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Espelhados: Intervalos, modos, acordes e algo sobre harmonia negativa.

Procurar organizações diferentes para geração de possibilidades para modos e acordes é um


exercício que todo aspirante a compositor fez em algum momento da vida. Principalmente,
quando você sair uma pouco da tonal sem cair no atonal.

Uma boa pedida é um recurso muito interessante é o “espelhamento”. Sempre incentivo que o
leitor busque referências, a minha sugestão para o assunto é a leitura do livro do Persichetti.

Bom, Esse texto não é uma aula e nem vai substituir um bom livro sobre o assunto. Mas
prefiro pensa-lo como um primeiro passo. Por isso, serei o mais direto possível.

Espelhamento: Ato ou efeito de espelhar, de produzir reflexo como o do espelho. Na escrita


essa forma de escrita é chamada especular.

Observemos a palavra Roma: RomAmoR

Reproduzidos as mesmas letras num sentido contrario tento um eixo (letra A) surge outra
palavra. Claro, teremos que escolher bem a palavra para obtemos um resultado interessante.

Na música (particularmente nos modos) aplicamos essa ideia sobre os intervalos,


principalmente, quando escrevemos contrapontos. Contudo, no contraponto modal/tonal
essas inversões obedecem aos intervalos fixos da escala (claro, as vezes fugimos para dessa
máxima para regar variedade ou uma modulação, mas são casos excepcionais). Por exemplo,
num contraponto modal a duas vozes (voz 1 aguda e voz 2 grave) no modo Dó Jônico,
iniciamos com um movimento clássico partido da nota inicial do modo:

- Sentido contrários (voz 1 ascendente e voz 2 descentemente) em grau conjunto.

Esse movimento irá obedecer aos intervalos do modo, nos quais, para alcançar a nota que está
próxima ao Dó (I grau) por grau conjunto ascendente (II grau) “caminharemos” uma 2º maior.
Já para alcançar a nota que está próxima ao Dó (I grau) por grau conjunto descendente (VII
grau) “caminharemos” uma 2º menor. Isso ocorre, pois observamos de forma restrita os
intervalos que compõem o modo Jônico.

Imagem 00

Libertai-vos das amarras!!!

Organizado por Marcello Ferreira Soares Jr


Marcelloferreirasoares©2018
Ok, “vou chutar o balde”! Nada de seguir modelos de escalas para distribuir os intervalos numa
inversão. Vou seguir os intervalos propriamente ditos se tenho uma 2º maior ascendente a
inversão será uma 2º maior descendente. E vamos ver no que dá!!

Slide 01

Quando aplicamos esse raciocínio aos modos gregos, surge algo curioso!

A inversão espelhada dos intervalos gera outros modos sobre a mesma nota inicial.

Pois por apresentarem assimetrias na distribuição de seus intervalos quando invertidos soam
de forma diferente. Claro, como toda regra tem uma exceção o único modo com o qual não
ocorre esse fenômeno é o Dórico (intervalos simétricos).

O modo Jônico, por exemplo, quando invertido de forma espelhada produz os intervalos do
modo Frígio.

Organizado por Marcello Ferreira Soares Jr


Marcelloferreirasoares©2018
Dentro do contexto tonal, o que era Dó maior se tornou Láb Maior. Numa mera mudança de
direção dos intervalos migramos para outro contexto tonal.

O mesmo ocorre com o Mixolídio que se transforma no Eólio (no exemplo, Dó Mixolídio em Fá
Maior migra para Dó Eólio em Mib).

Já o modo lídio quando escrito de forma especular se torna o Lócrio (no exemplo, Dó Lídio em
Sol Maior migra para Dó Lócrio em Sib).

Organizado por Marcello Ferreira Soares Jr


Marcelloferreirasoares©2018
A escrita especular não produz efeito de transformação sobre o Dórico, isso graças à simetria
doa intervalos desse modo. Mesmo escrito de forma especular o modo Dórico mantém a
mesma ordem de intervalos.

Organizado por Marcello Ferreira Soares Jr


Marcelloferreirasoares©2018

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