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Direito Penal p/ CLDF (Agente de Polícia Legislativa) - Com videoaulas - Pós-Edital

Professor: Renan Araujo

00000000000 - DEMO
DIREITO PENAL P/ CLDF (2017) Ð TƒCNICO Ð AGENTE DE POLêCIA
Teoria e quest›es
Aula DEMO Ð Prof. Renan Araujo

AULA DEMO
DO CRIME - CONCEITO. SUJEITOS DO DELITO.
ELEMENTOS (PARTE I): FATO TêPICO; CLASSIFICA‚ÌO
DOS CRIMES (DOLOSO, CULPOSO, CONSUMADO,
TENTADO E IMPOSSêVEL). ILICITUDE.
SUMçRIO
1 DO CRIME ............................................................................................................. 6
1.1 Conceito de crime .......................................................................................... 6
1.2 Sujeitos da infra•‹o penal .............................................................................. 8
1.2.1 Sujeito ativo.................................................................................................. 8
1.2.2 Imunidades Diplom‡ticas .............................................................................. 10
1.2.3 Imunidades Parlamentares ............................................................................ 10
(a) Imunidade material ............................................................................................ 11
(b) Imunidade formal ............................................................................................... 12
1.2.4 Sujeito Passivo ............................................................................................ 13
1.3 Fato t’pico e seus elementos ........................................................................ 14
1.3.1 Conduta ..................................................................................................... 14
1.3.2 Resultado natural’stico.................................................................................. 17
1.3.3 Nexo de Causalidade .................................................................................... 18
1.3.4 Tipicidade ................................................................................................... 23
1.4 Crime doloso e crime culposo ....................................................................... 25
1.4.1 Crime doloso ............................................................................................... 25
1.4.2 Crime culposo ............................................................................................. 27
1.4.3 Crime preterdoloso....................................................................................... 29
1.5 Crime consumado, tentado e imposs’vel ...................................................... 30
1.5.1 Iter criminis ................................................................................................ 30
1.5.1.1 Cogita•‹o (cogitatio) .............................................................................. 30
1.5.1.2 Atos preparat—rios (conatus remotus) ...................................................... 30
1.5.1.3 Atos execut—rios.................................................................................... 31
1.5.1.4 Consuma•‹o ......................................................................................... 32
1.5.1.5 Exaurimento ......................................................................................... 32
1.5.2 Tentativa .................................................................................................... 32
1.5.3 Crime imposs’vel ......................................................................................... 36
1.5.4 Desist•ncia volunt‡ria e arrependimento eficaz ................................................ 37
1.5.5 Arrependimento posterior.............................................................................. 38
1.5.6 Causas de exclus‹o do fato t’pico ................................................................... 41
1.5.6.1 Coa•‹o f’sica irresist’vel ......................................................................... 41
1.5.6.2 Erro de tipo inevit‡vel ............................................................................ 41
1.5.6.3 Sonambulismo e atos reflexos ................................................................. 41
1.5.6.4 Insignific‰ncia e adequa•‹o social da conduta ........................................... 41

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Teoria e quest›es
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1.6 Ilicitude ....................................................................................................... 42
1.6.1 Estado de necessidade .................................................................................. 42
1.6.2 Leg’tima defesa ........................................................................................... 45
1.6.3 Estrito cumprimento do dever legal ................................................................ 48
1.6.4 Exerc’cio regular de direito ............................................................................ 48
1.6.5 Consentimento do ofendido ........................................................................... 49
1.6.6 Excesso pun’vel ........................................................................................... 50
2 DISPOSITIVOS LEGAIS IMPORTANTES ............................................................... 50
3 SòMULAS PERTINENTES ..................................................................................... 52
3.1 Sœmulas do STJ ............................................................................................ 52
4 RESUMO .............................................................................................................. 52
5 EXERCêCIOS DA AULA ......................................................................................... 59
6 EXERCêCIOS COMENTADOS ................................................................................. 68
7 GABARITO .......................................................................................................... 85

Ol‡, meus amigos!

ƒ com imenso prazer que estou aqui, mais uma vez, pelo ESTRATƒGIA
CONCURSOS, tendo a oportunidade de poder contribuir para a aprova•‹o de
voc•s no concurso da CLDF. N—s vamos estudar teoria e comentar exerc’cios
sobre DIREITO PENAL, para o cargo de TƒCNICO LEGISLATIVO Ð AGENTE
DE POLêCIA LEGISLATIVA.
E a’, povo, preparados para a maratona?
O edital acabou de ser publicado, e a Banca ser‡ a FCC. As provas est‹o
agendadas para o dia 17.12.2017.
Bom, est‡ na hora de me apresentar a voc•s, n‹o Ž?
Meu nome Ž Renan Araujo, tenho 30 anos, sou Defensor Pœblico
Federal desde 2010, atuando na Defensoria Pœblica da Uni‹o no Rio de Janeiro,
e mestre em Direito Penal pela Faculdade de Direito da UERJ. Antes,
porŽm, fui servidor da Justi•a Eleitoral (TRE-RJ), onde exerci o cargo de
TŽcnico Judici‡rio, por dois anos. Sou Bacharel em Direito pela UNESA e p—s-
graduado em Direito Pœblico pela Universidade Gama Filho.
Minha trajet—ria de vida est‡ intimamente ligada aos Concursos Pœblicos.
Desde o come•o da Faculdade eu sabia que era isso que eu queria para a minha
vida! E querem saber? Isso faz toda a diferen•a! Algumas pessoas me perguntam
como consegui sucesso nos concursos em t‹o pouco tempo. Simples: Foco +
For•a de vontade + Disciplina. N‹o h‡ f—rmula m‡gica, n‹o h‡ ingrediente
secreto! Basta querer e correr atr‡s do seu sonho! Acreditem em mim, isso
funciona!
ƒ muito gratificante, depois de ter vivido minha jornada de concurseiro,
poder colaborar para a aprova•‹o de outros tantos concurseiros, como um dia eu
fui! E quando eu falo em Òcolaborar para a aprova•‹oÓ, n‹o estou falando apenas

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por falar. O EstratŽgia Concursos possui ’ndices alt’ssimos de aprova•‹o
em todos os concursos!
Neste curso voc•s receber‹o todas as informa•›es necess‡rias para que
possam ter sucesso no concurso da CLDF. Acreditem, voc•s n‹o v‹o se
arrepender! O EstratŽgia Concursos est‡ comprometido com sua
aprova•‹o, com sua vaga, ou seja, com voc•!
Mas Ž poss’vel que, mesmo diante de tudo isso que eu disse, voc• ainda
n‹o esteja plenamente convencido de que o EstratŽgia Concursos Ž a melhor
escolha. Eu entendo voc•, j‡ estive deste lado do computador. Ës vezes Ž dif’cil
escolher o melhor material para sua prepara•‹o. Contudo, alguns colegas de
caminhada podem te ajudar a resolver este impasse:

==0==

Esse print screen acima foi retirado da p‡gina de avalia•‹o do curso. De


um curso elaborado para um concurso bastante concorrido (Delegado da
PC-PE). Vejam que, dos 62 alunos que avaliaram o curso, 61 o aprovaram. Um
percentual de 98,39%.
Ainda n‹o est‡ convencido? Continuo te entendendo. Voc• acha que
pode estar dentro daqueles 1,61%. Em raz‹o disso, disponibilizamos
gratuitamente esta aula DEMONSTRATIVA, a fim de que voc• possa analisar o
material, ver se a abordagem te agrada, etc.
Acha que a aula demonstrativa Ž pouco para testar o material? Pois
bem, o EstratŽgia concursos d‡ a voc• o prazo de 30 DIAS para testar o
material. Isso mesmo, voc• pode baixar as aulas, estudar, analisar detidamente
o material e, se n‹o gostar, devolvemos seu dinheiro.
Sabem porque o EstratŽgia Concursos d‡ ao aluno 30 dias para
pedir o dinheiro de volta? Porque sabemos que isso n‹o vai acontecer! N‹o
temos medo de dar a voc• essa liberdade.
Neste curso estudaremos todo o conteœdo de Direito Penal previsto no
Edital. Estudaremos teoria e vamos trabalhar tambŽm com exerc’cios
comentados.
Abaixo segue o plano de aulas do curso todo:
!
!
AULA CONTEòDO DATA

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Fato t’pico; infra•›es penais: crime e
contraven•‹o; crime doloso; crime
culposo; antijuridicidade; exclus‹o
Aula 00 05/09
de antijuridicidade; imunidades
diplom‡ticas e parlamentares;
prerrogativa de fun•‹o;
Crimes contra a pessoa: Crime
Aula 01 12/09
contra a vida e integridade f’sica.
Crimes contra a fŽ pœblica. Crimes
Aula 02 19/09
contra a organiza•‹o do trabalho.
Crimes praticados por funcion‡rio
Aula 03 pœblico contra a administra•‹o em 26/09
geral
Crimes praticados por particular
Aula 04 03.10
contra a administra•‹o em geral
Crimes contra a administra•‹o
pœblica estrangeira. Crimes contra a
Aula 05 10/10
administra•‹o da Justi•a. Crimes
contra as finan•as pœblicas.
Aula 06 Lei de Drogas (Lei 11.343/06) 17/10
Crimes previstos no ECA. Crimes no
Aula 07 C—digo de Defesa do Consumidor. 31/10
Crimes Eleitorais.

As aulas ser‹o disponibilizadas no site conforme o cronograma


apresentado. Em cada aula eu trarei algumas quest›es que foram cobradas
em concursos pœblicos, para fixarmos o entendimento sobre a matŽria.
Sempre que poss’vel, utilizaremos quest›es da FCC, que Ž a Banca
escolhida para elaborar o certame.
AlŽm da teoria e das quest›es, voc•s ter‹o acesso a duas ferramentas
muito importantes:
¥! RESUMOS Ð Cada aula ter‡ um resumo daquilo que foi estudado,
variando de 03 a 10 p‡ginas (a depender do tema), indo direto ao
ponto daquilo que Ž mais relevante! Ideal para quem est‡ sem
muito tempo.
¥! FîRUM DE DòVIDAS Ð N‹o entendeu alguma coisa? Simples: basta
perguntar ao professor Vinicius Silva, que Ž o respons‡vel pelo
F—rum de Dœvidas, exclusivo para os alunos do curso.

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Outro diferencial importante Ž que nosso curso em PDF ser‡
complementado por videoaulas. Nas videoaulas ser‹o apresentados
alguns pontos considerados mais relevantes da matŽria, seja atravŽs da
apresenta•‹o da teoria seja atravŽs da resolu•‹o de exerc’cios anteriores, como
forma de ajudar na assimila•‹o da matŽria.

No mais, desejo a todos uma boa maratona de estudos!


Prof. Renan Araujo

E-mail: profrenanaraujo@gmail.com

Periscope: @profrenanaraujo

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Observa•‹o importante: este curso Ž protegido por direitos autorais


(copyright), nos termos da Lei 9.610/98, que altera, atualiza e consolida a
legisla•‹o sobre direitos autorais e d‡ outras provid•ncias.

Grupos de rateio e pirataria s‹o clandestinos, violam a lei e prejudicam os


professores que elaboram os cursos. Valorize o trabalho de nossa equipe
adquirindo os cursos honestamente atravŽs do site EstratŽgia Concursos. ;-)

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1! DO CRIME
1.1!Conceito de crime
O Crime Ž um fen™meno social, disso nenhum de voc•s duvida. Entretanto,
como conceituar o crime juridicamente?
Muito se buscou na Doutrina acerca disso, tendo surgido inœmeras posi•›es
a respeito. Vamos tratar das principais.
O Crime pode ser entendido sob tr•s aspectos: Material, legal e anal’tico.
Sob o aspecto material, crime Ž toda a•‹o humana que lesa ou exp›e
a perigo um bem jur’dico de terceiro, que, por sua relev‰ncia, merece a
prote•‹o penal. Esse aspecto valoriza o crime enquanto conteœdo, ou seja,
busca identificar se a conduta Ž ou n‹o apta a produzir uma les‹o a um bem
jur’dico penalmente tutelado.
Assim, se uma lei cria um tipo penal dizendo que Ž proibido chorar em
pœblico, essa lei n‹o estar‡ criando uma hip—tese de crime em seu sentido
material, pois essa conduta NUNCA SERç crime em sentido material, pois n‹o
produz qualquer les‹o ou exposi•‹o de les‹o a bem jur’dico de quem quer que
seja. Assim, ainda que a lei diga que Ž crime, materialmente n‹o o ser‡.
Sob o aspecto legal, ou formal, crime Ž toda infra•‹o penal a que a lei
comina pena de reclus‹o ou deten•‹o, nos termos do art. 1¡ da Lei de
Introdu•‹o ao CP.1
Percebam que o conceito aqui Ž meramente legal. Se a lei cominar a uma
conduta a pena de deten•‹o ou reclus‹o, cumulada ou alternativamente com a
pena de multa, estaremos diante de um crime.
Por outro lado, se a lei cominar a apenas pris‹o simples ou multa, alternativa
ou cumulativamente, estaremos diante de uma contraven•‹o penal.
Esse aspecto consagra o SISTEMA DICOTïMICO adotado no Brasil, no
qual existe um g•nero, que Ž a infra•‹o penal, e duas espŽcies, que s‹o o crime
e a contraven•‹o penal. Assim:

1
Art 1¼ Considera-se crime a infra•‹o penal que a lei comina pena de reclus‹o ou de deten•‹o, quer
isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contraven•‹o, a infra•‹o penal a
que a lei comina, isoladamente, pena de pris‹o simples ou de multa, ou ambas. alternativa ou
cumulativamente.

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CRIMES
INFRAÇÕES
PENAIS
CONTRAVENÇÕES
PENAIS

Vejam que quando se diz Òinfra•‹o penalÓ, est‡ se usando um termo


genŽrico, que pode tanto se referir a um ÒcrimeÓ ou a uma Òcontraven•‹o penalÓ.
O termo ÒdelitoÓ, no Brasil, Ž sin™nimo de crime.
O crime pode ser conceituado, ainda, sob um aspecto anal’tico, que
o divide em partes, de forma a estruturar seu conceito.
Primeiramente surgiu a teoria quadripartida do crime, que entendia que
crime era todo fato t’pico, il’cito, culp‡vel e pun’vel. Hoje Ž praticamente
inexistente.
Depois, surgiram os defensores da teoria tripartida do crime, que
entendiam que crime era o fato t’pico, il’cito e culp‡vel. Essa Ž a teoria que
predomina no Brasil, embora haja muitos defensores da terceira teoria.
A terceira e œltima teoria acerca do conceito anal’tico de crime entende que
este Ž o fato t’pico e il’cito, sendo a culpabilidade mero pressuposto de
aplica•‹o da pena. Ou seja, para esta corrente, o conceito de crime Ž
bipartido, bastando para sua caracteriza•‹o que o fato seja t’pico e il’cito.
As duas œltimas correntes possuem defensores e argumentos de peso.
Entretanto, a que predomina ainda Ž a corrente tripartida. Portanto, na
prova objetiva, recomendo que adotem esta, a menos que a banca seja muito
expl’cita e voc•s entenderem que eles claramente s‹o adeptos da teoria bipartida,
o que acho pouco prov‡vel.
Todos os tr•s aspectos (material, legal e anal’tico) est‹o presentes
no nosso sistema jur’dico-penal. De fato, uma conduta pode ser
materialmente crime (furtar, por exemplo), mas n‹o o ser‡ se n‹o houver
previs‹o legal (n‹o ser‡ legalmente crime). Poder‡, ainda, ser formalmente crime
(no caso da lei que citei, que criminalizava a conduta de chorar em pœblico), mas
n‹o o ser‡ materialmente se n‹o trouxer les‹o ou amea•a a les‹o de algum bem
jur’dico de terceiro.
Desta forma:

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MATERIAL

CONCEITO DE TEORIA
FORMAL
CRIME BIPARTIDA

TEORIA ADOTADA PELO


ANALÍTICO
TRIPARTIDA CP

TEORIA
QUADRIPARTIDA

Esse œltimo conceito de crime (sob o aspecto anal’tico), Ž o que vai


nos fornecer os subs’dios para que possamos estudar os elementos do
crime (Fato t’pico, ilicitude e culpabilidade).
O fato t’pico Ž o primeiro dos elementos do crime, sendo a tipicidade um de
seus pressupostos. Vamos estud‡-lo, ent‹o!

1.2!Sujeitos da infra•‹o penal


Os sujeitos do crime s‹o aqueles que, de alguma forma, se relacionam com
a conduta criminosa. S‹o basicamente de duas ordens: Sujeito ativo e passivo.

1.2.1!Sujeito ativo
Sujeito ativo Ž a pessoa que pratica a conduta descrita no tipo penal.
Entretanto, atravŽs do concurso de pessoas, ou concurso de agentes, Ž poss’vel
que alguŽm seja sujeito ativo de uma infra•‹o penal sem que realize a
conduta descrita no tipo penal.
EXEMPLO: Pedro atira contra Paulo, vindo a causar-lhe a morte. Pedro Ž
sujeito ativo do crime de homic’dio, previsto no art. 121 do C—digo Penal, isso
n‹o se discute. Mas tambŽm ser‡ sujeito ativo do crime de homic’dio, Jo‹o, que
lhe emprestou a arma e lhe encorajou a atirar. Embora Jo‹o n‹o tenha realizado
a conduta prevista no tipo penal, pois n‹o praticou a conduta de Òmatar alguŽmÓ,
auxiliou material e moralmente Pedro a faz•-lo.
Somente o ser humano, em regra, pode ser sujeito ativo de uma
infra•‹o penal. Os animais, por exemplo, n‹o podem ser sujeitos ativos da
infra•‹o penal, embora possam ser instrumentos para a pr‡tica de crimes.

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Modernamente, tem se admitido a RESPONSABILIDADE PENAL DA
PESSOA JURêDICA, ou seja, tem se admitido que a pessoa jur’dica seja
considerada SUJEITO ATIVO DE INFRA‚ÍES PENAIS.
Embora boa parte da DOUTRINA discorde desta corrente, por inœmeras
raz›es, temos que estud‡-la.
A Constitui•‹o de 1988 trouxe, em seu art. 225, ¤ 3¡, estabelece que:
¤ 3¼ - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitar‹o os
infratores, pessoas f’sicas ou jur’dicas, a san•›es penais e administrativas,
independentemente da obriga•‹o de reparar os danos causados.

Esse dispositivo Ž considerado o marco mais significativo para a


responsabiliza•‹o penal da pessoa jur’dica, para os que defendem essa tese.
Os opositores justificam sua tese sob o argumento, basicamente, de que a
pessoa jur’dica n‹o possui vontade, assim, a vontade seria sempre do seu
dirigente, devendo este responder pelo crime, n‹o a pessoa jur’dica. Ademais, o
dirigente s— pode agir em conformidade com o estatuto social, o que sair disso Ž
excesso de poder, e como a Pessoa Jur’dica n‹o pode ter em seu estatuto a
pr‡tica de crimes como objeto, todo crime cometido pela pessoa jur’dica seria
um ato praticado com viola•‹o a seu estatuto, devendo o agente responder
pessoalmente, n‹o a Pessoa Jur’dica.
Muitos outros argumentos existem, para ambos os lados. Entretanto, isto
n‹o Ž um livro de doutrina, mas um curso para concurso, ent‹o o que voc•s
precisam saber Ž que o STF e o STJ admitem a responsabilidade penal da
pessoa jur’dica em todos os crimes ambientais (regulamentados pela lei
9.605/98)!
Com rela•‹o aos demais crimes, em tese, atribu’veis ˆ pessoa jur’dica
(crimes contra o sistema financeiro, economia popular, etc.), como n‹o houve
regulamenta•‹o da responsabilidade penal da pessoa jur’dica, esta fica
afastada, conforme entendimento do STF e do STJ.
A Jurisprud•ncia CLçSSICA do STJ e do STF Ž no sentido de ADMITIR a
responsabilidade penal da pessoa jur’dica. Todavia, o STF e o STJ exigiam a
puni•‹o simult‰nea da pessoa f’sica causadora do dano, no que se convencionou
chamar de TEORIA DA DUPLA IMPUTA‚ÌO. Apesar de esta ser a jurisprud•ncia
cl‡ssica, mais recentemente o STF e o STJ DISPENSARAM o requisito da
dupla imputa•‹o. Ou seja, atualmente n‹o mais se exige a chamada
Òdupla imputa•‹oÓ.
Em regra, a Lei Penal Ž aplic‡vel a todas as pessoas indistintamente.
Entretanto, em rela•‹o a algumas pessoas, existem disposi•›es especiais
do C—digo Penal. S‹o as chamadas imunidades diplom‡ticas (diplom‡ticas e de
chefes de governos estrangeiros) e parlamentares (referentes aos membros do
Poder Legislativo).

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1.2.2!Imunidades Diplom‡ticas
Estas imunidades se baseiam no princ’pio da reciprocidade, ou seja, o Brasil
concede imunidade a estas pessoas, enquanto os Pa’ses que representam
conferem imunidades aos nossos representantes.
N‹o h‡ viola•‹o ao princ’pio constitucional da isonomia! Cuidado! Pois a
imunidade n‹o Ž conferida em raz‹o da pessoa imunizada, mas em raz‹o do
cargo que ocupa. Ou seja, ela Ž de car‡ter funcional. Entenderam?
Estas imunidades diplom‡ticas est‹o previstas na Conven•‹o de Viena,
incorporada ao nosso ordenamento jur’dico atravŽs do Decreto 56.435/65, que
prev• imunidade total (em rela•‹o a qualquer crime) aos Diplomatas, que est‹o
sujeitos ˆ Jurisdi•‹o de seu pa’s apenas. Esta imunidade se estende aos
funcion‡rios dos —rg‹os internacionais (quando em servi•o!) e aos seus
familiares, bem como aos Chefes de Governo e Ministros das Rela•›es Exteriores
de outros pa’ses.
Essa imunidade Ž IRRENUNCIçVEL, exatamente por n‹o pertencer ˆ
pessoa, mas ao cargo que ocupa! Essa Ž a posi•‹o do STF! Cuidado com isso!
Com rela•‹o aos c™nsules (diferentes dos Diplomatas) a imunidade s— Ž
conferida aos atos praticados em raz‹o do of’cio, n‹o a qualquer crime.
EXEMPLO: Se Yamazaki, c™nsul do Jap‹o no Rio de Janeiro, no domingo,
curtindo uma praia, agride um vendedor de picolŽs por ter lhe dado o troco errado
(carioca malandro...), responder‡ pelo crime, pois n‹o se trata de ato praticado
no exerc’cio da fun•‹o.
Resumidamente:
¥! IMUNIDADE TOTAL DE JURISDI‚ÌO PENAL Ð Agentes
diplom‡ticos e seus familiares, bem como os membros do pessoal
administrativo e tŽcnico da miss‹o, assim como os membros de suas
fam’lias que com eles vivam, desde que n‹o sejam nacionais do estado
acreditado (no caso, o Brasil) nem nele tenham resid•ncia
permanente.
¥! IMUNIDADE DE JURISDI‚ÌO PENAL em rela•‹o aos ATOS
PRATICADOS NO EXERCêCIO DAS FUN‚ÍES Ð C™nsules2 e
membros do pessoal de servi•o da miss‹o diplom‡tica que n‹o sejam
nacionais do Estado acreditado nem nele tenham resid•ncia
permanente.

1.2.3!Imunidades Parlamentares
Est‹o previstas na Constitui•‹o Federal, motivo pelo qual geralmente s‹o
mais bem estudadas naquela disciplina. Entretanto, como costumam ser
cobradas tambŽm na matŽria de Direito Penal, vamos estud‡-la ponto a ponto.
Trata-se de prerrogativas dos parlamentares, com vistas a se preservar
a Institui•‹o (Poder Legislativo) de inger•ncias externas. S‹o duas as hip—teses

2
Art. 43.1 do Decreto 61.078/67 Ð Promulga•‹o da Conven•‹o de Viena sobre Rela•›es Consulares.

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de imunidades parlamentares: a) material (conhecida como real, ou ainda,
inviolabilidade); b) formal (ou processual ou ainda, adjetiva).

(a)! Imunidade material


Trata-se de prerrogativa prevista no art. 53 da Constitui•‹o:
Art. 53. Os Deputados e Senadores s‹o inviol‡veis, civil e penalmente, por quaisquer de
suas opini›es, palavras e votos.

Assim, o parlamentar n‹o comete crime quando pratica estas condutas em


raz‹o do cargo (exerc’cio da fun•‹o). Entretanto, n‹o Ž necess‡rio que o
parlamentar tenha proferido as palavras dentro do recinto (Congresso,
Assembleia Legislativa, etc.), bastando que tenha rela•‹o com sua
fun•‹o (Pode ser numa entrevista a um jornal local, etc.). ESSA ƒ A POSI‚ÌO
DO STF A RESPEITO DO TEMA.
Quanto ˆ natureza jur’dica dessa imunidade (o que ela representa
perante o Direito), h‡ muita controvŽrsia na Doutrina, mas a posi•‹o que
predomina Ž a de que se trata de fato at’pico, ou seja, a conduta do parlamentar
n‹o chega sequer a ter enquadramento na lei penal (Essa Ž a posi•‹o que vem
sendo adotada pelo Supremo Tribunal Federal Ð STF).
Temos, ainda, a imunidade material dos vereadores, prevista no art. 29,
VIII da Constitui•‹o:
Art. 29. O Munic’pio reger-se-‡ por lei org‰nica, votada em dois turnos, com o interst’cio
m’nimo de dez dias, e aprovada por dois ter•os dos membros da C‰mara Municipal, que a
promulgar‡, atendidos os princ’pios estabelecidos nesta Constitui•‹o, na Constitui•‹o do
respectivo Estado e os seguintes preceitos:
(...)
VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas opini›es, palavras e votos no exerc’cio do
mandato e na circunscri•‹o do Munic’pio; (Renumerado do inciso VI, pela Emenda
Constitucional n¼ 1, de 1992)

Vejam que Ž necess‡rio que o ato (no caso dos vereadores) tenha sido
praticado na circunscri•‹o do munic’pio. Caso contr‡rio, n‹o haver‡ a
incid•ncia da prote•‹o constitucional.

Informativo 775 do STF Ð ÒNos limites da circunscri•‹o


do Munic’pio e havendo pertin•ncia com o exerc’cio do mandato, garante-se a imunidade
prevista no art. 29, VIII, da CF aos vereadores (...) O Colegiado reputou que, embora as
manifesta•›es fossem ofensivas, teriam sido proferidas durante a sess‹o da C‰mara dos
Vereadores Ñ portanto na circunscri•‹o do Munic’pio Ñ e teriam como motiva•‹o quest‹o de
cunho pol’tico, tendo em conta a exist•ncia de representa•‹o contra o prefeito formulada junto
ao MinistŽrio Pœblico Ñ portanto no exerc’cio do mandato.Ó Ð (RE 600063/SP, rel. orig. Min.
Marco AurŽlio, red. p/ o ac—rd‹o Min. Roberto Barroso, 25.2.2015. (RE-600063)

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(b)! Imunidade formal


Esta imunidade n‹o est‡ relacionada ˆ caracteriza•‹o ou n‹o de uma
conduta como crime. Est‡ relacionada a quest›es processuais, como
possibilidade de pris‹o e seguimento de processo penal. Est‡ prevista no
art. 53, ¤¤ 1¡ a 5¡ da Constitui•‹o da Repœblica.
A primeira das hip—teses Ž a imunidade formal para a pris‹o. Assim
disp›e o art. 53, ¤ 2¡ da Constitui•‹o:
¤ 2¼ Desde a expedi•‹o do diploma, os membros do Congresso Nacional n‹o poder‹o ser
presos, salvo em flagrante de crime inafian•‡vel. Nesse caso, os autos ser‹o remetidos
dentro de vinte e quatro horas ˆ Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus
membros, resolva sobre a pris‹o.

