Novas Tecnologias Aplicadas No Agronegocio

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NOVAS

TECNOLOGIAS
APLICADAS AO
AGRONEGÓCIO

Professor. Me. Tiago Ribeiro da Costa

GRADUAÇÃO

Unicesumar
Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de EAD
Willian Victor Kendrick de Matos Silva
Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi

NEAD - Núcleo de Educação a Distância


Direção Operacional de Ensino
Kátia Coelho
Direção de Planejamento de Ensino
Fabrício Lazilha
Direção de Operações
Chrystiano Mincoff
Direção de Mercado
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Direção de Relacionamento
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Gerência de Produção de Conteúdo
Juliano de Souza
Supervisão do Núcleo de Produção de
Materiais
Nádila de Almeida Toledo
Coordenador de conteúdo
Silvio Silvestre Barczsz
Design Educacional
Rossana Costa Giani
Projeto Gráfico
Jaime de Marchi Junior
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a José Jhonny Coelho
Distância; COSTA, Tiago Ribeiro da.
Editoração
Novas Tecnologias Aplicadas ao Agronegócio. Tiago Robson Yuiti Saito
Ribeiro da Costa.
(Reimpressão revista e atualizada) Revisão Textual
Maringá-Pr.: UniCesumar, 2016. Maria Fernanda Canova Vasconcelos
179 p. Edson Dias
“Graduação - EaD”.
Ilustração
1. Tecnologia 2. Agronegócio . 3. Sustentabilidade 4. Bruna Marconato
EaD. I. Título.

ISBN 978-85-8084-262-3
CDD - 22 ed. 338.1
CIP - NBR 12899 - AACR/2

Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário


João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828
Viver e trabalhar em uma sociedade global é um
grande desafio para todos os cidadãos. A busca
por tecnologia, informação, conhecimento de
qualidade, novas habilidades para liderança e so-
lução de problemas com eficiência tornou-se uma
questão de sobrevivência no mundo do trabalho.
Cada um de nós tem uma grande responsabilida-
de: as escolhas que fizermos por nós e pelos nos-
sos farão grande diferença no futuro.
Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar –
assume o compromisso de democratizar o conhe-
cimento por meio de alta tecnologia e contribuir
para o futuro dos brasileiros.
No cumprimento de sua missão – “promover a
educação de qualidade nas diferentes áreas do
conhecimento, formando profissionais cidadãos
que contribuam para o desenvolvimento de uma
sociedade justa e solidária” –, o Centro Universi-
tário Cesumar busca a integração do ensino-pes-
quisa-extensão com as demandas institucionais
e sociais; a realização de uma prática acadêmica
que contribua para o desenvolvimento da consci-
ência social e política e, por fim, a democratização
do conhecimento acadêmico com a articulação e
a integração com a sociedade.
Diante disso, o Centro Universitário Cesumar al-
meja ser reconhecido como uma instituição uni-
versitária de referência regional e nacional pela
qualidade e compromisso do corpo docente;
aquisição de competências institucionais para
o desenvolvimento de linhas de pesquisa; con-
solidação da extensão universitária; qualidade
da oferta dos ensinos presencial e a distância;
bem-estar e satisfação da comunidade interna;
qualidade da gestão acadêmica e administrati-
va; compromisso social de inclusão; processos de
cooperação e parceria com o mundo do trabalho,
como também pelo compromisso e relaciona-
mento permanente com os egressos, incentivan-
do a educação continuada.
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está
iniciando um processo de transformação, pois quan-
do investimos em nossa formação, seja ela pessoal
ou profissional, nos transformamos e, consequente-
Diretoria de
mente, transformamos também a sociedade na qual
Planejamento de Ensino
estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando
oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capa-
zes de alcançar um nível de desenvolvimento compa-
tível com os desafios que surgem no mundo contem-
porâneo.
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de
Diretoria Operacional
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo
de Ensino
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem dialó-
gica e encontram-se integrados à proposta pedagó-
gica, contribuindo no processo educacional, comple-
mentando sua formação profissional, desenvolvendo
competências e habilidades, e aplicando conceitos
teóricos em situação de realidade, de maneira a inse-
ri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais
têm como principal objetivo “provocar uma aproxi-
mação entre você e o conteúdo”, desta forma possi-
bilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos
conhecimentos necessários para a sua formação pes-
soal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de cres-
cimento e construção do conhecimento deve ser
apenas geográfica. Utilize os diversos recursos peda-
gógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possi-
bilita. Ou seja, acesse regularmente o AVA – Ambiente
Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e en-
quetes, assista às aulas ao vivo e participe das discus-
sões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de
professores e tutores que se encontra disponível para
sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de
aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui-
lidade e segurança sua trajetória acadêmica.
AUTORES

Prof. Me. Tiago Ribeiro da Costa


Sou Tiago Ribeiro da Costa, professor assistente do Centro Universitário
Cesumar – Unicesumar. Sou professor dos cursos presenciais de Agronomia
e de Tecnologia em Agronegócios. Já na Educação a Distância, leciono nos
cursos de Tecnologia em Agronegócios, Tecnologia em Gestão Ambiental e
Gestão Comercial, além de participar dos cursos de pós-graduação EAD MBA
em Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável e Gestão com Pessoas.

As experiências que possuo como Engenheiro Agrônomo e Engenheiro


de Segurança do Trabalho, somadas às revisões de literatura sobre o tema
principal desta obra, me fizeram estabelecer a didática presente para fazê-
lo(a) compreender sobre as Novas Tecnologias Aplicadas ao Agronegócio.
APRESENTAÇÃO

NOVAS TECNOLOGIAS APLICADAS AO


AGRONEGÓCIO

SEJA BEM-VINDO(A)!
Seja bem-vindo(a) à obra “Novas Tecnologias Aplicadas ao Agronegócio”. Por meio desta
obra, pretendo introduzi-lo(a) ao fascinante mundo das tecnologias que são emprega-
das neste setor estratégico para a economia brasileira, que é o Agronegócio.
As experiências que possuo como Engenheiro Agrônomo e Engenheiro de Segurança
do Trabalho, somadas às revisões de literatura sobre o tema principal desta obra, me
fizeram estabelecer a didática presente para fazê-lo(a) compreender sobre as Novas Tec-
nologias Aplicadas ao Agronegócio.
Para cumprir este desafio, em nossa primeira Unidade, busquei estabelecer um panora-
ma amplo sobre a caracterização do termo “tecnologia” e quais são as visões que podem
ser associadas a este termo. Você verá que o termo em si possui um entendimento bas-
tante simples, afinal, “tecnologia” significa o “estudo da arte” ou o “estudo da técnica”, ou
ainda, o “estudo do ‘como fazer’”. O que torna o entendimento do termo um pouco mais
complexo são justamente as visões que associamos ao mesmo. Mas a Unidade I será
bastante esclarecedora, não somente sobre os conceitos e visões associadas ao termo
“tecnologia”, mas também no sentido de estabelecer a inovação como condição neces-
sária ao bom rendimento econômico de uma neotecnologia.
Por sua vez, a segunda Unidade nos ilustrará as dificuldades que uma tecnologia enfren-
ta para ser aceita e posta em prática. Os diversos fatores psicológicos, sociais e ligados
à complexidade destas tecnologias fazem com que as mesmas não sejam adotadas em
tempo necessário, promovendo atrasos na evolução de uma cadeia produtiva. Infeliz-
mente, o Agronegócio é uma das áreas onde mais temos atraso na adoção tecnológica,
em especial, por parte de muitos produtores rurais tradicionalistas. Nesta Unidade, dis-
cutiremos algumas sugestões para transpassarmos essa problemática.
Já na terceira Unidade, faremos um estudo da aplicação das tecnologias nas atividades
econômicas vinculadas ao Agronegócio. Faremos um breve histórico sobre os fatos que
levaram à ocorrência da Revolução Verde, sobre suas principais características e conse-
quências, do ponto de vista social, econômico, cultural e ambiental. Você concluirá, ca-
ro(a) leitor(a), que mesmo com as consequências negativas, sem a Revolução Verde nos-
so país não teria a pujança que possui hoje, sendo líder em muitas cadeias produtivas.
Em nossa penúltima Unidade, faremos uma abordagem sobre as principais tecnologias
que são aplicadas em nível de campo. Plantio Convencional, Plantio Direto, Adubação
Verde, Faixas de Retenção e Rotação de Culturas são exemplos daquilo que você encon-
trará em nossa quarta Unidade. Desde já, saliento que não é minha intenção esgotar
todos os assuntos referentes às tecnologias discutidas e nem apresentar todas as tec-
nologias disponíveis. Apenas quero dispor a você informações básicas a respeito das
principais tecnologias e aguçá-lo(a) na busca por novas tecnologias que não estejam
contempladas nesta obra. Afinal, você será fundamental no processo de difusão dialo-
gada de tecnologias e quanto maior for seu conhecimento, mais chances de sucesso lhe
aguardam.
APRESENTAÇÃO

Por fim, em nossa última Unidade, faremos uma análise sobre a necessária mudança
de paradigmas. Você verá que é condição necessária que nossas atitudes e nossas
tecnologias obedeçam a uma nova ordem, onde os recursos para se produzir são
escassos. Discutiremos, portanto, sobre as principais perspectivas da sustentabili-
dade para que, ao final da Unidade, possamos apresentar modelos tecnológicos e
produtivos mais limpos, os quais são tendências para o Agronegócio.
Você está preparado(a)? Não se esqueça de que para um completo aprendizado,
torna-se necessário executar as atividades aqui inseridas, conferir nossas sugestões
de vídeos, ler os materiais extras (livros, artigos e outros textos aqui referenciados) e
ter uma atitude proativa, sempre efetuando sua própria busca pelo conhecimento.
Uma boa leitura a você! É um prazer recebê-lo(a).
Prof. Tiago Costa
09
SUMÁRIO

UNIDADE I

CONCEITOS E VISÕES
SOBRE AS TECNOLOGIAS

15 Introdução

16 A “Tecnologia” como um Conceito Humano

20 Algumas Visões Associadas à Tecnologia

33 A Associação das Visões Sobre a Tecnologia e a Tecnologia Perfeita

35 A Tipologia das Tecnologias

37 Considerações Finais

UNIDADE II

ESTRATÉGIAS PARA A ASSIMILAÇÃO


DE TECNOLOGIAS E TECNOLOGIAS
VINCULADAS AO GESTOR EM AGRONEGÓCIOS

43 Introdução

43 A Adoção das Tecnologias e das Inovações

48 Estabelecendo a Assimilação de Tecnologiase Inovações ao Público 


Atendido Pelos Tecnólogos em Agronegócio

54 Outros Fatores Relevantes à Adoção de Novas Tecnologias

58 “Tecnologia pra ti... Tecnologia Pra Mim...”

