Você está na página 1de 12

A PEDAGOGIA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO À

LUZ DAS CONTRIBUIÇÕES DE VYGOTSKY E PIAGET

LUCYLENO MUGUET SERAFIM

PARAÍSO DO NORTE – ABRIL, 2019


LUCYLENO MUGUET SERAFIM

A PEDAGOGIA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO À


LUZ DAS CONTRIBUIÇÕES DE VYGOTSKY E PIAGET

Artigo científico apresentado ao Curso de


Graduação da Fapan, como requisito parcial
para obtenção do Diploma em Pedagogia

Prof. Orientador: Esp. Adival José Reinert


Junior

PARAÍSO DO NORTE
ABRIL, 2019.

2
FOLHA DE APROVAÇÃO

LUCYLENO MUGUET SERAFIM

A PEDAGOGIA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO À LUZ DAS


CONTRIBUIÇÕES DE VYGOTSKY E PIAGET

Artigo científico apresentado ao Curso de Formação Pedagógica em


Pedagogia da FAPAN, como requisito parcial para obtenção do Diploma em
Pedagogia.

__________________________________

__________________________________

PARAÍSO DO NORTE
ABRIL, 2019

TÍTULO: A Pedagogia do Desenvolvimento Humano à luz das contribuições


de Vygotsky e Piaget
AUTOR: Lucyleno Muguet Serafim
ORIENTADOR: Prof. Esp. Adival José Reinert Júnior

3
RESUMO

Este artigo procura avaliar como o conhecimento pedagógico pode


participar no pleno desenvolvimento humano tomando por base contribuições
educacionais das obras de Lev Vygotsky e Jean Piaget, analisando os
conceitos de desenvolvimento em suas diferentes abordagens e a construção
do pensamento teórico de ambos sobre o referido tema.

PALAVRAS-CHAVE: Pedagogia, Desenvolvimento, Vygotsky, Piaget.

4
1 INTRODUÇÃO

Neste artigo versaremos sobre como a pedagogia participa do pleno


desenvolvimento humano de acordo com as contribuições de Lev Vygotsky e
Jean Piaget para área educacional. A abordagem do presente trabalho segue
a metodologia da pesquisa científica e produção textual descritiva e reflexiva.
A importância para a pedagogia do estudo sobre o desenvolvimento
humano é observada na necessidade de perceber como indivíduo é formado a
partir das inúmeras experiências sociais e aprendizagens que carrega desde a
infância. Desta maneira, podemos compreender melhor como direcionar os
alunos para o pleno desenvolvimento das suas potencialidades.
O objetivo do presente trabalho é extrair das obras de Vygotsky e
Piaget, conceitos pedagógicos e psicopedagógicos que, contextualizados,
colaborem para o ensino de forma eficaz, tendo em vista a preocupação com o
pleno desenvolvimento dos alunos, peça fundamental para construção de uma
sociedade com indivíduos mais preparados para lidar com os desafios se
impõe ao longo da vida.

5
2 O ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO HUMANO

O estudo do desenvolvimento humano, segundo TERRA (2005),


concentra-se no esforço de compreender o homem em todos os seus aspectos,
englobando fases desde o nascimento até o seu mais completo grau de
maturidade e estabilidade. Sobre o conceito de desenvolvimento RABELLO e
PASSOS (2018) discorrem:

“A noção de desenvolvimento está atrelada a um contínuo de


evolução, em que nós caminharíamos ao longo de todo o ciclo vital.
Essa evolução, nem sempre linear, se dá em diversos campos da
existência, tais como afetivo, cognitivo, social e motor.

Este caminhar contínuo não é determinado apenas por processos de


maturação biológicos ou genéticos. O meio (e por meio entenda-se
algo muito amplo, que envolve cultura, sociedade, práticas e
interações) é fator de máxima importância no desenvolvimento
humano.

Os seres humanos nascem “mergulhados em cultura”, e é claro que


esta será uma das principais influências no desenvolvimento”.

Esta correlação entre desenvolvimento e cultura mostra que a cultura no


qual o indivíduo está inserido tende a moldar como este se desenvolve.
Para Hoebel e Frost (2006, p. 4) cultura é:

“O sistema integrado de comportamentos aprendidos, os quais são


características dos membros de uma sociedade e não do resultado
de herança biológica. A cultura não é geneticamente predeterminada;
não é instintiva. É o resultado da invenção social e é transmitida e
aprendida somente através da comunicação e da aprendizagem”.

