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da docência à gestão
na educação básica
Curitiba
2011
FAEL
Diretor Executivo Maurício Emerson Nunes
Diretor Acadêmico Osíris Manne Bastos
Coordenadora do Núcleo de Vívian de Camargo Bastos
Educação a Distância
Coordenadora do Curso de Ana Cristina Gipiela Pienta
Pedagogia EaD
Secretária Acadêmica Dirlei Werle Fávaro
Editora fael
Coordenadora Geral Dinamara Pereira Machado
Coordenador Editorial William Marlos da Costa
Edição Marcela dos Santos Mendonça
Silvia Milena Bernsdorf
Thaisa Socher
Revisão Ivana Valeria Gonçalves
Jaqueline Nascimento
Silvia Milena Bernsdorf
Projeto Gráfico e Capa Denise Pires Pierin
Ilustração da Capa Cristian Crescencio
Diagramação Ana Lúcia Ehler Rodrigues
Denise Pires Pierin
Sandro Niemicz
Ilustrações Ana Lúcia Ehler Rodrigues
. Prefácio..................................................................................... 11
. Prefácio..................................................................................... 89
. Referências............................................................................. 179
. Prefácio................................................................................... 189
Estágio Supervisionado:
Educação Infantil
Estágio
O estágio supervisionado na Educação Infantil ganha importância
com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei n. 9.394/96), já que
nela a Educação Básica é ampliada, incorporando a Educação Infantil,
que passa a ser entendida como a sua primeira etapa.
FAEL
FAEL
Síntese
Neste capítulo, realizamos a reflexão sobre o estágio na Educa-
ção Infantil como disciplina teórico-prática, que exige do acadêmico a
compreensão de que todas as aulas ministradas ao longo do curso irão
contribuir com a docência a ser realizada neste período.
Além disso, conhecer conteúdos importantes que possibilitam
compreender melhor a criança que frequenta a Educação Infantil, 17
como maturidade, desenvolvimento e aprendizagem, auxilia no mo-
mento da atuação profissional, pois permite perceber que as crianças
são diferentes e já possuem muito conhecimento proveniente de outros
grupos sociais externos à escola. Muito mais que a preocupação com os
conteúdos que deverão ser ensinados, é preciso conhecer como são as
crianças que irão estudá-los.
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FAEL
FAEL
FAEL
Síntese
Visto que o estágio supervisionado é uma disciplina articulada com
as demais matérias do curso de pedagogia, neste capítulo, realizamos
uma breve reflexão sobre a trajetória da Educação Infantil, assunto já
abordado em outros conteúdos. Essa retrospectiva se fez necessária para
que se compreenda que demorou muito tempo na história da humani-
dade para haver o reconhecimento da Educação Infantil e é por esse e
outros motivos que precisamos fazer o melhor nessa etapa de ensino.
A formação do professor contribui de maneira significativa para o
avanço na qualidade da Educação Infantil e, por isso, foram abordados
aspectos que dizem respeito à formação continuada. O estágio supervi-
sionado é, também, uma oportunidade de formação continuada, pois
possibilita a reflexão da prática com conhecimento teórico.
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Ingresso da criança
Ao ingressar em uma instituição de Educação Infantil, a crian-
ça passa a frequentar outro ambiente social, não mais aquele formado
por amigos e familiares, mas composto por adultos e crianças que não
conhece. Logo nos primeiros dias de aula, é possível presenciar crises
de choro e recusa das crianças em permanecer na instituição, mas esse
comportamento não significa manha da criança ou culpa dos pais.
O fato é que, desde que nasce, o bebê interage em um ambiente físi-
co e social informal. Ao ingressar em um ambiente de caráter educativo, é
convidado a experimentar situações sistemáticas de interações diferentes
das que vivia no seio familiar, gerando ansiedade e desconforto.
Oliveira (2004, p. 26) nos auxilia a compreender o que acontece
com as crianças.
Ao separar-se da sua mãe/pai, para interagir com outros adul-
tos e compartilhar o mesmo espaço e brinquedos com outras
Acolhimento
Um fator fundamental que não deve ser esquecido pelos estagiá-
rios, futuros profissionais da educação, é que a criança, ao chegar à ins-
tituição escolar, deseja ser amada, aceita e ouvida. Para tanto, é impres-
cindível que quem se dispõe a realizar este trabalho tenha sensibilidade
e conhecimento do mundo infantil.
26 Neste livro, será dada a oportunidade de ampliar o conheci-
mento teórico sobre crianças, mas é preciso lembrar que os proce-
dimentos práticos também são fundamentais para a realização do
estágio supervisionado.
Para que a prática na etapa da Educação Infantil seja realizada
da melhor forma possível, serão apresentadas sugestões de Bassedas,
Huguet e Solé (1999, p. 103-104).
●● A entrada da criança na instituição poderá ser feita de forma
gradual e com flexibilidade de horário, evitando aglomera-
ções. Os responsáveis podem fazer as recomendações do que
os preocupa, permitindo que a criança veja que há uma boa
relação entre os dois contextos.
●● O profissional deve aguçar a capacidade de observação para
conhecer os estilos e as diferentes maneiras de agir de cada
família e tentar se adaptar à sua maneira de ser.
●● Organizar o espaço da sala em cantinhos para que, quando
as crianças chegarem, elas possam brincar. Além de facilitar a
adaptação delas na escola, favorece a participação dos pais.
FAEL
FAEL
Síntese
Estudamos, neste capítulo, os diferentes contextos de que a criança
da Educação Infantil participa: família e escola. Se eles forem trabalha-
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dos de forma articulada, pode-se propiciar maior qualidade nesta etapa
de ensino.
Refletimos também sobre o ingresso da criança na Educação Infan-
til, em que as crises de choro, a recusa e a ansiedade são comuns, pois
o ambiente é diferente do qual a criança está habituada; a compreensão
dos adultos é fundamental neste período de adaptação.
Foram analisados, ainda, aspectos referentes ao acolhimento da
criança no espaço educacional e o diálogo frequente com os pais, bus-
cando objetivos comuns em relação ao desenvolvimento e à aprendi-
zagem da criança. Para isso, é necessário conhecimento teórico acerca
do mundo infantil, saber sentir, ouvir e, acima de tudo, saber acolher
a criança, buscando despertá-la para uma vida cada vez mais repleta de
curiosidade e aprendizado.
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FAEL
Cuidar e educar
O trabalho com crianças pequenas exige a reflexão acerca de
a ssuntos muito comuns nesta etapa de ensino, entre eles, o cuidar e o
educar. Na trajetória da Educação Infantil, verifica-se que as institui-
ções que atendiam crianças de 0 a 6 anos de idade tinham um caráter
assistencialista, ou seja, a função era cuidar das crianças para que seus
pais ou responsáveis pudessem trabalhar. Esse cuidar era limitado a
olhar as crianças enquanto brincavam e oferecer alimentação e higiene;
era destinado às crianças de baixa renda, com a finalidade de o gover-
no compensar a carência das crianças e de suas famílias. Os aspectos
relacionados à cidadania não eram considerados, portanto, não se con-
templava aspectos pedagógicos.
FAEL
FAEL
Atividades pedagógicas
Durante o primeiro ano de vida, além de todos os cuidados básicos
já citados, é importante que se estimule a visão, audição, tato, olfato,
paladar. Colocar no berço objetos coloridos e com movimento auxilia
nos desenvolvimentos motor e visual. Os chocalhos, os móbiles musi-
cais e os diferentes ritmos de músicas auxiliam no desenvolvimento au-
ditivo. Possibilitar que a criança fique em um colchão, ajudá-la a rolar e
alcançar objetos contribui com o desenvolvimento do tônus muscular.
Quando a criança começa a caminhar, cabe aos profissionais da
Educação Infantil ajudar na construção do esquema corporal, orientação
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no espaço e no tempo, como também na linguagem e no raciocínio. Ati-
vidades musicais, brincadeiras e jogos permitem que a criança inicie uma
tomada de consciência de seu próprio corpo e desenvolva a coordenação
motora. Serão apresentadas, a seguir, algumas propostas de atividades.
FAEL
Atividade 2
Onde está você?
●● Colocar as crianças sentadas no chão em círculo.
●● Escolher uma delas, colocando-a no centro do círculo debaixo
de um lençol.
●● À medida que a música toca, a criança que está debaixo do
lençol dança e, às vezes, mostra uma parte do corpo.
●● As crianças que estão sentadas devem dizer a parte do corpo
que está sendo mostrada.
As noções de espaço também devem ser construídas gradativamen-
te e de forma lúdica.
Atividade 3
Quero ver quem fica
●● Desenhar um grande círculo no chão.
●● Colocar as crianças em volta do círculo e perguntar: “Quero 37
ver quem fica”:
• em cima da linha do círculo;
• dentro do círculo;
• fora do círculo;
• de mãos dadas fora do círculo;
• abraçados dentro do círculo;
• agachados dentro do círculo;
• pulando fora do círculo;
• meninas dentro do círculo;
• meninos fora do círculo.
(YOGI, 2003, p. 85)
O processo de construção das noções temporais diz respeito à
construção de noções de duração, de sucessão e de ritmo. Organizar
a rotina com os alunos e trabalhar o calendário diariamente auxilia no
desenvolvimento dessas habilidades.
Atividade 4
O que lembra?
Aponte para as crianças e pergunte:
●● Pão lembra...
●● Chuva lembra...
●● Escola lembra...
●● Dinheiro lembra...
●● Papai Noel lembra...
●● Piolho lembra...
(YOGI, 2003, p. 42)
Nesta faixa etária, é importante que os profissionais coloquem as
crianças tanto em contato com os livros quanto com os brinquedos. O
professor deve ser “alguém que saiba construir com a criança a crença
38 de que o livro é um ‘brinquedo’ que pode divertir, emocionar, educar,
auxiliar e organizar emoções como o medo, a angústia, a alegria, o ciú-
me, o sentimento de perda” (CRAIDY; KAERCHER, 2001, p. 83).
Assim, os professores estarão formando crianças que terão prazer
em ler, que encontrarão também diversão na leitura. É importante con-
siderar, ainda, que a criança até dois anos de idade necessita tocar, chei-
rar, ouvir para compreender; logo, livros de borracha ou de pano que
possam ser manuseados pela criança e levados à boca sem riscos serão
muito mais significativos. Os livros, para chamarem a atenção nessa
faixa etária, devem ser coloridos, com histórias breves, sem muitos per-
sonagens, com enredo simples e grandes ilustrações.
Livros de plástico
Para a construção de livros de plástico, recorte gravuras grandes de
objetos e animais que a criança conheça (chupetas, fraldas, brin-
quedos, cães, gatos); cole em papelão resistente e coloque em sacos
plásticos (desses que usamos para proteger documentos); costure
um saquinho no outro, formando páginas resistentes, que facilita-
rão o manuseio pela criança.
FAEL
Síntese
Tempos atrás, as instituições de Educação Infantil tinham um ca-
ráter assistencialista, no qual apenas o cuidar era focalizado. Com o re-
conhecimento da Educação Infantil como primeira etapa da Educação
Básica, cuidar apenas não basta, é preciso garantir os direitos da criança
e prepará-la para uma cidadania consciente, incluindo aspectos pedagó-
gicos no atendimento à criança de 0 a 3 anos de idade.
Integrar as funções de cuidar e educar exige, do profissional for-
mação continuada, para compreender como se dá o crescimento e o
desenvolvimento da criança. Nas atividades pedagógicas para essa faixa
etária é importante considerar a criança na sua totalidade, ou seja, nos
aspectos físicos, psicológicos, sociais e cognitivos, prestando atenção na
diversidade, isto é, nas capacidades e limitações. Incluir a família no
processo, estabelecendo acordos, contribuirá com o desenvolvimento
das crianças e facilitará o trabalho nas instituições de ensino.
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Aspectos do desenvolvimento
Conhecer o desenvolvimento da criança de 4 a 6 anos de idade
favorece o trabalho do profissional que atua na Educação Infantil, pois
ele poderá adequar o planejamento a essa faixa etária e compreender
certos comportamentos das crianças.
Com as contribuições de Henri Wallon, Lev Vygotsky e Jean
Piaget (apud CRAIDY; KAERCHER, 2001, p. 28-29), estudiosos do
desenvolvimento infantil, será possível a ampliação do conhecimento
teórico para auxiliar na prática do estágio.
FAEL
O papel do adulto
A responsabilidade e o compromisso no trabalho com crianças de
5 e 6 anos de idade definem a qualidade do ensino. “O papel do adulto
que interage com a criança no cotidiano do espaço da Educação Infan-
til é fundamental para garantir essa almejada qualidade no atendimen-
to”. (KRAMER et al., 1999, p. 79).
Ampliar experiências das crianças no espaço de Educação Infantil,
favorecendo o seu desenvolvimento global, exige do profissional um
amplo conhecimento teórico e prático. O estágio possibilita essa aquisi-
ção, pois pode ser considerado como formação inicial para quem ainda
não é docente e formação continuada para quem já é.