69 Considerações Finais
SUMÁRIO

UNIDADE III

A REVOLUÇÃO VERDE: O MARCO TECNOLÓGICO MAIS IMPORTANTE


PARA O AGRONEGÓCIO

75 Introdução

76 A Revolução Verde: Precedentes

81 A Revolução Verde: A Radical Mudança Tecnológica Para a Produção de 


Alimentos

99 Considerações Finais

UNIDADE IV

A HERANÇA DA REVOLUÇÃO VERDE: PRINCIPAIS TECNOLOGIAS


VINCULADAS AO AGRONEGÓCIO

109 Introdução

110 Principais Tecnologias Vinculadas ao Agronegócio

136 Considerações Finais


11
SUMÁRIO

UNIDADE V

SUSTENTABILIDADE E TECNOLOGIAS LIMPAS

143 Introdução

144 As Diferentes Perspectivas da Sustentabilidade

147 A Relação entre Sustentabilidade e Necessidades

150 Tecnologias Limpas

160 Considerações Finais

171 Conclusão
173 Referências
179 Gabarito
Prof. Me. Tiago Ribeiro da Costa

CONCEITOS E VISÕES

I
UNIDADE
SOBRE AS TECNOLOGIAS

Objetivos de Aprendizagem
■■ Analisar o conceito de “tecnologia” e sua aplicabilidade nas atividades
econômicas.
■■ Estabelecer e discutir sobre as principais visões que são associadas à
tecnologia.
■■ Compreender a inovação como condição necessária para a obtenção
de resultados econômicos a partir da adoção de uma tecnologia.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ A “tecnologia” como um conceito humano
■■ Algumas visões associadas à tecnologia
■■ A associação das visões sobre a tecnologia e a tecnologia perfeita
■■ A tipologia das tecnologias
15

INTRODUÇÃO

Prezado(a) leitor(a), seja bem-vindo(a) ao início de nossas discussões sobre as


“Novas Tecnologias Aplicadas ao Agronegócio”! Sei que em um primeiro momento
talvez você esteja ávido(a) em conhecer todas as tecnologias que podem ser
aplicadas ao Agronegócio, mas, antes que possamos estabelecer conhecimentos
acerca destas tecnologias, precisamos entender claramente o que é a tecnologia.
Muitas vezes, quando falamos sobre o termo “tecnologia”, as ideias que sur-
gem não correspondem necessariamente ao conceito. A grande maioria das
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

pessoas vincula o termo “tecnologia” a algo de caráter futurista, fora de nossa


realidade, algo complexo e caro.
Assim, caro(a) aluno(a), será nossa função nesta Unidade estabelecer um
processo de desconstrução das visões acerca do termo tecnologia, para que pos-
samos reconstruir o conceito com base em sua etimologia (o real significado da
palavra), atribuindo significados de acordo com as diferentes visões que pode-
mos ter sobre o tema. Olha que não são poucas visões, hein!
Após este processo de desconstrução e reconstrução, trabalharemos os assun-
tos no sentido de estabelecer uma contextualização sobre a existência de uma
“tecnologia perfeita”. “Perfeita” não do ponto de vista de “perfeição” em solu-
cionar a problemática do sistema onde ela é empregada, mas sim do ponto de
vista de ser completa em inovar, em gerar resultados econômicos. Aliás, esta é
uma colocação de Joseph Schumpeter, administrador que já na década de 1950
estudava densamente o processo de inovação tecnológica, afirmando que toda a
inovação possui por consequência a geração de um resultado econômico posi-
tivo. Neste contexto, entenderemos que nem toda a tecnologia gera resultados
satisfatórios pela ausência de inovações.
Ao final desta Unidade veremos ainda a tipologia das inovações, segmen-
tando as tecnologias em “implícitas” e “explícitas”. Você compreenderá o motivo
pelo qual muitas empresas possuem sucesso com suas tecnologias implícitas e,
ainda, entenderá sobre a chave que permitirá que você também tenha sucesso
em sua proposta de desenvolvimento tecnológico, por meio da Empatia.
Sem mais delongas, espero que você goste das discussões que serão inicia-
das a partir do próximo tópico. Vamos lá?

Introdução
I

A “TECNOLOGIA” COMO UM CONCEITO HUMANO

Sob a luz de nossos conhecimentos, até que algo realmente extraordinário prove
o contrário, sobre a superfície do planeta Terra, somos os seres com a capacidade
intelectual mais desenvolvida. Isso não quer dizer que as outras espécies sejam
desprovidas de capacidades intelectivas, contudo, em comparação a estas espécies,
o ser humano é o que possui a melhor capacidade de interpretação da realidade.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Apenas por curiosidade, Stanley Coren, em
seu livro “A Inteligência dos Cães”, publica-
do em 1995, expõe que nossos melhores
amigos (os cães) possuem inteligências
relativamente evoluídas. Segundo o autor,
as raças mais inteligentes (Border Collie,
Poodle, Pastor Alemão e Golden Retriever)
têm inteligências semelhantes aos seres
humanos com três anos de idade.
Fonte: COREN, S. The intelligence of dogs. 1ª ed. Bantam Books. 288p.

Esta capacidade intelectiva do ser humano acentua uma condição necessária à


sua evolução, qual seja, o raciocínio sobre o ambiente em que vive. Esta capa-
cidade de refletir especialmente sobre os recursos disponíveis em seu ambiente
proximal, ou seja, o ambiente no qual ele possui capacidade direta de interferir
com suas ações, fez com que o ambiente fosse modificado no sentido de aten-
der aos seus anseios e suas aspirações.
A própria evolução do ser humano, enquanto Homo sapiens sapiens, valida este
pensamento. As necessidades de alimentação e abrigo fizeram com que, em um
primeiro momento, o ser humano se aproveitasse da estrutura geológica e botâ-
nica para constituir rústicos abrigos (daí a alcunha de “Homem das Cavernas”).
Após isso, as comunicações foram desenvolvidas. Além da comunicação ver-
bal (evoluída a partir de alguns ruídos), também se desenvolveu a comunicação

CONCEITOS E VISÕES SOBRE AS TECNOLOGIAS


17
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura 1 – Exemplo de Arte Rupestre

escrita, por meio do que se chama atualmente de “arte rupestre” (desenhos nas
paredes das cavernas), conforme ilustra a Figura 1.
Posteriormente à evolução das comunicações, a capacidade analítica do ser
humano em avaliar o meio em suas condições naturais e mesmo em suas adver-
sidades serviu de subsídio para o domínio do fogo e para o desenvolvimento
inicial da agricultura (no período Neolítico, há cerca de 10.000 a 20.000 anos
antes da data atual), quando o ser humano passou a cultivar algumas estruturas
reprodutivas e vegetativas das plantas. Este foi o estopim para o surgimento das
primeiras comunidades, o que fez com que o ser humano passasse de nômade e
caçador para sedentário e menos dependente dos processos de caça.
Conforme afirmam Raven, Evert e Eichhorn (2001), a agricultura em si pos-
sibilitou o cultivo de alimentos fornecedores dos principais nutrientes à raça
humana em eixos diferentes: no crescente fértil (região do Oriente Médio entre
o Rio Tigre e Eufrates), na China (entre os rios Amarelo e Huang-Ho) e nos pla-
naltos do México e América do Sul. Isso explica, por exemplo, por que Nicolai
Ivanovich Vavilov, Engenheiro Agrônomo de origem Russa, tenha catalogado
estas regiões, em sua obra “A origem, variação, imunidade e melhoramento das

A “Tecnologia” como um Conceito Humano


I

plantas cultivadas” (1926), como centros de origem e domesticação das prin-


cipais culturas agrícolas do mundo. Tratam-se das regiões onde se encontra a
maior diversidade genética destas culturas.
Caso listássemos todos os passos evolutivos do ser humano até os dias atuais,
teríamos que dedicar uma obra somente para este objetivo. Aliás, me arriscaria
a dizer, caro(a) aluno(a), que somente as evoluções tecnológicas vinculadas ao
Agronegócio renderiam esta obra. Mas o que pretendo ilustrar é que, indepen-
dente do passo evolutivo em questão, a análise do ambiente, de sua dinâmica e
de nossa interação com esta dinâmica é que promoveu tal passo.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
O ser humano, em sua incrível capacidade intelectiva, passou também a
raciocinar sobre a forma como esta evolução acontece, em especial, racioci-
nando sobre como determinada tarefa é atualmente realizada e de que forma
ela poderia ser realizada.
Por exemplo, para o desenvolvimento da agricultura no período neolítico,
verificou-se que as áreas exploradas para a produção de alimentos eram peque-
nas demais, dado o aumento populacional. Além disso, muitos seres humanos
da época provavelmente verificaram que a forma como as sementes eram plan-
tadas era muito lenta, pouco eficiente, portanto.
Assim, em termos de soluções, aliou-se o uso da tração animal com o uso de
rústicos implementos com a função de revolvimento de solo. Ao mesmo tempo,
ferramentas metálicas (facas e foices) foram desenvolvidas no sentido de desbra-
var novas áreas. Assim sendo, criou-se um novo modelo de agricultura, o qual
era suficiente em atender às necessidades alimentícias dos crescentes agrupa-
mentos populacionais.
O ato de raciocinar sobre a forma com a qual realizamos nossas tarefas é algo
intrínseco ao ser humano e a este ato, transformado em um conceito, nominou-
se de “Tecnologia”. Da mesma forma, nominou-se de “técnica” a forma com que
realizamos estas tarefas.

