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ABNT NBR 15575

NORMA DE DESEMPENHO
(panorama jurídico)

IPT, CBIC, SindusCon-SP

Carlos Pinto Del Mar


delmar@delmar.adv.br
EM QUÊ A NORMA AFETA AS RELAÇÕES
JURÍDICAS RELACIONADAS À
CONSTRUÇÃO CIVIL?
A NORMA DE DESEMPENHO DEFINE:

Incumbências dos REFLEXOS:


projetistas, do incorporador,
do construtor e dos usuários Permitirá aferir a qualidade da
construção (por meio de
referenciais técnicos e objetivos de
Requisitos mínimos qualidade, e dos prazos de vida
de qualidade útil)

Prazos de Vida útil Permitirá aferir as


responsabilidades dos agentes da
Prazos de garantia construção e dos usuários (QFQ)

Terá reflexos nas ações judiciais,


Condições de manutenção seja nas perícias, seja em aspectos
processuais (o ônus da prova da
Métodos de ensaio manutenção)
Falhas,
Responsabilidades
e Garantias
na construção civil

Editora Pini
Editora Método

www.piniweb.com.br
ABNT NBR 15575 – 4ª edição
Edificações habitacionais – Desempenho

Aplicável aos projetos que forem protocolados para aprovação depois de 19/07/2013

Aspectos técnicos Reflexos jurídicos

Práticos Macro (Conceituais)

 Contratação com, e entre agentes da  Aculturamento dos profissionais do Direito


construção; escopo dos contratos; sobre o conteúdo da Norma
 Contratos de aquisição de materiais; (parametrização das perícias; importância
 Prova de definição e cumprimento das e ônus da prova da manutenção);
incumbências (arquivo);  Prazo de responsabilidade dos agentes da
 Incremento de formalidades – Atas; construção; condições para a liberação da
ART, RRT; responsabilidade antes do término da
 Convenção de Condomínio; VIDA ÚTIL;
 Manuais;  A responsabilização no contexto de SPEs;
 Seguros;
A MAIOR
AUTORREGULAMENTAÇÃO
DE UM SETOR DA ATIVIDADE ECONÔMICA
DE QUE SE TEM NOTÍCIA
A AUTORIDADE E LEGITIMIDADE DOS AUTORES

ABNT NBR 15575


Elaborada (conforme as regras da ABNT)
por representantes da sociedade técnica

Institutos de pesquisa (IPT) Sindicatos de fabricantes


de materiais (cimento,
Universidades (Escola cerâmica, etc.)
Politécnica da USP)
IBAPE-SP
Institutos, Sindicatos e
Associações da construção Caixa Econômica Federal
civil [Inst. Engª, Secovi(s) – CEF (Min. Público: foi
– Sinduscon(s) – Ademis] convidado mas não participou)

CBIC – Câmara Brasileira


da Indústria da Construção
POR QUE

DEVE SER CUMPRIDA A NORMA?


 UNIFORMIZAM E CONSOLIDAM O CONHECIMENTO

NORMAS TÉCNICAS:  PRESCREVEM BOAS TÉCNICAS

 ESTABELECEM UM PADRÃO DE QUALIDADE

 SÃO BENÉFICAS PARA A SOCIEDADE


É UM DEVER LEGAL, QUANDO HOUVER LEI
DETERMINANDO O CUMPRIMENTO:

Código(s) de Obra(s) Municipal(ais)

Lei 4.150/62 (regime obrigatório de cumprimento


das normas da ABNT, nos contratos de obras
e compras do serviço público federal);

Lei de incorporações (4.591/64);

Lei de acessibilidade;

Lei de licitações (n. 8.666/93) – projetos


de acordo com as normas;

Código de Defesa do Consumidor – art. 39


– É vedado ao fornecedor ...; art.
LEI 8.078/90
(CÓDIGO DE DEFESA
DO CONSUMIDOR)

Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos e serviços:

VIII – colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou


serviço em desacordo com as normas expedidas pelos órgãos
oficiais competentes ou, se normas específicas não existirem,
pela Associação Brasileira de Normas Técnicas ou outra
entidade credenciada pelo Conselho Nacional de Metrologia,
Normalização e Qualidade Industrial – CONMETRO.”
CONSEQUÊNCIAS | CÓDIGO CIVIL