O STF entende que essa impossibilidade de pris‹o se refere a


qualquer tipo de pris‹o, inclusive as de car‡ter provis—rio, decretadas pelo
Juiz. A œnica ressalva Ž a pris‹o em flagrante pela pr‡tica de crime
inafian•‡vel.
Entretanto, recentemente, o STF decidiu que os parlamentares podem
ser presos, alŽm desta hip—tese, no caso de senten•a penal condenat—ria
transitada em julgado, ou seja, na qual n‹o cabe mais recurso algum.
Continuando no caso da pris‹o em flagrante, os autos da pris‹o ser‹o
remetidos ˆ casa a qual pertencer o parlamentar, em atŽ 24h, e esta decidir‡,
em vota•‹o aberta, por maioria absoluta de seus membros, se a pris‹o Ž
mantida ou n‹o.
A imunidade se inicia com a diploma•‹o do parlamentar e se encerra com o
fim do mandato.
J‡ a imunidade formal para o processo, est‡ prevista no ¤3¡ do art. 53
da Constitui•‹o:
¤ 3¼ Recebida a denœncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido ap—s a
diploma•‹o, o Supremo Tribunal Federal dar‡ ci•ncia ˆ Casa respectiva, que, por iniciativa
de partido pol’tico nela representado e pelo voto da maioria de seus membros, poder‡, atŽ
a decis‹o final, sustar o andamento da a•‹o.

Assim, se um parlamentar cometer um crime ap—s a diploma•‹o e for


denunciado por isso, o STF, se receber a denœncia, dever‡ dar ci•ncia ˆ Casa a
qual pertence o parlamentar (C‰mara ou Senado), e esta poder‡, por iniciativa
de algum partido pol’tico que l‡ tenha representante, sustar o andamento da a•‹o
atŽ o tŽrmino do mandato.
CUIDADO! S— quem pode tomar a iniciativa de pedir a susta•‹o da a•‹o
penal Ž partido pol’tico que possua algum representante NAQUELA CASA.
EXEMPLO: Se um Senador est‡ sendo processado, sendo o Senado
comunicado pelo STF, somente um partido com representa•‹o no SENADO

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FEDERAL poder‡ tomar a iniciativa de pedir a susta•‹o da a•‹o penal, que ser‡
decidida pela Casa.

A susta•‹o deve ser decidida no prazo de 45 dias a contar do recebimento


do pedido pela Mesa Diretora da Casa. Caso o processo seja suspenso, suspende-
se tambŽm a prescri•‹o, para evitar que o Parlamentar deixe de ser julgado ao
tŽrmino do mandato.
Havendo a susta•‹o da a•‹o penal em rela•‹o ao parlamentar, e tendo o
processo outros rŽus que n‹o sejam parlamentares, o processo deve ser
desmembrado, e os demais rŽus ser‹o processados normalmente.

Cuidado, meu povo! No caso de crime cometido ANTES da diploma•‹o, n‹o


h‡ essa regra. O STF n‹o tem que comunicar a Casa e n‹o h‡ possibilidade de
susta•‹o do andamento do processo!

Cuidado! Essas regras (referentes a ambas as espŽcies de imunidades)


s‹o aplic‡veis aos parlamentares estaduais (Deputados estaduais), por for•a do
art. 27, ¤ 1¡ da Constitui•‹o. Entretanto, aos parlamentares municipais
(vereadores) s— se aplicam as imunidades materiais! Muito, mas muito cuidado
com isso! Ah, e em qualquer caso, n‹o abrangem os suplentes!
Os parlamentares n‹o podem renunciar a estas imunidades, pois, como disse
antes, trata-se de prerrogativa inerente ao cargo, n‹o ˆ pessoa. Entretanto, a
Doutrina e a Jurisprud•ncia entendem que o parlamentar afastado para
exercer cargo de Ministro ou Secret‡rio de Estado NÌO mantŽm as
imunidades, ou seja, ele perde a imunidade parlamentar (A sœmula n¼ 04
do STF fora revogada!). INQ 725-RJ, rel. Ministra Ellen Gracie, 8.5.2002.(INQ-725) Ð
Informativo 267 do STF.
Fiquem atentos! As imunidades parlamentares permanecem ainda que o pa’s
se encontre em estado de s’tio. Entretanto, por decis‹o de 2/3 dos membros da
Casa, estas imunidades poder‹o ser suspensas, durante o estado de s’tio, em
raz‹o de ato praticado pelo parlamentar FORA DO RECINTO. Assim, EM
HIPîTESE NENHUMA (NEM NO ESTADO DE SêTIO), O PARLAMENTAR
PODERç SER RESPONSABILIZADO POR ATO PRATICADO NO RECINTO
(aqueles atos previstos na Constitui•‹o, Ž claro).

1.2.4!Sujeito Passivo
O sujeito passivo nada mais Ž que aquele que sofre a ofensa causada
pelo sujeito ativo. Pode ser de duas espŽcies:
1)! Sujeito passivo mediato ou formal Ð ƒ o Estado, pois a ele pertence
o dever de manter a ordem pœblica e punir aqueles que cometem crimes.

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Todo crime possui o Estado como sujeito passivo mediato, pois todo crime
Ž uma ofensa ao Estado, ˆ ordem estatu’da;
2)! Sujeito passivo imediato ou material Ð ƒ o titular do bem jur’dico
efetivamente lesado. Por exemplo: A pessoa que sofre a les‹o no crime
de les‹o corporal (art. 129 do CP), o dono do carro roubado no crime de
roubo (art. 157 do CP), etc.

CUIDADO! O Estado tambŽm pode ser sujeito passivo imediato ou


material, nos crimes em que for o titular do bem jur’dico especificamente
violado, como nos crimes contra a administra•‹o pœblica, por exemplo.
As pessoas jur’dicas tambŽm podem ser sujeitos passivos de crimes. J‡ os
mortos e os animais n‹o podem ser sujeitos passivos de crimes pois n‹o
s‹o sujeitos de direito. Mas, e o crime de vilip•ndio a cad‡ver e os crimes
contra a fauna? Nesse caso, n‹o s‹o os mortos e os animais os sujeitos passivos
e sim, no primeiro caso, a fam’lia do morto, e no segundo caso, toda a
coletividade, pelo desequil’brio ambiental.
NINGUƒM PODE COMETER CRIME CONTRA SI MESMO! Ou seja,
ninguŽm pode ser, ao mesmo tempo, sujeito ativo e sujeito passivo imediato de
um crime (Parte da Doutrina entende que isso Ž poss’vel no crime de rixa, mas
isso n‹o Ž posi•‹o un‰nime).

1.3! Fato t’pico e seus elementos


O fato t’pico tambŽm se divide em elementos, s‹o eles:
¥! Conduta humana (alguns entendem poss’vel a conduta de
pessoa jur’dica)
¥! Resultado natural’stico
¥! Nexo de causalidade
¥! Tipicidade

1.3.1!Conduta
Tr•s s‹o as principais teorias3 que buscam explicar a conduta: Teoria
causal-natural’stica (ou cl‡ssica), finalista e social.

3
Temos, ainda, outras teorias de menor relev‰ncia para fins de concurso, como a teoria funcionalista
teleol—gica de CLAUS ROXIN, segundo a qual a no•‹o de ÒcondutaÓ deve estar vinculada ˆ fun•‹o do Direito
Penal (que Ž a de prote•‹o de bens jur’dicos). Logo, conduta seria a a•‹o ou omiss‹o, dolosa ou culposa,
que provoque (ou seja destinada a provocar) uma ofensa relevante ao bem jur’dico.
H‡, ainda, o funcionalismo sist•mico (tambŽm chamado de radical), cujo principal expoente Ž JAKOBS.
Para essa teoria a conduta deve ser analisada com base na fun•‹o que o Direito Penal cumpre no sistema
social, mais precisamente, a fun•‹o de reafirmar a ordem violada pelo ato criminoso. Assim, para esta teoria,
a conduta seria a a•‹o ou omiss‹o, dolosa ou culposa, que viola o sistema e frustra a expectativa normativa
(expectativa de que todos cumpram a norma). Importa saber, portanto, se houve viola•‹o ˆ norma, n‹o
importando se h‡ alguma ofensa a bens jur’dicos.

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Para a teoria causal-natural’stica, conduta Ž a a•‹o humana. Assim,
basta que haja movimento corporal para que exista conduta. Esta teoria est‡
praticamente abandonada, pois entende que n‹o h‡ necessidade de se analisar
o conteœdo da vontade do agente nesse momento, guardando esta an‡lise (dolo
ou culpa) para quando do estudo da culpabilidade.4
Para a teoria finalista, de HANS WELZEL, a conduta humana Ž a a•‹o
volunt‡ria dirigida a uma determinada finalidade. Assim:
Conduta = vontade + a•‹o

Logo, retirando-se um dos elementos da conduta, esta n‹o existir‡,


o que acarreta a inexist•ncia de fato t’pico.
EXEMPLO: Jo‹o olha para Roberto e o agride, por livre espont‰nea vontade.
Estamos diante de uma conduta (quis agir e agrediu) dolosa (quis o resultado).
Agora, se Jo‹o dirige seu carro, v• Roberto e sem querer, o atinge, estamos
diante de uma conduta (quis dirigir e acabou ferindo) culposa (n‹o quis o
resultado).

Vejam que a ÒvontadeÓ a que me referi como elemento da conduta Ž uma


vontade de meramente praticar o ato que ensejou o crime, ainda que o resultado
que se pretendesse n‹o fosse il’cito. Quando a vontade (elemento da
conduta) Ž dirigida ao fim criminoso, o crime Ž doloso. Quando a vontade
Ž dirigida a outro fim (que atŽ pode ser criminoso, mas n‹o aquele) o crime Ž
culposo. PorŽm, por enquanto vamos ficar apenas na ÒvontadeÓ (desculpem o
trocadilho) e estudar somente os elementos do fato t’pico.
ESTA ƒ A TEORIA ADOTADA PELO NOSSO CîDIGO PENAL. Vejamos os
termos do art. 20 do CP5:
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas
permite a puni•‹o por crime culposo, se previsto em lei.

Ora, se a lei prev• que o erro sobre um elemento do tipo exclui o


dolo, Ž porque entende que o dolo est‡ no tipo (fato t’pico), n‹o na
culpabilidade. Assim, a conduta Ž, necessariamente, volunt‡ria.
A grande evolu•‹o da teoria finalista, portanto, foi conceber a conduta como
um Òacontecimento finalÓ6, ou seja, somente h‡ conduta quando o agir de alguŽm
Ž dirigido a alguma finalidade (seja ela l’cita ou n‹o).

4
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. cit., p. 287/288
5
DOTTI, RenŽ Ariel. Curso de Direito Penal, Parte Geral. 4. ed. S‹o Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2012,
p. 397
6
DOTTI, RenŽ Ariel. Curso de Direito Penal, Parte Geral. 4. ed. S‹o Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2012,
p. 396

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Para terceira teoria, a teoria social, a conduta Ž a a•‹o humana, volunt‡ria
e que Ž dotada de alguma relev‰ncia social.7
H‡ cr’ticas a esta teoria, pois a relev‰ncia social n‹o seria um elemento
estruturante da conduta, mas uma qualidade que esta poderia ou n‹o possuir.
Assim, a conduta que n‹o fosse socialmente relevante continuaria sendo
conduta.8
A conduta humana pode ser uma a•‹o ou uma omiss‹o. A quest‹o Ž:
Qual Ž o resultado natural’stico que advŽm de uma omiss‹o?
Naturalisticamente nenhum, pois do nada, nada surge. Assim, aquele que se
omite na presta•‹o de socorro a alguŽm, pode estar cometendo o crime de
omiss‹o de socorro, art. 135 do C—digo Penal (que Ž um crime formal, pois a
morte daquele a quem n‹o se prestou socorro Ž irrelevante), n‹o porque causou
a morte de alguŽm (atŽ porque este resultado Ž irrelevante e n‹o fora
diretamente provocado pelo agente), mas porque descumpriu um comando legal.
Entretanto, o art. 13, ¤ 2¡ do CP diz o seguinte:
¤ 2¼ - A omiss‹o Ž penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para
evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:
a) tenha por lei obriga•‹o de cuidado, prote•‹o ou vigil‰ncia;
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorr•ncia do resultado.

Esse artigo estabelece o crime omissivo impr—prio. Nesses crimes,


quando o agente se omite na presta•‹o do socorro ele n‹o responde por omiss‹o
de socorro (art. 135 do CP), mas responde pelo resultado ocorrido (por exemplo,
a morte da pessoa a quem ele deveria proteger).
EXEMPLO: O pai, querendo matar o filho de 06 meses, sai de casa e vai
viajar, permanecendo fora por 03 semanas. Quando retorna, o filho est‡ morto
(por inani•‹o).

Mas como se pode dizer que a conduta do pai matou o filho? Tecnicamente
falando, a conduta do pai n‹o gerou a morte do filho. O que gerou a morte do
filho foi a aus•ncia de alimento e ‡gua. Entretanto, pela teoria natural’stico-
normativa, a ele Ž imputado o resultado, em raz‹o do seu descumprimento
do dever de vigil‰ncia e cuidado.

7
DOTTI, RenŽ Ariel. Op. cit. p. 397
8
ROXIN, Claus. Derecho penal, parte general: Tomo I. Civitas. Madrid, 1997, p. 246/247

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RELAÇÃO DE
CRIMES CAUSALIDADE RESULTADO
COMISSIVOS FÍSICA OU NATURALÍSTICO
NATURAL

CRIMES COMISSIVOS RELAÇÃO DE


POR OMISSÃO RESULTADO
(OMISSIVOS
CAUSALIDADE NATURALÍSTICO
IMPRÓPRIOS) NORMATIVA

Assim, lembrem-se: nos crimes omissivos impr—prios (crimes comissivos


cujo resultado Ž imputado a alguŽm em raz‹o de sua indevida omiss‹o) a rela•‹o
de causalidade que liga a conduta do agente (uma omiss‹o) ao resultado NÌO
ƒ FêSICA (pois a omiss‹o n‹o d‡ causa ao resultado), mas NORMATIVA, ou seja,
o resultado Ž a ele imputado em raz‹o do descumprimento da norma (omitir-se,
quando deveria agir), num racioc’nio de presun•‹o: se o agente tivesse agido,
possivelmente teria evitado o resultado; como n‹o o fez, vai responder por ele.

1.3.2!Resultado natural’stico
O resultado natural’stico Ž a modifica•‹o do mundo real provocada
pela conduta do agente.9
Entretanto, apenas nos crimes chamados materiais se exige um
resultado natural’stico. Nos crimes formais e de mera conduta n‹o h‡ essa
exig•ncia.
Os crimes formais s‹o aqueles nos quais o resultado natural’stico pode
ocorrer, mas a sua ocorr•ncia Ž irrelevante para o Direito Penal. J‡ os
crimes de mera conduta s‹o crimes em que n‹o h‡ um resultado
natural’stico poss’vel. Vou dar um exemplo de cada um dos tr•s:
¥! Crime material Ð Homic’dio. Para que o homic’dio seja consumado, Ž
necess‡rio que a v’tima venha a —bito. Caso isso n‹o ocorra, estaremos
diante de um homic’dio tentado (ou les›es corporais culposas);
¥! Crime formal Ð Extors‹o (art. 158 do CP). Para que o crime de extors‹o
se consume n‹o Ž necess‡rio que o agente obtenha a vantagem il’cita,
bastando o constrangimento ˆ v’tima;
¥! Crime de mera conduta Ð Invas‹o de domic’lio. Nesse caso, a mera
presen•a do agente, indevidamente, no domic’lio da v’tima caracteriza o

9
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. cit., p. 354

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crime. N‹o h‡ um resultado previsto para esse crime. Qualquer outra
conduta praticada a partir da’ configura crime aut™nomo (furto, roubo,
homic’dio, etc.).

AlŽm do resultado natural’stico (que nem sempre estar‡


presente), h‡ tambŽm o resultado jur’dico (ou normativo),
que Ž a les‹o ao bem jur’dico tutelado pela norma penal. Esse
resultado sempre estar‡ presente! Cuidado com isso! Assim,
se a banca perguntar: ÒH‡ crime sem resultado jur’dico?Ó A
resposta Ž NÌO!10

1.3.3!Nexo de Causalidade
Nos termos do art. 13 do CP:
Art. 13 - O resultado, de que depende a exist•ncia do crime, somente Ž imput‡vel
a quem lhe deu causa. Considera-se causa a a•‹o ou omiss‹o sem a qual o resultado
n‹o teria ocorrido.

Assim, o nexo de causalidade pode ser entendido como o v’nculo que une
a conduta do agente ao resultado natural’stico ocorrido no mundo exterior.
Portanto, s— se aplica aos crimes materiais!
Algumas teorias existem acerca do nexo de causalidade:
¥!TEORIA DA EQUIVALæNCIA DOS ANTECEDENTES (OU DA CONDITIO
SINE QUA NON) Ð Para esta teoria, Ž considerada causa do crime toda conduta
sem a qual o resultado n‹o teria ocorrido. Assim, para se saber se uma conduta
Ž ou n‹o causa do crime, devemos retir‡-la do curso dos acontecimentos e ver
se, ainda assim, o crime ocorreria (Processo hipotŽtico de elimina•‹o de
ThyrŽn). EXEMPLO: Marcelo acorda de manh‹, toma cafŽ, compra uma arma e
encontra Jœlio, seu desafeto, disparando tr•s tiros contra ele, causando-lhe a
morte. Retirando-se do curso o cafŽ tomado por Marcelo, conclu’mos que o
resultado teria ocorrido do mesmo jeito. Entretanto, se retirarmos a compra da
arma do curso do processo, o crime n‹o teria ocorrido.
O inconveniente claro desta teoria Ž que ela permite que se coloquem como
causa situa•›es absurdas, como a venda da arma ou atŽ mesmo o nascimento
do agente, j‡ que se os pais n‹o tivessem colocado a crian•a no mundo, o crime
n‹o teria acontecido. Isso Ž um absurdo!
Assim, para solucionar o problema, criou-se outro filtro que Ž o dolo.
Logo, s— ser‡ considerada causa a conduta que Ž indispens‡vel ao
resultado e que foi querida pelo agente. Assim, no exemplo anterior, o

10
Pelo princ’pio da ofensividade, n‹o Ž poss’vel haver crime sem resultado jur’dico. BITENCOURT, Cezar
Roberto. Op. cit., p. 354

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vendedor da arma n‹o seria responsabilizado, pois nada mais fez que vender seu
produto, n‹o tendo a inten•‹o (nem sequer imaginou) de ver a morte de Jœlio.
Nesse sentido:
CAUSA = conduta indispens‡vel ao resultado + que tenha
sido prevista e querida por quem a praticou

Podemos dizer, ent‹o, que a causalidade aqui n‹o Ž meramente f’sica, mas
tambŽm, psicol—gica.
Essa foi a teoria adotada pelo C—digo Penal, como regra.

¥!TEORIA DA CAUSALIDADE ADEQUADA Ð Trata-se de teoria tambŽm


adotada pelo C—digo Penal, porŽm, somente em uma hip—tese muito espec’fica.
Trata-se da hip—tese de concausa superveniente relativamente
independente que, por si s—, produz o resultado11. Como assim? Vamos
explicar desde o come•o!
As concausas s‹o circunst‰ncias que atuam paralelamente ˆ conduta
do agente em rela•‹o ao resultado. As concausas podem ser: absolutamente
independentes e relativamente independentes.
As concausas absolutamente independentes s‹o aquelas que n‹o se
juntam ˆ conduta do agente para produzir o resultado, e podem ser
preexistentes (existiam antes da conduta), concomitantes (surgiram durante a
conduta) e supervenientes (surgiram ap—s a conduta). Exemplos:

EXEMPLO (1) Pedro resolve matar Jo‹o, e coloca veneno em seu drink.
PorŽm, Pedro n‹o sabe que Marcelo tambŽm queria matar Jo‹o e minutos
antes tambŽm havia colocado veneno no drink de Jo‹o, que vem a morrer em
raz‹o do veneno colocado por Marcelo. Nesse caso, a concausa preexistente
(conduta de Marcelo) produziu por si s— o resultado (morte). Nesse caso, Pedro
responder‡ somente por tentativa de homic’dio.
__________________________________________________
EXEMPLO (2) Pedro resolve matar Jo‹o, e come•a a disparar contra ele
projŽteis de arma de fogo. Entretanto, durante a execu•‹o, o teto da casa de
Jo‹o desaba sobre ele, vindo a causar-lhe a morte. Aqui, a causa concomitante
(queda do teto) produziu isoladamente o resultado (morte). Portanto, Pedro
responde somente por homic’dio tentado.
__________________________________________________
EXEMPLO (3) Pedro resolve matar Jo‹o, desta vez, ministrando em sua
bebida certa dose de veneno. Entretanto, antes que o veneno fa•a efeito,
Marcelo aparece e dispara 10 tiros de pistola contra Jo‹o, o mantando. Nesse
caso, Pedro responder‡ somente por homic’dio tentado.

11
CUNHA, RogŽrio Sanches. Manual de Direito Penal. Parte Especial. 7¼ edi•‹o. Ed. Juspodivm. Salvador,
2015, p. 232/233

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__________________________________________________
Em todos estes casos o agente NÌO responde pelo resultado ocorrido.
Por qual motivo? Sua conduta NÌO FOI a causa da morte (aplica-se a
pr—pria e j‡ falada teoria da equival•ncia dos antecedentes). Se suprimirmos
a conduta de cada um destes agentes (nos tr•s exemplos), o resultado morte
ainda assim teria ocorrido da mesma forma. Logo, a conduta dos agentes
NÌO Ž considerada causa.

Entretanto, pode ocorrer de a concausa n‹o produzir por si s— o resultado


(absolutamente independente), afastando o nexo entre a conduta do agente e o
resultado, mas unir-se ˆ conduta do agente e, juntas, produzirem o resultado.
Essas s‹o as chamadas concausas relativamente independentes, que
tambŽm podem ser preexistentes, concomitantes ou supervenientes.
Mais uma vez, vou dar um exemplo de cada uma das tr•s e explicar quais
os efeitos jur’dico-penais em rela•‹o ao agente. Primeiro come•arei pelas
preexistentes e concomitantes. Ap—s, falarei especificamente sobre as
supervenientes.

EXEMPLO (1) Caio decide matar Maria, desferindo contra ela golpes de fac‹o,
causando-lhe a morte. Entretanto, Maria era hemof’lica (condi•‹o conhecida
por Caio), tendo a doen•a contribu’do em grande parte para seu —bito.
Nesse caso, embora a doen•a (concausa preexistente) tenha contribu’do para
o —bito, Caio responde por homic’dio consumado. Por qual motivo? Sua
conduta FOI a causa da morte (aplica-se a pr—pria e j‡ falada teoria da
equival•ncia dos antecedentes). Se suprimirmos a conduta de Caio, o
resultado teria ocorrido? N‹o. Caio teve a inten•‹o de produzir o resultado?
Sim. Logo, responde pelo resultado (homic’dio consumado).
___________________________________________________
EXEMPLO (2) Pedro resolve matar Jo‹o, e coloca em seu drink determinada
dose de veneno. Ao mesmo tempo, Ricardo faz a mesma coisa. Pedro e Ricardo
querem a mesa coisa, mas n‹o se conhecem nem sabem da conduta um do
outro. Jo‹o ingere a bebida e acaba falecendo. A per’cia comprova que
qualquer das doses de veneno, isoladamente, n‹o seria capaz de produzir o
resultado. PorŽm, a soma de esfor•os de ambas (a soma das quantidades de
veneno) produziu o resultado. Assim, Pedro responde por homic’dio
consumado.
Por qual motivo? Sua conduta FOI a causa da morte (aplica-se a pr—pria
e j‡ falada teoria da equival•ncia dos antecedentes). Se suprimirmos a
conduta de Pedro, o resultado teria ocorrido? N‹o. Pedro teve a inten•‹o de
produzir o resultado? Sim. Logo, responde pelo resultado (homic’dio
consumado).

AtŽ aqui n—s conseguimos resolver todos os casos pela teoria da equival•ncia
dos antecedentes, da seguinte forma:

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¥! Nas concausas absolutamente independentes Ð Em todos os
casos a conduta do agente n‹o contribuiu para o resultado. Logo,
pelo ju’zo hip—tese de elimina•‹o, a conduta do agente n‹o foi causa.
Portanto, n‹o responde pelo resultado.
¥! Nas concausas relativamente independentes (Preexistentes e
concomitantes) Ð Em todos os casos a conduta do agente
contribuiu para o resultado. Logo, pelo ju’zo hip—tese de elimina•‹o,
a conduta do agente foi causa. Portanto, responde pelo resultado.

Agora Ž que a coisa complica um pouco.


No caso das concausas supervenientes relativamente independentes,
podem acontecer duas coisas:
§! A causa superveniente produz por si s— o resultado
§! A causa superveniente se agrega ao desdobramento natural da
conduta do agente e ajuda a produzir o resultado.

EXEMPLO (1) - Pedro resolve matar Jo‹o (insistente esse cara!), e dispara 25
tiros contra ele, usando seu Fuzil Autom‡tico Ligeiro-Fal, CALIBRE 7.62 (agora
vai!). Jo‹o fica estirado no ch‹o, Ž socorrido por uma ambul‰ncia e, no caminho
para o Hospital, sofre um acidente de carro (a ambul‰ncia bate de frente com
uma carreta) e vem a morrer em raz‹o do acidente, n‹o dos ferimentos
causados por Pedro.
Nesse caso, Pedro responde apenas por tentativa de homic’dio.
Por qual motivo? Sua conduta n‹o foi a causa da morte. Mas, se
suprimirmos a conduta de Pedro, o resultado teria ocorrido? N‹o. Pedro teve a
inten•‹o de produzir o resultado? Sim.
Ent‹o por que n‹o responde pelo resultado??
Aqui o CP adotou a teoria da causalidade adequada. A causa
superveniente (acidente de tr‰nsito) produziu por si s— o resultado, j‡ que o
acidente de ambul‰ncia n‹o Ž o desdobramento natural de um disparo de arma
de fogo (esse resultado n‹o Ž consequ•ncia natural e previs’vel da conduta do
agente12).
Perceba que a concausa superveniente (acidente de carro), apesar de
produzir sozinha o resultado, n‹o Ž absolutamente independente, pois
se n‹o fosse a conduta de Pedro, o acidente n‹o teria ocorrido (j‡ que a v’tima
n‹o estaria na ambul‰ncia).
Por isso dizemos que, aqui, temos:
§! Concausa superveniente relativamente independente Ð A conduta
de Pedro Ž relevante para o resultado.