CONCEITOS E VISÕES SOBRE AS TECNOLOGIAS


19

A forma de realizar uma tarefa é denominada TÉCNICA, enquanto que o


estudo ou o raciocínio sobre a forma de realização pode ser denominado
como TECNOLOGIA.

Este é apenas um conceito desenvolvido a partir de uma visão pessoal baseada


nos diferentes estudos realizados ao longo de minha carreira, o qual poderá ser
complementado ou modificado de acordo com outras percepções.
Verazsto et al. (2008) colocam que se torna difícil estabelecer uma defini-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

ção a respeito do termo “tecnologia”, uma vez que este conceito é interpretado
de maneiras diferentes ao longo da história. Contudo, os mesmos autores fazem
uma aproximação:
[...] torna-se notório conhecer que as palavras técnica e tecnologia têm
origem comum na palavra grega techné que consistia muito mais em
se alterar o mundo de forma prática do que compreendê-lo. [...] Na
técnica, a questão principal é do como transformar, como modificar.
O significado original do termo techné tem sua origem a partir de uma
das variáveis de um verbo que significa fabricar, produzir, construir,
dar à luz, o verbo teuchô ou tictein, cujo sentido vem de Homero; e teu-
chos significa ferramenta, instrumento. [...] A palavra tecnologia pro-
vém de uma junção do termo tecno, do grego techné, que é saber fazer,
e logia, do grego logus, razão. Portanto, tecnologia significa a razão do
saber fazer [...]. Em outras palavras o estudo da técnica. O estudo da
própria atividade do modificar, do transformar, do agir (VERAZSTO
et al. 2008, p. 62).

A “Tecnologia” como um Conceito Humano


I

ALGUMAS VISÕES ASSOCIADAS À TECNOLOGIA

Conforme observamos na seção anterior, a etimologia da palavra “tecnologia”


remete ao estudo das formas ou métodos de se realizar nossos intentos e aspi-
rações. Da mesma forma, verificamos que existe uma certa dificuldade em se
estabelecer uma definição única do que seja tecnologia. Isto se deve basicamente
à contextualização da tecnologia em diferentes momentos históricos.
Diante das diferentes contribuições de outros autores que pesquisaram sobre
o tema e, para melhor compreensão das diferentes matizes associadas ao termo

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
“tecnologia”, podemos estabelecer a segmentação das visões sobre o termo em
quatro enfoques distintos: a) Puramente Etimológico; b) Tecnicista; c) Futurista;
e, d) Sociológico.

VISÃO PURAMENTE ETIMOLÓGICA

Quando se fala da tecnologia do ponto de vista etimológico, nos aproximamos


de seu real significado, o qual fora explanado ao final da seção anterior desta
unidade. Estudar ou avaliar metodologias para estabelecer quais as virtudes e
problemas associados aos métodos empregados é inerente à tecnologia em si.
Por meio deste estudo é que se pode definir quais as soluções, em curto, médio
e longo prazo, para se executar a mesma tarefa de uma forma mais eficiente e
menos onerosa do ponto de vista ambiental, social e econômico.
É isto que faz, por exemplo, com que o conceito de downsizing esteja sendo
amplamente utilizado pela indústria automotiva. O downsizing, neste sentido,
conforme aponta Santos (2012), remete a uma reestruturação dos veículos, os
quais, mais leves e com motores menores em comparação aos veículos mais anti-
gos, possuem a mesma, senão maior capacidade de trabalho. É notável como os
atuais motores de 1.000 cm3 e de três cilindros possuem a mesma potência de
motores com aproximadamente vinte anos de fabricação, com quatro cilindros
e 1.500 cm3 (algo em torno de 75 cv).
Santos (2012) aponta ainda que este conceito de downsizing aplica-se até
mesmo nas formas de gestão das empresas, uma vez que uma reestruturação de

CONCEITOS E VISÕES SOBRE AS TECNOLOGIAS


21

cargos e funções leva uma empresa a ser mais produtiva.


Com estes exemplos, ilustra-se que o estudo da técnica (tecnologia) nos leva a
obter subsídios necessários para avaliar a forma ou o método atual e melhorá-lo,
tornando-o mais eficiente e evoluído.
Outro exemplo bastante interessante e vivenciado por você, caro(a) lei-
tor(a), creio, é com respeito aos sistemas operacionais de nossos computadores.
A maioria esmagadora dos computadores ao redor do mundo possui como sis-
tema operacional a plataforma Microsoft Windows®. Segundo Souza (2014), este
sistema operacional possui 89,5% de participação no mercado, seguido pelo Mac
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

OS (Apple Inc.) e pelas diversas compilações baseadas no Linux (sistema opera-


cional de código aberto).
O mais interessante é que com esta esmagadora participação, a empresa
Microsoft encontra-se com seus principais gestores preocupados pelo fato de,
em 20 anos, ser a primeira vez que esta participação ficou abaixo dos 90%. Mas
a que isto se deve?
Se você é um(a) ávido(a) usuário(a) de computadores, vai entender que as
últimas atualizações deste sistema operacional (Windows®) não agradaram mui-
tos usuários. Em sua versão, denominada Windows 7, muitos usuários tiveram
as problemáticas do sistema anterior solucionadas (Windows Vista), principal-
mente as relacionadas à lentidão da versão anterior. Em verdade, o Windows
Vista estava à frente de seu tempo, oferecendo uma plataforma diferenciada para
computadores que, à época, não tinham hardware suficiente para suportá-lo.
Isto não tira o mérito do Windows 7 em ser melhor que sua versão ante-
rior, pois de fato, possui uma arquitetura e uma
dinâmica simplificada e veloz. No entanto, os
maiores problemas aconteceram com sua versão
posterior, o Windows 8. De maneira geral, eu
não vejo problemas com esse sistema, mas mui-
tos usuários ficaram “chocados” com a ausência
de uma função clássica: o menu Iniciar.
Esta função foi substituída pela interface
Modern, a qual é apresentada na Figura 2:
Essa interface representa uma nova Figura 2 – Interface Modern – Windows 8

Algumas Visões Associadas à Tecnologia


I

©Softpedia
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 3 – Tela inicial do sistema operacional Windows 10 Technical Preview

metodologia para acessar os principais programas instalados no computador,


além de acessar os serviços em nuvem, como arquivos e mensagens. Em vez de
acessar da maneira tradicional, basta clicar em um bloco (tile) para acessar o
programa em uma interface muito semelhante ao que apareceria em um tablet.
Este foi o principal motivo de reclamação dos usuários de computadores. Em
tese, o Windows 8 é excelente para quem possui dispositivos portáteis com inter-
face ao toque, entretanto, para os computadores, usar o mouse para esta função
não pareceu muito intuitivo. Na opinião deste humilde autor, faltou vontade de
se acostumar, pois o sistema é mais rápido que seu antecessor.
Eis que uma análise da técnica, advinda da retroalimentação de informa-
ções dos usuários, gerou, em tempo recorde, o lançamento de uma atualização
(Windows 8.1), a qual inseriu a interface Modern em segundo plano e, mais
recentemente, com o lançamento da versão Windows 10 Technical Preview, apo-
sentou-se de vez a referida interface, reduzindo-a a um elemento do menu Iniciar,
o qual volta repaginado, conforme ilustra a Figura 3:

CONCEITOS E VISÕES SOBRE AS TECNOLOGIAS


23

©Wikipedia
VISÃO TECNICISTA

Por sua vez, quando se associa o tecnicismo à tecno-


logia, vincula-se um conceito relativamente “perverso”
ao andamento das atividades. Diria mais: trata-se da
associação do pensamento maquiavélico à tecnologia.
Associar o pensador italiano Nicolau Maquiavel ou
Niccolò di Bernardo dei Machiavelli (Figura 4) a algo
astuto, malévolo ou malicioso é uma injustiça, tendo
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

em vista que muitos de seus fundamentos encontram-


-se em políticas de caráter nacionalista (centralização
burocrática e fortalecimento do Estado). À época,
isso poderia ser comparado com o pensamento de Figura 4 – Nicolau Maquiavel

um herege, diminuindo a participação da Igreja Católica, em termos de impor-


tância, no Estado.
Assim, essa Igreja estabeleceu como “anticristãos” os pensamentos desse
autor, condenando-o ao ostracismo, em especial, por sua mais famosa frase: “Os
fins justificam os meios”.
Quando falamos de uma associação do pensamento maquiavélico à tecnolo-
gia, estamos raciocinando também sobre a obtenção de resultados mais eficientes
pelas modificações nas formas convencionais de execução das tarefas. Contudo,
é somente isso. Se for necessário reduzir a folha de pagamento e dotar os colabo-
radores restantes de mais funções e isso melhorar a gestão da empresa, que seja
feito! Se for necessário mecanizar uma colheita para aumentar a eficiência e a
capacidade de manipulação de áreas, desempregando colhedores, que seja feito!
Percebeu onde quero chegar? Consideramos apenas a evolução da técnica
para obter melhores resultados, descartando o fator humano, e isso faz com
que muitas pessoas associem o tecnicismo à Maquiavel e este às alcunhas que
já denominamos.
Um dos maiores expoentes do tecnicismo na história da humanidade foi a
Revolução Industrial, período que se estendeu do final do século XVIII ao iní-
cio do século XX, ocorrendo inicialmente na Inglaterra e Alemanha em sua
primeira fase e, posteriormente, ocorrendo nos demais países europeus e nos

Algumas Visões Associadas à Tecnologia


I

Estados Unidos da América, já ao final do século XIX.


