Você está na página 1de 18

Olá,

Eu me chamo Altemir e serei seu orientador


no desenvolvimento desse TCC!
Buscarei de forma clara apontar os elementos que precisam ser revistos para
enriquecer essa produção e a articulação das ideias apresentadas.
Lembre-se sempre que as indicações buscam, portanto, contemplar
elementos fundamentais em um trabalho acadêmico que são obrigatórios (normas
ABNT, sustentação teórica, etc).
Para compreender as correções, segue a legenda das indicações realizadas:
Palavra: Palavras destacadas em verde – será preciso rever a ortografia
(palavras escritas erradas).
Trechos: Trechos destacados em azul – releiam o trecho em questão e
reescrevam. Esses destaques indicam que o texto foi encontrado em
fontes da internet e precisa ser readaptado para ser aceito, ao lado
estará escrita a fonte em vermelho onde foi encontrada.
Trechos: Trechos destacados em amarelo – contemplem as indicações a serem
realizadas que estará em vermelho ao lado do destaque.
Nomes\Nomes: Os nomes marcados em rosa no seu trabalho têm seus
respectivos documentos listados nas referências, ou seja está correto,
quando há uma referência de citação marcada com a cor vermelha é
necessário inserir o documento nas referências.

Peço que NÃO retire as marcações! Apenas realize os ajustes e deixe comigo a
padronização final, ok? Sinta-se livre para inserir qualquer comentário que achar
pertinente, só marque com cor diferente para facilitar a localização.

Desejo-lhe um excelente trabalho!


Atenciosamente,
Profº Altemir
FACULDADE DE EDUCAÇÃO SÃO BRAZ

INCLUSÃO DA LINGUAGEM DE SINAIS E SUA CULTURA NA SOCIEDADE


CONTEMPORÂNEA

CURITIBA/PR
2017
FACULDADE DE EDUCAÇÃO SÃO BRAZ

Lindamir Terezinha Zawierucha

INCLUSÃO DA LINGUAGEM DE SINAIS E SUA CULTURA NA SOCIEDADE


CONTEMPORÂNEA

Trabalho entregue à Faculdade de Educação São


Braz, como requisito legal para convalidação por
competência, para obtenção do certificado de
Especialização do Curso de Educação Especial
Inclusiva com Ênfase na Deficiência Intelectual,
conforme Norma Regimental Interna e Art. 47, Inciso
2 da LDB 9394/96.

Orientador: Prof. Altemir da Silva Velho, Msc.

CURITIBA/PR
2017
RESUMO

A cultura surda está presente no Brasil, manifesta-se através de associações e instituições que se
mobilizam para os direitos dos surdos. Dentro desta estrutura, pensa o papel do psicólogo e as
diferentes abordagens. É proposta uma análise crítica desse papel, considerada como representativa
da sociedade. O objetivo geral do presente trabalho é analisar a linguagem de sinais e sua cultura,
através de um olhar crítico sobre a sociedade, que em oportunidades expressam ações desigual em
relação à comunidade que representam. Os objetivos específicos são: descrever a linguagem de
sinais como forma de representação cultural; analisar as formas de desigualdade com relação aos
surdos presentes na sociedade; compreender o conceito de identidade como algo que foi construído
pelo reconhecimento da linguagem de sinais. Baseado no seguinte problema de pesquisa: como a
linguagem de sinais é representada atualmente por meio da cultura? A metodologia de pesquisa
adotada foi pesquisa bibliográfica, através de pesquisa em artigos, livros e documentos. Concluiu-se
que essa análise mostrou que essa tentativa de reivindicar a comunidade surda como uma
peculiaridade étnico-linguística levou à concepção deste grupo a partir de uma concepção de cultura
estática e descritiva, que não considera o sujeito de significados, nem a contextualização sócio-
histórica da cultura que, sem dúvida, acreditamos que mudou ao longo do tempo. Finalmente, foi
mostrado que as definições usadas em torno da ideia de comunidade, a grande maioria dos autores
apenas definem o consenso, a ordem, que os surdos vivem nessas comunidades, uma espécie de
oásis no meio dos ouvintes.

Palavras-chave: Linguagem de sinais. Cultura. Sociedade.


