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DE
AQUILES
DO
HUMANISMO
GORDON H. CLARK
Tradução do original inglês
The Achilles Heel of Humanism
by Gordon H. Clark
Via: gordonhclark.reformed.info
Você está autorizado e incentivado a reproduzir e/ou distribuir esse material em qualquer
formato, desde que informe o autor, as fontes originais e o tradutor, e que também não altere o
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1 N. do T.: Clark trabalhou durante 28 anos na Universidade de Bulter sendo presidente do departamento de filosofia.
Ele participou da organização da Evangelical Theological Society. Para saber mais, veja The Presbyterian
Philosopher: The Authorized Biography of Gordon H. Clark, Douglas Douma, 2017.
OS PROBLEMAS da ética são problemas que nenhuma filosofia pode evitar. E, de
fato, poucas pessoas parecem querer evitá-los. Vozes em todo lugar insistem no dever moral
de acabar com a segregação, de eliminar as favelas e de estabelecer o estado de bem-estar.
Líderes eclesiásticos afirmam que a irmandade do homem requer que as várias igrejas se
unam em uma organização poderosa e várias religiões para se fundirem em uma nebulosa
confusão. Alguns dizem que a guerra está errada e que o pacifismo é certo, que os assassinatos
de misericórdia estão certos e que a pena capital está errada. Parece, portanto, que problemas
éticos não estão sendo evitados.
Essa opinião feliz, refletindo o acordo superficial entre pessoas de fala inglesa, pode
impedir um exame completo das bases das distinções morais. Quando uma decisão moral é
tida como certa, as razões por trás disso são frequentemente esquecidas. Mas felizmente para
aqueles cujos interesses são mais sistemáticos e filosóficos, a falsidade desta opinião feliz e a
superficialidade do acordo pode fazer-se mais clara agora do que poderia ser feito há
cinquenta anos. Na abertura deste século muitas pessoas foram provavelmente
envergonhadas em uma aceitação hipócrita da moralidade ocidental popular, e essa condição
continua até certo ponto nos Estados Unidos. Mas na Europa vigorosa dissidência tem sido
ouvida. Duas nações poderosas e minorias poderosas em outras nações defenderam
abertamente a brutalidade, violência, fraude e assassinato. Em nosso próprio país, o CIO
tentou persuadir a Suprema Corte a declarar inconstitucional uma lei do Arkansas que proíbe
piquetes de ferir ou matar homens que querem trabalhar. O que pessoas respeitáveis no
passado chamaram de mau agora é proclamado como bom, e os novos líderes de massas
militantes estão preparados para forçar a aceitação pela fome e tortura. Para atender a essa
filosofia, não podemos confiar em qualquer acordo superficial sobre doçura e luz. Se o
assassinato é errado, apenas um apelo aos princípios básicos pode mostrá-lo.
A FILOSOFIA DO HUMANISMO
CORLISS LAMONT em seu Humanism as a Philosophy afirma com zelo evangelístico que "o
principal fim do pensamento e da ação é promover os interesses humanos, em nome da
felicidade maior e glória do homem" (p. 273). Ele tem certeza de que o egoísmo é mau e que os
ateus podem estar dispostos a sacrificar suas vidas pelo bem social. O bem social inclui a ideia
de que os sindicatos devem ter uma influência direta e constante sobre as políticas das
empresas industriais, que o governo deve possuir e operar os principais meios de produção e
distribuição, e que não somente deve haver planejamento, mas planejamento internacional
para o bem-estar da humanidade. Lamont trata o marxismo com deferência, mas ele está
igualmente certo de que um estado fascista é ruim. Estes em geral são seus ideais e normas.
Seu método de alcançar esses ideais é essencialmente o cálculo utilitário de Jeremy Bentham.
Lamont diz, "ao julgar se algum meio particular é eticamente justificável para a realização de
certos fins, devemos, em primeiro lugar, tentar estimar imparcialmente as consequências
totais de usar estes meios" (p. 284). Ele sublinha a expressão "consequências totais". Também
pode ser observado, uma vez que o procedimento ético de Kant não é tão popular como era
antes, que este cálculo utilitarista está em possessão quase indiscutível do campo; e uma
refutação seria aplicada a quase todas teorias atuais mantidas.
OBJEÇÕES AO HUMANISMO
QUE ISSO seja suficiente para refutar o método humanista de resolver problemas éticos
específicos. Há outra objeção relativa aos ideais humanísticos. Como Lamont sabe que o
egoísmo é um falso ideal? Como é mostrado que devemos estabelecer um governo mundial
socialista para o bem-estar de toda a humanidade? Como os ideais são determinados?
Os dois autores parecem confiar na esperança de que a maioria das pessoas aceitará
seus valores propostos sem questioná-los demais. E, embora o socialismo possa ser mais
aceitável em Boston ou Nova York do que em Cincinnati ou Indianápolis, pode-se dizer que,
em geral, os valores oferecidos são bastante respeitáveis nas comunidades americanas. Mas
existem outras comunidades. Gorgias, no diálogo de Platão do mesmo nome, e Polus foram
refutados porque eles tinham vergonha de discordar dos valores estabelecidos, mas Callicles
corajosamente disse o que pensava e, ao fazê-lo, testou a lógica do argumento de Platão. Hoje
existem milhões que defendem a brutalidade e o assassinato. Há milhões, tanto católicos
romanos e os comunistas, que acreditam que o totalitarismo é valioso. As virtudes
respeitáveis de Boston são seriamente questionadas e deliberadamente rejeitadas. Como a
chamada ética científica pode responder esse desafio?
Parece-me que a ética científica não tem resposta. Brightman começa com os valores
que ele como um indivíduo gosta. Mas não há conexão lógica entre o que ele gosta e o que
você, eu ou os comunistas gostamos. Mesmo que ele ache certos valores mais agradáveis para
ele à medida que envelhece, isso não significa que você ou eu teremos a mesma experiência. E
nada baseado na experiência servirá como uma norma para governar qualquer outra pessoa.
2 N. do T.: Para saber mais sobre uma ética revelacional veja, cap. VI – Filosofia da Ética, do livro Uma Visão Cristã
dos Homens e do Mundo, Gordon H. Clark, editora Monergismo, 2013; Cap. IV – Revelation and Morality, do livro
Religion, Reason and Revelation, Gordon H. Clark, The Trinity Foundation, 3ª ed., 2012; Essays on Ethics and Politics,
Gordon H. Clark, The Trinity Foundation, 1989.