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ISBN 978-85-7856-014-0
Edição 2009
Impresso no Brasil - Tiragem 150 exemplares
Av. Agamenon Magalhães, s/n - Santo Amaro
Recife - Pernambuco - CEP: 50103-010
Fone: (81) 3183.3691 - Fax: (81) 3183.3664
5
Leitura
e
Produção
de Texto
Prof. Dr. Jairo Nogueira Luna
Carga Horária | 15 horas
Apresentação
Leitura
e
Produção
de Texto
Prof. Dr. Jairo Nogueira Luna
Carga Horária | 15 horas
Objetivos Específicos
Leitura de texto poético e Leitura de texto em prosa;
Interpretação e relação intertextual do texto;
O paradigma literário: um texto tem sempre “link” para outros textos.
Textos Complementares
mond.com.br
http://www.carlosdrum o
contém entrevista com
– existe um vídeo que
poeta.
sia.jor.br/drumm.html
http://www.jornaldepoe mm ond .
s crít ico s sob re Dru
– contém poesias, artigo
asilei-
/Apostilas/LiteraturaBr Figura 1. Carlos Drummond de Andrade
http://www.jayrus.art.br mond_
sia_de_ 30/ Car los _Dr um
ra/Modernismo30/Poe
de_Andrade_poesia.htm mmond.
gia de poesias de Dru
– do nosso site, antolo
8 Fascículo 1
Texto Complementar
a (Drum- Confidência do Itabirano
partes de Claro Enigm
Análise da Estrutura das
rnando Pes soa )
mond) e Mensagem (Fe sinade- Alguns anos vivi em Itabira
Jay ro Lun a – disponível em www.u
Por : Prof. Dr. Principalmente, nasci em Itabira.
letras.com.br Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.
Noventa por cento de ferro nas calças.
Oitenta por cento de ferro nas almas.
O Poema, no estilo modernista, em versos livres
E esse alheamento do que na vida é porosidade e
(sem métrica) e sem esquemas de rimas (verso bran- comunicação.
co), traz um conjunto de lembranças da “infância”
do poeta, trabalhadas num processo criativo de A vontade de amar, que me paralisa o trabalho,
apreensão da realidade. O modo como o poeta se vem de Itabira, de suas noites brancas, sem mulheres
coloca no espaço familiar (pai, mãe, irmão), cada e sem horizontes.
um deles praticando uma ação eternizada no tem- E o hábito de sofrer, que tanto me diverte,
po pela lembrança: o pai andando a cavalo, a mãe É doce herança itabirana.
Fascículo 1 9
Texto Original
Figura 3. ROBINSON_CRU-
SOÉ IMAGEM: Ilustração de Paráfrase
uma das edições do livro de
Daniel Defoe, A Vida e as Estra-
nhas Aventuras de Robinson Meus olhos brasileiros se fecham saudosos
Crusoé Minha boca procura a ‘Canção do Exílio’.
Como era mesmo a ‘Canção do Exílio’?
10 Fascículo 1
Eu tão esquecido de minha terra... O nome Palmares, escrito com letra minúscu-
Ai terra que tem palmeiras la, substitui a palavra palmeiras; há um contexto
Onde canta o sabiá! histórico, social e racial neste texto. Palmares é o
quilombo liderado por
(Carlos Drummond de Andrade, “Europa, França e Bahia”). Zumbi, foi dizimado em
1695. Há uma inversão
Este texto de Gonçalves Dias, “Canção do Exílio”, do sentido do texto pri-
é muito utilizado como exemplo de paráfrase e de mitivo que foi substituí-
paródia; aqui o poeta Carlos Drummond de An- do pela crítica à escravi-
drade retoma o texto primitivo, conservando suas dão existente no Brasil.
ideias, não havendo mudança do sentido principal
do texto que é a saudade da terra natal.
Paródia
Figura 4a. Intertextualida-
de – Monalisa: Monalisa de
A paródia é uma forma de contestar ou ridiculari- Leonardo Da Vinci, célebre
zar outros textos; há uma ruptura com as ideologias obra do Renascimento Ita-
liano, ícone de inúmeras
impostas e, por isso, é objeto de interesse para os recriações na arte contem-
estudiosos da língua e das artes. Ocorre, aqui, um porânea e na mídia.
choque de interpretação, a voz do texto original é
retomada para transformar seu sentido, levando o
Figura 4. Intertextualida-
leitor a uma reflexão crítica de suas verdades in- de – Bombril: exemplo de
contestadas anteriormente. Com esse processo, há paródia é a propaganda
uma indagação sobre os dogmas estabelecidos e que faz referência à obra
prima de Leonardo Da
uma busca pela verdade real, concebida através do Vinci, Mona Lisa.
raciocínio e da crítica. Os programas humorísticos
fazem uso contínuo dessa arte.
Textos Complementares
Frequentemente os discursos de políticos são abor- mares
wiki/Quilombo_dos_Pal
dados de maneira cômica e contestadora, provo- http://pt.wikipedia.org/
Palmares.
sobre o Quilombo dos
cando risos e também reflexão a respeito da de- - verbete da Wikipédia
magogia praticada pela classe dominante. Com
como elemento de
o mesmo texto utilizado anteriormente, teremos, O autobiográfico po-
meiro caderno de
agora, uma paródia. vanguarda em pri
Andrade
esia de Oswald de el
gueira Luna – disponív
Texto Original Por: Prof. Dr. Jairo No
.br
em www.usinadeletras.com
Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá,
As aves que aqui gorjeiam Intertextualidade
Não gorjeiam como lá.
Por: Ivete Lara Camargos Walty e Maria Zilda Ferrei-
(Gonçalves Dias, “Canção do exílio”).
ra Cury (disponível em: http://www2.fcsh.unl.pt/edtl/verbetes/I/
intertextualidade.htm)
Paródia
Nesta unidade, tomamos conhecimento das relações
Minha terra tem palmares de intertextualidade entre textos. Usamos, para isso,
onde gorjeia o mar a leitura de um poema de Carlos Drummond de An-
os passarinhos daqui drade que faz referência ao personagem de Daniel De-
não cantam como os de lá.
foe, Robinson Crusoé. Conhecemos um pouco sobre
(Oswald de Andrade, “Canto de regresso à pátria”).
o poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade e
um pouco sobre o romancista inglês do século XVIII,
Daniel Defoe. Como se pode notar na constituição da
Fascículo 1 11
própria palavra, intertextualidade significa relação en- 1. No texto 2, lê–se “Robinson Crusoé herda
tretextos. Considerando-se texto, num sentido lato, desta história o mito da solidão”. Neste as-
como um recorte significativo feito no processo inin- pecto, como foi a infância de Drummond?
terrupto de semiose cultural, isto é, na ampla rede de Havia solidão?
significações dos bens culturais, pode-se afirmar que a
intertextualidade é inerente à produção humana. O 2. Ainda, no texto 2, lê -se “O romance sim-
homem sempre lança mão do que já foi feito em seu boliza a luta do homem só contra a nature-
processo de produção simbólica. Falar em autonomia za, a reconstituição dos primeiros rudimen-
de um texto é, a rigor, improcedente, uma vez que ele tos da civilização humana, testemunhada
se caracteriza por ser um “momento” que se privilegia apenas por uma consciência e dependente
entre um início e um final escolhidos. Assim sendo, o de uma energia própria.” Neste aspecto,
texto, como objeto cultural, tem uma existência física como era a organização social da família
que pode ser apontada e delimitada: um filme, um de Drummond? Que elementos do poema
romance, um anúncio, uma música. Entretanto, esses fundamentam sua resposta?
objetos não estão ainda prontos, pois se destinam ao
olhar, à consciência e à recriação dos leitores. Cada 3. Sexta-feira, o companheiro nativo que Cru-
texto constitui uma proposta de significação que soé, náufrago, encontrou na ilha era o ele-
não está inteiramente construída. A significação mento humano que permitia ao herói uma
ocorre no jogo de olhares entre o texto e seu des- atitude de espelhamento (em que medida
tinatário. Este último é um interlocutor ativo no sou diferente do outro?) e de dominação
processo de significação, na medida em que par- (o europeu colonizador sobre o nativo co-
ticipa do jogo intertextual tanto quanto o autor. lonizado). Nesse aspecto, que elemento
A intertextualidade acontece tanto na produção familiar de Drummond permite uma com-
como na recepção da grande rede cultural, de que paração com a questão da dominação e da
todos participam. Filmes que retomam filmes, qua- colonização?
dros que dialogam com outros, propagandas que
se utilizam do discurso artístico, poemas escritos 4. No poema de Drummond, a leitura da obra
com versos alheios, romances que se apropriam de de Daniel Defoe teve um impacto sobre a
formas musicais, tudo isso são textos em diálogo consciência do leitor? E essa leitura, poste-
com outros textos: intertextualidade. riormente, permitiu ao poeta compreender a
realidade em que ele vivia? Comente.
SAIBA MAIS!
3. A Compreensão na Leitura
Atividade Crítica/Refl
exiva
al
RUM TEMÁTICO, qu Segundo Mary A. Kato, para que uma leitura se
Agora discuta, no FÓ s
a da importância da efetive como processo de comunicação e de aqui-
sua opinião acerc
para a compreensão sição e desenvolvimento de conhecimento, é pre-
relações intertextuais a
modo, parece que ciso considerar alguns fatores, como: a) o grau de
da leitura. De certo o as
tor ir descobri nd
necessidade de o lei um
maturidade do leitor, b) o nível de complexidade
is também implica
relações intertextua e
do texto, c) o objetivo da leitura, d) o grau de co-
e demanda pesquisa
esforço de leitura qu a?
nhecimento prévio do assunto trato, e) do estilo
nto. Você co nc ord
busca do conhecime individual do leitor. Nesses tópicos, discutiremos
esses aspectos com vistas ao entendimento do pro-
cesso de leitura.
Atividades de Leitura | Agora que você
leu os dois textos, pode traçar uma relação en- O processo de Comunicação ocorre quando o
tre ambos, em busca de melhor compreender emissor (ou codificador) emite uma mensagem (ou
porque Drummond conclui que sua infância sinal) ao receptor (ou decodificador) por meio de
foi mais bonita do que a história de Robinson de um canal (ou meio). O receptor interpretará a
Crusoé. Na busca dessa compreensão, é que mensagem que pode ter chegado até ele com al-
propomos que resolva as questões a seguir: gum tipo de barreira (ruído, bloqueio, filtragem) e,
12 Fascículo 1
a partir daí, dará o feedback ou resposta, comple- Linguagem não-verbal: as pessoas não se comuni-
tando o processo de comunicação. cam apenas por palavras. Os movimentos faciais
e corporais, os gestos, os olhares, a entoação são
também importantes: são os elementos não-verbais
da comunicação.
SAIBA MAIS!
Obra citada: é
leitura por Elias Thom
Freit as-Maga- A sedutora história da stir qu an do
começa a exi
lhães, A. (2007). Saliba. Um livro só co-
o ab re. – texto em que Saliba
um leitor és da
A Psicologia tido da leitura atrav
menta acerca do sen a, dis po -
das Emoções: ista História Viv
história, artigo da rev
O Fascínio do nível em: to-
s/a_sedutora_his
.br/historiaviva/artigo
Rosto Huma- http://www2.uol.com
no. Porto: Edi- ria_da_leitura.html
ções Universi-
dade Fernando
Pessoa. Atividade Crítica/Reflexiva | Você já pen-
sou que temos diferentes estilos de leitura, isto
Figura 6. Lecture-Renoir: Nes- é, que cada pessoa tem um modo, ou um hábi-
se quadro de Renoir, notemos
como o ato de ler se transforma
to de ler diferente de outra, alguns gostam de
em texto pictórico para o qua- ler ouvindo música, outros no mais absoluto
dro impressionista. silêncio, uns leem com o marca-texto sempre
em mãos, outros ainda leem sem qualquer apa-
rato e em qualquer lugar. Discuta acerca das
necessidades de lugar e tempo para o ato de ler
Textos Complementares no FÓRUM TEMÁTICO da Sala Virtual da
preen-
/wiki/Pedagogia_da_com
http://pt.wikipedia.org Disciplina.
são_existencial
a
comenta acerca de um
- texto da Wikipédia que
ensão existencial.
pedagogia da compre
4. A Leitura Através da História
/2008/01/compre-
http://dererummundi.blogspot.com
enso-na-leitura.html Sempre se leu da mesma forma que o homem
contemporâneo lê hoje?
Este post escrito por João Boavida, Professor da
Os egípcios, por exemplo, usavam os hieróglifos.
Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação
Neste tópico, discutiremos diferentes processos
da Universidade de Coimbra, e publicado no
de leitura, ligados diretamente ao modo como a
Diário AS BEIRAS em 20/11/07 vem muito a
escrita se desenvolveu. Já notou como as línguas
propósito da recente polêmica sobre o ensino da
orientais têm um processo de escrita e de leitura
língua portuguesa do ensino básico, que, em bre-
completamente diferente do nosso, fundamentado
ve, será discutido na Assembleia da República.
nos ideogramas? E alguns povos que leem em sen-
14 Fascículo 1
tido inverso da linha ao nosso. Pois, então, neste desenrolado e lido, a utilização das duas mãos; o
tópico, discutiremos esses aspectos. Códex depositado em uma mesa pode ser lido sem
o auxílio das mãos, liberando-as para o exercício de
anotações. As mudanças, como se vê, eram signifi-
cativas: tornava-se possível a redução dos custos de
fabricação e, ao mesmo tempo em que se facilitava
a leitura, concedia-se ao leitor a oportunidade de
anotar, comparar e criticar o texto lido.
No século XXI, proliferaram dezenas de novos mo- vencionais, inscritos na parte inferior da última
delos de suporte para leitura. Desta vez, tinha-se página e repetidos na página seguinte. O termo
a impressão de que voltaríamos ao passado. Sim, codex aureus designa um volume com letras dou-
porque o texto estava mais uma vez rolando em radas, gravadas em folhas pigmentadas com um
algo, desta vez, não através do Vólumen, mas pelo corante púrpura, o murex. Os espécimes existentes
Écran (tela do computador) e com a ajuda da barra datam dos séculos VIII e IX. No século XI, passou-
de rolagem. O texto eletrônico permite, de alguma se a marcar a continuidade dos cadernos, escreven-
forma, que possamos ler num suporte muito próxi- do, no fim da última página, a primeira palavra do
mo ao modelo do caderno, em termos de tamanho caderno seguinte. No século XIII, quase todos os
e peso, porém como se fosse em rolos. O Vólumen códices eram assinalados dessa forma, e, no século
levava os pensamentos ali escritos em uma unida- XVI, a prática se generalizou.
de. O caderno, tão moderno e tão sofisticado em
si, leva folhas presas, grampeadas ou costuradas. A partir do século XII, quando surgiram as univer-
sidades, e o pensamento ocidental experimentou
Da evolução do Vólumen ao Écran, passamos pelo uma completa renovação, a demanda de códices se
Códex e chegamos aos eBooks. multiplicou extraordinariamente e desenvolveu-se
uma nova indústria, que pouco devia à da época
Fonte: Revista Editor - trechos do artigo “O Livro Digital” romana. As cidades universitárias acolhiam todos
por José de Mello Jr. ANO 2 - Nº 8 - Fevereiro/Março 2000 os que participavam da fabricação dos livros, desde
copistas e encadernadores até comerciantes.
Idade Média. A partir do século VII, passou-se a Foi também frequente a redação de códices sobre
assinalar o fim do caderno por meio de sinais con- pergaminhos anteriormente escritos e depois ras-
16 Fascículo 1
SAIBA MAIS!
r/Paleo1.html
http://www.ingers.org.b Figura 9. Semana de 22: na foto, o grupo de Moder-
erca da importância
- Interessante texto ac nistas que organizou a Semana de Arte Moderna de
1992, em São Paulo. Em primeiro plano, agachado,
da Paleografia. s Oswald de Andrade.
erca da evolução da
Traz também link ac
ino.
letras no alfabeto lat
a,
ao que se tem notíci
Santo Agostinho foi, e rec on he ci-
ssoas qu
uma das primeiras pe
tica da leitura silen-
dame nte exe rci a a prá Textos Complementares
de Média e a Antigui-
ciosa. Durante a Ida
ia sempre com a voz, http://pt.wikipedia.org
/wiki/Niilismo
dade, a leitura se faz
Na leitura silenciosa, acerca do Nihilismo
mesmo estando só. - verbete da Wikipédia
a voz interna, mental,
o leitor imagina um
ras num sentido abs- ismo.htm
que articula as palav http://www2.fcsh.unl.p
t/edtl/verbetes/N/nihil
trato, imaginário. rca do significado do Nihilismo.
- Artigo interessante ace
Fascículo 1 17
falar popular cotidiano que inclui repetições, pa- Na última estrofe, as palavras “Ninguém”, “Nem”
ralelismos. e “Não” mantêm o ritmo por meio da articulação
de orações e frases que abrem, findando o poema
O início do poema: com o mote “Eu tomo alegria”, em que o verbo
tomar ressurge com sua força para encerrar o po-
“Uns tomam éter, outros cocaína. ema. Assim “Não sei Dançar” é, de certo modo, a
Eu já tomei tristeza, hoje tomo alegria. proposição de uma nova dança, um novo ritmo,
Mas o cálculo das probabilidades é uma pilhéria... que surge em oposição às regras versificatórias tra-
Abaixo Amiel! dicionais, em que o verso livre é mais uma contra-
E nunca lerei o diário de Maria Bashkirtseff.”
dança do que a dança. A pluralidade de ritmos não
é o caos rítmico, mas, a aproximação da linguagem
Os dois primeiros versos nos propõem quatro ora-
poética à riqueza polifônica do falar da língua
ções centradas no verbo “tomar” em que os obje-
portuguesa.
tos (éter, cocaína, tristeza e alegria) criam uma rede
significante baseada num ritmo veloz e musical. A
Em “Poema do Beco” (Estrela da Manhã, 1936), a
oração adversativa do verso seguinte rompe o rit-
síntese rítmica é conseguida com um choque brus-
mo fundado nos versos anteriores; o grito excla-
co, um fim surpreendente num poema de dois ver-
mativo do verso seguinte desordena ainda mais a
sos, de caráter prosódico em que a expressão inter-
musicalidade, criando a surpresa e aumentando a
rogativa “Que importa?”, comum na fala popular,
vocalização do poema; o verso final da estrofe, ini-
é concluída com um verso iniciado em travessão,
ciado com uma conjunção aditiva, retoma o tom
que pela concisão e brevidade nos causa estranha-
do ritmo do terceiro verso.
mento: “-O que eu vejo é o beco”. Assim os termos
do verso anterior ficam ambiguizados, relativizados
Henri Fredéric Amiel, poeta e filósofo suíço do
entre a denotação e a conotação: “Glória”, “baía”,
século XIX, cuja principal obra é um “Diário Ín-
“paisagem”, “linha do horizonte”. Pode-se ver con-
timo”, é o alvo da crítica do modernista Manuel
cretamente a linha do horizonte na mancha das
Bandeira; assim também é criticada Maria
palavras
Bashkirtseff, pintora ucraniana, também
do poema
do século XIX, cujo diário escandalizou um
no papel,
pouco, em razão de suas confissões íntimas,
e o beco é
publicado postumamente.
a interrup-
ção dessa
Na estrofe seguinte, Manuel Bandeira re-
linha no
sume sua biografia, ou seu “diário íntimo”
segundo
em dois versos e busca o ritmo como so-
verso.
lução anarcotizante para a dura realidade:
“Sim, já perdi pai, mãe, irmãos. / Perdi a
saúde também. / É por isso que sinto como
ninguém o ritmo do jazz-band.” O verbo
perder substitui a função ritmo do verbo
Fig12 – Manuel Bandeira, poeta, em sua biblioteca
tomar na estrofe anterior, pela sua recorrên-
cia, pela organização das orações. A quarta
estrofe faz uso do diálogo em tom cotidiano e in-
formal para criar uma nova tensão rítmica: “Mis-
tura muito excelente de chás... / Esta foi açafata...
/ - Não foi arrumadeira. / E está dançando com Texto Complementar
o ex-prefeito municipal: / Tão Brasil!” Em que o verbete da Wi-
/wiki/Métrica_(poesia):
http://pt.wikipedia.org
verso ser fundamenta o ritmo da estrofe ao lado da tagem rítmica
to de metrificação, con
homonímia das palavras “esta”/”está”. O final da kipédia acerca do concei
estrofe (“Tão Brasil!”) servirá ainda para fechar a das sílabas do verso.
sétima estrofe, transformando-se num mote dentro
do poema, assim como o verso “Uns tomam éter,
outros cocaína”.