A almejada qualidade na Educação Infantil exige que, além dos
44 cuidados necessários com a criança, o trabalho tenha uma intenção
educativa, norteada pelo planejamento adequado à faixa etária e por
uma mediação eficaz do profissional, agente reflexivo da prática educa-
tiva. Durante o trabalho é importante, ainda, lembrar que a base que
sustenta a aprendizagem das crianças é a afetividade.
A ótima relação entre a criança e a professora é aquela que
se estabelece através de situações de comunicação real, que
permite à menina e ao menino criarem novos significados,
com os quais poderão dar sentido a suas novas aprendizagens
(BASSEDAS; HUGUET; SOLÉ, 1999, p. 64).
FAEL
FAEL
2. JOGO E MOVIMENTO
Habilidade manual
• Amarra os cordões dos sapatos.
• Sabe fazer e desfazer, ou somente desfazer, nós e laços.
• Enche um copo sem transbordar os líquidos ou não tem força para segurá-lo
e deixa cair.
• Fecha os botões de um casaco, por exemplo, sozinha ou com ajuda.
• Utiliza corretamente o garfo e a colher.
• Usa a faca para untar e espalhar.
• Utiliza tesouras para recortar. Às vezes, faz isso com precisão ou, então,
custa-lhe muito.
• Enrola e desenrola objetos com papel, mas pode ficar embrulhado incorreta-
mente ou amassado.
• Agradam-lhe os jogos de montagem e de manipulação de peças.
• Agarra corretamente o lápis e os instrumentos de sala de aula.
48 • Consegue prender pequenos objetos em um cordão e é capaz de colar peda-
cinhos de papel em uma linha ou em uma superfície.
• Coloca bolinhas em uma linha com precisão, muito lentamente ou as deixa cair.
• Conhece perfeitamente o funcionamento dos aparelhos da sala, mas às vezes
pede ajuda para a professora ou faz isso muito mal.
• Monta puzzles e quebra-cabeças com peças médias, não se interessa por
esse tipo de brinquedo ou então necessita de um guia.
• Faz construções com materiais diversos.
Ritmo
• Consegue fazer variações bruscas enquanto caminha, quando é dado um si-
nal (correr, parar, avançar, retroceder).
• Segue ritmos com uma parte do corpo (pés, mãos, etc.), mas às vezes se
perde.
• Diferencia os comandos: rápido/lento; contínuo/descontínuo.
• Dança seguindo o ritmo da música, mas às vezes se atrasa ou se descom-
passa.
• Dança e segue ritmos, adaptando-se ao seu par ou ao grupo ou, então, se
perde.
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FAEL
FAEL
FAEL
3. OBJETOS
Objetos diversos: função, utilidade e características
• Geralmente cuida dos objetos da sala e tenta arrumá-los quando eles come-
çam a estragar.
• Colabora na ordenação dos objetos – sempre, às vezes ou quando é solici-
tado.
• Compartilha os objetos com os companheiros – habitualmente, às vezes ou
somente se for sugerido.
• Respeita o respectivo período de utilização de alguns objetos.
• Tipos de objetos que interessam a ela: naturais (pedras, folhas, pinhas,
etc.), aparelhos eletrônicos, instrumentos de cozinha, objetos para transpor-
te e deslocamento, livros, etc.
• Tipos de brinquedos que mais lhe agradam: bonecas, carrinhos e cami-
nhões, bicicletas, joguinhos de montar, quebra-cabeças, etc.
Exploração e experimentação
• Tem curiosidade e interesse por conhecer a origem de determinados obje-
56 tos ou materiais.
• Expressa e identifica sensações e emoções que experimenta em relação a de-
terminados objetos e materiais – “é suave”, “gosto muito”, “tenho nojo”, etc.
• Descreve suas observações e percepções de maneira bastante ajustada ou,
então, não encontra palavras.
• Agrada-lhe explorar os objetos e os materiais (pegar, botar na boca,
esquentar, molhar, etc.) e observar as consequências – faz isso espontanea-
mente, quando solicitado ou não se interessa.
• Antecipa quais ações são necessárias para produzir certos resultados – “se
quero leite quente, é preciso esquentar”.
• Agrada-lhe fazer construções e inventos pessoais com objetos diversos, às
vezes isso a interessa pouco ou nem sabe fazer.
4. ANIMAIS E PLANTAS
• Classifica animais segundo o meio em que vivem.
• Descreve características físicas (partes, formas, etc.) e funcionais (alimen-
tação, deslocamento, etc.) dos animais e das plantas.
• Classifica animais segundo as características físicas (pele, couro, penas, etc.).
FAEL
• Relaciona determinados animais com o seu habitat (selva, granja, bosque, etc.).
• Valoriza a importância e a utilidade dos animais e das plantas para as
pessoas.
• Observa os livros e fotografias e pergunta alguma coisa sobre os animais –
com frequência ou somente quando é sugerido.
• Colabora no cuidado com os animais e com as plantas na escola.
• Demonstra respeito a determinados animais.
• Faz comentários e tira conclusões das suas observações, ou é preciso que
seja guiada para fazer isso.
Fonte: adaptado de Bassedas, Huguet e Solé (1999).
1. LINGUAGEM ORAL
Compreensão da linguagem oral
• Participa na resolução de adivinhações – ativamente, às vezes se inibe ou é
difícil para ela.
• Com frequência não entende o que é falado e solicita que seja repetido (é
preciso não descartar problemas de audição).
Expressão oral
• Participa das conversas com todo o grupo – espontaneamente, quase nunca
ou se é forçada a se expressar.
• Recorda os fatos e as situações vividas na aula e participa da sua narração –
com frequência, quase nunca ou somente se é auxiliada.
• Fala com as crianças nos jogos, simulando e representando papéis e situações.
• Com frequência ou quase nunca pergunta o significado das palavras.
• Facilmente incorpora as palavras novas.
• Tem um vocabulário rico, restrito, normal ou pobre.
58 • Combina frases simples e subordinadas.
• Utiliza advérbios, adjetivos, preposições.
• Expressa-se com frases corretas e acabadas.
• Produz frases afirmativas e negativas, imperativas e interrogativas adequa-
damente e com entonação.
• Produz frases optativas ou condicionais.
• Faz corretamente as concordâncias regulares (artigos, pronomes, verbos,
adjetivos, etc.).
• Tem uma linguagem fluida, mas às vezes vacila ou gagueja.
• Memoriza canções, poemas curtos e adivinhações – facilmente ou somente
algumas partes.
• Utiliza com frequência, às vezes ou raramente expressões convencionais de
cortesia (“olá”, “tchau”, “obrigado”, “bom dia”, “boa noite”, “por favor”).
• Sabe dizer o seu nome e o seu endereço.
• Inventa e explica piadas ou adivinhações – frequentemente, raramente ou
às vezes.
FAEL
Pronúncia
• É possível entender facilmente o que ela diz.
• Existem alguns sons que pronuncia com dificuldade (r, l, s, c, t, b, lh, tr, pl, etc.).
• Nas palavras compridas, troca sílabas ou suprime alguma parte.
• Esforça-se e procura pronunciar corretamente.
2. LINGUAGEM ESCRITA
Conhecimento e significado da língua escrita
• Pergunta o que está escrito em cartazes, revistas, listas na sala, produtos,
cartas, etc. – frequentemente, algumas vezes ou quase nunca.
• Interpreta o texto escrito, relacionando-o ao que o acompanha (produto,
fotografia, situação, etc.).
• Sabe que os sinais escritos comunicam e expressam informações.
A leitura e a interpretação de um texto escrito
• Compreende narrações lidas pelo professor.
• Presta atenção quando é lido algum texto escrito para ela (conto, carta,
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notícia do jornal, etc.).
• Solicita que sejam lidos contos para ela – frequentemente, quase nunca ou
às vezes.
• Pega livros para olhar ou interpretar – frequentemente, quase nunca ou às
vezes.
• Tem cuidados com os livros e deixa-os no lugar – sempre, às vezes ou
quando é solicitado.
• Simula a leitura, imitando outras crianças ou adultos.
• Faz comentários e hipóteses sobre o que vê nos livros e o que acontecerá
depois quando se lê um conto para ela.
• Reconhece palavras escritas – muitas ou somente algumas.
• Identifica os nomes escritos dos companheiros, ou, então, somente reco-
nhece as iniciais.
• Reconhece e lê as vogais e algumas consoantes.
• É capaz de inventar e interpretar o que acontece em um texto, deduzindo
a sua finalidade e o contexto (por exemplo: um bilhete para comunicar aos
pais que as crianças irão fazer uma excursão, etc.).
2. linguagem escrita
A escrita e o ato de escrever
• Reproduz a direcionalidade (esquerda e direita) da escrita.
• Sabe reproduzir o seu nome sem modelo.
• Escreve todas ou somente algumas letras, associando-as ao som.
• Escreve e lê algumas ou muitas palavras conhecidas.
• Coloca “signos escritos” junto aos seus desenhos (tanto inteligíveis quanto
os que não são) – com frequência, às vezes ou nunca.
• Com frequência ou às vezes pergunta como se escreve palavras ou letras.
• Agrada-lhe escrever ou mostrar que escreve.
• Copia palavras ou frases para se comunicar.
3. EXPRESSÃO PLÁSTICA
Atitude e interesse pela expressão plástica
• Agradam-lhe as atividades plásticas.
• Técnicas que prefere: montagem, desenho livre, desenho de observação,
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pintura, construções, etc.
• Em geral, tem imaginação e iniciativa nas suas produções.
• Frequentemente, às vezes ou nunca necessita de orientação e ajuda para
trabalhar.
• Quase sempre ou algumas vezes necessita imitar seus companheiros.
• Diferencia o que está bem do que está mal produzido.
• Geralmente se mostra satisfeita com suas produções, mas às vezes fica
insatisfeita.
• Esforça-se e pede ajuda para melhorar as suas produções.
• É um pouco ou muito repetitiva nas suas produções.
• Demonstra interesse pelas produções que as outras crianças fazem.
• Valoriza as produções das outras crianças ou não se interessa por elas.
• Faz comparações estéticas – “isso é mais bonito do que aquilo”.
Desenho e pintura
• Pinta e desenha para brincar ou somente faz isso por obrigação.
• Faz desenhos muito variados e, às vezes, estereotipados.
FAEL
• Pinta respeitando as cores reais ou, então, gosta de inventar as cores, pois
a agrada testar.
• Ocupa todo o espaço gráfico ou somente uma parte pequena.
• Reproduz formas sem modelo ou necessita observar o modelo.
• Tem interesse em fazer os desenhos, as letras e os nomes.
• Desenha uma pessoa com detalhes da cabeça aos pés.
• Pode reproduzir desenhos globalmente, refletindo detalhes, mas às vezes
somente alguns detalhes.
• As suas produções podem ser organizadas ou caóticas.
• Utiliza em suas produções cores vivas, foscas, berrantes ou apagadas.
• Pinta e colore sem sair das bordas, às vezes sai um pouco dos limites, não
deixa espaços vazios ou então deixa rabiscos.
• Com frequência, sempre ou quase nunca desenha sabendo o que vai fazer.
4. EXPRESSÃO MUSICAL
61
• Mostra-se participativa quando são feitas atividades musicais.
• Agrada-lhe imitar sons e ritmos diversos.
• Reconhece e diferencia variedades de ruídos e sons.
• Às vezes, diverte-se explorando as possibilidades sonoras dos objetos.
• Agrada-lhe escutar fragmentos musicais.
• Capta os ritmos e sabe reproduzi-los – somente parte ou, então, à sua
reprodução nem pode ser reconhecida.
• Agrada-lhe muito produzir sons e inventar ritmos utilizando instrumentos
musicais, mas às vezes somente faz isso na companhia de outras pessoas.
• Canta e dança seguindo o ritmo e a entonação, às vezes se perde ou se
aborrece.
• Canta respeitando a entonação.
• Recorda-se das canções e dos fragmentos das músicas.
Baile e dança
• Dança seguindo o ritmo musical com o corpo – faz isso bem ou tem dificuldade.
4. EXPRESSÃO MUSICAL
Baile e dança
• Participa de bailes e de danças em grupos, mas às vezes gosta mais de
dançar sozinha ou não permite que lhe toquem para dançar.
• Mostra graça e bastante ou nenhuma coordenação quando dança.
5. EXPRESSÃO CORPORAL
• Tem bastante ou pouca tendência para expressar os seus sentimentos e as
suas emoções por meio de gestos e de movimentos.
• Gesticula muito quando fala.
• Às vezes, frequentemente ou quase nunca interpreta os sentimentos das
outras crianças e dos adultos conhecidos (medo, tristeza, surpresa, raiva,
alegria, etc.).
• Sabe demonstrar emoções com gestos e expressões – às vezes faz isso
com facilidade ou necessita imitar outras pessoas para conseguir fazer.