Art. 615. Concluída a obra de acordo com o ajuste


(“contrato”), ou o costume do lugar, o dono é obrigado a
recebê-la. Poderá, porém, rejeitá-la, se o empreiteiro se
afastou das instruções recebidas e dos planos dados,
( “ projetos ” ) ou das regras técnicas em trabalhos de tal
natureza. (“normas técnicas”)

Art. 616. No caso da segunda parte do artigo antecedente,


(“regras técnicas”) pode quem encomendou a obra, em vez
de enjeitá-la, recebê-la com abatimento do preço.
CONSEQUÊNCIAS DO DESCUMPRIMENTO

Rejeição do produto Abatimento do preço /


indenização / dano moral

Obrigação de fazer Multa (Procons) –


troca/reparos cobrança executiva

Reflexos na esfera criminal


(Normas de segurança) (há ressalvas)
PARA O DIREITO
O ATENDIMENTO ÀS NORMAS TÉCNICAS É UMA
PRESUNÇÃO DE REGULARIDADE
ABNT NBR 15575
4ª edição Edificações
habitacionais Desempenho
(entrou em vigor em 19/7/2013)
ESTABELECE
OS REQUISITOS DE QUALIDADE
DA MAIORIA DOS SISTEMAS CONSTRUTIVOS

Reflexo jurídico: baliza as exigências e o


cumprimento das obrigações
PROJETISTAS IMPORTANTE

(NOVA OBRIGAÇÃO)

Os projetistas devem estabelecer a


Vida Útil de Projeto (VUP) de cada
sistema que compõe a norma.
TABELA 7 | Vida útil de projeto (VUP)*
(item 14.2.1 da Norma)

SISTEMA VUP mínima

Estrutura > 50 anos

Pisos internos > 13 anos

Vedação vertical externa > 40 anos

Vedação vertical interna > 20 anos

Cobertura > 20 anos

Hidrossanitário > 20 anos

(*) Considerando periodicidade e processos de manutenção segundo a ABNT NBR 15575 e


especificados no respectivo manual de uso, operação e manutenção entregue ao usuário
elaborado em atendimento à ABNT NBR 14037.
VIDA ÚTIL – VU | conceito

É um parâmetro, estabelecido pelo meio


técnico, que indica o período de tempo em
que os requisitos mínimos de desempenho
(indicados pela Norma) devem ser
atendidos pela edificação, supondo a
correta manutenção.
PROJETISTAS | manutenção “de projeto”

Quem define a VUP precisa também estabelecer quais


ações de manutenção deverão ser realizadas, para
garantir que seja atingida (manutenção “de projeto”).
VIDA ÚTIL | MANUTENÇÃO

O funcionamento de um subsistema,
durante a vida útil, depende da substituição
de componentes que se desgastam em
tempo menor do que a vida útil do sistema
(flexíveis, gaxetas, o “ courinho ” da
torneira, etc.), providências compreendidas
na atividade de manutenção.
MANUTENÇÃO

Desdobramento das atividades de manutenção:

Manutenção “de projeto”


(especificação pelos projetistas)

Manutenção “de rotina”


(incorporador/construtor)
MANUTENÇÃO (de rotina)
Extintores; reparos; troca de componentes, lubrificação;
limpeza; etc.

MANUTENÇÃO (de projeto)


Exemplo: (consta no Anexo “C”, da Parte 1)

Um revestimento de fachada em argamassa pintada pode ser


projetado para uma VUP de “25” anos, desde que a pintura
seja refeita a cada “5” anos, no máximo.

Se o usuário não realizar a manutenção prevista, a VU real do


revestimento poderá ser seriamente comprometida.

Por consequência, as eventuais manifestações patológicas


resultantes podem ter origem no uso inadequado e não em
uma construção falha.
A MANUTENÇÃO COMO UM DOS
ITENS MAIS IMPORTANTES
DA NORMA,
TÉCNICA E JURIDICAMENTE
A MANUTENÇÃO COMO UM DOS ITENS
MAIS IMPORTANTES DA NORMA,
TÉCNICA E JURIDICAMENTE

1º REFLEXOS NA QUALIDADE: Porque, se a manutenção não for feita, a


vida útil pode não ser atingida - vide Norma (excludentes da responsabilidade:
culpa exclusiva da vítima; inexistência de relação causal, etc.)

