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00000000000 - DEMO
DIREITO PENAL P/ CLDF (2017) Ð TƒCNICO Ð AGENTE DE POLêCIA
Teoria e quest›es
Aula DEMO Ð Prof. Renan Araujo
AULA DEMO
DO CRIME - CONCEITO. SUJEITOS DO DELITO.
ELEMENTOS (PARTE I): FATO TêPICO; CLASSIFICA‚ÌO
DOS CRIMES (DOLOSO, CULPOSO, CONSUMADO,
TENTADO E IMPOSSêVEL). ILICITUDE.
SUMçRIO
1 DO CRIME ............................................................................................................. 6
1.1 Conceito de crime .......................................................................................... 6
1.2 Sujeitos da infra•‹o penal .............................................................................. 8
1.2.1 Sujeito ativo.................................................................................................. 8
1.2.2 Imunidades Diplom‡ticas .............................................................................. 10
1.2.3 Imunidades Parlamentares ............................................................................ 10
(a) Imunidade material ............................................................................................ 11
(b) Imunidade formal ............................................................................................... 12
1.2.4 Sujeito Passivo ............................................................................................ 13
1.3 Fato t’pico e seus elementos ........................................................................ 14
1.3.1 Conduta ..................................................................................................... 14
1.3.2 Resultado natural’stico.................................................................................. 17
1.3.3 Nexo de Causalidade .................................................................................... 18
1.3.4 Tipicidade ................................................................................................... 23
1.4 Crime doloso e crime culposo ....................................................................... 25
1.4.1 Crime doloso ............................................................................................... 25
1.4.2 Crime culposo ............................................................................................. 27
1.4.3 Crime preterdoloso....................................................................................... 29
1.5 Crime consumado, tentado e imposs’vel ...................................................... 30
1.5.1 Iter criminis ................................................................................................ 30
1.5.1.1 Cogita•‹o (cogitatio) .............................................................................. 30
1.5.1.2 Atos preparat—rios (conatus remotus) ...................................................... 30
1.5.1.3 Atos execut—rios.................................................................................... 31
1.5.1.4 Consuma•‹o ......................................................................................... 32
1.5.1.5 Exaurimento ......................................................................................... 32
1.5.2 Tentativa .................................................................................................... 32
1.5.3 Crime imposs’vel ......................................................................................... 36
1.5.4 Desist•ncia volunt‡ria e arrependimento eficaz ................................................ 37
1.5.5 Arrependimento posterior.............................................................................. 38
1.5.6 Causas de exclus‹o do fato t’pico ................................................................... 41
1.5.6.1 Coa•‹o f’sica irresist’vel ......................................................................... 41
1.5.6.2 Erro de tipo inevit‡vel ............................................................................ 41
1.5.6.3 Sonambulismo e atos reflexos ................................................................. 41
1.5.6.4 Insignific‰ncia e adequa•‹o social da conduta ........................................... 41
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1.6 Ilicitude ....................................................................................................... 42
1.6.1 Estado de necessidade .................................................................................. 42
1.6.2 Leg’tima defesa ........................................................................................... 45
1.6.3 Estrito cumprimento do dever legal ................................................................ 48
1.6.4 Exerc’cio regular de direito ............................................................................ 48
1.6.5 Consentimento do ofendido ........................................................................... 49
1.6.6 Excesso pun’vel ........................................................................................... 50
2 DISPOSITIVOS LEGAIS IMPORTANTES ............................................................... 50
3 SòMULAS PERTINENTES ..................................................................................... 52
3.1 Sœmulas do STJ ............................................................................................ 52
4 RESUMO .............................................................................................................. 52
5 EXERCêCIOS DA AULA ......................................................................................... 59
6 EXERCêCIOS COMENTADOS ................................................................................. 68
7 GABARITO .......................................................................................................... 85
ƒ com imenso prazer que estou aqui, mais uma vez, pelo ESTRATƒGIA
CONCURSOS, tendo a oportunidade de poder contribuir para a aprova•‹o de
voc•s no concurso da CLDF. N—s vamos estudar teoria e comentar exerc’cios
sobre DIREITO PENAL, para o cargo de TƒCNICO LEGISLATIVO Ð AGENTE
DE POLêCIA LEGISLATIVA.
E a’, povo, preparados para a maratona?
O edital acabou de ser publicado, e a Banca ser‡ a FCC. As provas est‹o
agendadas para o dia 17.12.2017.
Bom, est‡ na hora de me apresentar a voc•s, n‹o Ž?
Meu nome Ž Renan Araujo, tenho 30 anos, sou Defensor Pœblico
Federal desde 2010, atuando na Defensoria Pœblica da Uni‹o no Rio de Janeiro,
e mestre em Direito Penal pela Faculdade de Direito da UERJ. Antes,
porŽm, fui servidor da Justi•a Eleitoral (TRE-RJ), onde exerci o cargo de
TŽcnico Judici‡rio, por dois anos. Sou Bacharel em Direito pela UNESA e p—s-
graduado em Direito Pœblico pela Universidade Gama Filho.
Minha trajet—ria de vida est‡ intimamente ligada aos Concursos Pœblicos.
Desde o come•o da Faculdade eu sabia que era isso que eu queria para a minha
vida! E querem saber? Isso faz toda a diferen•a! Algumas pessoas me perguntam
como consegui sucesso nos concursos em t‹o pouco tempo. Simples: Foco +
For•a de vontade + Disciplina. N‹o h‡ f—rmula m‡gica, n‹o h‡ ingrediente
secreto! Basta querer e correr atr‡s do seu sonho! Acreditem em mim, isso
funciona!
ƒ muito gratificante, depois de ter vivido minha jornada de concurseiro,
poder colaborar para a aprova•‹o de outros tantos concurseiros, como um dia eu
fui! E quando eu falo em Òcolaborar para a aprova•‹oÓ, n‹o estou falando apenas
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por falar. O EstratŽgia Concursos possui ’ndices alt’ssimos de aprova•‹o
em todos os concursos!
Neste curso voc•s receber‹o todas as informa•›es necess‡rias para que
possam ter sucesso no concurso da CLDF. Acreditem, voc•s n‹o v‹o se
arrepender! O EstratŽgia Concursos est‡ comprometido com sua
aprova•‹o, com sua vaga, ou seja, com voc•!
Mas Ž poss’vel que, mesmo diante de tudo isso que eu disse, voc• ainda
n‹o esteja plenamente convencido de que o EstratŽgia Concursos Ž a melhor
escolha. Eu entendo voc•, j‡ estive deste lado do computador. Ës vezes Ž dif’cil
escolher o melhor material para sua prepara•‹o. Contudo, alguns colegas de
caminhada podem te ajudar a resolver este impasse:
==0==
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Fato t’pico; infra•›es penais: crime e
contraven•‹o; crime doloso; crime
culposo; antijuridicidade; exclus‹o
Aula 00 05/09
de antijuridicidade; imunidades
diplom‡ticas e parlamentares;
prerrogativa de fun•‹o;
Crimes contra a pessoa: Crime
Aula 01 12/09
contra a vida e integridade f’sica.
Crimes contra a fŽ pœblica. Crimes
Aula 02 19/09
contra a organiza•‹o do trabalho.
Crimes praticados por funcion‡rio
Aula 03 pœblico contra a administra•‹o em 26/09
geral
Crimes praticados por particular
Aula 04 03.10
contra a administra•‹o em geral
Crimes contra a administra•‹o
pœblica estrangeira. Crimes contra a
Aula 05 10/10
administra•‹o da Justi•a. Crimes
contra as finan•as pœblicas.
Aula 06 Lei de Drogas (Lei 11.343/06) 17/10
Crimes previstos no ECA. Crimes no
Aula 07 C—digo de Defesa do Consumidor. 31/10
Crimes Eleitorais.
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Outro diferencial importante Ž que nosso curso em PDF ser‡
complementado por videoaulas. Nas videoaulas ser‹o apresentados
alguns pontos considerados mais relevantes da matŽria, seja atravŽs da
apresenta•‹o da teoria seja atravŽs da resolu•‹o de exerc’cios anteriores, como
forma de ajudar na assimila•‹o da matŽria.
E-mail: profrenanaraujo@gmail.com
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1! DO CRIME
1.1!Conceito de crime
O Crime Ž um fen™meno social, disso nenhum de voc•s duvida. Entretanto,
como conceituar o crime juridicamente?
Muito se buscou na Doutrina acerca disso, tendo surgido inœmeras posi•›es
a respeito. Vamos tratar das principais.
O Crime pode ser entendido sob tr•s aspectos: Material, legal e anal’tico.
Sob o aspecto material, crime Ž toda a•‹o humana que lesa ou exp›e
a perigo um bem jur’dico de terceiro, que, por sua relev‰ncia, merece a
prote•‹o penal. Esse aspecto valoriza o crime enquanto conteœdo, ou seja,
busca identificar se a conduta Ž ou n‹o apta a produzir uma les‹o a um bem
jur’dico penalmente tutelado.
Assim, se uma lei cria um tipo penal dizendo que Ž proibido chorar em
pœblico, essa lei n‹o estar‡ criando uma hip—tese de crime em seu sentido
material, pois essa conduta NUNCA SERç crime em sentido material, pois n‹o
produz qualquer les‹o ou exposi•‹o de les‹o a bem jur’dico de quem quer que
seja. Assim, ainda que a lei diga que Ž crime, materialmente n‹o o ser‡.
Sob o aspecto legal, ou formal, crime Ž toda infra•‹o penal a que a lei
comina pena de reclus‹o ou deten•‹o, nos termos do art. 1¡ da Lei de
Introdu•‹o ao CP.1
Percebam que o conceito aqui Ž meramente legal. Se a lei cominar a uma
conduta a pena de deten•‹o ou reclus‹o, cumulada ou alternativamente com a
pena de multa, estaremos diante de um crime.
Por outro lado, se a lei cominar a apenas pris‹o simples ou multa, alternativa
ou cumulativamente, estaremos diante de uma contraven•‹o penal.
Esse aspecto consagra o SISTEMA DICOTïMICO adotado no Brasil, no
qual existe um g•nero, que Ž a infra•‹o penal, e duas espŽcies, que s‹o o crime
e a contraven•‹o penal. Assim:
1
Art 1¼ Considera-se crime a infra•‹o penal que a lei comina pena de reclus‹o ou de deten•‹o, quer
isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contraven•‹o, a infra•‹o penal a
que a lei comina, isoladamente, pena de pris‹o simples ou de multa, ou ambas. alternativa ou
cumulativamente.
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CRIMES
INFRAÇÕES
PENAIS
CONTRAVENÇÕES
PENAIS
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MATERIAL
CONCEITO DE TEORIA
FORMAL
CRIME BIPARTIDA
TEORIA
QUADRIPARTIDA
1.2.1!Sujeito ativo
Sujeito ativo Ž a pessoa que pratica a conduta descrita no tipo penal.
Entretanto, atravŽs do concurso de pessoas, ou concurso de agentes, Ž poss’vel
que alguŽm seja sujeito ativo de uma infra•‹o penal sem que realize a
conduta descrita no tipo penal.
EXEMPLO: Pedro atira contra Paulo, vindo a causar-lhe a morte. Pedro Ž
sujeito ativo do crime de homic’dio, previsto no art. 121 do C—digo Penal, isso
n‹o se discute. Mas tambŽm ser‡ sujeito ativo do crime de homic’dio, Jo‹o, que
lhe emprestou a arma e lhe encorajou a atirar. Embora Jo‹o n‹o tenha realizado
a conduta prevista no tipo penal, pois n‹o praticou a conduta de Òmatar alguŽmÓ,
auxiliou material e moralmente Pedro a faz•-lo.
Somente o ser humano, em regra, pode ser sujeito ativo de uma
infra•‹o penal. Os animais, por exemplo, n‹o podem ser sujeitos ativos da
infra•‹o penal, embora possam ser instrumentos para a pr‡tica de crimes.
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Modernamente, tem se admitido a RESPONSABILIDADE PENAL DA
PESSOA JURêDICA, ou seja, tem se admitido que a pessoa jur’dica seja
considerada SUJEITO ATIVO DE INFRA‚ÍES PENAIS.
Embora boa parte da DOUTRINA discorde desta corrente, por inœmeras
raz›es, temos que estud‡-la.
A Constitui•‹o de 1988 trouxe, em seu art. 225, ¤ 3¡, estabelece que:
¤ 3¼ - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitar‹o os
infratores, pessoas f’sicas ou jur’dicas, a san•›es penais e administrativas,
independentemente da obriga•‹o de reparar os danos causados.
