Você está na página 1de 7

1

ESTUDO BÍBLICO
TEXTO: 1 Jo 4.1-6
TEMA: DISCERNIMENTO ESPIRITUAL

INTRODUÇÃO

Temos visto até agora que a igreja no final do primeiro século era
uma igreja atacada por falsos mestres ou falsos profetas que estavam
tentando seduzir a igreja a um falso cristianismo que seria uma mistura de
evangelho com gnosticismo grego.

Resultado desta investida = um cristianismo sem santidade, sem


amor, sem comunhão, sem vida.

Para debelar essa ação danosa destes falsos mestres no meio da


igreja, João até aqui trabalhou três provas (moral, social e doutrinária) e
três argumentos irrefutáveis para combater esses hereges e fincar as estacas
do verdadeiro cristianismo.

Ate aqui a palavra de ordem = conhecimento (2.3 – sabemos; 3.16 –


conhecemos; etc). As provas eram para produzir conhecimento –
conhecimento acerca de si e conhecimento acerca dos outros.

Agora, João muda a palavra de ordem para discernimento: 1 Jo


4.1“Amados, não deis crédito a qualquer espírito; antes, provai os
espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído
pelo mundo fora”.

Vejam que há uma ordem expressa para tenhamos discernimento.

Qual a diferença entre conhecimento e discernimento? O


conhecimento nos dá a verdade sobre os fatos; o discernimento é a
capacidade de aplicar essa verdade aos fatos.

Para vivermos o verdadeiro cristianismo não basta ter só


conhecimento, é preciso também discernimento.

O conhecimento nos faz ver a verdade. O discernimento nos faz ver a


mentira. O conhecimento revela o verdadeiro. O discernimento revela o
falso. O conhecimento nos faz dizer sim a verdade. O discernimento nos
faz dizer não a mentira.
2

Mas o que é discernimento? Discernir segundo João é composto de


duas atitudes distintas:
1) Não acreditar imediatamente em tudo. “Amados, não deis crédito
a qualquer espírito”.
O interessante é que até o capítulo 3, a ordem é crer (3.23). agora, no
capítulo 4.1 a ordem é não crer.
Por quê? Porque até o capítulo 3, João fala da fé cristã. No capítulo
4, ele fala da credulidade simplista sem atitude crítica.
Existe diferença entre fé cristã e credulidade. Fé cristã, primeiro
examina e deposita a confia. A credulidade, confia cegamente sem
examinar ou provar.
2) “provar tudo” – Augustus Nicodemus diz que “provar” significa a
semelhança do metalúrgico, testar a pureza do metal por meio do fogo.
Ou seja precisamos testar a pureza da mensagem. Testar o que? não
se ela é boa, ou se ela é agradável, ou se é bonita, ou se é sobrenatural, mas
se procede de Deus ou se procede do diabo.
Se procede de Deus passa pelo crivo da Palavra de Deus. Se procede
do diabo não passa pelo crivo da Palavra de Deus. Seja o que for, a
proposta que seja, a doutrina que seja, o convite que seja.
Provar aqui não é experimentar – provar aqui é “julgar a
legitimidade”.
É a mesma palavra usada em 1 Ts 5:21 “julgai todas as coisas,
retende o que é bom”.
O capítulo quatro é um convite de João ao discernimento espiritual.
João trabalha a necessidade do discernimento espiritual a partir de três
realidades: I. Razão para o discernimento espiritual – v.1; II. A base para o
discernimento espiritual – v. 2-3; e, III. As evidências do discernimento
espiritual – v. 4-6.

I. Razão para o discernimento espiritual – v.1

Por que o discernimento espiritual é necessário para se viver o


verdadeiro cristianismo?

1) o discernimento espiritual se faz necessário por causa da


própria proposta do cristianismo – cristianismo nos chama a
radicalidade; a uma tomada de posição; a uma decisão que implica
numa ruptura com tudo mais.

Se nós observarmos João trabalha o capítulo quatro mostrando que


só há dois lados espirituais e nós somos chamados a uma tomada de
posição radical.
3

Porque ele fala no v. 2 do Espírito Santo que habita nos crentes, e no


v. 3 do espírito habita nos falsos mestres. No v.1 ele fala atitude simplista
de crê em tudo, e no v. 1 ainda na atitude crítica de provar os ensinos; No
v.2 ele fala da fé cristã; no v.3 ele fala da credulidade vazia sem confissão;
ele fala daqueles que procedem do mundo e dos que procedem de Deus.