• Sabe imitar movimentos sem dificuldade ou fica desorientada.
62 • Nas representações ou encenações de situações ou histórias, participa
ativamente, com reservas ou procurar evitar.
• Sente-se coibida e se inibe diante de atividades em grupos grandes, às
vezes fica à vontade ou prefere participar em grupos pequenos.
• Participa ativamente e tem bom desempenho em atividades de adivinha-
ções e experimentação através de gestos e movimentos do corpo.
• Agrada-lhe imitar personagens, animais ou situações.
• Gosta de se fantasiar – muito ou isso não a interessa.
• Imita gestos, atitudes e palavras dos adultos nas situações habituais ou de
jogo simbólico.
• Interpreta as noções de direcionalidade com o próprio corpo – adiante,
atrás, à direita, à esquerda, acima, abaixo, dentro, fora, etc.
Fonte: adaptado de Bassedas, Huguet e Solé (1999).
FAEL
A avaliação
A avaliação não pode ser compreendida como mera aplicação de
provas, práticas opressoras e, tampouco, como o fim de um processo.
Embora não se aplique este modelo na Educação Infantil, é possível,
muitas vezes, perceber nas atitudes do professor como ele trabalha com
o erro. Neste sentido, Aroeira, Soares e Mendes (1996) citam frases
comuns presenciadas em salas de Educação Infantil.
●● “Você, que é a mais boazinha da sala, traga o livro para a
professora”.
●● “As meninas têm a letra mais bonita”.
●● “Este menino é terrível”.
●● “Você é mais esperto do que eu pensava”.
Percebe-se que a atitude do professor não permite compreender o
erro ou o acerto, apenas faz julgamentos que a criança levará para a vida
acadêmica futura, ou seja, o esperto sempre achará que deverá ser esperto.
O terrível levará esse rótulo até que alguém o convença do contrário.
Em toda prática pedagógica o professor precisa estar atento a sua 63
ação e também estar avaliando se:
●● não foi preconceituoso, ajudando os melhores e deixando de
lado as crianças com um pouco mais de dificuldades;
●● utilizou o material adequado;
●● todos os alunos compreenderam;
●● foi paciente ao propor a tarefa.
A forma adequada de avaliar na Educação Infantil é por meio da
técnica de observação, com o propósito de coletar informações, de
comparar situações e reiniciar o processo. A avaliação deve ser enten-
dida como o início de uma atividade. “Para observar de forma mais
isenta e registrar com mais clareza e coerência em relação aos princípios
e valores que fundamentam sua ação, o professor precisa conhecer me-
lhor a si mesmo e estar mais bem fundamentado em seu conhecimento
teórico” (AROEIRA; SOARES; MENDES, 1996, p. 158).
Ao observar, o professor precisa saber fazer a síntese do que vê com
as relações que estabelece mentalmente, ou seja, com o conhecimento
teórico adquirido anteriormente.
Síntese
Na busca de qualidade no atendimento a crianças de 4 a 6 anos de
idade, este capítulo possibilitou o conhecimento de aspectos do desen-
volvimento infantil e de planejamento.
Em relação à afetividade, à motricidade e à inteligência, Wallon
afirma que a criança de 3 a 6 anos de idade está no estágio do per-
sonalismo, fase em que ocorre a construção da consciência de si por
meio das interações sociais. Vygotsky contribuiu apresentando o nível
FAEL
65
FAEL
FAEL
Jogos
Os jogos devem ser constituídos por atividades permanentes nos
espaços da Educação Infantil, pois por meio deles é possível que a crian-
ça trabalhe de forma integral, ou seja, nos aspectos físicos, psicológicos,
cognitivos e sociais.
No jogo simbólico, já abordado no item anterior, algumas proje-
ções permitem obter informações sobre a criança. São elas citadas por
Aroeira, Soares e Mendes (1996):
●● combinações simples – Sofia conversa com um pedaço de ma-
deira: “tá bom, eu vou te dar comida”. Ela usa o objeto para
representar a criança com fome;
FAEL
Roda da conversa
Trata-se de uma atividade coletiva e é o momento do dia em que as
crianças encontram-se, sentam-se no chão ou nas cadeiras em círculo, 73
para conversarem sob a mediação do professor. Esse momento possi-
bilita que elas se conheçam, compartilhando opiniões, informações e
experiências. Desenvolve a habilidade de falar e de saber ouvir, respei-
tando o próximo.
Na roda de conversa, o professor poderá aproveitar para explicar o
que será feito durante o dia, apresentar uma história infantil, verificar se
todas as crianças vieram e observar a comunicação de cada criança. É pre-
ciso ter o cuidado para que esse momento não seja muito prolongado para
não correr o risco das crianças se dispersarem e perderem a motivação.
Há, ainda, a possibilidade de serem apresentadas novidades trazi-
das pelo docente e pelos próprios alunos, por exemplo, um brinquedo,
uma figurinha, uma fruta, uma tampinha de refrigerante, uma revista,
fotos. Isto é, o que for significativo para a criança pode ir para a roda,
desde que o dono permita.
Segundo Aroeira, Soares e Mendes (1996), quando as crianças
começam a levar novidades para a sala de aula, surgem algumas situa-
ções aparentemente contraditórias, porque elas desejam mostrar o que
trouxeram, porém, têm medo de que o objeto não seja devolvido. Uma
Práticas musicais
As atividades musicais devem estar diariamente no cotidiano da
Educação Infantil, não apenas com a finalidade de alegrar o ambiente,
mas de desenvolver a sensibilidade. Com relação às atividades musicais,
Craidy e Kaercher (2001, p. 125) abordam que os avanços da psicologia e
74 do desenvolvimento infantil não conseguem modificar a prática docente.
É comum observar nos espaços da Educação Infantil que as crianças can-
tam todos os dias e repetidas vezes a mesma canção. Por exemplo:
Ou ainda:
A sineta já tocou
Não podemos mais brincar
O recreio terminou
É hora de trabalhar.
FAEL
Leitura e escrita
Nessa faixa etária, as histórias ganham espaço especial na rotina
infantil. As crianças participam e interessam-se mais, as narrativas mais
longas e a poesia ganham destaque. É importante que o professor não
articule sempre a leitura com uma ação, ou seja, ler para que os alunos
produzam desenhos ou para que dramatizem a cena e assim por dian-
te. A leitura deve ser realizada pelo prazer e pelas variadas descobertas
que essa atividade proporciona, isso já é o suficiente para incluí-la no
planejamento escolar.
Enquanto peixe-martelo
Bate: toque, toque, toque
Peixe-serra vai serrando
Roque, roque, roque
(MILTON CAMARGO apud CRAIDY; KAERCHER, 2001, p. 87)
FAEL
Sandro Niemicz
FAEL
●● Cartas e bilhetes
Trazer para a sala de aula cartas e bilhetes recebidos mostra
para as crianças a função social da escrita. Ao receber uma
carta, é despertado o desejo de respondê-la e isso proporciona
o incentivo para a produção de texto.
Além disso, a carta favorece a oportunidade de trabalhar mui-
tos outros elementos, por exemplo, a dobradura do envelope,
a utilização do selo ou a função do correio.
●● Calendário
Permite trabalhar a localização temporal e deve fazer parte da
rotina escolar, pois ajuda a criança a se localizar no tempo.
Contudo, o calendário convencional dificulta o entendimen-
to da criança, devido à sua forma gráfica. Uma sugestão é o
professor escrever em cada folha branca, ou papel mais firme,
um mês do ano, colocando todas as folhas em sequência na
parede. Quando os dias forem passando, é pintado o número
referente ao dia e, no final do mês, é feito um X vermelho na 79
folha toda. A criança vai percebendo que os meses são for-
mados por dias, e o ano, por meses, conseguindo visualizar
quantos dias e meses já se passaram. Pode-se, também, marcar
os aniversários, os feriados e as datas especiais.
●● Ordenar sequências
Distribuir diferentes objetos e pedir que os alunos ordenem
sequências sugeridas pelo professor é uma ótima atividade.
Por exemplo: arrumar caixas em uma fila, da menor para a
maior; ordenar os cubos, um sobre o outro, do maior para
o menor; colocar macarrão em um barbante, formando uma
corrente; distribuir animais de brinquedo em fila sendo dois
de pelo e um de pena; organizar gravuras de uma história.
●● Formar pilhas
Propor aos alunos que recortem figuras de jornais e revistas e
colem-nas em folhas de papel. Em cada folha, o aluno escre-
ve o número correspondente à quantidade de figuras coladas.
O professor recolhe as folhas e pede ao grupo que organize
Síntese
A organização da sala de aula deve favorecer a segurança, a circula-
ção e o contato das crianças com os diferentes materiais. Essa organiza-
ção pode ser feita em áreas, em arranjos ou em cantinhos, possibilitan-
do trabalhos coletivos e individuais.
No trabalho coletivo, as crianças interagem umas com as outras
e nessa troca de opiniões, experiências e ideias, ampliam o conheci-
mento. No trabalho individual, desenvolvem a autonomia. Também
é fundamental o estímulo à leitura, à escrita e a conceitos matemáticos,
devendo ser trabalhados de forma lúdica e prazerosa.
FAEL
FAEL
A autora.*
Estágio supervisionado
A preparação acadêmica deve ser alicerçada na teoria e na prática,
elementos que possibilitam o saber, mas também o saber-fazer, ou seja,
um sujeito capaz de tomar decisões com consistência teórica. Não pode-
mos pensar em um professor que sabe orientar uma atividade aos alunos,
mas que, no entanto, não tem clareza de para que ela serve e quais os
benefícios que traz para o desenvolvimento do aluno. O mesmo acon-
tece quando nos deparamos com professores que sabem teoricamente
um determinado assunto, mas que, no momento de ensinar, não estão
capacitados. É preciso dominar saberes conceituais e metodológicos, do-
minar o que se deseja ensinar e saber com o “trabalhar com o aluno”.
Pensar na formação do pedagogo significa, em um primeiro mo-
mento, abolir do discurso educacional a famosa afirmação popular: “na
prática, a teoria é outra” (PIMENTA, 2004, p. 33).
FAEL
Reflita
Reflita
Leia e reflita sobre o depoimento de uma aluna de um programa espe-
cial de formação pedagógica apresentado a seguir: “Aprendemos na es-
cola que o ver e estudar de forma crítica e reflexiva o que estava a nossa
FAEL
Ensino Fundamental
Recentemente, aconteceu a ampliação da obrigatoriedade do
Ensino Fundamental de 8 para 9 anos amparada pela legislação, que
apresentou uma sequência de determinações ao longo dos anos. A Lei
n. 4.024/61 estabeleceu a obrigatoriedade de quatro anos de escola-
ridade, determinação cumprida até 1970. Em 1971, a Lei n. 5.692
estendeu para oito anos essa obrigatoriedade. A Lei n. 9.394/96 si-
nalizou para nove anos a obrigatoriedade do Ensino Fundamental e,
finalmente, a Lei n. 11.274/06 instituiu o Ensino Fundamental de
nove anos como obrigatório, com a inclusão de crianças com seis anos
de idade nos anos iniciais do Ensino Fundamental.
O Ensino Fundamental diz respeito à etapa da educação básica
destinada a atender crianças de 6 a 14 anos de idade. Trata-se de ensino
obrigatório e gratuito nas escolas públicas, cabendo ao Estado a garan-
tia das vagas e, aos pais ou responsáveis, a efetivação da matrícula e a
garantia da frequência do aluno.
96
Diante da recente alteração na legislação, o Ensino Fundamental
apresenta-se assim organizado:
FAEL
FAEL
Síntese
O estágio supervisionado nos anos iniciais do Ensino Fundamen-
tal objetiva a harmonia entre a teoria e a prática, possibilitando uma
formação acadêmica que instigue a investigação, a compreensão e a
intervenção na realidade educacional.
Para atuar no Ensino Fundamental, torna-se necessário conhecer
a organização dessa etapa de ensino, que, com a sinalização da LDB
n. 9.394/96 e a implantação da Lei n. 11.274/06, passou a atender
crianças de 6 a 14 anos de idade.
Compreender o desenvolvimento infantil e identificar-se com
essa faixa etária são atributos que não podem faltar na postura do pro-
fissional que trabalha nos anos iniciais do Ensino Fundamental. As-
sim, será capaz de planejar intencionalmente, garantindo sucesso no
ensino-aprendizagem.
FAEL
Inclusão
Com a aprovação da Lei n. 11.274/2006, todas as crianças de seis
anos de idade passaram a frequentar o primeiro ano do Ensino Funda-
mental. Essa decisão tomada pelo Governo está relacionada aos seguin-
tes fatores, apresentados nas Orientações para a Inclusão da criança de
seis anos de idade (BRASIL, 2007):
●● Pesquisas realizadas demonstram que 81,7% das crianças es-
tão na escola, sendo que 38,9% frequentam a Educação In-
fantil, 16,6% pertencem às classes de alfabetização e 29,9%
estão no Ensino Fundamental (de acordo com o IBGE – Cen-
so Demográfico 2000).