12
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal Ð Parte Geral. Ed. Saraiva, 21¼ edi•‹o. S‹o Paulo,
2015, p. 324/325

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§! Que por si s— produziu o resultado Ð Apesar disso, a conduta de Pedro
foi relevante apenas por CRIAR A SITUA‚ÌO, mas n‹o foi a respons‡vel
efetiva pela morte.

EXEMPLO (2) - No mesmo exemplo anterior, Jo‹o Ž socorrido e chegando ao


Hospital, Ž submetido a uma cirurgia. Durante a cirurgia, o ferimento infecciona
e Jo‹o morre por infec•‹o. Nesse caso, a causa superveniente (infec•‹o
hospitalar) n‹o produziu por si s— o resultado, tendo se agregado aos
ferimentos para causar a morte de Jo‹o. Nesse caso, Pedro responde por
homic’dio consumado.

Mas qual a diferen•a entre o exemplo (1) e o exemplo (2)? A diferen•a


b‡sica reside no fato de que:
§! No exemplo (1) Ð A conduta do agente Ž relevante em apenas um
momento: por criar a situa•‹o (necessidade de ser transportado pela
ambul‰ncia).
§! No exemplo (2) - A conduta do agente Ž relevante em dois
momentos: (a) cria a situa•‹o, ao fazer com que a v’tima tenha que
ser operada; (b) contribui para o pr—prio resultado (j‡ que a infec•‹o
do ferimento n‹o Ž um novo nexo causal).

Segue abaixo um esquema para melhor compreens‹o:

AGENTE NÃO
RESPONDE PELO TEORIA DA
ABSOLUTAMENTE
INDEPENDENTES RESULTADO, POIS EQUIVALÊNCIA DOS
SUA CONDUTA ANTECEDENTES
NÃO FOI CAUSA.

CONCAUSAS PREEXISTENTES AGENTE RESPONDE PELO TEORIA DA


OU RESULTADO, POIS SUA EQUIVALÊNCIA DOS
CONCOMITANTES CONDUTA FOI CAUSA. ANTECEDENTES

PRODUZIU SOZINHA
RELATIVAMENTE O RESULTADO - NÃO
INDEPENDENTES TEORIA DA
RESPONDE PELO
CAUSALIDADE
RESULTADO. É
ADEQUADA
CAUSA, MAS NÃO É
CAUSA ADEQUADA.
SUPERVENIENTES
NÃO PRODUZIU
SOZINHA O
RESULTADO - TEORIA DA
EQUIVALÊNCIA DOS
RESPONDE PELO ANTECEDENTES
RESULTADO - FOI
CAUSA

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¥! TEORIA DA IMPUTA‚ÌO OBJETIVA Ð A teoria da imputa•‹o objetiva, que
foi melhor desenvolvida por Roxin13, tem por finalidade ser uma teoria mais
completa em rela•‹o ao nexo de causalidade, em contraposi•‹o ˆs "vigentes"
teoria da equival•ncia das condi•›es e teoria da causalidade adequada.
Para a teoria da imputa•‹o objetiva, a imputa•‹o s— poderia ocorrer quando o
agente tivesse dado causa ao fato (causalidade f’sica) mas, ao mesmo tempo,
houvesse uma rela•‹o de causalidade NORMATIVA, assim compreendida como
a cria•‹o de um risco n‹o permitido para o bem jur’dico que se pretende
tutelar. Para esta teoria, a conduta deve:
a)! Criar ou aumentar um risco Ð Assim, se a conduta do agente n‹o aumentou
nem criou um risco, n‹o h‡ crime14. Exemplo cl‡ssico: JosŽ conversa com
Paulo na cal•ada. Pedro, inimigo de Paulo, atira um vaso de planta do 10¼
andar, com a finalidade de matar Paulo. JosŽ v• que o vaso ir‡ cair sobre a
cabe•a de Paulo e o empurra. Paulo cai no ch‹o e fratura levemente o bra•o.
Neste caso, JosŽ deu causa (causalidade f’sica) ˆs les›es corporais sofridas
por Paulo. Contudo, sua conduta n‹o criou nem aumentou um risco. Ao
contr‡rio, JosŽ diminuiu um risco, ao evitar a morte de Paulo.
b)! Risco deve ser proibido pelo Direito Ð Aquele que cria um risco de les‹o para
alguŽm, em tese n‹o comete crime, a menos que esse risco seja proibido pelo
Direito. Assim, o filho que manda os pais em viagem para a Europa, na
inten•‹o de que o avi‹o caia, os pais morram, e ele receba a heran•a, n‹o
comete crime, pois o risco por ele criado n‹o Ž proibido pelo Direito.
c)! Risco deve ser criado no resultado Ð Assim, um crime n‹o pode ser imputado
ˆquele que n‹o criou o risco para aquela ocorr•ncia. Explico: Imaginem que
JosŽ ateia fogo na casa de Maria. JosŽ causou um risco, n‹o permitido pelo
Direito. Deve responder pelo crime de inc•ndio doloso, art. 250 do CP.
Entretanto, Maria invade a casa em chamas para resgatar a œnica foto que
restou de seu filho falecido, sendo lambida pelo fogo, vindo a falecer. Nesse
caso, JosŽ n‹o responde pelo crime de homic’dio, pois o risco por ele criado
n‹o se insere nesse resultado, que foi provocado pela conduta exclusiva de
Maria.

1.3.4!Tipicidade
A tipicidade pode ser de duas ordens: tipicidade formal e tipicidade
material.
A tipicidade formal nada mais Ž que a adequa•‹o da conduta do agente
a uma previs‹o t’pica (norma penal que prev• o fato e lhe descreve como
crime). Assim, o tipo do art. 121 Ž: Òmatar alguŽmÓ. Portanto, quando Marcio
esfaqueia Luiz e o mata, est‡ cometendo fato t’pico (tipicidade formal), pois est‡
praticando uma conduta que encontra previs‹o como tipo penal.

13
ROXIN, Claus. Derecho penal, parte general: Tomo I. Civitas. Madrid, 1997, p. 362/411
14
ROXIN, Claus. Op. cit., p. 365

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N‹o h‡ muito o que se falar acerca da tipicidade formal. Basta que o
intŽrprete proceda ao cotejo entre a conduta praticada no caso concreto e
a conduta prevista na Lei Penal (subsun•‹o). Se a conduta praticada se
amoldar ˆquela prevista na Lei Penal, o fato ser‡ t’pico, ou seja, haver‡
adequa•‹o t’pica, por estar presente o elemento ÒtipicidadeÓ.

CUIDADO! Nem sempre a conduta praticada pelo agente se


amolda perfeitamente ao tipo penal (adequa•‹o imediata).
Ës vezes Ž necess‡rio que se proceda ˆ an‡lise de outro
dispositivo da Lei Penal para se chegar ˆ conclus‹o de
que um fato Ž t’pico (adequa•‹o mediata). Por exemplo:
Imaginem que Abreu (El Loco) dispara contra Adriano (El
Imperador), que n‹o morre. Nesse caso, como dizer que
Abreu praticou fato t’pico (homic’dio tentado), se o art.
121 diz ÒmatarÓ alguŽm, o que n‹o ocorreu? Nessa
hip—tese, conjuga-se o art. 121 do CP com seu art. 14, II, que
diz ser o crime pun’vel na modalidade tentada. Isso tambŽm
se aplica aos crimes omissivos impr—prios (art. 13, ¤ 2¡ do
CP).

Assim, a adequa•‹o t’pica pode ser:


⇒! Imediata (direta) Ð Conduta do agente Ž exatamente aquela descrita
na norma penal incriminadora. Ex.: JosŽ atira em Maria, querendo sua
morte, e Maria morre. H‡ adequa•‹o t’pica imediata ao tipo penal do
art. 121 do CP.
⇒! Mediata (indireta) Ð A conduta do agente n‹o corresponde
exatamente ao que diz o tipo penal, sendo necess‡ria uma norma de
extens‹o. Ex.: Paulo empresta a arma para que JosŽ mate Maria, o
que efetivamente ocorre. Paulo n‹o praticou a conduta de Òmatar
alguŽmÓ, logo, a adequa•‹o t’pica depende do art. 29 do CP (que
determina que os part’cipes respondam pelo crime). Assim: art. 121
+ art. 29 do CP.

Por fim, temos ainda a tipicidade material, que Ž a ocorr•ncia de uma


ofensa (les‹o ou exposi•‹o a risco) significativa ao bem jur’dico.
Assim, n‹o haver‡ tipicidade material quando a conduta, apesar de
formalmente t’pica (prevista na Lei como crime), n‹o for capaz de afetar
significativamente o bem jur’dico protegido pela norma. Um exemplo disso ocorre
nas hip—teses em que h‡ aplica•‹o do princ’pio da insignific‰ncia.
EXEMPLO: JosŽ subtrai uma folha de papel em branco, pertencente ˆ escola em
que o filho estuda. Neste caso, a conduta Ž formalmente t’pica (est‡ prevista na
Lei como crime de furto). Todavia, n‹o h‡ tipicidade material, j‡ que n‹o Ž uma
conduta capaz de ofender significativamente o bem jur’dico protegido pela norma
(o patrim™nio da escola).

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1.4!Crime doloso e crime culposo


O dolo e a culpa s‹o o que se pode chamar de elementos subjetivos do
tipo penal.
Com o finalismo de HANS WELZEL, o dolo e a culpa (elementos
subjetivos) foram transportados da culpabilidade para o fato t’pico15
(conduta). Assim, a conduta (no finalismo) n‹o Ž mais apenas objetiva, sin™nimo
de a•‹o humana, mas sim a a•‹o humana dirigida a um fim (il’cito ou n‹o).
Vamos estudar cada um destes elementos separadamente.

1.4.1!Crime doloso
O dolo Ž o elemento subjetivo do tipo, consistente na vontade, livre e
consciente, de praticar o crime (dolo direto), ou a assun•‹o do risco produzido
pela conduta (dolo eventual). Nos termos do art. 18 do CP:
Art. 18 - Diz-se o crime: (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Crime doloso(Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;(Inclu’do
pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)

O dolo direto, que Ž o elemento subjetivo cl‡ssico do crime, Ž composto


pela consci•ncia de que a conduta pode lesar um bem jur’dico mais a vontade de
lesar este bem jur’dico. Esses dois elementos (consci•ncia + vontade)
formam o que se chama de dolo natural.
Antigamente, quando o dolo pertencia ˆ culpabilidade, a esses dois
elementos era acrescido mais um elemento, que era a consci•ncia da
ilicitude. Esse era o chamado dolo normativo. Atualmente, com a
transposi•‹o do dolo e da culpa para o fato t’pico, os elementos normativos
ficaram na culpabilidade e a consci•ncia da ilicitude tambŽm, passando, ainda a
ser meramente potencial.
Desta maneira, podemos dizer que no finalismo o dolo Ž natural e
no causalismo o dolo Ž normativo.
O dolo eventual, por sua vez, consiste na consci•ncia de que a
conduta pode gerar um resultado criminoso, mais a assun•‹o desse
risco, mesmo diante da probabilidade de algo dar errado. Trata-se de
hip—tese na qual o agente n‹o tem vontade de produzir o resultado criminoso
(n‹o o que aconteceu, embora possa ser outro), mas, analisando as
circunst‰ncias, sabe que este resultado pode ocorrer e n‹o se importa, age da
mesma maneira.

15
BITENCOURT, Op. cit., p. 290/291

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EXEMPLO: Imagine que Renato, dono de um s’tio, e apreciador da pr‡tica do
tiro esportivo, decida levantar s‡bado pela manh‹ e praticar tiro no seu terreno,
mesmo sabendo que as balas possuem longo alcance e que h‡ casas na
vizinhan•a. Renato atŽ n‹o quer que ninguŽm seja atingido, mas sabe que isso
pode ocorrer e n‹o se importa, pratica a conduta assim mesmo. Nesse caso, se
Renato atingir alguŽm, causando-lhe les›es ou mesmo a morte, estar‡
praticando homic’dio doloso por dolo eventual.

O dolo pode ser, ainda:


¥! Dolo genŽrico Ð Atualmente, com o finalismo, passou a ser chamado
simplesmente de dolo, que Ž, basicamente, a vontade de praticar a
conduta descrita no tipo penal, sem nenhuma outra finalidade;
¥! Dolo espec’fico, ou especial fim de agir Ð Em contraposi•‹o ao
dolo genŽrico, nesse caso o agente n‹o quer somente praticar a
conduta t’pica, mas o faz por alguma raz‹o especial, com
alguma finalidade espec’fica. ƒ o caso do crime de injœria, por
exemplo, no qual o agente deve n‹o s— praticar a conduta, mas deve
faz•-lo com a inten•‹o de ofender a honra subjetiva da v’tima;
¥! Dolo direto de primeiro grau Ð Trata-se do dolo comum, aquele
no qual o agente tem a vontade direcionada para a produ•‹o do
resultado, como no caso do homicida que procura sua v’tima e a mata
com disparos de arma de fogo;
¥! Dolo direto de segundo grau Ð TambŽm chamado de Òdolo de
consequ•ncias necess‡riasÓ, se assemelha ao dolo eventual, mas
com ele n‹o se confunde. Aqui o agente possui uma vontade, mas
sabe que para atingir sua finalidade, existem efeitos colaterais
que ir‹o NECESSARIAMENTE lesar outros bens jur’dicos.
Diferentemente do dolo eventual, aqui a ocorr•ncia da les‹o ao
bem jur’dico n‹o visado Ž certa, e n‹o apenas prov‡vel.
Imagine o caso de alguŽm que, querendo matar certo executivo,
coloca uma bomba no avi‹o em que este se encontra. Ora, nesse
caso, o agente age com dolo de primeiro grau em face da v’tima
pretendida, e dolo de segundo grau face aos demais ocupantes do
avi‹o, pois Ž certo que tambŽm morrer‹o, embora este n‹o seja o
objetivo do agente;
¥! Dolo geral, por erro sucessivo, ou aberratio causae Ð Ocorre
quando o agente, acreditando ter alcan•ado seu objetivo, pratica
nova conduta, com finalidade diversa, mas depois se constata que
esta œltima foi a que efetivamente causou o resultado. Trata-se de
erro na rela•‹o de causalidade, pois embora o agente tenha
conseguido alcan•ar a finalidade proposta, somente o
alcan•ou atravŽs de outro meio, que n‹o tinha direcionado
para isso. Exemplo: Imagine a m‹e que, querendo matar o pr—prio
filho de 05 anos, o estrangula e, com medo de ser descoberta, o joga
num rio. Posteriormente a crian•a Ž encontrada e se descobre que a

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v’tima morreu por afogamento. Nesse caso, embora a m‹e n‹o tenha
querido matar o filho afogado, mas por estrangulamento, isso Ž
irrelevante penalmente, importando apenas o fato de que a m‹e
alcan•ou o fim pretendido (morte do filho), ainda que por outro meio,
devendo, pois, responder por homic’dio consumado;
¥! Dolo alternativo Ð O agente pratica a conduta visando um resultado
ou outro, tanto faz. Ex.: JosŽ atira uma pedra em Maria, querendo
mat‡-la ou lesion‡-la, tanto faz. O dolo alternativo Ž considerado
espŽcie de dolo indireto, assim como o dolo eventual.
¥! Dolo antecedente, atual e subsequente Ð O dolo antecedente Ž o
que se d‡ antes do in’cio da execu•‹o da conduta. O dolo atual Ž o
que est‡ presente enquanto o agente se mantŽm exercendo a
conduta, e o dolo subsequente ocorre quando o agente, embora
tendo iniciado a conduta com uma finalidade l’cita, altera seu ‰nimo,
passando a agir de forma il’cita. Esse œltimo caso Ž o que ocorre no
caso, por exemplo, do crime de apropria•‹o indŽbita (art. 168 do CP),
no qual o agente recebe o bem de boa-fŽ, obrigando-se devolv•-lo,
mas, posteriormente, muda de idŽia e n‹o devolve o bem nas
condi•›es ajustadas, passando a agir de maneira il’cita.

1.4.2!Crime culposo
Se no crime doloso o agente quis o resultado, sendo este seu objetivo, ou
assumiu o risco de sua ocorr•ncia, embora n‹o fosse originalmente pretendido o
resultado, no crime culposo a conduta do agente Ž destinada a um determinado
fim (que pode ser l’cito ou n‹o), tal qual no dolo eventual, mas pela viola•‹o a
um dever de cuidado, o agente acaba por lesar um bem jur’dico de terceiro,
cometendo crime culposo.
A viola•‹o ao dever objetivo de cuidado pode se dar de tr•s maneiras:
¥! Neglig•ncia Ð O agente deixa de tomar todas as cautelas
necess‡rias para que sua conduta n‹o venha a lesar o bem jur’dico
de terceiro. ƒ o famoso relapso. Aqui o agente deixa de fazer algo
que deveria;
¥! Imprud•ncia Ð ƒ o caso do afoito, daquele que pratica atos
temer‡rios, que n‹o se coadunam com a prud•ncia que se deve ter
na vida em sociedade. Aqui o agente faz algo que a prud•ncia
n‹o recomenda;
¥! Imper’cia Ð Decorre do desconhecimento de uma regra tŽcnica
profissional. Assim, se o mŽdico, ap—s fazer todos os exames
necess‡rios, d‡ diagn—stico errado, concedendo alto ao paciente e
este vem a —bito em decorr•ncia da alta concedida, n‹o h‡
neglig•ncia, pois o profissional mŽdico adotou todos os cuidados
necess‡rios, mas em decorr•ncia de sua falta de conhecimento
tŽcnico, n‹o conseguiu verificar qual o problema do paciente, o que
acabou por ocasionar seu falecimento;

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A punibilidade da culpa se fundamenta no desvalor do resultado praticado


pelo agente, embora o desvalor da conduta seja menor, pois n‹o deriva de uma
deliberada a•‹o contr‡ria ao direito.
O CP prev• o crime culposo em seu art. 18, II:
Art. 18 - Diz-se o crime: (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Crime culposo(Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprud•ncia, neglig•ncia ou
imper’cia. (Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)

O crime culposo Ž composto de:


¥! Uma conduta volunt‡ria Ð Dirigida a um fim l’cito, ou quando il’cito,
n‹o Ž destinada ˆ produ•‹o do resultado ocorrido.
¥! A viola•‹o a um dever objetivo de cuidado Ð Que pode se dar
por neglig•ncia, imprud•ncia ou imper’cia.
¥! Um resultado natural’stico involunt‡rio Ð O resultado produzido
n‹o foi querido pelo agente (salvo na culpa impr—pria).
¥! Nexo causal Ð Rela•‹o de causa e efeito entre a conduta do agente
e o resultado ocorrido no mundo f‡tico.
¥! Tipicidade Ð O fato deve estar previsto como crime. Em regra, os
crimes s— podem ser praticados na forma dolosa, s— podendo ser
punidos a t’tulo de culpa quando a lei expressamente determinar.
Essa Ž a regra do ¤ œnico do art. 18 do CP: Par‡grafo œnico - Salvo os
casos expressos em lei, ninguŽm pode ser punido por fato previsto como
crime, sen‹o quando o pratica dolosamente. (Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de
11.7.1984).
¥! Previsibilidade objetiva - O resultado ocorrido deve ser previs’vel
mediante um esfor•o intelectual razo‡vel. ƒ chamada previsibilidade
do homem mŽdio. Assim, se uma pessoa comum, de intelig•ncia
mediana, seria capaz de prever aquele resultado, est‡ presente este
requisito. Se o resultado n‹o for previs’vel objetivamente, o fato Ž
um indiferente penal. Por exemplo: Se M‡rio, nas dunas de Natal, d‡
um chute em Jo‹o, a fim de causar-lhe les›es leves, e Jo‹o vem a
cair e bater com a cabe•a sobre um motor de Bugre que estava
enterrado sob a areia, vindo a falecer, M‡rio n‹o responde por
homic’dio culposo, pois seria inimagin‡vel a qualquer pessoa prever
que naquele local a v’tima poderia bater com a cabe•a em algo
daquele tipo e vir a falecer.

A culpa, por sua vez, pode ser de diversas modalidades:


¥! Culpa consciente e inconsciente Ð Na culpa consciente, o agente
prev• o resultado como poss’vel, mas acredita que este n‹o ir‡
ocorrer. Na culpa inconsciente (ex ignorantia), o agente n‹o prev•

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que o resultado possa ocorrer. A culpa consciente se aproxima muito
do dolo eventual, pois em ambos o agente prev• o resultado e mesmo
assim age. Entretanto, a diferen•a Ž que, enquanto no dolo eventual
o agente assume o risco de produzi-lo, n‹o se importando com
a sua ocorr•ncia, na culpa consciente o agente n‹o assume o
risco de produzir o resultado, pois acredita, sinceramente, que ele
n‹o ocorrer‡.
¥! Culpa pr—pria e culpa impr—pria Ð A culpa pr—pria Ž aquela na
qual o agente NÌO QUER O RESULTADO criminoso. ƒ a culpa
propriamente dita. Pode ser consciente, quando o agente prev• o
resultado como poss’vel, ou inconsciente, quando n‹o h‡ essa
previs‹o. Na culpa impr—pria, o agente quer o resultado, mas,
por erro inescus‡vel, acredita que o est‡ fazendo amparado
por uma causa excludente da ilicitude ou da culpabilidade. ƒ o
caso do pai que, percebendo um barulho na madrugada, se levanta e
avista um vulto, determinando sua imediata parada. Como o vulto
continua, o pai dispara tr•s tiros de arma de fogo contra a v’tima,
acreditando estar agindo em leg’tima defesa de sua fam’lia. No
entanto, ao verificar a v’tima, percebe que o vulto era seu filho de 16
anos que havia sa’do escondido para assistir a um show de Rock no
qual havia sido proibido de ir. Nesse caso, embora o crime seja
naturalmente doloso (pois o agente quis o resultado), por quest›es
de pol’tica criminal o C—digo determina que lhe seja aplicada a pena
correspondente ˆ modalidade culposa. Nos termos do art. 20, ¤ 1¡
do CP:
Art. 20 (...) ¤ 1¼ - ƒ isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas
circunst‰ncias, sup›e situa•‹o de fato que, se existisse, tornaria a a•‹o leg’tima.
N‹o h‡ isen•‹o de pena quando o erro deriva de culpa e o fato Ž pun’vel como
crime culposo.(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)

Cuidado! N‹o existe a chamada Òcompensa•‹o de culpasÓ no Direito Penal


brasileiro. EXEMPLO: Imaginem que Jœlio, dirigindo seu ve’culo, avan•a o sinal
vermelho e colide com o ve’culo de Carlos, que vinha na contram‹o. Ambos
agiram com culpa e causaram-se les›es corporais. Nesse caso, ambos
respondem pelo crime de les›es corporais, um em face do outro.

1.4.3!Crime preterdoloso
H‡ ainda a figura do crime preterdoloso (ou preterintencional). O
crime preterdoloso ocorre quando o agente, com vontade de praticar determinado
crime (dolo), acaba por praticar crime mais grave, n‹o com dolo, mas por culpa.
Um exemplo cl‡ssico Ž o crime de les‹o corporal seguida de morte, previsto no
art. 129, ¤ 3¡ do CP. Nesse crime o agente provoca les›es corporais na v’tima,
mediante conduta dolosa. No entanto, em raz‹o de sua imprud•ncia na execu•‹o
(excesso), acabou por provocar a morte da v’tima, que era um resultado n‹o
pretendido (culpa).

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A Doutrina distingue, no entanto, o crime preterdoloso do crime
qualificado pelo resultado16. Para a Doutrina, o crime qualificado pelo
resultado Ž um g•nero, do qual o crime preterdoloso Ž espŽcie. Um crime
qualificado pelo resultado Ž aquele no qual, ocorrendo determinado
resultado, teremos a aplica•‹o de uma circunst‰ncia qualificadora. Aqui
Ž irrelevante se o resultado que qualifica o crime Ž doloso ou culposo. No delito
preterdoloso, o resultado que qualifica o crime Ž, necessariamente,
culposo. Ou seja, h‡ dolo na conduta inicial e culpa em rela•‹o ao
resultado que efetivamente ocorre.

EXEMPLO: Mariana agride Luciana com a inten•‹o apenas de lesion‡-la (dolo de


praticar o crime de les‹o corporal). Contudo, em raz‹o da for•a empregada por
Mariana, Luciana cai e bate com a cabe•a no ch‹o, vindo a falecer. Mariana fica
chocada, pois de maneira alguma pretendia a morte de Luciana. Nesse caso,
Mariana praticou o crime de les‹o corporal seguida de morte, que Ž um crime
preterdoloso (dolo na conduta inicial, mas resultado obtido a t’tulo de culpa Ð
sem inten•‹o).

1.5!Crime consumado, tentado e imposs’vel

1.5.1!Iter criminis
O iter criminis Ž o Òcaminho do crimeÓ, ou seja, o itiner‡rio percorrido pelo
agente atŽ a consuma•‹o do delito.
O iter criminis pode ser dividido em 04 etapas:

1.5.1.1! Cogita•‹o (cogitatio)


ƒ a representa•‹o mental do crime na cabe•a do agente, a fase inicial, na
qual o agente idealiza como ser‡ a conduta criminosa. Trata-se de uma fase
interna, ou seja, n‹o h‡ exterioriza•‹o da ideia criminosa, ado•‹o de
preparativos, nada disso. Assim, a cogita•‹o Ž sempre impun’vel17, pois n‹o sai
da esfera psicol—gica do agente.

1.5.1.2! Atos preparat—rios (conatus remotus)


Aqui o agente adota algumas provid•ncias para a realiza•‹o do crime, ou
seja, d‡ in’cio aos preparativos para a pr‡tica delituosa, sem, contudo, iniciar a
execu•‹o do crime propriamente dita.

16
GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 337
17
Em raz‹o do princ’pio da Òexterioriza•‹o do fatoÓ ou Òmaterializa•‹o do fatoÓ, que impede a puni•‹o de
atitudes internas das pessoas.

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Ex.: JosŽ quer matar Maria. Para tanto, JosŽ vai atŽ uma loja e compra uma faca
bem grande.
Como regra, os atos preparat—rios s‹o impun’veis, j‡ que o agente n‹o
chega, sequer, a iniciar a execu•‹o do crime. Todavia, os atos preparat—rios ser‹o
pun’veis quando configurarem, por si s—, um delito aut™nomo.

Ex.: JosŽ quer falsificar v‡rias notas de R$ 100,00 (quer praticar o crime de
moeda falsa, art. 289 do CP). Assim, JosŽ compra um maquin‡rio destinado a
falsificar moeda. A princ’pio, essa conduta seria um mero ato preparat—rio
impun’vel. Todavia, neste espec’fico caso o CP j‡ criminaliza essa conduta
preparat—ria, estabelecendo um tipo penal aut™nomo, que Ž o crime de
Òpetrechos de falsifica•‹oÓ (art. 291 do CP18), ou seja, o CP j‡ considera crime a
aquisi•‹o do maquin‡rio!

