baixo, é como o que está em cima, para
realizar os milagres de uma coisa só. Aqui está confirmada a grande realidade esotérica de que
tudo se manifesta em diversos planos de consciência ao mesmo tempo. Isso pode ser atribuído
tanto à natureza do Universo em sua essência, quanto à nossa vida pessoal. Em outras
palavras; assim como a terra e o universo visível é uma manifestação limitada da natureza de
Deus; também somos uma pequena centelha da luz divina em expressão. Tudo o que está
acima nos mundos superiores, é como o que vemos aqui neste mundo. Tudo é uma coisa só.
Uma dimensão refletindo na outra e se relacionando mutuamente. Em nós ocorre processo
idêntico. As mais diversas correntes herméticas são unânimes em afirmar que refletimos em
nosso mundo fenomenológico tudo aquilo que vem do mais íntimo do nosso ser. Como o que
está em baixo é uma representação do mais elevado, nossa experiência é uma manifestação
direta daquilo que está dentro de nós. Isso é um grande segredo que, ao ser revelado aos
olhos internos, representa na aquisição de um "grande poder".Como todas as coisas derivam-
se da Coisa Única, pela vontade Daquele que as criou, pelo poder de sua palavra, assim
também tudo deve a sua existência a esta Unidade, pela ordem natural criadora.Esta
passagem nos faz refletir sobre a grande verdade de que tudo o que vemos, tocamos e
sentimos é uma manifestação do Poder Criador Universal que, modestamente, costumamos
chamar de Deus. Ele é plenitude, grandiosidade, onipresença e onipotência. É o Todo presente
em tudo. Os universos e tudo o que neles há, são partes integrantes desse poder sem limites.
A compreensão desta Verdade Absoluta simboliza a porta de entrada ao Templo de Luz, que
se abre ao Iniciado. Sem o reconhecimento de que tudo é manifestação do Único, não é
possível abrir as portas do Santuário. Esta é a Chave; a Senha.

O Sol é o seu pai, a Lua é a sua mãe, o vento o transporta em seu ventre, a terra é a sua
nutriz. Este ente é o pai de todas as coisas do Mundo. Seu poder é imenso e perfeito. Em
linguagem simbólica o sol representa o princípio masculino criador. É o poder ativo nos atos de
criação, enquanto a lua representa a passividade. Esta passagem representa, lucidamente,
uma alegoria aos processos criativos do homem, que é capaz de recriar sua vivência à maneira
de um deus. Aqui é apresentada a maneira universal utilizada em todo processo criativo, tanto
por Deus, quanto pelo homem. Nesta representação alegórica estão os segredos utilizados,
consciente ou inconscientemente, por todos os seres humanos em seus processos criadores; é
utilizado diariamente por todos, mas poucos sabem utilizá-lo de maneira metódica, consciente
e dirigida. Sabiamente o texto prescrito na esmeralda diz que este ente (ato criador) é o pai de
todas as coisas do mundo. Representa o quinto elemento ou a essência de toda criação divina
- e humana. No homem esse poder é acionado em todas as vezes que se alimenta um
pensamento, com as poderosas energias da fé e da vontade. Mas, atenção! A manifestação só
se concretiza quando a vontade e a fé tornam se parte integrante da alma. Esse é um segredo
hermético conhecido e reconhecido como o Grande Arcano. É utilizado para criar céu e inferno
em nossa vida, através de nossa própria maneira de agir e reagir diante do mundo. O perfeito
domínio desse poder consiste naquilo que se poderia chamar de "Pedra Filosofal". Quem tem
ouvidos para ouvir, ouça.

