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Quando chamado de Mzungo pela primeira vez, Gabriel retruca: “não sou branco, sou
brasileiro”. E é neste cinismo que o filme pretende resolver questões raciais e coloniais
que emergem do encontro cinematrográfico entre o Brasil e países africanos. O apelo à
mestiçagem opera como apaziguamento das relações estabelecidas entre o personagem e
as pessoas e lugares que ele encontra no decorrer da viagem.
Gabriel não enxerga a pobreza no Rio de Janeiro, precisa atravessar o oceano para se
aproximar da miséria dos outros. Nas primeiras cenas vemos imagens de crianças negras
enquanto o escutamos falar orgulhoso dos seus gestos assistencialistas: “Com 40 dólares
eu paguei um ano inteiro de estudos de um menino!”. Assim ele acredita anular as tensões
hierárquicas ativadas por sua existência naqueles espaços.
Nos últimos momentos do filme Gabriel está perdido e exausto. Ele se deita encolhido e
olha para a câmera enquanto sente a sua vida se esvair. Olha para nós como quem faz um
último pedido de atenção, mas a essa altura a nossa distância parece já muito longa.
Gabriel e a Montanha tenta construir uma África sem violência, tornando os povos
africanos sempre dispostos às vontades do protagonista, que se mostra irritado sempre
que contrariado.
Ao ser chamado de branco pela primeira vez Gabriel reaje: “Eu não sou mzungo, sou
brasileiro!”.
O filme é uma homenagem do diretor Fellipe Gamarano Barbosa ao amigo que perdeu
A homenagem feita pelo diretor Fellipe Gamarano Barbosa ao seu amigo Gabriel
Buchmann nos é apresentada em imagens que fabulam em torno dos últimos dias de vida
do colega de infância.
Em 2009 Gabriel encontrou a morte ao tentar escalar sozinho o Monte Malanje, no
Malawi.
e acompanhamos os últimos dias de Gabriel, brasileiro que encontrou sua morte ao tentar
escalar sozinho a imponente montanha. O filme
Gabriel e a Montanha é o
Quais vidas são passíveis de luto? Quem tem a possibilidade de construir monumentos
para memória dos seus? Qual o custo de tudo isso?
“carência de representação desse lugar do mundo.”