1 INTRODUÇÃO

As pessoas surdas, como muitos grupos minoritários, ainda lutam para ter seu
lugar na sociedade, para serem ouvidos e respeitados. Os diferentes estágios
através dos quais a cultura surda tem história, uma perspectiva diferente é proposta,
para poder se separar da surdez como incapacidade e demonstrar que este termo
tem sido usado ao longo dos anos por causa da medicalização da sociedade. O
desenvolvimento deste procedimento procurará demonstrar como o Estado tem
incorporado na forma como os indivíduos percebem, a diferença como um aspecto
negativo a ser modificado ou corrigido. No entanto, uma perspectiva diferente será o
surdo como uma cultura, com suas próprias normas e valores e possuindo uma
forma linguística de comunicação diferente, linguagem gestual.
A cultura surda está presente no Brasil, manifesta-se através de associações
e instituições que se mobilizam para os direitos dos surdos. Dentro desta estrutura,
pensa o papel do psicólogo e as diferentes abordagens. É proposta uma análise
crítica desse papel, considerada como representativa da sociedade.
A sensibilidade é o que força as deficiências físicas ou mentais, seja por
razões psíquicas ou intelectuais, o sensorial, de natureza temporária ou permanente,
ao interagir com várias barreiras presentes no meio ambiente, impediu a
participação plena e efetiva na sociedade, em igualdade de condições com os
outros.O fato de grande importância para o grupo de surdos é que a lei reconhece a
linguagem dos sinais. A linguagem de sinais é reconhecida como um meio natural
de comunicação para a comunidade surda.
No caso de uma mudança no solo no nível estrutural, intelectual, mas também
institucional que, de uma forma ou de outra, afeta associações e grupos, mas
principalmente nos surdos. A surdez como deficiência, a partir desta visão é definida
como um doente, um ser incompleto ou corpo diminuído. De acordo com a
historiografia da deficiência, são classificados na antiguidade na categoria de
pessoas despejadas e, mais tarde, no final do século XIX e início do século XX, são
chamados de deficientes.
A justificativa deste estudo é baseada, eventualmente, na importância do papel
da sociedade para o suporte juntamente aos surdos, onde os mesmos necessitam de
melhores formas de inclusão que auxiliem em sua vida tanto pessoal quanto
profissional.
Baseado no seguinte problema de pesquisa: como a linguagem de sinais é
representada atualmente por meio da cultura?
O objetivo geral do presente trabalho é analisar a linguagem de sinais e sua
cultura, através de um olhar crítico sobre a sociedade, que em oportunidades
expressam ações desigual em relação à comunidade que representam. Os objetivos
específicos são: descrever a linguagem de sinais como forma de representação
cultural; analisar as formas de desigualdade com relação aos surdos presentes na
sociedade; compreender o conceito de identidade como algo que foi construído pelo
reconhecimento da linguagem de sinais.
<<<colocar aqui um parágrafo indicando as partes do trabalho (estrutura
do trabalho)>>> Para atingir o objetivo, o presente trabalho foi estruturado em três
capítulos. O primeiro é uma introdução ao assunto, o segundo apresenta uma
descrição sobre a surdez, bem como sua respectiva cultura, conceito de identidade
e inclusão social. Encerra-se o último capítulo com as considerações finais.
A metodologia de pesquisa adotada foi pesquisa bibliográfica, através de
pesquisa em artigos, livros e documentos.Conforme Gil (2010) a pesquisa bibliográfica
é desenvolvida baseada em material já elaborado, constituído principalmente de livros
e artigos científicos. Gil (2010, p.44) ainda cita que “embora em quase todos os
estudos seja exigido algum tipo de trabalho dessa natureza, há pesquisas
desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográficas”.

2. SURDEZ

Segundo Aranha (2003) a surdez como um incômodo, é bastante lapidária,


uma vez que esta concepção, em primeira instância, prejudica a condição física e
social de surdos, de seu intelecto e, portanto, de sua linguagem, como concebendo
os surdos como anormais, são abandonados ao próprio destino, dessa perspectiva
em muitos casos são classificados como doentes. Aqui, pensa-se que os assistentes
surdos recebem algum tipo de educação, mas limitados. Produz o que poderíamos
chamar a ditadura do mundo auditivo por surdo. O grupo maioritário que, neste caso,
os ouvintes criam a imagem social dos surdos a partir de uma atitude paternalista.
Nesta visão, encontramos o que na educação para os surdos é conhecido como
oralismo e comunicação total.
A grande maioria dos autores e textos analisados que se referem à cultura
surda definem essa cultura a partir da concepção descritiva indicada por Klen
(2010), que se refere a um conjunto de valores, crenças, costumes, convenções,
hábitos e práticas presentes em uma sociedade e período histórico. Essa concepção
de cultura visualiza os assuntos que a compõem como uma comunidade onde as
pessoas vivem juntas, compartilham metas e responsabilidades comuns entre si.
ParaAranha (2003), este mundo surdo reúne todas as características que os
cientistas sociais consideram característicos das minorias étnicas: nome coletivo,
sensação comunitária, normas comportamentais, valores diferenciados,
conhecimento, costumes, estrutura social, linguagem, arte, história, familiaridade.

