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Versão Preliminar

Título I

Das Disposições Preliminares

Art. 1º - Esta Compilação dispões sobre os direitos do aluno da Rede Pública e


Privada do Estado de Pernambuco.

Parágrafo Único: Aluno, para os efeitos dessa compilação, é todo aquele que, condicional e
definitivamente, está matriculado nas Redes Públicas e Privadas do Estado de Pernambuco.

Art. 2º - O aluno tem direito à educação e à instrução, sendo-lhe asseguradas,


através do Estado todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhe facultar o
desenvolvimento físico, mental, espiritual e social, em condições de liberdade e
solidariedade humana.

Título II

Dos Direitos do Aluno

Capítulo I

Direito ao Respeito e Dignidade como Pessoa

Art. 3º - A aluno, como pessoa humana em processo de desenvolvimento, tem


direito a ser respeitado por seus educadores, sendo proibida qualquer situação
que proporcione:

I – a sonegação do direito a defesa em situação de conflito;

II – a exposição a perigo ou a omissão de socorro;

III – a exposição a situações de exploração de trabalho;

IV – a utilização de medidas disciplinares que ponham em risco a integridade física


e moral;

V – a rotulação depreciativa;

VI – a discriminação por motivo de raça, classe, credo, gênero e outros;

VII – o tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor;

VIII – a violência física e ou simbólica.

Capítulo II
Do Direito a Educação e ao Ensino

Art. 4º - O aluno tem direito ao desenvolvimento das capacidades cognativas,


afetivas, motoras e relacionais para o exercício da cidadania

Art. 5º - O aluno tem direito a ensino de qualidade.

Art. 6º - O aluno tem direito à escola vinculada ao mundo do trabalho e a prática


social.

Art. 7º - O aluno da escola pública, matriculado na Educação Infantil, Ensino


Fundamental, Ensino Médio e Educação Especial, tem direito a uma merenda
diária na escola e material básico para a instrução.

Art. 8º - O aluno habitante da zona rural, onde não haja escola, terá direito a
transporte escolar mantido pelo Poder Público.

Art. 9º - O aluno de qualquer nível de ensino, portador de afecção congênita ou


adquirida, determinante de distúrbios agudos, incompatível com a frequência à
escola, tem direito a acompanhamento pedagógico, através de exercícios
domiciliares, devendo a escola registrar falta justificada, com emenda na
caderneta escolar, explicando o motivo e o período, anexando atestado médico.

Art. 10 - O aluno tem direito a ensino à distância em situações emergenciais ou


para complementação de aprendizagens.

Art. 11 – O aluno tem direito a ensino noturno regular com o mesmo nível de
qualidade do ensino diurno.

Art. 12 – O aluno que não teve acesso ou continuidade de estudos nos Ensinos
Fundamental e Médio, na idade própria, tem direito a oportunidades educacionais
apropriadas, mediante cursos e exames de equivalência legal que o habilitarão ao
prosseguimento de estudos.

Art. 13 – Serão assegurados aos alunos:

·
liberdade de aprender conhecimentos, habilidades e atitudes
necessárias a convivência social, a compreensão do mundo físico
e social e ao desenvolvimento cultural, artístico e desportivo;
· aquisição crítica de aprendizagens, inclusive aquelas ainda não
realizadas em nível pretendido;
· igualdade de oportunidades à educação e usufruto dos bens educacionais existentes na
escola;
· reposição de eventuais lacunas escolares;
· recuperação de aprendizagens, através de novas oportunidades
de ensino, ficando vedado às escolas reduzir o período de
recuperação à realização de provas ou testes;
· avanço nos cursos e nas séries, mediante verificação do
aprendizado;
· aproveitamento de estudos feitos com êxito e de experiência extra
escolar;
· professores habilitados.

Capítulo III

Do Direito ao Acesso, Matrícula e Permanência


Art. 14 – O aluno tem direito a Ensino Fundamental, obrigatório e gratuito,
independente de escolarização anterior, podendo qualquer cidadão, grupo de
cidadãos, associação comunitária, organização sindical, entidade de classe ou
outra legalmente constituída e, ainda, o Ministério Público, acionar o Poder Público
para exigi-lo.

Art. 15 – O aluno tem direito a matricular-se em qualquer escola, de qualquer rede,


e em qualquer nível de ensino, independentemente de idade, estabelecida a idade
mínima de 7 anos para ingresso no ensino fundamental e 14 anos para o ensino
médio.

Art. 16 – São assegurados, com absoluta prioridade, o acesso e a permanência do


aluno na escola, sendo impedido qualquer mecanismo de exclusão.