A Revolução Industrial pode ser considerada como um dos períodos históri-
cos de maior evolução tecnológica, levando-se em conta a adoção da mecanização
dos processos produtivos. Em um primeiro momento, houve a transição das
manufaturas artesanais, as quais se utilizavam de mão de obra quase que exclu-
sivamente humana, para um modelo fabril de crescente utilização de máquinas
rudimentares movidas pelo vapor de água.
Posteriormente, as matrizes energéticas e as próprias máquinas foram aper-
feiçoadas, utilizando-se os combustíveis fósseis (carvão mineral) e a energia

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elétrica, mais ao final deste período.
As justificativas para afirmarmos que a Revolução Industrial representou o
ápice do tecnicismo podem ser sistematizadas considerando a sua própria evo-
lução temporal. Mesmo se tratando de um processo puramente poupador de
mão de obra, na Revolução Industrial, os processos fabris ainda dependiam de
grandes contingentes de trabalhadores que, inicialmente, não existiam nos cen-
tros industriais. Para se resolver isso, no início do século XVIII, alguns países
europeus (em especial a própria Inglaterra) passaram por reformas sociais que
praticamente dizimaram o campesinato, afinal, em nome do progresso, mão de
obra era necessária onde as indústrias estavam e o Estado necessitava de maior
controle sobre as terras (algo como matar dois coelhos com uma pedrada).
Assim, desprovidos do trabalho no campo, as famílias tinham nas cidades seu
trabalho garantido.
Além disso, o modelo capitalista vigente estava em transição (do capitalismo
tradicional ao atual capitalismo financeiro), e seus princípios estavam em seu
auge. A acumulação dos lucros estava em patamares exorbitantes e tal fato não
se traduzia, no entanto, em investimentos produtivos ou de gestão que garantis-
sem um ambiente de trabalho seguro e saudável aos trabalhadores.
Muito pelo contrário, não somente os ambientes de trabalho eram assim,
mas todos os vilarejos nas proximidades das fábricas apresentavam um ambiente
deplorável quanto à saúde pública. Neste cenário, onde em termos de planeja-
mento, somente a meta de produção era considerada (somente a demanda e a
previsão de lucro pareciam fatores relevantes aos burgueses industriais da época),
a mão de obra passou por um amplo processo de depreciação derivada das longas

CONCEITOS E VISÕES SOBRE AS TECNOLOGIAS


25

jornadas de trabalho, necessárias ao atendimento das demandas.


Nessa época, tamanha era a visão produtivista e tecnicista, que o ser humano,
agora proletário, tinha expropriado de si mesmo sua própria humanidade.
Tratava-se de um número funcional, uma mera engrenagem ao processo pro-
dutivo, a qual poderia ser trocada em caso de baixo rendimento, ou, na pior das
hipóteses, em caso de quebra. Nem é necessário mencionar o que representa
essa quebra, não é mesmo?
Em análise, a própria Revolução Industrial, e seus desdobramentos ao redor
do mundo, proporcionou um reforço da visão pejorativa relacionada ao tecni-
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cismo e ainda hoje percebe-se a existência de corporações com gestões pautadas


meramente no produtivismo e no tecnicismo, algo que se encontra intrinseca-
mente ligado às piores interpretações de Maquiavel.

VISÃO FUTURISTA

Além dessas duas visões acerca do termo “tecnologia”, apresenta-se uma terceira
visão bastante disseminada no mundo: A visão futurista.
De maneira geral, muitas pessoas associam o caráter de modernidade a
uma nova tecnologia. Afirmam se tratar de “algo do futuro”. Mesmo na época da
Revolução Industrial, com um parque de máquinas extremamente variado, alguns
italianos se assustaram ao ouvir sons propagados por uma pessoa a quilômetros
de distância. Estes sons eram recebidos por um equipamento desenvolvido pelo
inventor italiano Antonio Meucci, chamado telégrafo falante, posteriormente
retrabalhado pelo mesmo inventor, já nos Estados Unidos, em 1854, e rebatizado
como “teletrofono”. (Figura 5). O presente equipamento tinha por objetivo trans-
formar sons em pulsos elétricos (e vice-versa), carreáveis por cabos telegráficos.
Provavelmente este foi o princípio utilizado posteriormente por Graham Bell na
invenção de seu equipamento telefônico, o qual foi patenteado somente em 1876.

Algumas Visões Associadas à Tecnologia


I

©InterestingAmerica
Mal imaginavam aqueles ita-
lianos que hoje as comunicações
estivessem tão avançadas, a ponto
de estabelecermos comunicação
por meio de ondas eletromagné-
ticas invisíveis.
Isso reforça a forma como
enxergamos a tecnologia do
ponto de vista futurista. Essa

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visão permeia de tal maneira o
nosso ideário que em 1962, os
cartunistas William Hanna e
Joseph Barbera criaram, em con-
junto, uma de suas obras de maior
Figura 5 – Antonio Meucci e sua invenção, o Teletrofono
sucesso: Os Jetsons (Figura 6).
Nessa obra, os autores retrataram como
seria a humanidade do futuro, com seus car-
ros voadores, cidades suspensas e toda a
sorte de equipamentos eletrônicos inteligen-
tes, a exemplo das geladeiras que “falam” os
produtos que precisam ser comprados para
abastecê-la. Teriam os autores imaginado
que em 2011, portanto, em somente 39 anos
após o surgimento da série, tal equipamento
existiria?

Figura 6 – Mural representando os personagens


Rose e Astro do seriado “Os Jetsons”

CONCEITOS E VISÕES SOBRE AS TECNOLOGIAS


27

A coreana Samsung lançou em 2011 um modelo de geladeira que é capaz


de interagir com o usuário, de maneira direta e indireta, por meio de gad-
gets que possuam o sistema operacional Google Android. Este modelo de
geladeira faz a leitura dos alimentos que estão dentro da geladeira e gera
um relatório, compartilhado com estes gadgets. Aplicativos específicos em
smartphones ou tablets transformam estes relatórios em listas de compras,
que poderão ser executadas pelo dono do eletrodoméstico ou por redes
varejistas pré-cadastradas em sistema delivery.
Saiba mais em: <http://www.tecmundo.com.br/ifa-2011/13000-geladeira-
-inteligente-da-samsung-faz-compras-e-ate-twitta.htm>.
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A própria evolução tecnológica nos faz acreditar que toda e qualquer tec-
nologia possui este caráter futurista. Tecnologias as quais são utilizadas em prol
da medicina, da logística, da educação e mesmo do trânsito. Considerando este
último exemplo e considerando ainda os dados alarmantes de acidentes de trân-
sito envolvendo motociclistas, a empresa norte-americana Skully criou o primeiro
capacete para motociclistas que conta com a tecnologia head-up display e que
pode ser conferido por meio da Figura 7.

©Skully Systems

Figura 7 – Representação da viseira do capacete P1 com Head-Up Display

Algumas Visões Associadas à Tecnologia


I

Por meio da Figura 7, se pode evidenciar a presença de informações estratégicas


projetadas na viseira, as quais evitam com que o motociclista desvie sua atenção
do trânsito. Este “capacete inteligente”, além das informações de tráfego e GPS,
também reproduz arquivos de música e executa ligações telefônicas, tudo por
conexão Bluetooth com o smartphone. Nesse caso, necessariamente a conexão
terá que ser feita com um smartphone com sistema operacional Google Android,
uma vez que o sistema do capacete é também uma compilação deste mesmo sis-
tema operacional.
Poderíamos ilustrar a você, caro(a) aluno(a), dezenas ou mesmo centenas de

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exemplos que poderiam justificar esta impressão futurista das novas tecnologias.
Em todos os exemplos que poderiam ser citados neste momento, certamente dois
pensamentos permeariam sua mente: as novas tecnologias são complexas e de
custo elevado. Mas, ao retornarmos à visão etimológica do termo “tecnologia”,
será que essa ideia de complexidade e custo deve necessariamente ser verdadeira
para obtermos resultados satisfatórios?
Antes de continuarmos, peço a gentileza de que você avance até o final desta
Unidade, após as nossas Atividades de Estudo, e veja o vídeo intitulado “Sombrite
Móvel para Vacas Leiteiras”.
O vídeo ilustra um conceito de uma estrutura simples para promover sombra
às vacas leiteiras que se encontram pastejando em locais onde não há sombras
naturais. Pode ser montada e desmontada, sendo instalada em diferentes pontos
da pastagem, promovendo conforto térmico aos animais lactantes.
O benefício em se promover sombra aos animais baseia-se na melhoria de
suas condições fisiológicas (frequência respiratória, temperatura retal, batimen-
tos cardíacos etc.), no comportamento animal (consumo, ócio, ruminação etc.)
e no desempenho produtivo (carne, leite etc.), percebendo-se diferenças mais
acentuadas nessas variáveis quanto menor for a tolerância dos animais às eleva-
das temperaturas (TITTO et al., 2008). Assim, uma solução simples e de baixo
custo já é suficiente para elevar a produtividade do leite de vacas em lactação.
Quer outro exemplo? Vamos lá: na área agronômica, mais especificamente,
de controle de insetos, muitos são os grupos químicos que possuem potencial
inseticida, dentre os quais os piretroides são os mais avançados por atacar o sis-
tema nervoso dos insetos. Entretanto, a eficiência na ação de tais inseticidas

CONCEITOS E VISÕES SOBRE AS TECNOLOGIAS


29

©Embrapa
depende diretamente da exposição do inse-
to-alvo ao agrotóxico, algo que não ocorre
caso este inseto tenha o hábito de escavar
galerias nos colmos dos vegetais.
Essa é uma “dor de cabeça” que mui-
tos produtores de cana-de-açúcar possuem
com um inseto chamado “Broca da Cana”
(Diatraea saccharalis). A Broca da Cana
pode ser considerada a principal praga da
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cultura no país (OLIVEIRA et al., 2007). Na


fase adulta, a broca-da-cana se caracteriza
como uma mariposa de cor amarelo-palha
(Figura 8). A fêmea deposita os ovos nas
folhas e, quando eclodem, surgem as larvas,
de cor amarelo-palha e cabeça marrom. As
larvas caminham para os colmos e os per-
furam, abrindo galerias ascendentes, o que,
além do dano físico, abre portas de entrada
que tornam os colmos susceptíveis a fun-
gos, bactérias e vírus. Figura 8 – Broca da Cana de Açúcar em fases distintas de
Na cana nova, os danos podem provocar seu ciclo: Insetos adultos (acima) e Larva (abaixo)

até a morte da gema apical, com perda da última folha, sintoma que é chamado de
“coração morto”. Quando a larva vai empupar para se transformar na mariposa,
ela abre outro orifício para sair. As pupas se tornam adultos e, após o acasala-
mento, o ciclo recomeça. Em média, o ciclo completo da broca é de 70 dias.
Para contornar esse problema, já verificamos que a “solução futurista” dos
piretroides não alcança as larvas dentro dos colmos. Assim, torna-se necessária
a adoção de uma outra técnica, bastante simples, que é a do controle biológico,
feito com um inimigo natural específico, a Cothesia flavipes, uma vespa que é
multiplicada em laboratório e liberada nos canaviais (Figura 9).