2.1 Cultura Surda

Para Falcão (2010) a comunidade de surdos é um grupo minoritário dentro da


sociedade de cada país. Existe uma cultura surda no Brasil, uma cultura diferente na
Argentina, outra nos Estados Unidos, etc., que, embora compartilhem algumas
semelhanças, diferem umas das outras, uma vez que cada cultura surda tem sua
própria fundações na sociedade onde está localizada. Logicamente, a sociedade
brasileira não é a mesma que a norte-americana, que tem repercussões nos grupos
minoritários que compõem cada um deles. Embora existam vários grupos dentro da
sociedade, que sofrem discriminação e exclusão, a cultura surda sofre de ambos os
males por causa do uso de uma linguagem diferente do emprego na maioria.
Para Klen (2010) as comunidades surdas têm certas características que são
comuns a elas e eles próprios, compartilham uma série de costumes, práticas,
reações e valores, que eles diferem de outros grupos. Também está vinculado pelo
sentimento produzido por suas experiências de exclusão, mas acima de tudo, são
reconhecidas no uso de uma linguagem, que é própria e natural: linguagem de
sinais, linguagem que apresenta apenas problemas para os ouvintes, que
geralmente não entendem o significado de seu uso.
Aranha (2003) especifica que a cultura surda é uma cultura coletivista. Isso
significa que seus valores estão profundamente focados no que beneficia o grupo, o
coletivo, ao contrário do que acontece com as culturas individualistas, que têm
prioridade no que beneficia o indivíduo. Compreendem assim, enquadram a cultura
dos surdos nas culturas das minorias linguísticas. Estes valores de coletivistas
surdos são reforçados pelo fato de que as línguas de sinais também pertencem à
categoria de membros de minorias linguísticas.
Para Falcão (2010) em virtude de sua limitação sensorial, que os priva de
adquirir/usar a fala com os ouvintes do meio ambiente, os surdos que têm a
oportunidade de formar grupos desenvolvem uma peculiar forma coletiva de
sentimento, de ver o mundo e de atuar, marcado por a experiência comum de
exclusão e com caráter predominantemente visual, articulada na comunicação
marcada. Esta é a cultura surda, então, no singular, e é um fenômeno de caráter
universal, que é verificado sempre que as condições o permitam.
Segundo Falcão (2010) um estudo que aprofunda os elementos culturais da
cultura surda é o realizado pelo psicólogo chileno Marcelo Salamanca que, ressalta
que os elementos culturais são todos os recursos de uma cultura que é necessário
colocar em jogo para formular e realizar um propósito social. Esses recursos podem
ser materiais, organizacionais, bem informados, simbólicos e emotivos.
Falcão (2010) ainda discorre que uma posição ligeiramente mais distanciada
da definição descritiva assumida pela maioria dos autores que citamos aqui é a de
que Massone assume que essa cultura é surda caracteriza-se por ser
eminentemente visual, a comunidade surda tem convenções que derivam do
significado de visão e espaço para surdos, querendo deixar claro que a cultura surda
não é apenas derivada de uma lista de comportamentos, significa uma atitude, uma
experiência de vida diferente que os leva a estruturar e simbolizar todo o mundo de
uma maneira diferente.
Como observa Aranha (2003), a análise da cultura não deve, portanto, ser
uma ciência experimental em busca de leis, mas uma ciência interpretativa em
busca de significados.
Segundo Klen (2010) a cultura teria que ser concebida, pelo menos em
primeira instância, como "o conjunto de fatos simbólicos presentes em uma
sociedade. Ou, mais precisamente, como a organização social do significado, como
padrões de significados historicamente transmitidos e encarnados em formas
simbólicas, em virtude dos quais os indivíduos se comunicam entre si e
compartilham suas experiências, concepções e crenças".
Ainda para Klen (2010) a cultura é a ação e o efeito de "cultivar"
simbolicamente a natureza interna e externa da espécie humana, tornando-a
frutífera em sistemas complexos de sinais que organizam, moldam e dão sentido à
totalidade das práticas sociais. Mas esses processos simbólicos devem sempre se
referir a contextos "historicamente específicos e socialmente estruturados". Como
observa Falcão (2010), a cultura não pode existir de forma abstrata, mas apenas
como incorporada em "mundos culturais concretos" envolvendo, por definição, uma
referência a contextos históricos e espaciais específicos.
Para Machado (2008) a definição descritiva que é feita da cultura surda nos
deixa com a sensação de que eles experimentam dentro de suas comunidades um
mundo de paz e amor. Esta tentativa, que a maioria dos autores aponta, resgatar a
visão sociocultural que deve ser feita de comunidades surdas levou a não considerar
a questão do conflito, o fato de que nem todos os surdos assumem a condição de
uma perspectiva sociocultural, já que atualmente se destina a conceber esses
assuntos.
Segundo Aranha (2003) a interação social desempenha um papel
fundamental na transmissão da cultura surda, uma vez que a linguagem gestual, ao
contrário de outras línguas, não possui uma forma escrita, então transmite apenas
através da interação direta entre seus pares. No entanto, é importante esclarecer
neste ponto, como nem todos os surdos fazem parte da cultura surda. Para fazer
isso, eles devem compartilhar seus próprios valores, pelas mesmas regras, e acima
de tudo, use a linguagem de sinais.