●● Dados obtidos pelo SAEB (Sistema Nacional da Avaliação da
Educação Básica) revelam que as crianças que ingressam na
FAEL
FAEL
referir tudo a si mesma, sem preocupar-se com o bem do outro. Ela se con-
sidera o centro do universo; portanto, o trabalho em grupo é extremamen-
te importante. Esta também é a fase dos porquês, e a criança não aceita a
ideia de que as coisas acontecem por acaso, exige sempre uma explicação.
Desse modo, trabalhar com tal faixa etária requer do professor disposição
para o diálogo, paciência e afeto.
Reflita
Reflita
Nos primeiros dias de aula, Karine (6 anos) já identificava seu nome e tam-
bém o “k” como “sua primeira letra”. No dia em que a classe recebeu Kátia, a
professora fez questão de apresentar a nova coleguinha à turma e escreveu
uma ficha com o nome dela para mostrar às crianças. Depois, chamou a aten-
ção de Karine para o fato de que o nome da nova colega começava com a
mesma letra do seu nome.
Karine olhou para a ficha, depois para a Kátia, e disse chorando: “Não
é, não. Esta letra já é minha tem muito tempo, meu pai já tinha me
106 ensinado antes”.
Fonte: Aroeira (1996, p. 45).
Reflita
Reflita
Um outro aspecto é a relação linguagem-escrita, que nesse período
começa a ser interesse da criança, e ela constrói hipóteses sobre como
representar a escrita e compreender a leitura. Assim, é natural a crian-
ça omitir letras, o que não deve ser considerado um problema, mas
uma fase do desenvolvimento linguístico pelo qual está passando. Por
exemplo: pato – pto.
Para melhor compreensão de como se constrói o pensamento em
relação à escrita pela criança, recorremos às contribuições de Emilia
Ferreiro, apresentadas em Cócco (1996), que abordam cinco níveis
conceptuais linguísticos. Contribuindo com uma abordagem constru-
tivista-interacionista da aprendizagem, Emilia descreve o processo de
construção conceitual feito pela criança, percebendo que além do dese-
nho existe outra forma de representar o pensamento e a fala, que são as
letras, números e figuras.
FAEL
108 Reflita
Reflita
Observe, a seguir, alguns exemplos de escrita da criança (CÓCCO,
1996, p. 43).
Nível 1
• Fase pictórica
FAEL
Nível 3
• Silábico
IA – FITA
Nível 4
• Silábico-alfabético
TIAO – TIAGO
KVAO – CAVALO
Nível 5
• Alfabético
KASA – CASA
IPOPOTAMO – HIPOPÓTAMO
Reflita
Reflita
109
Todos os aspectos mencionados rapidamente neste capítulo de-
vem ser questionados pelo professor, no momento em que for preparar
atividades para crianças de seis anos de idade. Observou-se que Piaget
dá ênfase aos aspectos do desenvolvimento da criança e a como ela se
comporta em cada faixa etária. Já Emília Ferreiro auxilia-nos na com-
preensão de como a criança aprende a escrever.
Cabe lembrar que, aqui, apresentou-se apenas a visão de dois au-
tores, sabendo que muitos pesquisadores tentam explicar como se dá
a aprendizagem pela criança. Os estudos e descobertas de Jean Piaget
e Emília Ferreiro levam à conclusão de que as crianças têm um papel
ativo na aprendizagem e constroem seu próprio conhecimento com a
interação do adulto.
Conhecer as teorias comprovadas pela psicologia auxilia-nos a res-
peitar a criança e a abolir do discurso docente frases como: “Felipe
não sabe ler e escrever porque tem dificuldades de aprendizagem”, ou
“Mariana é egocêntrica porque os pais não ensinaram a dividir”, ou,
ainda, “Maria pergunta tanto na sala, porque não tem limites e falta
disciplina”. São questionamentos comuns no contexto educativo que
podem ser minimizados com estudos teóricos.
FAEL
111
Síntese
Para dar uma resposta educativa de qualidade aos alunos de seis
anos que estão ingressando no Ensino Fundamental, torna-se neces-
sário o conhecimento teórico e prático, além de medidas políticas e
administrativas.
Incluir vai muito além de integrar e isso exige procedimentos e
perícia dos professores, para que possam conhecer tais alunos e elaborar
práticas que garantam o desenvolvimento integral da criança.
112
Além disso, deve-se frisar que ensinar a criança a pensar e a ressig-
nificar saberes implica considerar os conhecimentos prévios e respeitar
as peculiaridades de sua faixa etária.
FAEL
Prática pedagógica
Compreender a definição e como se processa a prática pedagógica
nos anos iniciais do ensino fundamental é um dos objetivos do estágio
supervisionado, pois exercer a profissão docente exige saber elaborar
práticas pedagógicas bem fundamentadas e significativas para o aluno.
O termo “prática pedagógica”, neste momento, está relacionado
ao planejamento, à organização, à avaliação, enfim, a todos os procedi-
mentos utilizados pelo profissional da educação para o ato de ensinar.
A mediação no ato de ensinar requer articulação teórico/prática;
nesse sentido, uma prática pedagógica consciente é aquela que é plane-
jada à luz da teoria, é executada com segurança e avaliada pelo media-
dor. Diz respeito à reflexão/ação/reflexão.
FAEL
Interação e diálogo
Neste momento, propõe-se uma reflexão sobre a prática pedagó-
gica dialógica que promove a interação entre os envolvidos no processo
educativo.
116
Paulo Freire (2005) argumenta que somente por meio do diálogo
em sala de aula é possível problematizar uma situação real e garantir
a participação ativa e crítica dos sujeitos, construindo, assim, um co-
nhecimento significativo. A educação é comunicação e não se limita
à transferência do saber. É uma troca de experiências em que todos
pensam sobre a realidade ou objeto de conhecimento.
Marco Silva (PAIDÉI@, 2010), sociólogo e doutor em educação, ar-
gumenta que interação diz respeito à articulação da emissão e da recepção
que, de maneira recursiva, constroem a mensagem e a comunicação.
Nesse sentido, para que aconteça uma interação, é preciso dois po-
los, um emissor e outro receptor. Porém não quer dizer que os dois
devam assumir sempre a mesma posição; ao contrário, em sala de aula
todos devem ouvir e falar, ampliando o conhecimento. Assim pode-se
dizer, segundo as palavras de Castro e Carvalho (1998), que o espaço da
sala de aula é formador para o aluno e para o professor.
Para o aluno, é formador porque é nesse espaço que ele amplia co-
nhecimentos, aprende a pensar de maneira mais formal, elabora e expressa
melhor suas ideias e ressignifica concepções já existentes. Para o professor,
FAEL
Reflita
117
Reflita
A diferença faz a riqueza e a beleza da vida. Já imaginou que
monotonia se não houvesse formas diferentes, cores variadas,
dia e noite? A vida tem diferentes ciclos: há o plantio (con-
cepção), a germinação (gestação), o nascimento, o crescimen-
to (maturidade), o envelhecimento, a morte [...] (PEREIRA,
2001, p. 140).
Reflita
Reflita
Uma prática pedagógica que contempla a interação e o diá-
logo ensina ao aluno a respeitar as vivências do grupo e objetiva
seu desenvolvimento integral, trazendo, além da aprendizagem dos
conteúdos, um maior senso de cooperação e respeito ao outro. É no
convívio com diferentes ideias e pontos de vista que alunos e professo-
res aprendem e modificam conceitos, como se fossem formando uma
enorme rede cognitiva.
FAEL
Reflita
Reflita
Certa vez, três cegos de nascença resolveram caçar um gato que varava as
noites miando estridulamente junto à janela. Queriam lhe dar uma sova,
para afastá-lo da vizinhança, mas também pretendiam apalpá-lo, para des-
cobrir que forma tinha o corpo do insistente cantor que os impedia de dormir.
Usando de astúcia, montaram uma engenhosa armadilha e conseguiram
aprisionar o felino. Não contavam, porém, com a agilidade da presa, e, quando
abriram a porta da armadilha, o gato escapuliu, só dando tempo de cada cego
tocá-lo de leve. O cego cuja mão percorrera o dorso do gato em fuga disse:
– Ele é felpudo e plano, deve parecer um tapete.
O outro que agarrara por um instante o rabo do gato, corrigiu:
FAEL
Reflita
Reflita
O professor precisa estar preparado e disposto a enfrentar e mediar
os possíveis conflitos no decorrer de um diálogo. Precisa ter calma e
estar centrado, porque serão inúmeras interpretações que irão surgir a
respeito do mesmo assunto, como no texto anterior.
Exige-se o papel de articulador do conhecimento, o desafio de
saber unir a teoria estudada com a prática apresentada por seus alu-
nos e considerar que a realidade dos estudantes é diferenciada e que o
aprendizado prévio é diversificado e reflete nas interpretações sobre um
121
determinado assunto, gerando divergências e desencontros. “Diálogo é
fala contrária, entre atores que se encontram e se defrontam.” (DEMO,
2001, p. 37).
Mediar a ação comunicativa exige do professor planejamento e
conhecimento do tema, bem como a motivação para ir muito além
de tal assunto, despertando a curiosidade e ajudando na ampliação de
percepções já existentes.
Os professores precisam deixar de praticar a comunicação tradi-
cional: transmissão/recepção e investir em práticas que possibilitem a
liberdade de se expressar e de construir, individual e coletivamente, o
conhecimento.
Um dos pontos essenciais nessa prática é respeitar o aluno como
pessoa. Segundo Ribas (2000), o aluno precisa ser compreendido como
sujeito da aprendizagem, e o professor deve preocupar-se com o que ele
pensa e auxiliar na sua autonomia. É preciso articular o diálogo à afeti-
vidade e ter clareza de que o docente não é um “ensinador” de conteú-
dos, mas, sim, orientador da aprendizagem, estimulando seus alunos a
questionar, tomar iniciativas e entender as questões levantadas.
122
Reflita
Reflita
Respeito pelo aluno
FAEL
Reflita
Reflita
Síntese
No decorrer deste capítulo, tornou-se possível compreender que
a prática pedagógica diz respeito ao dia a dia da sala de aula, ou
seja, como o professor planeja, desenvolve e avalia seus alunos. Esses
124
FAEL
de suas ações, é capaz de escolher os caminhos que vai seguir para tentar
alcançar suas finalidades. A isso damos o nome de planejamento. O plane-
jamento é, portanto, conatural ao trabalho humano. Por sua vez, à medida
que o trabalho se torna alienado, acontece a mesma coisa com o planejar.
A capacidade de pensar não é anterior à ação, mas vai se formando
no bojo da própria ação do homem sobre o mundo, tendo em vista a
busca dos meios para a sua sobrevivência. O homem planeja, projeta
sua ação (VASCONCELOS, 2005, p. 28).
Marx recorre à ideia de projeto para diferenciar a atividade do ho-
mem e do animal.
Uma aranha executa operações semelhantes às do tecelão, e a
abelha supera mais de um arquiteto ao construir sua colmeia.
Mas o que distingue o pior arquiteto da melhor abelha é que
ele figura na mente sua construção antes de transformá-la em
realidade. No fim do processo do trabalho aparece um resulta-
do que já existia antes idealmente na imaginação do trabalha-
dor. Ele não transforma apenas o material sobre o qual opera;
ele imprime ao material o projeto que tinha conscientemente
126
em mira, o qual constitui a lei determinante do seu modo de
operar e ao qual tem de subordinar sua vontade (MARX apud
VASCONCELOS, 2005, p. 53).
1. A necessidade
O que leva o sujeito a ação? “A primeira condição de toda ativida-
de é a necessidade.” (LEON apud PILLETTI, 2003, p. 103).
O homem é, entre outras coisas, um ser de necessidades. Lembre-se
de que as necessidades são historicamente construídas. São elas que fazem
surgir o conhecimento e, com o tempo, o próprio conhecimento torna-se
uma necessidade, como mediação para satisfazer outras e crescentes ne-
cessidades. De acordo com Vasconcelos (2005, p. 32), “uma das grandes
FAEL
2. Objetivo
O objetivo trata-se de quê o sujeito vislumbra para satisfazer aque-
la necessidade específica. É o que se pretende alcançar.
“A peculiaridade específica da atividade humana consiste em que se
trata de uma atividade consciente e orientada a um fim.” (RUBINSTEIN
apud PILLETTI, 2003, p. 42).
3. Plano de ação
Consiste nos “passos que o sujeito estabelece mentalmente como
forma de atingir o objetivo. Está se referindo tanto ao objeto da ne-
cessidade, quanto aos meios/instrumentos possíveis e disponíveis na
realidade que o cerca” (VASCONCELOS, 2005, p. 13).