Algumas Visões Associadas à Tecnologia


I

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
©Embrapa

Figura 9 – Ação da Cotesia flavipes sobre a larva da Broca da Cana de Açúcar

A fêmea desse inseto caça a larva da broca, entrando nas galerias abertas. Ao
encontrar o alvo, ela paralisa a larva com uma picada e introduz o ovipositor; a
partir daí, surgirão as larvas que se alimentarão dos tecidos internos da broca,
levando-a à morte. Apesar dessas vespas serem reproduzidas em laboratório
apenas para acelerar o processo e aumentar rapidamente o seu número, o con-
trole já existe em nível natural. Trata-se apenas da cadeia alimentar em ação.
Simples, não é?
Uau, professor! Então nem toda solução tecnológica possui
caráter futurista?!
Exatamente, caro(a) acadêmico(a)! Soluções simples e de
baixo custo podem refletir em melhorias de eficiência nos
processos tanto quanto soluções mais complexas. Ocorre
que essas soluções mais simples, por serem óbvias demais,
passam muitas vezes despercebidas pelos nossos
olhares. Ademais, vale dizer que tais soluções
são as que promovem o menor impacto em
sua aplicação, sendo mais sustentáveis.

CONCEITOS E VISÕES SOBRE AS TECNOLOGIAS


31

VISÃO SOCIOLÓGICA

Por fim, apresenta-se a visão sociológica da tecnologia, antônima à visão tec-


nicista. Se naquela visão “os fins justificavam os meios”, a esta visão sociológica
associam-se os princípios da moral e da ética, dentro de uma conduta pactu-
ada socialmente.
Neste caso, o ser humano não é apenas uma mera peça do processo pro-
dutivo, mas sim o protagonista, para o qual o processo é realizado e se torna
socialmente justo a partir do momento em que o modo de se realizar ou o modo
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de agir encontra-se internalizado, consonante à sua cultura e costumes.


Ademais, vale salientar que esse tipo de tecnologia considera não somente a
inserção de um único indivíduo em sua execução, mas também preza pela cole-
tividade, levando-se em conta que esforços associativos e a mescla de visões,
saberes e culturas propicia resultados mais relevantes e contribuidores para a
evolução social. Em resumo, trata-se de uma tecnologia includente.
É neste contexto que se inserem as Tecnologias Sociais:
Tecnologia Social compreende produtos, técnicas ou metodologias re-
aplicáveis, desenvolvidas na interação com a comunidade e que repre-
sentem efetivas soluções de transformação social.

É um conceito que remete para uma proposta inovadora de desenvolvi-


mento, considerando a participação coletiva no processo de organiza-
ção, desenvolvimento e implementação. Está baseado na disseminação
de soluções para problemas voltados a demandas de alimentação, edu-
cação, energia, habitação, renda, recursos hídricos, saúde, meio am-
biente, dentre outras.

As Tecnologias Sociais podem aliar saber popular, organização social


e conhecimento técnico-científico. Importa essencialmente que sejam
efetivas e reaplicáveis, propiciando desenvolvimento social em escala.

São exemplos de Tecnologia Social: o clássico soro caseiro (mistura de


água, açúcar e sal que combate a desidratação e reduz a mortalidade
infantil); as cisternas de placas pré-moldadas que atenuam os proble-
mas de acesso à água de boa qualidade à população do semiárido, entre
outros (FBB, 2014).

Algumas Visões Associadas à Tecnologia


I

Uma tecnologia social que tem sido instalada nos grandes centros urbanos e que
pode ser ligada ao agronegócio é a aquaponia. A aquaponia é uma modalidade de
cultivo de alimentos que envolve a integração entre a aquicultura e a hidroponia
em sistemas de recirculação de água e nutrientes. Além disso, a aquaponia apre-
senta-se como alternativa real para a produção de alimentos de maneira menos
impactante ao meio ambiente devido a suas características de sustentabilidade
(DIVER, 2006; MATEUS, 2009; HUNDLEY et al., 2013).
Assim, dentro deste contexto sustentável, pequenos produtores podem pro-
duzir peixes e hortaliças utilizando-se de tambores e caixas de água, por exemplo

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(Figura 10), reduzindo sua dependência de mercados varejistas e contribuindo
com uma alimentação saudável, com proteína animal de alta qualidade, para
uma parcela da população que é desprovida de maiores recursos financeiros
para melhorar sua alimentação de forma convencional.

©AssociaçãoAliançaLuz

Figura 10 – Princípio de funcionamento da Aquaponia

CONCEITOS E VISÕES SOBRE AS TECNOLOGIAS


33

A ASSOCIAÇÃO DAS VISÕES SOBRE A TECNOLOGIA E


A TECNOLOGIA PERFEITA

Não se pode dizer que existe uma única maneira de se executar tarefas, ou seja,
uma única técnica, e nem que esta técnica é a melhor de todas, afinal, toda técnica
é sujeita a um estudo e a um aprimoramento. Contudo, ao se analisar as diferen-
tes visões a respeito do termo tecnologia, pode-se chegar a uma conclusão que
uma “tecnologia perfeita” é aquela que associa elementos das diferentes visões.
Toda tecnologia é, puramente, o estudo da técnica ou da forma como deter-
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minada tarefa é executada. Somado a isso, toda a tecnologia precisa ter o arrojo
do tecnicismo para se alcançar resultados mais expressivos. Ademais, o caráter
futurista é que permite inserir na técnica novos conceitos no formato da téc-
nica e, por fim, toda tecnologia precisa ser inclusiva, validada socialmente. Essas
quatro visões, imbricadas, podem ser consideradas como elementos de uma “tec-
nologia perfeita”, tal como ilustrado na Figura 11.

Atitude
Tecnologia Perfeita
Empreendedora

Visão socio
ló gica

Visão Futu
ri sta

Visão Tecn
ic ista
Inovação
Visão Etim
o lógica

Figura 11 – Associação das visões sobre tecnologia na formação da “Tecnologia Perfeita”


Fonte: Elaborada pelo autor (2014)

A Associação das Visões Sobre a Tecnologia e a Tecnologia Perfeita


I

Você analisou corretamente a Figura 11? Notou alguma coisa fora do con-
texto? Se você é uma pessoa observadora, deve ter notado que para a construção
de uma “tecnologia perfeita” existe mais um elemento, de suma importância no
que tange à sustentabilidade de sua aplicação: a Inovação, derivada de uma ati-
tude empreendedora.
Para explicar este contexto, vamos nos remeter novamente à Revolução
Industrial:
A primeira metade do século XIX representou o apogeu da Primeira Revolução
Industrial, especialmente na Inglaterra e Alemanha. Historicamente, podemos

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considerar que se tratava de um momento auspicioso com relação ao empreen-
dedorismo, tendo em vista o amplo desenvolvimento e aplicação de inovações
tecnológicas (Figura 12).
Essas inovações possuíram grande
efeito, especialmente se considerar-
mos a evolução a partir de um modelo
quase que exclusivamente artesanal
para um modelo de produção em
série, com a utilização de máquinas
que aumentavam a produtividade nas
indústrias da época.
Da mesma forma, as inovações se
configuravam por meio da utilização de
Figura 12 – Marco da Revolução Industrial – O uso de
uma nova matriz energética, o vapor de vapor como fonte energética
água, posteriormente substituído pelos
combustíveis fósseis e pela energia elétrica no decorrer daquele século.
Caso as inovações não tivessem sido estabelecidas por seus criadores, não
haveria desenvolvimento econômico e retornos financeiros. Dessa forma, con-
clui-se que uma “tecnologia perfeita” também precisa ser inovadora e gerar
recursos para pagar pelo seu desenvolvimento. Quebrar paradigmas do “como
fazer” e gerar lucros: essa ideia também é defendida por Peter Drucker, o “guru
da administração moderna”.
Em seu entendimento, a essência do empreendedor é transformar ideias e
técnicas inovadoras em ações lucrativas, uma vez que as inovações se apresentam

CONCEITOS E VISÕES SOBRE AS TECNOLOGIAS


35

como oportunidades de negócios. Ainda, Peter Drucker coloca que a atitude


empreendedora (e por consequência, a criação de uma tecnologia perfeita) deve
considerar a inovação como uma necessidade presente e não somente como uma
possibilidade futura.
Com esse ensinamento, verifica-se que a verdadeira atitude empreendedora
considera a aplicação da inovação para a resolução de uma situação existente,
por meio do estudo da técnica, ou seja, a tecnologia.
Dessa forma, reforça-se o conceito de que uma tecnologia é “perfeita” quando
associa as características das visões que discutimos ao longo da seção anterior e
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quando é capaz de quebrar paradigmas metodológicos, gerando lucros.