2.2 Conceito de Identidade

Além disso, Machado(2008) introduz conceitos fundamentais para uma


melhor compreensão da cultura surda, como o bilinguismo e o sentimento de
identidade. O autor trabalha com esses conceitos como um modo de vida, que
acompanha ou deve acompanhar os surdos ao longo de suas vidas. Baseado na
concepção da cultura como uma organização, com regras, comportamentos,
crenças, valores, tradições, etc., define o sentimento de identidade como uma
convivência ou combinação de duas culturas diferentes. O importante para enfatizar
é que, como todas as culturas, a cultura surda também é transmitida através de
interação social, além do uso de linguagem de sinais. A identidade de uma pessoa
pode ser caracterizada pelo fato de viver nas duas culturas, adaptando-se a elas e
adotando aspectos de cada uma delas. Em termos de bilinguismo, Machado(2008)
define-o como o uso regular de duas ou mais línguas, esse uso pode ser ao mesmo
tempo em uma conversa, alternando ou usando-se dependendo do contexto onde a
pessoa está.
Por outro lado, o conceito de identidade é entendido como algo que foi
construído pelo reconhecimento da linguagem gestual em alguns países e, ao
mesmo tempo, foi formado pela constituição de vários marcos importantes na
história deste coletivo.
Por sua vez, Machado(2008) indica que a identidade surda foi construída de
acordo com as seguintes ideias de força: comunidade, idioma, cultura e história. No
processo de construção, podemos apontar para os principais marcos: o primeiro,
quando Williams Stokoe (1919-2000) publicou seu trabalho "Estrutura da linguagem
dos sinais" (1960), no qual mostra que as línguas de sinais são linguagens naturais
semelhantes às línguas orais. O segundo foi o X Congresso da Federação Mundial
de Súbditos, realizado em Helsínquia em 1987, onde pela primeira vez é necessário
o reconhecimento das línguas de sinais como línguas naturais de surdos. A terceira
foi a mobilização de estudantes da Universidade de Gallaudet em 1988, que é o
início de um processo de debate e reflexão na comunidade americana de surdos
que gradualmente se espalhou para outros países.
Baumel e Semeghini (1998) ressaltam que apenas a linguagem de sinais dá
identidade aos surdos. Assim, a maioria dos estudos baseia-se na ideia de que a
identidade surda está relacionada ao uso da linguagem gestual. Portanto, o uso de
linguagem gestual seria o que basicamente definiria a identidade. No entanto,
acredita-se que, quando se fala de identidade, não se está falando de nenhuma
essência. A identidade é uma construção permanente, algo que é negociado de
acordo com a posição dos assuntos no campo em que estão inseridos. Nas palavras
de Machado(2008) não existe uma identidade única, como a identidade surda, uma
vez que a linguagem de sinais permite que os surdos construam o mundo a partir de
sua própria subjetividade através do seu idioma e as implicações desta constituição
nas suas relações sociais. A identidade não pode ser vista como inerente às
pessoas, mas como resultado de práticas discursivas e sociais em circunstâncias
sócio-históricas particulares. A forma como o sujeito ou a comunidade é concebida
socialmente influenciará a construção de sua identidade. O indivíduo afeta e é
afetado pelo meio ambiente, por discursos e práticas sociais.
Segundo Klen (2010) a identidade do sujeito está relacionada às práticas
sociais e não ao idioma e, ao mesmo tempo, está relacionada às interações
discursivas diferenciadas no curso de sua vida: família, escola, trabalho, amigos,
etc.Com respeito ao uso do conceito de comunidade, existem dois significados; por
um lado, eles apontam que a comunidade surda é a que dá sensação de pertença,
dependência e papel aos surdos e, por outro lado, apontam que essa comunidade
não é composta apenas de sujeitos surdos, mas também de temas de audição,
intérpretes, professores, amigos, entre outros, que compartilham com os mesmos
interesses comuns em um determinado local.
Aranha (2003) que define as comunidades surdas caracteriza-a como
espaços onde os surdos encontram um lugar, um oásis no meio da sociedade de
escuta, onde podem compartilhar suas crenças, história e tradições, sua maneira de
se comunicar e sua visão de mundo. É aí que organizam em termos sociais,
políticos, esportivos e culturais, buscando esse espaço para poder desenvolver e
fortalecer-se como um grupo. Os surdos vivem em suas comunidades a experiência
do mundo do silêncio, tudo é representado em sinais, em imagens, cores,
expressividade; aqui estão corpos e mãos que "falam".
É muito interessante citar Assis da Silva (2011) que, ao contrário e muito
criticamente, em sua tese de doutorado, realiza uma espécie de arqueologia
conceitual da surdez, em relação à origem histórica de certas categorias que
definiriam a particularidade étnico-linguística em relação à definição de surdo,
cultura surda e linguagem; também faz referência ao termo comunidade de surdos,
apontando que a comunidade surge precisa estar inserida na sociedade como um
todo. Primeiro, agentes católicos usaram o termo comunidade de surdos, o que
significa uma paróquia onde há pessoas surdas. Mais tarde, os luteranos
expandiram o uso desta categoria, considerando que a comunidade de surdos é
formada por escolas especiais, paróquias e associações. Esta última concepção,
sem dúvida, distingue-se dos autores mencionados nesta análise, uma vez que
questiona a produção e o uso de certos termos, que são utilizados, como o autor
salienta, para falar em nome da comunidade surda, mas que relacionam as formas
de saber-poder que estão por trás dessas práticas.

