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ADMINISTRATIVO

Prof. José Eduardo Cardoso

11-02

REGIME JURÍDICO DO DIREITO ADMINISTRATIVO

HISTÓRICO

Direito Administrativo é mais recente, nasce no final do século XVIII,


depois da Revolução Francesa (1789) e Constituição Americana. Nasce
como um ramo que atacava o poder dos Monarcas, é um ramo
subversivo.
Só surgiu após o nascimento do Estado de Direito (Estado que se
submete às suas próprias regras). Antes havia o Estado de Polícia, não
havia regras que o regulasse, era a idéia de um soberano, que tinha
poder absoluto, de origem divina, não havia regras válidas para todos.

O Estado de Direito parte de duas premissas:


• A maioria deve expressar a sua vontade por meio a lei.
• Separação dos três poderes.
Rousseau – a vontade da maioria deve ser expressa pela lei, todas as
pessoas devem segui-la – Contrato Social. A maioria não pode se
submeter a minoria.
Montesquie - Todo homem que detém o poder tende a abusar, por isso,
o poder deve ser limitado pelo próprio poder, o poder deve ser
fragmentado em três: Legislar, Julgar e Executar. Os três poderes
devem se auto regular, ninguém terá o poder total do Estado, um deve
controlar o outro.
Função administrativa: é a função de executar a lei.
Os primeiros estudos são pautados pela análise da função de executar
as leis, o trabalho da administração do Estado, o Direito Administrativo.
CONCEITO DO DIREITO ADMINISTRATIVO

Embora criados para exercer certas funções, os poderes exercem outras


funções subsidiárias. Ex: o Senado julga os crimes praticados pelo
Presidente da República, ou seja, o legislativo excepcionalmente exerce
atividade típica do judiciário.
Os poderes exercem dois tipos de funções distintas:

• FUNÇÕES PRÓPRIAS OU TÍPICAS:

funções para quais os poderes foram criados.

• FUNÇÕES IMPRÓPRIAS OU ATÍPICAS:

São aquelas que não são a razão de ser da criação dos poderes, mas
que acabam sendo por eles exercidos, por força das determinações
constitucionais.
Ex:
- para garantir a autonomia do poder, cada poder se auto regula, para o
legislativo comprar cadeiras para as suas salas, ele deve fazer licitação
para essa compra, que é uma atividade típica do poder executivo.
- Os crimes de responsabilidade são julgados pelo legislativo, que é uma
função do judiciário.
- quando tem que fazer um concurso público para juizes é o judiciário,
essa é uma atividade típica do executivo.
Direito Administrativo - O ramo do direito que disciplina a
função administrativa do Estado. Não importa quem a exerça.

Alguns segmentos do direito administrativo se desmembrou, passou a


ser outro ramo do direito, como o direito tributário, o direito notarial e o
direito financeiro.

Conceito - O ramo do direito que estuda ou disciplina a função


administrativa do Estado, realizada por quaisquer do seus
órgãos ou por particulares, mediante delegação, ressalvados os
seguimentos da função administrativa que passaram a
constituir outros campos autônomos da ciência do direito.

18-02-08

PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO ADMINISTRATIVO

São o alicerce de tudo que se faz no Direito Administrativo. Revelam o


binômio: poder X limite.

• PRINCÍPIO DA SUPREMACIA DOS INTERESSES PÚBLICOS


CONCEITO:
É o que afirma privilégios e prerrogativas para aquele que recebe a
missão de executar a lei, de modo a coloca-lo em um patamar de
prerrogativas e privilégios jurídicos superior àqueles que buscam a
mera satisfação de interesses privados.
A vontade da administração vincula o administrado, independe dele
querer ou não. Quando o semáforo fala pare, o sujeito tem que
obedecer, sob pena de sanção. Pela simples manifestação de querer da
administração, ela já obriga o administrado a ter determinada conduta.

• PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE DOS INTERESSES PÚBLICOS


É o que afirma que o administrador não pode dispor livremente dos
interesses públicos, ao seu livre critério, apenas podendo faze-lo nos
limites da lei.
A regra não é a liberdade, mas a legalidade, só faça o que a lei manda.
Por isso que tem-se limites que o mundo privado jamais pensaria, como
por exemplo, não se pode comprar livremente um computador, mas
tem que fazer licitação, dentro dos limites do orçamento, seguindo
todos os tramites legais, para sempre encontrar a proposta que atenda,
não o interesse pessoal, mas o interesse público.

PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


PRINCÍPIOS EXPLÍCITOS

Estão espalhados pela CF.


Capitulo 7, Art 37 e ss.

• LEGALIDADE
Art 37, caput e art 5, II da CF.
Ninguém poderá fazer ou deixar de fazer, senão em virtude de lei.
Somente a lei pode introduzir, em caráter primário, direitos e deveres.
A incidência do principio da legalidade no mundo Público, é bem
diferente do Privado.
Quer dizer que:
- Mundo Privado: O que não é proibido, é permitido.
- Mundo Administrativo: O que não é permito, é proibido.
Ele é uma decorrência do princípio da indisponibilidade do interesse
público. O administrador só pode fazer aquilo que a lei autoriza.
Ele foi colocado na CF 88 com bastante força, o que nem sempre
encontramos em todas as Constituições Modernas. Mas ainda cabe
algumas poucas exceções.
Esse princípio é cláusula pétrea.
Exceções:
1. MEDIDA PROVISÓRIA: É expressa no exercício da função legislativa do
Estado, mas não pode ser confundida com a lei. Ela tem força de
lei apenas. Ela tem prazo fixado para a sua existência, ela é
provisória. Além disso, há limites para a sua criação, requisitos
sobre a matéria e sobre a situação de urgência necessária.
Portanto, ela enseja exceções ao principio da legalidade, na
medida em que não sendo lei, ela cria deveres e direitos.
2. ESTADO DE DEFESA: Tem tempo determinado e área a ser abrangida. É
decretado pelo Presidente, que estabelecerá por meio de Decreto,
limites e cerceamento a direitos dos cidadãos. Valerão como se a
lei tivesse expressado.
3. ESTADO DE SÍTIO: Estende os efeitos do estado de defesa.
4. REGULAMENTOS AUTÔNOMOS.
Percebe-se que as exceções ao princípio tem que estar previstas na
própria Constituição.

PODER REGULAMENTAR

Regulamento é o ato da administração que fixa normas gerais,


normalmente abstratas, com o objetivo de disciplinar condutas.

• REGULAMENTO DE EXECUÇÃO DA LEI


É o regulamento que fixa normas destinadas a garantir, com segurança
e uniformidade, a fiel execução da lei.
A lei, quando é sancionado, promulgada e entra em vigor, ela define
normas de condutas que podem gerar problemas de interpretação,
porque são vagas, o interprete vê mais de um caminho. Assim, se
atribui ao executivo o poder de fixar a interpretação que deverá ser
seguida, para garantir segurança jurídica e uniformidade.

• REGULAMENTO AUTÔNOMO OU INDEPENDENTE


É aquele que trata de matéria que não podem ser tratada pela lei, por
ser posta exclusivamente à disciplina do poder executivo.
Na França, a CF diz que certas matérias só serão objetos de atos
normativos do executivo, como o de segurança pública. É uma reserva
legal administrativa de determinada matéria.
Quando o executivo baixa esses regulamentos, eles fixam direitos novos
e deveres. Há os que sustentam que é função legislativa.

• REGULAMENTO AUTORIZADO
São aqueles que o legislador ordinário, em matéria que por lei
originalmente deveria ser tratada, remete à disciplina do executivo por
regulamento.