127
O planejamento, no entanto, não é somente uma ação não in-
tencional, aquela que ocorre quase que espontaneamente no sujei-
to em face de situação do cotidiano (baseado no senso comum),
mas é uma ação consciente, feita intencionalmente, sistematizada
e que envolve, portanto, a metacognição, ou seja, a consciência do
sujeito daquilo que sabe e domina; não é só o fazer, mas um fazer
conscientemente, buscando meios efetivos para se atingir um fim
predeterminado.
Planejamento
Não somos pescadores domingueiros, esperando o peixe. “So-
mos agricultores, esperando a colheita, porque a queremos
muito, porque conhecemos as sementes, a terra, os ventos e a
chuva, porque avaliamos as circunstâncias e porque trabalha-
mos seriamente” (GANDIN, 1985, p. 8).
FAEL
Reflita
Reflita
Nossa vida é um eterno planejar. Planejamos viagens, mudanças e
construções. Planejamos encontrar pessoas queridas, ter filhos, co-
nhecer novas pessoas. Os acontecimentos que vivenciamos no dia a
dia, na maioria das vezes, mostram-nos os resultados ou os efeitos dos
planejamentos e das escolhas que fizemos. Na escola não é diferente o
planejamento. Ao se reunir uma série de procedimentos que pretende-
mos desenvolver com nossos alunos, temos uma direção para trabalho
(BRASIL, 2008, p. 25).
Reflita
Reflita
De acordo com Vasconcelos (2005), planejar é uma atividade
que faz parte do ser humano. Estamos diante de uma civilização de
projetos, no entanto, há um distanciamento visível entre as intenções
FAEL
FAEL
FAEL
Objetivos Número
Conteúdo Desenvolvimento
específicos de aulas
1. Conversar com os alunos
sobre estórias e figuras de
monstros que conhecem
(TV, revistas, figurinhas,
etc.). Pedir que expressem
com gestos como imaginam
1. Expressar
monstro. Pedir que contem
opiniões e senti- 1. Expressão
alguma história de mons-
mentos por meio verbal e não
tros. Indagar o que acham
da fala, gestos e verbal.
dos monstros. Conversar
mímica.
sobre o título do texto,
O domador de monstros.
Como será a história? Quem
será o domador? Como será
o monstro? O domador con-
seguirá domar o monstro?
2. Leitura 2. Pedir a leitura silenciosa
2. Compreender
silenciosa e do texto (esclarecimento de
o texto escrito. 135
comentários. dúvidas pela professora).
120 minutos. 3. Após a leitura silen-
ciosa, fazer indagações:
quem é o domador? O que
3. Expressar
3. Expressão o domador sentiu? O que
verbalmente as
verbal. acham do modo como Sér-
experiências.
gio enfrentou o monstro?
Solicite que representem o
monstro com gestos.
4. Pedir a leitura oral e
individual do trecho que
4. Ler em voz
acham mais importante.
alta com expres- 4. Leitura oral.
Leitura do diálogo de Sérgio
sividade.
com o monstro. Leitura do
final da história.
5. Pedir aos alunos que
5. Compreender escrevam outro final para
o texto escrito e 5. Expressão a história, outra forma de
dar asas à imagi- escrita. enfrentar o monstro e que
nação. reproduzam a história em
quadrinhos.
FAEL
Síntese
Durante o estágio supervisionado, é importante a clareza do ato
de planejar, entendido como uma das grandes marcas humanas que
permite antever uma ação. Planeja-se em muitos momentos da vida
e, na escola, sempre se ouve falar em planejamento: semana do plane-
jamento, revisão do planejamento, entrega do planejamento, enfim,
parece que o planejamento resume-se em um documento burocrático
“sem vida”.
No contexto escolar, o planejamento precisa ser compreendido
como algo vivo, que contribui com um trabalho intencional, ou seja,
um processo didático necessário, flexível e inacabado.
138
FAEL
Ludicidade
O vocábulo “ludicidade” deriva de lúdico, ou seja, está relacionado
aos jogos e brincadeiras que provocam alegria, prazer e diversão.
Com o intuito de tornar o ensino na sala de aula nos anos iniciais do
Ensino Fundamental mais estimulante e prazeroso, sem perder o caráter
formal, uma das alternativas é incluir a ludicidade no planejamento.
Inúmeras são as possibilidades de incorporar o lúdico na apren-
dizagem, porém é preciso refletir sobre que, ao introduzi-lo, o aluno
FAEL
Reflita
Reflita
Vai-te papão
Vai-te embora
De cima desse telhado
Deixa dormir o menino
Um soninho descansado.
Reflita
Reflita
A influência portuguesa reflete na utilização dos jogos infantis no
Brasil. Surge entre as crianças o jogo do papão, que consiste em fazer
três buracos no chão, formando um triângulo de três metros de lado.
O jogador que conseguir dar três voltas será o papão e terá vantagens
sobre os adversários. O folclore do papão transferiu-se para o jogo tra-
dicional das “bolinhas de gude”, e as histórias de bruxas, contadas pelos
142 portugueses, também são retratadas nas brincadeiras infantis, como as
brincadeiras de pegador.
Além da influência portuguesa, o Brasil recebeu, também, a in-
fluência negra nos jogos e brincadeiras, cheia de histórias de bichos e
almas de outro mundo.
Na infância do menino de engenho, muitas brincadeiras refor-
çavam a escravidão. Uma das brincadeiras era montar em cavalos e
ovelhas e, na falta dos animais, os filhos dos negros faziam este papel,
configurando-se em uma dominação do branco sobre o negro. Acom-
panhe: “Prudêncio, um moleque de casa, era meu cavalo de todos os
dias; punha as mãos no chão; recebia um cordel nos queixos, à guisa de
freio, eu trepava-lhe ao dorso, com uma varinha na mão, fustigava-o,
dava-lhe mil voltas e um ao lado do outro obedecia.” (KISHIMOTO,
1993, p. 39).
Outra brincadeira presente nos dias de hoje e que retrata a escra-
vidão é o jogo “belisco”, que consiste em beliscar as pessoas ao término
de uma frase. Na época, os beliscões dados pelas crianças brancas nas
crianças negras eram mais dolorosos.
FAEL
Jogo
Ao introduzir o jogo na sala de aula nos anos iniciais do Ensino
Fundamental, precisa-se pensar em duas situações: o jogo como ativi-
dade espontânea e o jogo direcionado, como recurso didático. A clareza
do professor em relação ao que deseja é importante, ou seja, se deseja
144 apenas uma animação e exploração, ou deseja uma experiência que se
relacione com o conhecimento que pretende ensinar.
O importante é que as duas situações sejam contempladas na esco-
la e, também, que seja garantido tempo e espaço para sua execução.
Na vivência de sala de aula, no trabalho realizado com professores
dos anos iniciais do Ensino Fundamental, é possível observar algumas
situações a respeito do jogo no cotidiano escolar. Uma delas é a utiliza-
ção do jogo como fim e não meio para o trabalho, ou seja, aplica-se o
jogo nos últimos minutos da aula, para preencher o tempo que resta,
ou, ainda, coloca-se o aluno para jogar quando já terminou a atividade
proposta anteriormente no planejamento.
Há que se pensar nessas situações, pois no primeiro caso não é pos-
sível terminar o jogo: bate o sinal e os alunos precisam ir embora. Na
segunda situação, só têm acesso ao jogo os alunos que são rápidos e ter-
minam antes as atividades propostas pela professora.
O fato é que raramente se vê a utilização do jogo como um instru-
mento recreativo que proporciona diversão dentro da escola ou como
um meio para favorecer a aprendizagem dos alunos.
FAEL
Brincadeira
Assim como os jogos, as brincadeiras merecem espaço no cotidiano
escolar. A brincadeira é, muitas vezes, entendida pelos professores que
atuam nos anos iniciais do Ensino Fundamental como tempo perdido
146 em sala de aula, como prática apenas da Educação Infantil que não gera
resultados positivos na aprendizagem. Além de consumir o tempo esco-
lar, eles acreditam que ela contribui para que os alunos não mantenham
a disciplina desejada, e é comum ouvirmos a frase: “brincadeira é coisa
de criança, deixem para brincar em casa.”
Aqui é possível desencadear uma reflexão bem pertinente: o alu-
no que frequenta os anos iniciais do Ensino Fundamental não é mais
criança? Ele não precisa brincar? Segundo o Estatuto da Criança e do
Adolescente (BRASIL, 1990), “considera-se criança a pessoa até 12 anos
incompletos”.
Pode-se afirmar que, raramente, um aluno conclui os anos iniciais
com mais de 12 anos de idade, salvo se este possuir algum comprome-
timento que o levou à reprovação. No entanto, o fato é que a maioria
conclui antes essa etapa de ensino. Assim, não há dúvidas de que o
aluno do Ensino Fundamental é uma criança que tem direito e necessi-
dade de vivenciar, no espaço escolar, as mais variadas brincadeiras.
O que se observa no cotidiano escolar é que os alunos brincam ape-
nas na hora do recreio, não há espaço no tempo escolar e menos ainda
na sequência didática do professor para esse assunto. Na realidade, ainda
FAEL
é comum ouvir dos professores: não corra, não pule, pare de brincar. Há
dificuldade em os adultos reconhecerem o direito de brincar e percebe-
rem que brincar é o trabalho da criança.
É evidente que durante a explanação de conteúdos em sala de aula
é necessária a atenção dos alunos, mas é preciso pensar que muitos con-
teúdos podem ser abordados na brincadeira, sem ter que ser uma aula
apenas expositiva.
É preciso que a brincadeira na escola seja encarada como algo po-
sitivo. Vygotsky (apud BRASIL, 2007, p. 35) argumenta:
[...] o brincar é uma atividade humana criadora, na qual a
imaginação, fantasia e realidade interagem na produção de
novas possibilidades de interpretação, de expressão e de ação
pelas crianças, assim como de novas formas de construir rela-
ções sociais com outros sujeitos, crianças e adultos.
FAEL
T i a g o d 149
A n A i
●● Selecione os nomes.
●● Confeccione as cartelas em papelão com os alunos.
●● Distribua as cartas.
●● Um jogador começa colocando a carta inicial.
4. Escravos de Jó da tabuada
●● Disponha as crianças sentadas no chão ou em cadeiras ao re-
dor de uma mesa.
●● Todas deverão ter nas mãos uma caixa de fósforo vazia.
●● Dentro da caixa de fósforo deverão ter fragmentos de uma
tabuada, por exemplo: 3x2.
●● As crianças deverão passar as caixas no ritmo da música para
o lado.
Escravos de Jó
Jogavam cachangá
Tira, bota, deixa ficar
Guerreiros com guerreiros
Fazem zig, zig, zá (bis)
FAEL
Síntese
As reflexões desencadeadas neste capítulo nos permitem repensar a
prática em sala de aula durante o estágio. Há espaço no planejamento
para o jogo e a brincadeira espontânea e didática? Como se ensina e o
que se ensina em sala de aula?
Todas as crianças do mundo, independente de condições financei-
ras, culturais ou de dificuldades, jogam e brincam. Brincar e jogar são 151
experiências não apenas importantes nos primeiros anos da infância,
mas, também, na trajetória de vida dos seres humanos.
O aluno que frequenta os anos iniciais do Ensino Fundamental
precisa da ludicidade para aprender, pois ainda é uma criança em de-
senvolvimento e, por meio de experiências, fantasias e momentos de
diversão e prazer, desenvolvem-se e aprendem.
Os conteúdos escolares podem, portanto, ser ensinados por meio
de jogos e brincadeiras, basta que o professor planeje, crie espaços e
tempos no cotidiano escolar e coloque à disposição dos alunos mate-
riais para as descobertas e aprendizagem.
Reflita
Reflita
Em uma sala de aula dos anos iniciais do Ensino Fundamental, a professora
representa seus alunos com estrelas. Cada aluno é uma estrela, a qual fica
anexada na parede.
O fato é que cada estrela possui um tamanho e um brilho, umas são muito
brilhantes e grandes, outras medianas e não com tanto brilho e outras mui-
to pequenas e sem brilho algum.
Assim, observa-se que o nome de Carlos está na maior e mais brilhante estre-
la e o nome de Antônio na menor e menos ofuscante.
A explicação da professora é que Carlos é um aluno excelente, suas notas
são sempre acima de 90. Já Antônio não vai tão bem assim, e suas notas
FAEL
são abaixo de 60. A professora acredita que, com essa situação, talvez
Antônio seja motivado a ser uma grande estrela e melhore na aprendizagem.
Reflita
Reflita
FAEL
Notas e boletins
Plano experimental.
escolares.
Trata todos os
alunos da mesma
forma. Trata os alunos de
forma diferenciada.
Enfatiza 157
conteúdos e a
noção de estudar.
Como avaliar?
Não existe uma receita pronta para ensinar o professor ou o estagiário
a avaliar, não há como fazer isso porque a avaliação é um processo que
exige um pensar conjunto, conhecimento teórico, procedimentos práticos
e postura de quem a realiza.