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1.2.2!Imunidades Diplom‡ticas
Estas imunidades se baseiam no princ’pio da reciprocidade, ou seja, o Brasil
concede imunidade a estas pessoas, enquanto os Pa’ses que representam
conferem imunidades aos nossos representantes.
N‹o h‡ viola•‹o ao princ’pio constitucional da isonomia! Cuidado! Pois a
imunidade n‹o Ž conferida em raz‹o da pessoa imunizada, mas em raz‹o do
cargo que ocupa. Ou seja, ela Ž de car‡ter funcional. Entenderam?
Estas imunidades diplom‡ticas est‹o previstas na Conven•‹o de Viena,
incorporada ao nosso ordenamento jur’dico atravŽs do Decreto 56.435/65, que
prev• imunidade total (em rela•‹o a qualquer crime) aos Diplomatas, que est‹o
sujeitos ˆ Jurisdi•‹o de seu pa’s apenas. Esta imunidade se estende aos
funcion‡rios dos —rg‹os internacionais (quando em servi•o!) e aos seus
familiares, bem como aos Chefes de Governo e Ministros das Rela•›es Exteriores
de outros pa’ses.
Essa imunidade Ž IRRENUNCIçVEL, exatamente por n‹o pertencer ˆ
pessoa, mas ao cargo que ocupa! Essa Ž a posi•‹o do STF! Cuidado com isso!
Com rela•‹o aos c™nsules (diferentes dos Diplomatas) a imunidade s— Ž
conferida aos atos praticados em raz‹o do of’cio, n‹o a qualquer crime.
EXEMPLO: Se Yamazaki, c™nsul do Jap‹o no Rio de Janeiro, no domingo,
curtindo uma praia, agride um vendedor de picolŽs por ter lhe dado o troco errado
(carioca malandro...), responder‡ pelo crime, pois n‹o se trata de ato praticado
no exerc’cio da fun•‹o.
Resumidamente:
¥! IMUNIDADE TOTAL DE JURISDI‚ÌO PENAL Ð Agentes
diplom‡ticos e seus familiares, bem como os membros do pessoal
administrativo e tŽcnico da miss‹o, assim como os membros de suas
fam’lias que com eles vivam, desde que n‹o sejam nacionais do estado
acreditado (no caso, o Brasil) nem nele tenham resid•ncia
permanente.
¥! IMUNIDADE DE JURISDI‚ÌO PENAL em rela•‹o aos ATOS
PRATICADOS NO EXERCêCIO DAS FUN‚ÍES Ð C™nsules2 e
membros do pessoal de servi•o da miss‹o diplom‡tica que n‹o sejam
nacionais do Estado acreditado nem nele tenham resid•ncia
permanente.
1.2.3!Imunidades Parlamentares
Est‹o previstas na Constitui•‹o Federal, motivo pelo qual geralmente s‹o
mais bem estudadas naquela disciplina. Entretanto, como costumam ser
cobradas tambŽm na matŽria de Direito Penal, vamos estud‡-la ponto a ponto.
Trata-se de prerrogativas dos parlamentares, com vistas a se preservar
a Institui•‹o (Poder Legislativo) de inger•ncias externas. S‹o duas as hip—teses
2
Art. 43.1 do Decreto 61.078/67 Ð Promulga•‹o da Conven•‹o de Viena sobre Rela•›es Consulares.
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de imunidades parlamentares: a) material (conhecida como real, ou ainda,
inviolabilidade); b) formal (ou processual ou ainda, adjetiva).
Vejam que Ž necess‡rio que o ato (no caso dos vereadores) tenha sido
praticado na circunscri•‹o do munic’pio. Caso contr‡rio, n‹o haver‡ a
incid•ncia da prote•‹o constitucional.
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FEDERAL poder‡ tomar a iniciativa de pedir a susta•‹o da a•‹o penal, que ser‡
decidida pela Casa.
1.2.4!Sujeito Passivo
O sujeito passivo nada mais Ž que aquele que sofre a ofensa causada
pelo sujeito ativo. Pode ser de duas espŽcies:
1)! Sujeito passivo mediato ou formal Ð ƒ o Estado, pois a ele pertence
o dever de manter a ordem pœblica e punir aqueles que cometem crimes.
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Todo crime possui o Estado como sujeito passivo mediato, pois todo crime
Ž uma ofensa ao Estado, ˆ ordem estatu’da;
2)! Sujeito passivo imediato ou material Ð ƒ o titular do bem jur’dico
efetivamente lesado. Por exemplo: A pessoa que sofre a les‹o no crime
de les‹o corporal (art. 129 do CP), o dono do carro roubado no crime de
roubo (art. 157 do CP), etc.
1.3.1!Conduta
Tr•s s‹o as principais teorias3 que buscam explicar a conduta: Teoria
causal-natural’stica (ou cl‡ssica), finalista e social.
3
Temos, ainda, outras teorias de menor relev‰ncia para fins de concurso, como a teoria funcionalista
teleol—gica de CLAUS ROXIN, segundo a qual a no•‹o de ÒcondutaÓ deve estar vinculada ˆ fun•‹o do Direito
Penal (que Ž a de prote•‹o de bens jur’dicos). Logo, conduta seria a a•‹o ou omiss‹o, dolosa ou culposa,
que provoque (ou seja destinada a provocar) uma ofensa relevante ao bem jur’dico.
H‡, ainda, o funcionalismo sist•mico (tambŽm chamado de radical), cujo principal expoente Ž JAKOBS.
Para essa teoria a conduta deve ser analisada com base na fun•‹o que o Direito Penal cumpre no sistema
social, mais precisamente, a fun•‹o de reafirmar a ordem violada pelo ato criminoso. Assim, para esta teoria,
a conduta seria a a•‹o ou omiss‹o, dolosa ou culposa, que viola o sistema e frustra a expectativa normativa
(expectativa de que todos cumpram a norma). Importa saber, portanto, se houve viola•‹o ˆ norma, n‹o
importando se h‡ alguma ofensa a bens jur’dicos.
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Para a teoria causal-natural’stica, conduta Ž a a•‹o humana. Assim,
basta que haja movimento corporal para que exista conduta. Esta teoria est‡
praticamente abandonada, pois entende que n‹o h‡ necessidade de se analisar
o conteœdo da vontade do agente nesse momento, guardando esta an‡lise (dolo
ou culpa) para quando do estudo da culpabilidade.4
Para a teoria finalista, de HANS WELZEL, a conduta humana Ž a a•‹o
volunt‡ria dirigida a uma determinada finalidade. Assim:
Conduta = vontade + a•‹o
4
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. cit., p. 287/288
5
DOTTI, RenŽ Ariel. Curso de Direito Penal, Parte Geral. 4. ed. S‹o Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2012,
p. 397
6
DOTTI, RenŽ Ariel. Curso de Direito Penal, Parte Geral. 4. ed. S‹o Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2012,
p. 396
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Para terceira teoria, a teoria social, a conduta Ž a a•‹o humana, volunt‡ria
e que Ž dotada de alguma relev‰ncia social.7
H‡ cr’ticas a esta teoria, pois a relev‰ncia social n‹o seria um elemento
estruturante da conduta, mas uma qualidade que esta poderia ou n‹o possuir.
Assim, a conduta que n‹o fosse socialmente relevante continuaria sendo
conduta.8
A conduta humana pode ser uma a•‹o ou uma omiss‹o. A quest‹o Ž:
Qual Ž o resultado natural’stico que advŽm de uma omiss‹o?
Naturalisticamente nenhum, pois do nada, nada surge. Assim, aquele que se
omite na presta•‹o de socorro a alguŽm, pode estar cometendo o crime de
omiss‹o de socorro, art. 135 do C—digo Penal (que Ž um crime formal, pois a
morte daquele a quem n‹o se prestou socorro Ž irrelevante), n‹o porque causou
a morte de alguŽm (atŽ porque este resultado Ž irrelevante e n‹o fora
diretamente provocado pelo agente), mas porque descumpriu um comando legal.
Entretanto, o art. 13, ¤ 2¡ do CP diz o seguinte:
¤ 2¼ - A omiss‹o Ž penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para
evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:
a) tenha por lei obriga•‹o de cuidado, prote•‹o ou vigil‰ncia;
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorr•ncia do resultado.
Mas como se pode dizer que a conduta do pai matou o filho? Tecnicamente
falando, a conduta do pai n‹o gerou a morte do filho. O que gerou a morte do
filho foi a aus•ncia de alimento e ‡gua. Entretanto, pela teoria natural’stico-
normativa, a ele Ž imputado o resultado, em raz‹o do seu descumprimento
do dever de vigil‰ncia e cuidado.
7
DOTTI, RenŽ Ariel. Op. cit. p. 397
8
ROXIN, Claus. Derecho penal, parte general: Tomo I. Civitas. Madrid, 1997, p. 246/247
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RELAÇÃO DE
CRIMES CAUSALIDADE RESULTADO
COMISSIVOS FÍSICA OU NATURALÍSTICO
NATURAL
1.3.2!Resultado natural’stico
O resultado natural’stico Ž a modifica•‹o do mundo real provocada
pela conduta do agente.9
Entretanto, apenas nos crimes chamados materiais se exige um
resultado natural’stico. Nos crimes formais e de mera conduta n‹o h‡ essa
exig•ncia.
Os crimes formais s‹o aqueles nos quais o resultado natural’stico pode
ocorrer, mas a sua ocorr•ncia Ž irrelevante para o Direito Penal. J‡ os
crimes de mera conduta s‹o crimes em que n‹o h‡ um resultado
natural’stico poss’vel. Vou dar um exemplo de cada um dos tr•s:
¥! Crime material Ð Homic’dio. Para que o homic’dio seja consumado, Ž
necess‡rio que a v’tima venha a —bito. Caso isso n‹o ocorra, estaremos
diante de um homic’dio tentado (ou les›es corporais culposas);
¥! Crime formal Ð Extors‹o (art. 158 do CP). Para que o crime de extors‹o
se consume n‹o Ž necess‡rio que o agente obtenha a vantagem il’cita,
bastando o constrangimento ˆ v’tima;
¥! Crime de mera conduta Ð Invas‹o de domic’lio. Nesse caso, a mera
presen•a do agente, indevidamente, no domic’lio da v’tima caracteriza o
9
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. cit., p. 354
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crime. N‹o h‡ um resultado previsto para esse crime. Qualquer outra
conduta praticada a partir da’ configura crime aut™nomo (furto, roubo,
homic’dio, etc.).
1.3.3!Nexo de Causalidade
Nos termos do art. 13 do CP:
Art. 13 - O resultado, de que depende a exist•ncia do crime, somente Ž imput‡vel
a quem lhe deu causa. Considera-se causa a a•‹o ou omiss‹o sem a qual o resultado
n‹o teria ocorrido.
Assim, o nexo de causalidade pode ser entendido como o v’nculo que une
a conduta do agente ao resultado natural’stico ocorrido no mundo exterior.
Portanto, s— se aplica aos crimes materiais!
Algumas teorias existem acerca do nexo de causalidade:
¥!TEORIA DA EQUIVALæNCIA DOS ANTECEDENTES (OU DA CONDITIO
SINE QUA NON) Ð Para esta teoria, Ž considerada causa do crime toda conduta
sem a qual o resultado n‹o teria ocorrido. Assim, para se saber se uma conduta
Ž ou n‹o causa do crime, devemos retir‡-la do curso dos acontecimentos e ver
se, ainda assim, o crime ocorreria (Processo hipotŽtico de elimina•‹o de
ThyrŽn). EXEMPLO: Marcelo acorda de manh‹, toma cafŽ, compra uma arma e
encontra Jœlio, seu desafeto, disparando tr•s tiros contra ele, causando-lhe a
morte. Retirando-se do curso o cafŽ tomado por Marcelo, conclu’mos que o
resultado teria ocorrido do mesmo jeito. Entretanto, se retirarmos a compra da
arma do curso do processo, o crime n‹o teria ocorrido.
O inconveniente claro desta teoria Ž que ela permite que se coloquem como
causa situa•›es absurdas, como a venda da arma ou atŽ mesmo o nascimento
do agente, j‡ que se os pais n‹o tivessem colocado a crian•a no mundo, o crime
n‹o teria acontecido. Isso Ž um absurdo!
Assim, para solucionar o problema, criou-se outro filtro que Ž o dolo.