20 Fascículo 1
Assim, supomos que em Manuel Bandeira, é pos- A trova, para ser bem feita, tem de ter um
sível encontrar não só nesses dois exemplos mas ACHADO.
em vários poemas, essa tensão entre um ritmo Achado é algo diferente, uma surpresa, uma con-
criado da incorporação de construções sintáticas clusão no último verso.
simples, cotidianas, populares a um projeto de Adelmar Tavares diz : “Nem sempre com quatro
atualização do fazer poético. Não é por acaso que versos setissílabos, a gente consegue fazer a trova;
seu texto Itinerário de Pasárgada se nos mostra faz quatro versos, somente”.
como um dos melhores exemplos de definição Ou seja: não é trova, se não houver o achado.
do ritmo poético do verso livre, mostrando como
o Modernismo construiu um novo conjunto de Nota 1 - Comece a trova sempre com letra mai-
procedimentos rítmicos. úscula. A partir do segundo verso, utilize letra
minúscula, ao menos que a pontuação indique o
início de nova frase. Nesse caso, use a maiúscula
SAIBA MAIS! novamente. Aprenda a trovar, fazendo poesia de
qualidade.
Trova e Trovismo
ão iniciada por volta
do Nota 2 - “sílaba poética” é diferente de “sílaba
A trova é uma tradiç nç a. É du ran - gramatical”.
ença, na Fra
século XI d.C. em Pro ssa m a ser
as poesias pa As sílabas poéticas são contadas pelo SOM, pela
te este período que por
de mú sicas, o que perdurou emissão natural da voz.
acompanhadas an esc en tes
o inclusive rem Na contagem dos versos, o número de sílabas poé-
muito tempo, havend Lit era tur a de
ssa famosa
desta tradição em no ste bra sile iro .
ticas é contado somente até a última sílaba tônica.
a no Norde
Cordel, muito conhecid As restantes após a tônica são desprezadas.
meio
m seus trabalhos por
Os repentistas realiza s he pta ssí la- Ex: Hora de acender as lâmpadas.
pre com verso
de trovas, nem sem did a pre sen te
é esta a me
bos, mas geralmente Aqui há 10 sílabas gramaticais:
em seus repentes.
entes
de Cordel e os rep Ho/ra/ de/ a/cen/der/ as/ lâm/pa/das/
Embora a Literatura va s, os tro va-
ísticas de tro
apresentem caracter gru po esp ecí -
em em um Mas há 7 sílabas poéticas:
dores hoje se constitu jul ho , co me -
jo dia 18 de
fico de poetas, em cu r”.
Ho/ra/ de_a/cen/der/ as/ lâm/padas
eta Trovado
mora- se o “Dia do Po “lâm” é a última sílaba tônica do verso, e contamos
somente até ela.
A trova tradicional é uma composição poética de qua- Aqui são 8 sílabas gramaticais, mas 7 sílabas poé-
tro versos de sete sílabas poéticas cada, em que o 1º ticas.
verso rima com o 3º, e o 2º verso, rima com o 4º.
Ve/ja_o/ mar/ de/ Pa/ra/ti/
Quando você foi embora
pensei que eu fosse morrer! “ti” é a última sílaba tônica do verso; contamos
Aprendi em boa hora: até ela.
nem todo amor faz viver! (Kathleen Lessa)
Ex:
Encontram-se em trovas mais antigas rimas: Eu/ vi/ mi/nha/ mãe /re/zan/do _________7
• do 1° verso com o 4° e do 2º verso com o 3º Aos/ pés/ da / Vir/gem/ Ma/ri/a _________7
• do 1º verso com o 2º e do 3º verso com o 4º. E/ra_u/ma/ San/ta_es/cu/tan/do __________7
O /que_ou/tra /San/ta/ di/zi/a _________7
Há ainda trovas em que se faz rima apenas do 1º
verso com o 3º, mas isso não é bem visto e nem Nota 3 - Elisão
sempre aceito em concursos. Quando uma palavra termina por vogal átona e
Fascículo 1 21
pelos fonemas nasalisados e pela vogal “e”: “Sen- A máquina de escrever é a concretização desse novo
timentos em mim do asperamente / dos homens fazer poético, não é mais a pena, que dançava em
das primeiras eras... / As primaveras do sarcasmo volteios pelo papel, imprimindo na caligrafia de
/ intermitentemente no meu coração arlequinal... cada um a personalidade grafológica de seu autor;
/ Intermitentemente...” As reticências dão a ideia agora é a digitalização, os dedos do poeta, batendo
de continuidade dessa nasalização, que desaparece nas teclas, imprimem tipos, letras de forma mecâ-
no ar, até sumir em silêncio. Numa segunda parte nica, automática. O ritmo é mais veloz, mais baru-
do poema que se inicia com um “O” maiúsculo, lhento, mais urbano: “B D G Z, Remington. / Pra
fechado e redondo (“Outras vezes é um doente, todas as cartas da gente. / Eco mecânico / De sen-
um frio”) cujo verso também termina num “o” timentos rápidos batidos. / Pressa, muita pressa.”
contínuo que se fecha em “u”, reforçando a per- Assim como a poesia moderna busca incorporar a
cepção sonora desse frio doente. O som redondo “contribuição milionária de todos os erros” (parafra-
é referido no verso seguinte: “na minha alma do- seando Oswald) do falar cotidiano, da língua viva,
ente como um longo som redondo...” As exclama- também o erro na escrita é incorporado ao poema
ções de “Cantabona! Cantabona!” Tipo de sino, de forma que tal erro crie o momento de revelação
dos quais existe um no mosteiro de São Bento no das contradições: “A interjeição saiu com um ponto
centro de São Paulo e que quebra a languidez pela fora de lugar! / Minha comoção / se esqueceu de
surpresa, pelo imprevisto. O longo som redondo bater o retrocesso”. O poeta observa o novo sinal,
agora não é mais o do frio, mas a onomatopeia resultado do erro [|.] e analisa a nova forma: “Ficou
do sino (“Dlorom”), ressoando conjuntamente à um fio / Tal e qual uma lágrima que cai / E o ponto
nasalização e ao som redondo. final depois da lágrima”. A seguir, o poeta ironiza
o sentimento exposto na nova forma, ao dizer que
O poema termina com o verso solitário em que o “não tive lágrimas” e que “a máquina mentiu!”, uma
poeta se apresenta como “um tupi tangendo um vez que “sabes que sou muito alegre”.
alaúde!” Assim o poeta tupi utiliza um instrumen-
to que vem do Oriente, a música que sai daí não Por fim, o poeta diz fazer sua “assinatura manus-
é uma música oriental, mas, a música de um tupi. crita” na folha de papel, uma vez que é preciso
É a poesia moderna brasileira buscando seu ritmo, marcar sua personalidade no poema, uma vez que
não no aperfeiçoamento ou mesmo na cópia do a máquina de escrever pode reclamar co-autoria.
ritmo incorporado mas também na utilização do De certo modo, Mário de Andrade colocava, no
instrumento para um ritmo próprio, que se des- papel, a discussão que Marshal Mcluhan levou em
cobre na exploração da musicalidade da língua seu Galáxia de Gutenberg acerca da modificação
portuguesa. O trovador Mário de Andrade é assim da percepção humana na passagem da escrita ma-
esse tupi (homem das primeiras eras), que observa nuscrita para o texto impresso.
a musicalidade da nova língua (a portuguesa) e a
transforma em poesia. Em “III - [Pronomes Pessoais] de Remate de Males
(1930), a exploração rítmica do poema atinge, tal-
Em “Máquina de Escrever” (Losango Cáqui, 1926), vez, o seu ponto máximo no sentido de que esse
Mário de Andrade busca a exploração do ritmo ritmo musical se presentifica cada vez mais pela
poético agora na quebra e no corte contínuo dos incorporação de aspectos visuais no poema, na
versos, desenhando com recuos e enjambements quebra da linearidade cursiva pela exploração de
uma poesia que impõe um ritmo já pelo correr dos novas direções espaciais de leitura.
olhos, pelo espaço da folha de papel, ainda que
orientada pela ditadura da line- “Nunca em minuetes! Nunca em
aridade, mas tensionando essa furlanas!
linearidade ao máximo: ....................................EU
........................ELE
“Escrevendo com a mesma letra... ....................................TU
................Igualdade ................................NÓS
................Liberdade .............ELES
...........Fraternité, point. ............................... VÓS...
Figura 14. Máquina de escrever Re-
Unificação de todas as mãos...” mington. Você já datilografou numa Não paro.
máquina de escrever? Você sabe o Não paras.”
que é datilografia?
Fascículo 1 23
Atividade Crítica/Reflexiva | Acerca da linguagem do cinema, o que você pensa que ocorre quan-
do um romance ou outra obra literária é adaptada para o cinema? Existe perda? Existem vantagens ?
Comente no FÓRUM TEMÁTICO da Sala Virtual da Disciplina.
Glossário
Códex - O Códex ou Códice surgiu no século I da era Informação -> Compreensão -> Comprometimento.
cristã, contendo textos escolares, relatos de viagens ou re- Segundo English, a melhor maneira de se avaliar a com-
gistros contábeis. Seu uso se multiplicou nos séculos II e III preensão de uma pessoa sobre as informações que lhe fo-
em consequência do incremento da demanda de livros e ram prestadas é perguntando:
da adoção do pergaminho, que no século IV substituiu o - o que você entendeu de tudo isso?
papiro. Nessa época, o códice substituiu definitivamente o
rolo e adquiriu a forma característica de livro. Formados A compreensão exige tempo. O pesquisador deve dispor
por vários cadernos, ou quaderni, os códices constavam de tempo para informar, explicar e permitir uma real inte-
de uma quantidade variável de fólios (folhas escritas dos ração com a pessoa que está sendo convidada a participar
dois lados). A numeração das páginas se fazia por fólios; do projeto de pesquisa. É importante encorajar que esta
o anverso era denominado fólio reto; o reverso, fólio verso pessoa pergunte a respeito dos procedimentos e interven-
ou simplesmente reverso. ções que irão ser realizadas. De acordo com o grau de
complexidade do projeto, pode ser necessário realizar mais
Compreensão - Compreensão, segundo Piaget, é o segun- de uma entrevista antes de obter o consentimento propria-
do estágio do conhecimento, que ocorre quando o indiví- mente dito.
duo se apropria da informação.
English DC. Bioethics: a clinical guide for medical students.
26 Fascículo 1
New York: Norton, 1994:33-5. Minimalismo - refere-se a uma série de movimentos ar-
tísticos e culturais que percorreram diversos momentos do
Cubismo - é um movimento artístico que ocorreu entre século XX e que se preocuparam em se exprimir através
1907 e 1914, tendo como principais fundadores Pablo Pi- de seus mais fundamentais elementos, especialmente nas
casso e Georges Braque. O Cubismo tratava as formas da artes visuais, no design e na música. Em outros campos da
natureza por meio de figuras geométricas, representando arte, o termo é usado para descrever as peças de Samuel
todas as partes de um objeto no mesmo plano. A represen- Beckett, os filmes de Robert Bresson, os contos de Raymond
tação do mundo passava a não ter nenhum compromisso Carver e, até mesmo, os projetos automobilísticos de Colin
com a aparência real das coisas. Chapman, entre outros.
Futurismo - é um movimento artístico e literário, que surgiu Musicalidade - chamamos de Musicalidade em poesia o
oficialmente em 20 de fevereiro de 1909 com a publicação ritmo, que pode ser marcado pela alternância de sílabas
do Manifesto Futurista, pelo poeta italiano Filippo Marinetti, no fortes e fracas, ou pelo andamento da leitura.
jornal francês Le Figaro. Os adeptos do movimento rejeitavam
o moralismo e o passado, e suas obras baseavam-se forte- Nihilismo - é a desvalorização e a morte do sentido, a au-
mente na velocidade e nos desenvolvimentos tecnológicos do sência de finalidade e de resposta ao “porquê”. Os valores
final do século XIX. Os primeiros futuristas europeus também tradicionais se depreciam, e os “princípios e critérios abso-
exaltavam a guerra e a violência. O Futurismo desenvolveu-se lutos dissolvem-se”. “Tudo é sacudido, posto radicalmente
em todas as artes e influenciou diversos artistas que depois em discussão. A superfície, antes congelada, das verdades
fundaram outros movimentos modernistas. e dos valores tradicionais está despedaçada, e torna-se di-
fícil prosseguir no caminho, avistar um ancoradouro”.
Hieróglifo - é um termo que junta duas palavras gregas:
ἱερός (hierós) “sagrado”, e γλύφειν (glýphein) “escrita”. De maneira bastante original, Pecoraro avalia o niilismo sob
Apenas os sacerdotes, membros da realeza, altos cargos, duas formas. Pode ser considerado como “um movimento
e escribas conheciam a arte de ler e escrever esses sinais “positivo” – quando através da crítica e do pelo desmasca-
“sagrados”. ramento nos revela a abissal ausência de cada fundamento,
verdade, critério absoluto e universal e, portanto, convoca-
A escrita hieroglífica constitui provavelmente o mais antigo nos diante da nossa própria liberdade e responsabilidade,
sistema organizado de escrita no mundo e era vocaciona- agora não mais garantidas nem sufocadas ou controladas
da principalmente para inscrições formais nas paredes de por nada”. Mas também pode ser considerado como “um
templos e túmulos. Com o tempo, evoluiu para formas mais movimento “negativo” – quando, nesta dinâmica, prevale-
simplificadas, como o hierático, uma variante mais cursiva, cem os traços destruidores e iconoclastas, como os do de-
que se podia pintar em papiros ou placas de barro e, ainda clínio, do ressentimento, da incapacidade de avançar, da
mais tarde, com a influência grega crescente no Oriente paralisia, do “tudo-vale” e do perigoso silogismo: se Deus (a
Próximo, a escrita evoluiu para o demótico, fase em que verdade e o princípio) está morto, então tudo é permitido”.
os hieróglifos iniciais ficaram bastante estilizados, havendo
mesmo a inclusão de alguns sinais gregos na escrita. Palmares (Quilombo dos) - o Quilombo dos Palmares
localizava-se na serra da Barriga, região hoje pertencente
Ideograma - (do grego ιδεω - ideia + γράμμα - ca- ao estado de Alagoas, no Brasil. Foi o mais emblemático
racter, letra) é um símbolo gráfico utilizado para repre- dos quilombos formados no período colonial, tendo resis-
sentar uma palavra ou conceito abstrato. tido por mais de um século, e o seu mito transformou-se
em moderno símbolo brasileiro da resistência do africano à
Os sistemas de escrita ideográficos originaram-se na escravatura, ainda que, paradoxalmente, tenha-se conhe-
Antiguidade, antes dos alfabetos e dos abjads. cimento do uso de escravos em muitos quilombos.
Como exemplos de escritas ideográficas, podemos citar Paráfrase - consiste em reescrever, com suas palavras,
os hieróglifos do antigo Egito, a escrita linear B desde a as ideias centrais de um texto. Consiste em um excelente
escrita maia, assim como os caracteres kanji utilizados exercício de redação, uma vez que desenvolve o poder de
em chinês e japonês. síntese, clareza e precisão vocabular. A paráfrase mantém
o sentido do texto original.
Intertextualidade - relação entre textos. Um texto citando
outro, de modo explícito (autor, obra, parágrafo, epígrafe) Paráfrase representa uma reescritura do texto original com
ou indiretamente (comentário acerca de...), mas de modo novas palavras sem que o sentido deste seja modificado.
que a compreensão do texto atual só se faz completa, na Assim, a paráfrase é uma reprodução da ideia do autor
medida em que se conhece o texto referido. A Paráfrase e a com as palavras do discente (aluno), utilizando-se de sinô-
Paródia são exemplos de aplicação intertextual assim como nimos, inversões de períodos, etc. Trata-se de reescrever o
é também a Tradução. texto original com as palavras do aluno, mas sem alterar
o sentido.
Massificação (cultura de massa) - chama-se cultura de
massa toda cultura produzida para a população em geral Paródia - trata-se de uma imitação, na maioria das ve-
— a despeito de heterogeneidades sociais, étnicas, etárias, zes cômica, de uma composição literária, (também exis-
sexuais ou psicológicas — e veiculada pelos meios de co- tem paródias de filmes e músicas), sendo, portanto, uma
municação de massa. Cultura de massa é toda manifesta- imitação que geralmente possui efeito cômico, utilizando
ção cultural produzida para o conjunto das camadas mais a ironia e o deboche. Ela geralmente é parecida com a
numerosas da população; o povo, o grande público. obra de origem e quase sempre tem sentidos diferentes.
Fascículo 1 27
Se se considera que a característica essencial do Dadaísmo ANDRADE, Carlos Drummond de. Obra Com-
é a atitude antiarte, Duchamp será o dadaísta por excelên- pleta. Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 1986.
cia. De fato, por volta de 1915, quando abandona a pintu-
ra, assume uma atitude de rompimento com o conceito de ANDRADE, Oswald de. Obras Completas: Po-
arte histórica, que caracteriza como “retiniana”, expressão
que remete, por um lado, à imediatez da imagem, e, por
esias Reunidas. Rio de Janeiro, Civilização Bra-
outro, ao modelo de visão exteriorizado que caracteriza a sileira, 1971.
filosofia de Descartes, modelo que persiste ao longo dos
séculos XV, XVI e mesmo até o XIX com a invenção da Fo- BANDEIRA, Manuel. Poesia Completa e Prosa.
tografia. Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 1983.
eLeitura
Produção
de Texto
Prof. Dr. Jairo Nogueira Luna
Carga Horária | 15 horas
Objetivos Específicos
1. Problematização
Exemplos:
(fonte: Wikipédia)
Figura 18. Hipérbole 2: Observe a fi-
gura 18 e responda que elementos
da imagem podem ser caracterizados
como Hipérbole.
Texto Complementar
em
/wiki/Figura_de_linguag
http://pt.wikipedia.org figuras de
- verbete da Wikipédi
a com link par a vár ias
Textos Complementares
linguagem. /wiki/Publicidade
http://pt.wikipedia.org
acerca do slogan.
- verbete da Wikipédia
- site da ABAP
Sistematização om.br/wwwroot/abap
http://webserver.4me.c .
Agências de Publicidade
– Agência Brasileira de
A leitura de imagens (fotografias, cartazes,
propagandas)
Síntese
O sentido de Leitura mais amplo permite que com-
preendamos as mensagens transmitidas por fontes A função da mensagem publicitária é a de criar um
não verbais como formas de ler. Assim, cinema, mundo ideologicamente favorável e perfeito com a
televisão, outdoor, obra de arte plástica, símbolos, contribuição do produto a ser vendido. Devido a
música são meios de comunicação que podem se isso, essa mensagem trata a base informativa de for-
utilizar de elementos não verbais para sua comu- ma manipulada, objetivando transformar a consci-
nicação: imagem, nota musical, formas plásticas, ência do possível comprador.
impulsos elétricos, luz.
Em todos os casos, o possível comprador é o re-
Observemos algumas figuras a seguir. São cartazes ceptor virtual da mensagem, e o responsável pelo
de propaganda e atentemos como eles comuni- produto, o emissor.
cam, utilizando-se de figuras de linguagem visuais.