• BRASIL:
Existe o regulamento de execução da Lei, estão previstos no art 84,
inc IV, da CF. Compete privativamente ao Presidente da República,
expedir regulamentos e decretos para a fiel execução da lei. A forma
correta é por meio de decreto administrativo, é um ato privativo do
chefe do executivo. Decreto é forma e regulamento é conteúdo.
Não há na CF vedação à matérias que o legislativo não pode tratar. O
legislativo sempre pode tratar, de qualquer matéria. Por isso, tinha-se
que não há regulamento autônomo no Brasil. Mas em 2001, a EC 32
mudou isso, mudou o art 84, inc VI, compete privativamente ao
Presidente, dispor sobre a organização interna do executivo, criação de
cargos públicos, entre outros, desde que não aumente o orçamento. Ou
seja, só o Presidente e não o legislativo, pode, por meio de decreto.
Agora, muitos passaram a afirmar que o regulamento autônomo existe
no Ordenamento Jurídico Brasileiro.
Entretanto, Celso Antonio Bandeira de Mello e o Prof, defende que o
regulamento autônomo é aquele que vai tratar de um assunto que a lei
não pode tratar. Mas no caso, o regulamento não pode criar órgão, nem
extinguir, nem ultrapassar o orçamento, ou seja, ele pode renovar
coisas que a lei já fixou, são situações de mera execução da lei, não é
algo independente de lei. Então não é autônomo, mas regulamento de
execução.
O Regulamento autoriza se verifica na seguinte circunstancia: a lei diz
que é o executivo que vai tratar. Na verdade, a lei está delegando ao
executivo uma função tua. Isso fere a separação dos três poderes,
porque o legislativo só pode delegar uma parte de sua função a outro
órgão, se estiver expresso na CF. As delegações pretendidas no plano
infraconstitucional não podem fazer isso. Portanto, o regulamento
autorizado no Brasil, ofenderia o princípio da Separação dos 3
Poderes.
Mas na prática, se encontra leis que dá cheque em branco ao executivo,
em matéria que ela deveria tratar e não tratou. A lei que disciplina a
ANATEL criou uma modalidade de licitação chamada consulta, que será
regulamentada pelo regulamento, está delegando atribuições do
legislativo ao executivo. Isso é uma delegação simulada, situação
inconstitucional.

Os regulamentos devem ser baixados por decretos. Há leis que fixam


um prazo para o Executivo baixar o decreto. O STF estabeleceu que
esse prazo é inconstitucional, não pode o legislativo estabelecer
condicionante a uma função atípica do executivo.
Agencias Reguladoras: elas são autarquias especiais, criadas pelo FHC,
exercem poder regulamentar?
Uns dizem que elas podem baixar regulamentos independente de lei,
como se fosse regulamento autônomo. Isso é inconstitucional, o pior é
que o poder regulamentar é privativo do chefe do executivo e não das
agências.

25-02

• IMPESSOALIDADE
É o que afirma que a administração pública não pode exercer suas
atividades visando o favorecimento ou o prejuízo de quem quer que
seja, por suas condições pessoais.
Dois aspectos:
 Impessoalidade do administrador – ele não pode tirar êxito
pessoal dos seus atos administrativos. Não pode ter
propaganda que vincule nomes ou imagens dos servidores
públicos, eles não podem se promover as custas do erário
público.
 Impessoalidade do administrado. Não importa quem seja, as
condições pessoais não será levada em conta na hora de
sujeito passivo do serviço público. Ex: o governador não poderá
passar na frente da fila do hospital público, só porque ele é
governador.
• MORALIDADE
É o que afirma que não basta ao administrador cumprir a lei, é
necessário cumprir, pelos seus atos, os valores éticos predominantes na
sociedade.
Antes da CF 88 – discutia se era um princípio jurídico ou não. Meirelles
dizia que sim, que se não fizesse, tinha que se submeter a sanções.
Outros diziam que era moral e merecia sanções morais.
CF 88 – colocou a moralidade como um princípio jurídico, então, seu
descumprimento exige sanções jurídicas.
Exemplos de ações legais, mas imorais:
 Nepotismo: é a designação de parentes em favorecimento de
outros, para o exercício de funções públicas. Essa proteção é
bem comum no Brasil, tanto que a lei proibiu a contratação de
parentes. Mas está liberado para os cargos de confiança, o
imoral é contratar alguém menos preparado do que o outro, só
porque é parente.
Improbidade administrativa – sofre sanções.
QUAL DIFERENÇA ENTRE IMPROBIDADE E IMORALIDADE?
Conceito - A improbidade é uma espécie do gênero imoralidade.
BRASIL - Improbidade significa ofender os princípios da administração,
então, no Brasil, a improbidade é mais ampla que a moralidade.