2.3 Educação Inclusiva


Segundo Abramowicz (1997) para a maioria dos profissionais que atuam em
nossas escolas hoje, é difícil entender a possibilidade de se fazer inclusão. Essa
resistência é aceitável e compreensível, diante do modelo pedagógico-
organizacional conservador que vigora na maioria das escolas.
Muitos professores que não aceitam a ideia da inclusão em suas escolas e
salas de aula porque não se sentem preparados para receber tais alunos. O que
vemos são professores com a função de educar, mas que se encontram perdidos e
amedrontados por essa “nova” visão educacional, onde a nota não é o mais
importante. Muitos professores não estão preparados para receber alunos com
certas necessidades especiais tais como, deficiências de audição, pois os
profissionais não apresentam treinamento de libras e sentem uma grande dificuldade
e limitação com esse público de alunos.
Nas palavras de Belisário (2005):

A necessidade de formação dos professores para educação inclusiva e a


falta de preparo para assumir a responsabilidade de promover a
aprendizagem e participação de alunos com necessidade educacionais
especiais, já foi estudada por diversos autores (...) Tais autores,
constataram as dificuldades e falta de preparo dos professores para
promover a aprendizagem de alunos com necessidades educacionais
especiais e enfatizaram a necessidade da formação continuada para
atender à diversidade das experiências e demandas dos estudantes em
sala de aula.
Na prática, encontramos ainda professores despreparados para essa
realidade e com falta de uma rede de apoio para desenvolver o seu trabalho
com qualidade (p. 142).