A TIPOLOGIA DAS TECNOLOGIAS

Além das visões que podem ser associadas ao termo tecnologia, nos cabe
compreender também sobre a existência de tipos de tecnologia, até mesmo
para estabelecer um processo de gestão da inovação e da tecnologia em nível
empresarial.
São dois tipos básicos:
a) A Tecnologia Implícita.
b) A Tecnologia Explícita.

Em termos gerais, toda tecnologia implícita é aquela que está encerrada aos
conhecimentos de determinada pessoa ou grupo. Ganha caráter secreto e mui-
tas vezes é o segredo do sucesso de muitas empresas. Pense no exemplo da marca
de refrigerantes mais saborosa do mundo, ou naquele pastel de feira que você
adora. Até existem produtos similares, mas não com o mesmo sabor ou aroma.
Existe, portanto, um passo tecnológico não evidenciado, escrito, publicado, o
qual possa ser copiado pelas demais empresas.

A Tipologia das Tecnologias


I

Essa não publicação de tais dados pode ser proposital ou mesmo pelo próprio
caráter do passo tecnológico. Será que você compra aquele pastel tão saboroso
somente pela qualidade do produto ou também está implícita a qualidade do
atendimento? Muitas vezes, a empatia de quem produz a tecnologia com aquele
que a consome gera resultados extraordinários em termos de adoção tecnológica
ou comercialização da tecnologia. A conclusão que tiramos disso é:
“Seja empático àqueles que você pretende estabelecer uma nova tecnologia”
Por sua vez, a tecnologia explícita é aquela que se encontra publicada, paten-
teada e de habilidades amplamente difundidas pela sociedade. Algo que todos

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conhecem e operam. Para este caso, a adoção da inovação ou mesmo da tecnolo-
gia é facilitada, pois existe a possibilidade de muitos usuários obterem resultados
satisfatórios e isso gera um poder de convencimento notável.
Na segunda Unidade, estabeleceremos a discussão dos níveis de adoção de
tecnologias e inovação. O conhecimento aqui discutido já serve como base para
compreender como gerir a tecnologia para casos específicos, em especial, com
o público atendido pelo Gestor de Agronegócios.

CONCEITOS E VISÕES SOBRE AS TECNOLOGIAS


37

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Chegamos ao final de nossa primeira Unidade e por meio desta, pudemos com-
preender que a tecnologia é permeada por uma série de visões diferenciadas, as
quais trazem diferentes interpretações em diferentes contextos.
Independente destas visões, compreendemos que o termo “tecnologia” sig-
nifica “estudar a arte” ou “estudar a forma como nós realizamos esta arte”, ou
ainda, “o estudo da técnica”. Sobre isso, é válido dizer que nem toda a tecnolo-
gia precisa ser complexa para ser aplicada, e muito menos cara.
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Verificamos ainda que, também de maneira independente das visões asso-


ciadas à tecnologia, a inovação precisa estar presente no desenvolvimento da
tecnologia, pois somente assim é que se é possível obter resultados econômi-
cos satisfatórios.
Esses conhecimentos que discutimos ao longo desta primeira Unidade serão
novamente revisitados ao longo da Unidade II, em especial, pela necessidade de
entendermos quais as estratégias que devem ser tomadas no sentido de adotar
as tecnologias.

Considerações Finais
1. Conforme visto em nossa primeira Unidade, a tecnologia pode ser entendida con-
ceitualmente como o “estudo da técnica”, ou seja, trata-se de uma forma de análise
sobre as metodologias empregadas para a realização de nossas tarefas. Sobre esse
tema, analise as alternativas e assinale a correta:
a) Toda tecnologia deve necessariamente possuir um caráter futurista para que possa
ser funcional.
b) A “inovação” é uma condição necessária para que ocorra uma “evolução tecnológi-
ca”.
c) Todas as evoluções tecnológicas possuem um caráter complexo.
d) Todas as evoluções tecnológicas, para serem desenvolvidas, possuem um elevado
custo.
e) Nenhuma tecnologia inovadora é criada por meio de um estado de crise.
2. A visão que muitas pessoas possuem sobre o tema “Tecnologia” ainda está vincu-
lada a um caráter futurista de algum produto que seja capaz de trazer facilidades
ao nosso dia a dia. Contudo, muitas soluções tecnológicas, inclusive as aplicadas ao
Agronegócio, possuem como característica sua simplicidade, rapidez na execução
e baixo custo. Mediante o exposto, assinale a alternativa que apresenta uma solu-
ção tecnológica simples, de fácil execução e barata utilizada no Agronegócio.
a) Mecanização Agrícola.
b) Georreferenciamento.
c) Rastreamento.
d) Controle Biológico e Adubação Verde.
e) Melhoramento Genético.
3. Em suas bases conceituais, uma tecnologia social é aplicada a partir do momento
em que uma tecnologia vinculada unicamente a um processo ou a um produto não
é capaz de satisfazer as bases da sustentabilidade, especialmente considerando seu
caráter social. Entende-se que toda a tecnologia deve possuir um caráter includen-
te, onde todos os atores envolvidos possam ter a oportunidade de se desenvolver
socioeconomicamente. Caso não tenha essas características, essa tecnologia não
pode ser denominada como “tecnologia social”. Neste ínterim, assinale a alternativa
que pode ser considerada como uma tecnologia social.
a) Feira de Economia Solidária.
b) Fabricação de tratores movidos a etanol.
c) Silvicultura.
d) Produção de Fungicidas.
e) Georreferenciamento de propriedades rurais.
MATERIAL COMPLEMENTAR

Sombrite móvel para vacas leiteiras:


O presente vídeo ilustra um conceito de uma estrutura simples para promover sombra
às vacas leiteiras que se encontram pastejando em locais onde não há sombras
naturais. Pode ser montado e desmontado, sendo instalado em diferentes pontos da
pastagem, promovendo conforto térmico aos animais lactantes.
Veja o vídeo em: <http://www.youtube.com/watch?v=8gazjoWXrHU>.
Conseguiu visualizar os detalhes do vídeo? A solução apresentada lhe parece
complexa e de grandes custos? Se juntarmos nossos esforços, conseguiríamos fazer
algo parecido, não acha? E é esta a verdade.

Material Complementar
Prof. Me. Tiago Ribeiro da Costa

II
ESTRATÉGIAS PARA A ASSIMILAÇÃO

UNIDADE
DE TECNOLOGIAS E TECNOLOGIAS
VINCULADAS AO GESTOR EM
AGRONEGÓCIOS

Objetivos de Aprendizagem
■■ Analisar os principais fatores que levam um empresário a adotar uma
nova tecnologia.
■■ Apresentar e discutir sobre as estratégias que facilitam a adoção das
novas tecnologias.
■■ Discutir sobre as principais ferramentas tecnológicas que precisam
ser assimiladas pelos Gestores em Agronegócio em sua prática de
trabalho.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ A adoção das tecnologias e das inovações
■■ Estabelecendo a assimilação de tecnologias e inovações ao público
atendido pelos tecnólogos em agronegócio
■■ Outros fatores relevantes à adoção de novas tecnologias
■■ “Tecnologia pra ti... Tecnologia pra mim...”
43

INTRODUÇÃO

Após analisarmos os principais conceitos e visões sobre o termo tecnologia,


nesta Unidade, apresentaremos alguns pontos de grande relevância na adoção
das novas tecnologias. Vamos partir do princípio de que nem todas as tecnolo-
gias são bem aceitas de início. Aliás, é comum que muitos empresários sejam
cautelosos no momento de investir nas novas tecnologias.
Partindo deste pressuposto, discutiremos primeiro quais os perfis de inova-
ção que podem ser associados aos empresários e, sobre isso, falaremos também
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

sobre as principais dificuldades em se adotar as novas tecnologias.


Mas não fique afoito(a), caro(a) leitor(a): também daremos alguns exemplos
de soluções, a exemplo das Unidades Demonstrativas, estratégias de extensão
rural e outras que sejam pertinentes no sentido de quebrar essas barreiras e ins-
taurar uma nova ordem onde a tecnologia inovadora propicie aos empresários
rurais o seu devido grau de protagonismo.
Ao final desta unidade, também tenho algumas surpresas para você. Não é
somente o seu futuro público atendido que precisa adotar as inovações tecno-
lógicas, mas você também. Em nosso último tópico, lhe apresentarei algumas
sugestões de tecnologias que você precisa engendrar para atuar de maneira mais
competitiva no mercado.
Sendo assim, boa leitura!

A ADOÇÃO DAS TECNOLOGIAS E DAS INOVAÇÕES

Muitos Gestores em Agronegócio, assim como muitos profissionais de diversas


áreas, iniciam o seu processo de planejamento empresarial de maneira a descon-
siderar que a adoção das inovações exige uma análise do público para o qual se
pretende lançar determinada tecnologia.
De maneira geral, não são todos os gestores empresariais, agricultores, ou
mesmo consumidores que podem ser caracterizados como “ávidos” por tecnologia.