Logo, s— ser‡ considerada causa a conduta que Ž indispens‡vel ao
resultado e que foi querida pelo agente. Assim, no exemplo anterior, o
10
Pelo princ’pio da ofensividade, n‹o Ž poss’vel haver crime sem resultado jur’dico. BITENCOURT, Cezar
Roberto. Op. cit., p. 354
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vendedor da arma n‹o seria responsabilizado, pois nada mais fez que vender seu
produto, n‹o tendo a inten•‹o (nem sequer imaginou) de ver a morte de Jœlio.
Nesse sentido:
CAUSA = conduta indispens‡vel ao resultado + que tenha
sido prevista e querida por quem a praticou
Podemos dizer, ent‹o, que a causalidade aqui n‹o Ž meramente f’sica, mas
tambŽm, psicol—gica.
Essa foi a teoria adotada pelo C—digo Penal, como regra.
EXEMPLO (1) Pedro resolve matar Jo‹o, e coloca veneno em seu drink.
PorŽm, Pedro n‹o sabe que Marcelo tambŽm queria matar Jo‹o e minutos
antes tambŽm havia colocado veneno no drink de Jo‹o, que vem a morrer em
raz‹o do veneno colocado por Marcelo. Nesse caso, a concausa preexistente
(conduta de Marcelo) produziu por si s— o resultado (morte). Nesse caso, Pedro
responder‡ somente por tentativa de homic’dio.
__________________________________________________
EXEMPLO (2) Pedro resolve matar Jo‹o, e come•a a disparar contra ele
projŽteis de arma de fogo. Entretanto, durante a execu•‹o, o teto da casa de
Jo‹o desaba sobre ele, vindo a causar-lhe a morte. Aqui, a causa concomitante
(queda do teto) produziu isoladamente o resultado (morte). Portanto, Pedro
responde somente por homic’dio tentado.
__________________________________________________
EXEMPLO (3) Pedro resolve matar Jo‹o, desta vez, ministrando em sua
bebida certa dose de veneno. Entretanto, antes que o veneno fa•a efeito,
Marcelo aparece e dispara 10 tiros de pistola contra Jo‹o, o mantando. Nesse
caso, Pedro responder‡ somente por homic’dio tentado.
11
CUNHA, RogŽrio Sanches. Manual de Direito Penal. Parte Especial. 7¼ edi•‹o. Ed. Juspodivm. Salvador,
2015, p. 232/233
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__________________________________________________
Em todos estes casos o agente NÌO responde pelo resultado ocorrido.
Por qual motivo? Sua conduta NÌO FOI a causa da morte (aplica-se a
pr—pria e j‡ falada teoria da equival•ncia dos antecedentes). Se suprimirmos
a conduta de cada um destes agentes (nos tr•s exemplos), o resultado morte
ainda assim teria ocorrido da mesma forma. Logo, a conduta dos agentes
NÌO Ž considerada causa.
EXEMPLO (1) Caio decide matar Maria, desferindo contra ela golpes de fac‹o,
causando-lhe a morte. Entretanto, Maria era hemof’lica (condi•‹o conhecida
por Caio), tendo a doen•a contribu’do em grande parte para seu —bito.
Nesse caso, embora a doen•a (concausa preexistente) tenha contribu’do para
o —bito, Caio responde por homic’dio consumado. Por qual motivo? Sua
conduta FOI a causa da morte (aplica-se a pr—pria e j‡ falada teoria da
equival•ncia dos antecedentes). Se suprimirmos a conduta de Caio, o
resultado teria ocorrido? N‹o. Caio teve a inten•‹o de produzir o resultado?
Sim. Logo, responde pelo resultado (homic’dio consumado).
___________________________________________________
EXEMPLO (2) Pedro resolve matar Jo‹o, e coloca em seu drink determinada
dose de veneno. Ao mesmo tempo, Ricardo faz a mesma coisa. Pedro e Ricardo
querem a mesa coisa, mas n‹o se conhecem nem sabem da conduta um do
outro. Jo‹o ingere a bebida e acaba falecendo. A per’cia comprova que
qualquer das doses de veneno, isoladamente, n‹o seria capaz de produzir o
resultado. PorŽm, a soma de esfor•os de ambas (a soma das quantidades de
veneno) produziu o resultado. Assim, Pedro responde por homic’dio
consumado.
Por qual motivo? Sua conduta FOI a causa da morte (aplica-se a pr—pria
e j‡ falada teoria da equival•ncia dos antecedentes). Se suprimirmos a
conduta de Pedro, o resultado teria ocorrido? N‹o. Pedro teve a inten•‹o de
produzir o resultado? Sim. Logo, responde pelo resultado (homic’dio
consumado).
AtŽ aqui n—s conseguimos resolver todos os casos pela teoria da equival•ncia
dos antecedentes, da seguinte forma:
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¥! Nas concausas absolutamente independentes Ð Em todos os
casos a conduta do agente n‹o contribuiu para o resultado. Logo,
pelo ju’zo hip—tese de elimina•‹o, a conduta do agente n‹o foi causa.
Portanto, n‹o responde pelo resultado.
¥! Nas concausas relativamente independentes (Preexistentes e
concomitantes) Ð Em todos os casos a conduta do agente
contribuiu para o resultado. Logo, pelo ju’zo hip—tese de elimina•‹o,
a conduta do agente foi causa. Portanto, responde pelo resultado.
EXEMPLO (1) - Pedro resolve matar Jo‹o (insistente esse cara!), e dispara 25
tiros contra ele, usando seu Fuzil Autom‡tico Ligeiro-Fal, CALIBRE 7.62 (agora
vai!). Jo‹o fica estirado no ch‹o, Ž socorrido por uma ambul‰ncia e, no caminho
para o Hospital, sofre um acidente de carro (a ambul‰ncia bate de frente com
uma carreta) e vem a morrer em raz‹o do acidente, n‹o dos ferimentos
causados por Pedro.
Nesse caso, Pedro responde apenas por tentativa de homic’dio.
Por qual motivo? Sua conduta n‹o foi a causa da morte. Mas, se
suprimirmos a conduta de Pedro, o resultado teria ocorrido? N‹o. Pedro teve a
inten•‹o de produzir o resultado? Sim.
Ent‹o por que n‹o responde pelo resultado??
Aqui o CP adotou a teoria da causalidade adequada. A causa
superveniente (acidente de tr‰nsito) produziu por si s— o resultado, j‡ que o
acidente de ambul‰ncia n‹o Ž o desdobramento natural de um disparo de arma
de fogo (esse resultado n‹o Ž consequ•ncia natural e previs’vel da conduta do
agente12).
Perceba que a concausa superveniente (acidente de carro), apesar de
produzir sozinha o resultado, n‹o Ž absolutamente independente, pois
se n‹o fosse a conduta de Pedro, o acidente n‹o teria ocorrido (j‡ que a v’tima
n‹o estaria na ambul‰ncia).
Por isso dizemos que, aqui, temos:
§! Concausa superveniente relativamente independente Ð A conduta
de Pedro Ž relevante para o resultado.
12
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal Ð Parte Geral. Ed. Saraiva, 21¼ edi•‹o. S‹o Paulo,
2015, p. 324/325
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§! Que por si s— produziu o resultado Ð Apesar disso, a conduta de Pedro
foi relevante apenas por CRIAR A SITUA‚ÌO, mas n‹o foi a respons‡vel
efetiva pela morte.
AGENTE NÃO
RESPONDE PELO TEORIA DA
ABSOLUTAMENTE
INDEPENDENTES RESULTADO, POIS EQUIVALÊNCIA DOS
SUA CONDUTA ANTECEDENTES
NÃO FOI CAUSA.
PRODUZIU SOZINHA
RELATIVAMENTE O RESULTADO - NÃO
INDEPENDENTES TEORIA DA
RESPONDE PELO
CAUSALIDADE
RESULTADO. É
ADEQUADA
CAUSA, MAS NÃO É
CAUSA ADEQUADA.
SUPERVENIENTES
NÃO PRODUZIU
SOZINHA O
RESULTADO - TEORIA DA
EQUIVALÊNCIA DOS
RESPONDE PELO ANTECEDENTES
RESULTADO - FOI
CAUSA
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¥! TEORIA DA IMPUTA‚ÌO OBJETIVA Ð A teoria da imputa•‹o objetiva, que
foi melhor desenvolvida por Roxin13, tem por finalidade ser uma teoria mais
completa em rela•‹o ao nexo de causalidade, em contraposi•‹o ˆs "vigentes"
teoria da equival•ncia das condi•›es e teoria da causalidade adequada.
Para a teoria da imputa•‹o objetiva, a imputa•‹o s— poderia ocorrer quando o
agente tivesse dado causa ao fato (causalidade f’sica) mas, ao mesmo tempo,
houvesse uma rela•‹o de causalidade NORMATIVA, assim compreendida como
a cria•‹o de um risco n‹o permitido para o bem jur’dico que se pretende
tutelar. Para esta teoria, a conduta deve:
a)! Criar ou aumentar um risco Ð Assim, se a conduta do agente n‹o aumentou
nem criou um risco, n‹o h‡ crime14. Exemplo cl‡ssico: JosŽ conversa com
Paulo na cal•ada. Pedro, inimigo de Paulo, atira um vaso de planta do 10¼
andar, com a finalidade de matar Paulo. JosŽ v• que o vaso ir‡ cair sobre a
cabe•a de Paulo e o empurra. Paulo cai no ch‹o e fratura levemente o bra•o.
Neste caso, JosŽ deu causa (causalidade f’sica) ˆs les›es corporais sofridas
por Paulo. Contudo, sua conduta n‹o criou nem aumentou um risco. Ao
contr‡rio, JosŽ diminuiu um risco, ao evitar a morte de Paulo.
b)! Risco deve ser proibido pelo Direito Ð Aquele que cria um risco de les‹o para
alguŽm, em tese n‹o comete crime, a menos que esse risco seja proibido pelo
Direito. Assim, o filho que manda os pais em viagem para a Europa, na
inten•‹o de que o avi‹o caia, os pais morram, e ele receba a heran•a, n‹o
comete crime, pois o risco por ele criado n‹o Ž proibido pelo Direito.
c)! Risco deve ser criado no resultado Ð Assim, um crime n‹o pode ser imputado
ˆquele que n‹o criou o risco para aquela ocorr•ncia. Explico: Imaginem que
JosŽ ateia fogo na casa de Maria. JosŽ causou um risco, n‹o permitido pelo
Direito. Deve responder pelo crime de inc•ndio doloso, art. 250 do CP.
Entretanto, Maria invade a casa em chamas para resgatar a œnica foto que
restou de seu filho falecido, sendo lambida pelo fogo, vindo a falecer. Nesse
caso, JosŽ n‹o responde pelo crime de homic’dio, pois o risco por ele criado
n‹o se insere nesse resultado, que foi provocado pela conduta exclusiva de
Maria.
1.3.4!Tipicidade
A tipicidade pode ser de duas ordens: tipicidade formal e tipicidade
material.
A tipicidade formal nada mais Ž que a adequa•‹o da conduta do agente
a uma previs‹o t’pica (norma penal que prev• o fato e lhe descreve como
crime). Assim, o tipo do art. 121 Ž: Òmatar alguŽmÓ. Portanto, quando Marcio
esfaqueia Luiz e o mata, est‡ cometendo fato t’pico (tipicidade formal), pois est‡
praticando uma conduta que encontra previs‹o como tipo penal.
13
ROXIN, Claus. Derecho penal, parte general: Tomo I. Civitas. Madrid, 1997, p. 362/411
14
ROXIN, Claus. Op. cit., p. 365
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N‹o h‡ muito o que se falar acerca da tipicidade formal. Basta que o
intŽrprete proceda ao cotejo entre a conduta praticada no caso concreto e
a conduta prevista na Lei Penal (subsun•‹o). Se a conduta praticada se
amoldar ˆquela prevista na Lei Penal, o fato ser‡ t’pico, ou seja, haver‡
adequa•‹o t’pica, por estar presente o elemento ÒtipicidadeÓ.
