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Sexualidade
Autora
aula
13
Governo Federal Revisoras de Língua Portuguesa
Presidente da República Janaina Tomaz Capistrano
Luiz Inácio Lula da Silva Sandra Cristinne Xavier da Câmara
Ministro da Educação
Fernando Haddad Revisora Tipográfica
Secretário de Educação a Distância – SEED Nouraide Queiroz
Carlos Eduardo Bielschowsky
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Carolina Costa
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Editoração de Imagens
Reitor
José Ivonildo do Rêgo Adauto Harley
Carolina Costa
Vice-Reitora
Ângela Maria Paiva Cruz Diagramadores
Secretária de Educação a Distância Bruno de Souza Melo
Vera Lúcia do Amaral Dimetrius de Carvalho Ferreira
Secretaria de Educação a Distância- SEDIS Ivana Lima
Johann Jean Evangelista de Melo
Coordenadora da Produção dos Materiais
Marta Maria Castanho Almeida Pernambuco Adaptação para Módulo Matemático
André Quintiliano Bezerra da Silva
Coordenador de Edição Kalinne Rayana Cavalcanti Pereira
Ary Sergio Braga Olinisky Thaísa Maria Simplício Lemos
Projeto Gráfico Imagens Utilizadas
Ivana Lima Banco de Imagens Sedis
Revisores de Estrutura e Linguagem (Secretaria de Educação a Distância) - UFRN
Eugenio Tavares Borges Fotografias - Adauto Harley
Jânio Gustavo Barbosa Stock.XCHG - www.sxc.hu
Thalyta Mabel Nobre Barbosa
Conteúdo: A psicologia e sua importância para a educação – A inteligência – A vida afetiva: emoções e
sentimentos – Crescimento e desenvolvimento – A psicologia da adolescência – A formação da identidade:
alteridade e estigma – Como se aprende: o papel do cérebro – Como se aprende: a visão dos teóricos da
educação – Estratégias e estilos de aprendizagem: a aprendizagem no adulto – A dinâmica dos grupos e o processo
grupal – A família – A escola como espaço de socialização – Sexualidade – A questão das drogas – Os meios
de comunicação de massa.
ISBN: 978-85-7273-370-0
CDU 159.9
RN/UF/BCZM 2007/49 CDD 150
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UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Apresentação
A
partir desta aula, iremos discutir alguns temas que, se não são específicos da
Psicologia, podem ser também estudados sob o ponto de vista de sua abordagem.
São temas que estarão presentes em nossas salas de aula, ainda que não seja de uma
forma clara e explícita. Iniciaremos com esta aula sobre sexualidade e seguiremos nas aulas
14 e 15 com uma discussão sobre a questão das drogas e sobre a influência dos meios de
comunicação no comportamento, respectivamente.
Objetivos
1 Distinguir os conceitos de sexo e sexualidade.
Atividade 1
Faça a distinção entre os conceitos de sexo e sexualidade elaborando uma lista
de comportamentos que caracterizam um e outro.
sua resposta
No nosso idioma, a palavra sexo tem muitos significados. Sexo pode ser uma palavra que
designa o gênero masculino ou feminino, servindo para uma distinção biológica entre homens
e mulheres, a partir da qual se definem papéis e atribuições sociais, que variam conforme a
cultura. Mas também pode referir-se a qualquer atividade que resulte em sensação de prazer no
corpo ou, mais especificamente, nos órgãos genitais do homem ou da mulher. Pode significar,
ainda, o ato sexual em si, “fazer sexo” significando manter relações sexuais.
No ser humano, no entanto, o ato sexual não é, como em outros animais, um ato
puramente biológico. Ele envolve sentimentos, experiências anteriores, história familiar,
orientação sexual, características físicas e até espiritualidade; todos esses aspectos influenciam
a percepção sexual das pessoas e sua maneira de envolvimento com o ato sexual.
Sexualidade é um aspecto central do ser humano durante toda sua vida e abrange
o sexo, as identidades e os papéis de gênero, orientação sexual, erotismo,
prazer, intimidade e reprodução. A sexualidade é experimentada e expressada
nos pensamentos, nas fantasias, nos desejos, na opinião, nas atitudes, nos
valores, nos comportamentos, nas práticas, nos papéis e nos relacionamentos.