Parágrafo Único – O aluno não poderá ser suspenso das atividades escolares ou excluído da
escola por qualquer motivo, inclusive por medidas disciplinares.

Art. 17 – O aluno impossibilitado de apresentar documentação que comprove


escolarização terá direito à matrícula, mediante avaliação feita na escola.

Art. 18 – A matrícula do aluno não poderá ficar condicionada a:

I – repetência;

II – faixa etária;

III – pagamento de taxa (no caso de escola pública);

IV – inadimplemento;

V – preconceito.

Capítulo IV

Do Direito à Regularidade do Ensino

Art. 19 – O aluno das escolas integradas ao Sistema de Ensino, terá direito a


validade dos estudos, mediante certificados ou diplomas expedidos pelos
estabelecimentos de ensino.

Art. 20 – A validade dos Certificados e Diplomas do aluno correspondentes a


profissionalização, será assegurada através de registro pelo órgão competente.

Art. 21 – O aluno que tenha comprovado aproveitamento em série ou etapa de


estudo, ou demonstrado proficiência em exames efetuados pela escola tem direito
a classificação em série ou etapa posterior, não podendo, de modo algum, ser
submetido a decesso.

Art. 22 – O aluno de escola não autorizada ou que se caracterize como aluno que
tenha construído aprendizagens em espaço extra-escolar, terá direito de
submeter-se à testagem para definir o seu grau de desenvolvimento e experiência
para inscrição na série ou etapa adequada.

Art. 23 – O aluno transferido de escola que optar por qualquer modalidade de


organização escolar (séries anuais, períodos semestrais, ciclos, alternância
regular de períodos de estudos, grupos não-seriados, com base na idade, na
competência e outros critérios), tem assegurada a validade de seus estudos,
devendo a escola de destino estabelecer a equivalência dos estudos do aluno
realizados na escola de origem, e efetuar a matrícula em nível equivalente, através
de exames de competência, ficando vetado o decesso do aluno.

Art. 24 – O aluno transferido de escola do país ou do exterior, tem garantida a


validade dos estudos, conforme legislação vigente.

Art. 25 – O aluno tem direito à certificação e propriedade de documentos de


escrituração relativos aos estudos realizados em escolas extintas, garantidos pelo
poder público.

Capítulo V

Do Direito à Informação

Art. 26 – É direito do aluno ter:

I – conhecimento do Projeto Pedagógico da Escola e das disposições do


Regimento Interno da Unidade Escolar, no ato da matrícula;

II – conhecimento do seu rendimento escolar e frequência através de


documentação específica, onde conste o registro de notas, conceitos ou pareceres
de desempenho, programa de ensino e conhecimento dos objetivos indicadores ou
padrões de desempenho, bem como a sistemática de avaliação, frequência, carga
horária ministrada e conteúdos vivenciados, ficando a escola obrigada a prestar
essa informação à família, no caso do aluno menor;

III – conhecimento do período de provas e do calendário escolar;

IV – acesso aos programas de ensino e critérios de avaliação;


V – acesso ao acervo bibliográfico da Escola;

VI – acesso ao catálogo das escolas credenciadas.

Parágrafo Único – As disposições dos incisos I, II, III, IV, V e VI do artigo acima citado aplicam-
se aos pais e representantes legais do aluno menor.

Capítulo VII

Do Direito à Participação

Art. 27 – O aluno tem direito à liberdade de reunião e a associação pacíficas,


sendo-lhe facilitada a participação em agremiações e demais organizações
estudantis.

Art. 28 – O aluno tem direito a participar do Conselho Escolar.

Art. 29 – O aluno, pais e representante legal têm direito a participar da definição


das propostas educacionais da escola.

Art. 30 – O aluno tem direito a expressar livremente suas idéias.

Art. 31 – O aluno tem direito a participar da gestão escolar.

Art. 32 – O aluno tem direito a participar de atividades culturais e esportivas extra-


escolares.

Art. 33 – O aluno tem direito a participar dos Processos de Avaliação Externa do


Sistema Nacional de avaliação de Ensino Básico, SAEB; do Exame Nacional de
Ensino Médio, ENEM; e Sistema de Avaliação Escolar ou de Avaliação
Institucional da Escola ou similares, bem como acesso aos seus resultados.

Art. 34 – O aluno tem direito ao conhecimento dos Planos Nacionais, Estaduais e


Municipais de Educação, bem como acesso às diretrizes e normas emanadas dos
órgãos normativos dos Sistemas de Ensino.

