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O MAL-ESTAR_ NACIVILIZACAO (1930) onacesannacrnraio & dtc escape 3 impressdo de que em getl ss pessoas sam medidas fubas, de que buscam poder, sucesso € riqueza para si mesmas admiram aqueles que os tém, subestimando os auténticos valores da vida. Fo entan ‘0 correo isco, num jlgamenta assim genético, de ‘squecer a variedade do mando human de su vida siquca,Evstem homens que nto deixam de ser venera- os pelos contemporincos, embora sa yrandeza repo seem qualdates realzagdesinteramente abi aos bjtivose ideais da multidio, Provavelmente se hi de ‘spor que spenas uma mioriareconhace esses prandes homens, enquantoa maior os ignora, Mas cosa pode ‘so ser to simples, devi a incongruéneia entre asidlas ‘os atos das pessoas diversdade dos seus deseo, Um desses homens exeepcionsis se declara mew amigo, em carts que me escreve. it the enviaa pe ‘quena obra em que tat a religito como ilasio,e ele espondeu que estava de acordo com o meu jue sobre & regio, mas lamentava que eu no tivesseaprecia- slo corzetumenre a fonte da teligiosidad. Esta seria um sentimento peculiar, que ele prpro jamais sbandona, «qu ele vin confirmado por muitas pessoas e pode su por existente em milhdes de otras, Um sentimento que ele postaria de denominar sensagio de “teridade”, um szatimento de algo ilimitado, sem barreiras, como que ‘cetnco”. Seria um ito paramente subjetivo, ao um artigo de fs no trax qualquer parantia de sobrevida pessoal, mas seria a fonte da energiareligiosa de que navesannaconagon a diferentes grease sseras de regio se apoderam, conduzem por determinads canis e também dspam, sem divida, Com hase apenas neste sentimento 0 nico alguém poderia considerar-se regio, ainda que rejeitasse tad i toda iso, Tal manifestagio dem amigo que reverenco, eqpe ji aprcioa ele mesa poeticamente x magia da hasio, trotne-me difcudades de alguma moata” Eu proprio consign divisar em mim esse “seatimento oceini- 0, Nio Feil trabalhaeciemifieamente os seatimen- tos. Pode-se tent deserver os sens sina fsiolgeos (Quando iso no aconee —e rece que também 0 sen- timentn aceon se furte a uma carsteriago assim ada esta sen ater-se ao contetda ideativo que pri meio se junta assocatvarente go sentimento, Se com- preend bem o mes amigo, ele quer dizer o mesmo que 0 brin- tum dramatong original ew tanto event dar com este consol «herd que vai se mate: fara deste mundo ao pelems eae” Um sentimento de vinculigoindisokive, de comune com todo 0 munud exterior, Devo der que pica mim is tem a tes. carter de uma percepeo intelectual, ertamente ‘nm um tna aetiva, mas, tl como ely no fal ll, 2 il Dee» pba lo La ide Ro Irina ea de Pink), 0 pecs al ‘ons omg de qe aon texte Rasa Rolled, [Not metre eo 93H 2 Chenin Dicrich Grable, Hani Jo, es dr Wd ede ‘enc fin Wind eo deri paar dando ti strc, Single ets). oaesuanneneng tari em outeos ats de pensamento de envergadurase- mmelhante, Por experiéncia pedpeia no pe me convea ‘er da natureza prima deal sentiment, Mas isso ndo Ime atorizaa questonar sua ocorréncia em outos, Per _gumeamos apenas se ela ¢interpretada de modo coreto se deve ser admitida como font et orig [ante e or em] de toda as necessidadesreligioats Nada tenho a apresenar que possainflir decis- ‘vamente na soluio desse problema. A dia de que © hhomem adguice nogio de seu vineulo com © mundo por um sentimento imediato, desde o inicio orientado paraiso, € Go esranha,sjusta-se tio mal &trama de ‘nossa pscologi, que podemos rntar uma explicagio Psicanaliton, 0 &, genética, para esse sentimento, A seguint linha de pensamenta se oferese. Norslmen- te mada nos & mais seguro do que sentmento de nds rmesmos, de nosso Es. Este Ei nos aparece como auti- nom, unitiio, bem demareado de tudo 0 mas. Que ‘st apartncia € enganosa, que o Bu na verdad se peo longa para dentro, sem frnteirs nits, uma entidade siqueainconscientea que denominamos Id, qual ele serve como uma espcie de fachada — sto aprendemos somente com a pesquisa pricanalitics, que ainda nos deve informar muita coisa sobre a elago entre o Eu € ‘01d Nas ao menos para fora o Eu parece manter lini