1.5.1.3! Atos execut—rios


Os atos execut—rios s‹o aqueles por meio dos quais o agente, efetivamente,
d‡ in’cio ˆ conduta delituosa, por meio de um ato capaz de provocar o resultado.
Ex.: JosŽ quer matar Maria. Para tanto, espera Maria passar pela porta de sua
casa e, quando ela passa, dispara contra ela um projŽtil de arma de fogo. Neste
momento se inicia a execu•‹o.

Diferenciar o que Ž ato de execu•‹o e o que Ž ato preparat—rio n‹o Ž tarefa


f‡cil. A Doutrina Ž bastante tormentosa a respeito, havendo algumas correntes.
As principais s‹o:
⇒! Teoria material (hostilidade ao bem jur’dico) Ð O agente inicia a
execu•‹o quando cria uma situa•‹o de perigo ao bem jur’dico. Ex.: JosŽ,
querendo matar Maria, se posiciona atr‡s de uma moita, esperando que ela
passe. Nesse caso, j‡ ter’amos execu•‹o do delito.
⇒! Teoria objetivo-formal Ð Para esta teoria a execu•‹o se inicia quando o
agente d‡ in’cio ˆ realiza•‹o da conduta descrita no nœcleo do tipo penal.
Assim, no exemplo anterior, ainda n‹o haveria execu•‹o, pois o agente
ainda n‹o teria dado in’cio ˆ execu•‹o da conduta de ÒmatarÓ.
⇒! Teoria objetivo-material Ð Para esta teoria haver‡ execu•‹o quando o
agente realizar a conduta descrita no nœcleo do tipo penal, bem como
quando praticar atos imediatamente anteriores ˆ conduta descrita no
nœcleo do tipo, partindo-se da vis‹o de uma terceira pessoa. Ex.: No

18
Petrechos para falsifica•‹o de moeda
Art. 291 - Fabricar, adquirir, fornecer, a t’tulo oneroso ou gratuito, possuir ou guardar
maquinismo, aparelho, instrumento ou qualquer objeto especialmente destinado ˆ falsifica•‹o de
moeda:
Pena - reclus‹o, de dois a seis anos, e multa.

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primeiro exemplo, haveria execu•‹o quando JosŽ estivesse esperando
Maria passar.
⇒! Teoria objetivo-individual Ð Para esta a defini•‹o do que Ž ato execut—rio
passa, necessariamente, pela an‡lise do plano do autor do fato, ou seja, do
seu dolo. Assim, seriam atos execut—rios aqueles que fossem
imediatamente anteriores ao in’cio da execu•‹o da conduta descrita no
nœcleo do tipo. Ex.: JosŽ quer furtar uma casa, e invade a resid•ncia. Neste
caso, mesmo n‹o tendo ainda dado in’cio ˆ subtra•‹o, j‡ haveria ato
execut—rio.

N‹o h‡ consenso, mas vem se firmando a ado•‹o da teoria objetivo-


individual, embora haja quem sustente ter sido adotada a teoria objetivo-formal,
ÒcomplementadaÓ pela an‡lise do plano do agente, a fim de abarcar tambŽm os
atos imediatamente anteriores ˆ realiza•‹o do tipo penal.

1.5.1.4! Consuma•‹o
Aqui o crime atinge sua realiza•‹o plena, havendo a presen•a de todos os
elementos que o comp›em, ou seja, o agente consegue realizar tudo o que o tipo
penal prev•, causando a ofensa jur’dica prevista na norma penal.
Temos, aqui, portanto, um crime completo e acabado.

1.5.1.5! Exaurimento
O exaurimento Ž uma etapa Òp—s-crimeÓ, ou seja, um acontecimento
posterior ˆ consuma•‹o do delito, n‹o alterando a tipifica•‹o da conduta.
Ex.: JosŽ pratica falso testemunho num processo que envolve Maria (crime de
falso testemunho consumado, art. 342 do CP). Ap—s isso, Maria Ž condenada em
raz‹o do testemunho falso de JosŽ (consequ•ncia que Ž mero exaurimento do
delito, n‹o alterando a tipifica•‹o do crime).

1.5.2!Tentativa
Todos os elementos citados como sendo partes integrantes do fato t’pico
(conduta, resultado natural’stico, nexo de causalidade e tipicidade) s‹o, no
entanto, elementos do crime material consumado, que Ž aquele no qual se
exige resultado natural’stico e no qual este resultado efetivamente ocorre.
Nos termos do art. 14 do CP:
Art. 14 - Diz-se o crime: (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
I - consumado, quando nele se reœnem todos os elementos de sua defini•‹o legal;
(Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
II - tentado, quando, iniciada a execu•‹o, n‹o se consuma por circunst‰ncias alheias
ˆ vontade do agente. (Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)

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Assim, nos crimes tentados, por n‹o haver sua consuma•‹o (ocorr•ncia de
resultado natural’stico), n‹o estar‹o presentes, em regra, os elementos
ÒresultadoÓ e Ònexo de causalidadeÓ.
Disse Òem regraÓ, porque pode acontecer que um crime tentado produza
resultados, que ser‹o analisados de acordo com a conduta do agente e sua
aptid‹o para produzi-los.
EXEMPLO: Imaginem que Marcelo, visando ˆ morte de Rodrigo, dispare cinco
tiros de pistola contra ele. Rodrigo Ž baleado, fica paraplŽgico, mas sobrevive.
Nesse caso, como o objetivo n‹o era causar les‹o corporal, mas sim matar, o
crime n‹o foi consumado, pois a morte n‹o ocorreu. Entretanto, n‹o se pode
negar que houve resultado natural’stico e nexo causal, embora este resultado
n‹o tenha sido o pretendido pelo agente quando da pr‡tica da conduta
criminosa.

O crime consumado n—s j‡ estudamos, cabe agora analisar as hip—teses de


crime na modalidade tentada.
Como disse a voc•s, pode ocorrer de uma conduta ser enquadrada em
determinado tipo penal sem que sua pr‡tica corresponda exatamente ao
que prev• o tipo. No caso acima, Marcelo responder‡ pelo tipo penal de
homic’dio (art. 121 do CP), na modalidade tentada (art. 14, II do CP). Mas se
voc•s analisarem, o art. 121 do CP diz Òmatar alguŽmÓ. Marcelo n‹o matou
ninguŽm. Assim, como enquadr‡-lo na conduta prevista pelo art. 121?
Isso Ž o que chamamos de adequa•‹o t’pica mediata, conforme j‡
estudamos.
Na adequa•‹o t’pica mediata o agente n‹o pratica exatamente a conduta
descrita no tipo penal, mas em raz‹o de uma outra norma que estende
subjetiva ou objetivamente o alcance do tipo penal, ele deve responder
pelo crime. Assim, no caso em tela, Marcelo s— responde pelo crime em raz‹o
da exist•ncia de uma norma que aumenta o alcance objetivo (relativo ˆ conduta)
do tipo penal para abarcar tambŽm as hip—teses de tentativa (art. 14, II do CP).
Tudo bem, galera? Vamos em frente!
O inciso II do art. 14 fala em Òcircunst‰ncias alheias ˆ vontade do
agenteÓ. Isso significa que o agente inicia a execu•‹o do crime, mas em raz‹o
de fatores externos, o resultado n‹o ocorre. No caso concreto que citei, o fator
externo, alheio ˆ vontade de Marcelo, foi provavelmente sua falta de precis‹o no
uso da arma de fogo e o socorro eficiente recebido por Rodrigo, que impediu sua
morte.
O ¤ œnico do art. 14 do CP diz:
Art. 14 (...)
Par‡grafo œnico - Salvo disposi•‹o em contr‡rio, pune-se a tentativa com a pena
correspondente ao crime consumado, diminu’da de um a dois ter•os. (Inclu’do pela
Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)

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Desta forma, o crime cometido na modalidade tentada n‹o Ž punido da
mesma maneira que o crime consumado, pois embora o desvalor da conduta (sua
reprovabilidade social) seja o mesmo do crime consumado, o desvalor do
resultado (suas consequ•ncias na sociedade) Ž menor, indiscutivelmente. Assim,
diz-se que o CP adotou a teoria dual’stica, realista ou objetiva da
punibilidade da tentativa.19
Mas qual o critŽrio para aplica•‹o da quantidade de diminui•‹o (1/3
ou 2/3)? Nesse caso, o Juiz deve analisar a proximidade de alcance do resultado.
Quanto mais pr—xima do resultado chegar a conduta, menor ser‡ a
diminui•‹o da pena, e vice-versa. No exemplo acima, como Marcelo quase
matou Rodrigo, chegando a deix‡-lo paraplŽgico, a diminui•‹o ser‡ a menor
poss’vel (1/3), pois o resultado esteve perto de se consumar. Entretanto, se
Marcelo tivesse errado todos os disparos, o resultado teria passado longe da
consuma•‹o, devendo o Juiz aplicar a redu•‹o m‡xima.
A tentativa pode ser:

¥! Branca ou incruenta Ð quando o agente sequer atinge o objeto que


pretendia lesar;
¥! Vermelha ou cruenta Ð quando o agente atinge o objeto, mas n‹o
obtŽm o resultado natural’stico esperado, em raz‹o de circunst‰ncias alheias
ˆ sua vontade;
¥! Tentativa perfeita Ð O agente esgota completamente os meios de que
dispunha para lesar o objeto material;
¥! Tentativa imperfeita Ð O agente, antes de esgotar toda a sua
potencialidade lesiva, Ž impedido por circunst‰ncias alheias. Exemplo: Marcelo
possui um rev—lver com 06 projŽteis. Dispara os 03 primeiros contra Rodrigo,
mas antes de disparar o quarto Ž surpreendido pela chegada da Pol’cia Militar.

ƒ poss’vel a mescla de espŽcies de tentativa entre as duas primeiras com


as duas œltimas (cruenta e imperfeita, incruenta e imperfeita, etc.), mas nunca
entre elas mesmas (cruenta e incruenta e perfeita e imperfeita), por quest›es
l—gicas.

19
Em contraposi•‹o ˆ Teoria objetiva h‡ a Teoria subjetiva, que sustenta que a punibilidade da tentativa
deveria estar atrelada ao fato de que o desvalor da conduta Ž o mesmo do crime consumado (Ž t‹o
reprov‡vel a conduta de ÒmatarÓ quanto a de Òtentar matarÓ). Para esta Teoria, a tentativa deveria ser
punida da mesma forma que o crime consumado (BITENCOURT, Op. cit., p. 536/537). Na verdade, adotou-
se no Brasil uma espŽcie de Teoria objetiva ÒtemperadaÓ ou mitigada. Isto porque a regra do art. 14, II
admite exce•›es, ou seja, existem casos na legisla•‹o p‡tria em que se pune a tentativa com a mesma pena
do crime consumado.

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Em regra, todos os crimes admitem tentativa. Entretanto, n‹o admitem


tentativa:
¥! Crimes culposos Ð Nestes crimes o resultado natural’stico n‹o Ž querido
pelo agente, logo, a vontade dele n‹o Ž dirigida a um fim il’cito e,
portanto, n‹o ocorrendo este, n‹o h‡ que se falar em interrup•‹o
involunt‡ria da execu•‹o do crime;
¥! Crimes preterdolosos Ð Como nestes crimes existe dolo na conduta
precedente e culpa na conduta seguinte, a conduta seguinte Ž culposa,
n‹o se admitindo, portanto, tentativa;
¥! Crimes unissubsistentes Ð S‹o aqueles que se produzem mediante um
œnico ato, n‹o cabendo fracionamento de sua execu•‹o. Assim, ou o crime
Ž consumado ou sequer foi iniciada sua execu•‹o. EXEMPLO: Injœria. Ou
o agente profere a injœria e o crime est‡ consumado ou ele sequer chega
a proferi-la, n‹o chegando o crime a ser iniciado;
¥! Crimes omissivos pr—prios Ð Seguem a mesma regra dos crimes
unissubsistentes, pois ou o agente se omite, e pratica o crime na
modalidade consumada ou n‹o se omite, hip—tese na qual n‹o comete
crime;
¥! Crimes de perigo abstrato Ð Como aqui tambŽm h‡ crime
unissubsistente (n‹o h‡ fracionamento da execu•‹o do crime), n‹o se
admite tentativa;
¥! Contraven•›es penais Ð N‹o se admite tentativa, nos termos do art. 4¡
do Decreto-Lei n¡ 3.688/41 (Lei das Contraven•›es penais);
¥! Crimes de atentado (ou de empreendimento) Ð S‹o crimes que se
consideram consumados com a obten•‹o do resultado ou ainda com a
tentativa deste. Por exemplo: O art. 352 tipifica o crime de Òevas‹oÓ,
dizendo: Òevadir-se ou tentar evadir-seÓ... Desta maneira, ainda que n‹o
consiga o preso se evadir, o simples fato de ter tentado isto j‡ consuma
o crime;
¥! Crimes habituais Ð Nestes crimes, o agente deve praticar diversos atos,
habitualmente, a fim de que o crime se consume. Entretanto, o problema
Ž que cada ato isolado Ž um indiferente penal. Assim, ou o agente praticou
poucos atos isolados, n‹o cometendo crime, ou praticou os atos de forma
habitual, cometendo crime consumado. Exemplo: Crime de
curandeirismo, no qual ou o agente pratica atos isolados, n‹o praticando
crime, ou o faz com habitualidade, praticando crime consumado, nos
termos do art. 284, I do CP.

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1.5.3!Crime imposs’vel
Nos termos do C—digo Penal:
Art. 17 - N‹o se pune a tentativa quando, por inefic‡cia absoluta do meio ou por
absoluta impropriedade do objeto, Ž imposs’vel consumar-se o crime.(Reda•‹o dada
pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)

Como podemos perceber, o crime imposs’vel (tentativa inid™nea)


guarda semelhan•as com a tentativa, entretanto, com ela n‹o se
confunde.
Na tentativa, propriamente dita, o agente inicia a execu•‹o do crime, mas
por circunst‰ncias alheias ˆ sua vontade o resultado n‹o se consuma (art. 14, II
do CPC).
No crime imposs’vel, diferentemente do que ocorre na tentativa, embora
o agente inicie a execu•‹o do delito, JAMAIS o crime se consumaria, em
hip—tese nenhuma, ou pelo fato de que o meio utilizado Ž completamente
ineficaz ou porque o objeto material do crime Ž impr—prio para aquele crime. Vou
dar dois exemplos:
EXEMPLO: Imaginem que Marcelo pretenda matar sua sogra Maria. Marcelo
chega, ˆ surdina, de noite, e percebendo que Maria dorme no sof‡, desfere
contra ela 10 facadas no peito. No entanto, no laudo pericial se descobre que
Maria j‡ estava morta, em raz‹o de um mal sœbito que sofrera horas antes.
Nesse caso, o crime Ž imposs’vel, pois o objeto material (a sogra, Maria)
n‹o era uma pessoa, mas um cad‡ver. Logo, n‹o h‡ como se praticar o crime
de homic’dio em face de um cad‡ver.
No mesmo exemplo, imagine que Marcelo pretenda matar sua sogra a
tiros e, surpreenda-a na servid‹o que d‡ acesso ˆ casa. Entretanto, quando
Marcelo aperta o gatilho, percebe que, na verdade, foi enganado pelo vendedor,
que o vendeu uma arma de brinquedo.
Nesse œltimo caso o crime Ž imposs’vel, pois o meio utilizado por Marcelo
Ž completamente ineficaz para causar a morte da v’tima.
Em ambos os casos temos hip—tese de crime imposs’vel.

Na verdade, o crime imposs’vel Ž uma espŽcie de tentativa, com a


circunst‰ncia de que jamais poder‡ se tornar consuma•‹o, face ˆ
impropriedade do objeto ou do meio utilizado. Por isso, n‹o se pode punir a
tentativa nestes casos, eis que n‹o houve les‹o ou sequer exposi•‹o ˆ les‹o do
bem jur’dico tutelado, n‹o bastando para a puni•‹o do agente o mero desvalor
da conduta, devendo haver um m’nimo de desvalor do resultado.

Cuidado! A inefic‡cia do meio ou a impropriedade do objeto devem ser


ABSOLUTAS, ou seja, em nenhuma hip—tese, considerando aquelas
circunst‰ncias, o crime poderia se consumar. Assim, se M‡rcio atira em JosŽ, com

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inten•‹o de mat‡-lo, mas o crime n‹o se consuma porque JosŽ usava um colete
ˆ prova de balas, n‹o h‡ crime imposs’vel, pois o crime poderia se consumar.

O STJ j‡ decidiu que a presen•a de c‰meras e dispositivos eletr™nicos de


seguran•a em estabelecimentos comerciais n‹o afasta a possibilidade
de consuma•‹o do crime de furto. Assim, se o agente tenta sair do local
com um produto escondido (furto), mas Ž detido pelos seguran•as, n‹o h‡ crime
imposs’vel, pois havia uma possibilidade, ainda que pequena, de que ele
conseguisse burlar o sistema e causar o preju’zo ao bem jur’dico tutelado
(patrim™nio do estabelecimento).

Como o CP previu a impossibilidade de puni•‹o da tentativa inid™nea (crime


imposs’vel), diz-se que o CP adotou a teoria OBJETIVA DA PUNIBILIDADE
DO CRIME IMPOSSêVEL.20

1.5.4!Desist•ncia volunt‡ria e arrependimento eficaz


Embora a Doutrina tenha se dividido quanto ˆ defini•‹o da natureza jur’dica
destes institutos, a Doutrina majorit‡ria entende se tratar de causas de
exclus‹o da tipicidade, pois n‹o tendo ocorrido o resultado, e tambŽm n‹o se
tratando de hip—tese tentada, n‹o h‡ como se punir o crime nem a t’tulo de
consuma•‹o nem a t’tulo de tentativa.
Na desist•ncia volunt‡ria o agente, por ato volunt‡rio, desiste de dar
sequ•ncia aos atos execut—rios, mesmo podendo faz•-lo. Conforme a cl‡ssica
FîRMULA DE FRANK:
Na tentativa Ð O agente quer, mas n‹o pode prosseguir.
Na desist•ncia volunt‡ria Ð O agente pode, mas n‹o quer
prosseguir.
Para que fique caracterizada a desist•ncia volunt‡ria, Ž necess‡rio que o
resultado n‹o se consume em raz‹o da desist•ncia do agente.
EXEMPLO: Se Poliana dispara um tiro de pistola em Jason e, podendo disparar
mais cinco, n‹o o faz, mas este mesmo assim vem a falecer, Poliana responde
por homic’dio consumado. Se, no entanto, Jason n‹o vem a —bito, Poliana n‹o
responde por homic’dio tentado (n‹o h‡ tentativa, lembram-se?), mas por
les›es corporais.

20
BITENCOURT, Op. cit., p. 542/543.

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No arrependimento eficaz Ž diferente. Aqui o agente j‡ praticou todos
os atos execut—rios que queria e podia, mas ap—s isto, se arrepende do
ato e adota medidas que acabam por impedir a consuma•‹o do resultado.
Imagine que no exemplo anterior, Poliana tivesse disparado todos os tiros
da pistola em Jason. Depois disso, Poliana se arrepende do que fez e providencia
o socorro de Jason, que sobrevive em raz‹o do socorro prestado. Neste caso,
ter’amos arrependimento eficaz.
Ambos os institutos est‹o previstos no art. 15 do CP:
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execu•‹o ou
impede que o resultado se produza, s— responde pelos atos j‡ praticados.(Reda•‹o
dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)

Para que estes institutos ocorram, Ž necess‡rio que a conduta (desist•ncia


volunt‡ria e arrependimento eficaz) impe•a a consuma•‹o do resultado. Se o
resultado, ainda assim, vier a ocorrer, o agente responde pelo crime,
incidindo, no entanto, uma atenuante de pena genŽrica, prevista no art. 65, III,
b do CP.
A Doutrina entende que tambŽm Hç DESISTæNCIA VOLUNTçRIA
quando o agente deixa de prosseguir na execu•‹o para faz•-la mais tarde, por
qualquer motivo, por exemplo, para n‹o levantar suspeitas. Nesse caso, mesmo
n‹o sendo nobre o motivo da desist•ncia, a Doutrina entende que h‡ desist•ncia
volunt‡ria.
Se o crime for cometido em concurso de pessoas e somente um deles
realiza a conduta de desist•ncia volunt‡ria ou arrependimento eficaz, esta
circunst‰ncia se comunica aos demais, pois como se trata de hip—tese de
exclus‹o da tipicidade, o crime n‹o foi cometido, respondendo todos apenas pelos
atos praticados atŽ ent‹o.

1.5.5!Arrependimento posterior
O arrependimento posterior, por sua vez, n‹o exclui o crime, pois
este j‡ se consumou, mas Ž causa obrigat—ria de diminui•‹o de pena.
Ocorre quando, nos crimes em que n‹o h‡ viol•ncia ou grave amea•a ˆ pessoa,
o agente, atŽ o recebimento da denœncia ou queixa, repara o dano provocado ou
restitui a coisa. Nos termos do art. 16 do CP:
Art. 16 - Nos crimes cometidos sem viol•ncia ou grave amea•a ˆ pessoa, reparado o
dano ou restitu’da a coisa, atŽ o recebimento da denœncia ou da queixa, por ato
volunt‡rio do agente, a pena ser‡ reduzida de um a dois ter•os. (Reda•‹o dada pela
Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)

EXEMPLO: Imagine o crime de dano (art. 163 do CP), no qual o agente quebra
a vidra•a de uma padaria, revoltado com o esgotamento do p‹o franc•s naquela
tarde. Nesse caso, se antes do recebimento da queixa o agente ressarcir o

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preju’zo causado, ele responder‡ pelo crime, mas a pena aplicada dever‡
ser diminu’da de um a dois ter•os.

Vejam que n‹o se aplica o instituto se o crime Ž cometido com


viol•ncia ou grave amea•a ˆ pessoa.
A Doutrina entende que se a viol•ncia for culposa, pode ser aplicado o
instituto. Assim, se o agente comete les‹o corporal culposa (viol•ncia culposa),
e antes do recebimento da queixa paga todas as despesas mŽdicas da v’tima,
presta todo o aux’lio necess‡rio, deve ser aplicada a causa de diminui•‹o de pena.
No caso de viol•ncia impr—pria, a Doutrina se divide. A viol•ncia
impr—pria Ž aquela na qual n‹o h‡ viol•ncia propriamente dita, mas o agente
reduz a v’tima ˆ impossibilidade de defesa (ex. Amorda•a e amarra o caixa da
loja no crime de roubo). Parte da Doutrina entende que o benef’cio pode ser
aplicado, parte entende que n‹o pode.
O arrependimento posterior tambŽm se comunica aos demais agentes
(coautores).
A Doutrina entende, ainda, que se a v’tima se recusar a receber a coisa
ou a repara•‹o do dano, mesmo assim o agente dever‡ receber a causa
de diminui•‹o de pena.
O quantum da diminui•‹o da pena (um ter•o a dois ter•os) ir‡ variar
conforme a celeridade com que ocorreu o arrependimento e a voluntariedade
deste ato.
Vamos sintetizar isso tudo? O quadro abaixo pode ajudar voc•s na
compreens‹o dos institutos da tentativa, da desist•ncia volunt‡ria, do
arrependimento eficaz e do arrependimento posterior:

QUADRO ESQUEMçTICO
INSTITUTO RESUMO CONSEQUæNCIAS

TENTATIVA Agente pratica a conduta Responde pelo


delituosa, mas por crime, com
circunst‰ncias alheias ˆ sua redu•‹o de pena
vontade, o resultado n‹o de 1/3 a 2/3.
ocorre.

DESISTæNCIA O agente INICIA a pr‡tica da Responde apenas


VOLUNTçRIA conduta delituosa, mas se pelos atos j‡
arrepende, e CESSA a atividade praticados.
criminosa (mesmo podendo Desconsidera-se o
continuar) e o resultado n‹o Òdolo inicialÓ, e o
ocorre. agente Ž punido

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apenas pelos danos
que efetivamente
causou.
ARREPENDIMENTO O agente INICIA a pr‡tica da Responde apenas
EFICAZ conduta delituosa E COMPLETA A pelos atos j‡
EXECU‚ÌO DA CONDUTA, mas se praticados.
arrepende do que fez e toma as Desconsidera-se o
provid•ncias para que o resultado Òdolo inicialÓ, e o
inicialmente pretendido n‹o agente Ž punido
ocorra. O resultado NÌO apenas pelos danos
ocorre. que efetivamente
causou.
ARREPENDIMENTO O agente completa a execu•‹o da O agente tem a
POSTERIOR atividade criminosa e o pena reduzida de
resultado efetivamente 1/3 a 2/3.
ocorre. PorŽm, ap—s a ocorr•ncia
do resultado, o agente se
arrepende E REPARA O DANO ou
RESTITUI A COISA.
1.! S— pode ocorrer nos crimes
cometidos sem viol•ncia
ou grave amea•a ˆ
pessoa
2.! S— tem validade se ocorre
antes do recebimento da
denœncia ou queixa.

CASO HAJA
ARREPENDIMENTO
CRIME SE RESPONDE
PELO CRIME
POSTERIOR =
CAUSA DE
CONSUMA CONSUMADO
DIMINUIÇÃO DE
PENA (1/3 a 2/3)

INÍCIO DA
AGENTE DESISTIU DA
EXECUÇÃO DO EXECUÇÃO
DELITO (DESISTÊNCIA
VOLUNTÁRIA) RESPONDE SÓ
PELOS ATOS
AGENTE COMPLETOU A PRATICADOS
CRIME NÃO SE EXECUÇÃO MAS SE
ARREPENDEU E EVITOU O
CONSUMA RESULTADO
(ARREPENDIMENTO EFICAZ)

O RESULTADO NÃO OCORREU


POR FATORES EXTERNOS À RESPONDE PELO
VONTADE DO AGENTE CRIME PRETENDIDO
(TENTATIVA) NA FORMA TENTADA

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1.5.6!Causas de exclus‹o do fato t’pico


Haver‡ exclus‹o do fato t’pico sempre que estiver ausente algum de seus
elementos. As principais hip—teses s‹o:

1.5.6.1! Coa•‹o f’sica irresist’vel


A coa•‹o f’sica irresist’vel (tambŽm chamada de vis absoluta) exclui a
CONDUTA, por aus•ncia completa de vontade do agente coagido. Logo, acaba
por excluir o fato t’pico. N‹o confundir com a coa•‹o MORAL irresist’vel, que
exclui a culpabilidade.
Ex.: JosŽ pega Maria ˆ for•a e, segurando seu bra•o, faz com que Maria
esfaqueie Joana, que est‡ dormindo. Neste caso, Maria n‹o teve conduta, pois
n‹o teve dolo ou culpa. Maria n‹o escolheu esfaquear, foi coagida fisicamente
a fazer isso.

1.5.6.2! Erro de tipo inevit‡vel


No erro de tipo inevit‡vel o agente pratica o fato t’pico por incidir em erro
sobre um de seus elementos. Quando o erro Ž inevit‡vel (qualquer pessoa
naquelas circunst‰ncias cometeria o erro), o agente n‹o responde por crime
algum (afasta-se o dolo e a culpa).
Ex.: JosŽ pega o celular que est‡ em cima do balc‹o da loja e vai embora,
acreditando ser o seu celular. Todavia, quando chega em casa, v• que pegou o
celular de outra pessoa, pois confundiu com o seu. Neste caso, JosŽ praticou, em
tese, o crime de furto (art. 155 do CP). Todavia, como houve erro inevit‡vel sobre
um dos elementos do tipo (o elemento Òcoisa alheiaÓ, j‡ que JosŽ acreditava que
a coisa era sua), JosŽ n‹o responder‡ por crime algum.