03-03

• PUBLICIDADE:
Afirma que os atos da administração não devem ser sigilosos, de modo
a que todos os atingidos pelos seus efeitos devem ser formalmente
cientificados da sua existência.
A lei é quem dirá o modo pelo qual a publicidade será dada.
Em regra, é através de publicação da Imprensa Oficial. Cada ente tem o seu
mecanismo, como os diários oficiais.
Há exceções, onde não basta a publicação da Imprensa Oficial, tem que publicar
em jornais de grande circulação. Há casos ainda que nem precisa da Imprensa,
como a licitação na modalidade convite, este é feita por carta, ela será afixada em
local de público acesso e enviado a um número mínimo de 3 pessoas.
ATOS ADMINISTRATIVOS DE EFEITOS EXTERNOS:
São aqueles que atingem terceiros, que estão fora dos muros da administração.
Nesse caso, a falta de mandamento legal indica que a publicidade é feita através
da publicação.
ATOS ADMINISTRATIVOS DE EFEITOS INTERNOS:
Os efeitos estão restritos à administração. A publicidade será satisfeita com a
ciência daqueles que serão atingidos (através de circulares).

Publicidade no art 37, §1, tem haver com propaganda e não com a publicidade
dos atos jurídicos.
ATINGE A EFICÁCIA OU A EXISTÊNCIA DOS ATOS ADMINISTRATIVOS?
Lei fala que os contratos devem ser publicados em determinados
tempo, se não forem, será sustada a eficácia.
No caso da publicação, a lei não dispõe.
Prof - Falta da disposição legal que diga o contrário, a publicação é
necessária para a existência.

• EFICIÊNCIA
Afirma que não basta ao administrador utilizar os meios adequados para
a execução da sua competência, mas é necessário ainda que por esses
meios produza os melhores resultados qualitativos e quantitativos
possíveis.
Privado – eficiência é ligado ao resultado.
Público – o resultado final é importante, mas os meios são muito
importantes.
É eficiente quem usa o melhor meio possível, para chegar ao melhor
resultado.

• RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO:


Art 37, §6, da CF.
Sempre que o Estado causa dano a alguém, deve indenizar.
Tem ligação com o princípio da igualdade. Todos os administrados
contribuem para o Estado, se um deles é lesado, está sendo mais lesado
que os outros, isso deve ser equilibrado.
RESPONSABILIDADE OBJETIVA:
Basta a demonstração de nexo causal entre o fato realizado pelo Estado
e o dano sofrido pelo administrado, que ele deve indenizar.

• ISONOMIA OU IGUALDADE FORMAL:

Caput, art 5, da CF.


Todos são iguais perante a lei, sem distinções de qualquer natureza.
É a igualdade formal, pois há desigualdades entre as pessoas.
Leis ou atos administrativos que contrariem o princípio da igualdade,
são inconstitucionais.
Tudo na natureza é igual e diferente, depende da ótica.
Ex: lei cria 300 cargos de MP, só é permitido para o sexo masculino,
essa lei é inconstitucional. Se criar 300 cargos de polícia feminina, é
inconstitucional? Aparentemente não. O mesmo critério discriminatório
ora pode ser feito, ora não pode ser feito.
Livro – Conteúdo jurídico do princípio da igualdade – Celso Antonio
Bandeira de Melo.
Discriminar – se tirar o sentido pejorativo do termo, é tratar um grupo
de pessoas diferente do resto da sociedade. Todo norma jurídica
discrimina, pois dá um tratamento a um grupo, que teve determinada
conduta, situações diferente dos demais, como as penas.
Para saber se uma discriminação é compatível ou não com o Princípio
da Isonomia, tem que pegar o fato que foi discriminado e compara-lo
com a razão jurídica, pela qual essa discriminação é feita na norma. Se
houver uma racionalidade ou pertinência lógica, a norma é compatível
com o princípio da isonomia.