Para convencer o consumidor a realizar uma ação
Veja as mãos que seguram a bola de basquete pré-determinada (a ação de consumir o produto),
(fig.16). Anatomicamente são mãos de uma criança o out-door (segundo Carvalho, 2000, p. 16) utiliza
pequena ou de um bebê. Como pode ele alcançar formas simples, com elementos justapostos (men-
a cesta de basquete? Difícil já seria para ele segurar sagem escrita, foto do produto, slogan e/ou marca)
a bola, que é grande! O slogan do cartaz “Com para possibilitar a fácil compreensão da massa de
Nestlé Crescimento, o seu bebê vai marcar pon- consumidores. Esta seria, em tese, a forma como
tos...”, e a frase ao final do cartaz, sob a marca do se apresenta o discurso de publicidade em out-door.
produto “Nestlé Crescimento ajuda os miúdos a
ficarem graúdos”, promete um crescimento visível Entretanto, a busca cada vez mais acirrada pelo
além do normal para quem utilizar o produto. Nes- mercado consumidor e o fato de este mercado
te sentido, o que temos aqui é um exagero, figura estar se tornando cada vez mais crítico e exigente
conhecida como Hipérbole. fazem com que estas mensagens utilizem, cada vez
Fascículo 2 31
mais, recursos linguísticos e visuais como recursos Atividade Crítica/Reflexiva | Você, por
auxiliares ao discurso publicitário. Se antes bastava certo, já deve ter prestado atenção em alguma
apenas chamar atenção através da imagem e con- propaganda ou comercial de televisão que lhe
vencer através da mensagem escrita, hoje é necessá- tenha chamado a atenção pela criatividade.
rio cifrar mensagens embutidas em discursos apa- Você poderia comentar acerca de um caso des-
rentemente ingênuos (em publicidade, nenhum ses no FÓRUM TEMÁTICO da Sala Virtual
discurso é ingênuo). da Disciplina.
r
egacomício”, po
poesia é uma perfino” ou “m az ul,
ves, para quem a exemplo. A repe
tiç ão (m ar
ar- e associado
Thaís Nicoleti de Cam oduz ênfase.
a” ,
“Musa libérrim azul) também pr
ad a, o superlativo
go* à fala ilustr
e é ouvido no
Especial Para a Folh
a de
erudito rarament rtório de Guima-
o da ironia de No curioso repe
S. Paulo dia-a-dia. Foi alv gi stram-se formas
, que caracte- rães Rosa, re -
Machado de As sis ivas. Em “Cerca
ir emoções rsonagem de as mais invent
O desejo de exprim rizou José Dias, pe da -g ua rd a, ao s
por meio de pa lav ra s leva, por lo seu hábi- vam-nos anjos- suge-
o de ima- “D. Casmurro”, pe infinilhões”, o ne ol og ism o
vezes, à elabora çã “Jo sé Dias amava ande quantidad
e.
m o ex ce sso. O to de usá-lo: re a ideia de gr
gens que be ira Era um modo
ós ito ex pres- os superlativos.
exagero com prop numental às ou literário, a
e ch am am os de hi- de dar feição mo De uso cotidiano
sivo é o qu ve ndo, servir a a das figuras de
pérbole. ideias; não as ha hipérbole é um
prolongar as frase
s”. s expressivas da
linguagem mai n-
“Profundissimamen
te hipocon- belo efeito alca
me cau- de variedade língua. Veja o s no
dríaco,/ Es te am bie nte Manipulando gran çado por Viníciu
s de Morae
../ So be -me à de ên fase, os fa- Amor Total”: “E
sa repugnância. de recursos seu “Son et o do
an álo ga à descartar “mi- muito e amiúde
/
boca um a ân sia lantes tendem a de amar assim,
ânsia/ Que esca pa da bo ca de apientíssimo”, em teu corp o de
nutíssimo” ou “s
nheci- É que um dia
um card íac o.” Ne sse s co a “m iudinho” ou morrer de amar
dos Anjos dando lugar repente/ He i de
dos versos, Augusto do não a ad-
lançando a “sabidão”, quan mais do que pu
de”.
do rec ur so , “pra burro”
abusou
inusitadojetivos seguidos de
mão não só de um Ce rta perso-
ou “pra cachor
super- ro ”. de Camargo é
advérbio de riv ad o do
pe cto r é de scrita *Thaís Nicoleti guesa
“p ro fun nagem de
do” C. Lis de língua portu
lativo do adjetivo a “v elh a se quinha”. O consultora
um a co mparação como um a
como de a um adjetivo da Folh
algo extravagante. sufixo -inho preso ain da
ica mas
não só o intensif (fonte: http://vestib
ular.uol.com.br/ult
not/
ind ica qu e um pr es ta um to m afetivo. 8.jh tm)
O superlativo certa
lhe em resumos/ult2772
u2
i em alt o gr au
ser possu
m no estilo rpo da palavra,
característica. Comu stro Al- Alterando o co
grandiloquente de
Ca nimigo”, “su-
fazem- se “arquii
32 Fascículo 2
Textos Complementares
/wiki/Propaganda
http://pt.wikipedia.org
sobre a Propaganda.
- verbete da Wikipédia
/wiki/Propaganda
http://pt.wikipedia.org e a escola
relações entre a Ironia
- texto que analisa as
do Romantismo.
Síntese
Tipos de Ironia
4. O Eufemismo e a Mensagem
Figura 23. Observe o cartaz acerca de um concurso
Eufemismo mundial para modelos 2007. Aqui podemos encontrar
elementos característicos do Eufemismo.
Na figura 23, três jovens de corpo esguio, conforme Na infância, talvez o Eufemismo surja pela primei-
o modelo padrão de beleza contemporâneo, dan- ra vez na história da cegonha que terá vindo de Pa-
çam alegremente de costas para o leitor. Trata-se de ris e prossiga com a história da semente do pai no
uma chamada para o concurso de beleza realizado jardim da mãe. Tradução: O bebê veio da barriga
por uma marca de lingerie. O slogan da propagan- da mãe. O pai fez amor com a mãe. Simples!
da (“Show me your Sloggi – Mostre-me seu slog-
gi”); é uma mensagem que atenua, ou pelo menos, E agora que se percebe que o Eufemismo é uma
tenta a visão dos corpos das moças. Mostre-me seu atenuação da realidade, isto é, dizer o mesmo por
sloggi, indica também que todas as moças usam palavras mais suaves, já percebo: a sopa está ape-
essa marca de lingerie, mas, ao mostrar a lingerie, titosa/ a sopa está danada salgada; a sopa assim é
roupa íntima, está que faz bem/ está tão insossa que nem um balde
também mostran- cheio de sal salvava isto.
do sua intimidade
em público. Isso é Percebamos, então, qual será, na frase “este mi-
Eufemismo, quan- crorganismo pode provocar infecções em zonas pú-
do se tenta atenuar blicas, nomeadamente no interior e em redor do
a força expressiva orgão genital feminino”, o eufemismo...
da mensagem. No
caso, uma forma de
utilizar o sex appeal
das modelos como Figura 24. Observe a figura da
caixa de fósforos. Que elementos
elemento de valori- presentes nessa figura podemos SAIBA MAIS!
gerar
ão diária, podemos
zação da marca de considerar como característicos Na nossa comunicaç exp res sõ es ina de-
uso de
lingerie. do Eufemismo?
problemas através do oc uto r,
ofendemos o interl
quadas. Sem querer, tra ba lho e,
sagradável no
criamos um clima de
, um ini mi go para a vida toda.
quem sabe
ibuir
idado , podemos contr
Com um pouco de cu pa lav ra é uma
Texto Complementar para o inverso. Sabe
mos que a
str uir pe sso as,
e po de de
http://pt.wikipedia.org/
wiki/Eufemismo energia poderosa qu s ete rna s.
nstruir amizade
sobre Eufemismo mas também pode co eis e
- verbete da Wikipédia lavras mais ag rad áv
A substituição de pa sã o de um a ide ia
r a exp res
polidas para suaviza ter-
da é tão im po rta nte que até existe um
pesa ism o.
guês: eufem
Todos nós já nos deparamos, havendo até pessoas mo para isso em Portu
ou
que incrivelmente dele se aperceberam, com um que alguém é “fofo”
Assim podemos dizer rdo e qu e é
er que é go
elaborado, por vezes rebuscado ou até forçado, Eu- “forte”, em vez de diz an do é ma gro .
sguio”, qu
femismo. E o que é o Eufemismo? - perguntam os “elegante” ou é “e essoa ob servado ra”
vira “p
leitores a quem a cultura pior precaveu. À falta de Nessa troca, o tímido so”.
“b om ouvinte”, e o medroso vira “cuidado
uma caneta no bolso da camisa e de um guarda- ou
Outros exemplos:
napo retirado de um qualquer café ou pastelaria,
so
torna-se mais difícil elucidar o que quer que seja, NERVOSO - Cuidado
, exc êntrico
ainda assim, tentemos. LOUCO - Criativo
- Cu rio so , av aliador
INDECISO
do r
EXPLOSIVO - Realiza
Na vida acadêmica, o Eufemismo nasce por vol- AFEMINADO - Delica
do
ta do 9º ano de escolaridade. Através da sátira de - Co mu nic ativo
BOATEIRO
Gil Vicente , encontramos o Arrais do Inferno que sua
nte é cada um criar a
mais não é que o Diabo, ele mesmo. As próprias Um exercício interessa qu e nã o se po de
ismos. O
“figuras de estilo”, grupo no qual se integra o Eu- própria lista de eufem ma irônica, po rque
o de for
fazer é usar o eufemism
femismo, mais não são para qualquer adolescente sitivo.
daí se perde o efeito po
que um Eufemismo, sendo com uma definição
tão agradável que se escondem Hipérboles e Metá-
foras, nomes tão difíceis para qualquer Bernardo,
Rodrigo ou Mariazinha.
Fascículo 2 37
Fenômeno da Sinestesia
Auras a
Cientistas Britânicos Relacionam de
zes ao misticismo, po
s co rpo s hu ma no s, relacionada muitas ve
auras em volta do mistura dos sentidos
.
A visão de halos ou fen ôm eno da sinestesia ou
r um sim ple s
ser causada po ge de Londres, dirigi
da
e de pe sq uis ad ore s do University Colle no ti-
tada por uma equip psychology e
A hipótese foi levan ca do na rev ista bri tânica Cognitive Neuro
rd. O estudo foi publi
pelo doutor Jamie Wa Daily Telegraph.
eira pelo jornal The
ciado nesta quarta-f deres “extrasensoria
is”
irr ad iaç õe s lum ino sas foi associada a po de nis so . Ess e
capacidade de ve r algo de ve rda
Tradicionalmente, a ssu ir. Ag ora , os cie ntistas acham que há írit os , ma s po de estar
afirmam po dos esp
que certas pessoas nem com o mundo ” sons,
o tem a ve r co m “campos de energia” co m qu e alg umas pessoas “vejam
fenômeno nã os hu ma no s, faz en do
nfusão dos sentid
relacionado a uma co
ou “sa boreiem” formas.
“escutem” cores
38 Fascículo 2
reação a palavras
as qu e conhecem ou como
cas podem enxergar
cores em pe sso pessoas, mas são
As pessoas sinestési let em en erg ias ocultas emitidas pelas tânicos.
dio”. Essas cores nã
o ref são dos cientistas bri
como “amor” ou “ó pe sso a qu e vê a au ra, segundo a conclu
no cérebro da
criadas inteiramente iniciais G.W., que via
em , ide nti ficada apenas pelas mes
descreve o caso de
um a jov de bastar ouvir os no
Em seu estudo, Ward co ntr av a pe sso as conhecidas, a ponto bri a tod o o ca mp o
co mo az ul e vio leta quando en m a ap ari çã o de uma cor que co
co res voca va
sação. Os nomes pro lorida.
delas para ter essa sen sso as pa rec iam emanar uma aura co
de G. W. , e as tai s pe
de visão to, e “Han-
a, “Thomas” ao pre
era im ed iat am en te associada à cor ros co lor ia de vermelho,
Por exemplo, a palav
ra “Jamie” se div ert ia, tod o o cenário se o”
do a jovem ia a um
a fes ta e almente como “med
nah”, ao azul. Quan a, cer tas pa lav ras carregadas emocion
s. Segundo a pesquis
afirmam os cientista cromáticas.
de sencadeavam reações
e “ódio” também como rosa, laranja e
oç õe s po siti va s faz iam aparecer cores,
ente associadas a em rrom e cinza.
As palavras normalm tiv o pro vo ca va m co res, como preto, ma
avam algo nega
verde. Já as que evoc ha se interessado po
r
red ite ter po de res místicos e nunca ten ter est a in-
embora G.W. não ac cultura, esse fenômen
o poderia
Segundo Jamie Ward, iná ve l que em outro tipo de lta da cabeça, e isso é algo
en te im ag la em vo
esoterismo, é facilm pin tar am os sa nto s com uma auréo
s sempre
terpretação. Os artista
ito so bre o fenômeno criativo.
que diz mu cores.
percebia as letras em
ir Na bo ko v esc rev eu certa ocasião que Rim ba ud , sin est ésico
O escritor russo-am
ericano Vladim
alf ab eto esc rito pe lo francês Arthur
do
poema sobre as cores
Também é famoso o
por excelência. outros estudos
da du as mi l pe sso as é sinestésica. Mas
a em ca
uisas anteriores, um
De acordo com pesq ito ma ior de sse fenômeno.
ração mu
indicam uma prolife determinar
pa rtic ipa rem de um teste destinado a
convidou simples pe
destres pa ra condição associam
O cientista britânico tifi ca r se as pessoas com essa
ésicos sem saber. Tra
ta- se de cer outras pessoas fariam
se são ou não sinest ou ao s me sm os números, enquanto
ras
cores às mesmas let
sempre as mesmas
aç ão .
isto por adivinh em San Diego, acham
da Un ive rsidade da Califórnia ou
mo Vilayanur Rama ch an dra n, a, nas artes plásticas
Outros cientistas , co eta me nte à cri ati vidade, seja na poesi ain da na ba se da
á relacionada dir objetos pode est ar
que a sinestesia est ra rel ac ion ar so ns e
ído um pa sso
, nossa habilidade pa visão pode ter constitu
na literatura. Para ele ão en tre os sen tidos do ouvido e da
A rel aç
linguagem humana.
po rta nte pa ra a cri ação verbal.
im EFE
S/A.
o escrita da Agência EFE
o todo tipo de rep rodução sem autorizaçã
direitos reservados. É proibid
Agência EFE - Todos os
Síntese
Figura 26. Observe
o teclado na figura; é Embora já seja aceita como uma condição real e
uma maneira didática não apenas imaginação exagerada, a causa da sines-
de ensinar a localização
das notas musicais no tesia é desconhecida. Algumas hipóteses já foram
teclado, por meio de levantadas e compõem parte do campo de estudos
um artifício visual.
do assunto:
SAIBA MAIS!
fórico tem um caráter simbólico, ainda que sutil, uma sutil hipérbole, ao se dizer que em uma bolsa
oculto ou indireto. A peculiaridade da significação de mulher, cabem tantas coisas quanto em uma
por metaforização reside na eficácia desse recurso geladeira. Notemos que a palavra “refriggerador”
quando o objetivo é de enfatizar certos aspectos de com dois “gg” em vermelho indica tamanho extra
uma realidade, sintetizar, enaltecer, ou mesmo, or- grande, e a frase “cabe tanta coisa que você nem
namentar, simplesmente, um discurso, poetizar si- acredita” logo abaixo da foto da bolsa reforça tanto
tuações, seduzir pela o sentido metafórico quanto o
palavra. O efeito se hiperbólico.
opera pela evocação
de relações não vulga-
res entre o metafori-
Texto Complementar
wiki/Metáfora
zante e o metaforiza- http://pt.wikipedia.org/
dia acerca da
do. Com tal virtude - verbete da Wikipé
de eficácia, a metáfo- Metáfora.
ra está em toda parte:
na língua do povo, na
gênese de gírias, ne- Síntese
ologismos e ironias,
nos filmes e slogans e A mais famosa figura de lin-
imagens da publicida- guagem, a metáfora é, assim
de, nas manchetes do como a metonímia, uma figu-
dia- a- dia, nas artes ra de palavras - isto é, o efeito
em geral. Encontra- se dá pelo jogo de palavras que
mo-la em todas as se faz na frase.
linguagens: escrita,
falada, audiovisual. A metáfora consiste em retirar
Figura 27. Metáfora - 1
uma palavra de seu contexto
convencional (denotativo) e trans-
portá-la para um novo campo de sig-
Texto Complementar nificação (conotativa), por meio de
e da Wikipédia
wiki/Semiótica - verbet
http://pt.wikipedia.org/ uma comparação implícita, de uma
ncia dos signos.
acerca da Semiótica, ciê similaridade existente entre as duas:
SAIBA MAIS!
Metáfora e Matemática
Certos
iocínio matemático.
da s e en ten did as de acordo com um rac tid ão às cha-
ser explica to ar de exa
As metáforas podem an alo gia s, po rqu e emprestam um cer . O lin gu ista
muito dessa s enas relativa
pensadores gostam en te, ne sse s ca sos, tal exatidão é ap est iga da em
nas. Logic am podia ser inv
madas ciências huma sen vo lve r ess a ide ia. Para ele, a língua co ns tan tes e
dinamarquês Hjelmsle
v tentou de GRANDEZAS
na s pa lav ras e pro posições, aspectos ou
tinguindo,
termos algébricos, dis es.
mo no s sistemas de equaçõ
variáveis, tal co a de
metáforas como sistem
e filo so fia da lin gu agem, refere-se às an tes às que
Já Umberto Eco, em
Semiótica tações semelh
s - qu e po de ser representado com no s atr av és de
relações entre dois ou
três termo tender metáfora
co s de rel aç õe s e proporções. Para en res sa m sig ni-
s matemáti seguinte fato: metáf
oras exp
servem aos problema camente, partimos do
ord en ad o ma tem ati s, pro xim ida des, contingências,
um raciocínio eq uiv alê nc ias, pertinência vias
ficados ou funcionam
quando de sta ca m ociações podem ser ób
tum eir am en te nã o associados. Essas ass co mp lex o ou
tre termos cos simples quanto
enfim associações en en ten dim en to tanto um raciocínio
dem exigir do
ou insuspeitadas. Po is, segundo Eco).
do (ra tio simples e ratio dificil
mesmo refina das,
”, desnudadas, realça
FU NÇ ÃO de afi nidades “descobertas pa ra en ten der
elecem em ir quanto
Tais relações se estab ns tru çã o me taf óri ca. Tanto para constru orr ên cia da
das pela co o contexto de oc
evidenciadas, enfatiza o un ive rso sem ântico dos termos e rel aç ão me -
rio conhece r nam possíve l a
metáforas, é necessá e se eq uiv ale m em dado contexto, tor ca , ba sea da
simbólicos, qu ão matem áti
proposição. Valores gia com a representaç
ter mo s de lin gu ag em. Observe a analo
tafórica entre
e proporções:
na lógica das razões em matemática
a:b::c:d (a x d)
duto dos extremos
mo c est a pa ra d, significando que o pro
b assim co
LENDO: a está para EXEMPLO NÚMERIC
O:
dos meios (c x d). EM UAIS, PORÉM
é IGUAL ao pro du to
O E PR OP OR ÇÃ O. SÃO VALORES DESIG
DE RA ZÃ :
4 2:3::12:18 ESTA É
UMA RELAÇ ÃO OPORÇÃO. DE TO FA
HA NTE EM NA TUREZA (RAZÃO) E PR
ÃO SEMEL
EM ESTADO DE RELAÇ 2 x 18 = 3 x 12 = 36
na metáfora
4
:: TERMO 3 : TERMO
TERMO 1 : TERMO 2 em tor rentes
o ouro negro jorrava al (o
Na frase: No deserto, qu e a semântica dicionari
tra ns fer ên cia de sig nificados, posto pro pri ed ade
a clara sólido, não jor ra,
O exemplo mostra um e ou ro: 1º nã o é negro; 2º sendo á su bs ti-
) inform a qu que, no exemp lo, est
significado costumeiro e OU RO NEG RO é uma expressão en te ma is
, então , qu alidade us ua lm
de líquido. Percebe-se co ns titu i o su jei to. Considerando a qu
concreto qu e
tuindo o substantivo associada ao ouro, tem
os:
EM MATÉRIA SÓLIDA
ÔMICO ou RIQUEZA
OURO : VALOR ECON “JORRA”, LÍQUIDA
RO”: RIQUEZA QUE
:: QUALIDADE “NEG
Figura 30. Alegoria da Pátria: Alegoria à Etimologicamente, o grego allegoría significa “di-
Pátria, às Artes, à Indústria, à Agricultura
e à História de Portugal da autoria de
zer o outro”, “dizer alguma coisa diferente do sen-
Acácio Lino. tido literal” e veio substituir, ao tempo de Plutarco
(c.46-120 d.C.), um termo mais antigo: hypónoia,
O valor expressivo da alegoria resulta, principal- que queria dizer “significação oculta” e que era
mente, do fato de tornar mais perceptíveis certas utilizado para interpretar, por exemplo, os mitos
características das realidades abstractas, relacionan- de Homero como personificações de princípios
do-as com outras, concretas. Neste caso, a natureza morais ou forças sobrenaturais, método que teve
do discurso oratório (sermão) torna-se mais visível como foi especialista Aristarco de Samotrácia
pela comparação com uma realidade concreta de (c.215-143 a.C.). A alegoria distingue-se do símbo-
todos conhecida, a árvore. lo pelo seu carácter moral e por tomar a realidade
representada elemento a elemento e não, no seu
No centro da composição, surge a Pátria, coroada conjunto. Muitas vezes definida como uma me-
por um anjo e entronizada (sem esboceto conhe- táfora ampliada, ou, como dizia Quintiliano, no
cido e apenas identificada pelos atributos); abaixo Institutio oratoria, uma “metáfora continuada que
desta, a Agricultura (com esboceto); à esquerda, a mostra uma coisa pelas palavras e outra pelo sen-
Pintura e a Arquitetura (sem esboceto conhecido, tido”, a alegoria é um dos recursos retóricos mais
mas identificáveis pelos atributos: paleta e compas- discutidos teoricamente ao longo dos tempos. A
so); em baixo, à esquerda, a Indústria (com esbo- mesma correlação é estabelecida por Cícero no De
ceto); em baixo, à direita, a História de Portugal Oratore, em que a alegoria é vista como um siste-
(com esboceto - por vezes, por desconhecimento da ma de metáforas. Uma forma de distinguir metáfo-
existência do estudo, tem sido identificada como a ra e alegoria é a proposta pelos retóricos antigos:
alegoria às Letras, por carregar um livro). a primeira considera apenas termos isolados; a
segunda amplia-se a expressões ou textos inteiros.
simples poema como num romance inteiro), pelo A distinção fundamental entre a alegoria e o sím-
que também tem afinidades com a parábola e a bolo foi estabelecida durante o Romantismo, em
fábula. Seja o exemplo seguinte de uma fábula de Coleridge no Statesman’s Manual (1816 ) e em es-
Esopo: “O leão e a rã”: Certa vez, um leão, ao pecial com Goethe e Schlegel. Ao princípio de Sch-
passar perto de um pântano, ouviu uma rã coaxar legel, que defendia que toda a obra de arte devia
muito alto e com muita força. Dirigiu-se então na ser uma alegoria, começou Hegel por contrapor:
direção do som, supondo que ia encontrar um “Isso só será assim, se significar que toda a obra
animal grande e possante, correspondente ao ba- de arte deve representar uma ideia geral e implicar
rulho que fazia. Por isso, ao avançar, nem repa- uma significação verdadeira. Ora, pelo contrário, o
rou na pequena rã e pôs-lhe a pata em cima. “Vê que nós aqui designamos com o nome de alegoria
lá onde pões os pés!”, gritou a rã. O leão olhou, é um modo de representação secundária tanto no
admirado, e disse: “Se és assim tão pequena, por- conteúdo como na forma e só de um modo imper-
que é que fazes tanto barulho?” Se substituirmos feito corresponde ao conceito de arte.” (Estética,
a rã por “o Orgulho” e o leão por “o Poder”, trans- trad. de Álvaro Ribeiro e Orlando Vitorino, Gui-
formamos a fábula numa alegoria; se em vez da rã marães Eds., Lisboa, 1993, p. 226).
colocássemos “o Ministro Sem Pasta” e em vez do
leão “o Pai Severo”, teríamos uma parábola, que A discussão sobre as diferenças entre símbolo e
esconde personagens reais por detrás de uma más- alegoria continua no século XX, salientando-se as
cara alegórica. De notar que é usual, na alegoria o reflexões de Walter Benjamin, Martin Heidegger,
recurso a personificações ou prosopopeias, em es- Hans-Georg Gadamer e Paul de Man. Todos ten-
pecial de noções abstratas, prática muito comum, tam, de uma forma ou de outra, estabelecer a con-
sobretudo na literatura medieval. ciliação de ambos os conceitos, que está negada
pelos românticos.