2º Porque a apuração se se trata de falha, ou não, passa pela verificação se


foi feita a manutenção (perícias)

3º OBRIGAÇÃO DE REALIZAR: Porque a manutenção é responsabilidade


dos usuários, assim definida na Norma.

4º Porque o ônus da prova da manutenção, é dos próprios usuários.

5º OBRIGAÇÃO DE ESPECIFICAR: Porque cabe ao construtor especificar as


atividades de manutenção, por meio dos manuais.
MANUAIS
(do Proprietário e de Áreas Comuns)
LEI 8.078/90
(CÓDIGO DE DEFESA
DO CONSUMIDOR)

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:

III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e


serviços, com especificação correta de quantidade, características,
composição, qualidade e preço, bem como sobre os riscos que
apresentem
LEI 8.078/90
(CÓDIGO DE DEFESA
DO CONSUMIDOR)

Art. 31.

A oferta e apresentação de produtos ou serviços devem assegurar


informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa
sobre suas características, qualidades, quantidade, composição, preço,
garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como
sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança dos consumidores.
Sobre os manuais
ABNT NBR 15.575

5.4.2 Ao construtor ou incorporador cabe elaborar o


manual de uso, o e manutenção, ou documento similar,
conforme 3.26, atendendo à ABNT NBR 14037. O
manual deve ser entregue ao proprietário da unidade
quando da disponibilização da edificação para uso.
Deve também ser elaborado o manual das áreas
comuns, que deve ser entregue ao condomínio.
NBR SOBRE OS MANUAIS
E
NBR SOBRE A GESTÃO DA MANUTENÇÃO

Manual de uso e operação


(Proprietário) (ABNT NBR 14037)
Manual de áreas comuns

Plano de Manutenção / (ABNT NBR 5674)


Plano de gestão da manutenção
SOBRE A RESPONSABILIDADE DOS
USUÁRIOS PELA MANUTENÇÃO

ABNT NBR 15.575

“ 5.5 Usuário - Ao usuário ou seu preposto cabe realizar a manutenção, de


acordo com o estabelecido na ABNT NBR 5674 e o manual de uso, operação e
manutenção, ou documento similar (ver 3.26).”

Anexo C: “É necessário salientar a importância da realização integral das ações de


manutenção pelo usuário, sem o que se corre o risco de a VUP não ser atingida.”
SOBRE A RESPONSABILIDADE DOS
USUÁRIOS PELA MANUTENÇÃO

Os condomínios estão obrigados a fazer a manutenção? Devem


seguir as Normas Técnicas (entre as quais a 15.575 e a 5674)?

Norma Técnica Norma Técnica ref.


de para-raios cores para tubulações

Norma Técnica ref. segurança Norma Técnica ref. sistema


e higiene de piscinas de iluminação de emergência

Normas Técnicas ref. sistema elétrico Norma Técnica ref. sinalização


(aparelhos, instalações, etc.) de segurança contra incêndio

Norma Técnica de brinquedos Normas Técnicas das concessionárias


de “play ground” de serviços públicos (energia, gás,
água, telefone)

Norma Técnica
de acessibilidade ...
VIDA ÚTIL MANUTENÇÃO

SOBRE O COMPROMETIMENTO DA VIDA


ÚTIL POR FALTA DE MANUTENÇÃO

ABNT NBR 15.575

3.42 – Vida útil (VU) 3.43 | vida útil de projeto (VUP)

14.1 – Generalidades Anexo “C” – C.1 - Conceituação

Tabela C.4 | Critérios para o estabelecimento …


da VUP das partes do edifício
Com o passar do tempo, não há como exigir o
desempenho / qualidade, sem a manutenção
(que deve ser feita pelos usuários)

=
O direito dos usuários (à qualidade) só existe, se
fizerem a sua parte; se não fizerem, deixam de
ter o direito de reclamar

A MANUTENÇÃO É UM FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO DO USUÁRIO


A MANUTENÇÃO | REFLEXO PROCESSUAL

CPC (Código de Processo Civil – Lei 5.869/73)

“Art. 333. O ônus da prova incumbe:

I – ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu


direito;“
SOBRE A PROVA DE REALIZAÇÃO

DA MANUTENÇÃO
A MANUTENÇÃO | A PROVA DA SUA REALIZAÇÃO

ABNT NBR 5674

8 Incumbências ou encargos

8.6 A empresa ou o profissional deve responder pela gestão do


sistema de manutenção da edificação, ficando sob sua incumbência:

b) providenciar e manter atualizados os documentos e registros da


edificação e fornecer documentos que comprovem a realização dos
serviços de manutenção, como contratos, notas fiscais, garantias,
certificados etc.;

c) devem ser mantidos registros legíveis e disponíveis para prover


evidências da efetiva implementação do programa de manutenção,
do planejamento, das inspeções e da efetiva realização das
manutenções. Recomenda-se que cada registro contenha: ...
A MANUTENÇÃO | A PROVA DA SUA REALIZAÇÃO

ABNT NBR 5674

8 Incumbências ou encargos

8.6 ...

“A organização e a coleta de dados devem ser registradas de


forma a indicar os serviços de manutenção preventiva e
corretiva, bem como alterações realizadas.”
A MANUTENÇÃO | A PROVA DA SUA REALIZAÇÃO

ABNT NBR 5674

7.3 Registros

Devem ser mantidos registros legíveis e disponíveis para prover evidências


da efetiva implementação do programa de manutenção, do planejamento,
das inspeções e da efetiva realização das manutenções. Recomenda-se que
cada registro contenha:

a) identificação;
b) funções dos responsáveis pela coleta dos dados que compõem o registro;
c) estabelecimento da forma de arquivamento do registro;
d) estabelecimento do período de tempo pelo Qual o registro deve ficar
armazenado, assegurando sua integridade.

A organização e a coleta de dados devem ser registradas de forma a indicar


os serviços de manutenção preventiva e corretiva, bem como alterações
realizadas.
A MANUTENÇÃO | REFLEXO PROCESSUAL

O art. 6º, VIII, do CDC, diz que o juiz pode (e não deve) inverter o ônus da
prova a favor do consumidor, quando, a seu critério, for verossímil a alegação
ou quando for ele hipossuficiente.

CDC

Art. 6º São direitos básicos do consumidor

VIII – a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão


do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz,
for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as
regras ordinárias de experiência

Se houver informação correta e razoabilidade técnica na indicação de


manutenção, não haverá hipossuficiência.
REFLEXOS JURÍDICOS DECORRENTES

DA

FALTA DE REALIZAÇÃO DA MANUTENÇÃO


O MAU USO E A FALTA DE MANUTENÇÃO

Excludentes da Responsabilidade do Construtor:

Código Civil CDC


– Culpa exclusiva da vítima – Não colocação do produto
– Fato exclusivo de terceiro no mercado
– Cláusula de não indenizar – Inexistência do defeito
– Caso fortuito ou força maior – Culpa exclusiva do consumidor
(caso fortuito e força maior)

Mau uso
Falta de
manutenção
EM QUÊ A NORMA INTERFERE,

NO TOCANTE À GARANTIA

DOS PRODUTOS /SISTEMAS

DA CONSTRUÇÃO CIVIL?
O PRAZO DE GARANTIA da construção (solidez e segurança)

CÓDIGO CIVIL

Art. 618 - Nos contratos de empreitada de edifícios ou


outras construções consideráveis, o empreiteiro de
materiais e execução responderá, durante o prazo
irredutível 5 (cinco) anos, pela solidez e segurança do
trabalho, assim em razão dos materiais, como do solo.
Tabela D.1 – Prazos de garantia HÁ MAIS PRAZOS
DE GARANTIA
ABNT/CB-02 PREVISTOS NA
Tabela D.1 – Prazos de garantia NORMA

PRAZOS DE GARANTIA RECOMENDADOS

Sistemas, Elementos,
1 ano 2 anos 3 anos 5 anos
Componentes e Instalações

Instalações Hidraúlicas ,
Integridade e
colunas de água fria, colunas de água quente, tubos de estanqueidade
queda de esgoto, instalações de gás, colunas de gás

Instalações Hidráulicas e Gás


Coletores / ramais / louças / caixas de descarga / Equipamentos Instalação
bancada / metais sanitários / sifões / ligações flexíveis /
válvulas / registros / ralos / tanques
Impermeabilização Estanqueidade
Empenamento
Esquadrias de madeira Deslocamento
Fixação
Fixação
Esquadrias de Aço
Oxidação
Partes móveis Perfis de alumínio,
(inclusive recolhedores Borrachas, escovas, fixadores e
Esquadrias de alumínio e de PVC de palhetas, motores e articulações, fechos e revestimentos em
conjuntos elétricos de roldanas painel de alumínio
acionamento)
Funcionamento
Fechaduras e ferragens em geral
Acabamento
Tabela D.1 – Prazos de garantia HÁ MAIS PRAZOS
DE GARANTIA
PREVISTOS NA
ABNT/CB-02 NORMA
Tabela D.1 – Prazos de garantia