10-03
• PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO, DA AMPLA DEFESA E DO DEVIDO PROCESSO
LEGAL
Art 5º, LIV e LV
É o princípio que afirma que quaisquer situações restritivas de direitos
aplicadas em decorrência de condutas indevidas dos administrados,
deverão ser precedidas da realização de regular processo em que se
assegure ao acusado o direito ao contraditório e a ampla defesa.

• PRINCÍPIO DO CONTROLE JUDICIAL DOS ATOS ADMINISTRATIVOS


Art 5, XXXV da CF.
Nenhum ato administrativo poderá ficar afastado da apreciação do
poder judiciário, ou seja, não há possibilidade de afastar, a priori, os
atos administrativos da revisão do judiciário.
A coisa julgada é a qualidade de imputabilidade que atinge os efeitos
dos atos jurídicos, no nosso sistema, só as sentenças judiciais tem essa
qualidade, esse poder, nem a lei pode modificar. A coisa julgada só
pode ser produzida no exercício da função judiciária.
A coisa julgada administrativa é o nome de uma situação em que a
Administração Pública não pode rever os seus atos. Mas ainda pode ser
revisto pelo judiciário. Portanto, esse nome é errado, não é coisa julgada
de verdade.

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PRINCÍPIOS IMPLÍCITOS

Podem estar expresso em lei infraconstitucional ou em algumas


Constituições Estaduais, mas não estão na CF.

• PRINCÍPIO DA FINALIDADE
É o que afirma que as ações da Administração Pública devem sempre
ter por fim a satisfação do interesse público.
A lei revela a vontade da coletividade, o interesse da coletividade.
Portanto, esse interesse que a lei afirma é o interesse público. O
executor deve sempre estar voltado a satisfação desse interesse, esse é
o seu papel.

• PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE
É o que afirma que a pretexto de cumprir a lei, não pode o
administrador pautar-se por comportamentos irracionais, insanos ou
tresloucados.

• PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE:
É um desdobramento do da razoabilidade.
É aquele que afirma que o administrador, ao executar a lei, não pode
utilizar meios mais intensos ou desajustados aos fins que legalmente
deve alcançar.
O meio para a execução da lei deve ser proporcional, coerente, com a
intenção da lei. Sempre buscar meios menos gravosos para a execução.

• PRINCÍPIO DA MOTIVAÇÃO

É o que afirma que o administrador, na prática dos atos


administrativos , deve narrar por escrito as razões de fato e de direito
que ensejaram a sua prática.
Princípio da Auto tutela
É o que afirma que os atos administrativos podem ser revistos pela
administração pública, seja quanto aos aspectos da sua legalidade, seja
quanto a aspectos da sua inconveniência ou inoportunidade.
A administração tem poder de se auto regular, corrigi-los, anula-los e
revoga-los.

ATOS ADMINISTRATIVOS

Problema – diversidade de conceitos.


Cada um chama, na falta da disposição legal, do que quiser.
Como não há um conceito legal de ato administrativo, há vários
conceitos.
Celso Antonio Bandeira de Mello
CONCEITO:
É a declaração jurídica do Estado ou de quem lhe faça as vezes
praticada no exercício de prerrogativa públicas, enquanto comando
complementar da lei, ou vinculado diretamente à CF, e sempre revisível
pelo Poder Judiciário.
Ato administrativo é uma espécie do gênero ato jurídico. Este é o ato
que cria, modifica, extingue ou declara o direito.

24-03

• ESPÉCIES DE ATOS DA ADMINISTRAÇÃO QUE NÃO É ATO ADMINISTRATIVO:

 Atos atípicos do Poder Executivo – é executar a lei. Exercer


função diferente da típica, como as Medidas Provisórias.
 Atos materiais praticados pelo PE – atos não jurídicos, ou
seja, aqueles que não trazem nenhuma conseqüência para o
direito.
 Atos políticos ou de governo praticados pelo PE – Como
declaração de guerra.
 Atos regidos pelo direito privado, praticados pelo poder
executivo.

• ATOS ADMINISTRATIVOS QUE NÃO SÃO ATOS DA ADMINISTRAÇÃO:

 Atos administrativos atípicos praticados pelo poder


legislativo e pelo poder judiciário. Pois para ser ato da
administração, tem que ter sido praticados pelo executivos.
 Atos administrativos praticados por terceiros, mediante
delegação. Os atos administrativos são praticados pelo
Estado ou por quem faça as vezes. Todas as vezes que um
terceiro recebe autorização para praticar um ato
administrativo, é incurso nesse caso. Ex: cartórios.