A decifração de uma alegoria depende sempre de
uma leitura intertextual, que permita identificar Walter Benjamin, em Ursprung des deutschen
num sentido abstrato um sentido mais profundo, Trauerspiels (Origens do Drama Trágico Alemão,
sempre de caráter moral. Dizer que a alegoria é um 1928), traz a alegoria para o campo exclusivo da es-
desenvolvimento de uma fábula pode não ser sufi- tética. Partindo do sentido etimológico do termo,
ciente. Vejamos, por exemplo, o enigma da Esfinge Benjamin viu a alegoria como a revelação de uma
no mito de Édipo. A questão central é esta: «Qual é verdade oculta. Uma alegoria não representa as coi-
o ser que, tendo uma única voz, ora caminha com sas tal como elas são, mas pretende antes dar-nos
dois pés, ora com três, ou ainda com quatro, e que uma versão de como foram ou podem ser, por isso
é tanto mais fraco quantos mais pés tiver?» Quan- Benjamin se distancia da retórica clássica e assegu-
do Édipo chega a Tebas, resolve o enigma, respon- ra que a alegoria se encontra “entre as ideias como
dendo: «É o homem que engatinha a quatro patas as ruínas estão entre as coisas”. O filósofo alemão
enquanto é criança, caminha ereto nas suas duas distinguiu dois tipos de alegoria: a “cristã”, que se
pernas quando é jovem e se encosta a uma benga- atesta no drama barroco e que nos dá a visão da
la na velhice.», a Esfinge, derrotada, suicida-se. O finitude do homem na absurdidade do mundo, e a
desenvolvimento da fábula da Esfinge grega depen- “moderna”, atestada na obra de Baudelaire, coloca-
de de duas condições essenciais para se constituir da ao serviço da representação da degenerescência
como alegoria: não estar limitada a um fim didático, e da alienação humanas. É importante a distinção
como todas as fábulas (sem a conclusão do enigma, que Benjamin faz entre alegoria e símbolo, recupe-
a tragédia de Sófocles não poderia progredir); não rando a oposição romântica: a primeira, enquanto
jogar com a significação metafórica, isto é, não pro- revelação de uma verdade oculta - ou “uma verdade
duzir mais do que uma leitura do sentido abstraído, escondida sob bela mentira”, na célebre definição
porque é próprio da alegoria não fazer uso da am- de Dante, no Convívio -, é temporal e aparece como
biguidade ou da plurissignificação, sob pena de se um fragmento arrancado à totalidade do contexto
perder a ilação moral procurada. social; o símbolo é essencialmente orgânico. O exa-
me da relação entre o simbólico e o alegórico no
Até à Idade Média, inclusive, a alegoria serviu de Romantismo alemão será continuado por Lukács,
instrumento de defesa de teólogos que recorreram na sua Estética, em diálogo distanciado com Benja-
às interpretações alegóricas da Bíblia para supera- min, investigando o conceito de alegoria à luz de um
rem todas as dúvidas heréticas. dos paradigmas marxistas: a ideologia.
Fascículo 2 45
Heidegger estudou a natureza da obra de arte The Well Wrought Urn (1947), alegorizou todos
como sendo constitutiva de uma realidade alegó- os poemas que leu, de forma a transformá-los em
rico-simbólica indivisível: “A obra de arte é, com parábolas para a própria natureza da poesia; a cha-
efeito, uma coisa, uma coisa fabricada, mas ela diz mada crítica arquetípica defende, como o faz Nor-
ainda algo de diferente do que a simples coisa é, throp Frye em The Anatomy of Criticism (1957),
‘allo agoreuei’. A obra dá publicamente a conhecer que toda a análise literária deve ser alegórica.
outra coisa, revela-nos outra coisa: ela é alegoria.
À coisa fabricada reúne-se ainda, na obra de arte,
algo de outro. Reunir-se diz-se em grego symbal-
lein. A obra é símbolo.” (A Origem da Obra de
Arte, Edições 70, Lisboa, 1992, p.13). Na sua mag-
num opus, Wahreit und Methode (1960), Hans-
Georg Gadamer estabelece as semelhanças entre
alegoria e símbolo: ambos se referem a algo cujo
sentido não consiste na respectiva aparência exter-
na ou imagem acústica, mas numa significação que
os supera; em ambos, uma coisa quer dizer outra.
E conclui que a principal diferença reside no fato
de o símbolo se opor à alegoria da mesma forma
que a arte se opõe à não-arte.
Paul de Man reapreciou também o debate romântico Figura 31. Alegoria da Justiça: Beccafumi Domenico
(c. 1486-1551), il Mecarino. Alegoria da Justiça (1,610
sobre a alegoria e o símbolo e, em Allegories of x 1,510 m). Pintura a óleo sobre tela, localizada em
Reading (1979), apresentou as suas próprias leitu- Lille, Palais des Beaux-Arts
ras como alegorias, observando que o exemplo de
Rousseau pode contrariar o senso comum que vê o
Romantismo como a afirmação do símbolo em de-
trimento da alegoria. Paul de Man expõe a diferen-
ça entre ambos os termos desta forma: “Enquanto
o símbolo postula a possibilidade de uma identi-
dade ou identificação, a alegoria designa, acima
de tudo, uma distância em relação à sua própria
origem, e, renunciando à nostalgia e ao desejo de
coincidência, fixa a sua linguagem no vazio desta
diferença temporal.” (“The Rhetoric of Tempora-
lity”, in Blindness and Insight, 2 ed., Routledge,
Londres, 1989, p. 207).
Figura 32. Carro Alegórico: Observe o sentido alegórico
O próprio exercício da teoria e da crítica literária do carro.
se tem servido de processos alegóricos: Ruskin es-
creveu o tratado clássico Queen of the Air (1869),
em que define o mito como uma história alegórica; Textos Complementares
as obras de Freud e Jung fizeram escola na interpre- wiki/Estética
http://pt.wikipedia.org/
tação alegórica de sonhos e mitos; os doze volumes ipé dia sobre Estética
- verbete da Wik
goria.htm
do estudo comparado de religiões Golden Bough ano sso.nom.br/retorica/ale
http://www.radames.m
(1911-15), de James Frazer, fornece interpretações ia.
- página acerca da Alegor
alegóricas de mitos primitivos que se tornaram re-
ferências fundamentais no género; Walter Benja-
min, no ensaio “O narrador” (in Illuminationen, Síntese
1969), distingue alegoricamente dois tipos ideais
de narrador: o marujo que nos permite aproximar Uma alegoria é uma representação tal que transmi-
de lugares distantes e exóticos, e o velho camponês te um outro siginificado em adição ao significado
que conta histórias antigas; Cleanth Brooks, em literal do texto. Em outras palavras, é uma coisa
46 Fascículo 2
que é dita para dar a noção de outra, normalmente Atividade Crítica/Reflexiva | A alegoria da
por meio d’alguma ilação moral. Justiça, enquanto estátua da Justiça é representa-
da de olhos vendados e segurando uma balança e
É bastante fácil confundir a alegoria com a metáfo- uma espada. Você sabe por quê? Comente no FÓ-
ra, pois elas têm muitos pontos em comum. Para RUM TEMÁTICO da Sala Virtual da Disciplina.
melhor entender o que seja uma alegoria, podemos
citar alguns exemplos.
8. Leitura do Mundo
O mais conhecido exemplo de alegoria é provável
que seja O Mito da Caverna, de Platão. O autor Problematização
referia-se aos mitos e superstições de seus contem-
porâneos, comportamento que ficou representado Paulo Freire aponta
pela alegoria da caverna em que as pessoas ficariam leitura de mundo
presas e imóveis, sem jamais poder contemplar como um desvela-
diretamente o que acontecia fora dali. mento da realida-
de, na qual se retira
A Bíblia está repleta de alegorias, o próprio Cris- o véu que cobre os
to ensinava por meio delas. Mas, antes mesmo do nossos olhos e não
Novo Testamento, encontramos muitas alegorias, nos deixa ver as coi-
e muitos talvez considerem uma das mais belas a sas, com o objetivo Figura 33. Paulo Freire
que faz a comparação da história de Israel com o de poder conhecê-
crescimento de uma vinha no Salmo 80. las. Ele acrescenta que não basta apenas desvelar
a realidade, é necessário realizar um desvelamento
Os ditados populares são alegorias contextualizadas: crítico, ou seja, uma ação que homens e mulheres
devem exercer para retirar o véu (o que oculta) que
• “Água mole em pedra dura, tanto bate até não os deixa ver e analisar a veracidade das coisas,
que fura.” chegar ao profundo das coisas, conhecê-las, encon-
• “Mais vale um pássaro na mão que dois voando.” trar o que há em seu interior, operar sobre o que
• “Casa de ferreiro, espeto de pau.” se conhece para transformá-lo. Sendo assim, para
Freire um conhecimento crítico (desvelamento
Etimologicamente, o grego allegoría significa “di- crítico) exige a ação transformadora. A realidade
zer o outro”, “dizer alguma coisa diferente do sen- “não é só dado objetivo, o fato concreto, senão,
tido literal” (allos, “outro”, e agoreuein, “falar em também, a percepção que o homem tem dela”.
público”). A realidade objetiva é a
forma como as coisas são
SAIBA MAIS! sem véus nem superficia-
lidades.
Carro Alegórico
com destaques sobre
rro s qu e vã o contando o enredo
As alegorias sã o os ca fica mais alegre. Nos
fei tad o for o carro, mais o público i
elas. Quanto ma is en enredo, pois nada va
os , tam bé m, tem a ver os elementos do o.
carros alegóric enred
iver de acordo com o
valer se colocar carro
s bonitos, se não est Texto Complementar
s
torizado. As alegoria
po de ser mo vid o à tração animal ou mo gu ra e http://pt.wikipedia.org/
wiki/
Nenhum carro de lar
quenta centímetros
sar oito metros e cin é um tipo de Realidade
não podem ultrapas de altura. Um ca rro ale gó ric o
cen tím etr os - acerca
nove metros e oit en ta as vão em cima, desfi - verbete da Wikipédia
va les ca , em qu e normalmente as pesso re- Ala s
alegoria carna o de Carro Ab
iro ca rro ale gó ric o do desfile é chamad os po de m
da Realidade.
lando. O prime a. Os carros alegóric
me da escola de samb tes, como
e é ele que leva o no mente são utiliza do s mu ito s en fei
ho s e, ge ral
ser de diversos tam an 13 metros de altura
ior es ca rro s chegam a atingir até
plumas e brilho . Os ma judica a sua entrada
rim en to, o qu e ocasionalmente pre
e 60 metros de co mp rrados por pessoas
sfi le. Ess es ca rro s geralmente são empu
no local de de
atrás da alegoria.
que ficam embaixo ou
Fascículo 2 47
SAIBA MAIS!
Ato de Ler por Paulo Freire
A Importância do
sta não possa pres-
ra, da í qu e a posterior leitura de
precede a leitura da
pa lav dinamicamente. A
A leitura do mundo gu ag em e rea lidade se prendem
de da leitura daquele
. Lin das relações entre
cindir da continuida su a lei tur a crí tica implica a percepção e
to a ser alcançada po
r me sentir levado —
compreensão do tex so bre a im po rtâ nc ia do ato de ler, em mó ria ,
Ao ensaiar escrever minha prática, guard
ados na me
o texto e o contexto. s fun da me nta is de cid ad e,
a “reler ” momento a adolescência, de mi
nha mo
até gostosamente — s de mi nha infância, de minh o.
s ma is rem ota co ns titu ind
desde as experiência veio em mim
crí tica da im po rtâ ncia do ato de ler se
ão
em que a compreens
e o ato de ler se
tân cia ” do s dif ere ntes momentos em qu
e texto, ia “tomando
dis pequeno mundo em
Ao ir escrevendo est me iro , a “le itura” do mundo, do
experiência existenc ial . Pri escolarização, foi a
veio dando na minha ra qu e ne m sem pre , ao longo de minha
is, a leitura da palav
que me movia; depo
ndo”.
leitura da “palavramu
dos pássaros — o do
co nte xto se encarnavam no canto
vras”, as “letras” da
qu ele nça das copas das ár-
Os “textos”, as “pala o do be m- te- vi, o do sabiá; na da
ro-caminho-quem -ve m, pagos; as águas da
sanhaçu, o do olha-p cia va m tem pe stades, trovões, relâm
tes ventanias que an un s”, as “palavras”, as
vores sopradas por for oa s, ilh as , rios, riachos. Os “texto
geografia, inventan do lag vens do céu, nas suas
chuva brincando de bé m no as so bio do vento, nas nu s
xto se encarnava m tam eiro das flores — da
“letras” daquele conte s fol ha ge ns , na for ma das folhas, no ch co res de
entos; na cor da tos. Na tonalidade dif
erente de
cores, nos seus movim ores, na casca dos fru
no co rpo da s árv o ve rde da manga-espada
rosas, dos jasmins —, rde da ma ng a-espada verde, is
momentos distintos : o ve negras da manga ma
um mesmo fruto em sm a ma ng a am ad urecendo, as pintas à no ssa
esverdeado da me ncia
inchada; o amarelo- do fruto, a sua resistê
aç ão en tre est as co res, o desenvolvimento e ve nd o faz er, aprendi
rel que eu, fazen do
além de madura. A po , po ssi ve lm en te,
gosto. Foi nesse tem
manipulação e o seu
de amolegar.
a significação da ação
Atividade Crítica/Reflexiva | Após essas nossas leituras, exercícios, comentários, você modificou
ou aprendeu alguma coisa que somou ao seu modo de entender o significado das palavras “Leitura” e
“Realidade”? Comente no FÓRUM TEMÁTICO da Sala Virtual da Disciplina.
GLOSSÁRIO
Enunciado - O conceito de enunciado já evocou grande po- Estética - (do grego αισθητική ou aisthésis: percepção,
lêmica no decorrer do último século. Alguns estudiosos, como sensação) é um ramo da filosofia que tem por objeto o
Saussure (1974), tomaram a decisão de não abarcá-lo em estudo da natureza do belo e dos fundamentos da arte. Ela
toda a sua complexidade, focando suas atenções nos aspec- estuda o julgamento e a percepção do que é considerado
tos formais da língua. Outros (Bakhtin, 1974, por exemplo) belo, a produção das emoções pelos fenômenos estéticos
aceitaram o desafio e promoveram um conceito de enunciado bem como as diferentes formas de arte e do trabalho artís-
que valoriza suas características composicionais e a extensão tico; a ideia de obra de arte e de criação; a relação entre
do seu volume – o discurso. A construção de uma disciplina matérias e formas nas artes. Por outro lado, a estética tam-
com foco no enunciado permitiu, portanto, o aparecimento de bém pode ocupar-se da privação da beleza, ou seja, o que
visões críticas e polêmicas sobre o tema. Diferentes perspec- pode ser considerado feio, ou até mesmo, ridículo.
tivas foram concebidas e, como consequência, abordagens
contrastivas para o seu estudo foram desenvolvidas. Eufemismo - é a atenuação ou suavização de ideias conside-
radas desagradáveis, cruéis, imorais, obscenas ou ofensivas.
Esboceto - substantivo masculino - esboço de pequeno Exemplos:
tamanho.
• Ele entregou a alma a Deus. (Em lugar de: Ele morreu)
Fascículo 2 49
• Nos fizeram varrer calçadas, limpar o que faz todo o Honoris Causa - abreviado como h.c. (em português:
cão... (Em lugar de fezes) causa nobre), é um título honorífico concedido a uma per-
• Ela é minha ajudante (Em lugar de empregada do- sonalidade que tenha contribuído com os preceitos de uma
méstica) instituição oficial de ensino , não pertencente a seu quadro
• “...Trata-se de um usurpador do bem alheio...” (Em funcional.
lugar de ladrão)
Ironia - é um instrumento de literatura ou de retórica que
Existencialismo - é uma corrente filosófica e literária que consiste em dizer o contrário daquilo que se pensa, dei-
surgiu nos séculos XIX e XX. O existencialismo tem por base xando entender uma distância intencional entre aquilo que
a afirmação dos ideais de liberdade, responsabilidade e dizemos e aquilo que realmente pensamos. Na Literatura,
subjetividade do ser humano, o qual, segundo o pensa- a ironia é a arte de gozar com alguém ou de alguma coi-
mento filosófico, tem livre-arbítrio e deve utilizar a razão sa, com vistas a obter uma reação do leitor, ouvinte ou
para fazer as melhores escolhas. interlocutor.
A essência do existencialismo procura analisar o homem Ela pode ser utilizada, entre outras formas, com o objetivo
como indivíduo, sendo que este faz sua própria existência. de denunciar, de criticar ou de censurar algo. Para tal, o
Percebe-se ,assim, a preocupação em explicar o sentido locutor descreve a realidade com termos aparentemente
das vidas humanas de uma forma subjetiva, ao invés de se valorizantes, mas com a finalidade de desvalorizar. A ironia
preocupar com verdades científicas relativas ao universo, convida o leitor ou o ouvinte a ser ativo durante a leitura,
que fora o centro de outras correntes filosóficas. para refletir sobre o tema e escolher uma determinada po-
sição. O termo Ironia Socrática, levantado por Aristóteles,
O existencialismo foi inspirado nas obras de Arthur Scho- refere-se ao método socrático. Nesse caso, não se trata de
penhauer, Søren Kierkegaard, Fiódor Dostoievski, Friedrich ironia no sentido moderno da palavra.
Nietzsche, Edmund Husserl e Martin Heidegger, difundido
principalmente através das obras de Jean-Paul Sartre e Si- Metáfora - é a figura de palavra em que um termo
mone de Beauvoir. substitui outro em vista de uma relação de semelhança
entre os elementos que esses termos designam. Essa
Tal corrente de pensamento teve influências da religião, uma semelhança é resultado da imaginação, da subjetivida-
vez que muitos filósofos eram cristãos. Pascal e Kierkegaard de de quem cria a metáfora. A metáfora também pode
eram cristãos dedicados. Nietzsche também acreditava, de ser entendida como uma comparação abreviada, em
certa forma, na existência de um Criador. O existencialismo que o conectivo comparativo não está expresso, mas,
pautado na religião afirmava que a fé defende o indivíduo e subentendido.
guia as decisões com um conjunto rigoroso de regras.
Na comparação metafórica (ou símile), um elemento A é
Para os filósofos existencialistas contemporâneos, comparado a um elemento B por meio de um conectivo
a existência humana é vista como algo muito rico e comparativo (como, assim como, que nem, qual, feito etc.).
complexo, por isso é impossível ser enquadrada em
sistematizações abstratas. Muitas vezes a comparação metafórica traz expressa, no
próprio enunciado, a qualidade comum aos dois elementos:
Fenomenologia - nascida na segunda metade do século Esta criança é forte como um touro.
XIX, a partir das análises de Franz Brentano sobre a inten-
cionalidade da consciência humana, trata de descrever, Elemento A Qualidade comum ao conectivo elemento B.
compreender e interpretar os fenômenos que se apresen- Já na metáfora, a qualidade comum e o conectivo com-
tam à percepção. Propõe a extinção da separação entre parativo não são expressos, e a semelhança entre os
“sujeito” e “objeto” (opondo-se ao pensamento positivista elementos A e B passa a ser puramente mental.
do século XIX) e examina a realidade a partir da perspectiva
de primeira pessoa. Do ponto de vista lógico, a criança é uma criança, e um
touro é um touro. Uma criança jamais será um touro. Mas
Gestalt - a Psicologia da forma, Psicologia da Gestalt, a criança teria a sua força comparada à de um touro.