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1.4.1!Crime doloso
O dolo Ž o elemento subjetivo do tipo, consistente na vontade, livre e
consciente, de praticar o crime (dolo direto), ou a assun•‹o do risco produzido
pela conduta (dolo eventual). Nos termos do art. 18 do CP:
Art. 18 - Diz-se o crime: (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Crime doloso(Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;(Inclu’do
pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
15
BITENCOURT, Op. cit., p. 290/291
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EXEMPLO: Imagine que Renato, dono de um s’tio, e apreciador da pr‡tica do
tiro esportivo, decida levantar s‡bado pela manh‹ e praticar tiro no seu terreno,
mesmo sabendo que as balas possuem longo alcance e que h‡ casas na
vizinhan•a. Renato atŽ n‹o quer que ninguŽm seja atingido, mas sabe que isso
pode ocorrer e n‹o se importa, pratica a conduta assim mesmo. Nesse caso, se
Renato atingir alguŽm, causando-lhe les›es ou mesmo a morte, estar‡
praticando homic’dio doloso por dolo eventual.
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v’tima morreu por afogamento. Nesse caso, embora a m‹e n‹o tenha
querido matar o filho afogado, mas por estrangulamento, isso Ž
irrelevante penalmente, importando apenas o fato de que a m‹e
alcan•ou o fim pretendido (morte do filho), ainda que por outro meio,
devendo, pois, responder por homic’dio consumado;
¥! Dolo alternativo Ð O agente pratica a conduta visando um resultado
ou outro, tanto faz. Ex.: JosŽ atira uma pedra em Maria, querendo
mat‡-la ou lesion‡-la, tanto faz. O dolo alternativo Ž considerado
espŽcie de dolo indireto, assim como o dolo eventual.
¥! Dolo antecedente, atual e subsequente Ð O dolo antecedente Ž o
que se d‡ antes do in’cio da execu•‹o da conduta. O dolo atual Ž o
que est‡ presente enquanto o agente se mantŽm exercendo a
conduta, e o dolo subsequente ocorre quando o agente, embora
tendo iniciado a conduta com uma finalidade l’cita, altera seu ‰nimo,
passando a agir de forma il’cita. Esse œltimo caso Ž o que ocorre no
caso, por exemplo, do crime de apropria•‹o indŽbita (art. 168 do CP),
no qual o agente recebe o bem de boa-fŽ, obrigando-se devolv•-lo,
mas, posteriormente, muda de idŽia e n‹o devolve o bem nas
condi•›es ajustadas, passando a agir de maneira il’cita.
1.4.2!Crime culposo
Se no crime doloso o agente quis o resultado, sendo este seu objetivo, ou
assumiu o risco de sua ocorr•ncia, embora n‹o fosse originalmente pretendido o
resultado, no crime culposo a conduta do agente Ž destinada a um determinado
fim (que pode ser l’cito ou n‹o), tal qual no dolo eventual, mas pela viola•‹o a
um dever de cuidado, o agente acaba por lesar um bem jur’dico de terceiro,
cometendo crime culposo.
A viola•‹o ao dever objetivo de cuidado pode se dar de tr•s maneiras:
¥! Neglig•ncia Ð O agente deixa de tomar todas as cautelas
necess‡rias para que sua conduta n‹o venha a lesar o bem jur’dico
de terceiro. ƒ o famoso relapso. Aqui o agente deixa de fazer algo
que deveria;
¥! Imprud•ncia Ð ƒ o caso do afoito, daquele que pratica atos
temer‡rios, que n‹o se coadunam com a prud•ncia que se deve ter
na vida em sociedade. Aqui o agente faz algo que a prud•ncia
n‹o recomenda;
¥! Imper’cia Ð Decorre do desconhecimento de uma regra tŽcnica
profissional. Assim, se o mŽdico, ap—s fazer todos os exames
necess‡rios, d‡ diagn—stico errado, concedendo alto ao paciente e
este vem a —bito em decorr•ncia da alta concedida, n‹o h‡
neglig•ncia, pois o profissional mŽdico adotou todos os cuidados
necess‡rios, mas em decorr•ncia de sua falta de conhecimento
tŽcnico, n‹o conseguiu verificar qual o problema do paciente, o que
acabou por ocasionar seu falecimento;
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que o resultado possa ocorrer. A culpa consciente se aproxima muito
do dolo eventual, pois em ambos o agente prev• o resultado e mesmo
assim age. Entretanto, a diferen•a Ž que, enquanto no dolo eventual
o agente assume o risco de produzi-lo, n‹o se importando com
a sua ocorr•ncia, na culpa consciente o agente n‹o assume o
risco de produzir o resultado, pois acredita, sinceramente, que ele
n‹o ocorrer‡.
¥! Culpa pr—pria e culpa impr—pria Ð A culpa pr—pria Ž aquela na
qual o agente NÌO QUER O RESULTADO criminoso. ƒ a culpa
propriamente dita. Pode ser consciente, quando o agente prev• o
resultado como poss’vel, ou inconsciente, quando n‹o h‡ essa
previs‹o. Na culpa impr—pria, o agente quer o resultado, mas,
por erro inescus‡vel, acredita que o est‡ fazendo amparado
por uma causa excludente da ilicitude ou da culpabilidade. ƒ o
caso do pai que, percebendo um barulho na madrugada, se levanta e
avista um vulto, determinando sua imediata parada. Como o vulto
continua, o pai dispara tr•s tiros de arma de fogo contra a v’tima,
acreditando estar agindo em leg’tima defesa de sua fam’lia. No
entanto, ao verificar a v’tima, percebe que o vulto era seu filho de 16
anos que havia sa’do escondido para assistir a um show de Rock no
qual havia sido proibido de ir. Nesse caso, embora o crime seja
naturalmente doloso (pois o agente quis o resultado), por quest›es
de pol’tica criminal o C—digo determina que lhe seja aplicada a pena
correspondente ˆ modalidade culposa. Nos termos do art. 20, ¤ 1¡
do CP:
Art. 20 (...) ¤ 1¼ - ƒ isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas
circunst‰ncias, sup›e situa•‹o de fato que, se existisse, tornaria a a•‹o leg’tima.
N‹o h‡ isen•‹o de pena quando o erro deriva de culpa e o fato Ž pun’vel como
crime culposo.(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
1.4.3!Crime preterdoloso
H‡ ainda a figura do crime preterdoloso (ou preterintencional). O
crime preterdoloso ocorre quando o agente, com vontade de praticar determinado
crime (dolo), acaba por praticar crime mais grave, n‹o com dolo, mas por culpa.
Um exemplo cl‡ssico Ž o crime de les‹o corporal seguida de morte, previsto no
art. 129, ¤ 3¡ do CP. Nesse crime o agente provoca les›es corporais na v’tima,
mediante conduta dolosa. No entanto, em raz‹o de sua imprud•ncia na execu•‹o
(excesso), acabou por provocar a morte da v’tima, que era um resultado n‹o
pretendido (culpa).
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A Doutrina distingue, no entanto, o crime preterdoloso do crime
qualificado pelo resultado16. Para a Doutrina, o crime qualificado pelo
resultado Ž um g•nero, do qual o crime preterdoloso Ž espŽcie. Um crime
qualificado pelo resultado Ž aquele no qual, ocorrendo determinado
resultado, teremos a aplica•‹o de uma circunst‰ncia qualificadora. Aqui
Ž irrelevante se o resultado que qualifica o crime Ž doloso ou culposo. No delito
preterdoloso, o resultado que qualifica o crime Ž, necessariamente,
culposo. Ou seja, h‡ dolo na conduta inicial e culpa em rela•‹o ao
resultado que efetivamente ocorre.
1.5.1!Iter criminis
O iter criminis Ž o Òcaminho do crimeÓ, ou seja, o itiner‡rio percorrido pelo
agente atŽ a consuma•‹o do delito.
O iter criminis pode ser dividido em 04 etapas:
16
GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 337
17
Em raz‹o do princ’pio da Òexterioriza•‹o do fatoÓ ou Òmaterializa•‹o do fatoÓ, que impede a puni•‹o de
atitudes internas das pessoas.
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Ex.: JosŽ quer matar Maria. Para tanto, JosŽ vai atŽ uma loja e compra uma faca
bem grande.
Como regra, os atos preparat—rios s‹o impun’veis, j‡ que o agente n‹o
chega, sequer, a iniciar a execu•‹o do crime. Todavia, os atos preparat—rios ser‹o
pun’veis quando configurarem, por si s—, um delito aut™nomo.
Ex.: JosŽ quer falsificar v‡rias notas de R$ 100,00 (quer praticar o crime de
moeda falsa, art. 289 do CP). Assim, JosŽ compra um maquin‡rio destinado a
falsificar moeda. A princ’pio, essa conduta seria um mero ato preparat—rio
impun’vel. Todavia, neste espec’fico caso o CP j‡ criminaliza essa conduta
preparat—ria, estabelecendo um tipo penal aut™nomo, que Ž o crime de
Òpetrechos de falsifica•‹oÓ (art. 291 do CP18), ou seja, o CP j‡ considera crime a
aquisi•‹o do maquin‡rio!
18
Petrechos para falsifica•‹o de moeda
Art. 291 - Fabricar, adquirir, fornecer, a t’tulo oneroso ou gratuito, possuir ou guardar
maquinismo, aparelho, instrumento ou qualquer objeto especialmente destinado ˆ falsifica•‹o de
moeda:
Pena - reclus‹o, de dois a seis anos, e multa.
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primeiro exemplo, haveria execu•‹o quando JosŽ estivesse esperando
Maria passar.
⇒! Teoria objetivo-individual Ð Para esta a defini•‹o do que Ž ato execut—rio
passa, necessariamente, pela an‡lise do plano do autor do fato, ou seja, do
seu dolo. Assim, seriam atos execut—rios aqueles que fossem
imediatamente anteriores ao in’cio da execu•‹o da conduta descrita no
nœcleo do tipo. Ex.: JosŽ quer furtar uma casa, e invade a resid•ncia. Neste
caso, mesmo n‹o tendo ainda dado in’cio ˆ subtra•‹o, j‡ haveria ato
execut—rio.
1.5.1.4! Consuma•‹o
Aqui o crime atinge sua realiza•‹o plena, havendo a presen•a de todos os
elementos que o comp›em, ou seja, o agente consegue realizar tudo o que o tipo
penal prev•, causando a ofensa jur’dica prevista na norma penal.
Temos, aqui, portanto, um crime completo e acabado.
1.5.1.5! Exaurimento
O exaurimento Ž uma etapa Òp—s-crimeÓ, ou seja, um acontecimento
posterior ˆ consuma•‹o do delito, n‹o alterando a tipifica•‹o da conduta.
Ex.: JosŽ pratica falso testemunho num processo que envolve Maria (crime de
falso testemunho consumado, art. 342 do CP). Ap—s isso, Maria Ž condenada em
raz‹o do testemunho falso de JosŽ (consequ•ncia que Ž mero exaurimento do
delito, n‹o alterando a tipifica•‹o do crime).
1.5.2!Tentativa
Todos os elementos citados como sendo partes integrantes do fato t’pico
(conduta, resultado natural’stico, nexo de causalidade e tipicidade) s‹o, no
entanto, elementos do crime material consumado, que Ž aquele no qual se
exige resultado natural’stico e no qual este resultado efetivamente ocorre.
Nos termos do art. 14 do CP:
Art. 14 - Diz-se o crime: (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
I - consumado, quando nele se reœnem todos os elementos de sua defini•‹o legal;
(Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
II - tentado, quando, iniciada a execu•‹o, n‹o se consuma por circunst‰ncias alheias
ˆ vontade do agente. (Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
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Assim, nos crimes tentados, por n‹o haver sua consuma•‹o (ocorr•ncia de
resultado natural’stico), n‹o estar‹o presentes, em regra, os elementos
ÒresultadoÓ e Ònexo de causalidadeÓ.
Disse Òem regraÓ, porque pode acontecer que um crime tentado produza
resultados, que ser‹o analisados de acordo com a conduta do agente e sua
aptid‹o para produzi-los.
EXEMPLO: Imaginem que Marcelo, visando ˆ morte de Rodrigo, dispare cinco
tiros de pistola contra ele. Rodrigo Ž baleado, fica paraplŽgico, mas sobrevive.
Nesse caso, como o objetivo n‹o era causar les‹o corporal, mas sim matar, o
crime n‹o foi consumado, pois a morte n‹o ocorreu. Entretanto, n‹o se pode
negar que houve resultado natural’stico e nexo causal, embora este resultado
n‹o tenha sido o pretendido pelo agente quando da pr‡tica da conduta
criminosa.