Separarás a terra do fogo, o sutil do denso, com muito cuidado e grande habilidade. Ela sobe
da terra ao céu e de novo descerá à terra, deste modo recebe a força das coisas superiores e
inferiores.
Aqui está o segredo para se conquistar o poder mencionado anteriormente, como o pai de
todas as coisas. Todo o lento labor alquímico - do ponto de vista da Alquimia Espiritual - tem
suas bases nestes preceitos. Separar o sutil do denso, ou seja: matéria e espírito. É
exatamente assim que se processa a elevação espiritual. Através do desligamento do mundo
dos fenômenos, nos momentos de oração ou meditação, elevamos o nosso ser da terra aos
céus. Se o processo for executado corretamente, desceremos dessa ascenção momentânea,
mais espiritualizados, cada vez mais adquirindo domínio sobre os poderes superiores e,
consequentemente, sobre os mais inferiores. Dessa forma, através de um processo de
evolução lento e contínuo, pode-se algum dia dominar a Arte Real e colaborar de forma
magnífica com o Criador de todas as coisas na concretização da Grande Obra. Por este meio
terás a glória de todo o mundo quaisquer trevas afastar-se-ão de ti. É a força forte de toda a
força, pois vencerá toda a coisa sutil e penetrará toda a coisa sólida. Assim foi criado o
Universo. E, disto surgem maravilhosas realizações, cujo meio está aqui.

Eis aqui o segredo dos segredos revelados aos olhos que podem enxergar e aos ouvidos
preparados para ouví-lo: a concretização da Grande Obra consiste, simplesmente, em dominar
e subjugar os quatro elementos em suas diversas naturezas, através de uma prática constante
de autoconhecimento e autodomínio. Exercer com maestria o poder da vontade inabalável é a
chave utilizada para abrir as portas do seu templo interior onde está resguardado dos olhos do
mundo o seu tesouro oculto. Como diz o antigo texto prescrito por Hermes, esse o domínio
desse poder (da forma correta, pode afastar as trevas), vencendo tudo o que é sutil e
penetrando tudo o que é sólido já que tudo é uma coisa só. O grande Hermes afirma,
concluindo, que é exatamente dessa forma que Deus criou o Universo e todas as coisas. Em
outras palavras: o Verbo Divino ou a força da vontade de Deus. Todo o cosmos foi criado pelo
poder de sua palavra (Verbo). O “Fiat Lux” (Faça-se a Luz) da criação. Esse mesmo poder foi
doado ao ser humano por herança divina. Temos o poder divino de criar aquilo que
imaginamos e cultivamos em nossa experiência de vida; seja o bem ou o mal. é por isso que a
Bíblia diz que somos feitos à imagem e semelhança de Deus. Porque temos o poder de criar,
assim como ele.

“Por isso sou chamado Hermes Trismegisto, porque possuo poder sobre as três partes da
sabedoria do Mundo. O que eu disse da obra-mestra da Arte Alquímica, a Obra Solar, aqui está
dito e encerrado. Tudo".

Hermes aqui se auto-entitulava Trimesgisto (três vezes grande) porque dominava os três
aspectos da sabedoria do mundo: física, mental e espiritual. Através da conquista dessa Arte
era capaz de executar a Grande Obra com êxito.
Podemos fazer o mesmo.
O divino Mestre Jesus não estava brincando quando disse que qualquer um de nós poderia
realizar milagres e curas maiores que as que ele próprio executou.

Como?

A resposta está em uma outra frase proferida pelo Divino Mestre em outra ocasião:

"... sede perfeitos como o vosso Pai Celeste" - disse Ele.

Difícil?

Quase impossível!

Como?

Através de um trabalho lento, persistente e contínuo, que pode durar um tempo além daquilo
que podemos calcular através de uma visão puramente materialista.