1.5.6.3! Sonambulismo e atos reflexos


Nas hip—teses de sonambulismo e de atos reflexos tambŽm se afasta o fato
t’pico, pois em ambos os casos o agente n‹o tem controle sobre sua a•‹o ou
omiss‹o, ou seja, temos a exterioriza•‹o f’sica do ato, sem que haja dolo ou
culpa.
Ex.: JosŽ d‡ um susto em Ricardo, que acaba mexendo os bra•os repentinamente
e acerta uma cotovelada em Paula. Neste caso, Ricardo n‹o responde por crime
de les‹o corporal pois n‹o teve dolo ou culpa.

1.5.6.4! Insignific‰ncia e adequa•‹o social da conduta


Tanto na hip—tese de insignific‰ncia da conduta (aus•ncia de ofensa
significativa ao bem jur’dico protegido pela norma) quanto na hip—tese de
adequa•‹o social da conduta (toler‰ncia da sociedade frente a uma conduta que

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Ž tipificada como crime), h‡ exclus‹o do fato t’pico, eis que n‹o haver‡ tipicidade
material.

1.6!Ilicitude
J‡ vimos que a conduta deve ser considerada um fato t’pico para que o
primeiro elemento do crime esteja presente. Entretanto, isso n‹o basta. Uma
conduta enquadrada como fato t’pico pode n‹o ser il’cita perante o direito. Assim,
a antijuridicidade (ou ilicitude) Ž a condi•‹o de contrariedade da conduta
perante o Direito.
Estando presente o primeiro elemento (fato t’pico), presume-se
presente a ilicitude, devendo o acusado comprovar a exist•ncia de uma
causa de exclus‹o da ilicitude. Percebam, assim, que uma das fun•›es do fato
t’pico Ž gerar uma presun•‹o de ilicitude da conduta, que pode ser desconstitu’da
diante da presen•a de uma das causas de exclus‹o da ilicitude.
As causas de exclus‹o da ilicitude podem ser:
¥! GenŽricas Ð S‹o aquelas que se aplicam a todo e qualquer crime. Est‹o
previstas na parte geral do C—digo Penal, em seu art. 23;
¥! Espec’ficas Ð S‹o aquelas que s‹o pr—prias de determinados crimes, n‹o
se aplicando a outros. Por exemplo: Furto de coisas comum, previsto no art.
156, ¤2¡. Nesse caso, o fato de a coisa furtada ser comum retira a ilicitude
da conduta. PorŽm, s— nesse crime!

As causas genŽricas de exclus‹o da ilicitude s‹o: a) estado de


necessidade; b) leg’tima defesa; c) exerc’cio regular de um direito; d) estrito
cumprimento do dever legal. Entretanto, a Doutrina majorit‡ria e a
Jurisprud•ncia entendem que existem causas supralegais de exclus‹o da ilicitude
(n‹o previstas na lei, mas que decorrem da l—gica, como o consentimento do
ofendido nos crimes contra bens dispon’veis).

1.6.1!Estado de necessidade
Est‡ previsto no art. 24 do C—digo Penal:
Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de
perigo atual, que n‹o provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar,
direito pr—prio ou alheio, cujo sacrif’cio, nas circunst‰ncias, n‹o era razo‡vel exigir-
se.
!
O Brasil adotou a teoria unit‡ria de estado de necessidade, que
estabelece que o bem jur’dico protegido deve ser de valor igual ou superior
ao sacrificado, afastando-se em ambos os casos a ilicitude da conduta.
EXEMPLO: Marcos e Jo‹o est‹o num avi‹o que est‡ caindo. S— h‡ uma mochila
com paraquedas. Marcos agride Jo‹o atŽ causar-lhe a morte, a fim de que o

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paraquedas seja seu e ele possa se salvar. Nesse caso, o bem jur’dico que
Marcos buscou preservar (vida) Ž de igual valor ao bem sacrificado (Vida de
Jo‹o). Assim, Marcos n‹o cometeu crime, pois agiu coberto por uma excludente
de ilicitude, que Ž o estado de necessidade.

No caso de o bem sacrificado ser de valor maior que o bem protegido,


o agente responde pelo crime, mas tem sua pena diminu’da.21 Nos termos
do art. 24, ¤ 2¡ do CP:
Art. 24 (...)
¤ 2¼ - Embora seja razo‡vel exigir-se o sacrif’cio do direito amea•ado, a pena poder‡
ser reduzida de um a dois ter•os.
!
Assim, se era razo‡vel entender que o agente deveria sacrificar o bem que
na verdade escolheu proteger, ele responde pelo crime, mas em raz‹o das
circunst‰ncias ter‡ sua pena diminu’da de um a dois ter•os, conforme o caso.
Os requisitos para a configura•‹o do estado de necessidade s‹o
basicamente dois: a) a exist•ncia de uma situa•‹o de perigo a um bem jur’dico
pr—prio ou de terceiro; b) o fato necessitado (conduta do agente na qual ele
sacrifica o bem alheio para salvar o pr—prio ou do terceiro).
Entretanto, a situa•‹o de perigo deve:
¥! N‹o ter sido criada voluntariamente pelo agente (ou seja, se foi
ele mesmo quem deu causa, n‹o poder‡ sacrificar o direito de um
terceiro a pretexto de salvar o seu). EXEMPLO: O agente provoca ao
naufr‡gio de um navio e, para se salvar, mata um terceiro, a fim de
ficar com o œltimo colete dispon’vel. Nesse caso, embora os bens sejam
de igual valor, a situa•‹o de perigo foi criada pelo pr—prio agente, logo,
ele n‹o estar‡ agindo em estado de necessidade.22
¥! Perigo atual Ð O perigo deve estar ocorrendo. A lei n‹o permite o
estado de necessidade diante de um perigo futuro, ainda que iminente;
¥! A situa•‹o de perigo deve estar expondo ˆ les‹o um bem jur’dico
do pr—prio agente ou de um terceiro.
¥! O agente n‹o pode ter o dever jur’dico de impedir o resultado.

21
Bitencourt sustenta que, apesar da ado•‹o da teoria unit‡ria, quando a escolha do agente por sacrificar
determinado bem em detrimento de outro n‹o for a mais correta de acordo com o Direito, mas puder ser
considerada como algo que qualquer pessoa acabaria fazendo da mesma forma, ter’amos o estado de
necessidade exculpante supralegal, ou seja, o Juiz poderia afastar a culpabilidade do agente por considerar
ser inexig’vel conduta diversa. BITENCOURT, Op. cit., p. 411/413

22
A Doutrina se divide quanto ˆ abrang•ncia da express‹o ÒvoluntariamenteÓ. Alguns sustentam que tanto
a causa•‹o culposa quanto a dolosa afastam a possibilidade de caracteriza•‹o do estado de necessidade
(Por todos, ASSIS TOLEDO). Outros defendem que somente a causa•‹o DOLOSA impede a caracteriza•‹o
do estado de necessidade (Por todos, DAMçSIO DE JESUS e CEZAR ROBERTO BITENCOURT). BITENCOURT,
Op. cit., p. 419

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Quanto ˆ conduta do agente, ela deve ser:


¥! Inevit‡vel Ð O bem jur’dico protegido s— seria salvo daquela maneira.
N‹o havia outra forma de salvar o bem jur’dico.
¥! Proporcional Ð O agente deve sacrificar apenas bens jur’dicos de menor
ou igual valor ao que pretende proteger.

O estado de necessidade pode ser


¥! Agressivo Ð Quando para salvar seu bem jur’dico o agente sacrifica
bem jur’dico de um terceiro que n‹o provocou a situa•‹o de
perigo.
¥! Defensivo Ð Quando o agente sacrifica um bem jur’dico de quem
ocasionou a situa•‹o de perigo.

Pode ser ainda:


¥! Real Ð Quando a situa•‹o de perigo efetivamente existe;
¥! Putativo Ð Quando a situa•‹o de perigo n‹o existe de fato, apenas na
imagina•‹o do agente. Imaginemos que no caso do colete salva-vidas,
ao invŽs de ser o œltimo, existisse ainda uma sala repleta deles. Assim,
a situa•‹o de perigo apenas passou pela cabe•a do agente, n‹o sendo
a realidade, pois havia mais coletes. Nesse caso, o agente incorreu
em erro, que se for um erro escus‡vel (o agente n‹o tinha como saber
da exist•ncia dos outros coletes), excluir‡ a imputa•‹o do delito (a
maioria da Doutrina entende que teremos exclus‹o da culpabilidade).
J‡ se o erro for inescus‡vel (o agente era marinheiro h‡ muito tempo,
devendo saber que existia mais coletes), o agente responde pelo crime
cometido, MAS NA MODALIDADE CULPOSA, se houver previs‹o em
lei.

Alguns pontos importantes:


ESTADO DE ƒ poss’vel, desde que ambos n‹o tenham criado
NECESSIDADE a situa•‹o de perigo.
RECêPROCO
COMUNICABILIDADE Existe. Se um dos autores houver praticado o
fato em estado de necessidade, o crime fica
exclu’do para todos eles.
ERRO NA EXECU‚ÌO Pode acontecer, e o agente permanece coberto
pelo estado de necessidade. Ex.: Paulo atira em
M‡rio, visando sua morte, para tomar-lhe o
œltimo colete do navio. Entretanto, acerta Jo‹o.
Nesse caso, Paulo permanece acobertado pelo
estado de necessidade, pois se considera

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praticado o crime contra a v’tima pretendida,
n‹o a atingida.
MISERABILIDADE O STJ entende que a simples alega•‹o de
miserabilidade n‹o gera o estado de
necessidade para que seja exclu’da a ilicitude
do fato. Entretanto, em determinados casos,
poder‡ excluir a culpabilidade, em raz‹o da
inexigibilidade de conduta diversa
(estudaremos mais ˆ frente).

1.6.2!Leg’tima defesa
Nos termos do art. 25 do CP:
Art. 25 - Entende-se em leg’tima defesa quem, usando moderadamente dos meios
necess‡rios, repele injusta agress‹o, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.

O agente deve ter praticado o fato para repelir uma agress‹o. Contudo, h‡
alguns requisitos:

REQUISITOS PARA A CONFIGURA‚ÌO DA LEGêTIMA DEFESA


¥! Agress‹o Injusta Ð Assim, se a agress‹o Ž justa, n‹o h‡ leg’tima defesa.
Dessa forma, o preso que agride o carcereiro que o est‡ colocando para
dentro da cela n‹o age em leg’tima defesa, pois a agress‹o do carcereiro
(empurr‡-lo ˆ for•a) Ž justa.
¥! Atual ou iminente Ð A agress‹o deve estar acontecendo ou prestes a
acontecer. Veja que aqui, diferente do estado necessidade, n‹o h‡
necessidade de que o fato seja atual, bastando que seja iminente. Desta
maneira, se Paulo encontra, em local ermo, Poliana, sua ex-mulher, que por
vingan•a amea•ou mat‡-lo, e esta saca uma arma, Paulo poder‡ repelir essa
agress‹o iminente, pois ainda que n‹o tenha acontecido, n‹o se pode exigir
que Paulo aguarde Poliana come•ar a efetuar os disparos (absurdo!).
¥! Contra direito pr—prio ou alheio Ð A agress‹o injusta pode estar
acontecendo ou prestes a acontecer contra direito do pr—prio agente ou de
um terceiro. Assim, se Paulo agride Roberto porque ele est‡ agredindo
Poliana, n‹o comete crime, pois agiu em leg’tima defesa da integridade f’sica
de terceiro (Poliana).

Quando uma pessoa Ž atacada por um animal, em regra n‹o age em


leg’tima defesa, mas em estado de necessidade, pois os atos dos animais
n‹o podem ser considerados injustos. Entretanto, se o animal estiver sendo
utilizado como instrumento de um crime (dono determina ao c‹o bravo que

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morda a v’tima), o agente poder‡ agir em leg’tima defesa. Entretanto, a
leg’tima defesa estar‡ ocorrendo em face do dono (les‹o ao seu patrim™nio, o
cachorro), e n‹o em face do animal.
Com rela•‹o ˆs agress›es praticadas por inimput‡vel, a Doutrina se divide,
mas a maioria entende que nesse caso h‡ leg’tima defesa, e n‹o estado de
necessidade.
Na leg’tima defesa, diferentemente do que ocorre no estado de necessidade,
o agredido (que age em leg’tima defesa) n‹o Ž obrigado a fugir do
agressor, ainda que possa. A lei permite que o agredido revide e se proteja,
ainda que lhe seja poss’vel fugir!
A rea•‹o do agente, por sua vez, deve ser proporcional. Ou seja, os meios
utilizados por ele devem ser suficientes e necess‡rios a repelir a agress‹o injusta.
EXEMPLO: Se um ladr‹o furta uma caneta, a v’tima n‹o pode matar este ladr‹o
para repelir esta agress‹o ao seu patrim™nio, pois ainda que o meio utilizado
seja suficiente para que o patrim™nio seja preservado, n‹o Ž proporcional
sacrificar a vida de alguŽm por causa de uma caneta. Mas nem se for uma
Mont Blanc de R$ 5.000,00? N‹o!!!

A leg’tima defesa pode ser:


¥! Agressiva Ð Quando o agente pratica um fato previsto como infra•‹o
penal. Assim, se A agride B e este, em leg’tima defesa, agride A, est‡
cometendo les›es corporais (art. 129), mas n‹o h‡ crime, em raz‹o
da presen•a da causa excludente da ilicitude.
¥! Defensiva Ð O agente se limita a se defender, n‹o atacando nenhum
bem jur’dico do agressor.
¥! Pr—pria Ð Quando o agente defende seu pr—prio bem jur’dico.
¥! De terceiro Ð Quando defende bem jur’dico pertencente a outra
pessoa.
¥! Real Ð Quando a agress‹o a imin•ncia dela acontece, de fato, no
mundo real.
¥! Putativa Ð Quando o agente pensa que est‡ sendo agredido ou que
esta agress‹o ir‡ ocorrer, mas, na verdade, trata-se de fruto da sua
imagina•‹o. Aqui, aplica-se o que foi dito acerca do estado de
necessidade putativo!

A leg’tima defesa n‹o Ž presumida. Aquele que a alega deve provar sua
ocorr•ncia, pois, como estudamos, a exist•ncia do fato t’pico tem o cond‹o de
fazer presumir a ilicitude da conduta, cabendo ao acusado provar a exist•ncia de
uma das causas de exclus‹o da ilicitude.

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CUIDADO! A leg’tima defesa sucessiva Ž poss’vel! ƒ aquela na qual o
agredido injustamente, acaba por se exceder nos meios para repelir a agress‹o.
Nesse caso, como h‡ excesso, esse excesso n‹o Ž permitido. Logo, aquele que
primeiramente agrediu, agora poder‡ agir em leg’tima defesa. Se A
agride B com tapas leves, e B saca uma pistola e come•a a disparar contra A,
que se afasta e para de agredi-lo, caso B continue e atirar, A poder‡ sacar sua
arma e atirar contra B, pois a conduta de A se configura como excesso na
rea•‹o, e B estar‡ agindo em leg’tima defesa sucessiva.

Da mesma forma que no estado de necessidade, se o agredido erra ao


revidar a agress‹o e atinge pessoa que n‹o tem rela•‹o com a agress‹o (erro
sobre a pessoa), continuar‡ amparado pela excludente de ilicitude, pois o crime
se considera praticado contra a pessoa visada, n‹o contra a efetivamente
atingida.
No caso de leg’tima defesa de terceiro, duas hip—teses podem ocorrer:
¥! O bem do terceiro que est‡ sendo lesado Ž dispon’vel (bens
materiais, etc.) Ð Nesse caso, o terceiro deve concordar com que o
agente atue em seu favor.
¥! O bem do terceiro Ž indispon’vel (Vida, por exemplo) Ð Nesse caso,
o agente poder‡ repelir esta agress‹o ainda que o terceiro n‹o
concorde com esta atitude, pois o bem agredido Ž um bem de car‡ter
indispon’vel.

Voc•s devem ficar atentos a alguns pontos:


¥! N‹o cabe leg’tima defesa real em face de leg’tima defesa real, pois
se o primeiro age em leg’tima defesa real, sua agress‹o n‹o Ž injusta, o
que impossibilita rea•‹o em leg’tima defesa.
¥! Cabe leg’tima defesa real em face de leg’tima defesa putativa.
Assim, se A pensa estar sendo amea•ado por B e o agride (leg’tima defesa
putativa), B poder‡ agir em leg’tima defesa real. Isto porque a atitude de
A n‹o Ž justa, logo, Ž uma agress‹o injusta, de forma que B poder‡ se
valer da leg’tima defesa (A atŽ pode n‹o ser punido por sua conduta, mas
isso se dar‡ pela exclus‹o da culpabilidade em raz‹o da leg’tima defesa
putativa).
¥! Se o agredido se excede, o agressor passa a poder agir em leg’tima defesa
(leg’tima defesa sucessiva).
¥! Sempre caber‡ leg’tima defesa em face de conduta que esteja
acobertada apenas por causa de exclus‹o da culpabilidade (pois
nesse caso a agress‹o Ž t’pica e il’cita, embora n‹o culp‡vel).
¥! NUNCA haver‡ possibilidade de leg’tima defesa real em face de
qualquer causa de exclus‹o da ilicitude real.

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1.6.3!Estrito cumprimento do dever legal
Nos termos do art. 23, III do CP:
Art. 23 - N‹o h‡ crime quando o agente pratica o fato:
(...)
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exerc’cio regular de direito.

Age acobertado por esta excludente aquele que pratica fato t’pico, mas o faz
em cumprimento a um dever previsto em lei.
Assim, o Policial tem o dever legal de manter a ordem pœblica. Se alguŽm
comete crime, eventuais les›es corporais praticadas pelo policial (quando da
persegui•‹o) n‹o s‹o consideradas il’citas, pois embora tenha sido provocada
les‹o corporal (prevista no art. 129 do CP), o policial agiu no estrito cumprimento
do seu dever legal.

CUIDADO! Quando o policial, numa troca de tiros, acaba por ferir ou matar um
suspeito, ele n‹o age no estrito cumprimento do dever legal, mas em leg’tima
defesa. Isso porque o policial s— pode atirar contra alguŽm quando isso for
absolutamente necess‡rio para repelir injusta agress‹o contra si ou contra
terceiros.23

Se um terceiro colabora com aquele que age no estrito cumprimento do


dever legal, a ele tambŽm se estende essa causa de exclus‹o da ilicitude. Diz-se
que h‡ comunicabilidade.

ƒ muito comum ver pessoas afirmarem que essa causa s— se


aplica aos funcion‡rios pœblicos. ERRADO! O particular
tambŽm pode agir no estrito cumprimento do dever legal. O
advogado, por exemplo, que se nega a testemunhar sobre
fato conhecido em raz‹o da profiss‹o, n‹o pratica crime, pois
est‡ cumprindo seu dever legal de sigilo, previsto no estatuto
da OAB. Esse Ž apenas um exemplo.

1.6.4!Exerc’cio regular de direito


O C—digo Penal prev• essa excludente da ilicitude tambŽm no art. 23, III:
Art. 23 - N‹o h‡ crime quando o agente pratica o fato:
(...)
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exerc’cio regular de direito.

23
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. cit., p. 431

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Dessa forma, quem age no leg’timo exerc’cio de um direito seu, n‹o
poder‡ estar cometendo crime, pois a ordem jur’dica deve ser harm™nica, de
forma que uma conduta que Ž considerada um direito da pessoa, n‹o pode ser
considerada crime, por quest›es l—gicas. Trata-se de preservar a coer•ncia do
sistema24.
Mas o direito deve estar previsto em lei? Sim! A Doutrina majorit‡ria
entende que os direitos derivados dos costumes locais n‹o podem ser invocados
como causas de exclus‹o da ilicitude.
Quando um atleta entra no octagon (aquela jaula das artes marciais mistas,
antigo vale-tudo), e agride o outro atleta, est‡ causando-lhe les›es corporais
(art. 129 do CP). Entretanto, n‹o comete crime, pois tem esse direito j‡ que
ambos est‹o se submetendo a uma pr‡tica desportiva que permite esse
tipo de conduta.
CUIDADO! Se esse mesmo atleta descumprir as regras do esporte (chutar
a cabe•a do outro atleta ca’do, por exemplo) e causar-lhe les›es, poder‡
responder pelo crime que cometer, pois n‹o lhe Ž permitido fazer isso!

1.6.5!Consentimento do ofendido
O consentimento do ofendido n‹o est‡ expressamente previsto no CP como
causa de exclus‹o da ilicitude. Todavia, a Doutrina Ž pac’fica ao sustentar que o
consentimento do ofendido pode, a depender do caso, afastar a ilicitude da
conduta, funcionando como causa supralegal (n‹o prevista na Lei) de exclus‹o
da ilicitude).
Ex.: JosŽ e Paulo combinam de fazer manobras arriscadas numa moto, estando
Paulo na garupa e JosŽ guiando a motocicleta. Neste caso, se JosŽ perder a
dire•‹o e causar les›es culposas em Paulo, n‹o haver‡ crime, eis que o
consentimento de Paulo em rela•‹o ˆ conduta arriscada de JosŽ afasta a ilicitude
da conduta.

A Doutrina elenca alguns requisitos para que o consentimento do ofendido


possa ser considerado causa supralegal de exclus‹o da ilicitude:
⇒! O consentimento deve ser v‡lido Ð O consentimento deve ser prestado
por pessoa capaz, mentalmente s‹ e livre de v’cios (coa•‹o, fraude, etc.).
⇒! O bem jur’dico deve ser pr—prio e dispon’vel Ð Assim, n‹o h‡ que se
falar em consentimento do ofendido quando o bem jur’dico pertence a outra
pessoa ou Ž indispon’vel como, por exemplo, a vida.
⇒! O consentimento deve ser prŽvio ou concomitante ˆ conduta Ð O
consentimento do ofendido ap—s a pr‡tica da conduta n‹o afasta a ilicitude.

24
O Prof. Zaffaroni entenderia que, neste caso, o fato Ž at’pico, pois, pela sua teoria da tipicidade
conglobante, um fato nunca poder‡ ser t’pico quando sua pr‡tica foi tolerada ou determinada pelo sistema
jur’dico. Fica apenas o registro, mas essa teoria n‹o Ž adotada pelo CP e Doutrinariamente Ž discutida.
Lembrem-se: Fica apenas o registro.

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1.6.6!Excesso pun’vel
O excesso pun’vel Ž o exerc’cio irregular de uma causa excludente
da ilicitude, seja porque n‹o h‡ mais a circunst‰ncia que permitia seu exerc’cio
(cessou a agress‹o, no caso da leg’tima defesa, por exemplo, seja porque o meio
utilizado n‹o Ž proporcional (agredido saca uma metralhadora para repelir um
tapa, no caso da leg’tima defesa). No primeiro caso, temos o excesso extensivo,
e no segundo, o excesso intensivo. Nesses casos, a lei prev• que aquele que se
exceder responder‡ pelos danos que causar, art. 23, ¤ œnico do CP:
Art. 23 (...)
Par‡grafo œnico - O agente, em qualquer das hip—teses deste artigo, responder‡ pelo
excesso doloso ou culposo.

Aplica-se a qualquer das causas excludentes da ilicitude. Assim, o policial


que, ap—s prender o ladr‹o, come•a a desferir socos em seu rosto, n‹o estar‡
agindo amparado pelo estrito cumprimento do dever legal, pois est‡ se
excedendo.

2! DISPOSITIVOS LEGAIS IMPORTANTES

CîDIGO PENAL
Ä Art. 13 do CP Ð Nexo de causalidade e relev‰ncia da omiss‹o
Rela•‹o de causalidade(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Art. 13 - O resultado, de que depende a exist•ncia do crime, somente Ž imput‡vel a
quem lhe deu causa. Considera-se causa a a•‹o ou omiss‹o sem a qual o resultado
n‹o teria ocorrido. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Superveni•ncia de causa independente(Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
¤ 1¼ - A superveni•ncia de causa relativamente independente exclui a imputa•‹o
quando, por si s—, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se
a quem os praticou. (Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Relev‰ncia da omiss‹o(Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
¤ 2¼ - A omiss‹o Ž penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para
evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:(Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de
11.7.1984)
a) tenha por lei obriga•‹o de cuidado, prote•‹o ou vigil‰ncia; (Inclu’do pela Lei n¼
7.209, de 11.7.1984)
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; (Inclu’do pela
Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorr•ncia do resultado. (Inclu’do
pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)

Ä Arts. 14 a 17 do CP - Consuma•‹o e tentativa:

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Art. 14 - Diz-se o crime: (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Crime consumado (Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
I - consumado, quando nele se reœnem todos os elementos de sua defini•‹o legal;
(Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Tentativa (Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
II - tentado, quando, iniciada a execu•‹o, n‹o se consuma por circunst‰ncias alheias
ˆ vontade do agente. (Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Pena de tentativa(Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Par‡grafo œnico - Salvo disposi•‹o em contr‡rio, pune-se a tentativa com a pena
correspondente ao crime consumado, diminu’da de um a dois ter•os.(Inclu’do pela Lei
n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Desist•ncia volunt‡ria e arrependimento eficaz(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de
11.7.1984)
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execu•‹o ou impede
que o resultado se produza, s— responde pelos atos j‡ praticados.(Reda•‹o dada pela
Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Arrependimento posterior(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Art. 16 - Nos crimes cometidos sem viol•ncia ou grave amea•a ˆ pessoa, reparado o
dano ou restitu’da a coisa, atŽ o recebimento da denœncia ou da queixa, por ato
volunt‡rio do agente, a pena ser‡ reduzida de um a dois ter•os. (Reda•‹o dada pela
Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Crime imposs’vel (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Art. 17 - N‹o se pune a tentativa quando, por inefic‡cia absoluta do meio ou por
absoluta impropriedade do objeto, Ž imposs’vel consumar-se o crime.(Reda•‹o dada
pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)

Ä Art. 18 do CP Ð Dolo e culpa:


Art. 18 - Diz-se o crime: (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Crime doloso(Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;(Inclu’do
pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Crime culposo(Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprud•ncia, neglig•ncia ou
imper’cia. (Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Par‡grafo œnico - Salvo os casos expressos em lei, ninguŽm pode ser punido por fato
previsto como crime, sen‹o quando o pratica dolosamente. (Inclu’do pela Lei n¼ 7.209,
de 11.7.1984)

Ä Arts. 23 a 25 do CP Ð Exclus‹o da ilicitude:


Exclus‹o de ilicitude(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Art. 23 - N‹o h‡ crime quando o agente pratica o fato: (Reda•‹o dada pela Lei n¼
7.209, de 11.7.1984)
I - em estado de necessidade; (Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)

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II - em leg’tima defesa;(Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exerc’cio regular de direito.(Inclu’do
pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Excesso pun’vel (Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Par‡grafo œnico - O agente, em qualquer das hip—teses deste artigo, responder‡ pelo
excesso doloso ou culposo.(Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Estado de necessidade
Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de
perigo atual, que n‹o provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar,
direito pr—prio ou alheio, cujo sacrif’cio, nas circunst‰ncias, n‹o era razo‡vel exigir-
se. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
¤ 1¼ - N‹o pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar
o perigo. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
¤ 2¼ - Embora seja razo‡vel exigir-se o sacrif’cio do direito amea•ado, a pena poder‡
ser reduzida de um a dois ter•os. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Leg’tima defesa
Art. 25 - Entende-se em leg’tima defesa quem, usando moderadamente dos meios
necess‡rios, repele injusta agress‹o, atual ou iminente, a direito seu ou de
outrem.(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)

3! SòMULAS PERTINENTES

3.1!Sœmulas do STJ
Ä Sœmula 567 do STJ Ð Durante algum tempo se discutiu, principalmente na
Doutrina, se a exist•ncia de sistema de vigil‰ncia ou monitoramento eletr™nico
seria um impedimento absoluto ˆ consuma•‹o do delito de furto, caracterizando
crime imposs’vel. O STJ, j‡ h‡ algum tempo, havia solidificado entendimento no
sentido de que tal fato n‹o impede, em absoluto, a consuma•‹o do furto, motivo
pelo qual n‹o h‡ que se falar em crime imposs’vel, mas em tentativa, j‡ que
o meio utilizado n‹o Ž absolutamente ineficaz. Em raz‹o disso, foi editado o
verbete de sœmula 567 do STJ:
Sœmula 567 do STJ - Sistema de vigil‰ncia realizado por monitoramento eletr™nico
ou por exist•ncia de seguran•a no interior de estabelecimento comercial, por si s—,
n‹o torna imposs’vel a configura•‹o do crime de furto.