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Desta forma, o crime cometido na modalidade tentada n‹o Ž punido da
mesma maneira que o crime consumado, pois embora o desvalor da conduta (sua
reprovabilidade social) seja o mesmo do crime consumado, o desvalor do
resultado (suas consequ•ncias na sociedade) Ž menor, indiscutivelmente. Assim,
diz-se que o CP adotou a teoria dual’stica, realista ou objetiva da
punibilidade da tentativa.19
Mas qual o critŽrio para aplica•‹o da quantidade de diminui•‹o (1/3
ou 2/3)? Nesse caso, o Juiz deve analisar a proximidade de alcance do resultado.
Quanto mais pr—xima do resultado chegar a conduta, menor ser‡ a
diminui•‹o da pena, e vice-versa. No exemplo acima, como Marcelo quase
matou Rodrigo, chegando a deix‡-lo paraplŽgico, a diminui•‹o ser‡ a menor
poss’vel (1/3), pois o resultado esteve perto de se consumar. Entretanto, se
Marcelo tivesse errado todos os disparos, o resultado teria passado longe da
consuma•‹o, devendo o Juiz aplicar a redu•‹o m‡xima.
A tentativa pode ser:
19
Em contraposi•‹o ˆ Teoria objetiva h‡ a Teoria subjetiva, que sustenta que a punibilidade da tentativa
deveria estar atrelada ao fato de que o desvalor da conduta Ž o mesmo do crime consumado (Ž t‹o
reprov‡vel a conduta de ÒmatarÓ quanto a de Òtentar matarÓ). Para esta Teoria, a tentativa deveria ser
punida da mesma forma que o crime consumado (BITENCOURT, Op. cit., p. 536/537). Na verdade, adotou-
se no Brasil uma espŽcie de Teoria objetiva ÒtemperadaÓ ou mitigada. Isto porque a regra do art. 14, II
admite exce•›es, ou seja, existem casos na legisla•‹o p‡tria em que se pune a tentativa com a mesma pena
do crime consumado.
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1.5.3!Crime imposs’vel
Nos termos do C—digo Penal:
Art. 17 - N‹o se pune a tentativa quando, por inefic‡cia absoluta do meio ou por
absoluta impropriedade do objeto, Ž imposs’vel consumar-se o crime.(Reda•‹o dada
pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
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inten•‹o de mat‡-lo, mas o crime n‹o se consuma porque JosŽ usava um colete
ˆ prova de balas, n‹o h‡ crime imposs’vel, pois o crime poderia se consumar.
20
BITENCOURT, Op. cit., p. 542/543.
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No arrependimento eficaz Ž diferente. Aqui o agente j‡ praticou todos
os atos execut—rios que queria e podia, mas ap—s isto, se arrepende do
ato e adota medidas que acabam por impedir a consuma•‹o do resultado.
Imagine que no exemplo anterior, Poliana tivesse disparado todos os tiros
da pistola em Jason. Depois disso, Poliana se arrepende do que fez e providencia
o socorro de Jason, que sobrevive em raz‹o do socorro prestado. Neste caso,
ter’amos arrependimento eficaz.
Ambos os institutos est‹o previstos no art. 15 do CP:
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execu•‹o ou
impede que o resultado se produza, s— responde pelos atos j‡ praticados.(Reda•‹o
dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
1.5.5!Arrependimento posterior
O arrependimento posterior, por sua vez, n‹o exclui o crime, pois
este j‡ se consumou, mas Ž causa obrigat—ria de diminui•‹o de pena.
Ocorre quando, nos crimes em que n‹o h‡ viol•ncia ou grave amea•a ˆ pessoa,
o agente, atŽ o recebimento da denœncia ou queixa, repara o dano provocado ou
restitui a coisa. Nos termos do art. 16 do CP:
Art. 16 - Nos crimes cometidos sem viol•ncia ou grave amea•a ˆ pessoa, reparado o
dano ou restitu’da a coisa, atŽ o recebimento da denœncia ou da queixa, por ato
volunt‡rio do agente, a pena ser‡ reduzida de um a dois ter•os. (Reda•‹o dada pela
Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
EXEMPLO: Imagine o crime de dano (art. 163 do CP), no qual o agente quebra
a vidra•a de uma padaria, revoltado com o esgotamento do p‹o franc•s naquela
tarde. Nesse caso, se antes do recebimento da queixa o agente ressarcir o
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preju’zo causado, ele responder‡ pelo crime, mas a pena aplicada dever‡
ser diminu’da de um a dois ter•os.
QUADRO ESQUEMçTICO
INSTITUTO RESUMO CONSEQUæNCIAS
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apenas pelos danos
que efetivamente
causou.
ARREPENDIMENTO O agente INICIA a pr‡tica da Responde apenas
EFICAZ conduta delituosa E COMPLETA A pelos atos j‡
EXECU‚ÌO DA CONDUTA, mas se praticados.
arrepende do que fez e toma as Desconsidera-se o
provid•ncias para que o resultado Òdolo inicialÓ, e o
inicialmente pretendido n‹o agente Ž punido
ocorra. O resultado NÌO apenas pelos danos
ocorre. que efetivamente
causou.
ARREPENDIMENTO O agente completa a execu•‹o da O agente tem a
POSTERIOR atividade criminosa e o pena reduzida de
resultado efetivamente 1/3 a 2/3.
ocorre. PorŽm, ap—s a ocorr•ncia
do resultado, o agente se
arrepende E REPARA O DANO ou
RESTITUI A COISA.
1.! S— pode ocorrer nos crimes
cometidos sem viol•ncia
ou grave amea•a ˆ
pessoa
2.! S— tem validade se ocorre
antes do recebimento da
denœncia ou queixa.
CASO HAJA
ARREPENDIMENTO
CRIME SE RESPONDE
PELO CRIME
POSTERIOR =
CAUSA DE
CONSUMA CONSUMADO
DIMINUIÇÃO DE
PENA (1/3 a 2/3)
INÍCIO DA
AGENTE DESISTIU DA
EXECUÇÃO DO EXECUÇÃO
DELITO (DESISTÊNCIA
VOLUNTÁRIA) RESPONDE SÓ
PELOS ATOS
AGENTE COMPLETOU A PRATICADOS
CRIME NÃO SE EXECUÇÃO MAS SE
ARREPENDEU E EVITOU O
CONSUMA RESULTADO
(ARREPENDIMENTO EFICAZ)
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Ž tipificada como crime), h‡ exclus‹o do fato t’pico, eis que n‹o haver‡ tipicidade
material.
1.6!Ilicitude
J‡ vimos que a conduta deve ser considerada um fato t’pico para que o
primeiro elemento do crime esteja presente. Entretanto, isso n‹o basta. Uma
conduta enquadrada como fato t’pico pode n‹o ser il’cita perante o direito. Assim,
a antijuridicidade (ou ilicitude) Ž a condi•‹o de contrariedade da conduta
perante o Direito.
Estando presente o primeiro elemento (fato t’pico), presume-se
presente a ilicitude, devendo o acusado comprovar a exist•ncia de uma
causa de exclus‹o da ilicitude. Percebam, assim, que uma das fun•›es do fato
t’pico Ž gerar uma presun•‹o de ilicitude da conduta, que pode ser desconstitu’da
diante da presen•a de uma das causas de exclus‹o da ilicitude.
As causas de exclus‹o da ilicitude podem ser:
¥! GenŽricas Ð S‹o aquelas que se aplicam a todo e qualquer crime. Est‹o
previstas na parte geral do C—digo Penal, em seu art. 23;
¥! Espec’ficas Ð S‹o aquelas que s‹o pr—prias de determinados crimes, n‹o
se aplicando a outros. Por exemplo: Furto de coisas comum, previsto no art.
156, ¤2¡. Nesse caso, o fato de a coisa furtada ser comum retira a ilicitude
da conduta. PorŽm, s— nesse crime!
1.6.1!Estado de necessidade
Est‡ previsto no art. 24 do C—digo Penal:
Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de
perigo atual, que n‹o provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar,
direito pr—prio ou alheio, cujo sacrif’cio, nas circunst‰ncias, n‹o era razo‡vel exigir-
se.
!
O Brasil adotou a teoria unit‡ria de estado de necessidade, que
estabelece que o bem jur’dico protegido deve ser de valor igual ou superior
ao sacrificado, afastando-se em ambos os casos a ilicitude da conduta.
EXEMPLO: Marcos e Jo‹o est‹o num avi‹o que est‡ caindo. S— h‡ uma mochila
com paraquedas. Marcos agride Jo‹o atŽ causar-lhe a morte, a fim de que o
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paraquedas seja seu e ele possa se salvar. Nesse caso, o bem jur’dico que
Marcos buscou preservar (vida) Ž de igual valor ao bem sacrificado (Vida de
Jo‹o). Assim, Marcos n‹o cometeu crime, pois agiu coberto por uma excludente
de ilicitude, que Ž o estado de necessidade.
21
Bitencourt sustenta que, apesar da ado•‹o da teoria unit‡ria, quando a escolha do agente por sacrificar
determinado bem em detrimento de outro n‹o for a mais correta de acordo com o Direito, mas puder ser
considerada como algo que qualquer pessoa acabaria fazendo da mesma forma, ter’amos o estado de
necessidade exculpante supralegal, ou seja, o Juiz poderia afastar a culpabilidade do agente por considerar
ser inexig’vel conduta diversa. BITENCOURT, Op. cit., p. 411/413
22
A Doutrina se divide quanto ˆ abrang•ncia da express‹o ÒvoluntariamenteÓ. Alguns sustentam que tanto
a causa•‹o culposa quanto a dolosa afastam a possibilidade de caracteriza•‹o do estado de necessidade
(Por todos, ASSIS TOLEDO). Outros defendem que somente a causa•‹o DOLOSA impede a caracteriza•‹o
do estado de necessidade (Por todos, DAMçSIO DE JESUS e CEZAR ROBERTO BITENCOURT). BITENCOURT,
Op. cit., p. 419
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praticado o crime contra a v’tima pretendida,
n‹o a atingida.
MISERABILIDADE O STJ entende que a simples alega•‹o de
miserabilidade n‹o gera o estado de
necessidade para que seja exclu’da a ilicitude
do fato. Entretanto, em determinados casos,
poder‡ excluir a culpabilidade, em raz‹o da
inexigibilidade de conduta diversa
(estudaremos mais ˆ frente).
1.6.2!Leg’tima defesa
Nos termos do art. 25 do CP:
Art. 25 - Entende-se em leg’tima defesa quem, usando moderadamente dos meios
necess‡rios, repele injusta agress‹o, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.
O agente deve ter praticado o fato para repelir uma agress‹o. Contudo, h‡
alguns requisitos:
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morda a v’tima), o agente poder‡ agir em leg’tima defesa. Entretanto, a
leg’tima defesa estar‡ ocorrendo em face do dono (les‹o ao seu patrim™nio, o
cachorro), e n‹o em face do animal.
Com rela•‹o ˆs agress›es praticadas por inimput‡vel, a Doutrina se divide,
mas a maioria entende que nesse caso h‡ leg’tima defesa, e n‹o estado de
necessidade.
Na leg’tima defesa, diferentemente do que ocorre no estado de necessidade,
o agredido (que age em leg’tima defesa) n‹o Ž obrigado a fugir do
agressor, ainda que possa. A lei permite que o agredido revide e se proteja,
ainda que lhe seja poss’vel fugir!
A rea•‹o do agente, por sua vez, deve ser proporcional. Ou seja, os meios
utilizados por ele devem ser suficientes e necess‡rios a repelir a agress‹o injusta.
EXEMPLO: Se um ladr‹o furta uma caneta, a v’tima n‹o pode matar este ladr‹o
para repelir esta agress‹o ao seu patrim™nio, pois ainda que o meio utilizado
seja suficiente para que o patrim™nio seja preservado, n‹o Ž proporcional
sacrificar a vida de alguŽm por causa de uma caneta. Mas nem se for uma
Mont Blanc de R$ 5.000,00? N‹o!!!
A leg’tima defesa n‹o Ž presumida. Aquele que a alega deve provar sua
ocorr•ncia, pois, como estudamos, a exist•ncia do fato t’pico tem o cond‹o de
fazer presumir a ilicitude da conduta, cabendo ao acusado provar a exist•ncia de
uma das causas de exclus‹o da ilicitude.
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CUIDADO! A leg’tima defesa sucessiva Ž poss’vel! ƒ aquela na qual o
agredido injustamente, acaba por se exceder nos meios para repelir a agress‹o.