tes clarose precios, Sé é diferente num estado — por cettoextrardinirio, mas que alo pode sce condenada «como patoligico, No auge do enamoramento, a foatei- ‘entre Eu € objet ameaga desaparecer Contraiand © testemunho dos senides, enamorad firma que Ex va esuanucizAior Ta si um, eesti preparado para agi como se assim foie. Aigo qe pode ser temporariamente aboido por tua Fungo fisiogiea também poder ser ranstornado por process mérbidos. A paologia nos presenta ui grande iimero de estado em que dlimitagio do Fa ste o mundo externo se tora problemitica, oo imi= tessa tragidos incorretamente;casosem que partes do Pripsio corpo, e componentes da pedpra vida psiqui= ce, pereepses, pensamentos, feos, aos sueem como albeis e no pertencentes ao Eu outros, em que se seribui ao mundo externo 0 qve evidertemente suey ‘no Eu edeveria ser reeonhecido por ele. Logo, também ‘o sentiment do En et sujet a ranstorns, ea eon teas do Eu no so permanentes Prosseguindo na telex, vemor que esse sentimen- to do Eu que tem 0 aduko nio pode ter sido mesmo dee o principio. Deve ter passido por uma evolisfo «que compreeasivelmente do pode ser demonstrada, mas que podemos constrir® com cero rau de prob * Taker do vr oon ag arog ma eid funded waa, ogo cme tain ceo fee prc mie den dhs eo de Fon, "Reno trultonen inde nae” 93) ens qld oman ‘hc heodor Fora, alums pins ade, Dat verbs trang cnelia isda en mew Gage alana Swed ingle), en ds pele ee “meri” (nena de Hey Ae, bc Nosema de Joan River 0 vl 4 de Gat Hk fee Ware ele Franc de Od to ramen [Asta cham porate «imerpolges io notan do no ecole, de a8 towhie As oie do ator semper) oaLestanacnuage bila. © bebé lctane ainda no separa seu Ba de tum mundo exterior, como fone das sensagies que The sobrevém, Aprende a fa2-Lo ao poco, em cesposta 2 estimulos diversos. Deve impressioni-to muito que ‘ris das fomtes de excita, em que depois reconhe- ceri Srgs de seu corpo, possam enviarthesensagbes a qualquer momento, enquanto auras — entre elas a nas desejada, o eit materno — fuetan-se tempora lamente a ee, ¢ so traxidas apenas por um gritore- quis aj assim que a0 Eu se eontrape ini ialmente um “objeto”, coma algo qu se acha “fora” «© somente através de uma aco particular €obrigada a aparecer. Um outeo incentvn para que o Eu se dese prenda da massa de sensagies, pra que reconhoga ura fora", um mundo exterior, & dado plas fequestes, variadas,inevtivessensages de dor edesprazer que, em su limitada vigénia,o principio do prazer busca liminare evita. Sunge a tendéacia a isola do tudo ‘que poe se tomar fore de al desprazer, na sso para fora, formando um puro Eu-de-prazer, st qu se ‘opie um desconhecido, ameagador “ira”, As fonte- as desse primitivo Rucde-prazer no podem escapat 8 netfcagio mediante a experigncia, Algumas cosas a que alo se gostaria de remuncia, por dasem prazer ‘Ao $0 FE, 0 objeto, e alguns tormenton que se pre= 5, ox namerosos bos wre dsenalvimenis do a € ‘eatin do fu, dende“Eneidanpnfen des Wk Sinn [Exon deenelsict do sent dele”, "ot de Freer at a conriuigce Pal Fedeem 926 ‘ouredepom Dw esanscranagoe tende exposarrevelam-se como insepariveis do Eu, de procedéncia intern. Cheg-se a0 procedimento que permite, pela orientago intencioal da aividade dos Senidos e ago muscular speopriads,dstinguir entre 0 ‘que € interior — pettencente ao Eu — eo que & ext Fige — oriundo de um mundo exteno —-, com isto se «dio primei pass para a instauragio do principe da realidad, que deve dominara evolugio posterior. Esa distingso serve, naturalmente, 3 inteagio pritiea de defender-se das senses de despeazer percebidas ou a deseo de das que ameagam. O fs deo E terminadas exctagesdesprazerosas vidas dose ite ‘ot, utiliar os mesnnosmétodos de ques vale contra Alespraze vino de fra, toenaese 0 ponto de arta de significativos dsnbiospatoligios, 1 dese modo, eno, que w Bu se desliga do mando extern, Or, iy corretamente: no inicio Bu abate tudo, depois separa de sm mundo extern, Noss atl senviment do Ei porta, apenas vest ateiado seria cbrigado ao servigo de Eros, na medida em que fo vivenve destiuiria outras cosas, animadas e inani- rmadas, em