4! RESUMO

CONCEITO DE CRIME
O Crime pode ser entendido sob tr•s aspectos: Material, formal (legal) e anal’tico:

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¥! Formal (legal) Ð Crime Ž a conduta prevista em Lei como crime. No Brasil,
mais especificamente, Ž toda infra•‹o penal a que a lei comina pena de
reclus‹o ou deten•‹o
¥! Material Ð Crime Ž a conduta que afeta, de maneira significativa (mediante
les‹o ou exposi•‹o a perigo), um bem jur’dico relevante de terceira pessoa.
¥! Anal’tico Ð Ado•‹o da teoria tripartida. Crime Ž composto por fato t’pico,
ilicitude e culpabilidade.

FATO TêPICO E SEUS ELEMENTOS


O fato t’pico tambŽm se divide em elementos, s‹o eles:
¥! Conduta humana (alguns entendem poss’vel a conduta de
pessoa jur’dica) Ð Ado•‹o da teoria FINALISTA: conduta humana Ž
a a•‹o ou omiss‹o volunt‡ria dirigida a uma determinada finalidade.
¥! Resultado natural’stico Ð ƒ a modifica•‹o do mundo real provocada
pela conduta do agente. Apenas nos crimes materiais se exige um
resultado natural’stico. Nos crimes formais e de mera conduta n‹o h‡
essa exig•ncia. AlŽm do resultado natural’stico (que nem sempre
estar‡ presente), h‡ tambŽm o resultado jur’dico (ou normativo),
que Ž a les‹o ao bem jur’dico tutelado pela norma penal. Esse
resultado sempre estar‡ presente.
¥! Nexo de causalidade Ð Nexo entre a conduta do agente e o
resultado. Ado•‹o, pelo CP, da teoria da equival•ncia dos
antecedentes (considera-se causa do crime toda conduta sem a qual
o resultado n‹o teria ocorrido). Utiliza•‹o do elemento subjetivo (dolo
ou culpa) como filtro, para evirar a Òregress‹o infinitaÓ. Ado•‹o,
subsidiariamente, da teoria da causalidade adequada, na hip—tese
de superveni•ncia de causa relativamente independente que produz,
por si s—, o resultado. OBS.: Teoria da imputa•‹o objetiva n‹o foi
expressamente adotada pelo CP, mas h‡ decis›es jurisprudenciais
aplicando a Teoria.
¥! Tipicidade Ð ƒ a adequa•‹o da conduta do agente ˆ conduta descrita
pela norma penal incriminadora (tipicidade formal). A tipicidade
material Ž o desdobramento do conceito material de crime: s— haver‡
tipicidade material quando houver les‹o (ou exposi•‹o a perigo)
significativa a bem jur’dico relevante de terceiro (afasta-se a tipicidade
material, por exemplo, quando se reconhece o princ’pio da
insignific‰ncia). OBS.: Adequa•‹o t’pica mediata: Nem sempre a
conduta praticada pelo agente se amolda perfeitamente ao tipo penal
(adequa•‹o imediata). Ës vezes Ž necess‡rio que se proceda ˆ
conjuga•‹o de outro dispositivo da Lei Penal para se chegar ˆ
conclus‹o de que um fato Ž t’pico (adequa•‹o mediata). Ex.: homic’dio
tentado (art. 121 + art. 14, II do CP).

CRIME DOLOSO E CRIME CULPOSO


Crime doloso

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Dolo direto de primeiro grau - composto pela consci•ncia de que a conduta


pode lesar um bem jur’dico + a vontade de violar (pela les‹o ou exposi•‹o a
perigo) este bem jur’dico.
Dolo direto de segundo grau - tambŽm chamado de Òdolo de consequ•ncias
necess‡riasÓ. O agente n‹o quer o resultado, mas sabe que o resultado Ž um
efeito colateral NECESSçRIO, e pratica a conduta assim mesmo, sabendo que
o resultado (n‹o querido) ocorrer‡ fatalmente.
Dolo eventual - consiste na consci•ncia de que a conduta pode gerar um
resultado criminoso + a assun•‹o desse risco, mesmo diante da probabilidade de
algo dar errado. Trata-se de hip—tese na qual o agente n‹o tem vontade de
produzir o resultado criminoso, mas, analisando as circunst‰ncias, sabe que este
resultado pode ocorrer e n‹o se importa, age da mesma maneira. OBS.:
diferen•a em rela•‹o ao dolo direto de segundo grau: aqui o resultado n‹o
querido Ž POSSêVEL OU PROVçVEL; no dolo direto de segundo grau o resultado
n‹o querido Ž CERTO (consequ•ncia necess‡ria).

O dolo pode ser, ainda:


¥! Dolo genŽrico Ð ƒ, basicamente, a vontade de praticar a conduta
descrita no tipo penal, sem nenhuma outra finalidade.
¥! Dolo espec’fico, ou especial fim de agir Ð Em contraposi•‹o ao
dolo genŽrico, nesse caso o agente n‹o quer somente praticar a
conduta t’pica, mas o faz por alguma raz‹o especial, com alguma
finalidade espec’fica.
¥! Dolo geral, por erro sucessivo, ou aberratio causae Ð Ocorre
quando o agente, acreditando ter alcan•ado seu objetivo, pratica
nova conduta, com finalidade diversa, mas depois se constata que
esta œltima foi a que efetivamente causou o resultado. Trata-se de
erro na rela•‹o de causalidade, pois embora o agente tenha
conseguido alcan•ar a finalidade proposta, somente o alcan•ou
atravŽs de outro meio, que n‹o tinha direcionado para isso.
¥! Dolo antecedente, atual e subsequente Ð O dolo antecedente Ž o
que se d‡ antes do in’cio da execu•‹o da conduta. O dolo atual Ž o
que est‡ presente enquanto o agente se mantŽm exercendo a
conduta, e o dolo subsequente ocorre quando o agente, embora
tendo iniciado a conduta com uma finalidade l’cita, altera seu ‰nimo,
passando a agir de forma il’cita.

Crime culposo
No crime culposo a conduta do agente Ž destinada a um determinado fim (que
pode ser l’cito ou n‹o), mas pela viola•‹o a um dever de cuidado, o agente
acaba por lesar um bem jur’dico de terceiro, cometendo crime culposo. Pode se
dar por:

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¥! Neglig•ncia Ð O agente deixa de tomar todas as cautelas
necess‡rias para que sua conduta n‹o venha a lesar o bem jur’dico
de terceiro.
¥! Imprud•ncia Ð ƒ o caso do afoito, daquele que pratica atos
temer‡rios, que n‹o se coadunam com a prud•ncia que se deve ter
na vida em sociedade.
¥! Imper’cia Ð Decorre do desconhecimento de uma regra tŽcnica
profissional para a pr‡tica da conduta.

O crime culposo Ž composto de:


¥! Uma conduta volunt‡ria
¥! A viola•‹o a um dever objetivo de cuidado
¥! Um resultado natural’stico involunt‡rio Ð O resultado produzido
n‹o foi querido pelo agente (salvo na culpa impr—pria).
¥! Nexo causal
¥! Tipicidade Ð Ado•‹o da excepcionalidade do crime culposo. S—
haver‡ puni•‹o a t’tulo de culpa se houver expressa previs‹o legal
nesse sentido.
¥! Previsibilidade objetiva - O resultado ocorrido deve ser previs’vel
mediante um esfor•o intelectual razo‡vel. ƒ chamada previsibilidade
do Òhomem mŽdioÓ.

Modalidades de culpa
¥! Culpa consciente e inconsciente Ð Na culpa consciente, o
agente prev• o resultado como poss’vel, mas acredita que este n‹o
ir‡ ocorrer (previsibilidade SUBJETIVA). Na culpa inconsciente, o
agente n‹o prev• que o resultado possa ocorrer (h‡ apenas
previsibilidade OBJETIVA, n‹o subjetiva).
¥! Culpa pr—pria e culpa impr—pria Ð A culpa pr—pria Ž aquela na
qual o agente NÌO QUER O RESULTADO criminoso. ƒ a culpa
propriamente dita. Pode ser consciente, quando o agente prev• o
resultado como poss’vel, ou inconsciente, quando n‹o h‡ essa
previs‹o. Na culpa impr—pria, o agente quer o resultado, mas,
por erro inescus‡vel, acredita que o est‡ fazendo amparado por uma
causa excludente da ilicitude ou da culpabilidade. A culpa, portanto,
n‹o est‡ na execu•‹o da conduta, mas no momento de escolher
praticar a conduta.
OBS.: crime preterdoloso (ou preterintencional): O crime preterdoloso
ocorre quando o agente, com vontade de praticar determinado crime (dolo),
acaba por praticar crime mais grave, n‹o com dolo, mas por culpa.

CRIME CONSUMADO, TENTADO E IMPOSSêVEL

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Crime consumado Ð ocorre quando todos os elementos da defini•‹o legal da
conduta criminosa est‹o presentes.
Crime tentado Ð h‡ crime tentado quando o resultado n‹o ocorre por
circunst‰ncias alheias ˆ vontade do agente. Ado•‹o da teoria objetiva da
punibilidade da tentativa: como regra, o agente responde pela pena do crime
consumado, diminu’da de um a dois ter•os. EXCE‚ÌO: (1) crimes em que a mera
tentativa de alcan•ar o resultado j‡ consuma o delito. Ex: art. 352 do CP (Evas‹o
mediante viol•ncia contra a pessoa); (2) outras exce•›es legais.
Crime imposs’vel (tentativa inid™nea ou crime oco) Ð o resultado n‹o ocorre
por ser absolutamente imposs’vel sua ocorr•ncia, em raz‹o: (1) da absoluta
impropriedade do objeto; ou (2) da absoluta inefic‡cia do meio. Ado•‹o da teoria
objetiva da punibilidade da tentativa inid™nea: a conduta do agente n‹o Ž
pun’vel.
Desist•ncia volunt‡ria - Na desist•ncia volunt‡ria o agente, por ato volunt‡rio,
desiste de dar sequ•ncia aos atos execut—rios, mesmo podendo faz•-lo.
FîRMULA DE FRANK: (1) Na tentativa Ð O agente quer, mas n‹o pode
prosseguir; (2) Na desist•ncia volunt‡ria Ð O agente pode, mas n‹o quer
prosseguir. Se o resultado n‹o ocorre, o agente n‹o responde pela tentativa, mas
apenas pelos atos efetivamente praticados.
Arrependimento eficaz - Aqui o agente j‡ praticou todos os atos execut—rios
que queria e podia, mas ap—s isto, se arrepende do ato e adota medidas que
acabam por impedir a consuma•‹o do resultado. Se o resultado n‹o ocorre, o
agente n‹o responde pela tentativa, mas apenas pelos atos efetivamente
praticados.
Arrependimento posterior - N‹o exclui o crime, pois este j‡ se consumou.
Ocorre quando o agente repara o dano provocado ou restitui a coisa.
Consequ•ncia: diminui•‹o de pena, de um a dois ter•os. S— cabe:
¥! Nos crimes em que n‹o h‡ viol•ncia ou grave amea•a ˆ pessoa;
¥! Se a repara•‹o do dano ou restitui•‹o da coisa Ž anterior ao recebimento
da denœncia ou queixa.

ILICITUDE (ANTIJURIDICIDADE)
ƒ a condi•‹o de contrariedade da conduta perante o Direito. Em regra, toda
conduta t’pica Ž il’cita. N‹o o ser‡, porŽm, se houver uma causa de exclus‹o da
ilicitude. S‹o elas:
¥! GenŽricas Ð S‹o aquelas que se aplicam a todo e qualquer crime. Est‹o
previstas na parte geral do C—digo Penal, em seu art. 23;
¥! Espec’ficas Ð S‹o aquelas que s‹o pr—prias de determinados crimes, n‹o se
aplicando a outros.

CAUSAS GENƒRICAS DE EXCLUSÌO DA ILICITUDE

ESTADO DE NECESSIDADE

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Conceito Ð ÒConsidera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para


salvar de perigo atual, que n‹o provocou por sua vontade, nem podia de outro
modo evitar, direito pr—prio ou alheio, cujo sacrif’cio, nas circunst‰ncias, n‹o era
razo‡vel exigir-seÓ.
Se bem sacrificado era de valor maior que o bem protegido Ð N‹o h‡
justifica•‹o. A conduta Ž il’cita. O agente, contudo, tem a pena diminu’da de um
a dois ter•os.
Requisitos
¥! N‹o ter sido criada voluntariamente pelo agente (ou seja, se foi
ele mesmo quem deu causa, n‹o poder‡ sacrificar o direito de um
terceiro a pretexto de salvar o seu).
¥! Perigo atual Ð O perigo deve estar ocorrendo. A lei n‹o permite o
estado de necessidade diante de um perigo futuro, ainda que iminente.
¥! A situa•‹o de perigo deve estar expondo ˆ les‹o um bem jur’dico
do pr—prio agente ou de um terceiro.
¥! O agente n‹o pode ter o dever jur’dico de impedir o resultado.
¥! Bem jur’dico sacrificado deve ser de valor igual ou inferior ao
bem protegido - Se o bem sacrificado era de valor maior que o bem
protegido, n‹o h‡ justifica•‹o. A conduta Ž il’cita. O agente, contudo,
tem a pena diminu’da de um a dois ter•os.
¥! Atitude necess‡ria Ð O agente deve agir nos estritos limites do
necess‡rio. Caso se exceda, responder‡ pelo excesso (culposo ou
doloso).
EspŽcies:
¥! Agressivo Ð Quando para salvar seu bem jur’dico o agente sacrifica
bem jur’dico de um terceiro que n‹o provocou a situa•‹o de perigo.
¥! Defensivo Ð Quando o agente sacrifica um bem jur’dico de quem
ocasionou a situa•‹o de perigo.
¥! Real Ð Quando a situa•‹o de perigo efetivamente existe.
¥! Putativo Ð Quando a situa•‹o de perigo n‹o existe de fato, apenas
na imagina•‹o do agente.

LEGêTIMA DEFESA
Conceito Ð ÒEntende-se em leg’tima defesa quem, usando moderadamente dos
meios necess‡rios, repele injusta agress‹o, atual ou iminente, a direito seu ou
de outremÓ.
Requisitos:
¥! Agress‹o Injusta Ð Assim, se a agress‹o Ž justa, n‹o h‡ leg’tima
defesa.
¥! Atual ou iminente Ð A agress‹o deve estar acontecendo ou prestes a
acontecer.

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¥! Contra direito pr—prio ou alheio Ð A agress‹o injusta pode estar
acontecendo ou prestes a acontecer contra direito do pr—prio agente
ou de um terceiro.
¥! Rea•‹o proporcional Ð O agente deve repelir a agress‹o injusta,
valendo-se dos meios necess‡rios, mas sem se exceder. Caso se
exceda, responder‡ pelo excesso (culposo ou doloso).
OBS.: Na leg’tima defesa, diferentemente do que ocorre no estado de
necessidade, o agredido (que age em leg’tima defesa) n‹o Ž obrigado a fugir
do agressor, ainda que possa.
EspŽcies de leg’tima defesa:
¥! Agressiva Ð Quando o agente pratica um fato previsto como infra•‹o
penal.
¥! Defensiva Ð O agente se limita a se defender, n‹o atacando nenhum
bem jur’dico do agressor.
¥! Pr—pria Ð Quando o agente defende seu pr—prio bem jur’dico.
¥! De terceiro Ð Quando defende bem jur’dico pertencente a outra
pessoa.
¥! Real Ð Quando a agress‹o a imin•ncia dela acontece, de fato, no
mundo real.
¥! Putativa Ð Quando o agente pensa que est‡ sendo agredido ou que
esta agress‹o ir‡ ocorrer, mas, na verdade, trata-se de fruto da sua
imagina•‹o.
T—picos importantes:
¥! N‹o cabe leg’tima defesa real em face de leg’tima defesa real.
¥! Cabe leg’tima defesa real em face de leg’tima defesa putativa.
¥! Cabe leg’tima defesa sucessiva
¥! Sempre caber‡ leg’tima defesa em face de conduta que esteja acobertada
apenas por causa de exclus‹o da culpabilidade
¥! NUNCA haver‡ possibilidade de leg’tima defesa real em face de qualquer
causa de exclus‹o da ilicitude real.

ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL


Conceito Ð Ocorre quando o agente pratica fato t’pico, mas o faz em
cumprimento a um dever previsto em lei.
Observa•›es importantes:
¥! Se um terceiro colabora com aquele que age no estrito cumprimento do
dever legal, a ele tambŽm se estende essa causa de exclus‹o da ilicitude
(h‡ comunicabilidade).
¥! O particular tambŽm pode agir no estrito cumprimento do dever legal.

EXERCêCIO REGULAR DE DIREITO

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Conceito Ð Ocorre quando o agente pratica fato t’pico, mas o faz no exerc’cio de
um direito seu. Dessa forma, quem age no leg’timo exerc’cio de um direito seu,
n‹o poder‡ estar cometendo crime, pois a ordem jur’dica deve ser harm™nica.
Ex.: Lutador de vale-tudo que agride o oponente.
Excesso pun’vel Ð Da mesma forma que nas demais hip—teses, o agente
responder‡ pelo excesso (culposo ou doloso). O excesso, aqui, ir‡ se verificar
sempre que o agente ultrapassar os limites do direito que possui (n‹o estar‡ mais
no exerc’cio REGULAR de direito).

Bons estudos!
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5! EXERCêCIOS DA AULA

01.! (FCC Ð 2016 Ð SEFAZ-MA Ð AUDITOR FISCAL)


O C—digo Penal, ao tratar da rela•‹o de causalidade do crime, considera causa a
a) emo•‹o ou a paix‹o.
b) dela•‹o.
c) a•‹o ou omiss‹o sem a qual o resultado n‹o teria ocorrido.
d) excludente de ilicitude.
e) descriminante putativa.

02.! (FCC Ð 2016 Ð ISS-TERESINA Ð AUDITOR-FISCAL)


Considere:
I. obedi•ncia hier‡rquica.
II. estado de necessidade.
III. exerc’cio regular de um direito.
IV. leg’tima defesa.
Dentre as causas excludentes de ilicitude, incluem-se o que consta APENAS em
a) I e II.
b) II, III e IV.
c) I, II e IV.
d) I, II e III.
e) III e IV.

03.! (FCC Ð 2015 Ð TCM-GO Ð PROCURADOR)

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A consuma•‹o se d‡ nos crimes
a) de mera conduta, com a ocorr•ncia do resultado natural’stico.
b) omissivos impr—prios com a pr‡tica de conduta capaz de produzir o resultado
natural’stico.
c) permanentes, no momento em que cessa a perman•ncia.
d) omissivos pr—prios, com a simples omiss‹o.
e) culposos, com a pr‡tica da conduta imprudente, imperita ou negligente

04.! (FCC Ð 2015 Ð TCM-RJ Ð PROCURADOR)


A respeito do crime consumado e do crime tentado, da desist•ncia volunt‡ria, do
arrependimento eficaz e do arrependimento posterior, considere:
I. H‡ desist•ncia volunt‡ria quando o agente, embora tenha iniciado a execu•‹o
de um delito, desiste de prosseguir na realiza•‹o t’pica, atendendo sugest‹o de
terceiro.
II. A redu•‹o de um a dois ter•os da pena em raz‹o do reconhecimento do crime
tentado deve ser estabelecida de acordo com as circunst‰ncias agravantes ou
atenuantes porventura existentes.
III. H‡ arrependimento eficaz, quando o agente, ap—s ter esgotado os meios de
que dispunha para a pr‡tica do crime, arrepende-se e tenta, sem •xito, por todas
as formas, impedir a consuma•‹o.
IV. Em todos os crimes contra o patrim™nio, o arrependimento posterior
consistente na repara•‹o volunt‡ria e completa do preju’zo causado, implica a
redu•‹o obrigat—ria da pena de um a dois ter•os.
V. H‡ crime imposs’vel quando a consuma•‹o n‹o ocorre pela utiliza•‹o de meio
relativamente inid™neo para produzir o resultado.
Est‡ correto o que se afirma APENAS em
a) I.
b) I e II.
c) III e IV.
d) IV.
e) II e V.

05.! (FCC Ð 2015 - TCE-CE - Procurador de Contas)


S‹o elementos do crime doloso:
a) previsibilidade objetiva e dever de cuidado objetivo.
b) previsibilidade subjetiva e dever de cuidado objetivo.
c) desejo do resultado e assun•‹o do risco de produzi-lo.
d) previs‹o do resultado pelo agente, mas que n‹o se realize sinceramente a sua
produ•‹o e especificidade do dolo.
e) elemento subjetivo do tipo e previsibilidade subjetiva.

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Teoria e quest›es
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06.! (FCC Ð 2015 - TCE-CE - conselheiro)


O C—digo Penal adota no seu art. 13 a teoria conditio sine qua non (condi•‹o sem
a qual n‹o). Por ela,
a) imputa-se o resultado a quem tambŽm n‹o deu causa.
b) a causa dispensa a adequa•‹o para o resultado.
c) a a•‹o e a omiss‹o s‹o desconsideradas para o resultado.
d) tudo que contribui para o resultado Ž causa, n‹o se distinguindo entre causa
e condi•‹o ou concausa.
e) a omiss‹o Ž penalmente irrelevante.

07.! (FCC Ð 2015 - TCE-CE - conselheiro)


S‹o elementos da tentativa:
a) in’cio de execu•‹o do tipo penal; falta de consuma•‹o por circunst‰ncias
alheias ˆ vontade do agente; dolo e culpa.
b) in’cio de execu•‹o do tipo penal; falta de consuma•‹o por circunst‰ncias
alheias ˆ vontade do agente; dolo.
c) in’cio de execu•‹o do tipo penal; falta de consuma•‹o por circunst‰ncias
alheias ˆ vontade do agente; culpa consciente.
d) atos preparat—rios; In’cio de execu•‹o do tipo penal; falta de consuma•‹o por
circunst‰ncias alheias ˆ vontade do agente; dolo e culpa.
e) atos preparat—rios; In’cio de execu•‹o do tipo penal; falta de consuma•‹o por
circunst‰ncias alheias ˆ vontade do agente; dolo.

08.! (FCC Ð 2014 Ð TJ-CE Ð JUIZ)


Os crimes omissivos impr—prios ou comissivos por omiss‹o s‹o aqueles
a) cuja consuma•‹o se protrai no tempo, enquanto perdurar a conduta.
b) em que a rela•‹o de causalidade Ž normativa.
c) praticados mediante o Òn‹o fazerÓ o que a lei manda, sem depend•ncia de
qualquer resultado natural’stico.
d) que se consumam antecipadamente, sem depend•ncia de ocorrer ou n‹o o
resultado desejado pelo agente.
e) que o agente deixa de fazer o que estava obrigado, ainda que sem a produ•‹o
de qualquer resultado.

09.! (FCC Ð 2014 Ð DPE-PB Ð DEFENSOR PòBLICO)


Decididamente disposto a matar T’cio, por erro de pontaria o astuto Caio acerta-
lhe de leve rasp‹o um disparo no bra•o. PorŽm, assustado com o estrondo do
estampido, e temendo acordar a vizinhan•a que o poderia prender, ao invŽs de
descarregar a muni•‹o restante, Caio estrategicamente decide socorrer o c‰ndido

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T’cio que, levado ao hospital pelo pr—prio algoz, acaba logo liberado com curativo
m’nimo. Caio primeiramente diz, em sua autodefesa, que o tiro ocorrera por
acidente, chegando ardilosamente a indenizar de pronto todos os preju’zos
materiais e morais de T’cio com o fato, mas sua trama acaba definitivamente
desvendada pela l’mpida investiga•‹o policial que se segue. Com esses dados j‡
indiscut’veis, mais precisamente pode-se classificar os fatos como
a) tentativa de homic’dio.
b) desist•ncia volunt‡ria.
c) arrependimento eficaz.
d) arrependimento posterior.
e) aberratio ictus.

10.! (FCC Ð 2014 Ð DPE-RS Ð DEFENSOR PòBLICO)


A respeito da tipicidade penal, Ž correto afirmar:
a) Para a teoria da tipicidade conglobante, a tipicidade penal pressup›e a
exist•ncia de normas proibitivas e a inexist•ncia de preceitos permissivos da
conduta em uma mesma ordem jur’dica.
b) As causas excludentes da ilicitude restringem-se ˆquelas previstas na Parte
Geral do C—digo Penal.
c) A figura do crime imposs’vel prevista no art. 17 do C—digo Penal retrata
hip—tese de fato t’pico, mas inculp‡vel.
d) Pelo C—digo Penal, aquele que concretiza conduta prevista hipoteticamente
como crime, mas que age em obedi•ncia ˆ ordem de superior hier‡rquico que
n‹o seja notoriamente ilegal, pratica a•‹o at’pica penalmente.
e) Nas hip—teses de estado de necessidade, o C—digo Penal prev• que o excesso
doloso disposto no par‡grafo œnico do art. 23 do C—digo Penal torna il’cita conduta
originalmente permitida, o que n‹o ocorre com o excesso culposo, que mantŽm
a a•‹o excessiva impun’vel.