Não estamos aqui referindo a cursos ou palestras “conscientizadoras”, mas


sim de formação e preparação completa do professor. Desse modo, o sistema deve
proporcionar aos futuros professores, logo na sua formação inicial, uma
sensibilização às necessidades educativas especiais, de forma a que este possa
desempenhar adequadamente a multiplicidade de funções e de competências que
lhe é pedida.
A inclusão só será eficaz se forem desenvolvidas propostas de organizações
de aprendizagem com base na legislação pertinente, respeito à individualidade.
Volta-se como referencial a ampliação do atendimento aos alunos com
necessidades especiais, bem como na capacitação dos professores e profissionais
em equipe multifuncional para inclusão do ensino regular de ensino.
Conforme Belisário (2005) a inclusão está relacionada à forma como a escola
concebe e interage com a diferença, tendo como eixo interseccional a relação com
outro. Ela excede o mote jurídico em suas provisões de igualdade de direitos e
deveres para todos, na medida em que notamos que a simples presença de um
aluno com necessidades educacionais especiais, no interior da escola, não é
condição suficiente para que a inclusão tome lugar.
Quando a educação inclusiva é aceita, abandona-se a ideia de que as
crianças devem se tornar normais para contribuir para o mundo. Ela também requer
a superação da tradicional concepção antropológica de seres humanos ideais,
sempre dispostos a uma entrega generosa em prol do bem comum. É difícil para o
ser humano estar em contato, estar presente e confirmar o outro, suspendendo seus
preconceitos, permanecendo aberto para a alteridade, sem que haja qualquer
diferença visível ou manifestação de necessidades especiais.
A escola inclusiva deve ser a solução para as pessoas com necessidades
educativas especiais, uma vez que é a escola a responsável por formar o cidadão ''e
a ele deve ser dada a oportunidade de obter e manter um nível aceitável de
conhecimentos''. Portanto a proposta pedagógica precisa buscar alternativas que
possibilitem preparar estas pessoas para exercer sua cidadania com dignidade, bem
como ''sua inserção no mercado de trabalho'' (art. 2º - LDBEN).
Segundo Maia e Valle (2010) toda criança tem direito a uma educação
gratuita e adequada. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB, 9394/96) exige
uma educação pública para todas as crianças e faz as escolas responsáveis pelo
fornecimento dos apoios e serviços que permitirá que isso aconteça. A LDB
especifica que as crianças com várias deficiências, incluindo autismo, têm direito a
serviços de intervenção precoce e educação especial.
Maia e Valle(2010) ainda discorre que, além disso, a LDB estabelece uma
abordagem de equipe importante e um papel e planejamento fundamentais para a
educação de uma criança com autismo, e promove uma educação da forma menos
restritiva ao meio ambiente.
Para Cury (2003) a inclusão não significa que uma criança com necessidades
especiais deve ser colocada em um ambiente de educação geral, assim como um
aluno típico. Uma variedade de apoios de educação especial deve ser fornecido a
fim de criar um ambiente bem sucedido e experiência positiva para todos os
envolvidos. Planejamento cuidadoso e treinamento são essenciais para fornecer
modificações ou acomodações e para situar com sucesso uma criança com uma
deficiência no ambiente menos restritivo. Estes apoios podem incluir o fornecimento
de uma sala de aula especialmente treinada, a alteração de ambientes de teste ou
expectativas, a adaptação do currículo, o fornecimento de suportes visuais ou
equipamentos de adaptação, etc. O departamento de educação especial deve
fornecer treinamento, e a comunidade escolar geral que pode interagir com alunos
com necessidades especiais.
Lopes (1997) ressalta que é importante notar que as filosofias sobre inclusão
variam consideravelmente entre distritos escolares, funcionários e pais de alunos
com e sem necessidades especiais. É necessária uma abordagem de equipe para o
planejamento para que os objetivos de todos os membros da equipe possam ser
postos em prática para maximizar a inclusão.
Segundo Maia e Valle(2010) nem todos os pais vão sentir que um ambiente
irá aumentar o crescimento e desenvolvimento de seu filho com necessidades
especiais e subsídios precisam ser feitos para acomodar várias perspectivas. Além
disso, nem todos os alunos estarão prontos para inclusão completa o tempo todo. As
questões de ansiedade e sensoriais relacionadas à inclusão podem significar que os
esforços devem começar com pequenos passos para gerar sucesso contínuo e
aumentar a participação dentro do corpo estudantil local e da comunidade.
Skliar (2003) discorre que a maioria das escolas públicas não vão ter uma
criança com ASD. A razão que eles dão é que eles não estão equipados para lidar
com o autismo na sala de aula. As poucas escolas que levam crianças com autismo
estão acima do valor que a maioria das famílias no Brasil podem pagar.
Qual é a melhor maneira de ajudar seu filho a aprender? E como as escolas
tradicionais se adaptam para ajudar as crianças com autismo a fazer bem em uma
sala de aula para que elas possam crescer e prosperar?
Conforme Jodelet (2001) é preciso muito trabalho duro para ajudar uma
criança com autismo a tirar o máximo proveito da experiência em sala de aula. Deve
ser considerada uma boa dose de estrutura e a compreensão de que cada criança
com uma desordem de autismo é única. Isso significa que cada criança tem
sintomas diferentes, bem como estilos de aprendizagem.
Cury (2003) discorre que na educação infantil, o planejamento educacional
para crianças com autismo muitas vezes aborda uma série de desenvolvimento de
habilidades, incluindo comunicação e linguagem, habilidades sociais, habilidades de
auto-ajuda, questões comportamentais e habilidades relacionadas ao lazer. É
importante consultar com profissionais treinados em autismo para ajudar uma
criança a se beneficiar de seu programa escolar. Obter uma série de opiniões
também é útil.
Segundo Lopes (1997) a maioria dos profissionais concorda que as crianças
em idade escolar com autismo respondem bem a programas de educação altamente
estruturados e especializados projetados para atender às necessidades individuais.
Com base nas principais características associadas ao autismo, é importante
considerar:

 Desenvolvimento de habilidades sociais;


 Comunicação;
 Comportamento;
 Integração sensorial.

Cury (2003) ressalta que os programas às vezes incluem vários componentes


de tratamento coordenados para auxiliar uma criança com autismo. Por exemplo, o
plano de uma criança pode consistir em fonoaudiologia, desenvolvimento de
habilidades sociais e medicação, tudo dentro de um programa de comportamento
estruturado. Outro estudante pode estar trabalhando no desenvolvimento de
habilidades sociais, integração sensorial e mudanças na dieta. Nenhum programa ou
dieta é perfeito para cada pessoa com autismo; É importante tentar várias
abordagens e encontrar as que funcionam melhor. Cada família e indivíduo com
autismo deve ter o direito de aprender sobre o assunto e então selecionar as opções
que eles acham mais apropriadas para a criança com autismo.
Conforme Jodelet (2001) para o sucesso na escola é preciso uma grande
informação e conselhos para os pais de alunos com necessidades especiais. É
necessário mencionar que, a pessoa com autismo deve estar envolvida no
planejamento de seu futuro. O planejamento centrado na pessoa - explicando o
processo de planejamento para seu filho, pedindo-lhe informações e habilidades de
auto-defesa - é incrivelmente importante na criação do melhor plano educacional e
na promoção de uma boa comunicação, habilidades de funcionamento executivo e
independência.
Segundo Cury (2003) pais e profissionais precisam trabalhar juntos. Os
professores devem ter alguma compreensão do comportamento da criança e
habilidades de comunicação em casa, e os pais devem deixar educadores saber
sobre suas expectativas, bem como quais técnicas de trabalho em casa. A
comunicação aberta entre o pessoal da escola e os pais pode levar a uma melhor
definição de metas e avaliação do progresso do aluno.
Para Skliar (2003) os objetivos da escola precisam ser adaptados à
capacidade intelectual e ao nível de funcionamento da criança. Algumas crianças
precisam de ajuda para entender situações sociais e desenvolver respostas
apropriadas. Outros apresentam comportamento agressivo ou auto-prejudicial, e
precisam de ajuda para gerenciar seus comportamentos.
Jordan (2000) discorre que a elegibilidade para serviços na escola deve ser
baseada em uma avaliação educacional e diagnóstico, não simplesmente um
diagnóstico médico. Somente um diagnóstico médico de autismo é muito pouco para
um estudante com autismo. Para obter um diagnóstico educacional e acesso aos
serviços, deveria haver uma determinação educacional de deficiência sendo feita por
uma equipe multidisciplinar de profissionais da escola. É importante solicitar uma
avaliação escolar para a crianaça após o diagnóstico médico para que a criança
possa acessar os serviços de educação especial o mais rápido possível. Esta
avaliação é baseada no impacto que o diagnóstico médico do autismo tem na
capacidade do aluno de aprender na escola.
O autor Lopes (1997) ressalta que nenhum programa irá satisfazer as
necessidades de todos os indivíduos com deficiência, por isso é importante
encontrar o programa ou programas que melhor se adequam às necessidades da
criança. Assim como as abordagens de tratamento, os programas educacionais
devem ser adaptados às necessidades individuais da criança, flexíveis e reavaliados
em uma base regular.
Jordan (2000) cita que na sala de aula, o aluno e o professor enfrentarão
desafios diferentes. O plano de enisno deve ajudar a apoiar a criança na sala de
aula e ao longo de seus anos na escola. Comportamentos diferentes são uma
grande parte do autismo. Aprender sobre autismo e as características específicas da
criança irá ajudá-la a gerenciar eficazmente os comportamentos.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste artigo, foi trabalhado o tema de surdez, depois investigamos o que a