Este conceito é relevante no sentido de avaliar a cultura como produto


de uma invenção social e não algo herdado automaticamente por pura

6
genética. Ou seja, diferentemente da cor dos olhos, formatado do rosto, tipo de
cabelos, que são características inatas do indivíduo, a cultura não é assim. Ela
precisa ser aprendida e para isso necessita de comunicação social.
Diante disso, percebemos que a cultura é algo intrinsicamente humano,
uma vez que apenas os seres humanos possuem capacidade cognitiva e
comunicativa para propagação cultural.
Cada novo indivíduo nascido em uma determinada sociedade ao passar
por um processo aculturação, seja ao aprender a língua nativa daquela
sociedade, seus costumes, suas histórias, passa também por um processo de
humanização.
Em contraponto a essa visão, MOGILKA (2004), avalia:

“Frequentemente acabamos fazendo escolhas, ora privilegiando a


natureza humana e as suas potencialidades inatas, ora as estruturas
externas como a cultura e as relações sociais. Estas certamente
sempre estão presentes, mas tomadas de forma determinante, não
conseguem elucidar o processo de formação humana. Como explicar
características humanas que se repetem em culturas e contextos
sociais extremamente diversos? Por outro lado, vários autores das
pedagogias antiautoritárias enfatizam as potencialidades inatas da
criança e o seu senso de orientação orgânica, anteriores ao processo
de socialização.”

Tendo apresentado visões que nos ajudam a elucidar o conceito (ou


conceitos) de desenvolvimento humano, analisaremos as contribuições de
Vygotsky e Piaget nas principais semelhanças e diferenças em suas
abordagens.

3 O DESENVOLVIMENTO HUMANO À LUZ DE VYGOTSKY E PIAGET

7
Lev Semenovich Vygotsky (1896-1934), sob influências marxistas
considerava que as mudanças que ocorrem em cada um de nós tem sua raiz
na sociedade e na cultura.
O teórico pretendia uma abordagem que buscasse a síntese do homem
como ser biológico, histórico e social. Ele sempre considerou o homem inserido
na sociedade e, sendo assim, sua abordagem sempre foi orientada para os
processos de desenvolvimento do ser humano com ênfase da dimensão sócio-
histórica e na interação do homem com o outro no espaço social. Sua
abordagem sócio-interacionista buscava caracterizar os aspectos tipicamente
humanos do comportamento e elaborar hipóteses de como as características
humanas se formam ao longo da história do indivíduo (VYGOTSKY, 1996 apud
RABELLO e PASSOS, 2018).
Vygotsky construiu o conceito de zona de desenvolvimento proximal,
que é a distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma
determinar através da solução independente de problemas pela criança, e o
nível de desenvolvimento potencial, determinado pela solução de problemas
sob a orientação de um adulto, ou em colaboração com companheiros.
Concluímos assim dizendo, que para Vygotsky, as relações entre
aprendizagem e desenvolvimento são indissociáveis. (Da COSTA, 2018).
Jean Piaget (1896-1980) em sua obra buscou investigar o
desenvolvimento cognitivo, a linguagem e a moralidade. Assim pode perceber
que havia uma relação entre o desenvolvimento humano do ponto de vista
cognitivo e social.
O desenvolvimento humano, no modelo piagetiano, é explicado segundo
o pressuposto de que existe uma conjuntura de relações interdependentes
entre o sujeito conhecedor e o objeto a conhecer. Esses fatores que são
complementares envolvem mecanismos bastante complexos e intrincados que
englobam o entrelaçamento de fatores que são complementares, tais como: o
processo de maturação do organismo, a experiência com objetos, a vivência
social e, sobretudo, a equilibração do organismo ao meio. (TERRA, 2005).
Piaget considera 4 períodos no processo evolutivo da espécie humana
que são caracterizados "por aquilo que o indivíduo consegue fazer melhor" no

8
decorrer das diversas faixas etárias ao longo do seu processo de
desenvolvimento (FURTADO, et al.apud TERRA, 2005). São eles:
O estado sensório-motor (0 a 2 anos) que representa a conquista,
através da percepção e dos movimentos, de todo o universo prático que cerca
a criança. (PIAGET, 1999, P. 17).
O estado pré-operatório (2 aos 7 anos) que é marcado pelo início da
socialização da criança, a aparição do pensamento propriamente dito e o
surgimento da linguagem. (PIAGET, 1999, P. 25).
O estado das operações concretas (7 aos 11 ou 12 anos) que é
marcado pelo aparecimento de formas de organizações novas, que completam
as construções esboçadas no decorrer do período precedente, assegurando
um equilíbrio mais estável e que também inauguram uma série ininterrupta de
novas construções. (PIAGET, 1999, P. 41).
Por fim, o estado das operações formais (11 ou 12 anos em diante)
marca o início da adolescência e ascensão do indivíduo do mundo infantil para
a maturação definitiva. Nessa fase, as conquistas próprias da adolescência
asseguram ao pensamento e à afetividade um equilíbrio superior ao que existia
na segunda infância. (PIAGET, 1999, P. 58).
Em comparação das ideias de Piaget e Vygotsky, RABELLO e PASSOS
(2018) pontuam:
“Para Piaget, dentro da reflexão construtivista sobre desenvolvimento
e aprendizagem, tais conceitos se inter-relacionam, sendo a
aprendizagem a alavanca do desenvolvimento. A perspectiva
piagetiana é considerada maturacionista, no sentido de que ela preza
o desenvolvimento das funções biológicas – que é o desenvolvimento
- como base para os avanços na aprendizagem. Já na chamada
perspectiva sócio-interacionista, sócio-cultural ou sócio-histórica,
abordada por L. Vygotsky, a relação entre o desenvolvimento e a
aprendizagem está atrelada ao fato de o ser humano viver em meio
social, sendo este a alavanca para estes dois processos. Isso quer
dizer que os processos caminham juntos, ainda que não em paralelo.”