verdes prdprio. Inversmeate imitgao desea agressto voltada para fora teria de aumentar aa todestraiio als sempre exstente, Ao meter tempo, a partir dese excrplo podemos sspeitar que a das = sie de natin raramiente — tale nunca — suger solids uma da ouera, mas se fundem em proporgoes iereneseruito varias, trnando-sireconheciveis pata nosso julamento. No sadismo, hi muito conheci- 4 como instint parcial da sexuaidade, terfamos wna 20 A ops que a sug ate ancien expe ‘de Bro eaten em gl comevadra don nation, € sy que cha stego ee pode vr ae pom de para pesca indepen avaesnanacmunagon Fuso assim, particulaemente forte, entre oimpuso a0 amore 0 instinta de destruigio,e na sua conraparte, ‘© masoquismo, uina igago da destutvidade dirigida para denero com a senualidade, o que fz vsivel mt ‘ela tendncia normalment imperceptve, ‘A suposigo de am instino de morte on de destroi- so encontronresisténcia até mesmo nos circles psi nallticos, Sei que &fequente inelinagio de aeribuir a uma bipoaridade original do prin amor tudo que rele & encontrado de pegs « hot. No comego ex ‘ls apenas tentaivamente esas concep, isco ‘© tempo clas ganharam tl ascendncia sole min, que {i ndo posso pensar de outro modo. Acho que tore ‘mente sio muito mais provetosns que queer entra, pois prodhzem aqua simplficagio sem negligencia ow -iolentagio dos fatos, que buscamos no trabalho cen tien Reconhego que no sadism © no masoguiam sempre vimes as manifests, fortemente mesclidas ‘com o eotisrn, do instinte de deseuigovolade par fora e para dentro, mas jo enten que pudssenne ignorar » onipresenga da agrestvidade e destrtii dade nio erties, dexando de The conceder o devido lgaena interpretago da vida. (Nini de destrvigio voltacs para dentco se subtei geralmente percep, é verdade, quando no étngidacroticamente) Resor 0.2 minha propria atiude defensiva, quando a ideia do insino de desruigio surg pela primeira vex na literatura pscanalitic, e quanto tempo duro até que eu me ienasse recepivo a ela. O fo de outeos have em mostrado e anda mostrarem a mesia rejigio no oALESHaNNCECO se surpecenee, ois as eransas nio gost de ouvir? quand se fala ca tendénca ina do ser human para o “mal”, para aagressi, a destrigo, para a ervldade, portant Deus as crow imagem de sua peipeia pete ‘04 ninguém quer ser lembrado 0 quanto & dil con- ciara irefstvel exsténca do mal —-apesar das ase verages da Christan Science — com sua onipoeéncia « infinta bondade, O Diabo seria © melhor expediente para desculpar Deus, erin a mesma fungo eondimica de descarga que tm osjudeus no mundo do dea arian, Mas mesmo assim pode-se pera Deus satisfies pela 1c do Dabo, tl como pela do mal que cle perso nifca. Tendo em vista esas difculdades, €aconslhivel {que cada im se incline bastante, nas eases devia, ante natorezaprofundamente mora do ser humaso; ajuda ase benquisto eter mia coisa perdoada." * Nowignal “Dowd Kinin Sie niger” Seg Stacey, tate dam apo dope "De allo 1m ‘ectichenen and heimgselen Graf [aad do cand ‘in que rtm" de Goethe cael, ois Fred ap (Shy sree min no). 2 ttn coninente ein do pip a om a eatin de desig no Mefdde e ‘es ee rand pe ‘Sina a te Se “entrant dee Bis nn, ‘Mei cies Ene [MC ogee em ser feigno bce perecer!/.)/f oni, tds que cumaie/ Pend, dear, may! Mea Slee," ] nuuesunaacinuzaghot (© nome “libido” pode mais uma ver ee aplicado is expresses de frga de Eros, pr dferengé-as da ene sia do into de morte.” Devemos admtie que nos & Dem mais dif apeender este limo, que com ee ai- ‘asos, em certa medida, apenas como residvo por tris de Bren, eque cle furta-se a nds, quando na revelado pela fico com Eos. E no sidismo, em que cle mexifica seu favor a meta erética, mas no deixa de satisfazee plenamenteo impo semua, que tings «mais cars ‘compreenso de sua nature ede su rela com Exo, as tambsm al onde surge sem propésito sexual, ainda ‘a mais cog fra desteudora, & impossivel mio reeo- shecer que su satis et gad a um prazer marci en extraoninarament elevado, pos mostra a0 Baa rox. Tiago de ses antigos descjos de onipo ‘emoderado, como que inbido cm sta meta, oinstinto de destuigao deve, diigo para os objeto, proporcionae