Introdução
II

Inclusive, é válido verificar que muitos gestores e consumidores são extrema-


mente conservadores em suas escolhas, devido a uma série de fatores que estão
ligados direta ou indiretamente com a tecnfologia que se pretende trabalhar.
Levando-se em conta, por exemplo, a situação econômica e financeira do
país, muitos investidores retraem seus investimentos e o processo de inovação
nas tecnologias acaba perdendo financiamentos importantes, dependendo acen-
tuadamente do financiamento público para seu desenvolvimento, sustentação
e patenteamento.
Para se ter uma ideia, devido a esta situação, iniciada em 2013 e acentuada

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
drasticamente no ano de 2014, o Brasil ficou na posição de número 64 entre 142
países avaliados por meio do Índice Global de Inovação – IGI.
Este índice leva em conta 84 indicadores sociais, econômicos, produtivos e
tecnológicos que resultam, uma vez compilados e cruzados, no grau de inovação
técnica dos países. Trata-se ainda da avaliação de elementos que favorecem ativi-
dades de inovação, como instituições, capital humano e pesquisa, infraestrutura,
aperfeiçoamento das empresas, além de provas manifestas em conhecimento e
tecnologia e resultados criativos.
Este índice, elaborado e publicado por meio da Organização Mundial de
Propriedade Intelectual – OPMI, pela Universidade de Cornell (EUA) e pelo
Insead (Escola de Administração Francesa), apresenta uma situação corrente ao
Brasil, porém delicada, uma vez que o Brasil decaiu 17 posições em relação a 2011.
O que nos anima é o fato de que os demais países em desenvolvimento do
grupo BRICS (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul)
também não tiveram evoluções nestes indicadores. Segundo Moreira (2013),
nenhum país do grupo dos Brics conseguiu ficar entre os 25 primeiros e, na ver-
dade, todos estagnaram ou perderam posições em termos de inovação: a China
ficou em 35ª, o que representou a perda de um posto em relação à 2012 e de
seis em relação a 2011; a Rússia ficou em 62ª posição, perdendo 11 comparado
a 2012 e 17 em relação a 2011; a Índia ficou em 66ª posição, perdendo dois pos-
tos comparado a 2012 e quatro comparado a 2011.
Assim, em um contexto mais genérico, podemos dizer que existem inves-
timentos em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação – PDI no Brasil, contudo,
estão aquém das potencialidades do país (de sua massa criativa) e aquém das

ESTRATÉGIAS PARA A ASSIMILAÇÃO


45

necessidades em tornar o país mais competitivo no mercado internacional.


Veja, caro(a) leitor(a), que não estou falando em uma condição excludente.
Aliás, seria imprudência de minha parte afirmar que nosso país não investe em
tecnologia e inovação. Contudo, tais investimentos precisam de elevação para
que possamos nos inserir de maneira mais agressiva nos mercados.
Tais investimentos se fazem necessários também do ponto de vista de publi-
cações e patentes. A publicação de artigos é um dos pontos relevantes quando se
considera o nível de inovação tecnológica dos países. De maneira geral, podemos
dizer que 46,7 mil artigos publicados por autores brasileiros é um número de
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

respeito, mas representa apenas 2,2% de tudo aquilo que é publicado no mundo.
Ademais, devemos verificar não somente a quantidade de artigos, mas a qualidade
dos mesmos. É fato que uma fatia muito pequena destes artigos versa sobre ino-
vação e tecnologia. Os demais estão centrados em replicações da ciência presente
e pouco contribuem, efetivamente, para a evolução tecnológica em nosso país.
Todavia, ainda há um aspecto mais preocupante: verifica-se a existência de
poucas empresas privadas investindo em patenteamento das novas tecnologias,
dada a morosidade da tramitação do processo. Somado a isso, devemos nos pre-
ocupar ainda com a saúde econômica do país, o que acentua uma característica
bastante interessante dos gestores empresariais: a cautela.
Não precisamos nos ater exclusivamente aos investidores, bastando olhar
simplesmente para o nosso próprio comportamento. Lembra-se de que em nossa
primeira Unidade discutimos um pouco a respeito da etimologia do termo “tec-
nologia” e nos utilizamos dos sistemas operacionais para exemplificá-lo? Você
está em qual sistema operacional? Se for Microsoft Windows, você está na ver-
são 7 ou já atualizou para a versão 8? Ou ainda, já está testando a versão 10?
Para aqueles que ainda estão na versão 7, diversos são os argumentos, mas
todos podem ser sistematizados ao fato de que se trata de um sistema leve e con-
fiável. Para que trocar o certo pelo duvidoso, não é mesmo? Para aqueles que
estão na versão 8, os argumentos também são variados, mas, de maneira geral,
mesmo com a estranheza inicial, os usuários se acostumaram com a nova inter-
face, segurando-se na fluidez do sistema. E para aqueles que estão na versão 10,
assim como eu, testando-a, somente estão neste estado porque gostam de ado-
tar precocemente as tecnologias e as inovações.

A Adoção das Tecnologias e das Inovações


II

Se a versão 10 for aprovada por mim, com certeza alguém muito próximo vai
me perguntar a respeito dela e também vai querer testar. Você já passou por algo
semelhante? Algum amigo seu ou conhecido passou a utilizar algo mais atual, uma
técnica nova, só porque você afirmou que se tratava de algo seguro e confiável?
Isso é inerente ao comportamento humano. Poucos são os empreendedo-
res, os inovadores que se arriscam a testar as novas tecnologias e inovações. Isso
tem um preço, pois nem todas as inovações e novas tecnologias são confiáveis e
geram resultados satisfatórios de maneira imediata. Pessoalmente, tenho como
amigo um produtor de laranja que possui um perfil inovador, adotante precoce

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
das inovações, mas que por fazê-lo, encontra-se com sucessivos balanços nega-
tivos em sua propriedade rural.
Todavia, a ação destes protagonistas é extremamente válida, pois os riscos
de sucesso são nulos a partir do momento em que não se admite a possibilidade
de investir em algo inovador.

O fracasso é condição pertencente àqueles que não arriscam. Fracassar ten-


tando, mesmo que lhe cause algum prejuízo, é honroso!
Fonte: O Autor (2014)

A explicação destes comportamentos inovadores precoces ou mesmo adotantes


tardios das inovações e da própria tecnologia nos é trazida por Rogers & Scott
(1997). Segundo estes autores, os adotantes de tecnologia e de inovações podem
ser assim categorizados:
■■ Inovadores (innovators) – são os primeiros 2,5% de indivíduos que estão
em contato com a inovação e que assumem os riscos de a utilizarem ou
criarem.
■■ Adotadores (early adopters) – são os próximos 13,5% dos indivíduos em
um sistema a adotarem uma inovação. Eles são mais integrados ao sis-
tema local que os inovadores e é a quem os potenciais adotadores pedirão

ESTRATÉGIAS PARA A ASSIMILAÇÃO


47

conselho e informação sobre a inovação.


■■ Maioria inicial (early majority) – são os 34% dos indivíduos a adotarem
uma inovação antes da média das pessoas no sistema.
■■ Maioria tardia (later majority) – são os 34% de céticos em um sistema. As
inovações são recebidas com um ar cauteloso; assim, eles não as adotam
até que a maior parte dos indivíduos do sistema tenha aceitado a novidade.
■■ Retardatários (laggards) – representam 16% de indivíduos. São os últimos
a adotarem a nova ideia. Como seus recursos são limitados, eles devem ter
a certeza de que uma nova ideia não irá falhar e lhe trará bons resultados.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

A Figura 13 apresenta esta distribuição das categorias de adotantes de tecnolo-


gia e inovação:

Maioria inicial Maioria tardia


[34%] [34%]

Inovadores Adotadores Retardatários


[2,5%] [13,5%] [16%]

Figura 13 – Curva de distribuição das categorias de adotantes de tecnologia e de inovação


Fonte: ROGERS (1995)

O mais interessante é que esta curva corrobora especialmente com o público aten-
dido pelas ações dos Tecnólogos em Agronegócio e quaisquer outros profissionais
do ramo de ciências agrárias. E diria mais, certamente são raros os exemplos de
empresários rurais que são adotantes precoces de inovações tecnológicas e for-
madores de opinião. A maioria de nosso público é conservadora! Anote isso!

A Adoção das Tecnologias e das Inovações


II

ESTABELECENDO A ASSIMILAÇÃO DE TECNOLOGIAS


E INOVAÇÕES AO PÚBLICO ATENDIDO PELOS
TECNÓLOGOS EM AGRONEGÓCIO
São diversos os fatores que fazem com que nosso público atendido seja conser-
vador, pouco resiliente e resistente às mudanças tecnológicas. Almeida (2003)
sistematiza tais fatores, realizando os seguintes apontamentos sobre as origens
de tais resistências:
■■ Deficiência técnica do sistema implantado – estudos comprovam que
mesmo sistemas tecnicamente perfeitos são abandonados após sua implan-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
tação, por não atingirem os objetivos desejados.
■■ Comportamento individual ou em grupo:
■■ O indivíduo resiste à mudança porque suas necessidades (proteção
contra ameaças e privações) podem ser comprometidas.
■■ O indivíduo pode acreditar que não é capaz de acompanhar a
mudança.
■■ O indivíduo pode não estar convencido dos objetivos e intenções da
introdução da tecnologia.
■■ O indivíduo resistirá ao processo se sentir que sua posição na orga-
nização se encontra ameaçada.
■■ Resistência de um grupo – quando mais de uma pessoa comparti-
lha dos mesmos sentimentos que definem as resistências individuais,
elas se agrupam, formando campos de poder para irem contra as
mudanças.

Ademais, Yamaguchi et al. (2002) e Fernández e Flores-Cerda (2003) apresentam


o seguinte conjunto de evidências no setor agrícola que dificultam a implanta-
ção das tecnologias e das inovações:
■■ Idade média avançada dos empresários agrícolas.
■■ Baixo nível de escolaridade.
■■ Migração dos filhos para outras atividades nas cidades.
■■ Falta de recursos financeiros para aquisição das novas tecnologias.

ESTRATÉGIAS PARA A ASSIMILAÇÃO


49

■■ Falta de visão administrativa dos dirigentes de cooperativas.