Gestaltismo ou simplesmente Gestalt é uma teoria da psi-
cologia, que considera os fenômenos psicológicos como Veja o exemplo:
um conjunto autônomo, indivisível e articulado na sua “O tempo é uma cadeira ao sol, e nada mais”. (Carlos
configuração, organização e lei interna. A teoria foi criada Drummond de Andrade)
pelos psicólogos alemães Max Wertheimer (1880-1943),
Wolfgang Köhler (1887-1967) e Kurt Koffka (1886-1940), A associação do tempo a uma cadeira ao sol é puramente
nos princípios do século XX. Funda-se na ideia de que o subjetiva. Cabe ao leitor completar o sentido de tal asso-
todo é mais do que a simples soma de suas partes. ciação a partir da sua sensibilidade, da sua experiência.
Essa metáfora, portanto, pode ser compreendida das mais
Hipérbole - em retórica, ocorre hipérbole quando há exa- diferentes formas. Isso não quer dizer que ela possa ser in-
gero numa ideia expressa, de modo a acentuar, de for- terpretada de qualquer jeito, mas que a compreensão dela
ma dramática, aquilo que se quer dizer, transmitindo uma é flexível, ampla.
imagem inesquecível. É frequente na linguagem corrente,
como quando dizemos: “Já te avisei mais de mil vezes para Observe a transformação de comparações metafóricas (ou
não voltares a falar-me alto!”. símiles) em metáforas:
50 Fascículo 2
• O Sr. Vivaldo é esperto como uma raposa. (compara- quem cria a metáfora, estabelecendo uma outra lógica, a
ção metafórica) lógica da sensibilidade.
• O Sr. Vivaldo é uma raposa. (metáfora)
• A vida é fugaz como chuva de verão. (comparação Metonímia - chama-se de metonímia ou transnominação
metafórica) uma figura de linguagem que consiste no emprego de um
• A vida é chuva de verão. (metáfora) termo por outro, dada a relação de semelhança ou a pos-
sibilidade de associação entre eles.
Nesse último exemplo, o elemento A (as mangueiras estão
sendo comparadas ao elemento B (intermináveis serpen- Propaganda - é um modo específico de se apresentar
tes), pois há uma semelhança no modo como ambos se uma informação, com o objetivo de servir a uma agen-
põem em relação ao chão. Os galhos da mangueira, por da. Mesmo que a mensagem traga informação verdadeira,
serem baixos e tortuosos, lembram intermináveis serpentes. é possível que esta seja partidária, não apresentando um
quadro completo e balanceado do objeto em questão. Seu
Na linguagem cotidiana, deparamo-nos com inúmeras ex- uso primário advém de contexto político, referindo-se ge-
pressões, como: ralmente aos esforços patrocinados por governos e partidos
políticos. Uma manipulação semelhante de informações é
• cheque-borracha bem conhecida, a publicidade, mas normalmente não é
• cheque-caubói chamada de propaganda, ao menos, no sentido mencio-
• voto-camarão nado acima.
• manga-espada
• manga-coração-de-boi O CENP, Conselho Executivo de Normas Padrão, um dos
órgãos que normatiza a atividade publicitária no Brasil,
Nos exemplos já vistos, fica bastante claro o porquê da considera publicidade como sinônimo de propaganda.
existência de metáforas. Diante de fatos e coisas novas, que Esta confusão entre os termos propaganda e publicidade
não fazem parte da sua experiência, o homem tem a ten- no Brasil ocorre por um problema de tradução dos originais
dência de associar esses fatos e essas coisas a outros fatos de outros idiomas, especificamente os da língua inglesa.
e coisas que ele já conhece. Em vez de criar um novo nome As traduções dentro da área de negócios, administração e
para o peixe, ele o associa a um objeto da sua experiência marketing utilizam propaganda para o termo em inglês ad-
(espada) e passa a denominá-lo peixe-espada. O mesmo vertising e publicidade, para o termo em inglês publicity. As
acontece com peixe-boi, peixe-zebra, peixe-pedra, etc. (Se traduções dentro da área de comunicação social utilizam
quiser fazer uma experiência, abra o dicionário na palavra propaganda para o termo em inglês publicity e publicidade
“peixe” e verá quantas expressões são formadas a partir para o termo em inglês advertising. No caso do CENP, a
desse processo). distinção entre os vocábulos é irrelevante, pois a entidade
cuida tão-somente das relações comerciais entre anuncian-
Muitos verbos também são utilizados no sentido metafó- tes, agências e veículos. Assim definido o âmbito de sua
rico. Quando dizemos que determinada pessoa “é difícil atuação, torna-se óbvio que ela trata da propaganda co-
de engolir”, não estamos cogitando a possibilidade de mercial e emprega a locução como sinônimo de publicida-
colocar essa pessoa estômago adentro. Associamos o ato de (“advertising”). O termo propaganda é usado quando
de engolir (ingerir algo, colocar algo para dentro) ao ato a veiculação na mídia é paga,; já publicidade refere-se à
de aceitar, suportar, aguentar, em suma, conviver. Alguns veiculação espontânea.
outros exemplos:
Realidade - (do latim realitas isto é, “coisa”) significa em
• A vergonha queimava-lhe o rosto. uso comum “tudo o que existe”. Em seu sentido mais livre,
• As suas palavras cortaram o silêncio. o termo inclui tudo o que é, seja ou não perceptível, aces-
• O relógio pingava as horas, uma a uma, vagarosa- sível ou entendido pela ciência, filosofia ou qualquer outro
mente. sistema de análise.
• Ela se levantou e fuzilou-me com o olhar.
• Meu coração ruminava o ódio. Realidade significa a propriedade do que é real. Aquilo que
é, que existe. O atributo do existente.
Até agora, vimos apenas casos de palavras que assumiam
um sentido metafórico. No entanto, existem expressões O real é tido como aquilo que existe fora da mente ou
inteiras (e até textos inteiros) que têm sentido metafórico, dentro dela também. A ilusão, a imaginação, embora
como: não esteja expressa na realidade tangível extra-mentis,
existe ontologicamente, onticamente* (relativa ao ente -
• ter o rei na barriga: ser orgulhoso, metido vide Heidegger in “Ser e tempo”)*, ou seja: intramentis.
• saltar de banda: cair fora, omitir-se E é portanto real, embora possa ser ou não ilusória. A
• pôr minhocas na cabeça: pensar em bobagens, pen- ilusão quando existente é real e verdadeira em si mesma.
sar em tolices Ela não nega sua natureza. Ela diz, sim, a si mesma. A
• dar um sorriso amarelo: sorrir sem graça realidade interna ao ser, seu mundo das ideias, embora
• tudo azul: tudo bem na qualidade de ens fictionis intra mentis (ipsis literis, in
• ir para o olho da rua: ser despedido, ser mandado “Proslogion” de Anselmo de Aosta - argumento ontológi-
embora co), ou seja, enquanto ente fictício, imaginário, idealiza-
do no sentido de tornar-se ideia, e ser ideia, pode - ou
Como se pode perceber, a metáfora afasta-se do raciocínio não - ser existente e real também no mundo externo. O
lógico, objetivo. A associação depende da subjetividade de que não nega a realidade da sua existência enquanto
Fascículo 2 51
ente imaginário, idealizado. Sex Appeal - Apelo sexual refere-se à técnica utilizada
muitas vezes em publicidade de valorizar o corpo, seja
Quanto ao externo - o fato de poder ser percebido só pela feminino, seja masculino, da (do) modelo, para relacioná-
mente - torna-se sinônimo de interpretação da realidade, lo com algum produto ou marca. Ultimamente tem sido
de uma aproximação com a verdade. A relação íntima en- muito comum nas propagandas de cerveja, em que se
tre realidade e verdade, o modo como a mente interpreta a associa a bebida com uma moça loira, linda e de roupas
realidade, é uma polêmica antiga. O problema, na cultura bem sensuais. O Sex appeal é um forma de sedução.
ocidental, surge com as teorias de Platão e Aristóteles sobre
a natureza do real (o idealismo e o realismo). No cerne do Sinestesia - (do grego συναισθησία, συν- (syn-) “união”
problema, está presente a questão da imagem (a represen- ou “junção” e -αισθησία (-esthesia) “sensação”) é a rela-
tação sensível do objeto) e a da ideia (o sentido do objeto, ção de planos sensoriais diferentes: Por exemplo, o gosto
a sua interpretação mental). com o cheiro ou a visão com o olfato. O termo é usado
para descrever uma figura de linguagem e uma série de
Em senso comum, realidade significa o ajuste que fazemos fenômenos provocados por uma condição neurológica.
entre a imagem e a ideia da coisa, entre verdade e veros-
similhança. O problema da realidade é matéria presente
em todas as ciências e, com particular importância, nas Figura de linguagem
ciências que têm como objeto de estudo o próprio homem: a
antropologia cultural e todas as que nela estão implicadas : Sinestesia é uma figura de estilo ou semântica, que rela-
a filosofia, a psicologia, a semiologia e muitas outras, além ciona planos sensoriais diferentes. Tal como a metáfora ou
das técnicas e das artes visuais. a comparação por símile, são relacionadas entidades de
universos distintos.
Na interpretação ou representação do real, (verdade sub-
jetiva ou crença), a realidade está sujeita ao campo das Exemplos de sinestesias:
escolhas, isto é, determinamos parte do que consideramos
ser um fato, ato ou uma possibilidade, algo adquirido a • Indefiníveis músicas (audição), supremas harmonias
partir dos sentidos e do conhecimento adquirido. Dessa de cor (visão) e de perfume (olfato).
forma, a construção das coisas e as nossas relações de- • Horas do ocaso, trêmulas, extremas, requiem do Sol
pendem de um intrincado contexto, que, ao longo da que a dor da luz resume.
existência, cria a lente entre a aprendizagem e o desejo: • “Os carinhos (tato) de Godofredo não tinham mais
o que vamos aceitar como real? o gosto (paladar) dos primeiros tempos.” (Autran
Dourado)
A verdade (subjetiva) pode, às vezes, estar próxima da reali- • “O brilho macio do cetim.” (visão + tato)
dade, mas depende das situações, contextos, das premissas • “O doce afago materno.” (paladar + tato)
de pensamento, tendo de criar dúvidas reflexivas. Às vezes, • “Verde azedo.” (visão + paladar)
aquilo que observamos está preso a escolhas que são mais • “Aroma gritante.” (olfato + audição)
um conjunto de normas ou e sim, do que evidências. • “O delicioso aroma do amor” (paladar + olfato)
• “Beleza áspera” (visão + tato)
Semiose - dentro da ciência dos signos (Semiologia; Semi-
ótica), semiose foi o termo introduzido por Charles Sanders Slogan - um slogan ou frase de efeito é uma frase de
Peirce para designar o processo de significação, a produ- fácil memorização utilizada em contexto político, religioso
ção de significados. ou comercial como uma expressão repetitiva de uma ideia
ou propósito.
Peirce e Saussure estavam interessados em linguística, a
qual examina a estrutura e o processo da linguagem. Reco- Um slogan político geralmente expressa um objetivo ou
nhecendo, entretanto, que a linguagem é diferente ou mais alvo (“Trabalhadores do mundo, uni-vos!”), enquanto um
abrangente que a fala, desenvolveram a ideia de semioses slogan publicitário é mais frequentemente usado como
para relacionar linguagem com outros sistemas de signos, uma identificação de fácil memorização, agregando um
sejam estes de natureza humana ou não. valor único à empresa, produto ou serviço, sendo esse va-
lor concreto ou não (“A número 1”).
Hoje, não há acordo doutrinário quanto à direção da
relação de causa e efeito. Uma escola de pensamento Slogans variam do escrito ao visual, do cantado ao vulgar.
considera a linguagem o protótipo da semiótica, e seu Quase sempre sua natureza simples e retórica deixa pouco
estudo iluminaria princípios aplicáveis a outros sistemas espaço para detalhes e, como tal, servem talvez mais a
de signos. A escola oposta defende a existência de um uma expressão social de propósito unificado do que uma
sistema meta-signo, sendo a linguagem simplesmente projeção para uma pretendida audiência.
um dos vários códigos para significação comunicante,
citando como exemplo os meios pelos quais as crianças Slogans são atrativos, particularmente na era moderna, de
aprendem sobre seu ambiente mesmo antes de domina- bombardeios informacionais de numerosas fontes da mídia.
rem uma linguagem. “Slogan” vem de sluagh-ghairm (se pronuncia slogorm), do
Qualquer que seja o ponto de vista, uma preliminar de- gaélico-escocês para “grito de guerra” , como no filme co-
finição da semiose é qualquer ação ou influência para nhecido Coração Valente.
sentido comunicante pelo estabelecimento de relações
entre signos que podem ser interpretados por qualquer
audiência.
52 Fascículo 2
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WHITMAN, Jon: Allegory: The Dynamics of an
MACQUEEN, John: Allegory (1970); Ancient and Medieval Technique (1987).
Leitura
e
Produção
de Texto
Prof. Dr. Jairo Nogueira Luna
Carga Horária | 15 horas
Objetivos Específicos
1. Tipologia Textual
Descrição
Tipo de texto em que se faz um retrato por escrito de um lugar, uma pessoa,
um animal ou um objeto. A classe de palavras mais utilizada nessa produção é
o adjetivo devido a sua função caracterizadora. Numa abordagem mais abstrata,
pode-se até descrever sensações ou sentimentos. Não há relação de anterioridade
e posterioridade.
56 Fascículo 3
2. desenvolvimento; ipologia-textual.html
logspot.com/2008/04/t
3. conclusão. http://textuariosocial.b
logia textual e das
cussão e análise da tipo
- blog criado para dis
.
características dos textos
Faz uso de linguagem clara, objetiva e impessoal. A
maioria dos verbos está no presente do indicativo. iewtopic.php?t=35&
.com/letsspeakenglis/v
http://www.phpbbserver
df701e030d&mforu
61a3ef3880646f8ac35df
view=previous&sid=5
Injunção
m=letsspeakenglis
uais entre tipolo-
rca das diferenças conceit
– interessante artigo ace
escolar.
Indica como realizar uma ação; aconselha. É tam- s aplicações no ensino
gia e gênero textual e sua
bém utilizado para predizer acontecimentos e com-
Fascículo 3 57
Atividade/Fórum | Você já deve ter feito todo. Mas os textos que não pertencem ao campo
muitas redações na sua vida escolar e escrito da ficção não são considerados narração, pois esta
muitas cartas e outros textos. Comente acerca não tem como objetivo envolver o leitor pela tra-
daquele tipo de texto em que você mais se sente ma, pelo conflito.
à vontade e sobre aquele que você mais tem di-
ficuldades no Fórum Temático da Disciplina. Podemos dizer que, nesses relatos, há narrativida-
de, que quer dizer, o modo de ser da narração.
• Apresentação;
• Complicação ou desenvolvimento; Figura 36. A leitura é uma atividade, que resiste às
• Clímax; mais duras condições assim como a Narração.
• Desfecho.
Texto extraído do livro “Dez em Humor”, Atividade/Fórum | Uma das ações mais
Editora Expressão e Cultura - Rio de Janeiro, 1968, pág. 50. prazerosas entre amigos é contar piadas. De
fato, toda piada é uma breve narração, cuja fi-
nalidade é a de provocar o riso, daí seu estilo
ser cômico. Conte alguma piada que você ache
boa na página do fórum temático. Observe que
Textos Complementares sua piada não deve conter palavrões nem ter
-com-
om.br/redacao/narracao
http://www.algosobre.c conotação preconceituosa!
exemplos.html
s sobre a Narração.
- página com informaçõe
wiki/Narração
http://pt.wikipedia.org/
rrativo em
a acerca do Modo Na
- verbete da Wikipédi
Literatura.
60 Fascículo 3
3. A Descrição
Uma descrição consiste em uma enumeração de Figura 37. Você pode descrever a imagem?
parâmetros quantitativos e qualitativos os quais
buscam fornecer uma definição de alguma coisa.
Uma descrição completa inclui distinções sutis, No terreno objetivo, temos as informações (dados
úteis para distinguir uma coisa de outra. do conhecimento do autor do texto: livro compra-
do em Lisboa), as caracterizações (dados que estão
Descrição - caracteriza-se por ser um “retrato ver- no objeto de descrição: livro vermelho). Já no sub-
bal” de pessoas, objetos, animais, sentimentos, jetivo, estão as qualificações (impressões subjetivas
cenas ou ambientes. Entretanto, uma descrição sobre o ser ou objeto: livro interessante). O ideal é
não se resume à enumeração pura e simples. O que uma descrição possa fundir a objetividade, ne-
essencial é saber captar o traço distintivo, particu- cessária para a “pintura” ser a mais verídica possí-
lar, o que diferencia aquele elemento descrito de vel, e a subjetividade, que torna o texto bem mais
todos os demais de sua espécie. Os elementos mais interessante e agradável. Sendo assim, a descrição
importantes no processo de caracterização são os deve ir além do simples “retrato”, deve apresentar
adjetivos e as locuções adjetivas. Dessa maneira, é também uma interpretação do autor a respeito da-
possível construir a caracterização tanto no sentido quilo que descreve.
denotativo quanto no conotativo, como forma de
enriquecimento do texto. Enquanto uma narração
faz progredir uma história, a descrição consiste
justamente em interrompê-la, detendo-se em um
personagem, um objeto, um lugar, etc.
Textos Complementares
A qualificação constitui a parte principal de uma html
m.br/redacao/descricao.
descrição. Qualificar o elemento descrito é dar-lhe http://www.algosobre.co
rca da descrição
características, apresentar um julgamento sobre - página com tópicos ace
ele. A qualificação pode estar no campo objetivo o-com-exem-
om.br/redacao/descrica
ou no subjetivo. Uma forma muito comum de qua- http://www.algosobre.c
lificação é a analogia, isto é, a aproximação pelo plos.html
ções da pági-
complementa as informa
pensamento de dois elementos que pertencem - do mesmo site acima,
los.
a domínios distintos. Pode ser feita por meio de na anterior com exemp
comparações ou metáforas.
SAIBA MAIS!
O Ponto de Vista
o que vamos
os pa ra me lho r ob servar o ser ou o objet
posição que escolhem e, ou seja,
O Ponto de vista é a é fundamental a atitud
na s de scr içõ es, alé m da posição física, ev er. O ponto de
descrever. No entanto, e vamos descr
ica qu e tem os co m relação àquilo qu exp res siv os (voca-
lóg ndo os recursos
a predisposição psico ac ab ará de ter mi na
ico) que adotarmos
vista (físico e psicológ os na descrição.
io, fig ura s, tip o de frase) que utilizarem
bulár
devem ser
ão dos detalhes, que
va i de ter mi na r a ordem da apresentaç a ob ra Co munica-
O ponto de vista físico Garcia, em su
va me nte . Ob ser ve o que diz Othon M.
ssi
apresentados progre
pro sa mo de rna p. 217:
ção em
um só período.
tar tod os os de talhes acumulados em
boa norma apres en focalizadas e
Nunca é, por exemplo, tor po uc o a po uc o, verificando as partes
o, oferecê-los ao lei
Deve-se, ao contrári
erligando-as.
associando-as ou int
visão geral e
lo, po de mo s, ini cia lmente, passar uma
a pessoa, por exemp nariz, sua boca,
Na descrição de um s de tal he s: co mo são seus olhos, seu
-se dela, a visão do sprezo, desespero...),
etc.
depois, aproximando ela (in quietação, ironia, de
e so rri so rev
seu sorriso, o que ess
as ao leitor
ual, sejam transmitid
os , é im po rta nte qu e, além da imagem vis as au dit iva s (o som
Na descrição de objet tát eis (o ob jet o é liso ou áspero?),
soriais, como as algum cheiro?).
outras referências sen ), as olf ativas (o objeto exala
ou ag ud o?
que ele emite é grave
s (como uma
um a pra ia, po r exe mplo) ou de ambiente
gens (uma planície, geral. É preciso
A descrição de paisa m nã o de ve m se limitar a uma visão
-- as cenas -- també , numa paisa-
sala, um escritório) rce bid o, ap en as , pe la visão. Certamente
s, e isso não é pe transmitidos ao
ressaltar seus detalhe çõ es tér mi ca s, ch eir os, que deverão ser
verá ruídos, sensa ografia. Também
gem ou ambiente, ha me nu ma fria e pouco expressiva fot
descrição se trans for portanto, fun-
leitor, evitando que a s, an im ais ou co isa s que lhe dão vida. É,
a pessoas, vulto
poderão integrar a cen
es elementos.
damental destacar ess
(Fonte: VERÍSSIMO, Luís Fernando. Comunicação. In: PARA gostar de A dissertação, geralmente, é feita em final de curso
ler, v.7. 3.ed. São Paulo: Ática, 1982. p. 35-37.) ) de pós-graduação, stricto sensu em nível de mestra-
do, com a finalidade de treinar os estudantes no
domínio do assunto abordado e como forma de
Fascículo 3 63
páginas, em média) e procura tratar um assunto de 2. O prefácio. Uma dissertação ou tese acadêmi-
forma quase exaustiva. Contudo, podemos natu- ca é composta por várias partes, umas obriga-
ralmente falar de dissertação para trabalhos de re- tórias (como o índice), outras facultativas. O
duzidas dimensões, desde um comentário de texto prefácio é uma das partes facultativas. Pode en-
a um trabalho de licenciatura (normalmente den- cerrar a história e as incidências da elaboração
tro do limite de algumas dezenas de páginas). A da dissertação/tese, a motivação do autor para
monografia tornou-se sinônima de tese e de disser- a investigação realizada, as condições em que
tação no sentido acadêmico dos trabalhos univer- tal investigação foi desenvolvida e as etapas
sitários, embora a sua semântica aponte também mais relevantes para a sua consecução.
para outros caminhos. 3. O preâmbulo. É uma parte facultativa da res-
ponsabilidade do autor da dissertação ou tese.