Só um processo de pensar conjunto, pautado por um compro-
misso com o sucesso escolar de todos os alunos, pode ajudar a
superar uma cultura excludente de avaliação que está arraigada
em nossas escolas, voltando-a para a promoção da aprendiza-
gem (CASTRO; CARVALHO, 1998, p. 189).
FAEL
160
FAEL
Síntese
Avaliar é um processo marcado por valores e por uma cultura que
está presente nas escolas. Essa cultura de que a avaliação é classificar e
reprovar o aluno merece ser refletida por educadores e substituída pela
cultura da aprendizagem, ou seja, a avaliação deve ser vista como cami-
nho para se ensinar melhor.
A avaliação escolar envolve uma série de procedimentos e, por essa
razão, precisa ser pensada no conjunto, por meio de um trabalho coo-
perativo entre pais, professores, gestores e alunos, para que seja possível
encontrar saídas e dinamizar o processo.
Instrumentos avaliativos são excelentes recursos para se implantar
uma avaliação formativa contínua, porém a figura do professor é que
vai determinar o resultado do processo.
161
Docência
A docência é o foco do curso de pedagogia e, por essa razão, o está-
gio supervisionado possibilita a atuação do acadêmico em sala de aula,
como docente, experimentando na prática o ensinar e aprender.
Não se trata apenas de obrigação do acadêmico cumprir carga ho-
rária e preencher fichas de estágio, tampouco aplicar uma intervenção
prática, mas, sim, propor uma interação pedagógica.
Segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Pedagogia
(CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, 2006), a docência
deve ser entendida como ação educativa e processo pedagógico metódico
e intencional, construído em relações sociais, étnicas, raciais e produtivas,
as quais influenciam conceitos, princípios e objetivos da pedagogia.
FAEL
A sua sala era colorida com desenhos das crianças, um painel com recortes
de revistas e jornais, figurinhas bailando em fios pendurados, mapas e fotos.
Uma lindeza rodopiante mudada toda semana! Vi pela janela seus alunos
fantasiados, pintados, emperucados, representando cenas da história do
Brasil! Maior maravilhamento! Demorei, entendi. Quem nunca entendeu
foi a minha professora. Seu segredo era ensinar brincando. Na descoberta!
Na contenteza!
Nunca ouvi berros, um “Cala boca. Aqui quem manda sou eu” e outras
mansidões que a minha professora dizia sem cansar. Não escutei ameaças
de provas de sopetão, castigos, dobro da lição de casa, chamar a diretora,
com que a minha professora me aterrorizava o tempo todo.
Dona Licinha, eu quis tanto ser sua aluna quando fiz a 3ª série. Não fui. Hoje,
tanto tempo depois, sou professora. Também de uma 3ª série. Agora sou sua
colega. Só não esqueço que queria estar na sua classe, seguir suas aulas riso-
nhas, sem cobranças, sem chateações, sem forçar barras, sem fazer engolir o
desinteressante. Numa sala colorida, iluminada, bailante. Também quero ser
uma professora assim. Do seu jeito abraçante.
166
Hoje, vi uma garotinha me espiando pela janela. Arrepiei. Senti que es-
tava chegando num jeito legal de estar numa sala de aula. Por isso, resol-
vi escrever para a senhora. Vontadona engolida por décadas. Tinha que
dizer que continuo querendo muito ser aluna da Dona Licinha. Agora,
aluna de como ser professora. Fazendo meus alunos viverem surpresas
inventivas.
Um abraço apertado, cheinho de gostosuras da Ciça.
Reflita
Reflita
Sugestões de práticas
A seguir, apresentam-se sugestões de atividades práticas que contem-
plam as diversas disciplinas dos anos iniciais do Ensino Fundamental.
FAEL
Língua portuguesa
A escola tem a responsabilidade de ensinar a língua oral e escrita
para que a participação do aluno na sociedade se efetive, ou seja, é uma
das condições necessárias para o exercício da cidadania.
O domínio da língua tem estreita relação com a possibili
dade de plena participação social, pois é por meio dela que
o homem se comunica, tem acesso à informação, expressa e
defende pontos de vista, partilha ou constrói visões de mundo,
produz conhecimento (BRASIL, 1997, p. 26).
FAEL
Arte
O ensino de arte nos anos iniciais do Ensino Fundamental propi-
cia ampliar a sensibilidade, a percepção, a reflexão, além da imaginação
do aluno.
Essa disciplina é permeada pelas seguintes linguagens: artes visuais,
música, dança e teatro. Na ocasião, sugere-se o trabalho com artes vi-
suais, buscando articulação com a disciplina de língua portuguesa.
Ciências
O objetivo da disciplina de ciências é colaborar para que o aluno
compreenda as transformações que ocorrem no mundo.
Por meio de aulas teóricas e práticas, alunos e professores podem
ampliar o conhecimento a respeito dos fenômenos da natureza e desen-
170
volver competências que possibilitem utilizar conhecimentos científi-
cos e tecnológicos no seu dia a dia.
Precisa ser considerado, ao se ensinar ciências, tudo o que o aluno
sabe ou pensa sobre o assunto, não podendo faltar na metodologia do
professor: observação, experimentação e pesquisa em textos.
Buscando articular o tema abordado nas disciplinas anteriores,
propõe-se:
●● formar uma roda de conversa com os alunos sobre como é
separado o lixo em suas casas.
●● conversar sobre a decomposição dos alimentos e deixar que os
alunos levantem hipóteses sobre o assunto.
• Leve para a sala de aula uma amostra de pão, tomate e
banana com bolor.
• Relacione as hipóteses levantadas pelos alunos explican-
do que isso ocorre devido a condições ambientais, carac-
terísticas e transformações.
FAEL
Geografia
O ensino de geografia deve possibilitar a compreensão de espaço,
tempo, transformações e criação de necessidades.
Deve ter como objetivo mostrar ao aluno que cidadania é também
o sentimento de pertencer a uma realidade na qual as relações entre a
sociedade e a natureza formam um todo integrado, constantemente em
transformação, do qual ele faz parte.
Inúmeras são as atividades que podem ser propostas nesta discipli- 171
na que vão além do discurso do professor e dos conteúdos apresentados
nos livros didáticos. Uma sugestão de atividade é a maquete.
Articulando, ainda, os exem-
plos com o tema abordado na Saiba mais
primeira disciplina mencionada Também chamada de maqueta, a maquete é a
neste capítulo, pode ser sugerido representação tridimensional reduzida
que os alunos confeccionem a de obra de escultura ou arquitetura
maquete de suas casas, utilizando (LUFT, 1991, p. 406).
materiais recicláveis como: caixas,
vidros, plásticos e outros.
O trabalho com maquetes é muito importante nos anos iniciais da
escolarização, porque prepara o aluno para, posteriormente, compreen-
der os mapas. Trata-se de um trabalho que envolve associação entre de-
senho, planejamento, elaboração de problemas e criação de soluções.
Passos para a elaboração da maquete:
●● solicitar que os alunos desenhem primeiramente a ideia da
maquete, como se fosse uma planta baixa do que se pretende
Casa
Bairro
Cidade
Estado
País
Continente
Planeta
FAEL
Casa
Bairro
Cidade
Estado
País
Continente
Planeta
173
Matemática
O professor, ao trabalhar a matemática nos anos iniciais do Ensi-
no Fundamental, precisa considerar que não se trata de uma disciplina
pronta, acabada e perfeita, tampouco pode pensar que é um critério
avaliador da inteligência. Trata-se de uma disciplina em construção, e
todos os alunos podem aprendê-la por meio de um processo de intera-
ção, reelaboração, complementação e sistematização de conhecimentos.
O aluno que ingressa no Ensino Fundamental não chega analfabeto
em matemática, ele já teve contato com números e com situações ma-
temáticas, como sua idade, número de telefone, número da casa, quan-
tidades de brinquedos, preços, etc. O professor deve considerar estes
conhecimentos prévios e ajudar o aluno a elaborar novas estratégias.
Ao se ensinar matemática, é necessário promover situações de
aprendizagem que trabalhem estratégias de cálculo, resolução de pro-
blemas, construção, reprodução e identificação de figuras, exploração
e reconhecimento de corpos geométricos, comparação de medidas e o
registro oral e escrito.
200
174
150
Número de alunos
100
50
0
Casa de Casa de Casa
alvenaria madeira mista
Educação física
A educação física nos anos iniciais é muito importante, pois pos-
sibilita aos alunos desenvolverem a socialização, atividades corporais e
culturais. Além disso, também tem a finalidade de lazer, estimulando a
afetividade e o trabalho com as emoções.
FAEL
A Casa
Era uma casa muito engraçada
Não tinha teto, não tinha nada.
Ninguém podia entrar nela, não
Porque na casa não tinha chão.
Ninguém podia dormir na rede
Porque na casa não tinha parede.
Ninguém podia fazer pipi
Porque penico não tinha ali.
Mas era feita com muito esmero
na rua dos bobos numero zero.
História
As aulas de história não devem ser reduzidas à memorização de
datas e acontecimentos passados, mas devem, sim, buscar integrar o
passado com o presente, ajudando o aluno a compreender como a so-
ciedade chegou a ser o que é hoje. “Passado e presente se integram atra-
vés das permanências e mudanças que caracterizam cada espaço social.”
(NEMI, 1996, p. 80).
O próprio aluno precisa perceber que é um elemento da integração
do passado com o presente, chegando ao entendimento das transfor-
mações e permanências em seu bairro, cidade, estado e país. Como
atividade sugere-se:
●● leitura de imagens de moradias antigas;
●● pesquisa de patrimônios históricos;
●● representação dos diferentes tipos de moradias e pesquisa so-
bre o assunto;
FAEL
Objetivos
Estudar a degradação de diferentes materiais no solo.
Conteúdos
Decomposição de diferentes materiais – tempo de decomposição – reci-
clagem.
Material necessário
• Recipiente transparente
• Solo escuro
• Saquinhos plásticos
• Casca de alguma fruta
• Papel de bala
• Chiclete
• Copo descartável
• Papel higiênico
• Papel de caderno
• Embalagem de salgadinho
177
• Lata
• Pedaço de plástico (tipo garrafa PET)
• Pedaço de borracha (tipo pneu)
Início
O professor poderá iniciar a atividade fazendo um levantamento com os alu-
nos sobre a percepção que eles têm do seu bairro, da sua rua e do redor da
escola, ou discutindo com eles a importância de se jogar o lixo no lixo. Uma
questão que poderá ser colocada é: Por que devemos jogar lixo no lixo? Por
meio desta questão, o professor poderá ir indagando os alunos sobre o que
acontece com o lixo que fica no chão. Várias observações podem ser levan-
tadas pelos estudantes, como o problema dos bueiros que ficam entupidos
e, consequentemente, resultam no favorecimento das enchentes.
Deixe os alunos colocarem seus conhecimentos cotidianos e depois ques-
tione: O que acontece com o lixo no solo? Ele se decompõe? Quanto tempo
será que leva para decompor o papel? O vidro? Como poderíamos testar
se o lixo decompõe ou não? Pegue diferentes materiais e disponha-os em
uma mesa e deixe que planejem como poderíamos fazer para responder a
questão. A ideia é que percebam que, dependendo do material, ele poderá
se decompor ou não. É importante que discutam em grupo e registrem
todo o processo do planejamento para posterior execução.
Colocando
O professor separa os alunos em grupos e propõe que cada um elabore
um projeto para responder a questão: Quanto tempo leva para esses
materiais se degradarem? Na aula seguinte, cada grupo vai expor seu
projeto para sala toda e, juntos, irão selecionar os que poderão ser
testados. A intenção não é escolher nenhum em especial, mas tentar
reunir as ideias parecidas para que possam montar recipientes com
materiais diferentes.
Acordo
Uma das experiências que podem ser sugeridas pelos alunos é uma “plan-
tação” de materiais, ou seja, cada grupo enterra, em um recipiente trans-
parente, alguns dos materiais. Cada grupo ficará responsável por observar
a degradação dos materiais durante um mês, ou mais (se o professor prefe-
rir). Após terminar a experiência, o professor poderá colocar na lousa uma
tabela (como no item “Registro”) com os materiais utilizados e o tempo
que cada um levou para degradar (caso tenha degradado).
Registro
Os alunos podem registrar no caderno, por meio de uma tabela, o tempo
que cada material levou para se degradar.
Os alunos perceberão que não houve a degradação de alguns materiais e,
178 nesse momento, o professor deve discutir com os alunos os conceitos: o
que são materiais biodegradáveis e não biodegradáveis, a importância da
reciclagem, da reutilização dos materiais e de jogar o lixo no local correto,
evitando assim contaminação do solo.
Síntese
No decorrer deste capítulo, foi possível repensar a docência nos
anos iniciais do Ensino Fundamental, em que todas as disciplinas são
de igual importância e precisam ser trabalhadas de forma interativa e
humanizadora.
Buscar a articulação dos conteúdos é uma prática bastante produ-
tiva e que se adquire com reflexão teórica e prática.