Capítulo VIII

Do Direito à Educação Especial

Art. 35 – Considera-se aluno especial, o educando portador de necessidade


especial.
Parágrafo Único – somente será considerado especial, o aluno cuja condição assim tiver sido
caracterizada, com base em observações feitas no meio familiar e escolar e em exame
efetuado por profissionais especializados, utilizando procedimentos e instrumentos que
garantam o rigor científico.

Art. 36 – O aluno portador de necessidade especial tem direito a atendimento educacional


especializado gratuito, na Rede Público Regular de Ensino.

Art. 37 – O aluno portador de necessidade especial cuja integração não seja


possível na Rede Pública Regular de Ensino, tem direito a escola ou serviço
especializado.

Art. 38 – Aos alunos com necessidades especiais serão assegurados:

I – reserva de vaga para a matrícula em Escola Pública;

II – currículos, métodos de ensino, técnicas, recursos educativos e organização


adequados para atender as suas necessidades;

III – terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido em
virtude de suas deficiências para a conclusão do Ensino Fundamental e aceleração
para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados;

IV – professores com especialização adequada, em nível Médio ou Superior, bem


como professores de ensino regular capacitados para a integração desses
educandos nas classes comuns;

V – educação especial para o trabalho intelectual e psicomotor;

VI – acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares;

VII – condições para a prática de educação física e lazer.

Capítulo IX

Do Direito do Aluno Atleta

Art. 39 – Considera-se aluno atleta, para efeito legal, todo aquele que desenvolva
a prática de uma modalidade esportiva e que represente a escola, a comunidade,
clubes ou federações desportivas, ou a comunidade em competições ou eventos
oficiais.
Art. 40 – São direitos do aluno atleta:

· usufruir de ambiente sadio;


· praticar esporte com absoluta segurança;
· competir em igualdade de condições de sucesso;
· gozar de período de repouso;
· competir e ser ou não ser campeão;
· ser treinado por técnico habilitado;
· participar de treinamentos e competições adequadas aos ritmos
individuais.

Art. 41 – O afastamento do aluno atleta para participar de competições ou eventos


oficiais, importará na suspensão das atividades escolares, sendo-lhe assegurado:

I – dispensa das aulas durante o período em que estiver ausente, devendo a


escola registrar falta justificada, com emenda na caderneta escolar, explicando
o motivo e período, anexando convocação;

II – período especial para provas que porventura faltar para participar de


competições, devendo a escola programá-lo e oferecê-lo gratuitamente;

III – reposição de ensino ao aluno que se julgar prejudicado no seu direito de


aprender, devendo a escola programar a reposição de aulas, desde que
solicitadas pelo aluno.

Parágrafo Único – Para efeito das disposições, do inciso III desse artigo, o aluno da Rede
Privada de Ensino, deve remunerar as aulas solicitadas no valor da hora-aula paga ao
professor pela Escola.

Capítulo X

Dos Direitos do Aluno Trabalhador

Art. 42 – O aluno trabalhador tem direito a oportunidades educacionais


apropriadas, considerando-se os interesses e condições de vida e trabalho.

Parágrafo 1º - O aluno trabalhador que se identifique retardatário em decorrência do horário de


trabalho, não terá vedado o ingresso à sala de aula.

Parágrafo 2º - O aluno trabalhador tem direito a matricular-se na Rede Pública em


horário que lhe permita a frequência à escola.
Art. 43 – O aluno trabalhador que solicitar transferência de escola ou turno, e comprovar
mudança de horário por rotatividade de emprego, bem como frequência regular no ano em
curso, tem direito à matrícula, cabendo ao Conselho Escolar avaliar a pertinência do fato e
providenciar aquela em turno próprio. Não sendo possível, o aluno deverá ser encaminhado à
escola próxima ou ocupar vaga a ser criada na de origem.

Capítulo XI

Dos Direitos do Aluno Indígena

Art. 44 – O aluno indígena tem direito ao pleno exercício dos direitos culturais,
sendo-lhe garantida a recuperação de suas memórias históricas, a reafirmação de
suas identidades étnicas e a valorização de suas línguas e ciências.

Art. 45 – O aluno indígena tem direito a ter:

I – acesso às informações, conhecimentos técnicos e científicos da sociedade


nacional e das demais sociedades indígenas e não-índias;

II – educação escolar bilingue e intercultural, com pessoal especializado;

III – currículos e programas escolares específicos, neles incluídos os conteúdos


culturais correspondentes às respectivas comunidades;

IV – proteção às manifestações populares da sua cultura;

V – material didático específico e diferenciado.