Uma dissertação acadêmica obedece a regras espe- Se coexistir com a introdução, reserva-se para
cíficas, existindo hoje uma imensa literatura de re- uma apresentação sumária dos objetivos da
ferência para ajudar a redação e composição formal obra e sua fundamentação.
da dissertação. Certas instituições impõem regras 4. O corpo principal. Trata-se do desenvolvimen-
especiais de acordo com os princípios e os objeti- to da investigação e da reflexão crítica sobre o
vos aí definidos. Uma dissertação acadêmica pu- tema a que o autor se propõe tratar.
blicada deve ser tratada como um livro em termos 5. A conclusão. Todo trabalho de natureza cien-
de referência bibliográfica, destacando o título em tífica inclui as principais conclusões da inves-
itálico, por exemplo, Carlos Silva: Guerra Junqueiro: tigação realizada. Nelas se incluem não só as
A Gênese de um Poeta, Faculdade de Letras, Uni- observações críticas finais julgadas pertinen-
versidade de Portugal, 1999. Caso a dissertação ou tes como também uma eventual orientação
a tese não sejam publicadas, a referência apenas do leitor para a possibilidade de ulteriores
utiliza as aspas: Carlos Silva: «Guerra Junqueiro: investigações.
A Gênese de um Poeta», Faculdade de Letras, Uni- 6. O posfácio. É uma parte facultativa pós-textu-
versidade de Portugal, 1999. Normalmente, e em al que pode servir para acrescentar um dado
particular nas teses de doutoramento, o autor de novo na investigação realizada, quando e só
uma tese acadêmica deve produzir um abstract quando as circunstâncias não permitiram a
(cerca de 300 palavras), que acompanha a disser- sua inclusão no corpo principal do texto.
tação e é enviado para uma instituição (UMI) que 7. As notas. São complementos do texto princi-
edita regularmente o Dissertation Abstracts Inter- pal. Podem constituir-se em comentário, escla-
national (1ªed., 1987). Esta base de dados multidis- recimento ou simples citação em pé de página
ciplinar inclui mais de um milhão de títulos desde (preferencialmente) ou no final de um texto
1861 até hoje e está disponível on line. É atualizada (prática habitual, sobretudo em livros de ex-
mensalmente. pressão inglesa). Como comentário, introdu-
zem ou complementam criticamente um aspec-
Podemos sintetizar as regras de composição de to particular relevado no texto, cuja discussão
uma dissertação da seguinte forma: é aí deixada em aberto. Como esclarecimento,
limitam-se a dar
1. O título. A escolha do título de uma disserta- uma breve ex-
ção ou tese, tal como a escolha de um título plicação sobre a
de um livro, não deve ser menosprezada, pois natureza do tex-
pode contribuir para a correta compreensão da to ou autor cita-
obra em questão ou para o êxito do trabalho. do, informações
Ao nível da pesquisa bibliográfica, durante úteis para uma
uma pesquisa específica, podemos ver a impor- pesquisa paralela
Figura 40. Exemplares de teses.
tância que um título tem para a compreensão ou posterior, ou
de uma dada obra. Analise, por exemplo, um correções de por-
título como Os Lusíadas ou Auto da Barca do menor. Como citação, referem à obra ou obras
Inferno. Num fichário de biblioteca, é possível que serviram de fonte ao autor. São, portanto,
não só encontrar um livro pelo seu índice de partes facultativas, mas muitas vezes de leitu-
títulos mas também pelo índice de autores e ra indispensável para a total compreensão de
pelo índice de assuntos. uma dissertação ou tese.
66 Fascículo 3
8. As citações. Tanto quanto possível, não se lido dos autores. Em bibliografias extensas, é
deve evitar sobrecarregar um texto com cita- costume fazer-se uma divisão temática, de acor-
ções marginais. Como princípio geral, acon- do com a especificidade do trabalho científico
selha-se a trabalhar sempre os textos em pri- desenvolvido.
meira mão, recusando a citação em segunda 10. O estilo. Quando procuramos educar o nosso
ou terceira mãos. Escolher uma boa citação, próprio estilo de escrita, a melhor solução não
saber quando é que é adequado inseri-la e que passa pelo armazenamento de palavras novas
extensão deve ter pode ser mais difícil do que e/ou difíceis. Geralmente, a procura de um es-
parece à primeira vista. As citações em inglês, tilo de grande erudição conduz a um trabalho
francês, espanhol ou italiano ocorrem muitas só legível pelo seu próprio autor. Pelo contrá-
vezes (e tal é aceitável) na língua original, em- rio, a excessiva vulgarização e padronização do
bora se possa optar por traduzi-las em nota. discurso pode levar a um texto impessoal, inca-
Parte-se do princípio universal que quer o seu racterístico e inaceitável para um estudante de
autor quer todos os potenciais leitores de um Letras. O uso de terminologia específica deve
livro científico têm a obrigação de ler qual- ser ponderado com rigor, adequado às circuns-
quer texto nessas línguas. É importante não tâncias e devidamente justificado.
deixar nunca uma citação incompleta (sem
autor, sem fonte, sem página, etc.). Todas as
afirmações diretas devem ser documentadas, Textos Complementares
remetendo para as fontes. Em nenhum caso, http://www.teses.usp.br P.
es e dissertações da US
admite-se que o estudante omita as fontes que – banco de dados de tes
azer_tese.ppt
/ser212/aula3-como_f
utilizou, incorrendo, se o fizer, em fraude. So- www.dpi.inpe.br/cursos ível nesse endereço
erpoint, dispon
brecarregar o texto com citações alheias pode - apresentação em pow o fazer uma tese.
icas de com
acerca de instruções bás
vir a dar num texto incaracterístico. Um bom
texto de análise literária, por exemplo, não se
mede pelo número de citações mas pela opor-
tunidade e importância das referências. SAIBA MAIS!
9. A bibliografia. Uma dissertação, uma tese ão?
O Que é Pós-Graduaç
universitária, um livro técnico contêm (ou dois
uação funciona com
devem conter) sempre uma bibliografia, isto No Brasil, a Pós-Grad su.
sensu e stricto sen
é, o conjunto de textos e/ou livros que efe- tipos de ensino: lato
tivamente contribuíram para a investigação o profissional para me
lhor
O lato sensu capacita atu ali-
que foi necessário realizar para produzir uma e, pois possibilita
executar sua atividad nto s em de-
obra. Uma bibliografia é uma lista de obras s conhecime
zar e aprofundar seu fis sã o. Se qu ise r
sua pro
ordenadas alfabeticamente pelos apelidos dos terminada área da um
rior, o aluno realiza
autores ou então ordenadas cronologicamente atuar no ensino supe -
duz um trabalho final, a mo
por ano de edição (mais raro). Uma referência complemento e pro çã o str ict o sen su,
radua
nografia. Já na pós-g ira
bibliográfica é apenas um registro isolado de fis sio na l qu e pre tende seguir carre
o pro uis a po de
uma obra. Quando fazemos um trabalho de lhar com pesq
universitária ou traba nci a, Do uto rad o.
na sequê
investigação, quando estudamos a obra de um optar pelo Mestrado e,
autor, quando fazemos um comentário literá- forma o profissiona
l para
rio, consultamos livros de dois tipos: àqueles Esse nível de curso r a ati vid ade
rior e inicia
atuar no ensino supe mo tra ba lho fin al,
sobre os quais trabalhamos diretamente, sobre or. Co
de cientista-pesquisad ão no Me strado
dis ser taç
os quais estamos a emitir uma opinião críti- o aluno realiza uma
rado.
ca e que são a base do nosso estudo damos o ou uma tese no Douto
nome de bibliografia ativa; àquelas obras que
nos ajudaram a fazer o nosso trabalho damos 11. A expressão escrita. A correção do texto cien-
o nome de bibliografia passiva (geralmen- tífico passa também pelo estilo adotado e tam-
te de maior extensão em relação à anterior). bém pela correção ortográfica.
Existem duas formas universais de apresentar
uma bibliografia: ou arrumamos os títulos por Atividade/Fórum | Discuta, na página do
ordem cronológica, desde o mais antigo até o fórum temático da disciplina, quais suas preten-
mais recente, ou por ordem alfabética do ape- sões em termos de carreira acadêmica.
Fascículo 3 67
Os manuais mostram que há duas formas de ex- “O Jorge vai para Santos”, disse.
pressar a fala dos personagens. Uma é o discurso
direto, quando o escritor exibe os personagens Trata-se de uma ajudazinha do escritor para o
dialogando, reproduzindo suas conversas. Outra é leitor. E qualquer leitor mediano já está condi-
o discurso indireto, quando o narrador dá a co- cionado a passar por esse recurso sem tropeçar
nhecer, com suas palavras, o que os personagens nele. O cérebro registra o que o personagem dis-
conversam ou ponderam intimamente. se, mas praticamente não “vê” o tal do penduri-
calho. É preciso tomar cuidado para não abusar,
Aqui um exemplo de discurso direto, de uma crô- pois, se muito repetido em trechos próximos do
nica de Luís Fernando Veríssimo: texto, ele perde a invisibilidade e começa a ficar
mais importante que o resto.
“— Tente relaxar...
— Desculpe. É que tem uma parte de mim que, enten- Há umas convenções quanto a isso. Por exemplo:
de? Fica de fora, distanciada, assistindo a tudo. Uma “Faça isso”, mandou, “pode ser o certo.” (Depois
parte que não consegue se entregar... do verbo-penduricalho, você continua a frase com
— Eu entendo.
letra minúscula. A não ser que haja um substanti-
— É como se fosse uma terceira pessoa na cama.
— Certo. É o seu superego. O meu também está aqui. vo ou nome próprio: “Faça isso”, mandou, “João
— O seu também? acha que é o certo.” Se você, entretanto, quiser
— Claro. Todo mundo tem um. O negócio é aprender destacar a segunda frase, ela começa com maiúscu-
a conviver com ele. la, graças ao ponto final na primeira: “Faça isso”,
— Se ele ao menos fechasse os olhos!” mandou. “Pode ser o certo”.
mesmos. O texto reduz o ritmo da tensão. e provocar uma empatia do leitor com tal ou tal
personagem. No diálogo, em geral, não há espaço
A Informação do Diálogo para se ficar dizendo abobrinhas ou jogando con-
versa fora, sob pena de o leitor jogar o livro fora. É
É preciso ter cuidado ao embutir informações nos sempre bom lembrar que uma função do diálogo é
diálogos. O recurso tem de ser usado em doses pe- levar a ação adiante, acrescentar um conflito, mos-
quenas. Nada mais chato do que ler meia página trar algo de novo sobre um personagem.
de informações que vêm da boca de um persona-
gem, narrando fatos do passado ou explicando
alguma coisa.
SAIBA MAIS!
e Indireto
Discurso Direto
nagem
As falas de um perso curso direto ou do
a fal a da s pe rso na gens por meio do dis
entar
narrador pode apres
Em uma narrativa, o
discurso indireto. curso
. Para construir o dis
m po r me io de suas próprias palavras
hecemos a persona ge ou verbos dic di.
en
No discurso direto, con , qu e cha ma mo s de verbos “de dizer”
são e certos verbos esp
eci ais rar, exclamar e
direto, usamos o traves er, res po nd er, ret rucar, indagar, decla
s falar, diz
rbos dicendi os verbo
São exemplos de ve
assim por diante. amos sabendo do so
frimento e
“V ida s Se ca s”, de Graciliano Ramos, fic o.
m do romance forma como ele se dir
ige ao filh
Na seguinte passage tag onista, por meio da
Fa bia no , o pro
da rudeza de pôs-se a chorar, sen
tou-se
ram , su mi ram -se . O menino mais velho
imaram- se, recua
“Os juazeiros aprox
no chão. i.”
diabo, gritou-lhe o pa
- Anda, condenado do ta-
suas palavras indire
qu e a pe rso na ge m disse. Conhecemos
o
o narrador “conta”
No discurso indireto, ad a ac im a ficaria assim:
me nc ion
mente. A passagem
.”
condenado do diabo
tou -lh e qu e an da sse, chamando-o de
“O pai gri ireto livre. Nesse
rso na ge ns dizem. É o discurso ind
ra forma de conhece
ro qu e as pe dicendi ou travessão.
Há, ainda, uma tercei ra o dir eto , sem usar nenhum verbo caracterizar
na rra do r pa ssa do discurso indire to pa
rra do r usa o dis cur so indireto livre para
caso , o as Secas, o na
tra passagem de Vid
Por exemplo, numa ou
Tomé:
a personagem de seu livros, mas não sabia
mandar:
est rag av a os olh os em cima de jornais e ue las ma ne ira s. Mas
lan de ira falava bem, o po vo censurava aq
“S eu Tom é da bo o po r ser co rtê s. Até
um homem remediad
pedia. Esquisitice de Qu em dis se qu e não obedeciam?”
. Ah !
todos obedeciam a ele sobre a questão.
rra do r, e, sim , da pe rsonagem, pensando
o é do na
e a última reflexão nã
Podemos observar qu
dos os pensamentos humanos e em todos manter uma conversa com os entrevistados num
os fenômenos do mundo material. ambiente agradável. Aqui ficam algumas dicas para
uma entrevista de sucesso:
• Rubrica: filosofia.
No marxismo, versão materialista da dialé- • Prepare uma entrevista no contexto apropria-
tica hegeliana aplicada ao movimento e às do, e tome nota para que isso sirva como re-
contradições de origem econômica na his- ferência no decorrer da entrevista. Faça uma
tória da humanidade. revisão nas questões e coloque nos momentos
que antecedem a entrevista.
2. Derivação: sentido figurado (da acp. 1.1).
Uso: pejorativo. • Antes da entrevista, faça uma pesquisa acer-
Na arte, modo de discutir por meio de ra- ca da pessoa a ser entrevistada, seu currículo,
ciocínios especiosos e vazios. seus trabalhos. Não mace a pessoa a ser entre-
vistada com perguntas que poderia facilmente
Com base no que foi aqui exposto sobre o di- saber a resposta a priori. Ainda assim, pode
álogo e com a definição de dicionário do que confirmar brevemente essas respostas, dando
é dialética, comente qual a importância da dia- a mostrar o seu interesse e conhecimento da
lética para o desenvolvimento do pensamento. pessoa em questão.
SAIBA MAIS!
da entrevista, desde que mantenha, em mente, os Programas de
A Evolução do Design
dos
objetivos que traçou para a entrevista. Após algu- s.
mas entrevistas (bastam até duas ou três para tal Entrevista de Jô Soare
ser notado), o entrevistador vai concluir que ob- , 2008
Publicado Agosto 11 e Meia,
teve valioso conhecimento acerca do domínio do no SBT, o Jô Soares Onze
Em 1988, estreava, nte no s fam o so s talk
integralme
problema e vai ter uma melhor compreensão do baseado quase que te Show
fim de noite como o “La
problema a ser trabalhado e das opiniões do en- shows americanos de t Sh ow with
” ou o “The Tonigh
trevistado acerca do conhecimento que ele possui. with David Letterman s pri nc ipa is dif ere n-
te uma da
Jay Leno“. Inicialmen no âm bit o
Para além disso, o entrevistador consegue fazer um mato original estava
ças em relação ao for a seu s co nv i-
apanhado das necessidades chave da entrevista. O e David entrevistav
visual. Enquanto qu s da cidade
s co m imagens noturna
entrevistador deve ter sempre em mente que este dados em fundo Jô So are s optou por
dução de
método deve basear-se numa troca de informação de Manhattan, a pro nimalista.
agem visual mais mi
mútua entre entrevistador e entrevistado. empregar uma lingu ita ria me nte por
mpostos major
Os cenários eram co as nu an ces de luz.
com algum
um fundo azul, claro
A Injunção que ini-
aplicado na vinheta
O mesmo conceito era de sp ert ad or estili-
bloco. Um
ciava e fechava cada for ma s e
Texto Injuntivo em sua maioria com
zado era construído o ao s fam o-
iam uma associaçã
cores básicas que faz ssi ly Ka nd ins ky, da
listas de Wa
O texto injuntivo incita ao cumprimento escrupuloso de sos estudos funciona a a esse
let ter ing Jô Soares se integrav
Bauhaus. O Me ia” não
diferentes etapas, cronologicamente ordenadas, de execu- e a frase “Onze e
objeto, enquanto qu po nte iro s locali-
ção de uma ação. entada pelos
existia. Ela era repres
”.
zados sobre a letra “O
1. parte: descrição dos materiais e circunstâncias mente mos-
nos populares obvia
que presidem ao ponto de partida da realiza- Essas referências me um pú bli co mais eli-
issora por
travam a busca da em parte acon-
ção da ação. o, o que acabou em
tizado e diferenciad
2. parte: enumeração de procedimentos ( podem tecendo.
ser indicados os limites temporais a ter em
conta no desenvolvimento de algum procedi-
mento). Estudos de Cor e Forma de Kandinsky,
da Bauhaus
A Conjugação verbal na Injunção:
Contudo, a influência do formato americano e da
• 3 pessoa do conjuntivo (forma supletiva do
ª estética futurista tridimensional de Hans Donner
Modo Imperativo): foram mais fortes, e o Jô Soares Onze e Meia aca-
“Coloque a tampa e, a seguir, pressione.” bou incorporando elementos de ambos. Em 1997,
graças à computação gráfica, a abertura ganhou
• Presente do Indicativo com sujeito indeter- uma simulação de viagem aérea noturna sobre uma
minado: cidade virtual extremamente iluminada, com inser-
“Coloca-se a tampa e, a seguir, pressiona-se.” ções das imagens do apresentador em luminosos e
na televisão dentro dos apartamentos. A assinatura
• Infinitivo: recebeu também uma repaginada, ganhando um
“Colocar a tampa e, a seguir, pressionar.” brilho metalizado e movimentos mais rápidos que
exploravam, ainda mais, as três dimensões. Além
disso, o cenário recebeu mais cores, acompanhan-
Textos Complementares do a identidade da marca, além de uma cidade es-
miotica/es/eSSe3/2007 tilizada ao fundo, construído apenas com formas
www.fflch.usp.br/dl/se e do
uivo em pdf que discut brancas sobre o fundo azul, agora mais escuro.
- eSSe3.C.MEN.pdf - arq s dos textos
iótica as caracterís tica
ponto de vista da sem
injuntivos. Em 1999, assim como toda a programação do SBT,
trevista.jhtm
.br/empregos/dicas/en
http://noticias.uol.com a entrevista
a abertura recebeu elementos mais icônicos e efei-
o se preparar par a um
- matéria acerca de com tos visuais mais rebuscados, como luzes e brilhos,
de emprego. -entrevista- tornando-a, ainda, mais popular. O relógio ganhou
spot.com/2007/11/veja
http://arquivoetc.blog ta Jô Soares peças de corda, e o fundo recebeu nuvens. Além
a entrevista o humoris
j-soares.html - revista Vej
Fascículo 3 73
Glossário
A tese deve revelar a capacidade do pesquisador em sis- LESSING, Gottlob Efraim. Laocoonte ou Sobre
tematizar o conhecimento, revelando a capacidade do
doutorando em fornecer uma contribuição para a ciência,
as fronteiras da Pintura e da Poesia. São Paulo,
primando pela originalidade. Iluminuras, 1998.
BARTHES, Roland. O prazer do texto. Lisboa: WALTHER-BENSE, Elisabeth. Teoria Geral dos
Edições 70, 1974. Signos. São Paulo, Perspectiva, 2000.
Leitura
e
Produção
de Texto
Prof. Dr. Jairo Nogueira Luna
Carga Horária | 15 horas
Objetivos Específicos
O Conhecimento Linguístico;
Referenciação e progressão referencial;
Sequenciação textual
Essa coesão também pode, muitas vezes, ocorrer de modo implícito, baseado em
conhecimentos anteriores que os participantes do processo têm com o tema.