PRAZOS DE GARANTIA RECOMENDADOS


Sistemas, Elementos,
1 ano 2 anos 3 anos 5 anos
Componentes e Instalações
Má aderência do
Revestimentos de paredes, pisos e tetos internos e Estanqueidade de
revestimento e dos
externos em argamassa / gesso liso / componentes de Fissuras fachadas e pisos em
gesso para drywall componentes do
áreas molhadas
sistema
Revestimentos soltos, Estanqueidade de
Revestimentos de paredes, pisos e tetos em azulejo /
cerâmica / pastilhas fretados, desgaste fachadas e pisos
excessivo molháveis
Revestimentos soltos, Estanqueidade de
Revestimentos de paredes, pisos e teto em pedras
naturais (mármore, granito e outros) gretados, desgaste fachadas e pisos em
excessivo áreas molhadas
Pisos de madeira Empenamento, trincas
na madeira e
Tacos, assoalhos e decks
destacamento
Destacamentos,
Estanqueidade de pisos
Piso cimentado, piso acabado em concreto, contrapiso fissuras, desgaste
em áreas molhadas
excessivo
Revestimentos especiais (fórmica, plásticos, têxteis,
pisos elevados, materiais compostos de alumínio) Aderência

Fissuras por acomodação


Forros de gesso dos elementos
estruturais e de vedação
Entrega da obra
ou “HABITE-SE” 5 anos

1 2 3 4 5 6 7

5 ANOS - PRAZO DE GARANTIA (somente p/ solidez e segurança)


HÁ MAIS PRAZOS
2 ANOS – por destacamentos, DE GARANTIA
fissuras, desgaste excessivo de PREVISTOS NA
pisos cimentados, acabados em NORMA
1 ANO – instalação de concreto, contrapiso, etc.
equipamentos (para-
raios, aquecedores),
fechaduras, fixação de
vidros, sistema de
3 ANOS – pela instalação
telefonia, etc.
das partes hidráulicas e
gás – coletores, ramais,
louças, caixas de
descarga, etc. 5 anos
Entrega da obra
ou “HABITE-SE”

1 2 3 4 5 6 7
3 ANOS – Instalação de
tomadas, interruptores,
fios e cabos elétricos,
caixas e quadros
PRAZO DE RESPONSABILIDADE

VIDA ÚTIL
PRAZO DE GARANTIA x PRAZO DE RESPONSABILIDADE

PRAZO DE
GARANTIA =/ PRAZO DE
RESPONSABILIDADE
PRAZO DE GARANTIA x PRAZO DE RESPONSABILIDADE

Término

PRAZO DE
GARANTIA

PRAZO DE RESPONSABILIDADE
DO CONSTRUTOR (EM ABERTO …)
PRAZO DE RESPONSABILIDADE
DOS
AGENTES DA CONSTRUÇÃO

(projetistas, incorporador, construtor)


PRAZO DE RESPONSABILIDADE

A lei não define o prazo em que perdura a


responsabilidade do fornecedor

A lei define o prazo para propor ação, que, no


caso de vícios ocultos, começa a contar (a
pretensão nasce) quando surge o vício (“actio
nata” - CC, art. 189 – e CDC, art. 26,§ 3º)

Não havendo definição de prazos, a


responsabilidade dos fornecedores perdura por
prazo indefinido
SITUAÇÃO
ANTERIOR

PRAZO DE RESPONSABILIDADE

... no cenário de indefinição de prazos “técnicos” = aplicação dos prazos “jurídicos”


Súmula 194 do STJ – Superior Tribunal de Justiça (antes do CC de 2002)

“Prescreve em 20 (vinte) anos a ação para obter,


do construtor, indenização por defeitos da obra.”