ATRIBUTOS DO ATO ADMINISTRATIVOS


Atributos são qualidade próprias, que o distingue dos outros. Os atos
administrativos têm certas qualidades que lhe caracterizam. São
características peculiares.
Não quer dizer que todos os AA têm todos esses atributos.
1. PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE:
É o atributo que possuem os atos administrativos, de serem
considerados válidos, até prova em contrário.
É presunção de validade, de legalidade.
Essa presunção advém do seguinte raciocínio: o ato administrativo tem
a função de executar a lei, se imagina que ele está cumprindo a lei e
esteja adequado a lei. Se o administrador, a pretexto de cumprir a lei,
age de forma ilegal, aí entra a exceção.
É uma presunção iures tantum.
Ex: a certidão de óbito vem dotada da certeza de que a pessoa morreu,
não precisa de outra prova. Mas se ela não condiz com a verdade, ela
pode ser impugnada.
2. IMPERATIVIDADE
É o poder, que possuem os Atos Administrativos, de gerar obrigações
unilaterais aos administrados, independentemente da concordância
desses.
Ex: sinal de trânsito, quando acende a luz verdade, é uma declaração
jurídica do Estado, praticada no exercício de prerrogativa pública, o CTN
autoriza esse ato, mandando a pessoa parar. Faz nascer para o
motorista a obrigação de parar, mesmo que ele não concorde.
3. EXIGIBILIDADE
É o poder que possuem os Atos Administrativos de serem exigidos,
quanto ao seu cumprimento, sob ameaça de sanção. É a sanção da
multa, ao ultrapassar sinal vermelho. A presença do guarda de transito
é a ameaça do Estado dizendo: passa que eu te multo. Mesma coisa
com as placas de sinalização de fiscalização eletrônica, se ultrapassar
da velocidade, será multado.
No instante que nasce a obrigação, nasce a ameaça.
A imperatividade e exigibilidade pode aparecer em momentos distintos.
Ex: é proibido ter imóvel não residencial nesse bairro, se o fizer, tem o
prazo de 30 dias para cessar a atividade, sob pena de multa. Durante
esses 30 dias, há a obrigação de acabar com a atividade, já tem a
imperatividade, mas ainda não tem a ameaça, falta a exigibilidade.
Não tem como haver ameaça sem o dever. Ou seja, a imperatividade é
um pressuposto lógico da exigibilidade.
4. AUTO­EXECUTORIEDADE
É o poder, que possuem os atos administrativos, de serem executados
materialmente pela própria administração, independentemente de
qualquer solicitação ao Poder Judiciário.
No mundo privado, a auto-executoriedade tem caráter excepcional,
como no caso da defesa da posse, decorrente de esbulho possessório, o
particular, o possuidor, pode defender no exato momento, sem
autorização.
Mas no mundo público, é regra. Não precisa de autorização, é
automática.
Nem todos os atos administrativos tem todos os atributos.
Ex: O procedimento tributário é um conjunto de atos administrativos,
mas não são auto-executáveis, para receber o crédito tributário, o
Município tem que entrar no Judiciário, com uma ação de execução
fiscal.
A auto-executoriedade existe em dois casos:
 Quando a lei expressamente a prever. Ex: imóvel comercial em
bairro residencial será fechado automaticamente.
 Quando a lei tacitamente vier a prever. Vai se configurar
quando concorrer concomitantemente ocorrer dois requisitos:
uma situação de urgência em que a ADM deve intervir de
imediato, para evitar uma lesão aos interesses públicos;
ocorrer a inexistência de meio judicial idôneo capaz de, a
tempo, evitar a lesão. Ex: uma escola de ensino fundamental
tem um dogueiro com cachorro quente temperado com
arsênico, as crianças vão sair em cinco minutos, não há lei que
autorize a apreensão de cachorro quente temperado com
arsênico, é claro que tem que agir imediatamente.
O princípio da legalidade fala que o administrador só pode fazer o
que a lei autoriza. A lei que atribui competência administrativa ao
servidor público, atribui um dever de executar a lei, ele tem que
ter os instrumentos para cumprir o dever, se os instrumentos não
estão expressos, eles estão implícitos no Sistema, senão não
poderia a lei exigir o cumprimento do dever do servidor público.
Os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade dão limites
precisos ao campo de liberdade discricionária do agente. Logo, a
auto-executoriedade se prende a limites, principalmente quando
a lei não expressa os limites.
Maria Silvia inclui mais um atributo:
TIPICIDADE
O ato administrativo tem que estar previsto na lei. O prof. Não acha que
seja um atributo, além de poder dar uma interpretação diferente da que
o legislador gostaria. A não descrição legal é um elemento da
discricionariedade, os atos administrativo não precisam estar expressos
na lei como o conceito de tipicidade do direito penal exige.