Há dois lados! Ou nós estamos em um ou em outro. Uma coisa


exclui a outra. É como inspirar e expirar. Ou você inspira ou você expira.
As duas coisas não acontecem juntas.

Você não pode crer na verdade se não rejeitar o erro. Você não pode
amar a retidão, sem que esteja disposto a odiar o pecado. Você não pode
seguir a Jesus sem que antes negue a si mesmo.
E nós precisamos discernir de que lado nós estamos.

2) o discernimento espiritual se faz necessário por causa Satanás


e suas forças estão em ação para destruir a igreja. v.1,3,6

No v.1 – ele fala de “prova a procedência dos espíritos”; no v. 3 ele


fala do espírito do anticristo que induz ao erro. No verso ele fala
claramente do espírito do erro.

Por que precisamos de discernimento irmãos? Porque satanás e suas


forças estão agindo na tentativa de destruir você e destruindo você, destrói
a igreja de Jesus.

E como satanás tenta nos destruir? ELE DESTRÓI NOS LEVANDO


A ACREDITAR NO ERRO. Ele nos destrói nos induzindo a acreditar na
mentira.

O que João está dizendo é que por trás de cada engano, de cada erro
que nós acreditamos está um espírito demoníaco agindo para nos destruir.
E por trás de cada verdade que nós aceitamos está o Espírito de Deus.

Toda vez que você aceita um erro e passa a viver aquele erro, você
está sendo vitima de um plano maligno de um demônio para destruir a sua
vida.

Às vezes é uma coisa boa, bonita, bela – mas é algo que não confere
com a Palavra de Deus, não aceite porque isso é uma armadilha do diabo
para destruir a sua vida.
4

A palavra espírito no texto se refere a ensinos errados, doutrinas


erradas promovidos por demônios para levar as pessoas para longe do Deus
verdadeiro.

Paulo diz em Efésios 6.12: “Efésios 6:12 porque a nossa luta não é
contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra
os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal,
nas regiões celestes”.

Eles agem introjetando mentiras em nosso coração.

Por isso João diz a igreja: “vocês precisam de discernimento” –


“Amados, não deis crédito a qualquer espírito; antes, provai os espíritos”.

APLICAÇÃO
É preciso ter discernimento com respeito aquilo que nos é ensinado,
com o doutrinamento que nós recebemos todos os dias. Com os conselhos
que nós ouvimos, com os sermões que nós ouvimos.

Exemplo = Pr Marcos Feliciano; Silas Malafaia, Caio Fabio, e outrem.

II. A base para o discernimento espiritual – v. 2-3

“Nisto reconheceis o Espírito de Deus: todo espírito que confessa que


Jesus Cristo veio em carne é de Deus; 3 e todo espírito que não confessa a
Jesus não procede de Deus; pelo contrário, este é o espírito do anticristo, a
respeito do qual tendes ouvido que vem e, presentemente, já está no
mundo” – 1 Jo 4.2-3.

Ou seja, a base do discernimento, os critérios para o discernimento cristão é


a confissão a respeito de Jesus Cristo.

Queridos, a pessoa (seja pastor, seja amigo, seja conselheiro, etc.)


pode ser gentil, amorosa, pode falar profecias que se cumpram, pode fazer
milagres, ou expelir demônios (Mt 7.22; Ex 7.11, 22; 8.7), mas se essa
pessoa está te levando a seguir o deus falso, um Jesus que não é o da
Bíblia, então este é um falso profeta – instrumento do diabo para nos
destruir.

Os falsos mestres do gnosticismo negavam a encarnação de Cristo,


separando o Cristo divino do Jesus histórico. Pra eles, o Cristo veio sobre
5

Jesus no batismo e se retirou dele na cruz. Portanto, o Jesus que morreu não
era Deus, era apenas um homem qualquer.

Mas João estabeleceu a regra no v.2-3: “todo espírito que confessa


que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; e todo espírito que não confessa
a Jesus não procede de Deus[...]”.