Ajude-nos a disseminar idéias que constroem. Envie o texto desta página para alguém que
você estima, Clicando aqui

Sex, 05 de Fevereiro de 2010

• Home

• A Soc. Teosófica
o ST Internacional

 História

 Presidentes

 Emblema

 Sites pelo Mundo


o A ST no Brasil

 Fundação

 Lojas e Gets

• A Loja
o Constituição
o Nossa Missão
o Como Chegar
o Fotos da Loja
o Visitas Ilustres

 Radha Burnier

 Vicente Hao

 Juan Viñas

 Mary Anderson
o Novidades

• Programação
o Palestras
o Cursos

• Arquivos
o Artigos
o Áudio
o Vídeos
o Ebooks

• Contato

Nome de Usuário
Digite sua Senha
Esqueceu sua Senha? Esqueceu seu Nome? Quero me Registrar

Nossa Livraria

Categorias

Teosofia

Cabala

Budismo

Gnose

Hinduísmo

Cristianismo

Hermetismo

Maçonaria

Ocultismo

Meditação

Yoga

Auto Ajuda
Teosofia Cabala Budismo Gnose Hinduísmo Cristianismo Hermetismo Maçonaria Ocultismo Meditação
Yoga Auto Ajuda
Procurar Livro

Pesquisar

Meu Carrinho

O seu Cesto encontra-se vazio no momento.

Sites Recomendados
• Sede Internacional
• Sede Nacional

• Centro Teosófico Raja

• Instituto Teosófico

• Vedanta Spiritual Library

Enquete
Do que você mais gosta?
Ler Artigos

Escutar áudio

Assistir videos

Baixar ebooks

Livros em Destaque
O Corpo Etérico do Homem

Dentro da Luz
Ciência Secreta, A (vol. 2)

Chegando onde você está

Home Arquivos Artigos Explicação da Tábua de Esmeralda

Explicação da Tábua de
Esmeralda
Ter, 01 de Julho de 2008 18:17
Autor: Hortulano

Prefácio

Alguns autores dizem que o verdadeiro nome de Hortulano é Jones Grasseus, que teria vivido no século
XV; o historiador A. E. Waite, na obra A Irmandade Rosa-Cruz, menciona um alquimista parisiense do
século XIV de nome Ortholanus, autor de uma Alquimia Prática e de uns Comentários à Tábua de
Esmeralda; já Julius Évola, em seu livro A Tradição Hermética, cita Ortulano e os Comentários à Tábua
Esmeraldina, que aparecem como parte da Bibliothèque des Philosophes Chimiques, compilação de textos
e autores de Alquimia realizada por Salmon no século XVIII. Mas não se sabe com certeza quem foi
Hortulano, uma vez que este seguiu o costume comum entre os alquimistas, que realizavam seu trabalho
na segurança do segredo e do anonimato.

Louvor, honra e glória lhe sejam dadas para sempre, Oh! Senhor Deus Todo Poderoso! com vosso querido
filho Jesus Cristo, nosso Salvador, verdadeiro Deus e único Homem Perfeito, e com o Santo Espírito
Consolador – Trindade Santa –, Vós que sois o único Deus. Dou-Vos graças porque, havendo conhecido
as coisas passageiras deste mundo, inimigo nosso, vós me retirastes dele, por vossa misericórdia, para
que eu não fosse pervertido por suas voluptuosidades enganosas. E como vejo a muitos que trabalham
nessa arte não seguirem o reto caminho, suplico-vos, meu Senhor e meu Deus, que, se assim lhe
aprouver, eu possa desviar do erro, pela ciência que me destes, a todos meus queridos e bem amados, a
fim de que, conhecendo a verdade, possam louvar vosso Santo Nome, que seja eternamente bendito.
Assim, pois, eu, Hortulano, – isto é, Jardineiro –, assim chamado por causa dos jardins marítimos, indigno
como sou de ser chamado discípulo da Filosofia, movido pela amizade que devo a meus amados, quis
deixar escrita a declaração e explicação das palavras de Hermes, pai dos Filósofos, ainda que sejam
obscuras, aclarando sinceramente toda a prática da verdadeira Obra. Certamente, de nada serve que os
Filósofos queiram esconder a ciência em seus escritos quando está operando a doutrina do Espírito Santo.