Pensar em atividades que vão além da exposição teórica do pro-
fessor e dos textos apresentados em livros didáticos permite uma
aprendizagem mais significativa e, assim, a escola passa a ser um am-
biente prazeroso para o aluno.
FAEL
FAEL
FAEL
183
FAEL
Reflita
Reflita
Estágio, de acordo com o Art. 1º da Lei n. 11.788, é o ato educativo
escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que
visa à preparação para o trabalho produtivo de estudantes. O está-
gio integra o itinerário formativo do estudante e faz parte do projeto
pedagógico do curso.
Reflita
Reflita
194 A articulação da formação com a atuação profissional é essencial
a todo processo de formação e, necessariamente, deve ocorrer no rela-
cionamento – sempre conflitivo, porque é dialético – das instituições
formadoras com as instituições de ensino. Nas palavras de Marques,
O enfrentamento permanente com as situações vividas e de-
safios postos no contexto da atuação profissional e o contato
sistemático com os grupos sociais e instituições nele presentes
devem incorporar-se, de forma orgânica, ao processo formati-
vo tanto quanto a reflexão crítica, a busca de mais consistente
embasamento teórico e a reconstrução sempre retomada dos
mecanismos formais da formação, sob a égide de visão polí-
tica em permanente discussão entre educadores, educandos,
profissionais e usuários dos serviços, ativos na definição da
qualidade deles (2000, p. 55).
FAEL
FAEL
Síntese
O estágio é parte integrante de um ato educativo, porque evidencia
como o processo ensino-aprendizagem se desenvolve e auxilia o futuro
professor a construir sua práxis pedagógica. No estágio a teoria e a prá-
tica se complementam, não podendo ser consideradas como processos
independentes e distintos.
198 Uma vez que articula os conhecimentos teóricos com a prática
observada e vivenciada, o estágio supervisionado assume a função de
instrumentalizador da prática pedagógica específica do pedagogo,
aproximando-se dos problemas concretos da rede escolar como um
todo. É sabido que uma formação pedagógica distanciada da realidade
é inadequada para o enfrentamento dos problemas postos pela prática
nas escolas do sistema, de modo especial as públicas.
É através do estágio supervisionado que os estudantes dos cur-
sos de pedagogia têm a oportunidade de aproximar-se, vivenciar e
problematizar todos os aspectos da profissão docente, comprometen-
do-se com o contexto e a cultura em que eles se desenvolvem.
FAEL
Observação: conceito
A observação, segundo Marconi e Lakatos, “é uma técnica de coleta
de dados para conseguir informações e utiliza os sentidos na obtenção
de determinados aspectos da realidade” (2007, p. 192). Na concepção
dos autores, a observação no contexto da pesquisa:
Reflita
Reflita
A subjetividade é o mundo interno de todo e qualquer ser humano.
Esse mundo interno é composto por emoções, sentimentos e pensa-
mentos, que são fruto das experiências de vida de cada pessoa.
A observação é um instrumento de pesquisa que passa pela
“subjetividade” do pesquisador, ou seja, a observação “revela” ou
FAEL
FAEL
Observação assistemática
Essa forma de observação também pode ser denominada de não
estruturada, espontânea, informal, ordinária, simples, livre, ocasional e
acidental. Consiste na observação em que não há controle e nenhum
instrumento apropriado previamente elaborado para orientá-la. O co-
nhecimento é obtido mediante experiências casuais de observação, sem
que se tenha determinado de antemão quais aspectos relevantes a serem
observados e que meios serão utilizados para observá-los.
Observação participante
O pesquisador se incorpora à comunidade ou à realidade observa-
da, participa das situações pesquisadas, exerce influência e é influencia-
do pelo grupo ou circunstância. Para Mann (1970, p. 96), a observação
participante é uma “tentativa de colocar o observador e o observado
Observação individual
A observação individual é realizada por um único pesquisador, o
que pode limitar (apenas um ponto de vista de observação) ou poten-
cializar (intensificar a objetividade das informações) a observação.
Observação em equipe
Modalidade mais indicada do que a observação individual, pois
há possibilidade de confronto de dados e impressões; pode ser realiza-
da com todos os pesquisadores observando o mesmo fenômeno, sob o
mesmo ângulo, ou cada um observando um aspecto diferente.
Observação em campo
Observação em laboratório
As situações observadas são criadas artificialmente em laboratório. Em-
bora tenha um caráter “artificial”, o uso de instrumentos adequados possi-
bilita observações mais refinadas do que as analisadas apenas pelos sentidos.
Sofre limitações, uma vez que nem
Saiba mais todos os fenômenos podem ser re-
A prática da observação como instrumento de produzidos em laboratório.
pesquisa é utilizada em diversas áreas do conhe-
cimento. Na enfermagem é considerada uma
Observação militante
capacidade e habilidade, uma vez que possibili-
ta ao profissional compreender a real situação e A observação militante é
ter subsídios para agir no campo das ações desta uma técnica de estudo permea-
área. Na psicologia é muito utilizada, uma vez da por concepções ideológicas e
que determinadas situações dificilmente podem
políticas, que visa à estimulação
ser captadas ou apreendidas de outra forma.
da mudança social dos grupos e
comunidades envolvidas.
FAEL
205
O que você viu nas imagens? Você tem certeza do que está obser-
vando? Sua percepção mudou ao observar mais detalhadamente?
Síntese
Neste capítulo, abordou-se o conceito de observação, procurando
refletir sobre a sua importância na pesquisa. Assim como toda técnica
de coleta de dados, mostrou-se que ela apresenta vantagens e também
limitações. A maior vantagem do uso da observação em pesquisa está
relacionada à possibilidade de se obter a informação na ocorrência es-
pontânea do fato. Ao final, apresentou-se, também, a classificação dos
diversos tipos de observação.
206
FAEL
FAEL
Reflita
Reflita
Observar a rotina de uma instituição, como a escola, por exemplo, é
uma atitude que requer certos cuidados e uma postura ética impecável
FAEL
FAEL
Síntese
Neste capítulo, foram abordadas questões referentes à observação na
gestão escolar como técnica de coleta de dados. A observação possibilita
ao pesquisador aproximar-se da realidade pesquisada, não apenas para 213
ver e ouvir, mas também para examinar os fatos que se deseja estudar.
A gestão escolar é um processo dinâmico e envolvente, o que impede
que o observador assuma uma posição de distanciamento. Compreender
os elementos que compõem a gestão nas instituições de ensino exige que
o pesquisador se insira no grupo; apenas é possível realizar a observação
da gestão escolar se o pesquisador inserir-se na gestão escolar.
FAEL
217
Os atores da gestão escolar
É possível e correto afirmar que, em uma perspectiva de gestão es-
colar democrática, o processo de tomada de decisão não está centralizado
em uma única pessoa, o diretor ou outro profissional equivalente. Isso
não significa, entretanto, que a direção escolar não tem mais funções ou
atribuições, pois ela é princípio e atributo da gestão escolar democrática,
uma vez que assume a função de articulador do processo organizacional.
É necessário, portanto, conceber o diretor da instituição escolar
como um líder cooperativo, que consegue aglutinar os desejos e expec-
tativas da comunidade escolar e articular a adesão e a participação de
todos os segmentos da escola na gestão, em um projeto comum. Passa
a ser o dirigente que tem uma visão de conjunto e uma atuação que
agrega a escola em seus aspectos pedagógicos, financeiros e culturais,
não se limitando apenas a questões administrativas. Em razão disso, a
escolha do diretor requer muita responsabilidade da comunidade esco-
lar (LIBÂNEO, 2003).
Ao assumir o papel de líder cooperativo, pressupõe-se que o dire-
tor não será o único gestor, inclusive porque gerir ações pedagógicas,
FAEL
FAEL
222
Síntese
Neste capítulo apresentamos as atribuições da equipe gestora, assim
como as várias concepções e modalidades de gestão, de acordo com Li-
bâneo (2003). Através de um breve histórico, acompanhou-se o processo
de democratização da gestão escolar no Brasil, após o regime militar, es-
pecialmente depois da promulgação da Constituição Federal, em 1988.
Nessa perspectiva de democratização, a educação brasileira, em
especial a educação pública, busca incorporar processos democráticos
no interior das instituições. A própria Constituição de 1988 estabe-
lece a gestão democrática como princípio da educação, instituciona-
lizando práticas de participação e descentralização já existentes em
alguns sistemas de ensino público do país.
Para atingir os objetivos previstos na Constituição, a equipe ges-
tora deve ser democrática em suas ações, opinar e propor medidas
que visem ao aprimoramento dos trabalhos escolares, ao sucesso de
sua instituição, além de exercer sua liderança administrativa e peda-
gógica, visando à valorização e desenvolvimento de todos na escola.
FAEL
FAEL
FAEL
Síntese
Neste capítulo, refletimos sobre a função do pedagogo que, atual
mente, assume uma importância significativa e diferenciada em rela-
ção aos demais profissionais da educação. Rompe-se com o processo
anterior de fragmentação do trabalho e de subdivisão de tarefas nos
setores da administração, da supervisão escolar, da orientação educa-
cional e da docência.
Nesse cenário, cabe ao pedagogo, como parte da equipe da gestão
educacional, coordenar e organizar o processo de elaboração do projeto
pedagógico, além de envolver a comunidade escolar na definição dos
objetivos educacionais, considerando a legislação e as diretrizes educa-
cionais. Também faz parte das atribuições desse profissional a articulação
das ações pedagógicas na escola, a mediação da relação estabelecida com
a família e a comunidade, assim como o assessoramento das equipes nos
processos de gestão.
FAEL
229
Planejamento
Para a possibilidade de reflexão a respeito do planejamento e posterior
compreensão da função do pedagogo nesse procedimento, apresentam-se
algumas definições do termo, que orientarão a abordagem do assunto.
“Processo de antecipação e antevisão de condições, estados e situa
ções futuras, aspectos necessários para a obtenção desses resultados.”
(CHRUDEN; SHERMAN apud LÜCK, 1991, p. 24).
“O planejamento é um meio para se programar as ações docentes,
mas é também um momento de pesquisa e reflexão intimamente ligado
à avaliação.” (LIBÂNEO, 1994, p. 221).
“O planejamento implica no estabelecimento de metas, ações e
recursos necessários à produção de resultados que sejam satisfatórios
à vida pessoal e social, ou seja, a consecução dos nossos desejos.”
(LUCKESI, 2005, p. 162).
Para Fonseca, Nascimento e Silva (apud PADILHA, 2001, p. 31):
O planejamento é uma atividade essencial e exclusivamente hu-
mana. Somente o homem, como animal racional e temporal que
FAEL
Vantagens do planejamento
1. Melhora o desempenho profissional: traz segurança e norteia a prática.
2. Aumenta a participação: a organização do trabalho possibilita a
discussão e leva todos os envolvidos a contribuírem.
3. Segurança para lidar com os imprevistos: um profissional que está
habilitado a planejar consegue ser flexível e está preparado para lidar com
o inesperado.
4. Ter mais tempo para lazer: planejar garante tranquilidade e qualidade de
vida, o tempo é mais bem aproveitado (SOARES; BENCINI, 2005, p. 30).
FAEL
FAEL
Síntese
Neste capítulo, foi possível compreender que o planejamento é
uma atividade essencial na prática do pedagogo. Planejar diz respeito a
estabelecer metas e ações, fazendo um levantamento dos recursos dis-
poníveis e dos necessários para se chegar aos fins determinados. Para
instrumentalizar o planejamento, apresentou-se o conceito de plano,
que é o registro do planejamento e que pode ser apresentado em três
níveis, segundo Libâneo (1994): plano da escola, plano de ensino e
plano de aula.
Diante dessas abordagens, pode-se concluir que o pedagogo, frente
ao planejamento, deve ser o organizador e mediador das ações, sempre
com o olhar voltado para uma escola democrática que permita o com-
partilhamento de opiniões.
236
FAEL
O pedagogo
No espaço educativo, o trabalho é realizado por um conjunto de
profissionais que interagem para o desenvolvimento do aluno. Ambos
Avaliação
A definição do vocábulo avaliação, segundo o Dicionário mor da
língua portuguesa (OLIVEIRA, 2006, p. 69), é: “determinar o valor,
analisar o desempenho”.
Determinar o valor parece ser a concepção mais presente no coti-
diano das escolas. Nos anos iniciais do Ensino Fundamental, a avalia-
ção é utilizada como a ação de reprovar ou aprovar alunos, assumindo
a função classificatória e não diagnóstica.
A forma tradicional de avaliar ainda parece ocupar lugar de des-
taque na ação docente. Porém, a avaliação formativa vai, aos poucos –
mediante questionamentos frequentes de pais, professores e equipe
escolar –, ganhando seu espaço.
FAEL
Reflita
Reflita
Fonte: <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/discovirtual/aulas/
13238/imagens/calvin1.jpg>.