78 Fascículo 4
Por exemplo, o uso de uma determinada sigla, que haja uma unidade, ou seja, que essas frases estejam
para o público a quem se dirige deveria ser de co- coesas e coerentes, formando o texto.
nhecimento geral, evita que se lance mão de repe-
tições inúteis. Além disso, relembre-se de que, por coesão, enten-
de-se ligação, relação, nexo entre os elementos que
Numa linguagem figurada, a coesão é uma linha compõem a estrutura textual.
imaginária - composta de termos e expressões - que
une os diversos elementos do texto e busca estabe- Há diversas formas de se garantir a coesão entre
lecer relações de sentido entre eles. os elementos de uma frase ou de um texto:
Elisa Guimarães (2) nos ensina a esse respeito: bui de forma desigual: são, sobretudo, os jovens
pobres e negros, do sexo masculino, entre 15 e 24
Os pronomes pessoais e as desinências verbais indicam os anos, que têm pago com a própria vida o preço da
participantes do ato do discurso. Os pronomes demonstra- escalada da violência no Brasil.
tivos, certas locuções prepositivas e adverbiais bem como
os advérbios de tempo referenciam o momento da enun- (Adaptado de http:// www.brasil.gov.br/acoes.htm)
ciação, podendo indicar simultaneidade, anterioridade ou
posterioridade.
a) 1 – Tanto é assim que
b) 2 – Lamentavelmente
Assim: este, agora, hoje, neste momento (presente); ulti-
mamente, recentemente, ontem, há alguns dias, antes de
c) 3 – ou seja
(pretérito); de agora em diante, no próximo ano, depois d) 4 – Simultaneamente
de (futuro). e) 5 – Se bem que
Como nosso intuito nesta página é o de apresentar Dessas, a única que não atende ao solicitado é a de
conceitos, sem aprofundá-los em demasia, bastam- número 5, uma vez que a expressão “Se bem que”
nos essas informações. Vejamos como o examinador deveria introduzir uma oração de valor concessi-
tem abordado o assunto. vo, estabelecendo, assim, ideia contrária à que foi
apresentada, até então, pelo texto.
Prova AFTN/RN 2005
Verifica-se, contudo, que o que se segue ratifica as
Assinale a opção em que a estrutura sugerida para informações anteriores ao fornecer dados comple-
preenchimento da lacuna correspondente provoca mentares às estatísticas sobre homicídios. Sendo
defeito de coesão e incoerência nos sentidos do aceita a sugestão da banca, a coerência textual seria
texto. prejudicada. Por isso, o gabarito é a opção E.
SAIBA MAIS!
Provas de Vestibular
Pérolas das
eiro e de São Paulo,
colhidos em 2001 e
era is do Rio de Jan
es fed
vestibular de faculdad
Trechos das provas do
2002.
o o oxigênio.”
nado por ter inventad
“Lavoisier foi guilhoti s ao cérebro.”
mite ideias luminosa
“O nervo ótico trans ar. ”
sa quantidade de
“O vento é uma imen to de terras não cultivadas
.”
er melhor.”
“O terremoto é um pe
queno movim en
erá ria pa ra qu e os mortos pudessem viv
lve ram a art e fun
desenvo
“Os egípcios antigos cia grega.”
nc ipa l ditador da democra ia de necessidades.”
“Péri cle s foi o pri
nd o é a superabundânc o d’água.”
nta l do ter cei ro mu s se afogavam dentr
“O problema fun da me
s séc ulo s, nu ma ép oca em que os peixe
há muito
“O petróleo apareceu
ipa l fun çã o da raiz é se enterrar.”
“A princ ntela.”
te ve m perdendo muita clie
“A igreja ultimamen s.”
lor e turista
“O sol nos dá luz, ca bico.” r em um metro da un
idade de
têm na bo ca um dente chamado qu e se tem que realiza
“As aves sig nif ica a for ça
é do Newton, que
“A unidade de força
o co ntrário.”
tempo, no sentid a confuso.”
tod a na rra çã o em prosa de um tem
“Lenda é
que toca.”
“A harpa é uma asa Marco Polo.” .”
trazida da China por comem por duas vezes
“A febre amarela foi
do s ou tro s an im ais porque o que comem,
tinguem r dia.”
“Os ruminantes se dis funcionar 24 horas po
raç ão é o ún ico órg ão que não deixa de be r, só so bre viv e se for empalhado.”
“O co tem ág ua pa ra be
irracional não
“Quando um animal
iste em dormir ao contrário.”
“A insônia co ns ifícios verticais.” romances e os realist
as nos
etu ra gó tica se no tabilizou por fazer ed os românticos escrevem
“A arquit Re ali sm o é qu e
Romantismo e o
“A diferença entre o
est á a situação do país.”
mostram como
ito alto e magro.”
“O Chile é um país mu cado original.” venenavam.”
tism o é um a esp éci e de detergente do pe e os qu e nã o est avam de acordo se en
“O ba bem po rqu
cia funcionava muito
“Na Grécia a democra de um a ep op éia .”
meço
“A prosopopéia é o co res pir am co mo podem.”
d’á gu a
“Os crustáceos fora r só respirarem a no
ite.”
guem dos animais po
“As plantas se distin s pe lo co rpo .”
manos nascem unido de de cuspir.”
“Os hermafroditas hu ba lha m qu an do a gente tem vonta
nd ula s sa liv are s só tra nã o ve mo s.”
“As glâ s ver o que
fé é um a gra ça atr avés da qual podemo an tes da Me so potamia.”
“A am os primitivos habit
de lta s for das.”
“Os estuários e os s fábricas desco eci nh
ivo da So cie da de Anônima é ter muita co let iva .”
“O objet à enfermidade
l assegura o direito
“A Previdência Socia
“O Ateísmo é uma rel
igião anôn im a.” r de três minutos.”
res pir aç ão sem ar que não deve passa
“A respiração anaerób
ia é a de de tempo.”
e de ca lor ias arm azenadas numa unida
ad
“O calor é a quantid o era injusto.” o após manter rela-
a Justiça, todo mund fridas por um indivídu
“Antes de ser criada icaçõ es mo rfo lóg ica s so
undário são as modif
“Caracter sexual sec
ções sexuais.” ulado.”
de morto, foi decapit
“Tiradentes, depois cei ”.
Resposta a uma pergu
nta: “Não pirineus etc.”
, de sta ca m- se os aztecas, os incas, os s nossos dias).”
“Entres os índios de
Améri ca
dia , Mo de rna e Mo mentânea (esta, a do
em 4: Antiga, Mé
“A História se divide rtas eram sacrificadas
.”
cri an ças que nasciam mo en tendo nada”.
“Em Esparta as iza çã o? ”: “N ão
à pe rgu nta “Q ue entende por helen tem po for am se sifilizando.”
Resposta mu ito atr az ados mas com o se conheciam na hora
h.”
“No começo os índios
era m
s era m fei tos ‘no escuro’ e os noivos só
tais os casame nto da marinha .”
“Entre os povos orien fortalecer o exército lo, com os di-
ve rno pre cis ou co ntratar oficiais para a est átu a, tira ndo uma folha do pre
“Então o go na Ale ma nh a um
Gutenberg, fizeram
“Em homenagem a ianos.”
nada’.” extremamente vegetar
zeres: ‘E a luz foi ilu mi
de pe nd ia do ca fé e de outros produtos
o Brasil só
“No tempo colonial
al de Po rtu ga l é Luiz Boa.”
“A capit ici.”
s Est ados Unidos é o Minin
“O principal rio no ho me m em qu e vivemos.”
estuda o
“A Geografia Humana
Fascículo 4 81
uva.”
muito aguado pela ch ferro cimentadas.”
“O Brasil é um país de 10 0.0 00 Km de estradas de
“Na América do No rte tem ma is on de desce decente.”
l; on de ele na sce é o nascente e
o So
“Oceano é onde nasce pública do Minicana.”
éri ca Ce ntr al há países como a Re
“N a Am s no mundo.”
netas mais conhecido
“A Terra é um dos pla a noite.”
vem para esclarecer os Unidos.”
“As constelações ser éri ca do No rte são Argentina e Estad
da Am
“As principais cidades ando tem flores é pri
-
ssoas tangarelas.” faz calor é verão; qu
“Expansivas são as pe frio é inv ern o; qu an do
é assim: quando faz
“O clima de São Paulo e quando chove é inu
ndação.” ora e está na
an do tem fru tas é ou ton o
tro s 5 eu sa bia mas como esqueci ag a
mave ra; qu
Mercúrio, Venus, Ter
ra, Marte. Os ou aixar a nota por caus
“Os plantetas são 9: eu lem bra r, va i? (e espero que não vai ab
r
va, o sr. não vai espera
hora de entregar a pro
disso).”
Ver a referência unicamente como um item lexical, A referência nunca pode ser tratada como algo ex-
ou seja, como uma “convenção linguística” estáti- terno ou desconectado à interação e ao contexto
ca, invariável é descartar todos os fatores que, na situacional, pois são esses fatores, entre outros, que
realidade, a tornam possível para a criação de uma delimitam e determinam a construção de seus refe-
significação comum entre os sujeitos envolvidos na rentes e sentidos.
situação de comunicação, como, por exemplo, o
contexto e a interação. Para que a interação pela língua aconteça, os in-
terlocutores precisam ter muito mais do que ape-
Esta visão de língua(gem) desconsidera toda e qual- nas os elementos formais da língua em comum.
quer influência que o contexto possa exercer no É preciso ter a interação no âmbito da cultura,
ato da comunicação, limitando a língua a um ins- determinadas crenças, valores e, principalmente, o
trumento formal, autônomo e independente, ten- contexto situacional e alguns conhecimentos pré-
do por base, apenas, os conhecimentos estruturais vios. Todos são essenciais para a construção mútua
e gerativistas da língua estudada. dos referentes e sentidos.
A língua é necessária para a interação/comunica- Portanto, “referir” é muito mais do que simples-
ção, mas não é suficientemente autônoma para mente indicar objetos do mundo, tal e qual eles
garantir isso, assim como os outros fatores, se con- são aos nossos olhos. A linguagem não é uma imi-
siderados isoladamente, também não o são. É o tação da realidade nem tem a intenção de ser.
conjunto desses vários fatores que importa, pois
apenas conhecimento da língua, contexto e conhe-
cimentos prévios não realizam o processo sozinhos. Texto Complementar
/di scu rso _
e.c l/E dit ori al/ lib ros
ww w.f ilo sof ia. uc hil
Não sendo a língua suficiente para garantir o su- cambio/14Franci.pdf aspectos da
cesso da interação/comunicação, assim ela tam- analisa e exemplifica
- arquivo em pdf que
bém não é suficiente para o processo de referen- referenciação textual.
ciação. É preciso, além de conhecer a língua, saber
utilizá-la no processo de interação/comunicação,
associando-a aos conhecimentos social, situacional SAIBA MAIS!
A pri-
ta de duas maneiras.
e de mundo, etc. Anáfora pode ser vis qu e a
tradicional, enquanto
meira é uma visão
is recente.
É esse amálgama de conhecimentos e fatores que outra é uma visão ma
mo
torna possível, por exemplo, a compreensão de a retomada de um ter
Pela visão tradicional, nd o, as-
metáforas, metonímias, analogias, associações e no discurso, mante
já está introduzida co m o me sm o
referencial
outras figuras que não se esgotam na língua. sim, uma identidade fra se: “U m ve ad o
lo, na
referente. Por exemp pa lav ras
cerrada moita”, as
escondeu- se numa o veado
Não há como garantir com total certeza que uma om ar “um veado” são:
que poderiam ret
mensagem seja perfeitamente compreendida (de ou ele.
acordo com a intenção do enunciador), pois são reto-
te, o referente pode
muitas as variantes do que estamos chamando de Pela visão mais recen av ali ar um a pa-
gorizar ou
“conhecimento compartilhado” que tanto afetam mar, ampliar, recate
lavra.
e determinam o “jogo da linguagem”.
fenô-
estudada como um
A anáfora vem sendo ial e nã o co mo um
inferenc
A única maneira de evitar o “paradoxo do conhe- meno de natureza ial (M ar-
clonagem referenc
cimento comum”, ou seja, o problema de saber se simples processo de nã o é um sim -
Ou seja, ela
o seu interlocutor tem todos os referentes necessá- cuschi, 2000 a, p.3). cia lid ad e.
rreferen
ples fenômeno de co
rios para compreender o sentido do seu enuncia-
do, é conduzir esse processo por diversos caminhos Por exemplo: deu um
o no jardim e acen
que levem o participante a obter ou relacionar os Ele jogou seu cigarr
conhecimentos prévios necessários. outro.
nte di-
tro” constrói um refere
A expressão “um ou mi na l an ter ior. Há
Os conhecimentos comuns ou compartilhados por grupo no
ferente daquele do ica l.
s uma relação lex
si sós também não dão conta do processo de refe- somente entre ambo
renciação; eles são fatores que participam da cons- expressão que, no tex
to, se
Assim, anáfora é a co nteú-
trução de sentidos dos novos referentes, dentro de ressões, enunciados,
reporta a outras exp nte ma nten-
um quadro muito mais amplo de variantes. o necessariame
dos ou contextos, nã qu e nã o só co ntri-
erencial,
do a identidade ref ial mas
de tópica e referenc
Todos os fatores envolvidos no processo de inte- bui para a continuida do s ob jet os
recategorização
ração/comunicação só funcionam dentro do con- também promove a vis ta do loc uto r e
pontos de
dos discursos, indica dis cu rso .
junto, e nenhum deles pode ser estudado isolada- me nte o
orienta argumentativa
mente como sendo o único ou principal.
Pronominalização
O que importa não é a quantidade de conheci- repeti-
mes evita que haja
mentos que os sujeitos envolvidos no processo de O emprego de prono ntr ibu em para a
também co
interação compartilham, mas sim, a maneira como ções num texto. Eles
texto.
estruturação de um
fazem isso, selecionando e combinando tais co-
citado
oma um referente já
nhecimentos dentro de estratégias definidas para A correferenciação ret
atingir o objetivo de construir o sentido esperado. no texto.
Fascículo 4 85
(merônimo).
no vo rte do currículo.
çã o im pla nta um Ex: A disciplina é pa
A nã o co rre fer en cia
re fer en te. nomi-
s nominais (anáfora Anáfora Resumidora
As formas referenciai , ori en-
zam, recategorizam
nal/lexical) categori lizado condensa um
a ex-
tam a argumentação
. Quando o termo uti gru po no-
não retoma um
curso. tensão do discurso, ior pa rtic ula r, ma s
em do gênero do dis minal ou um segme
nto anter
As escolhas depend olh as lexi- o conteúdo de uma
fra se, de
fazem-se as esc condensa e resume
De acordo com este, co mp ort am en to tod o um fra gm en to de texto
os tipos de um parágrafo ou de
cais, e são apontados gata foi atropelada
por um
linguístico. anterior. Ex: Nossa he tra ço s.
deixou-l
Det+ nome (modific
adores) carro. Esse acidente
orre a
uma notícia, não oc A anáfora: para trás
do texto.
Quando o texto for rca sub- do texto.
ivo possui uma ma Catáfora: pa ra fre nte
adjetivação. O adjet texto.
jetiva. de e o Exófora: para fora do
discursiva: o que po
Forcaut – formação a mais. Ela aponta pa
ra de-
que deve ser dito. A endófora não se us
es.
terminadas realidad ra e da
mi na r pro ces so s é um caráter da anáfo
No
A Catáfora catáfora. lmente
ocor- de palavras funciona
uíssimo estudado. Ela Inexiste uma classe
É um fenômeno pouq unda rica.
lícito ap are ce em seg definida como anafó
re quando o sujeito exp ord em no rm alm ente
ndo à
posição, não obedece tem a e de-
meiro aparece o
utilizada, em que pri Atividade/Fórum | A Anáfora é também
s.
pois os seus referente .
do a vi, Má rci a estava com pressa uma figura utilizada com relativa constância
Ex: Quan
na poesia. Encontre exemplos de utilização de
Anáfora por Sinonímia anáfora na poesia e comente na página do fó-
o qual rum temático da disciplina.
vo termo/expressão
Implica utilizar um no ser rec up erado
dado, por
é considerado como /ex pre ssã o. O que
termo
como sinônimo de um ed ade
sinônimo é a propri 4. Nominalização
dará a condição de uti liza do s,
entre os pares
de simetria existente de pro pri ed ad es
ocidade
devendo haver recipr vão Neste tópico, falaremos da Nominalização, proces-
tica s. Há gra us de sinonímias que
semân um a qu as e-
uestionável)até so através do qual podemos usar um substantivo,
desde a absoluta(inq
ável). fazendo referência a um verbo anteriormente ex-
sinonímia (inquestion
Por exemp lo: presso no texto. Vamos ver como isso funciona?
Enxuguei a louça. A nominalização é um recurso coesivo dos mais
Sequei a louça. usados entre as estratégias de remissão e progres-
Hiponímia são textual. Seja o exemplo:
Anáfora por
ação de
exercem entre si rel • Dois menores invadiram ontem à tarde uma
Os pares utilizados ou maior
um termo é menor
hierarquia, quando nu ma classe casa em Cariacica, onde se realizava uma festa
ando se inclui
do que o outro, qu rdi na do he rda ca- de aniversário e roubaram vários pertences das
mo subo
maior, e apenas o ter NO S é
rordenado. x: UNISI pessoas presentes. A invasão provocou tanto
racterísticas do supe na do - hip ô-
Termos subordi tumulto que ninguém teve a iniciativa de cha-
uma Universidade.
nimo - UNISI NO S. rsi- mar a polícia para investigar o roubo.
- hiperônimo - Unive
Termo superordenado
dade. nte à Veja-se que a invasão retoma a proposição centrada
ão lexical corresponde
A hiponímia é a relaç .
em ou tra no verbo invadir, e o roubo retoma a proposição
inclusão de uma classe
centrada no verbo roubar. Nesse contexto, cada
Anáfora por Meronímia uma das formas nominais anafóricas, retomando
seada uma informação já explicitada, constitui um novo
anáfora nominal ba
Caso particular de im o) e parte tópico, sobre o qual se assenta a progressão textu-
tre todo (holôn
em uma relação en al. Este uso é corrente nos discursos jornalísticos,
tanto nas notícias quanto nos editoriais e artigos
86 Fascículo 4
de opinião. Entretanto, mais do que um instru- nita dos discursos. Admitindo essa dialogia, vários
mento de progressão referencial, a nominalização estudiosos têm associado esse já-dito à noção de
é uma estratégia de referenciação e de textualiza- pressuposição, de interdiscurso, ou de memória
ção ancorada na memória discursiva, esta pressu- discursiva. Segundo Ducrot, para tratar adequa-
postamente partilhada pelos interlocutores. Como damente a argumentação, é preciso admitir que
estratégia de textualização, retoma e trabalha ou- o sujeito da enunciação fala sempre a partir de
tros discursos, criando, com isso, a imagem de um um “lugar comum” argumentativo (de um topos),
continuum discursivo. onde um sistema comum de crenças é partilhado.
É a partir desse “lugar comum” que se constroem
E não foi difícil encontrar, tanto nos editoriais os discursos. Passar um conteúdo sob a forma de
quanto nos artigos de opinião examinados, “en- pressuposição é, portanto, uma estratégia eficaz na
cabeçamentos” definidos, que apontam para um formação de opinião.
discurso anterior, pressuposto:
Para fazer um contraponto, vamos tomar o primei-
• Repercute intensamente a visita que o presi- ro enunciado do editorial de A Gazeta, de 21 de
dente Luiz Inácio Lula da Silva fez na quin- outubro de 2004: O Brasil fracassa em combater a
ta-feira ao Espírito Santo. (26-02-2005) corrupção. Esse modo de veicular o conteúdo dá à
forma verbal fracassa o estatuto de informação da
• O aumento da carga tributária brasileira, opinião defendida pelo jornal no evento da produ-
que o Governo tantas vezes negou, agora é ção do editorial. Diferente seria, se a formulação
reconhecido oficialmente. (14-03-2005) tivesse sido: É evidente o fracasso do Brasil em
combater a corrupção. Nessa recontextualização,
• O falecimento de João Paulo II significa a forma nominal o fracasso do Brasil já pressupõe
para a humanidade a perda de um de seus que o Brasil fracassa, tomando essa imagem de fra-
maiores líderes, em todos os tempos. (03-04- casso como já conhecida, veiculada publicamente.