Esse “veio em carne” aí do verso 2 – está dizendo: “Jesus já era, mas


um dia em veio a terra em forma humana.

Ou seja, quem não confessa a obra de Cristo, quem não confessa a


divindade de Jesus bem afirmada em sua vida, esse não procede de Deus,
mas procede do diabo.

Toda obra do diabo é uma tentativa de tirar de Jesus a posição de


Deus e de salvador em nossas vidas.

Agora a base do discernimento = CONFISSÃO DA DIVINDADE E


DA OBRA DE JESUS

Ao dizer isso, João faz diferença entre reconhecimento e confissão:

Reconhecimento = é saber e concordar com uma verdade.

Por exemplo: os demônios reconheciam que Jesus a divindade de


Jesus durante o seu ministério (Mc 1.24; Mc 3.11; Mc 5.7-8). Contudo,
embora eles reconhecessem, eles não o confessavam.

Confessar = é submeter a sua vida a esta verdade. Confessar a Cristo


como Deus é submeter a nossa vida a Cristo como Deus. Confessar a Jesus
como Senhor é submeter a nossa vida a Ele como Senhor.

Rm 10.9-10: “Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e,


em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás
salvo. Porque com o coração se crê para justiça e com a boca se confessa a
respeito da salvação”.

Aplicação
O discernimento tem que ter como critério de julgamento a confissão
de Jesus como Senhor e Deus de nossas vidas.
6

III. As evidências do discernimento espiritual – v. 4-6

“Filhinhos, vós sois de Deus e tendes vencido os falsos profetas, porque


maior é aquele que está em vós do que aquele que está no mundo. Eles
procedem do mundo; por essa razão, falam da parte do mundo, e o mundo
os ouve. Nós somos de Deus; aquele que conhece a Deus nos ouve; aquele
que não é da parte de Deus não nos ouve. Nisto reconhecemos o espírito
da verdade e o espírito do erro”.

Como eu posso saber se eu tenho discernimento espiritual?

O meu discernimento espiritual vai depender da resposta que eu dou


ao testemunho apostólico e aos falsos ensinamentos que chegam a minha
vida.

Observem que João divide os personagens do texto em dois grupos:

1) grupo = o grupo do “vós” e do “nós” – que é o grupo dos


verdadeiro crentes
2) grupo = o grupo do “eles” – que é o grupo dos falsos mestres e dos
que os seguem.

O primeiro grupo – que é o grupo dos verdadeiros crentes, mostram


discernimento à medida que eles resistem ao falso ensino.

Vencer os falsos mestres = vencer os ataques dos demônios =


resistir os ensinos errados = resistir o engano.

E por que eles conseguem resistir o engano? Por causa da sua


procedência. Eles procedem de Deus. Quem é de Deus ouvem as palavras
de Deus.
v. 6: “Nós somos de Deus; aquele que conhece a Deus nos ouve”.

Aqueles que são de Deus ouvem a palavra de Deus (Jo 8.47). As


ovelhas de Cristo ouvem a sua voz (Jo 10.4,5,8,16,26,27)

Quem não é de Deus, não nasceu de novo ouve os falsos profetas,


ouvem o engano, ouvem a falsa doutrina, ouvem o falso cristianismo.

Quem são esses que ouvem os falsos profetas? João diz que é o
mundo.
7

v.6: “Eles procedem do mundo; por essa razão, falam da parte do


mundo, e o mundo os ouve”.

A religião de satanás é atraente para o mundo. Por quê? Porque a


religião fala de tudo, menos do Senhorio de Cristo.

A religião de satanás entrega folhetos no dia dos finados no


cemitério, a religião de satanás fala de salvação, a religião de satanás batiza
os pecadores, a religião de satanás fala do céu, a religião de satanás, fala de
comunhão.

A religião de satanás pregada pelos falsos mestres só não faz uma


coisa: falar do pecado do homem e do Senhorio de Jesus.

Concluindo:
A necessidade de discernimento é o teste doutrinário em nossas vidas
que nos ajuda a escolhermos o lado certo.

O lado certo é o cristianismo que anda na luz que confessa Jesus


como Deus e Senhor de nossas vidas.

Você também pode gostar