Nesse caso, como h‡ excesso, esse excesso n‹o Ž permitido. Logo, aquele que
primeiramente agrediu, agora poder‡ agir em leg’tima defesa. Se A
agride B com tapas leves, e B saca uma pistola e come•a a disparar contra A,
que se afasta e para de agredi-lo, caso B continue e atirar, A poder‡ sacar sua
arma e atirar contra B, pois a conduta de A se configura como excesso na
rea•‹o, e B estar‡ agindo em leg’tima defesa sucessiva.
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1.6.3!Estrito cumprimento do dever legal
Nos termos do art. 23, III do CP:
Art. 23 - N‹o h‡ crime quando o agente pratica o fato:
(...)
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exerc’cio regular de direito.
Age acobertado por esta excludente aquele que pratica fato t’pico, mas o faz
em cumprimento a um dever previsto em lei.
Assim, o Policial tem o dever legal de manter a ordem pœblica. Se alguŽm
comete crime, eventuais les›es corporais praticadas pelo policial (quando da
persegui•‹o) n‹o s‹o consideradas il’citas, pois embora tenha sido provocada
les‹o corporal (prevista no art. 129 do CP), o policial agiu no estrito cumprimento
do seu dever legal.
CUIDADO! Quando o policial, numa troca de tiros, acaba por ferir ou matar um
suspeito, ele n‹o age no estrito cumprimento do dever legal, mas em leg’tima
defesa. Isso porque o policial s— pode atirar contra alguŽm quando isso for
absolutamente necess‡rio para repelir injusta agress‹o contra si ou contra
terceiros.23
23
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. cit., p. 431
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Dessa forma, quem age no leg’timo exerc’cio de um direito seu, n‹o
poder‡ estar cometendo crime, pois a ordem jur’dica deve ser harm™nica, de
forma que uma conduta que Ž considerada um direito da pessoa, n‹o pode ser
considerada crime, por quest›es l—gicas. Trata-se de preservar a coer•ncia do
sistema24.
Mas o direito deve estar previsto em lei? Sim! A Doutrina majorit‡ria
entende que os direitos derivados dos costumes locais n‹o podem ser invocados
como causas de exclus‹o da ilicitude.
Quando um atleta entra no octagon (aquela jaula das artes marciais mistas,
antigo vale-tudo), e agride o outro atleta, est‡ causando-lhe les›es corporais
(art. 129 do CP). Entretanto, n‹o comete crime, pois tem esse direito j‡ que
ambos est‹o se submetendo a uma pr‡tica desportiva que permite esse
tipo de conduta.
CUIDADO! Se esse mesmo atleta descumprir as regras do esporte (chutar
a cabe•a do outro atleta ca’do, por exemplo) e causar-lhe les›es, poder‡
responder pelo crime que cometer, pois n‹o lhe Ž permitido fazer isso!
1.6.5!Consentimento do ofendido
O consentimento do ofendido n‹o est‡ expressamente previsto no CP como
causa de exclus‹o da ilicitude. Todavia, a Doutrina Ž pac’fica ao sustentar que o
consentimento do ofendido pode, a depender do caso, afastar a ilicitude da
conduta, funcionando como causa supralegal (n‹o prevista na Lei) de exclus‹o
da ilicitude).
Ex.: JosŽ e Paulo combinam de fazer manobras arriscadas numa moto, estando
Paulo na garupa e JosŽ guiando a motocicleta. Neste caso, se JosŽ perder a
dire•‹o e causar les›es culposas em Paulo, n‹o haver‡ crime, eis que o
consentimento de Paulo em rela•‹o ˆ conduta arriscada de JosŽ afasta a ilicitude
da conduta.
24
O Prof. Zaffaroni entenderia que, neste caso, o fato Ž at’pico, pois, pela sua teoria da tipicidade
conglobante, um fato nunca poder‡ ser t’pico quando sua pr‡tica foi tolerada ou determinada pelo sistema
jur’dico. Fica apenas o registro, mas essa teoria n‹o Ž adotada pelo CP e Doutrinariamente Ž discutida.
Lembrem-se: Fica apenas o registro.
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1.6.6!Excesso pun’vel
O excesso pun’vel Ž o exerc’cio irregular de uma causa excludente
da ilicitude, seja porque n‹o h‡ mais a circunst‰ncia que permitia seu exerc’cio
(cessou a agress‹o, no caso da leg’tima defesa, por exemplo, seja porque o meio
utilizado n‹o Ž proporcional (agredido saca uma metralhadora para repelir um
tapa, no caso da leg’tima defesa). No primeiro caso, temos o excesso extensivo,
e no segundo, o excesso intensivo. Nesses casos, a lei prev• que aquele que se
exceder responder‡ pelos danos que causar, art. 23, ¤ œnico do CP:
Art. 23 (...)
Par‡grafo œnico - O agente, em qualquer das hip—teses deste artigo, responder‡ pelo
excesso doloso ou culposo.
CîDIGO PENAL
Ä Art. 13 do CP Ð Nexo de causalidade e relev‰ncia da omiss‹o
Rela•‹o de causalidade(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Art. 13 - O resultado, de que depende a exist•ncia do crime, somente Ž imput‡vel a
quem lhe deu causa. Considera-se causa a a•‹o ou omiss‹o sem a qual o resultado
n‹o teria ocorrido. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Superveni•ncia de causa independente(Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
¤ 1¼ - A superveni•ncia de causa relativamente independente exclui a imputa•‹o
quando, por si s—, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se
a quem os praticou. (Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Relev‰ncia da omiss‹o(Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
¤ 2¼ - A omiss‹o Ž penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para
evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:(Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de
11.7.1984)
a) tenha por lei obriga•‹o de cuidado, prote•‹o ou vigil‰ncia; (Inclu’do pela Lei n¼
7.209, de 11.7.1984)
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; (Inclu’do pela
Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorr•ncia do resultado. (Inclu’do
pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
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Art. 14 - Diz-se o crime: (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Crime consumado (Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
I - consumado, quando nele se reœnem todos os elementos de sua defini•‹o legal;
(Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Tentativa (Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
II - tentado, quando, iniciada a execu•‹o, n‹o se consuma por circunst‰ncias alheias
ˆ vontade do agente. (Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Pena de tentativa(Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Par‡grafo œnico - Salvo disposi•‹o em contr‡rio, pune-se a tentativa com a pena
correspondente ao crime consumado, diminu’da de um a dois ter•os.(Inclu’do pela Lei
n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Desist•ncia volunt‡ria e arrependimento eficaz(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de
11.7.1984)
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execu•‹o ou impede
que o resultado se produza, s— responde pelos atos j‡ praticados.(Reda•‹o dada pela
Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Arrependimento posterior(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Art. 16 - Nos crimes cometidos sem viol•ncia ou grave amea•a ˆ pessoa, reparado o
dano ou restitu’da a coisa, atŽ o recebimento da denœncia ou da queixa, por ato
volunt‡rio do agente, a pena ser‡ reduzida de um a dois ter•os. (Reda•‹o dada pela
Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Crime imposs’vel (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Art. 17 - N‹o se pune a tentativa quando, por inefic‡cia absoluta do meio ou por
absoluta impropriedade do objeto, Ž imposs’vel consumar-se o crime.(Reda•‹o dada
pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
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II - em leg’tima defesa;(Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exerc’cio regular de direito.(Inclu’do
pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Excesso pun’vel (Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Par‡grafo œnico - O agente, em qualquer das hip—teses deste artigo, responder‡ pelo
excesso doloso ou culposo.(Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Estado de necessidade
Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de
perigo atual, que n‹o provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar,
direito pr—prio ou alheio, cujo sacrif’cio, nas circunst‰ncias, n‹o era razo‡vel exigir-
se. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
¤ 1¼ - N‹o pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar
o perigo. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
¤ 2¼ - Embora seja razo‡vel exigir-se o sacrif’cio do direito amea•ado, a pena poder‡
ser reduzida de um a dois ter•os. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Leg’tima defesa
Art. 25 - Entende-se em leg’tima defesa quem, usando moderadamente dos meios
necess‡rios, repele injusta agress‹o, atual ou iminente, a direito seu ou de
outrem.(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
3! SòMULAS PERTINENTES
3.1!Sœmulas do STJ
Ä Sœmula 567 do STJ Ð Durante algum tempo se discutiu, principalmente na
Doutrina, se a exist•ncia de sistema de vigil‰ncia ou monitoramento eletr™nico
seria um impedimento absoluto ˆ consuma•‹o do delito de furto, caracterizando
crime imposs’vel. O STJ, j‡ h‡ algum tempo, havia solidificado entendimento no
sentido de que tal fato n‹o impede, em absoluto, a consuma•‹o do furto, motivo
pelo qual n‹o h‡ que se falar em crime imposs’vel, mas em tentativa, j‡ que
o meio utilizado n‹o Ž absolutamente ineficaz. Em raz‹o disso, foi editado o
verbete de sœmula 567 do STJ:
Sœmula 567 do STJ - Sistema de vigil‰ncia realizado por monitoramento eletr™nico
ou por exist•ncia de seguran•a no interior de estabelecimento comercial, por si s—,
n‹o torna imposs’vel a configura•‹o do crime de furto.
4! RESUMO
CONCEITO DE CRIME
O Crime pode ser entendido sob tr•s aspectos: Material, formal (legal) e anal’tico:
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¥! Formal (legal) Ð Crime Ž a conduta prevista em Lei como crime. No Brasil,
mais especificamente, Ž toda infra•‹o penal a que a lei comina pena de
reclus‹o ou deten•‹o
¥! Material Ð Crime Ž a conduta que afeta, de maneira significativa (mediante
les‹o ou exposi•‹o a perigo), um bem jur’dico relevante de terceira pessoa.
¥! Anal’tico Ð Ado•‹o da teoria tripartida. Crime Ž composto por fato t’pico,
ilicitude e culpabilidade.
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Crime culposo
No crime culposo a conduta do agente Ž destinada a um determinado fim (que
pode ser l’cito ou n‹o), mas pela viola•‹o a um dever de cuidado, o agente
acaba por lesar um bem jur’dico de terceiro, cometendo crime culposo. Pode se
dar por:
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¥! Neglig•ncia Ð O agente deixa de tomar todas as cautelas
necess‡rias para que sua conduta n‹o venha a lesar o bem jur’dico
de terceiro.
¥! Imprud•ncia Ð ƒ o caso do afoito, daquele que pratica atos
temer‡rios, que n‹o se coadunam com a prud•ncia que se deve ter
na vida em sociedade.
¥! Imper’cia Ð Decorre do desconhecimento de uma regra tŽcnica
profissional para a pr‡tica da conduta.
Modalidades de culpa
¥! Culpa consciente e inconsciente Ð Na culpa consciente, o
agente prev• o resultado como poss’vel, mas acredita que este n‹o
ir‡ ocorrer (previsibilidade SUBJETIVA). Na culpa inconsciente, o
agente n‹o prev• que o resultado possa ocorrer (h‡ apenas
previsibilidade OBJETIVA, n‹o subjetiva).
¥! Culpa pr—pria e culpa impr—pria Ð A culpa pr—pria Ž aquela na
qual o agente NÌO QUER O RESULTADO criminoso. ƒ a culpa
propriamente dita. Pode ser consciente, quando o agente prev• o
resultado como poss’vel, ou inconsciente, quando n‹o h‡ essa
previs‹o. Na culpa impr—pria, o agente quer o resultado, mas,
por erro inescus‡vel, acredita que o est‡ fazendo amparado por uma
causa excludente da ilicitude ou da culpabilidade. A culpa, portanto,
n‹o est‡ na execu•‹o da conduta, mas no momento de escolher
praticar a conduta.
OBS.: crime preterdoloso (ou preterintencional): O crime preterdoloso
ocorre quando o agente, com vontade de praticar determinado crime (dolo),
acaba por praticar crime mais grave, n‹o com dolo, mas por culpa.
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Crime consumado Ð ocorre quando todos os elementos da defini•‹o legal da
conduta criminosa est‹o presentes.
Crime tentado Ð h‡ crime tentado quando o resultado n‹o ocorre por
circunst‰ncias alheias ˆ vontade do agente. Ado•‹o da teoria objetiva da
punibilidade da tentativa: como regra, o agente responde pela pena do crime
consumado, diminu’da de um a dois ter•os. EXCE‚ÌO: (1) crimes em que a mera
tentativa de alcan•ar o resultado j‡ consuma o delito. Ex: art. 352 do CP (Evas‹o
mediante viol•ncia contra a pessoa); (2) outras exce•›es legais.