O prazo de 20 anos atendia, tanto para o surgimento do


vício (com pequenas variações nesse entendimento), como
para a prescrição, porque era o maior previsto em lei
MUDANÇA
PRAZO DE RESPONSABILIDADE DE
CENÁRIO

1ª NOVIDADE: CÓDIGO CIVIL DE 2002

- O maior prazo de prescrição foi reduzido para 10 (dez) anos, e


- o prazo de prescrição para a pretensão de reparação civil foi fixado em 3 (três)
anos (CC, Art. 206, § 3º, V);

(10 anos é aceitável para o “surgimento” de um vício grave?

Prazo de
Garantia

5 10 20 25 30 35 40
PRESCRIÇÃO
MUDANÇA
DE
2ª NOVIDADE : CENÁRIO

VIDA ÚTIL: período de tempo em que os requisitos mínimos de desempenho (de


qualidade) devem ser atendidos pela edificação, supondo a correta manutenção

VIDA ÚTIL: vedação vertical interna - 20 VIDA ÚTIL: estrutura - 50

VIDA ÚTIL: vedação vertical externa - 40


VIDA ÚTIL: pisos internos - 13

Prazo de
Garantia

5 10 20 25 30 35 40
PRESCRIÇÃO
PRAZO DE RESPONSABILIDADE

Doutrina jurídica - duas posições principais sobre o prazo


para reclamar dos vícios:

1 Aplicação subsidiária do Código Civil, que estabelece o prazo


de 1 ano para surgir e 1 ano para reclamar (bens duráveis -
art. 445, e §1º)

2 Defesa do critério da vida útil do produto, como dado


relevante para definição do limite temporal da garantia legal;
o legislador não fixou um prazo arbitrário para abranger todo
e qualquer produto, que seria pouco uniforme entre os
incontáveis produtos oferecidos no mercado.
CONTEXTO JURISPRUDENCIAL

(Teoria da vida útil do produto)


TEORIA DA RESPONSABILIDADE PELA
VIDA ÚTIL DO PRODUTO (acolhida pelo STJ)

O fabricante/fornecedor responde pela adequação do produto


durante a VIDA ÚTIL (ressalvadas as hipóteses de mau uso, falta de
manutenção, atos de terceiros, caso fortuito ou força maior).
PRAZO DE RESPONSABILIDADE

Recurso Especial nº 984.106 – SC (2007/0207915-3) - 4ª Turma do


STJ – Rel. Min. Luis Felipe Salomão – Dje: 20/11/2012

“Ademais, independentemente de prazo contatual de


garantia, a venda de um bem tido por durável com vida útil
inferior àquela que legitimamente se esperava, além de
configurar um defeito de adequação (art. 18 do CDC),
evidencia uma quebra da boa-fé objetiva, que deve nortear
as relações contratuais, sejam de consumo, sejam de direito
comum. Constitui, em outras palavras, descumprimento do
dever de informação e a não realização do próprio objeto do
contrato, que era a compra de um bem cujo ciclo vital se
esperava, de forma legítima e razoável, fosse mais longo.”
PRAZO DE RESPONSABILIDADE

Recurso Especial nº 984.106 – SC (2007/0207915-3) - 4ª Turma do


STJ – Rel. Min. Luis Felipe Salomão – Dje: 20/11/2012

“O Código de Defesa do Consumidor, no § 3º do art. 26, no que


concerne à disciplina do vício oculto, adotou o critério da vida útil do
bem, e não o critério da garantia , podendo o fornecedor se
responsabilizar pelo vício em um espaço largo de tempo, mesmo depois
de expirada a garantia contratual.”

“Com efeito, em se tratando de vício oculto não decorrente do desgaste


natural gerado pela fruição ordinária do produto, mas da própria
fabricação, e relativo a projeto, cálculo estrutural, resistência de
materiais, entre outros, o prazo para reclamar pela reparação se inicia
no momento em que ficar evidenciado o defeito, não obstante tenha
isso ocorrido depois de expirado o prazo contratual de garantia,
devendo ter-se sempre em vista o critério da vida útil do bem.”
PRAZO DE RESPONSABILIDADE

Recurso Especial nº 984.106 – SC (2007/0207915-3) - 4ª Turma do


STJ – Rel. Min. Luis Felipe Salomão – Dje: 20/11/2012

“O critério de vida útil é o que melhor atende aos interesses dos


consumidores, que adquirem produtos com uma expectativa legítima
de durabilidade e bom funcionamento por um certo período”.