Embora a sexualidade possa incluir todas estas dimensões, nem todas são
sempre experimentadas ou expressadas. A sexualidade é influenciada pela
interação de fatores biológicos, psicológicos, sociais, econômicos, políticos,
cultural, éticos, legais, históricos, religiosos e espirituais. (WORLD HEALTH
ORGANIZATION, 2007, tradução minha)
Assim, como vemos, o conceito de sexualidade é muito mais amplo e, por suas
características, restringe-se ao ser humano. É esse conceito amplo que lhe permite ser
tema de interesse multidisciplinar, em que a Biologia e a Medicina dão conta dos aspectos
anatômicos e fisiológicos, a História e a Sociologia discutem os comportamentos sexuais e
suas origens, a Antropologia observa a sua evolução cultural, a Psicologia, por sua vez, tem se
interessado em analisar os sentimentos envolvidos e como ela se desenvolve no indivíduo.
J
á vimos na aula sobre adolescência que é nessa fase do desenvolvimento que o
organismo do ser humano começa a se preparar para a reprodução sendo as mudanças
biológicas acompanhadas de modificações também no psiquismo. Mas, seria somente
nessa fase que se manifestaria a sexualidade?
Em primeiro lugar, a concepção vigente era de que a sexualidade tinha como objetivo
a reprodução, logo, ela somente poderia se manifestar a partir da puberdade, momento
em que o indivíduo começa a se preparar biologicamente para tal tarefa. A idéia era de que
o sexo antes dessa fase estava inativo e que sua ativação se daria com o surgimento dos
hormônios sexuais responsáveis por ativar a puberdade. Sendo assim, como imaginar que
um bebê recém-nascido pudesse ter vida sexual?
Freud observou que logo ao nascer a criança apresenta o reflexo da sucção, fundamental
para sua alimentação e conseqüente sobrevivência. Para ele, esse reflexo é acompanhado
do prazer do contato da sua mucosa bucal com o seio materno, e isso era óbvio porque se
fosse uma experiência desagradável, o reflexo não se fixaria. Diz ele:
Vendo uma criança que tenha saciado seu apetite e que se retira do peito da mãe com
as bochechas ruborizadas e um sorriso de bem-aventurança, para cair em seguida em
um sono profundo, temos que reconhecer neste quadro o modelo e a expressão da
satisfação sexual que o sujeito conhecerá mais tarde. (FREUD, 1973, p. 1200)
Com o tempo, a criança passa a perceber que o contato da boca com o seu próprio dedo
também lhe dá prazer. Nesse caso, trata-se não mais de uma necessidade biológica, mas
somente de prazer. Esse tipo de prazer pelo prazer Freud chamou erotismo, e o considerou
como o primeiro indicativo de sexualidade a aparecer em uma pessoa.
É possível perceber, então, que o conceito de sexualidade de Freud era muito mais amplo
do que o vigente na época. Ele a definia muito mais pelo prazer do que pela necessidade
de reprodução, conforme o que vimos anteriormente. Nessa perspectiva, é compreensível
que tinha descrito a sexualidade do recém-nascido. Porém, não podemos confundir essa
compreensão da sexualidade com genitalidade, que é, a busca do contato genital, que vai se
desenvolver na vida adulta.
Outro conceito que Freud desenvolve com relação à sexualidade é o de libido, palavra
que deriva do latim e significa desejo, anseio. Refere-se, segundo a Psicanálise, à “energia”
que move os impulsos da vida, dentre os quais o mais importante é o impulso sexual. A
libido pode ser aumentada, diminuída e tem como característica importante a mobilidade,
localizando-se em várias partes do corpo alternadamente.
Após fase que Freud chama de latência, que vai dos 6 aos 11 anos, caracterizada
por uma relativa inatividade do impulso sexual, inicia-se, na adolescência, a fase genital.
Concomitante com a maturação biológica, ocorre a partir daí a retomada do impulso
sexual, que, com a busca do objeto de amor fora do grupo familiar, o indivíduo assume as
características da sexualidade adulta.
A moral sexual
S
e a sexualidade é um aspecto inerente ao ser humano, por que é tão complicado
conversar sobre sexo? Por mais que se pressuponha que essas discussões devam
começar no âmbito familiar, na família esse é um assunto sobre o qual não se
conversa. E na escola, que deveria ser o espaço para uma discussão mais qualificada,
o debate sobre sexo estaria acontecendo? Recentemente, os Parâmetros Curriculares
Nacionais para o Ensino Fundamental estabeleceram a Orientação Sexual como um dos
temas transversais, mesmo assim as escolas parecem relutar em incluí-la como uma das
suas preocupações pedagógicas. Os professores ainda acham o assunto incômodo ou se
sentem sem preparo para abordá-lo.
Vamos analisar essa questão por dois ângulos: pela História e pela Psicanálise.