CAPÍTULO I
A Arte da Alquimia é Certa e Verdadeira

O Filósofo disse: “é verdade”, referindo-se a que a arte da Alquimia nos foi dada. “Sem mentira”, disse,
para convencer a quem diz que a ciência é mentirosa ou falsa. “Certo”, isto é, experimentando, pois tudo o
que foi experimentado é muito certo. E “muito verdadeiro”, pois o muito verdadeiro Sol é procriado pela
arte. Disse “muito verdadeiro” em modo superlativo, porque o Sol engendrado por esta arte ultrapassa a
todo Sol natural em todas suas propriedades, tanto medicinais como outras.

CAPÍTULO II
A Pedra se Dividirá em duas Partes

Continuando sua exposição, trata da operação da pedra, dizendo que “o que está embaixo é igual ao que
está em cima”. Disse isso porque, pelo Magistério, a pedra se divide em duas partes principais: a parte
superior, que vai para cima, e a inferior, que permanece embaixo, fixa e clara. E, sem dúvida, estas duas
partes são semelhantes em virtude, daí haver dito: “O que está em cima é como o que está embaixo”.
Certamente, esta divisão é necessária. “Para fazer os milagres de uma só coisa”, isto é, da Pedra, pois a
parte inferior é a Terra, a nutriente e o fermento; a parte superior é a Alma, que vivifica toda a Pedra e a
ressuscita. Por isso, uma vez realizadas a separação e a conjunção, aparecem os “numerosos milagres”
na Obra secreta da Natureza.

CAPÍTULO III
A Pedra Possui, em si Mesma, os Quatro Elementos

E “do mesmo modo que todas as coisas são e vêm do Uno por mediação do Uno”. Aqui o Filósofo
exemplifica, dizendo que todas as coisas “são e vêm do Uno”, isto é, de um globo confuso ou de uma
massa confusa, “por mediação”, quer dizer, pelo pensamento e pela criação do Uno, ou seja, de Deus
Todo Poderoso. Assim, todas as coisas nasceram, ou saíram, desta coisa única, que é uma massa
confusa, “por adaptação”, unicamente pelo mandato e milagre de Deus, assim, nossa Pedra nasce e surge
de uma massa confusa, que contém em si todos os elementos e que foi criada por Deus, e por seu milagre
nossa Pedra sai dali e nasce.

CAPÍTULO IV
A Pedra tem Pai e Mãe,
que são o Sol e a Lua

Do mesmo modo que vemos um animal gerar naturalmente outros animais com ele parecidos, assim o Sol
gera artificialmente o Sol, pela virtude da multiplicação da pedra, e por isso continua: “o Sol é seu Pai” – o
Ouro dos Filósofos. E, dado que em todas as gerações naturais há de haver um lugar próprio para receber
as sementes com certa conformidade de semelhança entre suas partes, assim também é preciso que,
nesta geração artificial da Pedra, o Sol tenha uma matéria que seja a matriz adequada para receber seu
esperma e sua tintura. E isto é a Prata dos Filósofos, por isso continua dizendo: “a Lua é sua mãe”.

CAPÍTULO V
A Conjunção das Partes é a
Concepção e a Geração da Pedra

Quando ambos se recebem um ao outro na concepção da Pedra, esta é engendrada no seio do Vento, e
isto é dito em seguida: “O Vento a trouxe em seu seio”. Sabe-se que o Vento é o ar, e o ar é vida, e a vida
é a alma, que, como já foi dito antes, vivifica a Pedra. Assim, pois, é necessário que o Vento traga toda a
Pedra e a transporte, gerando o Magistério. Disso se infere que a Pedra deva receber o alimento de sua
nutriente, a Terra. Disse ainda o Filósofo: “a Terra é sua nutriente”. Pois, como a criança que sem o
alimento que recebe de sua mãe não cresceria jamais, assim também nossa Pedra jamais chegaria a
existir sem a fermentação da Terra, e o fermento se chama alimento. Deste modo, por conjunção do pai
com a mãe se gera os filhos, semelhantes aos pais, e que, se são submetidos a um demorado cozimento,
tornar-se-ão semelhantes à mãe e terão o peso do pai.