Crime imposs’vel (tentativa inid™nea ou crime oco) Ð o resultado n‹o ocorre
por ser absolutamente imposs’vel sua ocorr•ncia, em raz‹o: (1) da absoluta
impropriedade do objeto; ou (2) da absoluta inefic‡cia do meio. Ado•‹o da teoria
objetiva da punibilidade da tentativa inid™nea: a conduta do agente n‹o Ž
pun’vel.
Desist•ncia volunt‡ria - Na desist•ncia volunt‡ria o agente, por ato volunt‡rio,
desiste de dar sequ•ncia aos atos execut—rios, mesmo podendo faz•-lo.
FîRMULA DE FRANK: (1) Na tentativa Ð O agente quer, mas n‹o pode
prosseguir; (2) Na desist•ncia volunt‡ria Ð O agente pode, mas n‹o quer
prosseguir. Se o resultado n‹o ocorre, o agente n‹o responde pela tentativa, mas
apenas pelos atos efetivamente praticados.
Arrependimento eficaz - Aqui o agente j‡ praticou todos os atos execut—rios
que queria e podia, mas ap—s isto, se arrepende do ato e adota medidas que
acabam por impedir a consuma•‹o do resultado. Se o resultado n‹o ocorre, o
agente n‹o responde pela tentativa, mas apenas pelos atos efetivamente
praticados.
Arrependimento posterior - N‹o exclui o crime, pois este j‡ se consumou.
Ocorre quando o agente repara o dano provocado ou restitui a coisa.
Consequ•ncia: diminui•‹o de pena, de um a dois ter•os. S— cabe:
¥! Nos crimes em que n‹o h‡ viol•ncia ou grave amea•a ˆ pessoa;
¥! Se a repara•‹o do dano ou restitui•‹o da coisa Ž anterior ao recebimento
da denœncia ou queixa.
ILICITUDE (ANTIJURIDICIDADE)
ƒ a condi•‹o de contrariedade da conduta perante o Direito. Em regra, toda
conduta t’pica Ž il’cita. N‹o o ser‡, porŽm, se houver uma causa de exclus‹o da
ilicitude. S‹o elas:
¥! GenŽricas Ð S‹o aquelas que se aplicam a todo e qualquer crime. Est‹o
previstas na parte geral do C—digo Penal, em seu art. 23;
¥! Espec’ficas Ð S‹o aquelas que s‹o pr—prias de determinados crimes, n‹o se
aplicando a outros.
ESTADO DE NECESSIDADE
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LEGêTIMA DEFESA
Conceito Ð ÒEntende-se em leg’tima defesa quem, usando moderadamente dos
meios necess‡rios, repele injusta agress‹o, atual ou iminente, a direito seu ou
de outremÓ.
Requisitos:
¥! Agress‹o Injusta Ð Assim, se a agress‹o Ž justa, n‹o h‡ leg’tima
defesa.
¥! Atual ou iminente Ð A agress‹o deve estar acontecendo ou prestes a
acontecer.
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¥! Contra direito pr—prio ou alheio Ð A agress‹o injusta pode estar
acontecendo ou prestes a acontecer contra direito do pr—prio agente
ou de um terceiro.
¥! Rea•‹o proporcional Ð O agente deve repelir a agress‹o injusta,
valendo-se dos meios necess‡rios, mas sem se exceder. Caso se
exceda, responder‡ pelo excesso (culposo ou doloso).
OBS.: Na leg’tima defesa, diferentemente do que ocorre no estado de
necessidade, o agredido (que age em leg’tima defesa) n‹o Ž obrigado a fugir
do agressor, ainda que possa.
EspŽcies de leg’tima defesa:
¥! Agressiva Ð Quando o agente pratica um fato previsto como infra•‹o
penal.
¥! Defensiva Ð O agente se limita a se defender, n‹o atacando nenhum
bem jur’dico do agressor.
¥! Pr—pria Ð Quando o agente defende seu pr—prio bem jur’dico.
¥! De terceiro Ð Quando defende bem jur’dico pertencente a outra
pessoa.
¥! Real Ð Quando a agress‹o a imin•ncia dela acontece, de fato, no
mundo real.
¥! Putativa Ð Quando o agente pensa que est‡ sendo agredido ou que
esta agress‹o ir‡ ocorrer, mas, na verdade, trata-se de fruto da sua
imagina•‹o.
T—picos importantes:
¥! N‹o cabe leg’tima defesa real em face de leg’tima defesa real.
¥! Cabe leg’tima defesa real em face de leg’tima defesa putativa.
¥! Cabe leg’tima defesa sucessiva
¥! Sempre caber‡ leg’tima defesa em face de conduta que esteja acobertada
apenas por causa de exclus‹o da culpabilidade
¥! NUNCA haver‡ possibilidade de leg’tima defesa real em face de qualquer
causa de exclus‹o da ilicitude real.
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Conceito Ð Ocorre quando o agente pratica fato t’pico, mas o faz no exerc’cio de
um direito seu. Dessa forma, quem age no leg’timo exerc’cio de um direito seu,
n‹o poder‡ estar cometendo crime, pois a ordem jur’dica deve ser harm™nica.
Ex.: Lutador de vale-tudo que agride o oponente.
Excesso pun’vel Ð Da mesma forma que nas demais hip—teses, o agente
responder‡ pelo excesso (culposo ou doloso). O excesso, aqui, ir‡ se verificar
sempre que o agente ultrapassar os limites do direito que possui (n‹o estar‡ mais
no exerc’cio REGULAR de direito).
Bons estudos!
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5! EXERCêCIOS DA AULA
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A consuma•‹o se d‡ nos crimes
a) de mera conduta, com a ocorr•ncia do resultado natural’stico.
b) omissivos impr—prios com a pr‡tica de conduta capaz de produzir o resultado
natural’stico.
c) permanentes, no momento em que cessa a perman•ncia.
d) omissivos pr—prios, com a simples omiss‹o.
e) culposos, com a pr‡tica da conduta imprudente, imperita ou negligente
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T’cio que, levado ao hospital pelo pr—prio algoz, acaba logo liberado com curativo
m’nimo. Caio primeiramente diz, em sua autodefesa, que o tiro ocorrera por
acidente, chegando ardilosamente a indenizar de pronto todos os preju’zos
materiais e morais de T’cio com o fato, mas sua trama acaba definitivamente
desvendada pela l’mpida investiga•‹o policial que se segue. Com esses dados j‡
indiscut’veis, mais precisamente pode-se classificar os fatos como
a) tentativa de homic’dio.
b) desist•ncia volunt‡ria.
c) arrependimento eficaz.
d) arrependimento posterior.
e) aberratio ictus.
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e) Ainda que o agente haja em caso de exclus‹o de ilicitude, este responder‡
pelo excesso doloso ou culposo.
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15.! (FCC Ð 2014 Ð TCE-PI Ð ASSESSOR JURêDICO)
Em direito penal:
I. Reconhecida a tentativa, a pena h‡ de ser diminu’da na propor•‹o inversa do
iter criminis percorrido pelo agente.
II. A causalidade, nos crimes comissivos por omiss‹o, n‹o Ž f‡tica, mas jur’dica,
consistente em n‹o haver atuado o omitente, como devia e podia, para impedir
o resultado.
III. O crime culposo comissivo por omiss‹o pressup›e a viola•‹o por parte do
omitente do dever de agir para impedir o resultado.
IV. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevit‡vel, exclui a punibilidade e se
confunde com o desconhecimento da lei.
Est‡ correto o que se afirma APENAS em
a) I, II e III.
b) I, II e IV.
c) II, III e IV.
d) III e IV.
e) I e III.
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Na tentativa pun’vel, o correspondente abatimento na pena intensifica-se
segundo
a) a aptid‹o para consumar.
b) a periculosidade demonstrada.
c) a lesividade j‡ efetivada.
d) o itiner‡rio j‡ percorrido.
e) o exaurimento j‡ alcan•ado.
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A adequa•‹o perfeita entre o fato natural, concreto, e a descri•‹o abstrata contida
na lei denomina-se
a) culpabilidade.
b) tipicidade.
c) antijuridicidade.
d) rela•‹o de causalidade.
e) consun•‹o.
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IV. superveniente, relativamente independente em rela•‹o ˆ conduta do agente,
sem guardar posi•‹o de homogeneidade em rela•‹o ˆ conduta do agente e que,
por si s—, produziu o resultado.
O resultado lesivo NÌO ser‡ imputado a Fernando, que responder‡ apenas pelos
atos praticados, nas situa•›es indicadas em
a) I, II e IV.
b) III e IV.
c) I e III.
d) I e II.
e) II, III e IV.
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E) inadmiss’vel a modalidade putativa.
6! EXERCêCIOS COMENTADOS
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e) III e IV.
COMENTçRIOS: Dentre as hip—teses apresentadas, apenas os itens II, III e IV
tratam de situa•›es consideradas excludentes de ilicitude, nos termos do art. 23
do CP.
A obedi•ncia hier‡rquica Ž causa de exclus‹o da CULPABILIDADE.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA B.
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III. H‡ arrependimento eficaz, quando o agente, ap—s ter esgotado os
meios de que dispunha para a pr‡tica do crime, arrepende-se e tenta,
sem •xito, por todas as formas, impedir a consuma•‹o.
IV. Em todos os crimes contra o patrim™nio, o arrependimento posterior
consistente na repara•‹o volunt‡ria e completa do preju’zo causado,
implica a redu•‹o obrigat—ria da pena de um a dois ter•os.
V. H‡ crime imposs’vel quando a consuma•‹o n‹o ocorre pela utiliza•‹o
de meio relativamente inid™neo para produzir o resultado.
Est‡ correto o que se afirma APENAS em
a) I.
b) I e II.
c) III e IV.
d) IV.
e) II e V.
COMENTçRIOS:
I Ð CORRETA: A desist•ncia volunt‡ria n‹o precisa partir espontaneamente do
agente, podendo ocorrer mesmo quando o agente atende a um pedido da v’tima
ou de outra pessoa. O importante, aqui, Ž que o agente deixe de prosseguir na
execu•‹o por vontade pr—pria, e n‹o porque foi impedido (caso contr‡rio,
ter’amos tentativa).
II Ð ERRADA: O percentual de redu•‹o ir‡ variar conforme a proximidade do
resultado; quanto mais pr—ximo do resultado, menos o percentual de redu•‹o.
III Ð ERRADA: Item errado, pois para que se configure o arrependimento eficaz
Ž necess‡rio que o agente consiga, efetivamente, evitar a ocorr•ncia do
resultado.
IV Ð ERRADA: Item errado, pois o arrependimento posterior n‹o Ž admitido em
todos os crimes patrimoniais, mas apenas naqueles em que n‹o houver viol•ncia
ou grave amea•a ˆ pessoa, nos termos do art. 16 do CP. AlŽm disso, a repara•‹o
do dano ou restitui•‹o da coisa deve ocorrer atŽ o recebimento da denœncia ou
queixa.
V Ð ERRADA: Se o meio Ž RELATIVAMENTE inid™neo n‹o h‡ crime imposs’vel,
pois o resultado poderia ocorrer. S— haver‡ crime imposs’vel quando o meio for
ABSOLUTAMENTE inid™neo ou o objeto for ABSOLUTAMENTE impr—prio, nos
termos do art. 17 do CP.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA A.
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d) previs‹o do resultado pelo agente, mas que n‹o se realize
sinceramente a sua produ•‹o e especificidade do dolo.
e) elemento subjetivo do tipo e previsibilidade subjetiva.
COMENTçRIOS: O crime doloso pode se configurar pelo desejo de obten•‹o do
resultado (dolo direto de primeiro grau) ou pela assun•‹o do risco de sua
ocorr•ncia, sem que o agente se importe com o resultado (dolo eventual),
consagrando as teorias da vontade e do assentimento, respectivamente, nos
termos do art. 18 do CP.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA C.
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COMENTçRIOS: A tentativa ocorre quando, uma vez Òiniciada a execu•‹o, n‹o
se consuma por circunst‰ncias alheias ˆ vontade do agenteÓ, nos termos do art.
14, II do CP.
Isto posto, s‹o elementos da tentativa o in’cio de execu•‹o do tipo penal, a falta
de consuma•‹o por circunst‰ncias alheias ˆ vontade do agente e o dolo.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA B.
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b) desist•ncia volunt‡ria.
c) arrependimento eficaz.
d) arrependimento posterior.
e) aberratio ictus.