ia, Domado © prin Dinh ni design que sage o bom ome sea adver, marten di arr om oer en ah Fisr asia Ese porte Dar Laf dem Ws ede ren ‘Exon tenon ine sh ‘m'Tutaen,Fexen, armen, Kalen! ‘havc a nck Fane ean, hive ih Apr fir ed {a ern da un mai do aret/ Beam o gees oe ries, Ns, mio, quem enone ve scams ‘eur? Pex im ao ear rach] nem, Prin Pe, ‘en, ta Jenny Kaka Spal Ss Pau: Nao 2). $2 Nom al concep pode er expen, emo apoina do, ied que em nds anestag nin hs id, mes ‘em do al Ui, nas esannaciszagso 0 Fa satifag dis suas necssdades vitae 0 dom ni sobre a nature. Como a hipétese dee st baseada ‘svenialmente em raze tees, € preciso admit que também no se cha intiramente salvo de objogies teS- rica, Masassim ques coisas se ms presenta, m0 e8- tadoatal de nossa compreensin; a pesquisa e3 rele auras tari cetamente az decsva Portanto, em eudo 0 que segue me atenfo ao ponto de vista de que o pendor i agressio & uma disposigio de instiuo originale aurdnoma do se humano,eretor= no a0 que aime’ antes, que a eivilizagio tem aio seu mais poderosoobstéeulo. No curso desta investigaso, Jimps-se-nos a dei de qu a cultura é um pencesso es. pevial que se deseo na umanidade, ens continu mos sob oinfuno dessa dei, Acrescentemos que & am processo a servigo de Exos, que pretendejuntar ind duos isolados, familias, depois etnias, povos e nagies uma grande unidade, a da humanidade. Por que isso teria de ocorre no sabernoy 6 simplesmente «obra de Tes, Essa mules humanes devem see Higadas ibe inalment ene ss necesidade apenas, as vantages do trabalho em comma nie a8 manteri juntas. Mas @ esse programs ca clase ope o instnto natural de agressio dos seres humans, 2 hostiidade de wm contra todos ede todos contra un, Ese instino de agresso & ‘o derivado e epresenante maior do instinto de mort, {que encontramos ao lado de Eros e que parila com tle o dominio do mundo. Agora aredito, o sentido da evolugio cultural jé to & obscuto part née Ela nos presenta alu ene Eeos e morte, iastinto de vida © ua estannacrncgioyn instinto de desteuigio, tal como se desentla na esp Jnnmana, Essa lua 60 conto eseneal da vida, € por sso a evolugio cultural pode ser designad, brevemen- ‘0, como a lta vital da expécie humana” E & esse com: bite de gigantes que nosias babe querem amortecer coma “eangio de nina filando do eu" vit or que nossos parents, os anes, no exibem una luracutsealsemalhante? Nao sabemos. Prowavelmente alguns entre eles, sabes, formigas, emits, exe ‘prams crate mien, até encontrar as institiges stats, dvisio de fngBes, a limitago imposta aos individvos que hoje adeiramos nels, E cuructersticn de nosso estado presente sentinmos que em nealuma deseassociedades anima, em nenbusn dos pap destinados ao individuo estar contents. Em ou teas eapécies anima pode-e ter chegad 3 um equi libcio momentinco entre as inlagncias do meio ¢ o8 instiatos que melas Ian entre sie dese modo uma para no desenvolvimento. No homem primitivo, pode ser que sm nowo avango da libido tena ocasionada ‘uma renovads oposigio de instineo de desea, 118 25 Provan epeicar tal come ve des congue [tind um deterimad acotecimet sin sae daze Refers au ei de Hinrich Hein, om Doclnd. Ei ‘srs {Akemanb Ur como deerme ope ras questes a seer Feitas aqui psa as quis anda no hi respostas ‘Uma ontrapengunta nos esti mais prxima. De que meio se vale cultura para inibir, omar inofensiva, tales eliminar a agressvidade ue a defronta? Algua desses métodos jf conhacemos, mas no 0 que parece ser mais important. Podemos etlé-o na evel do individ. O que sicede nel, que tora nofensive 0 et gosto em agredir? Algo bastante notivel, que mio te- ‘amos adivinkado e que no entanto se acha primo. A agresivdade éintojetada,iternalizada, mas € pro Priamente mandada de volts pars o garde onde veo, 0 Sea, &drgida contea 0 prio Bu, L& é scolds por uma parte do que se contrapie 30 resto como Super, que, come “conscincia' dapbe-e a exer- cer contra 0 En a mesma severa agressividade que 0 Eu gostaria de suisfazer em outros individuos. A ten- ‘so entre origoroso Super-eu eo Eu a ele aubmetido

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