Reflita
Reflita
Para melhor compreensão, será apontada, na sequência, a diferen-
ça entre esses dois tipos de avaliação.
239
Avaliação tradicional
Segundo Hoffmann (2003), a avaliação tradicional, também co-
nhecida por classificatória, está relacionada à aprovação ou reprovação
do aluno durante a trajetória escolar. Essa avaliação busca apontar os as-
pectos fracos e fortes dos alunos, enfatizando o primeiro aspecto. As no-
tas e menções sustentam o processo, a verificação da aprendizagem fica
em segundo plano e até, muitas vezes, ausente do processo avaliativo.
O estudante, nesse tipo de avaliação, é um mero reprodutor do
conhecimento transmitido pelo professor que, nessa perspectiva, é o
dono do saber. Cabe ao aluno memorizar os conteúdos e demonstrá-los
nas provas, sem questionar.
O professor, por sua vez, trabalha em função de conteúdos que
estão no plano de ensino da escola, passando a maior parte do tempo
pensando no que vai expor teoricamente aos seus alunos, sem se preo-
cupar com a aprendizagem.
“O mais comum é tomar a avaliação unicamente como o ato de
aplicar provas, atribuir notas e classificar os alunos. O professor reduz
Reflita
Reflita
Veja algumas frases ditas pelos professores na avaliação tradi-
cional, retiradas do livro Avaliação da aprendizagem escolar, de
Cipriano C. Luckesi (2005, p. 19):
FAEL
FAEL
Articulação teórico-prática
Somente o conhecimento teórico a respeito da avaliação não ga-
rante a formação necessária para promover mudanças. Torna-se impor-
tante a vivência da realidade e as sugestões práticas.
Para reconhecer as limitações dos professores a respeito da avalia-
ção, o primeiro passo é:
[...] dar-se conta da superficialidade na formação da maioria
dos professores nesta área, mesmo se referindo a uma visão
tradicional classificatória da avaliação ou à concepção de me-
didas educacionais, poucos são os cursos que incluem mais
de uma disciplina, ou algumas poucas de estudo em avaliação
educacional (HOFFMANN, 2003, p. 144).
FAEL
245
Síntese
246 Neste capítulo, mostrou-se que a atuação do pedagogo frente à
avaliação escolar exige competência teórica e prática. Para orientar a
prática dos professores, é essencial que esse profissional saiba identificar
a diferença entre a avaliação tradicional e a avaliação formativa.
O princípio que norteia a avaliação tradicional são as notas e
menções. O professor é mero transmissor de conteúdos e o estudante
reprodutor desses conteúdos. Esse tipo de avaliação tem função clas-
sificatória, imprimindo ideias de superioridade/inferioridade, punição
e preconceitos.
Vimos que, na avaliação formativa, o processo é considerado con-
tínuo e são valorizadas as experiências dos estudantes. Busca-se a intera-
ção professor-aluno-escola-família e, por meio do diálogo, considera-se
a diversidade de informações e a capacidade de cada um. É dada ênfase
maior aos aspectos qualitativos e não aos quantitativos.
O pedagogo precisa saber, na prática, organizar momentos propí-
cios para a reflexão da avaliação de forma coletiva, tornando o espaço
escolar um ambiente democrático para sugestões e implantações de no-
vas práticas educacionais.
FAEL
Grupo X equipe
Torna-se cada vez mais uma exigência aos sistemas de ensino a
presença do pedagogo, que tem como objeto de ação o ensino e a
aprendizagem. A ele cabe a função de oferecer suporte pedagógico aos
professores e a todos os envolvidos com o processo educativo da ins-
tituição, tendo como um dos mais importantes desafios fomentar o
espírito de equipe.
Quando o pedagogo consegue a harmonia entre os profissionais,
seu trabalho torna-se menos árduo, porque todos contribuirão nas to-
madas de decisões. Segundo Meneses (2003, p. 151), “a harmonia é a
combinação simultânea de dois ou mais sons”, ou seja, um trabalho
realizado com harmonia é como a música: uma sucessão de acordes ou,
nesse contexto, uma sucessão de ideias e experiências.
Grupo
Na definição de Oliveira (2006, p. 164), grupo é um “conjunto de
coisas ou pessoas”. Entende-se que qualquer agrupamento de pessoas
ou objetos é definido como um grupo. O grupo tem um propósito em
comum, porém não há uma efetiva comunicação entre seus compo-
nentes, assim, ninguém sabe direito o que o outro pensa. É comum
no grupo o individualismo. As pessoas tentam se sobressair pensando
nos seus próprios interesses. Há grupos que até trabalham em prol dos
mesmos objetivos, mas com tarefas isoladas, sem diálogo efetivo com
248 os demais integrantes.
É muito fácil encontrarmos grupos, uma simples fila de ônibus
pode ser considerada um grupo. Todos têm o mesmo objetivo: “utilizar o
transporte”, mas um não sabe qual o lugar em que o outro vai, pois não
há uma comunicação. Da mesma forma, um grupo de pessoas que aguar-
da em um consultório médico: todos desejam resolver um problema de
saúde, no entanto, não são os mesmos problemas, há interesses pessoais.
Equipe
Entende-se por equipe “grupo de pessoas reunidas para executar
uma tarefa comum” (OLIVEIRA, 2006, p. 138). Nesse sentido, diría-
mos que toda equipe é um grupo, porém, um grupo mais evoluído, em
que existe uma comunicação efetiva.
Na equipe, há uma sinergia entre os participantes, cada um sabe
o que o outro pensa e o nível de colaboração é ótimo. Os membros
de uma equipe têm papéis e funções bem definidos e trabalham vol-
tados para os mesmos objetivos, com a consciência de que todos são
igualmente importantes. É como um time de futebol: todos têm suas
posições e trabalham juntos para vencer o jogo.
FAEL
O desafio do pedagogo
Um grupo não se torna uma equipe naturalmente, é preciso que
alguém direcione esta evolução, o que exige esforço e dedicação.
O trabalho do pedagogo, articulado com a função do diretor, pode
instalar o espírito de equipe, em que todos os elementos da escola tra-
balharão para atingir metas estabelecidas no plano escolar. O autorita-
rismo, a centralização do trabalho e a cobrança de resultados não dizem
respeito ao trabalho em equipe. As lideranças não devem ser distantes,
250 e sim próximas a todos os membros que compõem a equipe.
Quem coordena uma equipe de trabalho não precisa saber man-
dar, dar instruções, ordenar e oprimir. Precisa, sim, ter habilidades de
comunicação e relacionamento humano.
Peterossi (2005) recomenda práticas para direcionar o trabalho em
equipe que merecem ser refletidas.
●● Conversar com todos os membros da equipe escolar e procu-
rar resolver por consenso as questões que envolvem o traba-
lho de cada um. Se as metas e objetivos forem estabelecidos
com a participação de todos da equipe, eles se sentirão im-
portantes e responsáveis.
●● Os funcionários operacionais também devem participar das
decisões e opinar sobre as maneiras de orientar os alunos na
conservação da escola.
●● Reconhecer as contribuições de todos os membros da equipe
escolar na busca dos objetivos da escola. “Não perca a opor-
tunidade de elogiar um trabalho bem feito.” (PETEROSSI,
2005, p. 81).
FAEL
Reflita
Reflita
Fábula: motivação e trabalho em equipe
Um rato, olhando pelo buraco na parede, vê o fazendeiro e
sua esposa abrindo um pacote. Pensou logo no tipo de comida
que poderia haver ali. Ao descobrir que era uma ratoeira ficou
aterrorizado.
Correu ao pátio da fazenda advertindo a todos – Há uma
ratoeira na casa, uma ratoeira na casa! A galinha disse:
– Desculpe-me Sr. Rato, eu entendo que isso seja um grande
251
problema para o senhor, mas não me incomoda.
O rato foi até o porco e lhe disse:
– Há uma ratoeira na casa, uma ratoeira! Desculpe-me
Sr. Rato, disse o porco, mas não há nada que eu possa fazer,
a não ser rezar. Fique tranquilo que o senhor será lembrado
nas minhas preces.
O rato dirigiu-se então à vaca.
Ela lhe disse:
– O que, Sr. Rato? Uma ratoeira? Por acaso estou em perigo?
Acho que não!
Então o rato voltou para a casa, cabisbaixo e abatido, para
encarar a ratoeira do fazendeiro.
Naquela noite ouviu-se um barulho, como o de uma ratoeira
pegando a sua vítima. A mulher do fazendeiro correu para ver
o que havia caído na ratoeira. No escuro, ela não viu que a ra-
toeira havia prendido a cauda de uma cobra venenosa. E a
FAEL
Síntese
Uma das atribuições dadas ao pedagogo é transformar o grupo de
trabalho em uma equipe, o que não é uma tarefa tão simples assim. O
254
FAEL
Família X escola
É função do pedagogo orientar os alunos, professores e pais em
relação à ação educativa. Nos capítulos anteriores, discutiu-se sobre o
pedagogo e a sua atuação junto aos professores, agora, a reflexão é vol-
tada para sua atuação junto às famílias.
É verdade que muito se fala na relação família-escola, no entanto,
como acontece essa interação na prática?
Em uma visão mais tradicional quanto à relação da família com
a escola, Helena Peterossi (2005) relata que a família era vista apenas
como o interlocutor dos profissionais da educação, uma questão mera-
mente técnica. Era aceita nas festas e comemorações escolares quando
convidada, e o diálogo com os pais era truncado ou impossibilitado.
Quando foram criadas as associações de pais e mestres, a família era
convidada apenas para apoio ou consentimento às iniciativas da direção
escolar. Mesmo a família sendo reconhecida como a primeira instituição
Pedagogo X família
O trabalho pedagógico é extensão do trabalho familiar. Por isso, as
duas instituições, família e escola, devem estar articuladas, sendo media-
das pela figura do pedagogo. Assim, esse profissional precisa adotar pro-
cedimentos que visem a estimular a participação da família nos objetivos
educacionais, fazendo com que ela se sinta parte integrante da escola.
Se a escola e a família trabalharem unidas, as crianças terão
um sucesso melhor na aprendizagem, pois quando atuam
juntas, as possibilidades da educação aumentam e, com isso,
conseguem obter um atendimento maior às suas necessidades
educacionais (DUK, 2007, p. 155).
FAEL
FAEL
Síntese
No decorrer do capítulo, fez-se referência à relação entre a família
e a escola, que eram, anteriormente, compreendidas como instituições
que buscavam objetivos diferenciados.
Em uma visão de gestão democrática, a família passa a ganhar es-
paço na escola, e ambas, mesmo em contextos diferentes, procuram
objetivos comuns em relação ao processo ensino-aprendizagem. Assim,
o pedagogo deve possuir conhecimento teórico-prático para efetivar a
relação entre escola e família.
259
Planejamento e ação
O estágio supervisionado é o momento em que se vivencia a reali-
dade e se planeja intervir nela, articulando a teoria com a prática.
No decorrer do curso, muitas ações são planejadas para a realização
do estágio: observar, realizar a docência na Educação Infantil e no Ensi-
no Fundamental, etc. Agora, o foco será a ação do pedagogo na equipe
gestora, ou seja, a função deste profissional como mediador dos alunos,
professores e pais.
Convém lembrar que todas as ações realizadas por esse profissio-
nal, responsável pela atividade educativa, devem estar pautadas na bus-
ca de uma escola democrática. “A democracia é, em última análise, um
modo de governar no qual deve haver consenso sobre como decidir, e não
necessariamente sobre as decisões tomadas.” (Peterossi, 2005, p. 99).
Isso significa que em toda reunião, orientação e assessoramento
não deve prevalecer o autoritarismo, mas sim o compartilhamento de
ideias e opiniões, que se efetiva pelo diálogo.
FAEL
Especificação da ação
O registro do plano que será desenvolvido deve, segundo Lück
(1991):
●● estabelecer objetivos para cada um dos grupos a que a ação
se destina;
●● indicar as estratégias apropriadas para a efetivação dos objeti-
vos apontados, como irá se desenvolver a ação;
●● especificar sequencialmente as atividades, o que se irá fazer
para efetivar os objetivos;
●● prever o cronograma de ação, as datas de início e término e a
distribuição do tempo.
Avaliação
É preciso encarar com seriedade a avaliação das ações, pois de nada
adianta fazer e não obter os resultados. Por meio da avaliação é que
se modificam estratégias, assim, é necessário demonstrar que a ação
produz alguma diferença quanto ao desenvolvimento dos alunos, por
isso é importante buscar, sempre, o seu aprimoramento. Essa prática
avaliativa deve nortear o trabalho do pedagogo, seja com pais, alunos
ou professores.
FAEL
265
Síntese
Neste capítulo, foi possível perceber que o pedagogo precisa saber
elaborar planos de ação (que podem ser anuais, semestrais, bimestrais
ou semanais), para que assim desenvolva um trabalho de qualidade
junto aos pais, professores, alunos e equipe escolar.
266
FAEL
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