• REQUISITOS DOS ATOS ADMINISTRATIVOS


São as condições necessárias para a existência valida dos atos
administrativos.

14-04
Pressuposto Motivo
Pertinêcia lógica entre Motivo, conteúdo e finalidade do ato.
O motivo tem que ter uma adequação lógica, com aquilo que o ato
declara. O motivo é o que propulsiona o ato.
Ex: o prefeito demite a funcionária que diz: Bom dia, senhor prefeito.
O conteúdo da demissão é extinguir a relação de emprego, a finalidade
da demissão é a punição. Não tem lógica que o motivo, mesmo
existente, não tenha nenhuma correspondência com os outros
elementos do ato administrativo.
Isso só tem sentido prático quando a lei não descreve o motivo ou o
descreve de forma muito vaga. Quando a lei dá liberdade discricionária
ao executor. Pois o limite da discricionariedade da escolha do motivo, é
a relação lógica com o conteúdo e a finalidade.
Não basta que o motivo exista.
Celso Antonio – segue a doutrina portuguesa, criando a causa do ato
administrativo. Causa é o nexo de pertinência lógica, que deve existir
entre o motivo, o conteúdo e a finalidade do ato. Toda a análise do
motivo deve se ater a teoria dos motivos determinantes.
Prof – a palavra causa, no ADM e na TGD, tem problemas de conceito,
muitos chamavam de causa os requisitos dos atos administrativos.
MOTIVAÇÃO DO ATO ADMINISTRATIVO 
São as razões escritas, em que se apresentam os fatos e os direitos, que
levaram a prática do ato.
O motivo é o fato, a motivação é a narrativa formal.
Sempre que a motivação for obrigatória, a sua ausência gera nulidade.
Ela faz parte da forma do ato, do pressuposto formalização.

Quando ela é obrigatória?


Meirelles – na ausência de texto legal, ela seria obrigatória nos atos
vinculados. Ele tem que motivar, pois ele é obrigado a fazer daquele
jeito.
2 Corrente – é obrigatório no discricionário, porque não teria como
escobrir qual é o motivo.
3 Corrente – são os atos restritivos de direitos, nada a ver com
vinculação ou discricionariedade.
Tendência – em regra, todos os atos administrativos tem que ter
motivação. Porque há esse princípio constitucional implícito.
Todo ato adm é revísivel pelo judiciário, para ele controlar, tem que
estar motivado.
Exceção – há atos que não podem ser motivados.
Prof:
– Ato não tiver que ser praticado por escrito.
– A lei descrever o motivo, de tal forma que torne óbvio e induvidoso, o
fato que pode ser o motivo do ato, sobre todos os seus aspectos.
MÓVEL
É a intenção subjetiva, psicológica, com o que um agente pratica um ato
administrativo.
O móvel é pressuposto de validade?
Ele pode ser valorado, ele pode ser lícito, ilícito, moral, amoral...
Se for imoral, ilícito, ele será inválido?
Não.
O ato administrativo não se submete a isso, porque está no plano
psicológico, não está no mundo jurídico. Ele, isoladamente considerado,
não é pressuposto de validade.
O que pode acontecer é um móvel ilícito gerar um ato inválido.

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