Segundo Da COSTA (2018), comparando a teoria de Piaget e a de


Vygotsky, poderemos notar as diferenças existentes entre elas.

9
Entre estas diferenças podemos destacar que a teoria de Piaget é
construtivista, com ênfase no papel estruturante do sujeito, e também que
Piaget reformou em bases funcionais as questões sobre pensamentos e
linguagem. Por ser ao mesmo tempo pensador e cientista experimental, a
Piaget interessava uma visão transformadora da epistemologia.
Apesar de a teoria de Vygotsky também apresentar um aspecto
construtivista, seria na medida em que busca explicar o aparecimento de
inovações e mudanças no desenvolvimento a partir do mecanismo de
internalização.
Por outro lado, Vygotsky enfatiza o aspecto interacionista, pois considera
que é no plano intersubjetivo, isto é, na troca entre as pessoas, que tem origem
as funções mentais superiores, que são mecanismos psicológicos complexos,
que envolvem controle consciente de comportamento, ação intencional e
liberdade do indivíduo em relação às características do presente momento.
A teoria de Piaget também apresenta a dimensão interacionista, mas
sua ênfase é colocada na interação do sujeito com o objeto físico, onde a
criança observando este objeto ela vai aprender a afirmar unicamente o que ela
percebe, a distinguir o que é real do que é produto da imaginação e
consequência da afetividade, que influencia seu juízo; e, além disso, não está
clara em sua teoria a função da interação social no processo de conhecimento.
Para Piaget, a criança se apodera de um conhecimento se “agir” sobre
ele, pois aprender é modificar, descobrir, inventar.
Para Vygotsky, a aprendizagem sempre inclui relações entre as
pessoas. A relação do indivíduo com o mundo está sempre mediado pelo outro.
Este processo de mediação ou melhor dizendo os mediadores sempre vai estar
entre o homem e o mundo real, estes mediadores são : Instrumentos e Signos.
Desta forma, podemos dizer que para Vygotsky, o desenvolvimento é
um processo que se dá de fora para dentro, já para Piaget, o desenvolvimento
se dá de dentro para fora.

10
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste artigo versamos sobre a pedagogia participando do pleno


desenvolvimento humano de acordo com as contribuições de Lev Vygotsky e
Jean Piaget.
Ao avaliar os conceitos do desenvolvimento humano, fica notória a
complexidade da mente e das relações sociais. Não obstante, podemos
perceber que embora Vygotsky e Piaget tenham seguido caminhos distintos na
elaboração do seu arcabouço teórico, estes influenciaram e influenciam até
hoje a pedagogia e a psicologia. Não por apresentarem todas as repostas
sobre a natureza humana, mas sim por nos oferecerem uma base científica
para que possamos continuar a busca.
Diante de tudo que foi exposto, concluo com a percepção as obras
desses dois autores devem continuar sendo estudadas e revistas para que
continuemos a avançar nos campos pedagógico e psicopedagógico para o
completo desenvolvimento humano em todas suas esferas.

11
4 REFERÊNCIAS

Da COSTA, F.M. Comparando a teoria de Piaget e Vygotsky. Portal


Pedagogia ao Pé da Letra, 2019.
Disponível em: <https://pedagogiaaopedaletra.com/comparando-teoria-piaget-
vygotsky>. Acesso em: 23/04/2019.

FURTADO, O.; BOCK, A.M.B; TEIXEIRA, M.L.T. Psicologias: uma


introdução ao estudo de psicologia. 13.ed. São Paulo: Saraiva, 1999

HOEBEL, E. A; FROST, E. L. Antropologia Cultural e Social. Tradução:


Euclides Carneiro da Silva, São Paulo: Cultrix, 2006

MOGILKA, M. Educação, desenvolvimento humano e cosmos. Salvador:


Universidade do Estado da Bahia – UNEB, 2004.
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ep/v31n3/a03v31n3.pdf>. Acesso em:
23/04/2018.

PIAGET, J. Seis estudos de psicologia. Tradução: Maria Alice Magalhães


D’Amorim e Paulo Sérgio Lima da Silva. 24 ed. Rio de Janeiro: Forense
Universitária, 1999.

RABELLO, E.T. e PASSOS, J. S. Vygotsky e o desenvolvimento humano.


Rio de Janeiro: Portal BrAT, 2018.
Disponível em: < https://josesilveira.com/wp-content/uploads/2018/07/Artigo-
Vygotsky-e-o-desenvolvimento-humano.pdf>. Acesso em: 23/04/2019.

TERRA, M.R. O desenvolvimento humano na teoria de Piaget. 2005.


Disponível em:
<https://www.unicamp.br/iel/site/alunos/publicacoes/textos/d00005.htm>.
Acesso em: 23/04/2019

VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. Rio de Janeiro: Martins


Fontes,1996.

VYGOTSKY, L. S. Pensamento e Linguagem. Rio de Janeiro: Martins Fontes,


1998.

12

Você também pode gostar