Capítulo XIII

Do Direito do Aluno à Avaliação, Participação e

Contestação de Critérios Avaliativos

Art. 46 – O aluno tem direito a avaliação para garantir continuidade de


aprendizagens e favorecer o avanço do seu processo de construção do
conhecimento.

Art. 47 – O aluno da Educação Infantil tem direito a acompanhamento e registro do


seu desenvolvimento, sendo vedada a avaliação como forma de promoção.
Art. 48 – Serão assegurados ao aluno:

I – instrumentos avaliativos com critérios e objetivos definidos;

II – processos de avaliação contínuos e cumulativos, com prevalência dos


aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período
sobre os de eventuais provas finais.

III – novas oportunidades de ensino e testagens;

IV – sistema de progressão parcial nas escolas que adotam essa forma de


progressão;

V – informação sobre o processo de avaliação e o resultado obtido;

VI – registro de seu desempenho através de notas, conceitos ou pareceres.

Art. 49 – Em hipótese alguma será negada nova oportunidade de testagem ao


aluno que se encontre ausente no dia da prova.

Art. 50 – O aluno tem direito a contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às


instâncias escolares superiores.

Art. 51 – O aluno que apresentar descontinuidade, em um ou mais anos, no seu


fluxo regular de escolaridade, terá direito a comprovar competências, mediante
processo de reclassificação realizada pela escola, através de exames de
proficiência.

Título III

Do Atendimento aos Direitos do Aluno

Capítulo I

Disposições Gerais

Art. 52 – A Secretaria de Educação e Esportes de Pernambuco, órgão normativo,


deliberativo, controlador, fiscalizador e coordenador da educação formal no
Estado, caberá a responsabilidade do atendimento ao direito do aluno.
Art. 53 – São linhas de ação do atendimento:

I – serviços especiais aos alunos, vítimas de violação de direito;

II – proteção jurídico-social por entidades de defesa dos direitos do aluno.

Art. 54 – São estratégias da política de atendimento:

I – criação da Comissão Interinstitucional Estadual de Direitos do Aluno – CIEDA;

II – criação da Comissão de Direitos do Aluno – CDA;

III – divulgação dos direitos do aluno nas escolas públicas e privadas;

IV – mobilização da opinião pública para conscientização da preservação dos direitos do aluno.

Art. 55 – O atendimento aos direitos do aluno far-se-á através de ações da


Secretaria de Educação e Esportes de Pernambuco, articulada com instituições de
Natureza Educacional e Jurídica e com os Conselhos de Proteção e Defesa de
Direitos.

Capítulo II

Das Instâncias de Atendimento

Art. 56 – O aluno recorrerá, observando a ordem de prioridade, às seguintes


instâncias:

I – Escola;

II – Diretoria Executiva Regional de Educação – DERE;

III – Diretoria de Normalização do Sistema Educacional – DNE.

Art. 57 – Em casos excepcionais, a Secretaria de Educação e Esportes de


Pernambuco poderá encaminhar o processo aos seguintes órgãos:
I – Conselho de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente;

II – Conselhos Tutelares dos Municípios;

III – Ministério Público;

IV – Conselhos Estaduais de Educação.

Título IV

Das Medidas de Proteção

Art. 58 – As medidas de proteção ao aluno são aplicáveis sempre que os direitos


reconhecidos nesta lei forem ameaçados ou violados, por ação ou omissão da
sociedade ou da comunidade escolar.

Capítulo II

Das Medidas Específicas de Proteção

Art. 59 – As medidas de proteção deste capítulo poderão ser aplicadas isoladas ou


cumulativamente, bem como ser substituídas a qualquer tempo.

Art. 60 – Verificada a existência de violação dos direitos do aluno, a autoridade competente


poderá (...?...), dentre outras, as seguintes medidas:

I – (...?...), apoiar e acompanhar temporariamente cada caso;

II – instaurar processo pedagógico;

III – encaminhar às instâncias competentes

IV – promover a execução de medidas asseguratórias do direito.

Título V

Das Garantias Processuais


Art. 61 – Ao aluno, em processo pedagógico, serão assegurados o contraditório e ampla
defesa, com os meios e recursos a ela inerente.

Art. 62 – São asseguradas ao aluno, entre outras, as seguintes garantias:

I – respeito ao direito de reivindicar;

II – plena informação dos atos processuais;

III – igualdade na relação processual, podendo produzir todas as provas


necessárias a sua defesa;

IV – defesa técnica;

V – direito de ser ouvido pela autoridade competente;

VI – direito de solicitar a presença de seus pais ou responsáveis em qualquer fase


do processo;

VII – direito a ausentar-se das atividades escolares, sempre que convocado a participar dos
atos processuais.

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