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Nota Técnica #013
Nota Técnica #013
(...) Na lição de Hely Lopes Meirelles, as prerrogativas "são atributos do órgão ou do agente
público, inerentes ao cargo ou à função que desempenha na estrutura do Governo, na
organização administrativa ou na carreira a que pertence. São privilégios funcionais,
normalmente conferidos aos agentes políticos ou mesmo aos altos funcionários, para a correta
execução de suas atribuições legais. As prerrogativas funcionais erigem-se em direito subjetivo
de seu titular, passível de proteção por via judicial, quando negadas ou desrespeitadas por
qualquer outra autoridade (...) - (Regime Jurídico do Ministério Público, Hugo Nigro Mazzilli,
editora Saraiva, p. 272).
Art. 42. Os membros do Ministério Público terão carteira funcional, expedida na forma da Lei
Orgânica, valendo em todo o território nacional como cédula de identidade, e porte de arma,
independentemente, neste caso, de qualquer ato formal de licença ou autorização.
situações bastante específicas que reclamam pronta defesa pessoal. Dentre as ditas exceções
reconhecidas, está o porte de arma por membros do Ministério Público, previsto em
“legislação própria”, resultado do reconhecimento inequívoco dos riscos inerentes à função
exercida pelos integrantes da Instituição e do constante embate na defesa dos interesses
fundamentais da sociedade (o que importa, dentre outras ameaças comuns, o enfrentamento
da criminalidade organizada, o embate contra o poder político e econômico desviados ou o
descontentamento diário de meros interesses privados). A atuação destemida do Promotor de
Justiça pressupõe a existência de instrumentos que lhe garantam proteção pessoal imediata e,
por conseguinte, a arma de fogo é indiscutivelmente fator de segurança para a repulsa em
situações de emergência.
5.7. Já no que diz respeito às razões do atributo da identificação, é relevante
consignar que, conforme previsão legal, as carteiras funcionais são expedidas exclusivamente
pelos chefes dos respectivos Ministério Público da União e dos Estados, porquanto, dado o
caráter especial de seus respectivos conteúdos, retratam informações relevantes para o
exercício das prerrogativas (como, por exemplo, a informação de acesso livre a recinto
público e privado, de prioridade em serviços de transporte ou comunicação, do porte de arma
ou da prisão em flagrante somente em crimes inafiançáveis).
República:
Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou
Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao
Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao
Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta
Constituição.
§ 1º São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que: (...)
II – disponham sobre: (...)
d) organização do Ministério Público e da Defensoria Pública da União, bem como normas
gerais para a organização do Ministério Público e da Defensoria Pública dos Estados, do
Distrito Federal e dos Territórios;
Art. 9º Diante de situação de risco, decorrente do exercício da função, das autoridades judiciais
ou membros do Ministério Público e de seus familiares, o fato será comunicado à polícia
judiciária, que avaliará a necessidade, o alcance e os parâmetros da proteção pessoal.
§ 1º A proteção pessoal será prestada de acordo com a avaliação realizada pela polícia
judiciária e após a comunicação à autoridade judicial ou ao membro do Ministério Público,
conforme o caso:
I – pela própria polícia judiciária;
II – pelos órgãos de segurança institucional;
III – por outras forças policiais;
IV – de forma conjunta pelos citados nos incisos I, II e III.
§ 2º Será prestada proteção pessoal imediata nos casos urgentes, sem prejuízo da adequação da
medida, segundo a avaliação a que se referem o caput e o § 1º deste artigo.
§ 3º A prestação de proteção pessoal será comunicada ao Conselho Nacional de Justiça ou ao
Conselho Nacional do Ministério Público, conforme o caso.
§ 4º Verificado o descumprimento dos procedimentos de segurança definidos pela polícia
judiciária, esta encaminhará relatório ao Conselho Nacional de Justiça – CNJ ou ao Conselho
Nacional do Ministério Público – CNMP.
audiências nas quais, em regra, desempenham suas atividades – e, portanto, pela exposição
diária e contato direto com potenciais agressores, representa o lugar de maior vulnerabilidade
a suas integridades físicas –, contraria, de forma veemente, o foco divisado pela Lei Federal nº
12.694/2012, no sentido do respaldo aos representantes do Estado brasileiro contra as
investidas de organizações criminosas.