2005) O modalizador é evidente, marca o engajamento
do jornal na existência dessa imagem, o seu grau
• A escolha do novo papa é uma resposta a de crença nesse discurso de fracasso, de conheci-
problemas enfrentados pela Igreja Católica mento público, que vem de outro lugar.
na Europa, disse ontem o Arcebispo de Vitó-
ria, dom Luis Mancilha Vilela. (20-04-2005) Na perspectiva textual-discursiva, que assumimos
aqui, nominalizar um predicado é, numa retoma-
Do ponto de vista semântico, a nominalização vei- da anafórica, pressupô-lo como conhecido do in-
cula um conteúdo pressuposto, subjacente (e “exte- terlocutor e, a partir desse pressuposto, acrescentar
rior”) ao que é dito no evento enunciativo. Assim, uma informação nova. É o que explica a diferença
a morte do papa pressupõe que o papa morreu; de estruturação entre A e B, a seguir:
a queda do dólar pressupõe que o dólar caiu ou
está caindo; a denúncia de corrupção pressupõe A. O coordenador da campanha distribuiu mesadas
que alguém denunciou a existência de corrupção; aos parlamentares da base aliada, e isso foi altamen-
a reação do presidente pressupõe que o presidente te criticado pelos membros da CPMI.
reagiu de algum modo. Pressupor, no sentido aqui
defendido, é apontar para um discurso anterior, B. A distribuição de mesadas pelo coordenador
que se inscreve no evento enunciativo como um da campanha aos parlamentares da base aliada
preconstruído (Henry, 1992). A ilusão de objetivi- foi altamente criticada pelos membros da CPMI.
dade referencial, advinda dessa estratégia, decorre
exatamente do fato de que os referentes (resultan- Em A, temos duas unidades de comunicação, pos-
tes do processo de nominalização) foram construí- tas em sequência. Primeiramente, o ato de distri-
dos fora, em um discurso anterior, de responsabi- buir mesadas é informado ao locutor; a seguir, é
lidade pública. acrescentada uma informação nova (um comentá-
rio) sobre esse primeiro ato. Em B, temos apenas
Ora, dentro da concepção Bakthiniana de dialo- uma unidade de comunicação. Nesse caso, a distri-
gismo, todo enunciado é uma resposta a um já- buição de mesadas ... é um conteúdo pressupos-
dito, com o qual entra em relação na cadeia infi- to que já faz parte da memória textual do leitor; a
Fascículo 4 87
O conteúdo presente
IBA MAIS!
na construção no- SA
minal destacada é, Sumarização de Docum
entos
tor
ra que, ao lê-lo, o lei
mação necessária, pa to origin al O editorial jornalístico é (por sua natureza efême-
ou não o tex
decida por também ler
ra e circunstancial) um gênero discursivo, que se
por completo. s
tes de jornal, resenha presta muito bem ao uso da estratégia de nominali-
Exemplos são manche
de filmes.
de livros e sinopses zação e, particularmente, desses “encabeçamentos”
, anafóricos. Ora, por sua própria função, o edito-
s - em contrapartida
• Resumos Informativo nã o tem a in- rial comenta fatos já veiculados e, em geral, muito
o, o leitor
neste tipo de resum leto,
de ler o do cu mento original comp recentes, de modo que o redator (representante do
tenção ne ces-
toda informação jornal) os pressupõe conhecidos do leitor. Aliás,
limitando- se a obter o.
prio resum
sária a partir do pró parece ser aceitável a hipótese de que é a memória
utiliza discursiva do leitor que encaminha o editorialista
ão, normalmente, se
A tarefa de Sumarizaç seu ob jetivo: na escolha de sua estratégia. Se este entende que
s para cumprir
de outras duas tarefa pro ble ma de de- vai passar ao leitor uma informação nova, ainda
rização. O
classificação e cluste o ser á
sentença ou parágraf não situada na sua memória discursiva, natural-
cidir se determinada rpr eta do a
pode ser reinte
incluído no resumo ça s. Ou tra ab or- mente não a veiculará sob a forma de informação
de senten
partir da classificação ças dada. Primeiro, ela será introduzida como infor-
a ide nti fic aç ão de grupos de senten
dagem é à clu ste - mação nova e só depois poderá ser comentada.
da em conjunto
e parágrafos, realiza sin ôn im os de
em agrupar É o que podemos constatar nos exemplos que se
rização, que consiste mpos
tex to co m vistas a definir os ca seguem, em que as formas destacadas introduzem
palavras do
s.
semânticos utilizado um referente novo:
sistema
lientar que em um
Finalmente, cabe sa umos de
tos, a criação de res Um choque ocorrido, na Av. Beira Mar, on-
de Mineração de Tex a aju star o
ada, de forma tem de tarde, tumultuou o trânsito por mais
textos é sempre desej lha da . Ist o ace-
textual traba
tamanho da massa de duas horas.
mo a Indexação.
lera várias etapas, co
Uma manifestação de estudantes, na entrada
da UFES, ontem de manhã, provocou uma rea-
Atividade/Fórum | Discuta, na sala do fó- ção violenta da polícia.
rum temático da disciplina, se o uso da nomi-
nalização é importante e em qual contexto ele Uma decisão pessoal do presidente da República,
se faz mais útil. tomada na reunião da coordenação política do Go-
verno, impediu que a educação fosse castigada pelo
rigor da política fiscal. (04-05-2005)
5. Nominalização – Parte II
Se, ao contrário, o redator supõe que os fatos a
Neste tópico, aprofundaremos nosso estudo acerca da serem comentados estão na memória do leitor, es-
Nominalização como recurso de estruturação textual. tes são tomados como pressupostos e comentados
diretamente. Daí, o uso de construções nominais
Para situar nossas colocações, vamos lembrar que definidas (veiculando informações pressupostas)
o propósito do editorial não é o de informar fatos, ser, como já salientamos, uma estratégia bastante
eventos ou propriedades (à maneira de uma narrati- frequente no “encabeçamento” de editoriais.
va); é, antes, refletir, fazendo julgamentos de valor,
sobre esses fatos, eventos e propriedades (na maioria Se aplicarmos aos referidos enunciados (em foco
das vezes, já veiculados no próprio jornal), expres- na seção anterior) os testes de interrogação, negação
sando um ponto de vista, favorável ou desfavorável. e encadeamento, propostos por Ducrot (1984), o
pressuposto permanece; só a informação nova será
Daí o conteúdo comentado recuar para a posição atingida nessa recontextualização.
de nome, deixando livre a posição de predicado
para ser preenchida por um verbo de opinião ou Retomemos, para isso, um dos exemplos já focali-
de argumentação do tipo: provar, confirmar, sig- zados:
nificar, implicar, convir, surpreender, interessar,
merecer, ser útil, ser justo, ser fácil, ser difícil, ser A escolha do novo papa é uma resposta a pro-
possível, ser provável, ser lamentável, ser válido, blemas enfrentados pela Igreja Católica na Eu-
ser estranho .... ropa, disse ontem o Arcebispo de Vitória, dom
Fascículo 4 89
Luis Mancilha Vilela. (20-04-2005) com vestígios de uma enunciação anterior, em ter-
mos de linguagem, e não de mundo. É isso que se
Aplicando aí o teste da interrogação: “A escolha evidencia no enunciado seguinte, em que a cons-
do novo papa é uma resposta a problemas enfren- trução nominal (a reunião de governadores,...),
tados pela Igreja Católica na Europa?...” embora se refira a uma ação a ser realizada no futu-
ro, já foi veiculada na mídia.
Aplicando agora o teste da negação: “A escolha do
novo papa não é uma resposta a problemas enfren- A reunião de governadores, marcada para ter-
tados pela Igreja Católica na Europa, ...” ça-feira próxima, na residência oficial da Praia
da Costa, será importante para o Espírito Santo
Nos dois contextos (interrogativo e negativo), a es- (04-10-96).
colha do novo papa é um conteúdo que se man-
tém verdadeiro, pressuposto. Quanto ao teste de O predicado nominalizado, tomado como de co-
encadeamento, o próprio texto (de onde o referido nhecimento geral, não precisa ser justificado. Não
enunciado foi destacado) mostra que o sequencia- é sobre ele que se dá o encadeamento sequencial
mento do conteúdo na progressão textual ocorre do texto, a sua continuidade argumentativa. Ali-
sobre a informação nova. O pressuposto é apenas ás, ele não está em discussão, sendo, na verdade,
um quadro de referência, que faz parte de um acor- o ponto de partida sobre o qual recai o comen-
do enunciativo. tário. Segundo Ducrot, pressupor um conteúdo é
apresentá-lo como devendo ser mantido em todo
o discurso subsequente, que deve ser encadeado
sobre o posto e não, sobre o pressuposto. Se o
posto é a informação nova; se o subentendido é o
que o interlocutor pode concluir; o pressuposto é
um conteúdo partilhado, tomado como já sabido,
que cria uma espécie de cumplicidade entre os in-
terlocutores. É nesse sentido que a nominalização
é uma estratégia argumentativa, um jogo sobre a
imagem do referente, tomada como uma infor-
mação partilhada, aceita como evidente, uma vez
que pertence a um “já-dito”, não sendo de respon-
sabilidade exclusiva do interlocutor. Aliás, pode
ocorrer de o editorialista, por meio de aspas (ou de
outro expediente), explicitar seu afastamento dessa
enunciação anterior.
Figura 50. O redator
O oposto de hiponímia é a hiperonímia, que tam- A anáfora resumidora empacota uma extensão do
bém é uma relação de inclusão de significados, discurso, e, embora não seja uma repetição ou um
mas no sentido todo/parte. Assim, o significado sinônimo de nenhum precedente, apresenta-se
de “fruta” é hiperônimo do de “cítrico”, que é hi- como um equivalente.
perônimo do de “laranja”.
Ela toma frequentemente a forma de nominaliza-
• Meronímia ou metonímia (anáfora associati- ção. O grupo nominal anafórico pode conter um
va) - é a substituição de um nome por outro nome formado a partir de um verbo ou de um ad-
em virtude de haver entre eles algum relaciona- jetivo, que não figuram necessariamente no con-
mento. Ela é a relação contrária e nem sempre texto anterior. Esse tipo de anáfora tem uma clara
é transitiva. Transitividade neste caso é a pro- função de mudar ou de promover alteração dentro
priedade que uma relação tem de, quando há de um tópico, colocando uma informação nova
três termos relacionados (A, B e C), o elemento dentro de um esquema dado.
C está contido em A como parte essencial.
Fascículo 4 91
Se você prestou atenção à frase, percebeu que 2. Ela possui lindos cabelos loiros, um corpo
existe um problema na sua construção. Por quê? fantástico e muita simpatia.
Vamos analisá-la. Correção:
Ela possui lindos cabelos loiros, um corpo
A oração para a menina ir ao supermercado é re- fantástico e é muito simpática.
duzida de infinitivo; a oração que, na volta, passas-
se na farmácia é uma oração desenvolvida.
criada por Fisher para medir incerteza sobre um espaço ordenado. Por exemplo, a informação de Shannon
é usada sobre um espaço de letras do alfabeto, já que letras não têm ‘distâncias’ entre elas. Para informação
sobre valores de parâmetros contínuos, como as alturas de pessoas, a informação de Fisher é usada, já que
tamanhos estimados têm uma distância bem definida.
Andrei Nikolaevich Kolmogorov introduziu uma medida de informação que é baseada no menor algorit-
mo que pode computá-la.
Texto Complementar
ia-d a-informacao
om/comunicacao/teor
http://www.infoescola.c
rca da TI.
- texto explicativo ace
Teoria da Informação
1. Informação Para a
dução para um
an tid ad e de significante após a tra
ria, é vista como a qu consumido em cada
Informação, nessa teo ão qu er qu antificar o significante sua
Teoria da Inf orm aç o são transmitidas na
código otimizado. A aç ão co ns ide ra que as mensagens nã mi za da , na qu al
da Inf orm agem artificial oti
mensagem. A Teoria as pa ra um a lin gu sig no s
disso, são traduzid ro binário. Nessa tra
dução, aos
forma original. Antes so cia do a um nú me s ma is rar os
o original é as de menos dígitos. Ao
s signo
cada signo do códig i um número binário
is co mu ns se atr ibu na tur al pa ra se economizar tempo
originais ma ári os co m ma is dígitos. Isso é . Se forem repre-
ros bin quentes no dis cu rso
atribuem-se os núme sã o ma is fre
os signos mais co mu ns po de transmissão. Já
de transmissão, pois os de me no s díg ito s, gastarão menos tem
binári
sentados por números
Fascículo 4 95
m pouco,
extensos, por ocorrere
res en tad os po r nú meros binários mais
os raros, que são rep o.
nomia da transmissã
não prejudicam a eco de dígitos
modo, é o número
pa ra a Teo ria de Informação, grosso pa ra um a lin guagem
ão mitida, traduzid a
Em síntese, informaç cis a pa ra ser tra ns
mensagem pre
binários de que uma
binária otimi za da .
vos, quer- se di-
e sig no s rar os são mais informati
ação, quando se diz qu por números binários
Na Teoria da Inform ns mi ssã o, ele s são representados o tem
zer que na linguagem
artificial de tra transmitidos. Isto nã
ma is inf orm aç ão , mais bits, para serem aç ão hu ma na . Não
omem os na comunic
mais extensos e cons do s sig no s rar
a ver com a eficiê nc ia o como signif do.
ica
absolutamente nada orm ati vo s, qu an do se entende informaçã
am mais inf
quer dizer que eles sej
Teoria da Informação
2. Redundância Para
a
rac-
ideal, que teria as ca
mp ara os có dig os reais com um código sig no tem um a
A Teoria da Informaç
ão co o real, cada
ra a eco no mi a de transmissão. No códig o ide al, su po sto pe la
terísticas perfeitas pa códig
arecer no discurso. No discurso,
nte dos demais de ap numa estatística do
probabilidade difere no s sã o eq uip rov áv eis , qu er diz er,
a co mp aração
Teoria da Informação
, os sig dância é um
o nú me ro de ve zes . O conceito de redun ios de tra ns mi ssão.
sm à economia de me
todos ocorrem o me no qu e diz res pe ito a po r um
o código ideal ncia avaliad
entre o código real e a má xim a. O có dig o real terá uma eficiê o rea l e o ideal
economi entre o códig
O código ideal é de dig o ide al. A dif erença de eficiência
ao có
percentual em relação o.
qu e ch am am os de redundância do códig
é o ação,
do a Teoria da Inform
có dig o tem red un dância de 55%, segun de ap en as 45 % do
Quando se afirma qu
e um nsmissão é
pe nh o no toc an te à economia de tra
sem
significa que seu de código ideal.
só se alcança com um
máximo teórico, que undân-
que um código com red
qu e uti liza mo s ne ste site, pode-se dizer rea liza çã o eco nômica
Partindo dos conceitos me nto s qu e os necessários à
nte, possui ma is ele % de seus sig s semno
cia de 55% é abunda rm ar, po rém , qu e é possível eliminar 55
pode afi
dos discursos. Não se redundância.
ete r o sen tid o, po is abundância não é
comprom
Teoria da Informação
3. Ruído Para a
informação emitida
e
é a dif ere nç a en tre a quantidade de do su pre ssi vo
ação, ruído mos por ruí
Na Teoria da Inform ção do que entende
ida . Ist o co rre sp on de a uma quantifica
a receb
neste site.
Atividade/Fórum | Discuta em que medida aspectos relativos à coesão, à coerência, aos processos
de sinonímia, de anáfora podem se transformar em elementos facilitadores ou dificultadores da
compreensão de um texto.
96 Fascículo 4
Glossário
Algoritmo - substantivo masculino Figura que consiste em construir uma reflexão sob a
1. Rubrica: aritmética. Diacronismo: obsoleto. forma de diálogo, com perguntas a que o próprio au-
sistema de numeração decimal assimilado dos árabes tor responde, ou em reproduzir em diálogo as ideias e
2. (c1894)Rubrica: matemática. os sentimentos dos personagens
sequência finita de regras, raciocínios ou operações
que, aplicada a um número finito de dados, permite Elipse - substantivo feminino
solucionar classes semelhantes de problemas (p.ex.: 1. Rubrica: geometria.
algoritmo para a extração de uma raiz cúbica) Lugar geométrico dos pontos de um plano, cujas
2.1 processo de cálculo; encadeamento das ações distâncias a dois pontos fixos desse plano têm soma
necessárias ao cumprimento de uma tarefa; processo constante; interseção de um cone circular reto e um
efetivo, que produz uma solução para um problema plano que corta todas as suas geratrizes.
num número finito de etapas 2. Rubrica: gramática, linguística.
Ex.: o a. que permite obter o seno de x com uma certa Em um enunciado, supressão de um termo que pode
precisão ser facilmente subentendido pelo contexto linguístico
3. Derivação: por extensão de sentido. Rubrica: gramáti- ou pela situação (p.ex.: meu livro não está aqui, [ele]
ca generativa, matemática. sumiu!)
mecanismo que utiliza representações análogas para Obs.: cf. zeugma
resolver problemas ou atingir um fim, noutros campos
do raciocínio e da lógica Encapsulamento - esta é uma função própria particular-
Ex.: pode-se considerar a gramática como um a., na mente das nominalizações que, conforme abordado, su-
construção das frases marizam as informações contidas em segmentos preceden-
4. Rubrica: informática. tes de texto (informações – suporte), encapsulando-as sob a
conjunto das regras e procedimentos lógicos perfeita- forma de uma expressão nominal, isto é, transformando-as
mente definidos que levam à solução de um problema em objetos-de-discurso.
em um número finito de etapas.
Etimologia - do antr. ár. al-Khuwarizmi (matemático ár. do
Bits - medida de informação que corresponde a uma res- sIX) formou-se o ár. al-Khuwarizmi ‘numeração decimal em
posta sim ou não, ou ao sinal aceso ou apagado, ou em arábicos’ que passou ao lat. medieval algorismus com infl.
informática, ao 1 ou ao zero. do gr. arithmós ‘número’; ver algarismo; f.hist. 1871 algo-
rithmo.
Coordenação - substantivo feminino
1. ato ou efeito de coordenar(-se) Interação - substantivo feminino
2. ato de conjugar, concatenar um conjunto de elemen- 1. influência mútua de órgãos ou organismos inter-rela-
tos, de atividades etc. cionados
Ex.: a c. entre os diversos setores de uma empresa Ex.: <i. do coração e dos pulmões> <i. do indivíduo
3. estado daquilo que está coordenado com a sociedade a que pertence>
Ex.: esforços infrutíferos por falta de c. 2. ação recíproca de dois ou mais corpos
4. gerência de determinado projeto, setor etc. 3. atividade ou trabalho compartilhado, em que existem
5. atividade do sistema nervoso central que regula o sin- trocas e influências recíprocas
cronismo da contração e do relaxamento muscular 4. comunicação entre pessoas que convivem; diálogo,
nos movimentos complexos trato, contato
6. Rubrica: gramática. 5. intervenção e controle, feitos pelo usuário, do curso
processo ou construção em que unidades linguísti- das atividades num programa de computador, num
cas (palavras, sintagmas, frases, períodos) de função CD-ROM etc.
equivalente são ligadas numa sequência; os termos 6. Rubrica: estatística.
coordenados podem ser justapostos e, na escrita, se- medida de quanto o efeito de uma certa variável so-
parados por vírgula (p.ex.: sala ampla, confortável) ou bre outra é determinado pelos valores de uma ou mais
ligados por conjunção coordenativa (p. ex.: sala am- variáveis diferentes [Este fenômeno faz com que a res-
pla e confortável) posta à aplicação de dois tratamentos não seja a mera
7. Rubrica: linguística estrutural. soma das respostas a cada tratamento.]
relação entre os componentes de uma construção en- 7. Rubrica: física.
docêntrica que apresentam as mesmas propriedades qualquer processo em que o estado de uma partícula
sintáticas; assim, na frase o rapaz e a moça chegaram, sofre alteração por efeito da ação de outra partícula
tem-se um sintagma nominal endocêntrico por coor- ou de um campo
denação, uma vez que seus componentes, o rapaz, 8. Rubrica: sociologia.
a moça, podem aparecer separadamente no mesmo conjunto das ações e relações entre os membros de
tipo de construção. um grupo ou entre grupos de uma comunidade
em geral (dedução, indução, hipótese, inferência etc.) GNERRE, M. Linguagem, escrita e poder. São
e das operações intelectuais que visam à determina-
ção do que é verdadeiro ou não
Paulo: Martins Fontes, 1994.
2. Derivação: por metonímia.
Tratado, compêndio de lógica KOCH, I.;TRAVAGLIA, L.C. Texto e coerência. 4
3. Derivação: por metonímia. ed. São Paulo: Cortez, 1995.
Qualquer exemplar de um desses tratados
4. Derivação: por extensão de sentido (da acp. 1). KOCH, I.V.; ELIAS, V.M. Ler e Compreender os
Maneira rigorosa de raciocinar Sentidos do Texto. São Paulo: Contexto, 2006.
Ex.: l. implacável
5. Derivação: por extensão de sentido. MEURER, J. L. & MOTTA-ROTH, Desiree. Gê-
Forma por meio da qual costuma raciocinar uma pes-
soa ou um grupo de pessoas ligadas por um fato de
neros Textuais e Práticas Discursivas. São Paulo:
ordem social, psíquica, geográfica etc. Edusc, 2000.
Ex.: <a l. da criança> <a l. do louco> <a l. do por-
tuguês> MOLES, Abraham. Teoria da Informação e da
6. Derivação: por extensão de sentido. Percepção Estética. Rio de Janeiro, Tempo Bra-
Maneira por que necessariamente se encadeiam os sileiro, 1974.
acontecimentos, as coisas ou os elementos de
natureza efetiva. ORLANDI, E. Discurso e leitura. Campinas:
Ex.: <a l. desse mundo> <a l. das paixões> Unicamp, 1993.
7. Coerência, fundamento
Ex.: falta de l.
7.1 Derivação: por extensão de sentido. SAMPSON. G. Sistemas de escrita: tipologia,
Encadeamento coerente de alguma coisa que obedece história e psicologia. São Paulo: Ática, 1996.
a certas convenções ou regras
Ex.: <a l. do discurso musical> <a l. do contra- SOARES, Angélica. Gêneros Literários. São
ponto> Paulo: Ática, 1993.
8. Rubrica: informática.
Organização e planejamento das instruções, asserti- WALTHER-BENSE, Elisabeth. Teoria Geral dos
vas etc. em um algoritmo, a fim de viabilizar a implan- Signos. São Paulo: Perspectiva, 2000.
tação de um programa
Referências