CAPÍTULO VI
A Pedra é Perfeita se a Alma se Fixa no Corpo

Continua: “O pai de tudo, o Telesma de todo o mundo está aqui”. Isto é, na obra da Pedra há uma via final.
E nota que o Filósofo chama a operação de o “pai de tudo”, o “Telesma”, ou seja, de todo o tesouro ou
segredo de todo o mundo, ou ainda, de toda Pedra que se tenha podido encontrar neste mundo. “Está
aqui”, como se dissesse: “aqui te mostro”. Pois o Filósofo disse: “Queres que mostre quando está acabada
e perfeita a força da Pedra? Será quando ela se tenha transformado e convertido em sua Terra”, por isso
disse: “sua força e potência serão completas, isto é, perfeitas, converte-se e se transforma em Terra”. Isto
é, se a alma da Pedra (da qual antes se fez menção, dizendo que a alma é chamada Vento ou Ar e que
nela está toda a vida e força da Pedra) se transforma em Terra da Pedra e se fixa, de tal maneira que toda
a substância da Pedra esteja de tal modo unida à sua nutriente (a Terra) que toda a Pedra se transforme
em fermento. De igual modo, quando se faz pão, um pouco de levedura nutre e fermenta uma grande
quantidade de massa, mudando assim toda a substância da pasta em fermento, da mesma maneira o
Filósofo indica que nossa Pedra terá de ser fermentada de modo a servir, ela mesma, de fermento para
sua própria fermentação.

CAPÍTULO VII
A Purificação da Pedra

Continuando, ensina como se há de multiplicar a Pedra mas, antes, faz referências à purificação da
mesma e à separação de suas partes, dizendo: “Separarás a Terra do Fogo, o sutil do espesso,
suavemente e com grande perícia”. “Suavemente”, ou seja, pouco a pouco e sem violência, ou melhor,
com espírito e habilidade, e por meio do excremento ou esterqueiro filosofal. “Separarás”, isto é,
dissolverás, pois a dissolução é a separação das partes. “A Terra do Fogo, o sutil do espesso”, isto é, a
sujeira e a imundície do Fogo, do Ar, da Água e de toda a substância da pedra, de modo que permaneça,
em sua totalidade, sem mancha alguma.

CAPÍTULO VIII
A Parte não Fixada da Pedra há
de se Separar da Parte Fixa e Elevar-se

Assim preparada, a Pedra já pode ser multiplicada. Por isso, aqui coloca a multiplicação e fala da fácil
liquefação ou fusão desta por aquela, virtude que tem de ser penetrante nos corpos densos e sutis,
dizendo: “Subirá da Terra ao Céu e de novo descerá à Terra”. Aqui, há que indicar que, ainda que nossa
Pedra, durante sua primeira operação se divida em quatro partes – os quatro elementos –, existem nela
duas partes principais, como já se disse antes: uma que sobe, chamada não fixa ou volátil, e outra que
permanece fixa embaixo, chamada Terra ou fermento. Mas há que se ter uma grande quantidade da parte
não fixa para se dar à Pedra quando esta estiver limpa e sem manchas, e terá que ser dada por meio do
Magistério tantas vezes quantas sejam necessárias, até que, por virtude do Espírito, ao sublimá-la e fazê-
la sutil, toda a Pedra seja levada para cima. Disto fala o Filósofo quando diz: “Sobe da Terra ao Céu”.

CAPÍTULO IX
Logo Terá de ser Fixada a Pedra Volátil

Feito tudo isso, há que se incinerar esta pedra (assim exaltada e elevada ou sublimada), com o azeite
extraído dela mesma durante a primeira operação, chamado água da Pedra. E se a fará retornar amiúde,
sublimando-a, até que, pela virtude da fermentação da Terra (com a Pedra elevada ou sublimada), toda a
Pedra desça ao seio da Terra por reiteração, permanecendo fixa e fluida. É isso que disse o Filósofo: “...e
descerá de novo à Terra, deste modo recebe a força das coisas superiores”, sublimando, “e das
inferiores”, descendo, isto é, o corporal se tornará espiritual durante a sublimação e o espiritual se tornará
corporal durante a descida, quer dizer, quando se reveste de matéria.