6.9. Aliás, o Ato nº 024/2013-P e o Ato nº 045/2014-P geraram situações
atípicas, na medida em que um agente de segurança privado, trabalhando para instituições
financeiras, pode se manter armado no interior do fórum para a garantia do patrimônio dos
bancos (artigo 1º, II), mas é negado a um qualificado agente público (no caso, Promotor de
Justiça) que esteja de posse de sua arma para a defesa da própria vida.
6.10. Os edifícios dos fóruns, registre-se, por constituírem a imagem da Justiça
e o local de entrada e saída permanente de magistrados e membros do Ministério Público, são
rotineiramente alvos de atentados e de resgate de presos – peculiaridade estampada nos
fundamentos para a edição da Resolução nº 104/2010, do CNJ:
“CONSIDERANDO que, faz algum tempo, em razão mesmo dessa mudança de perfil da
criminalidade que é apurada pelo Poder Judiciário, passaram a ser registrados, com frequência
cada vez maior e preocupante, os casos de ameças e atentados aos juízes que exercem as suas
atribuições nas varas criminais, sem embargo da morte de alguns magistrados”.
“Cumpre analisar que a identificação biométrica utilizada neste caso em análise permite o
prévio cadastro e a identificação permanente dos usuários no sistema. Assim, a solução
encontrada permitiria, por exemplo, a dispensa de pessoas detentoras de porte de arma de fogo
de passar por detector de metais e aparelhos de raio-X, se assim entender a administração. É
certo que a função precípua desses equipamentos é justamente identificar pessoas que ocultem
arma de fogo e intentem ingressar irregularmente no ambiente controlado portando tais
armamentos. Assim, pessoas que detenham porte e ingresso autorizado de arma de fogo não
precisam passar por tal controle cada vez que se apresentem na portaria” (fl. 63, do Processo
CNMP nº 0.00.000.000576/2014-81).
que, inclusive, espelha as prerrogativas do porte de arma e do livre acesso para o exercício da
função –, a relevância e a responsabilidade do cargo, considerado como tal pela própria lei,
tornam desmedido qualquer juízo de valor acerca da conduta do membro do Ministério
Público, especialmente por seguranças terceirizados. Nessa toada, nunca é demais observar
que a Constituição da República, ao tratar da organização político-administrativa do Estado,
expressamente impede recusar fé aos documentos públicos – o que, à evidência, abarca
àqueles expedidos documentos pelos Procuradores Gerais, como chefes do MPE ou MPU.
Assim dispõe o art. 19, II, do Texto Constitucional:
Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...)
II – recusar fé aos documentos públicos;
Nenhum órgão da Administração Pública, quer da União, quer dos Estados, do Distrito Federal
ou dos Municípios, poderá recusar fé à cédula de identidade dos membros dos Ministérios
Públicos Estaduais, segundo preceitua o artigo 19, II, da Constituição Federal. Refere-se a
regra a documentos públicos de modo geral. Expedida que é a cédula de identidade do membro
do Ministério Público por órgão da Administração Pública (da qual, em sentido amplo, faz
parte o Ministério Público), tem-se que referida cédula corresponde a documento público,
merecendo fé da parte de outros agentes da Administração (Comentários à Lei Orgânica
Nacional do Ministério Público, Lei nº 8.625/1993, editora Fórum, p. 630).
6.17. Natural até que, em virtude da arquitetura de alguns prédios públicos (que
contam, por exemplo, com único acesso por portas giratórias ou arcos de detecção de metal),
os membros do Ministério Público também passem pelos equipamentos de segurança.
6.18. Nessa linha, a própria Lei Federal nº 12.694/2012, ao tratar do acesso às
dependências do Poder Judiciário, impôs a todos – o que inclui também magistrados e
servidores do Poder Judiciário – o dever de se submeter a aparelho detector de metais,
excepcionando, tão somente, a missão policial, a escolta de presos e os agentes de segurança
próprios. Assim dispõe o art. 3º, III, da dita Lei:
Art. 3º Os tribunais, no âmbito de suas competências, são autorizados a tomar medidas para
reforçar a segurança dos prédios da Justiça, especialmente:
III – instalação de aparelhos detectores de metais, aos quais se devem submeter todos que
queiram ter acesso aos seus prédios, especialmente às varas criminais ou às respectivas salas de
audiência, ainda que exerçam qualquer cargo ou função pública, ressalvados os integrantes de
missão policial, a escolta de presos e os agentes ou inspetores de segurança próprios.