11.! (FCC Ð 2014 Ð TJ-AP Ð ANALISTA JUDICIçRIO)


Com rela•‹o ˆ exclus‹o de ilicitude Ž correto afirmar:
a) H‡ crime quando o agente pratica o fato em exclus‹o de ilicitude, havendo, no
entanto, redu•‹o da pena.
b) Considera-se em estado de necessidade quem, usando moderadamente dos
meios necess‡rios, repele injusta agress‹o, atual ou iminente, a direito seu ou
de outrem.
c) Considera-se em leg’tima defesa quem pratica o fato para salvar de perigo
atual, que n‹o provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito
pr—prio ou alheio, cujo sacrif’cio, nas circunst‰ncias, n‹o era razo‡vel exigir-se.
d) Pode alegar estado de necessidade mesmo quem tinha o dever legal de
enfrentar o perigo.

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e) Ainda que o agente haja em caso de exclus‹o de ilicitude, este responder‡
pelo excesso doloso ou culposo.

12.! (FCC Ð 2014 Ð TJ-AP Ð ANALISTA JUDICIçRIO)


ƒ correto afirmar que:
a) Nos crimes cometidos sem viol•ncia ou grave amea•a ˆ pessoa, reparado o
dano ou restitu’da a coisa, atŽ o recebimento da denœncia ou da queixa, por ato
volunt‡rio do agente, a pena ser‡ reduzida de um a dois ter•os.
b) O agente que, involuntariamente, desiste de prosseguir na execu•‹o ou
impede que o resultado se produza, n‹o responde pelos atos j‡ praticados.
c) Diz-se o crime tentado quando nele se reœnem todos os elementos de sua
defini•‹o legal.
d) Pelo resultado que agrava especialmente a pena, s— responde o agente que o
houver causado, exceto culposamente.
e) N‹o se pune a tentativa quando, por absoluta impropriedade do meio ou por
inefic‡cia absoluta do objeto, Ž imposs’vel consumar-se o crime.

13.! (FCC Ð 2014 Ð MPE-PA Ð PROMOTOR DE JUSTI‚A)


Aprovada em Sess‹o Plen‡ria de 15 de dezembro de 1976, a Sœmula 554 do
Supremo Tribunal Federal enuncia que ÒO pagamento de cheque emitido sem
suficiente previs‹o de fundos, ap—s o recebimento da denœncia, n‹o obsta o
prosseguimento da a•‹o penalÓ. Com o advento da reforma da Parte Geral do
C—digo Penal pela Lei no 7.209/1984, o sentido normativo dessa sœmula passou
a ser, no entanto, tensionado por importantes segmentos da doutrina brasileira,
notadamente ˆ luz do instituto denominado
a) insignific‰ncia penal.
b) desist•ncia volunt‡ria.
c) arrependimento eficaz.
d) arrependimento posterior.
e) crime imposs’vel.

14.! (FCC Ð 2014 Ð MPE-PA Ð PROMOTOR DE JUSTI‚A)


Segundo sua classifica•‹o doutrin‡ria dominante, o chamado ofend’culo pode
mais precisamente caracterizar situa•‹o de exclus‹o de
a) antijuridicidade.
b) tipicidade.
c) periculosidade.
d) culpabilidade.
e) punibilidade.

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15.! (FCC Ð 2014 Ð TCE-PI Ð ASSESSOR JURêDICO)
Em direito penal:
I. Reconhecida a tentativa, a pena h‡ de ser diminu’da na propor•‹o inversa do
iter criminis percorrido pelo agente.
II. A causalidade, nos crimes comissivos por omiss‹o, n‹o Ž f‡tica, mas jur’dica,
consistente em n‹o haver atuado o omitente, como devia e podia, para impedir
o resultado.
III. O crime culposo comissivo por omiss‹o pressup›e a viola•‹o por parte do
omitente do dever de agir para impedir o resultado.
IV. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevit‡vel, exclui a punibilidade e se
confunde com o desconhecimento da lei.
Est‡ correto o que se afirma APENAS em
a) I, II e III.
b) I, II e IV.
c) II, III e IV.
d) III e IV.
e) I e III.

16.! (FCC Ð 2014 Ð TRT 18 Ð JUIZ)


ƒ causa de exclus‹o da tipicidade,
a) a insignific‰ncia do fato ou a sua adequa•‹o social, segundo corrente
doutrin‡ria e jurisprudencial.
b) o erro inevit‡vel sobre a ilicitude do fato.
c) a coa•‹o moral irresist’vel.
d) a n‹o exigibilidade de conduta diversa.
e) a obedi•ncia hier‡rquica.

17.! (FCC Ð 2014 Ð TRT 18 Ð JUIZ)


No que diz respeito aos est‡gios de realiza•‹o do crime, Ž correto afirmar que
a) se atinge a consuma•‹o com o exaurimento do delito.
b) h‡ arrependimento eficaz quando o agente, por ato volunt‡rio, nos crimes sem
viol•ncia ou grave amea•a ˆ pessoa, repara o dano ou restitui a coisa atŽ o
recebimento da denœncia ou da queixa.
c) h‡ desist•ncia volunt‡ria quando o agente, embora j‡ realizado todo o
processo de execu•‹o, impede que o resultado ocorra.
d) na desist•ncia volunt‡ria e no arrependimento eficaz o agente s— responde
pelos atos j‡ praticados, se t’picos.
e) a tentativa constitui circunst‰ncia atenuante.

18.! (FCC Ð 2014 Ð CåMARA MUNICIPAL-SP Ð PROCURADOR)

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Na tentativa pun’vel, o correspondente abatimento na pena intensifica-se
segundo
a) a aptid‹o para consumar.
b) a periculosidade demonstrada.
c) a lesividade j‡ efetivada.
d) o itiner‡rio j‡ percorrido.
e) o exaurimento j‡ alcan•ado.

19.! (FCC Ð 2014 - TRF 3 Ð TƒCNICO JUDICIçRIO)


N‹o h‡ crime sem
a) dolo.
b) resultado natural’stico.
c) imprud•ncia.
d) conduta.
e) les‹o.

20.! (FCC Ð 2014 - TRF 3 Ð TƒCNICO JUDICIçRIO)


Paulo, sabendo que seu desafeto Pedro n‹o sabia nadar e desejando mat‡-lo,
jogou-o nas ‡guas, durante a travessia de um bra•o de mar. Todavia, ficou com
pena da v’tima, mergulhou e a retirou, antes que se afogasse. Nesse caso,
ocorreu:
a) desist•ncia volunt‡ria.
b) arrependimento eficaz
c) crime tentado
d) crime putativo.
e) crime imposs’vel

21.! (FCC Ð 2014 Ð DPE-CE Ð DEFENSOR PòBLICO)


Segundo entendimento doutrin‡rio, o consentimento do ofendido (quando n‹o
integra a pr—pria descri•‹o t’pica), a adequa•‹o social e a inexigibilidade de
conduta diversa constituem causas supralegais de exclus‹o, respectivamente, da
a) tipicidade, da culpabilidade e da ilicitude.
b) culpabilidade, da tipicidade e da ilicitude.
c) ilicitude, da tipicidade e da culpabilidade.
d) ilicitude, da culpabilidade e da tipicidade.
e) culpabilidade, da ilicitude e da tipicidade.

22.! (FCC Ð 2014 Ð TCE-GO Ð ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO)

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A adequa•‹o perfeita entre o fato natural, concreto, e a descri•‹o abstrata contida
na lei denomina-se
a) culpabilidade.
b) tipicidade.
c) antijuridicidade.
d) rela•‹o de causalidade.
e) consun•‹o.

23.! (FCC Ð 2014 Ð TCE-GO Ð ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO)


Considere:
I. C’cerus aceitou desafio para lutar.
II. Marcus atingiu o agressor ap—s uma agress‹o finda.
III. L’cius reagiu a uma agress‹o iminente.
Presentes os demais requisitos legais, a excludente da leg’tima defesa pode ser
reconhecida em favor de
a) L’cius, apenas.
b) C’cerus e Marcus.
c) C’cerus e L’cius.
d) Marcus e L’cius.
e) C’cerus, apenas

24.! (FCC Ð 2014 Ð TCE-GO Ð ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO)


N‹o se admite a tentativa nos crimes
a) unissubsistentes.
b) culposos.
c) omissivos puros.
d) omissivos impr—prios.
e) preterdolosos sem consuma•‹o do resultado agregado.

25.! (FCC Ð 2015 Ð TCM-GO Ð AUDITOR DE CONTROLE EXTERNO)


Fernando deu in’cio ˆ execu•‹o de um delito material, praticando atos capazes
de produzir o resultado lesivo. Todavia, aliou-se ˆ sua a•‹o uma concausa
I. preexistente, absolutamente independente em rela•‹o ˆ conduta do agente
que, por si s—, produziu o resultado.
II. concomitante, absolutamente independente em rela•‹o ˆ conduta do agente
que, por si s—, produziu o resultado.
III. superveniente, relativamente independente em rela•‹o ˆ conduta do agente,
situada na mesma linha de desdobramento f’sico da conduta do agente,
concorrendo para a produ•‹o do resultado.

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IV. superveniente, relativamente independente em rela•‹o ˆ conduta do agente,
sem guardar posi•‹o de homogeneidade em rela•‹o ˆ conduta do agente e que,
por si s—, produziu o resultado.
O resultado lesivo NÌO ser‡ imputado a Fernando, que responder‡ apenas pelos
atos praticados, nas situa•›es indicadas em
a) I, II e IV.
b) III e IV.
c) I e III.
d) I e II.
e) II, III e IV.

26.! (FCC Ð 2015 Ð TCM-GO Ð AUDITOR CONSELHEIRO SUBSTITUTO)


A respeito do dolo e da culpa, Ž correto afirmar que
a) na culpa consciente o agente prev• o resultado e admite a sua ocorr•ncia como
consequ•ncia prov‡vel da sua conduta.
b) no dolo eventual o agente prev• a ocorr•ncia do resultado, mas espera
sinceramente que ele n‹o aconte•a.
c) a imprud•ncia Ž a aus•ncia de precau•‹o, a falta de ado•‹o das cautelas
exig’veis por parte do agente.
d) a imper’cia Ž a pr‡tica de conduta arriscada ou perigosa, aferida pelo
comportamento do homem mŽdio.
e) Ž previs’vel o fato cujo poss’vel superveni•ncia n‹o escapa ˆ perspic‡cia
comum.

27.! (FCC Ð 2011 Ð TCE-SP Ð PROCURADOR)


Os crimes que resultam do n‹o fazer o que a lei manda, sem depend•ncia de
qualquer resultado natural’stico, s‹o chamados de
A) comissivos por omiss‹o.
B) formais.
C) omissivos pr—prios.
D) comissivos.
E) omissivos impr—prios.

28.! (FCC Ð 2011 Ð TCE-SP Ð PROCURADOR)


No estado de necessidade,
A) h‡ necessariamente rea•‹o contra agress‹o.
B) o agente responder‡ apenas pelo excesso culposo.
C) deve haver proporcionalidade entre a gravidade do perigo que amea•a o bem
jur’dico e a gravidade da les‹o causada.
D) a amea•a deve ser apenas a direito pr—prio.

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E) inadmiss’vel a modalidade putativa.

29.! (FCC Ð 2011 Ð TCE-SP Ð PROCURADOR)


Para a doutrina finalista, o dolo integra a
A) culpabilidade.
B) tipicidade.
C) ilicitude.
D) antijuridicidade.
E) punibilidade.

6! EXERCêCIOS COMENTADOS

01.! (FCC Ð 2016 Ð SEFAZ-MA Ð AUDITOR FISCAL)


O C—digo Penal, ao tratar da rela•‹o de causalidade do crime, considera
causa a
a) emo•‹o ou a paix‹o.
b) dela•‹o.
c) a•‹o ou omiss‹o sem a qual o resultado n‹o teria ocorrido.
d) excludente de ilicitude.
e) descriminante putativa.
COMENTçRIOS: O CP adota, como regra, a teoria da equival•ncia dos
antecedentes, segundo a qual considera-se causa toda a•‹o ou omiss‹o sem a
qual o resultado n‹o teria ocorrido, nos termos do art. 13 do CP.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA C.

02.! (FCC Ð 2016 Ð ISS-TERESINA Ð AUDITOR-FISCAL)


Considere:
I. obedi•ncia hier‡rquica.
II. estado de necessidade.
III. exerc’cio regular de um direito.
IV. leg’tima defesa.
Dentre as causas excludentes de ilicitude, incluem-se o que consta
APENAS em
a) I e II.
b) II, III e IV.
c) I, II e IV.
d) I, II e III.

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e) III e IV.
COMENTçRIOS: Dentre as hip—teses apresentadas, apenas os itens II, III e IV
tratam de situa•›es consideradas excludentes de ilicitude, nos termos do art. 23
do CP.
A obedi•ncia hier‡rquica Ž causa de exclus‹o da CULPABILIDADE.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA B.

03.! (FCC Ð 2015 Ð TCM-GO Ð PROCURADOR)


A consuma•‹o se d‡ nos crimes
a) de mera conduta, com a ocorr•ncia do resultado natural’stico.
b) omissivos impr—prios com a pr‡tica de conduta capaz de produzir o
resultado natural’stico.
c) permanentes, no momento em que cessa a perman•ncia.
d) omissivos pr—prios, com a simples omiss‹o.
e) culposos, com a pr‡tica da conduta imprudente, imperita ou
negligente
COMENTçRIOS:
a) ERRADA: Item errado, pois nos crimes de mera conduta n‹o h‡ resultado
natural’stico previsto para a conduta descrita no tipo.
b) ERRADA: Item errado, pois nos crimes omissivos impr—prios a consuma•‹o
ocorre com a ocorr•ncia do resultado que deveria ter sido evitado pelo agente
que se omitiu.
c) ERRADA: Item errado, pois nos crimes permanentes o crime est‡ se
consumando durante todo o per’odo de perman•ncia.
d) CORRETA: Item correto, pois tais crimes se consumam com a mera realiza•‹o
da conduta (simples omiss‹o por parte do agente).
e) ERRADA: Nos crimes culposos a consuma•‹o ocorre com a ocorr•ncia do
resultado decorrente da conduta negligente, imprudente ou imperita.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA D.

04.! (FCC Ð 2015 Ð TCM-RJ Ð PROCURADOR)


A respeito do crime consumado e do crime tentado, da desist•ncia
volunt‡ria, do arrependimento eficaz e do arrependimento posterior,
considere:
I. H‡ desist•ncia volunt‡ria quando o agente, embora tenha iniciado a
execu•‹o de um delito, desiste de prosseguir na realiza•‹o t’pica,
atendendo sugest‹o de terceiro.
II. A redu•‹o de um a dois ter•os da pena em raz‹o do reconhecimento
do crime tentado deve ser estabelecida de acordo com as circunst‰ncias
agravantes ou atenuantes porventura existentes.

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III. H‡ arrependimento eficaz, quando o agente, ap—s ter esgotado os
meios de que dispunha para a pr‡tica do crime, arrepende-se e tenta,
sem •xito, por todas as formas, impedir a consuma•‹o.
IV. Em todos os crimes contra o patrim™nio, o arrependimento posterior
consistente na repara•‹o volunt‡ria e completa do preju’zo causado,
implica a redu•‹o obrigat—ria da pena de um a dois ter•os.
V. H‡ crime imposs’vel quando a consuma•‹o n‹o ocorre pela utiliza•‹o
de meio relativamente inid™neo para produzir o resultado.
Est‡ correto o que se afirma APENAS em
a) I.
b) I e II.
c) III e IV.
d) IV.
e) II e V.
COMENTçRIOS:
I Ð CORRETA: A desist•ncia volunt‡ria n‹o precisa partir espontaneamente do
agente, podendo ocorrer mesmo quando o agente atende a um pedido da v’tima
ou de outra pessoa. O importante, aqui, Ž que o agente deixe de prosseguir na
execu•‹o por vontade pr—pria, e n‹o porque foi impedido (caso contr‡rio,
ter’amos tentativa).
II Ð ERRADA: O percentual de redu•‹o ir‡ variar conforme a proximidade do
resultado; quanto mais pr—ximo do resultado, menos o percentual de redu•‹o.
III Ð ERRADA: Item errado, pois para que se configure o arrependimento eficaz
Ž necess‡rio que o agente consiga, efetivamente, evitar a ocorr•ncia do
resultado.
IV Ð ERRADA: Item errado, pois o arrependimento posterior n‹o Ž admitido em
todos os crimes patrimoniais, mas apenas naqueles em que n‹o houver viol•ncia
ou grave amea•a ˆ pessoa, nos termos do art. 16 do CP. AlŽm disso, a repara•‹o
do dano ou restitui•‹o da coisa deve ocorrer atŽ o recebimento da denœncia ou
queixa.
V Ð ERRADA: Se o meio Ž RELATIVAMENTE inid™neo n‹o h‡ crime imposs’vel,
pois o resultado poderia ocorrer. S— haver‡ crime imposs’vel quando o meio for
ABSOLUTAMENTE inid™neo ou o objeto for ABSOLUTAMENTE impr—prio, nos
termos do art. 17 do CP.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA A.

05.! (FCC Ð 2015 - TCE-CE - PROCURADOR DE CONTAS)


S‹o elementos do crime doloso:
a) previsibilidade objetiva e dever de cuidado objetivo.
b) previsibilidade subjetiva e dever de cuidado objetivo.
c) desejo do resultado e assun•‹o do risco de produzi-lo.

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d) previs‹o do resultado pelo agente, mas que n‹o se realize
sinceramente a sua produ•‹o e especificidade do dolo.
e) elemento subjetivo do tipo e previsibilidade subjetiva.
COMENTçRIOS: O crime doloso pode se configurar pelo desejo de obten•‹o do
resultado (dolo direto de primeiro grau) ou pela assun•‹o do risco de sua
ocorr•ncia, sem que o agente se importe com o resultado (dolo eventual),
consagrando as teorias da vontade e do assentimento, respectivamente, nos
termos do art. 18 do CP.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA C.

06.! (FCC Ð 2015 - TCE-CE - CONSELHEIRO)


O C—digo Penal adota no seu art. 13 a teoria conditio sine qua non
(condi•‹o sem a qual n‹o). Por ela,
a) imputa-se o resultado a quem tambŽm n‹o deu causa.
b) a causa dispensa a adequa•‹o para o resultado.
c) a a•‹o e a omiss‹o s‹o desconsideradas para o resultado.
d) tudo que contribui para o resultado Ž causa, n‹o se distinguindo entre
causa e condi•‹o ou concausa.
e) a omiss‹o Ž penalmente irrelevante.
COMENTçRIOS: A teoria da equival•ncia dos antecedentes, ou conditio sine qua
non, prega que se considera causa a a•‹o ou omiss‹o sem a qual o resultado n‹o
teria ocorrido, na forma do art. 13 do CP. Essa Teoria n‹o discute o fen™meno
das ÒconcausasÓ, o que Ž explicado pela teoria da causalidade adequada, prevista
no ¤1¼ do art. 13 do CP.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA D.

07.! (FCC Ð 2015 - TCE-CE - CONSELHEIRO)


S‹o elementos da tentativa:
a) in’cio de execu•‹o do tipo penal; falta de consuma•‹o por
circunst‰ncias alheias ˆ vontade do agente; dolo e culpa.
b) in’cio de execu•‹o do tipo penal; falta de consuma•‹o por
circunst‰ncias alheias ˆ vontade do agente; dolo.
c) in’cio de execu•‹o do tipo penal; falta de consuma•‹o por
circunst‰ncias alheias ˆ vontade do agente; culpa consciente.
d) atos preparat—rios; In’cio de execu•‹o do tipo penal; falta de
consuma•‹o por circunst‰ncias alheias ˆ vontade do agente; dolo e
culpa.
e) atos preparat—rios; In’cio de execu•‹o do tipo penal; falta de
consuma•‹o por circunst‰ncias alheias ˆ vontade do agente; dolo.

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Teoria e quest›es
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COMENTçRIOS: A tentativa ocorre quando, uma vez Òiniciada a execu•‹o, n‹o
se consuma por circunst‰ncias alheias ˆ vontade do agenteÓ, nos termos do art.
14, II do CP.
Isto posto, s‹o elementos da tentativa o in’cio de execu•‹o do tipo penal, a falta
de consuma•‹o por circunst‰ncias alheias ˆ vontade do agente e o dolo.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA B.

08.! (FCC Ð 2014 Ð TJ-CE Ð JUIZ)


Os crimes omissivos impr—prios ou comissivos por omiss‹o s‹o aqueles
a) cuja consuma•‹o se protrai no tempo, enquanto perdurar a conduta.
b) em que a rela•‹o de causalidade Ž normativa.
c) praticados mediante o Òn‹o fazerÓ o que a lei manda, sem depend•ncia
de qualquer resultado natural’stico.
d) que se consumam antecipadamente, sem depend•ncia de ocorrer ou
n‹o o resultado desejado pelo agente.
e) que o agente deixa de fazer o que estava obrigado, ainda que sem a
produ•‹o de qualquer resultado.
COMENTçRIOS: Os crimes omissivos impr—prios, tambŽm chamados de crimes
Òcomissivos por omiss‹oÓ, s‹o aqueles em que o agente o agente tem a obriga•‹o
legal de agir para evitar o resultado, de maneira que, se n‹o o faz e o resultado
ocorre, o agente responde pelo resultado ocorrido (diferentemente dos crimes
omissivos puros, em que o agente responde apenas pela omiss‹o,
independentemente do resultado). Trata-se, aqui, de uma rela•‹o de causalidade
normativa entre a conduta (o n‹o agir) e o resultado. N‹o h‡ causalidade f’sica,
eis que Òdo nada, nada surgeÓ. O agente n‹o deu ÒcausaÓ (fisicamente falando)
ao resultado, mas como devia e podia evita-lo, responde por ele.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA B.

09.! (FCC Ð 2014 Ð DPE-PB Ð DEFENSOR PòBLICO)


Decididamente disposto a matar T’cio, por erro de pontaria o astuto Caio
acerta-lhe de leve rasp‹o um disparo no bra•o. PorŽm, assustado com o
estrondo do estampido, e temendo acordar a vizinhan•a que o poderia
prender, ao invŽs de descarregar a muni•‹o restante, Caio
estrategicamente decide socorrer o c‰ndido T’cio que, levado ao hospital
pelo pr—prio algoz, acaba logo liberado com curativo m’nimo. Caio
primeiramente diz, em sua autodefesa, que o tiro ocorrera por acidente,
chegando ardilosamente a indenizar de pronto todos os preju’zos
materiais e morais de T’cio com o fato, mas sua trama acaba
definitivamente desvendada pela l’mpida investiga•‹o policial que se
segue. Com esses dados j‡ indiscut’veis, mais precisamente pode-se
classificar os fatos como
a) tentativa de homic’dio.

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b) desist•ncia volunt‡ria.
c) arrependimento eficaz.
d) arrependimento posterior.
e) aberratio ictus.
COMENTçRIOS: Trata-se de quest‹o pol•mica. A Banca considerou como
resposta correta a letra B, ou seja, desist•ncia volunt‡ria. De fato, Ž poss’vel
considerar ter havido desist•ncia volunt‡ria, eis que o agente deliberadamente
resolveu interromper a execu•‹o (pois podia dar continuidade ˆ execu•‹o). H‡
quem defenda ter havido mera tentativa, em raz‹o do fato de o agente ter
interrompido a execu•‹o por medo de ser preso. Quest‹o bastante pol•mica, mas
a letra B, de fato, parece a mais correta, considerando o fato de que o agente
n‹o foi coagido a interromper a execu•‹o, fazendo-o por vontade pr—pria (ainda
que movido pelo medo).
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA B.

10.! (FCC Ð 2014 Ð DPE-RS Ð DEFENSOR PòBLICO)


A respeito da tipicidade penal, Ž correto afirmar:
a) Para a teoria da tipicidade conglobante, a tipicidade penal pressup›e
a exist•ncia de normas proibitivas e a inexist•ncia de preceitos
permissivos da conduta em uma mesma ordem jur’dica.
b) As causas excludentes da ilicitude restringem-se ˆquelas previstas na
Parte Geral do C—digo Penal.
c) A figura do crime imposs’vel prevista no art. 17 do C—digo Penal
retrata hip—tese de fato t’pico, mas inculp‡vel.
d) Pelo C—digo Penal, aquele que concretiza conduta prevista
hipoteticamente como crime, mas que age em obedi•ncia ˆ ordem de
superior hier‡rquico que n‹o seja notoriamente ilegal, pratica a•‹o
at’pica penalmente.
e) Nas hip—teses de estado de necessidade, o C—digo Penal prev• que o
excesso doloso disposto no par‡grafo œnico do art. 23 do C—digo Penal
torna il’cita conduta originalmente permitida, o que n‹o ocorre com o
excesso culposo, que mantŽm a a•‹o excessiva impun’vel.
COMENTçRIOS:
a) CORRETA: Item correto, pois a teoria da tipicidade conglobante, desenvolvida
por Zaffaroni, entende que a tipicidade comporta n‹o apenas a exist•ncia de uma
norma proibitiva, mas a inexist•ncia, no mesmo ordenamento jur’dico, de normas
que permitem ou ordenem a pr‡tica da mesma conduta, por uma quest‹o de
coer•ncia.
b) ERRADA: Item errado, pois estas s‹o apenas as chamadas Òcausas genŽricas
de exclus‹o da ilicitudeÓ, podendo haver outras.
c) ERRADA: Item errado, pois neste caso o fato Ž at’pico.
d) ERRADA: Item errado, pois tal a•‹o ser‡ considerada t’pica, embora amparada
por uma causa de exclus‹o da ilicitude.

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e) ERRADA: A conduta excessiva (seja o excesso doloso ou culposo) ser‡
considerada il’cita, devendo o agente responder pelo excesso (seja ele doloso ou
culposo), nos termos do art. 23, ¤ œnico do CP.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA A.

11.! (FCC Ð 2014 Ð TJ-AP Ð ANALISTA JUDICIçRIO)


Com rela•‹o ˆ exclus‹o de ilicitude Ž correto afirmar:
a) H‡ crime quando o agente pratica o fato em exclus‹o de ilicitude,
havendo, no entanto, redu•‹o da pena.
b) Considera-se em estado de necessidade quem, usando
moderadamente dos meios necess‡rios, repele injusta agress‹o, atual
ou iminente, a direito seu ou de outrem.
c) Considera-se em leg’tima defesa quem pratica o fato para salvar de
perigo atual, que n‹o provocou por sua vontade, nem podia de outro
modo evitar, direito pr—prio ou alheio, cujo sacrif’cio, nas circunst‰ncias,
n‹o era razo‡vel exigir-se.
d) Pode alegar estado de necessidade mesmo quem tinha o dever legal
de enfrentar o perigo.
e) Ainda que o agente haja em caso de exclus‹o de ilicitude, este
responder‡ pelo excesso doloso ou culposo.
COMENTçRIOS:
a) ERRADA: Caso o agente pratique a conduta amparado por uma excludente de
ilicitude, n‹o haver‡ crime, eis que a ilicitude Ž um dos elementos do conceito
anal’tico de crime.
b) ERRADA: Item errado, pois esta Ž a defini•‹o da leg’tima defesa, nos termos
do art. 25 do CP.
c) ERRADA: Item errado, pois esta Ž a defini•‹o do estado de necessidade, nos
termos do art. 24 do CP.
d) ERRADA: Item errado, pois o estado de necessidade n‹o pode ser alegado por
aquele que tinha o dever legal de enfrentar o perigo, nos termos do art. 24, ¤1¼
do CP.
e) CORRETA: Item correto, pois o excesso (doloso ou culposo), n‹o est‡
acobertado pela excludente de ilicitude, devendo o agente ser punido em raz‹o
do excesso, nos termos do art. 23, ¤ œnico do CP.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA E.