“E para que o prazo de vida útil de determinado produto durável não


seja objeto de controvérsias, compete ao próprio fabricante defini-lo,
já que dispõe da tecnologia necessária para tanto, e informá-lo ao
consumidor, nos termos dos arts. 6º, III e 31 do CDC.”
PRAZO DE “EXPOSIÇÃO” À RESPONSABILIDADE

A VIDA ÚTIL PODE NÃO SER ATINGIDA

Por falha de projeto

Por falha de execução

Por mau uso ou falta de manutenção

(caso fortuito, força maior ou ação de terceiros)

Durante a vida útil, os agentes da construção


(incorporadores, construtores, projetistas),
ficarão “expostos”, sujeitos a serem chamados em
caso de falhas, para apuração de responsabilidades
VIDA ÚTIL

PERÍODO DE “EXPOSIÇÃO” À RESPONSABILIDADE


“PRESUNÇÃO TÉCNICA”

14.2.1 Critério – Vida útil de projeto

14.2.2 Método de avaliação (5º parágrafo)

“Decorridos 50% dos prazos da VUP descritos na


Tabela 7, desde que não exista histórico de
necessidade de intervenções significativas, considera-
se atendido o requisito de VUP, salvo prova objetiva
em contrário.”
ITENS PARA REFLEXÃO
2ª FASE DA NORMA - ITENS PARA REFLEXÃO
IMPACTOS E AJUSTES NO CAMPO JURÍDICO

1 - SOBRE O PRAZO DE RESPONSABILIDADE DOS AGENTES DA CONSTRUÇÃO:

O TEMPO COMO FATOR A SER CONSIDERADO: MATÉRIA PENAL: (30 anos);


MATÉRIA PROCESSUAL PENAL: Prescrição da Pretensão Punitiva; Prescrição da
Pretensão Executória; MATÉRIA CÍVEL: Prescrição extintiva: sansão imposta ao
descaso (CC, art. 205 = 10 anos); Prescrição aquisitiva: uma perda de quem tem o
direito, e deixa de exercê-lo. MATÉRIA TRABALHISTA: 2 anos para reclamar os
últimos 5 anos (CF, Art. 7º, XXIX);

2 – TRATAMENTO LEGAL DIFERENCIADO E ESPECÍFICO PARA A CONSTRUÇÃO


CIVIL

A lei só distingue os produtos em “DURÁVEIS” e “NÃO DURÁVEIS”; necessidade


de distinguir a construção civil, dentro da classe; a lei já reconhece a diferença
no art. 618, do CC (5 anos); os prazos previstos no CDC, para reclamar são de 30
dias para os “não duráveis”, e 90 dias para os “duráveis” em geral; a vida útil,
não serve para limitar a responsabilidade no caso da construção civil
2ª FASE DA NORMA - ITENS PARA REFLEXÃO
IMPACTOS E AJUSTES NO CAMPO JURÍDICO

3 – SOCIEDADES DE PROPÓSITO ESPECÍFICO (SPES)

Atendem bem ao mercado; segregam riscos das atividades econômicas;


viabilizam financiamentos / securitização / seguros; preservar o bom
mecanismo; mas, são entraves e geram insegurança à responsabilização,
tanto para os seus contratados (empresas e profissionais), como para os
consumidores.

4 – SEGUROS

Qual o tempo de cobertura de um seguro? Qual o custo, para dar cobertura


durante o período de “exposição à responsabilidade”? É viável? Como os
profissionais podem ficar segurados, depois de sua saída das empresas?
Como atender o requisito de vida útil mediante a garantia de terceira parte?
(14.2.2) - criação e codificação de seguros
2ª FASE DA NORMA - ITENS PARA REFLEXÃO
IMPACTOS E AJUSTES NO CAMPO JURÍDICO

DESAFIO (INCUMBÊNCIA) PARA A SOCIEDADE TÉCNICA:

 Estabelecer requisitos e mecanismos (testes, ensaios, bases estatísticas,


cálculos probabilísticos, etc.), para liberar os agentes da construção da
responsabilidade antes do término da vida útil, atendidos determinados
pressupostos.

 Estudar projeto de lei para disciplinar a responsabilidade do construtor.


ABNT NBR 15575
NORMA DE DESEMPENHO
(panorama jurídico)

IPT, CBIC, SindusCon-SP

Carlos Pinto Del Mar


delmar@delmar.adv.br

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