ciência diz sobre os surdos.
Com este propósito, foram citados vários autores, que construíram o conceito
de "surdo", tendo uma visão crítica da concepção do surdo com base em deficiência
e reivindicando esse assunto a partir do contexto sócio-cultural. Isso permitiu ter
uma visão panorâmica de como esse tema está sendo concebido.
No entanto, essa análise mostrou que essa tentativa de reivindicar a
comunidade surda como uma peculiaridade étnico-linguística levou à concepção
deste grupo a partir de uma concepção de cultura estática e descritiva, que não
considera o sujeito de significados, nem a contextualização sócio-histórica da cultura
que, sem dúvida, acreditamos que mudou ao longo do tempo.
Da mesma forma, é estipulado que dificilmente é possível falar de uma
identidade "pura" de surdo. A identidade do sujeito está relacionada a práticas
sociais e com diversas interações discursivas diferenciadas ao longo de sua vida.
Finalmente, foi mostrado que as definições usadas em torno da ideia de
comunidade, a grande maioria dos autores apenas definem o consenso, a ordem,
que os surdos vivem nessas comunidades, uma espécie de oásis no meio dos
ouvintes.
Foi feita uma análise crítica da cultura e da comunidade surda. Isso levou a
analisar certos aspectos que não são considerados na definição clássica de cultura
surda utilizada pela maioria dos autores que trabalham neste campo e que deixa de
lado aqueles aspectos que, a partir da leitura de Thompson, consideram as
mudanças sócias históricas que nos permitem investigar mais e dar a conhecer a
dinâmica desses grupos, o conflito, a violência, a desigualdade e a discriminação
que os surdos experimentam.
REFERÊNCIAS

ABRAMOWICZ, Jaqueline (org.) Para além do fracasso escolar. Campinas, SP:


Papirus, 1997.

ASSIS SILVA, César Augusto. (2011), Entre a deficiência e cultura: análise


etnográfica de atividadesmissionárias com surdos. São Paulo: Tese de
Doutorado em Antropologia Social, FFLCH/ USP.

ARANHA, Maria Salete Fábio. Inclusão. In: Inclusão. Londrina: Ed. Londrina, 2003.

BAUMEL, R.C.R.C. & SEMEGHINI, I. (org.) INTEGRAR/INCLUIR: desafio para a


escola atual. São Paulo: FEUSP, 1998.

BELISÁRIO, J. Ensaios pedagógicos: construindo escolas inclusivas. Brasília:


MEC, SEESP. 2005.

CURY. Augusta. Maria – A maior educadora do mundo. EDUSP. São Paulo. 2003.

LDB - Lei nº 9394/96, de 20 de dezembro de 1996.

FALCÃO, Luiz Albérico. Surdez, Cognição Visual e LIBRAS: conhecendo novos


diálogos. Recife: Editora do Autor, 2010.

JODELET, D. Os processos psicossociais da exclusão. In: SAWAIA, B. B. As


artimanhas da exclusão: análise psicossocial e ética da desigualdade social.
Petrópolis, RJ: Vozes, 2001.

JORDAN, Rita. (2000). Educação de Crianças e Jovens com Autismo, Instituto de


Inovação Educacional, Lisboa.

KLEIN, Madalena. Movimentos Surdos e os Discursos sobre Surdez, Educação


e Trabalho: a constituição do Surdo Trabalhador. Disponível em:
<http://www.cultura-sorda.eu/.../Klein_movimento-surdopdf>. Acesso em 9 de set. de
2010.

LOPES, Eliana Rodrigues Boralli. Autismo: Trabalho com a Criança e com a


Família.1ª ed. São Paulo: EDICON: AUMA, 1997.

MACHADO, Paulo C. A Política Educacional de Integração/Inclusão: um olhar


do egresso surdo.Florianópolis: Ed. Da UFSC, 2008.

MAIA, A. C. B; VALLE, T. G. M.Aprendizagem e comportamento humano. São


Paulo: Cultura acadêmica, 2010.

SKLIAR, C. Pedagogia (improvável) da diferença: e se o outro não estivesse


aí?tradução: Giane Lessa. Rio de Janeiro: DP&A, 2003.

Você também pode gostar