12.! (FCC Ð 2014 Ð TJ-AP Ð ANALISTA JUDICIçRIO)


ƒ correto afirmar que:
a) Nos crimes cometidos sem viol•ncia ou grave amea•a ˆ pessoa,
reparado o dano ou restitu’da a coisa, atŽ o recebimento da denœncia ou
da queixa, por ato volunt‡rio do agente, a pena ser‡ reduzida de um a
dois ter•os.

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b) O agente que, involuntariamente, desiste de prosseguir na execu•‹o
ou impede que o resultado se produza, n‹o responde pelos atos j‡
praticados.
c) Diz-se o crime tentado quando nele se reœnem todos os elementos de
sua defini•‹o legal.
d) Pelo resultado que agrava especialmente a pena, s— responde o
agente que o houver causado, exceto culposamente.
e) N‹o se pune a tentativa quando, por absoluta impropriedade do meio
ou por inefic‡cia absoluta do objeto, Ž imposs’vel consumar-se o crime.
COMENTçRIOS:
a) CORRETA: Item correto, pois esta Ž a figura do arrependimento posterior,
previsto no art. 16 do CP.
b) ERRADA: O agente, neste caso, apesar de beneficiado pela desist•ncia
volunt‡ria ou pelo arrependimento eficaz, nos termos do art. 15 do CP, responde
pelos atos Jç PRATICADOS.
c) ERRADA: Item errado, pois neste caso teremos um crime CONSUMADO, nos
termos do art. 14, I do CP.
d) ERRADA: Item errado, pois, Òpelo resultado que agrava especialmente a pena,
s— responde o agente que o houver causado ao menos culposamenteÓ, nos termos
do art. 19 do CP, ou seja, o agente responder‡ caso tenha dado causa ao
resultado agravador PELO MENOS a t’tulo de culpa (e, claro, tambŽm responder‡
se o resultado agravador deriva de DOLO).
e) ERRADA: Item errado, pois a absoluta impropriedade deve ser do OBJETO, e
a inefic‡cia absoluta deve ser do MEIO EMPREGADO (a alternativa inverte as
situa•›es), nos termos do art. 17 do CP.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA A.

13.! (FCC Ð 2014 Ð MPE-PA Ð PROMOTOR DE JUSTI‚A)


Aprovada em Sess‹o Plen‡ria de 15 de dezembro de 1976, a Sœmula 554
do Supremo Tribunal Federal enuncia que ÒO pagamento de cheque
emitido sem suficiente previs‹o de fundos, ap—s o recebimento da
denœncia, n‹o obsta o prosseguimento da a•‹o penalÓ. Com o advento da
reforma da Parte Geral do C—digo Penal pela Lei no 7.209/1984, o sentido
normativo dessa sœmula passou a ser, no entanto, tensionado por
importantes segmentos da doutrina brasileira, notadamente ˆ luz do
instituto denominado
a) insignific‰ncia penal.
b) desist•ncia volunt‡ria.
c) arrependimento eficaz.
d) arrependimento posterior.
e) crime imposs’vel.

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COMENTçRIOS: Quando da edi•‹o da sœmula, vigorava a reda•‹o original do
CP, que n‹o previa a diminui•‹o de pena em raz‹o do arrependimento posterior
(repara•‹o do dano ou restitui•‹o da coisa antes do recebimento da denœncia,
nos crimes sem viol•ncia ou grave amea•a). Assim, o STF criou uma hip—tese de
extin•‹o da punibilidade em raz‹o da repara•‹o do dano no crime de estelionato
pela emiss‹o de cheque sem fundos. Ou seja, se o agente pagasse a quantia,
ficaria extinta a punibilidade. Todavia, com a reforma de 1984, e a cria•‹o do
instituto do arrependimento posterior, a Doutrina questionou a validade dessa
sœmula, ao argumento de que, atualmente, a repara•‹o do dano (antes do
recebimento da denœncia), neste caso, n‹o pode mais extinguir a punibilidade,
eis que h‡ norma legal explicitando que ser‡ mera causa de diminui•‹o de pena
(arrependimento posterior).
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA D.

14.! (FCC Ð 2014 Ð MPE-PA Ð PROMOTOR DE JUSTI‚A)


Segundo sua classifica•‹o doutrin‡ria dominante, o chamado ofend’culo
pode mais precisamente caracterizar situa•‹o de exclus‹o de
a) antijuridicidade.
b) tipicidade.
c) periculosidade.
d) culpabilidade.
e) punibilidade.
COMENTçRIOS: O ofend’culo (tambŽm chamado de Òofend’culasÓ) s‹o
mecanismos de defesa preordenada (cacos de vidro nos muros, cerca elŽtrica,
etc.). Nesse caso, a Doutrina os considera como hip—teses de exclus‹o da ilicitude
(ou exclus‹o da antijuridicidade).
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA A.

15.! (FCC Ð 2014 Ð TCE-PI Ð ASSESSOR JURêDICO)


Em direito penal:
I. Reconhecida a tentativa, a pena h‡ de ser diminu’da na propor•‹o
inversa do iter criminis percorrido pelo agente.
II. A causalidade, nos crimes comissivos por omiss‹o, n‹o Ž f‡tica, mas
jur’dica, consistente em n‹o haver atuado o omitente, como devia e
podia, para impedir o resultado.
III. O crime culposo comissivo por omiss‹o pressup›e a viola•‹o por
parte do omitente do dever de agir para impedir o resultado.
IV. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevit‡vel, exclui a punibilidade e
se confunde com o desconhecimento da lei.
Est‡ correto o que se afirma APENAS em
a) I, II e III.
b) I, II e IV.

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c) II, III e IV.
d) III e IV.
e) I e III.
COMENTçRIOS:
I Ð CORRETA: Item correto, pois a tentativa, uma vez reconhecida, gera
diminui•‹o de pena. A diminui•‹o variar‡ de acordo com a proximidade de
alcance do resultado. Se a conduta esteve pr—xima do resultado, a diminui•‹o
ser‡ pr—xima do m’nimo poss’vel. Caso a conduta tenha estado distante da
consuma•‹o, a diminui•‹o se aproximar‡ do m‡ximo poss’vel.
II Ð CORRETA: Os crimes omissivos impr—prios, tambŽm chamados de crimes
Òcomissivos por omiss‹oÓ, s‹o aqueles em que o agente o agente tem a obriga•‹o
legal de agir para evitar o resultado, de maneira que, se n‹o o faz e o resultado
ocorre, o agente responde pelo resultado ocorrido (diferentemente dos crimes
omissivos puros, em que o agente responde apenas pela omiss‹o,
independentemente do resultado). Trata-se, aqui, de uma rela•‹o de causalidade
normativa entre a conduta (o n‹o agir) e o resultado. N‹o h‡ causalidade f’sica,
eis que Òdo nada, nada surgeÓ. O agente n‹o deu ÒcausaÓ (fisicamente falando)
ao resultado, mas como devia e podia evita-lo, responde por ele.
III Ð CORRETA: Item correto, pois o agente, neste caso, responder‡ pelo
resultado a t’tulo de culpa quando, por inobserv‰ncia do seu dever de cuidado,
deixar de agir para evitar o resultado, quando devia e podia.
IV Ð ERRADA: Item errado, pois o desconhecimento da lei ninguŽm pode alegar.
Todavia, o erro sobre a ilicitude do fato, se inevit‡vel, afasta a CULPABILIDADE,
n‹o a punibilidade, nos termos do art. 21 do CP.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA A.

16.! (FCC Ð 2014 Ð TRT 18 Ð JUIZ)


ƒ causa de exclus‹o da tipicidade,
a) a insignific‰ncia do fato ou a sua adequa•‹o social, segundo corrente
doutrin‡ria e jurisprudencial.
b) o erro inevit‡vel sobre a ilicitude do fato.
c) a coa•‹o moral irresist’vel.
d) a n‹o exigibilidade de conduta diversa.
e) a obedi•ncia hier‡rquica.
COMENTçRIOS: O item correto Ž a Letra A. Isto porque a insignific‰ncia e a
adequa•‹o social s‹o fatores que afastam a tipicidade material (necessidade de
que a conduta seja uma viola•‹o a um bem jur’dica penalmente relevante) e,
portanto, a tipicidade. As demais s‹o hip—teses de exclus‹o da culpabilidade.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA A.

17.! (FCC Ð 2014 Ð TRT 18 Ð JUIZ)

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No que diz respeito aos est‡gios de realiza•‹o do crime, Ž correto afirmar
que
a) se atinge a consuma•‹o com o exaurimento do delito.
b) h‡ arrependimento eficaz quando o agente, por ato volunt‡rio, nos
crimes sem viol•ncia ou grave amea•a ˆ pessoa, repara o dano ou restitui
a coisa atŽ o recebimento da denœncia ou da queixa.
c) h‡ desist•ncia volunt‡ria quando o agente, embora j‡ realizado todo
o processo de execu•‹o, impede que o resultado ocorra.
d) na desist•ncia volunt‡ria e no arrependimento eficaz o agente s—
responde pelos atos j‡ praticados, se t’picos.
e) a tentativa constitui circunst‰ncia atenuante.
COMENTçRIOS: O item correto Ž a Letra D. Vejamos:
Desist•ncia volunt‡ria e arrependimento eficaz(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de
11.7.1984)
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execu•‹o ou impede
que o resultado se produza, s— responde pelos atos j‡ praticados.(Reda•‹o dada pela
Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
A letra B d‡ o conceito do arrependimento posterior, nos termos do art. 16 do
CP, logo, est‡ errada.
A letra A est‡ errada porque a consuma•‹o se d‡ com a ocorr•ncia do resultado
JURêDICO (que pode ou n‹o dispensar o resultado natural’stico, ou seja, um
eventual resultado no mundo f’sico). O exaurimento Ž mera fase POSTERIOR ˆ
consuma•‹o do delito.
A letra C d‡ o conceito de arrependimento eficaz, logo, errada.
A letra E est‡ errada porque a tentativa n‹o Ž circunst‰ncia atenuante, mas causa
de redu•‹o de pena.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA D.

18.! (FCC Ð 2014 Ð CåMARA MUNICIPAL-SP Ð PROCURADOR)


Na tentativa pun’vel, o correspondente abatimento na pena intensifica-
se segundo
a) a aptid‹o para consumar.
b) a periculosidade demonstrada.
c) a lesividade j‡ efetivada.
d) o itiner‡rio j‡ percorrido.
e) o exaurimento j‡ alcan•ado.
COMENTçRIOS: Na tentativa, aplica-se a pena prevista para o delito
consumado, com redu•‹o de pena de 1/3 a 2/3:
Art. 14 - Diz-se o crime: (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
(...)
Pena de tentativa(Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)

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Par‡grafo œnico - Salvo disposi•‹o em contr‡rio, pune-se a tentativa com a pena
correspondente ao crime consumado, diminu’da de um a dois ter•os.(Inclu’do pela Lei
n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Para a defini•‹o de qual o patamar de redu•‹o, ser‡ utilizado o critŽrio da maior
ou menos proximidade com a consuma•‹o do delito. Quanto mais longe, maior a
redu•‹o de pena. Quanto mais pr—ximo da consuma•‹o, menor a redu•‹o.
Ou seja, ser‡ avaliado o itiner‡rio percorrido pela conduta criminosa.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA D.

19.! (FCC Ð 2014 - TRF 3 Ð TƒCNICO JUDICIçRIO)


N‹o h‡ crime sem
a) dolo.
b) resultado natural’stico.
c) imprud•ncia.
d) conduta.
e) les‹o.
COMENTçRIOS: Dentre os elementos apontados pela quest‹o, o œnico que
necessariamente estar‡ presente em TODOS os crimes Ž a conduta (a•‹o ou
omiss‹o + vontade), eis que indispens‡vel para sua exist•ncia.
O dolo s— se exige nos crimes dolosos.
O resultado natural’stico s— se exige nos crimes materiais, bem como a les‹o.
J‡ a imprud•ncia s— se exige em alguns crimes culposos (pois podem ser
praticados, tambŽm, por neglig•ncia ou imper’cia).
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA D.

20.! (FCC Ð 2014 - TRF 3 Ð TƒCNICO JUDICIçRIO)


Paulo, sabendo que seu desafeto Pedro n‹o sabia nadar e desejando
mat‡-lo, jogou-o nas ‡guas, durante a travessia de um bra•o de mar.
Todavia, ficou com pena da v’tima, mergulhou e a retirou, antes que se
afogasse. Nesse caso, ocorreu:
a) desist•ncia volunt‡ria.
b) arrependimento eficaz
c) crime tentado
d) crime putativo.
e) crime imposs’vel
COMENTçRIOS: No caso em tela o agente j‡ praticou todos os atos da
execu•‹o, tendo exaurido sua capacidade para a execu•‹o do delito, ou seja,
temos uma execu•‹o perfeita e acabada, de forma que incab’vel falar em
desist•ncia volunt‡ria, que pressup›e a possibilidade de prosseguir na execu•‹o.

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No caso em tela, contudo, o agente evita a ocorr•ncia do resultado, por ter se
arrependido de sua conduta. Neste caso, caracterizado est‡ o arrependimento
EFICAZ. Vejamos:
Desist•ncia volunt‡ria e arrependimento eficaz(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de
11.7.1984)
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execu•‹o ou impede
que o resultado se produza, s— responde pelos atos j‡ praticados.(Reda•‹o dada pela
Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA B.

21.! (FCC Ð 2014 Ð DPE-CE Ð DEFENSOR PòBLICO)


Segundo entendimento doutrin‡rio, o consentimento do ofendido
(quando n‹o integra a pr—pria descri•‹o t’pica), a adequa•‹o social e a
inexigibilidade de conduta diversa constituem causas supralegais de
exclus‹o, respectivamente, da
a) tipicidade, da culpabilidade e da ilicitude.
b) culpabilidade, da tipicidade e da ilicitude.
c) ilicitude, da tipicidade e da culpabilidade.
d) ilicitude, da culpabilidade e da tipicidade.
e) culpabilidade, da ilicitude e da tipicidade.
COMENTçRIOS: O consentimento do ofendido Ž causa supralegal de exclus‹o
ilicitude (antijuridicidade), desde que a aus•ncia de consentimento do ofendido
n‹o esteja expressa no tipo penal como elemento do tipo. Neste caso, teremos
exclus‹o da tipicidade.
A adequa•‹o social afasta a tipicidade material da conduta, por aus•ncia de
lesividade social.
Por fim, a inexigibilidade de conduta diversa Ž um dos elementos capazes de
afastar a culpabilidade.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA C.

22.! (FCC Ð 2014 Ð TCE-GO Ð ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO)


A adequa•‹o perfeita entre o fato natural, concreto, e a descri•‹o
abstrata contida na lei denomina-se
a) culpabilidade.
b) tipicidade.
c) antijuridicidade.
d) rela•‹o de causalidade.
e) consun•‹o.
COMENTçRIOS: Quando um fato ocorrido se amoldo perfeitamente a uma
descri•‹o prevista no tipo penal, temos o que se chama de Òadequa•‹o t’picaÓ,
ou ju’zo positivo de tipicidade.

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Assim, a adequa•‹o do fato ao tipo penal gera a tipicidade (formal).
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA B.

23.! (FCC Ð 2014 Ð TCE-GO Ð ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO)


Considere:
I. C’cerus aceitou desafio para lutar.
II. Marcus atingiu o agressor ap—s uma agress‹o finda.
III. L’cius reagiu a uma agress‹o iminente.
Presentes os demais requisitos legais, a excludente da leg’tima defesa
pode ser reconhecida em favor de
a) L’cius, apenas.
b) C’cerus e Marcus.
c) C’cerus e L’cius.
d) Marcus e L’cius.
e) C’cerus, apenas
COMENTçRIOS:
I Ð ERRADA: C’cerus n‹o pode se valer da leg’tima defesa, pois a agress‹o de
seu oponente n‹o ser‡ injusta, posto que ambos concordaram em participar da
luta.
II Ð ERRADA: Neste caso, como a agress‹o j‡ havia cessado, Marcus n‹o agiu
em leg’tima defesa, tendo ocorrido vingan•a.
III Ð CORRETA: Se L’cius reagiu a uma agress‹o iminente (prestes a ocorrer),
estar‡ amparado pela leg’tima defesa (desde que presentes os demais requisitos,
conforme apontado pela quest‹o).
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA A.

24.! (FCC Ð 2014 Ð TCE-GO Ð ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO)


N‹o se admite a tentativa nos crimes
a) unissubsistentes.
b) culposos.
c) omissivos puros.
d) omissivos impr—prios.
e) preterdolosos sem consuma•‹o do resultado agregado.
COMENTçRIOS: A quest‹o foi bem anulada. Isso porque todos os crimes citados
NÌO admitem tentativa, ˆ exce•‹o dos omissivos impr—prios, pois estes admitem
a tentativa. Na verdade, a Banca provavelmente queria saber qual deles admitia
a tentativa, mas acabou pedindo o que Òn‹o admiteÓ a tentativa, motivo pelo qual
acabou anulada corretamente.

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Lembrando que os crimes UNISSUBSISTENTES n‹o admitem tentativa, pois n‹o
Ž poss’vel fracionar a conduta em diversos atos. Como todo crime omissivo puro
Ž unissubsistente, estes tambŽm n‹o admitem tentativa.
Os crimes culposos tambŽm n‹o admitem tentativa, por uma quest‹o de l—gica:
Se o agente n‹o queria o resultado, n‹o Ž poss’vel falar em ÒtentativaÓ.
Por fim, os preterdolosos n‹o admitem tentativa em rela•‹o ao resultado que
qualifica o crime, pois este resultado Ž obtido a t’tulo de culpa (O agente come•a
a conduta dolosamente, mas obtŽm um resultado diferente, por culpa).
Portanto, a quest‹o foi ANULADA.

25.! (FCC Ð 2015 Ð TCM-GO Ð AUDITOR DE CONTROLE EXTERNO)


Fernando deu in’cio ˆ execu•‹o de um delito material, praticando atos
capazes de produzir o resultado lesivo. Todavia, aliou-se ˆ sua a•‹o uma
concausa
I. preexistente, absolutamente independente em rela•‹o ˆ conduta do
agente que, por si s—, produziu o resultado.
II. concomitante, absolutamente independente em rela•‹o ˆ conduta do
agente que, por si s—, produziu o resultado.
III. superveniente, relativamente independente em rela•‹o ˆ conduta do
agente, situada na mesma linha de desdobramento f’sico da conduta do
agente, concorrendo para a produ•‹o do resultado.
IV. superveniente, relativamente independente em rela•‹o ˆ conduta do
agente, sem guardar posi•‹o de homogeneidade em rela•‹o ˆ conduta
do agente e que, por si s—, produziu o resultado.
O resultado lesivo NÌO ser‡ imputado a Fernando, que responder‡
apenas pelos atos praticados, nas situa•›es indicadas em
a) I, II e IV.
b) III e IV.
c) I e III.
d) I e II.
e) II, III e IV.
COMENTçRIOS: Essa quest‹o se resolve facilmente da seguinte forma: As
concausas ABSOLUTAMENTE independentes (I e II) NUNCA geram a imputa•‹o
do resultado ao agente (a conduta do agente n‹o Ž causa, pois pode ser suprimida
mentalmente sem afetar o resultado).
As concausas RELATIVAMENTE independentes, preexistentes ou concomitantes,
n‹o excluem a imputa•‹o do resultado ao agente, pois h‡ uma soma de
Òesfor•osÓ entre a concausa e a conduta do agente (a conduta do agente Ž causa,
pois NÌO pode ser suprimida mentalmente sem afetar o resultado).
Em rela•‹o ˆs concausas SUPERVENIENTES RELATIVAMENTE independentes,
devemos dividi-las em:
a) Produziram, por si s—, o resultado.

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b) Agregaram-se ao nexo causal iniciado pela conduta do agente, contribuindo
para a produ•‹o do resultado.
No primeiro caso o agente NÌO responde pelo resultado, mas apenas pelos atos
que praticou. No segundo o caso o agente responde pelo resultado, pois a
concausa superveniente, a despeito de estar ligada ˆ conduta inicial do agente,
criou um novo nexo de causalidade, vindo a produzir o resultado sem se inserir
na cadeia causal da conduta do agente.
Assim, podemos verificar que somente na afirmativa III o agente responder‡ pelo
resultado, por se tratar de concausa superveniente, relativamente independente
que SE AGREGOU ˆ conduta do agente para, conjuntamente, produzirem o
resultado.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA A.

26.! (FCC Ð 2015 Ð TCM-GO Ð AUDITOR CONSELHEIRO SUBSTITUTO)


A respeito do dolo e da culpa, Ž correto afirmar que
a) na culpa consciente o agente prev• o resultado e admite a sua
ocorr•ncia como consequ•ncia prov‡vel da sua conduta.
b) no dolo eventual o agente prev• a ocorr•ncia do resultado, mas espera
sinceramente que ele n‹o aconte•a.
c) a imprud•ncia Ž a aus•ncia de precau•‹o, a falta de ado•‹o das
cautelas exig’veis por parte do agente.
d) a imper’cia Ž a pr‡tica de conduta arriscada ou perigosa, aferida pelo
comportamento do homem mŽdio.
e) Ž previs’vel o fato cujo poss’vel superveni•ncia n‹o escapa ˆ
perspic‡cia comum.
COMENTçRIOS:
A) ERRADA: Na culpa consciente, apesar de prever o resultado, o agente acredita
que ele n‹o v‡ acontecer.
B) ERRADA: Esta Ž a defini•‹o de culpa consciente. No dolo eventual o agente
prev• o resultado como prov‡vel, mas sem se importar com sua eventual
ocorr•ncia.
C) ERRADA: Item errado, pois esta Ž a defini•‹o da NEGLIGæNCIA.
D) ERRADA: A defini•‹o corresponde ˆ IMPRUDæNCIA. A imper’cia Ž a pr‡tica de
uma conduta por quem n‹o tem os atributos exigidos para tal.
E) CORRETA: De fato, a doutrina entende que a previsibilidade objetiva deve ser
aferida com base num ju’zo mediano de intelig•ncia, ou seja, ser‡ previs’vel o
fato que pudesse ser antevisto por uma pessoa de intelig•ncia mediana, inerente
ˆ maioria das pessoas.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA E.

27.! (FCC Ð 2011 Ð TCE-SP Ð PROCURADOR)

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Os crimes que resultam do n‹o fazer o que a lei manda, sem depend•ncia
de qualquer resultado natural’stico, s‹o chamados de
A) comissivos por omiss‹o.
B) formais.
C) omissivos pr—prios.
D) comissivos.
E) omissivos impr—prios.
COMENTçRIOS:
A) ERRADA: Os crimes comissivos por omiss‹o resultam de um Òn‹o fazerÓ o que
a lei manda, mas dependem de um resultado natural’stico.
B) ERRADA: Os crimes formais, de fato, independem da exist•ncia do resultado
natural’stico, mas n‹o necessariamente s‹o omissivos.
C) CORRETA: Os crimes omissivos pr—prios s‹o os œnicos que reœnem ambas as
caracter’sticas, pois decorrem de um Òn‹o fazerÓ o que a lei manda, e s‹o formais,
ou seja, independem de um resultado natural’stico.
D) ERRADA: Os crimes comissivos n‹o decorrem de Òum n‹o fazerÓ, mas de um
ÓfazerÓ. Portanto, a alternativa est‡ incorreta.
E) ERRADA: Os omissivos impr—prios s‹o sin™nimos de comissivos por omiss‹o,
logo, est‡ errada, nos termos da fundamenta•‹o da alternativa A.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA C.

28.! (FCC Ð 2011 Ð TCE-SP Ð PROCURADOR)


No estado de necessidade,
A) h‡ necessariamente rea•‹o contra agress‹o.
B) o agente responder‡ apenas pelo excesso culposo.
C) deve haver proporcionalidade entre a gravidade do perigo que
amea•a o bem jur’dico e a gravidade da les‹o causada.
D) a amea•a deve ser apenas a direito pr—prio.
E) inadmiss’vel a modalidade putativa.
COMENTçRIOS:
A) ERRADA: Rea•‹o contra agress‹o est‡ presente na leg’tima defesa, n‹o no
estado de necessidade, que pode decorrer de uma cat‡strofe natural, etc.
B) ERRADA: O agente responde tanto pelo excesso culposo quanto pelo excesso
doloso.
C) CORRETA: O bem jur’dico sacrificado deve ser de valor menor ou igual ao bem
jur’dico preservado, nos termos do art. 24 do C—digo Penal, quando fala em
razoabilidade.
D) ERRADA: Tanto age em estado de necessidade quem defende direito pr—prio
quanto quem defende direito de terceiro, nos termos do art. 24 do CP.

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E) ERRADA: ƒ plenamente poss’vel a modalidade putativa, pois o agente pode
supor, erroneamente, estar presente uma situa•‹o de necessidade que, caso
presente, justificaria sua conduta, de forma a excluir a ilicitude do fato.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA C.

29.! (FCC Ð 2011 Ð TCE-SP Ð PROCURADOR)


Para a doutrina finalista, o dolo integra a
A) culpabilidade.
B) tipicidade.
C) ilicitude.
D) antijuridicidade.
E) punibilidade.
COMENTçRIOS:
A) ERRADA: O dolo integra a culpabilidade apenas para a Doutrina natural’stica;
B) CORRETA: Para a Doutrina finalista, de Hans Welzel, o dolo e a culpa
(elementos subjetivos) s‹o deslocados da culpabilidade para a conduta e,
portanto, para o fato t’pico.
C) ERRADA: Como vimos, o dolo integra a conduta, logo, o fato t’pico.
D) ERRADA: A antijuridicidade Ž sin™nimo de ilicitude, logo, est‡ incorreta, pois
o dolo (e a culpa) n‹o Ž um de seus elementos.
E) ERRADA: A punibilidade sequer Ž um dos elementos do crime, sendo
meramente a possibilidade que o Estado possui de fazer valer seu Poder Punitivo.
Assim, est‡ incorreta.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA B.

7! GABARITO

1.! ALTERNATIVA C
2.! ALTERNATIVA B
3.! ALTERNATIVA D
4.! ALTERNATIVA A
5.! ALTERNATIVA C
6.! ALTERNATIVA D
7.! ALTERNATIVA B
8.! ALTERNATIVA B
9.! ALTERNATIVA B
10.! ALTERNATIVA A

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11.! ALTERNATIVA E
12.! ALTERNATIVA A
13.! ALTERNATIVA D
14.! ALTERNATIVA A
15.! ALTERNATIVA A
16.! ALTERNATIVA A
17.! ALTERNATIVA D
18.! ALTERNATIVA D
19.! ALTERNATIVA D
20.! ALTERNATIVA B
21.! ALTERNATIVA C
22.! ALTERNATIVA B
23.! ALTERNATIVA A
24.! ANULADA
25.! ALTERNATIVA A
26.! ALTERNATIVA E
27.! ALTERNATIVA C
28.! ALTERNATIVA C
29.! ALTERNATIVA B

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