Na Idade Média, a Igreja consolida seu poder com tal intensidade que a teologia
se equipara à lei civil. Nessa época, aparecem os famosos cinturões de castidade e
a Igreja declara que o instinto sexual é algo demoníaco, gerando várias situações de
julgamento pela Santa Inquisição.
Durante os séculos XVIII e XIX, determinadas condutas sexuais como, por exemplo,
a masturbação, eram consideradas inapropriadas e causadoras de enfermidades como a
epilepsia. Por volta de 1880, o psiquiatra alemão Kraft-Ebing (1840-1902) publica o primeiro
livro sobre sexualidade – Psychopatias Sexualis – no qual rotula como patológicos os
comportamentos sexuais que não tivessem finalidade reprodutiva, considerando-os como
“anormalidades sexuais”. Nessa época, o pensamento religioso dava grande importância à
família e entendia o sexo como uma infeliz necessidade e não como algo que proporcionasse
prazer. Então, a partir do pensamento médico e da religião, surgem mitos como o de que
Dessa forma, não é de se estranhar que as idéias de Freud causassem tanto impacto na
sociedade da época, com seu conceito de sexualidade infantil e de libido. Para a Psicanálise,
a energia sexual é a energia que utilizamos para todas as nossas atividades: trabalho,
diversão, relacionamento com as pessoas, produção de conhecimento, enfim, é a energia
responsável pelo que conhecemos como civilização. No entanto, para que a civilização se
concretize é necessário que a energia sexual seja deslocada para outros fins que não o
estritamente sexual. Isso é feito através da criação de normas e proibições, como o casamento
monogâmico, a restrição na escolha dos parceiros, as restrições sexuais às crianças. Para
Freud, o homem, para garantir o processo de civilização, abriu mão do prazer pela segurança.
Esse mecanismo de desvio da energia sexual para fins não sexuais e socialmente aceitáveis
é chamado de sublimação. A sublimação, pois, é um mecanismo útil na medida em que nos
permite conviver em sociedade, mas, por outro lado, ao reprimir a libido, torna a questão da
sexualidade uma questão difícil de se lidar livremente.
A importância do tema
sexualidade na Educação
Q
uando assistimos às novelas e a outros programas de televisão exibindo cenas
que mostram uma possível “excessiva permissividade” sexual, podemos imaginar
que as idéias de Freud e Marcuse estão superadas. Mas, haverá mesmo maior
liberdade sexual nos dias de hoje? Para o filósofo francês Michel Foucault (1984), o que
ocorre hoje é muito mais um discurso sobre a sexualidade do que uma nova moral sexual;
é um discurso permitido, uma outra forma de poder. O que se tem é uma fala sobre a
sexualidade, mas ela continua tão reprimida quanto antes, tão conservadora quanto no
século XIX. E a prova disso são reportagens também mostradas pela televisão, como
as cenas de agressão a mulheres. O “ficar” dos jovens, antes de revolução sexual, é
“a possibilidade de uma sexualidade que corresponda aos nossos desejos [...] dependerá
de uma luta que o jovem deve enfrentar por uma nova moral sexual, que supere o poder
castrador e passe para uma fase de encontro entre o prazer e a responsabilidade”
(BOCK, 1999, p. 239).
Para nós, educadores, resta-nos a tarefa de enfrentar junto com os jovens o desafio
de estimular a discussão, superando o discurso permitido e trazendo para análise as causas
determinantes do modelo de sexualidade que temos. Na atualidade, dois temas ligados à
questão sexual surgem como fundamentais: o aparecimento da AIDS e a gravidez precoce.
Ambas as situações são indicativos daquela permissividade oficial que, se por um lado
admite a liberdade sexual, por outro não fornece as informações básicas necessárias nem
estimula o diálogo franco e aberto com os jovens.
n ter o mais alto nível de saúde sexual, incluindo o acesso aos serviços de saúde
reprodutiva e sexual;
n escolher os parceiros;
Auto-avaliação
Diferencie os conceitos de sexo e sexualidade.
1
Descreva sumariamente as fases do desenvolvimento da sexualidade segundo
2 Freud.
O que é libido?
3
Por que se diz que a teoria da sexualidade de Freud causou impacto na
4 sociedade?
Referências
BOCK, A. M. B. Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia. São Paulo: Saraiva,
1999.
FREUD, S. Tres ensayos para uma teoria sexual. Madrid: Editorial Biblioteca Nueva, 1973.
Tomo II. (Obras completas).
______. El mal estar de la cultura. Madrid: Editorial Biblioteca Nueva, 1973. Tomo III.
(Obras completas).