CAPÍTULO X
Da Utilidade da Arte e da Eficácia da Pedra

“Por esse meio, terás a glória do mundo”, isto é, com esta Pedra, assim composta, terás a glória de todo o
mundo e “toda a obscuridade se afastará de ti”. Quer dizer, toda pobreza e enfermidade. “É a força forte
de toda força”, pois não há comparação entre a força desta Pedra e as outras forças deste mundo, “pois
vencerá toda coisa sutil e penetrará toda coisa sólida”. “Vencerá”, ou seja, ao vencer e ao elevar-se,
transformará e mudará o mercúrio vivo, congelando-o, por mais que seja sutil e brando, e penetrará os
demais metais, que são corpos duros, sólidos e firmes.

CAPÍTULO XI
O Magistério imita a criação do Universo

Continuando, o Filósofo dá um exemplo da composição de sua Pedra, dizendo: “Assim foi criado o
mundo”. Assim, temos que nossa pedra se faz da mesma maneira que foi criado o mundo, pois as
primeiras coisas de todo o mundo, e tudo o que no mundo tenha havido foi previamente uma massa
confusa, sem ordem, um caos, como dito antes. E, depois, por artifício do soberano Criador, essa massa
confusa, após ter sido admiravelmente separada e retificada, foi dividida em quatro elementos; e, devido a
tal separação, são feitas diversas e diferentes coisas. Assim também se pode fazer diversas e diferentes
coisas pela produção e disposição de nossa Obra e pela separação dos elementos dos diversos corpos.
“Disso sairão admiráveis adaptações”, isto é, se separas os elementos, far-se-ão as admiráveis
composições próprias de nossa Obra, na composição de nossa Pedra, por conjunção dos elementos
retificados. Das quais, isto é, destas coisas admiráveis e adequadas a tal fim, o “meio”, quer dizer, o meio
de proceder “está aqui”.

CAPÍTULO XII
Declaração Enigmática da Matéria da Pedra

“Por isso sou chamado Hermes Trismegisto”, isto é, Mercúrio três vezes muito grande. Depois de haver
mostrado a composição da Pedra, o Filósofo declara, de modo enigmático, de que é feita nossa Pedra,
nomeando-se a si mesmo. Em primeiro lugar, para que seus discípulos, quando chegarem a esta ciência,
recordem-se sempre de seu nome. Sem dúvida, aquilo com que se faz a Pedra é tratado a seguir, quando
ele diz: “Porque tenho as três partes da Filosofia de todo o mundo”, que estão, as três, contidas em nossa
Pedra, isto é, no Mercúrio dos Filósofos.

CAPÍTULO XIII
Por que se diz que a Pedra é Perfeita?

Diz-se que essa Pedra é perfeita porque ela tem, em si, a natureza das coisas minerais, vegetais e
animais, daí ser chamada tríplice e também tri-una, isto é tríplice e única, que possui em si quatro
naturezas, os quatro elementos, e três cores: o negro, o branco e o vermelho. Ela também é chamada
“Grão de trigo”, que, se não morre, fica sozinho; porém, se morre, (como antes se disse quando se falou
da conjunção) trará muitos frutos, assim que as operações de que temos falado se cumpram. Oh, amigo
leitor! Se já sabes a operação da Pedra, verás que te disse a verdade; se não a sabes, não te disse nada.
“O que foi dito da Operação do Sol está cumprido e acabado”. O que se disse da operação da Pedra de
três cores e de quatro naturezas que estão em uma única coisa, a saber, no Mercúrio Filosofal, está
cumprido e acabado.

Copyright © 2010 Teosofia - Loja Teosófica Liberdade. Todos os direitos reservados.

Você também pode gostar