COMENTçRIOS: Trata-se de quest‹o pol•mica. A Banca considerou como
resposta correta a letra B, ou seja, desist•ncia volunt‡ria. De fato, Ž poss’vel
considerar ter havido desist•ncia volunt‡ria, eis que o agente deliberadamente
resolveu interromper a execu•‹o (pois podia dar continuidade ˆ execu•‹o). H‡
quem defenda ter havido mera tentativa, em raz‹o do fato de o agente ter
interrompido a execu•‹o por medo de ser preso. Quest‹o bastante pol•mica, mas
a letra B, de fato, parece a mais correta, considerando o fato de que o agente
n‹o foi coagido a interromper a execu•‹o, fazendo-o por vontade pr—pria (ainda
que movido pelo medo).
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA B.
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e) ERRADA: A conduta excessiva (seja o excesso doloso ou culposo) ser‡
considerada il’cita, devendo o agente responder pelo excesso (seja ele doloso ou
culposo), nos termos do art. 23, ¤ œnico do CP.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA A.
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b) O agente que, involuntariamente, desiste de prosseguir na execu•‹o
ou impede que o resultado se produza, n‹o responde pelos atos j‡
praticados.
c) Diz-se o crime tentado quando nele se reœnem todos os elementos de
sua defini•‹o legal.
d) Pelo resultado que agrava especialmente a pena, s— responde o
agente que o houver causado, exceto culposamente.
e) N‹o se pune a tentativa quando, por absoluta impropriedade do meio
ou por inefic‡cia absoluta do objeto, Ž imposs’vel consumar-se o crime.
COMENTçRIOS:
a) CORRETA: Item correto, pois esta Ž a figura do arrependimento posterior,
previsto no art. 16 do CP.
b) ERRADA: O agente, neste caso, apesar de beneficiado pela desist•ncia
volunt‡ria ou pelo arrependimento eficaz, nos termos do art. 15 do CP, responde
pelos atos Jç PRATICADOS.
c) ERRADA: Item errado, pois neste caso teremos um crime CONSUMADO, nos
termos do art. 14, I do CP.
d) ERRADA: Item errado, pois, Òpelo resultado que agrava especialmente a pena,
s— responde o agente que o houver causado ao menos culposamenteÓ, nos termos
do art. 19 do CP, ou seja, o agente responder‡ caso tenha dado causa ao
resultado agravador PELO MENOS a t’tulo de culpa (e, claro, tambŽm responder‡
se o resultado agravador deriva de DOLO).
e) ERRADA: Item errado, pois a absoluta impropriedade deve ser do OBJETO, e
a inefic‡cia absoluta deve ser do MEIO EMPREGADO (a alternativa inverte as
situa•›es), nos termos do art. 17 do CP.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA A.
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COMENTçRIOS: Quando da edi•‹o da sœmula, vigorava a reda•‹o original do
CP, que n‹o previa a diminui•‹o de pena em raz‹o do arrependimento posterior
(repara•‹o do dano ou restitui•‹o da coisa antes do recebimento da denœncia,
nos crimes sem viol•ncia ou grave amea•a). Assim, o STF criou uma hip—tese de
extin•‹o da punibilidade em raz‹o da repara•‹o do dano no crime de estelionato
pela emiss‹o de cheque sem fundos. Ou seja, se o agente pagasse a quantia,
ficaria extinta a punibilidade. Todavia, com a reforma de 1984, e a cria•‹o do
instituto do arrependimento posterior, a Doutrina questionou a validade dessa
sœmula, ao argumento de que, atualmente, a repara•‹o do dano (antes do
recebimento da denœncia), neste caso, n‹o pode mais extinguir a punibilidade,
eis que h‡ norma legal explicitando que ser‡ mera causa de diminui•‹o de pena
(arrependimento posterior).
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA D.
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c) II, III e IV.
d) III e IV.
e) I e III.
COMENTçRIOS:
I Ð CORRETA: Item correto, pois a tentativa, uma vez reconhecida, gera
diminui•‹o de pena. A diminui•‹o variar‡ de acordo com a proximidade de
alcance do resultado. Se a conduta esteve pr—xima do resultado, a diminui•‹o
ser‡ pr—xima do m’nimo poss’vel. Caso a conduta tenha estado distante da
consuma•‹o, a diminui•‹o se aproximar‡ do m‡ximo poss’vel.
II Ð CORRETA: Os crimes omissivos impr—prios, tambŽm chamados de crimes
Òcomissivos por omiss‹oÓ, s‹o aqueles em que o agente o agente tem a obriga•‹o
legal de agir para evitar o resultado, de maneira que, se n‹o o faz e o resultado
ocorre, o agente responde pelo resultado ocorrido (diferentemente dos crimes
omissivos puros, em que o agente responde apenas pela omiss‹o,
independentemente do resultado). Trata-se, aqui, de uma rela•‹o de causalidade
normativa entre a conduta (o n‹o agir) e o resultado. N‹o h‡ causalidade f’sica,
eis que Òdo nada, nada surgeÓ. O agente n‹o deu ÒcausaÓ (fisicamente falando)
ao resultado, mas como devia e podia evita-lo, responde por ele.
III Ð CORRETA: Item correto, pois o agente, neste caso, responder‡ pelo
resultado a t’tulo de culpa quando, por inobserv‰ncia do seu dever de cuidado,
deixar de agir para evitar o resultado, quando devia e podia.
IV Ð ERRADA: Item errado, pois o desconhecimento da lei ninguŽm pode alegar.
Todavia, o erro sobre a ilicitude do fato, se inevit‡vel, afasta a CULPABILIDADE,
n‹o a punibilidade, nos termos do art. 21 do CP.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA A.
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No que diz respeito aos est‡gios de realiza•‹o do crime, Ž correto afirmar
que
a) se atinge a consuma•‹o com o exaurimento do delito.
b) h‡ arrependimento eficaz quando o agente, por ato volunt‡rio, nos
crimes sem viol•ncia ou grave amea•a ˆ pessoa, repara o dano ou restitui
a coisa atŽ o recebimento da denœncia ou da queixa.
c) h‡ desist•ncia volunt‡ria quando o agente, embora j‡ realizado todo
o processo de execu•‹o, impede que o resultado ocorra.
d) na desist•ncia volunt‡ria e no arrependimento eficaz o agente s—
responde pelos atos j‡ praticados, se t’picos.
e) a tentativa constitui circunst‰ncia atenuante.
COMENTçRIOS: O item correto Ž a Letra D. Vejamos:
Desist•ncia volunt‡ria e arrependimento eficaz(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de
11.7.1984)
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execu•‹o ou impede
que o resultado se produza, s— responde pelos atos j‡ praticados.(Reda•‹o dada pela
Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
A letra B d‡ o conceito do arrependimento posterior, nos termos do art. 16 do
CP, logo, est‡ errada.
A letra A est‡ errada porque a consuma•‹o se d‡ com a ocorr•ncia do resultado
JURêDICO (que pode ou n‹o dispensar o resultado natural’stico, ou seja, um
eventual resultado no mundo f’sico). O exaurimento Ž mera fase POSTERIOR ˆ
consuma•‹o do delito.
A letra C d‡ o conceito de arrependimento eficaz, logo, errada.
A letra E est‡ errada porque a tentativa n‹o Ž circunst‰ncia atenuante, mas causa
de redu•‹o de pena.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA D.
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Par‡grafo œnico - Salvo disposi•‹o em contr‡rio, pune-se a tentativa com a pena
correspondente ao crime consumado, diminu’da de um a dois ter•os.(Inclu’do pela Lei
n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Para a defini•‹o de qual o patamar de redu•‹o, ser‡ utilizado o critŽrio da maior
ou menos proximidade com a consuma•‹o do delito. Quanto mais longe, maior a
redu•‹o de pena. Quanto mais pr—ximo da consuma•‹o, menor a redu•‹o.
Ou seja, ser‡ avaliado o itiner‡rio percorrido pela conduta criminosa.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA D.
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No caso em tela, contudo, o agente evita a ocorr•ncia do resultado, por ter se
arrependido de sua conduta. Neste caso, caracterizado est‡ o arrependimento
EFICAZ. Vejamos:
Desist•ncia volunt‡ria e arrependimento eficaz(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de
11.7.1984)
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execu•‹o ou impede
que o resultado se produza, s— responde pelos atos j‡ praticados.(Reda•‹o dada pela
Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA B.
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Assim, a adequa•‹o do fato ao tipo penal gera a tipicidade (formal).
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA B.
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Lembrando que os crimes UNISSUBSISTENTES n‹o admitem tentativa, pois n‹o
Ž poss’vel fracionar a conduta em diversos atos. Como todo crime omissivo puro
Ž unissubsistente, estes tambŽm n‹o admitem tentativa.
Os crimes culposos tambŽm n‹o admitem tentativa, por uma quest‹o de l—gica:
Se o agente n‹o queria o resultado, n‹o Ž poss’vel falar em ÒtentativaÓ.
Por fim, os preterdolosos n‹o admitem tentativa em rela•‹o ao resultado que
qualifica o crime, pois este resultado Ž obtido a t’tulo de culpa (O agente come•a
a conduta dolosamente, mas obtŽm um resultado diferente, por culpa).
Portanto, a quest‹o foi ANULADA.
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b) Agregaram-se ao nexo causal iniciado pela conduta do agente, contribuindo
para a produ•‹o do resultado.
No primeiro caso o agente NÌO responde pelo resultado, mas apenas pelos atos
que praticou. No segundo o caso o agente responde pelo resultado, pois a
concausa superveniente, a despeito de estar ligada ˆ conduta inicial do agente,
criou um novo nexo de causalidade, vindo a produzir o resultado sem se inserir
na cadeia causal da conduta do agente.
Assim, podemos verificar que somente na afirmativa III o agente responder‡ pelo
resultado, por se tratar de concausa superveniente, relativamente independente
que SE AGREGOU ˆ conduta do agente para, conjuntamente, produzirem o
resultado.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA A.
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Os crimes que resultam do n‹o fazer o que a lei manda, sem depend•ncia
de qualquer resultado natural’stico, s‹o chamados de
A) comissivos por omiss‹o.
B) formais.
C) omissivos pr—prios.
D) comissivos.
E) omissivos impr—prios.
COMENTçRIOS:
A) ERRADA: Os crimes comissivos por omiss‹o resultam de um Òn‹o fazerÓ o que
a lei manda, mas dependem de um resultado natural’stico.
B) ERRADA: Os crimes formais, de fato, independem da exist•ncia do resultado
natural’stico, mas n‹o necessariamente s‹o omissivos.
C) CORRETA: Os crimes omissivos pr—prios s‹o os œnicos que reœnem ambas as
caracter’sticas, pois decorrem de um Òn‹o fazerÓ o que a lei manda, e s‹o formais,
ou seja, independem de um resultado natural’stico.
D) ERRADA: Os crimes comissivos n‹o decorrem de Òum n‹o fazerÓ, mas de um
ÓfazerÓ. Portanto, a alternativa est‡ incorreta.
E) ERRADA: Os omissivos impr—prios s‹o sin™nimos de comissivos por omiss‹o,
logo, est‡ errada, nos termos da fundamenta•‹o da alternativa A.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA C.
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E) ERRADA: ƒ plenamente poss’vel a modalidade putativa, pois o agente pode
supor, erroneamente, estar presente uma situa•‹o de necessidade que, caso
presente, justificaria sua conduta, de forma a excluir a ilicitude do fato.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA C.
7! GABARITO
1.! ALTERNATIVA C
2.! ALTERNATIVA B
3.! ALTERNATIVA D
4.! ALTERNATIVA A
5.! ALTERNATIVA C
6.! ALTERNATIVA D
7.! ALTERNATIVA B
8.! ALTERNATIVA B
9.! ALTERNATIVA B
10.! ALTERNATIVA A
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11.! ALTERNATIVA E
12.! ALTERNATIVA A
13.! ALTERNATIVA D
14.! ALTERNATIVA A
15.! ALTERNATIVA A
16.! ALTERNATIVA A
17.! ALTERNATIVA D
18.! ALTERNATIVA D
19.! ALTERNATIVA D
20.! ALTERNATIVA B
21.! ALTERNATIVA C
22.! ALTERNATIVA B
23.! ALTERNATIVA A
24.! ANULADA
25.! ALTERNATIVA A
26.! ALTERNATIVA E
27.! ALTERNATIVA C
28.! ALTERNATIVA C
29.! ALTERNATIVA B
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