■■ Falta de pessoal especializado para desenvolver e implantar a nova
tecnologia.
Desta forma, pode-se justificar o porquê de nosso público de trabalho estar des-
locado mais à direita da curva de Rogers (1995). É evidente que o meio rural
brasileiro, mesmo com tantos avanços, ainda apresenta essas resistências. Além
disso, o fator idade é preponderante, especialmente quando falamos em gestão.
A gestão de propriedades rurais e mesmo de processos produtivos e a pró-
pria execução dos mesmos cada vez mais exige a utilização das Tecnologias da
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Informação, como softwares e equipamentos interconectados. Para as gerações


que não tiveram contato com tais dispositivos ou programas, a adoção de tais
tecnologias é extremamente onerosa, do ponto de vista do tempo e dos recur-
sos investidos.
Mas não somente para as tecnologias da informação. Toda e qualquer tecno-
logia é vista por essas gerações como algo de risco elevado. Você já ouviu
a seguinte frase, que se encontra disposta junto a figura desta página?
Eu já ouvi isso várias vezes dos empresários rurais que atendi,
em especial, quando comecei minha carreira. Ter a confiança dos
mesmos é algo realmente desafiador, mas acredito que você,
mesmo tendo a mesma dificuldade, não deverá esmorecer e
desanimar, afinal você é um animador dos processos, que
deve entusiasmar nossos parceiros empresários.
Dessa maneira, como sugestão, sugiro que, para
facilitar a adoção de inovações e novas tecnologias no
meio rural e agroindustrial, se utilize da metodologia de
“Unidade Demonstrativa”. Para compreendê-la, visua-
lize a Figura 14:

“Eu já faço da minha maneira há tantos anos e nunca


deu errado... E você quer que eu mude isso? Nem
pensar”.

Estabelecendo a Assimilação de Tecnologiase Inovações ao Público Atendido Pelos Tecnólogos em Agronegócio


©MMA II

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 14 – Exemplo de Unidade Demonstrativa de tratamento de efluentes de água salobra para uso na agricultura

A Figura 14 ilustra um modelo de propriedade rural localizada no semiárido


brasileiro. Naquelas localidades, é bastante comum a perfuração de poços pro-
fundos para a obtenção de água para dessedentação humana, animal e para a
produção de alimentos. Todavia, a água obtida naquela região possui elevada
concentração de sais, dando-lhe a característica salobra, sendo necessária a uti-
lização da tecnologia de dessalinização das águas.
Ao final do processo de dessalinização, os resíduos do dessalinizador, agora
efluentes, se dirigem aos tanques de piscicultura, onde serão enriquecidos com
os dejetos dos peixes. Após este passo, este efluente será dirigido aos tanques
que contêm plantas tolerantes ao efluente salino enriquecido, as quais se desen-
volverão neste meio e, posteriormente, poderão servir de fenação aos animais.

ESTRATÉGIAS PARA A ASSIMILAÇÃO


51

A Figura 15 apresenta o fluxo do processo:


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

©MMA
Figura 15 – Fluxo do processo de produção de feno a partir da Erva Sal (Artiplex numularia) tratada com efluente de
água salobra e tanques de piscicultura

Inseri o referido exemplo nesta obra por sua notável contribuição tecnológica
ao desenvolvimento de famílias carentes no semiárido nordestino. Aliás, diga-se
de passagem, essa é uma Tecnologia Social (você se lembra de nossa discussão
na Unidade anterior?).
Um agricultor que passa pela problemática da falta de água em sua proprie-
dade não será convencido facilmente em adotar esta tecnologia caso não a veja
em execução e dando resultados satisfatórios. Por isso a Unidade Demonstrativa,
que nada mais é do que uma área produtiva onde a tecnologia já se encontra
instalada e gerando resultados, contribui para este convencimento, facilitando
a adoção das tecnologias no campo.
Caso ainda o empresário rural não esteja convencido, alegando que a tec-
nologia em questão só funciona dentro de um contexto pré-determinado e que
não funcionaria no contexto específico dele, utilize a metodologia de “Redes de
Referência”. O uso dessa metodologia é um pouco mais complexo, pois a criação
de uma “Rede” não é algo simples. Envolve um conjunto de empresários rurais
inovadores e de instituições de pesquisa, desenvolvimento e inovação regionais.

EstabelecendoaAssimilaçãodeTecnologiaseInovaçõesaoPúblicoAtendidoPelosTecnólogosemAgronegócio
II

O Instituto Agronômico do Paraná – IAPAR conduz tal metodologia:


Criadas com o objetivo de apoiar o desenvolvimento de sistemas de
produção sustentáveis para a agricultura familiar paranaense, as “Redes
de Referências para a Agricultura Familiar” estão presentes em várias
regiões do estado, envolvendo equipes formadas por pesquisadores do
Iapar (Instituto Agronômico do Paraná) e extensionistas do Emater
(Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural). Estas
regiões abrangem as principais atividades econômicas que compõem
os sistemas de produção em estudo.

Em conjunto com mais de duzentas famílias de agricultores colabora-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
dores, estas equipes vêm implementando, desde junho de 1998, me-
todologia de pesquisa e desenvolvimento (P&D) adaptada a partir da
experiência do Institut de l’Elevage da França, visando a validação e
transferência de tecnologias viáveis para os sistemas de produção es-
tudados.

Com a utilização do enfoque sistêmico de P&D propriedades repre-


sentativas dos principais sistemas de produção familiares presentes no
estado são analisadas e acompanhadas pelos técnicos do Emater e do
Iapar, permitindo assim a geração de referências técnicas e econômicas
passíveis de serem difundidas para um número cada vez maior de agri-
cultores familiares paranaenses (IAPAR, 2014).

Em outras palavras, o IAPAR segmentou as aptidões produtivas de cada região


do Estado do Paraná, e nestas regiões, diagnosticou o perfil inovador dos agri-
cultores atendidos pelo sistema oficial de Assistência Técnica e Extensão Rural
– ATER. Esse diagnóstico permitiu elencar os inovadores precoces com melhor
perfil para serem acompanhados “in loco” na adoção de tecnologias que fossem
desenvolvidas não somente no âmbito do IAPAR, mas também de outras insti-
tuições de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação. Assim, cada propriedade rural
serve como uma Unidade Demonstrativa de uma determinada cadeia produ-
tiva, aplicando tecnologias selecionadas.
Segundo IAPAR (2014b), o estudo das propriedades em uma rede permite
a otimização conjunta da cadeia produtiva, visando ampliação de sua eficiência
e sustentabilidade, sendo um processo conduzido pelos próprios agricultores e
técnicos, servindo como referência técnica e econômica para as outras unidades
por elas representadas. Nesse caso, a tecnologia seria contextualizada e o poder
de convencimento ao empresário rural seria amplificado.

ESTRATÉGIAS PARA A ASSIMILAÇÃO


53

A Figura 16 apresenta a atual composição da Rede de Referência no estado


do Paraná:
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

©IAPAR
Figura 16 – Estruturação da Rede de Referência de propriedades rurais e suas respectivas cadeias produtivas

Contudo, como você pôde perceber, caro(a) leitor(a), é uma estratégia que você
poderia adotar caso houvesse uma rede instalada em seu estado e, ainda, caso
a cadeia produtiva do empresário rural que você atende seja contemplada pela
rede. Mas não se preocupe, existem outras estratégias que você poderá adotar no
sentido de promover a assimilação das tecnologias e das inovações no meio rural
e agroindustrial e estas estratégias poderão ser observadas no seguinte endereço:

Estabelecendo Assimilação de Tecnologias e Inovações


II

A Extensão Rural é uma área das Ciências Agrárias que


trata das estratégias de trabalho junto às comunidades
rurais e a empresários. Atualmente, a Extensão Rural é
dialógica, perdendo o sentido de disseminadora de
conhecimentos e adquirindo características de gera-
dora de conhecimentos, em um contínuo processo de
troca de informações em um sistema horizontal (onde
os conhecimentos se equivalem, independente da for-
mação do ator envolvido). Para conhecer as principais
estratégias que podem ser adotadas junto às comuni-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
dades rurais e aos empresários rurais, também no sentido de promover a
adoção das inovações tecnológicas, acesse:
<http://www.ipa.br/novo/pdf/ipa-manualdemetodologia.pdf>

OUTROS FATORES RELEVANTES À ADOÇÃO DE NOVAS


TECNOLOGIAS

Saes (2012) sistematizou o processo de difusão das tecnologias e da inovação em


cinco atributos ou passos, os quais devem ser obedecidos no sentido de facilitar
a adoção das tecnologias. Para esta obra, vamos tratar os pontos discutidos por
Saes (2012) como pontos complementares às ideias já discutidas na seção ante-
rior. Tratam-se dos seguintes atributos:
1. Vantagem Relativa.
2. Valores, normas e experiências dos usuários.
3. Complexidade.
4. Testabilidade.
5. Observabilidade.

Podemos dizer que os três últimos atributos aparecem indiretamente nas discus-
sões feitas sobre os exemplos anteriores. Uma tecnologia será melhor adotada
a partir do momento em que se mostra simples e pouco onerosa, ao mesmo
tempo em que já fora testada em uma situação de baixo risco e, ainda, apresen-
tando resultados satisfatórios. Uma Unidade Demonstrativa independente, ou

ESTRATÉGIAS PARA A ASSIMILAÇÃO


55

mesmo em um Dia de Campo, ou ainda, simpósios, reuniões técnicas e demais


estratégias da Extensão Rural contemplam estes atributos.
O segundo (valores, normas e experiências dos usuários) merece mais aten-
ção. Toda tecnologia e toda a inovação só é adotada a partir do momento em que
existe empatia entre o desenvolvedor e promotor das mudanças tecnológicas e
os atores diretamente afetados por ela (lembra-se do que discutimos ao final da
primeira Unidade, sobre tecnologias explícitas e implícitas?).
Ademais, é válido salientar que essas tecnologias precisam vir ao encontro das
culturas, dos saberes e das visões e valores morais de um cliente. No meio rural,
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

por exemplo, se há a necessidade em se ordenhar vacas leiteiras, o processo não


poderá adotar nenhuma tecnologia que cause estresse ao animal. Isso vai contra
os princípios de muitos agricultores que têm bastante apreço pelos seus animais.
Ainda, caso a nova tecnologia se componha como a atualização de uma
anterior, fica mais fácil a adoção da mesma. Caso contrário, muitas pessoas a
rejeitariam. É o caso do software Microsoft Windows 8, o qual “inovou além da
conta”, segundo alguns usuários, conforme já abordamos na Unidade I.
Por fim, o aspecto mais relevante de uma nova tecnologia é a Vantagem
Relativa. Muitas pessoas aceitam uma nova tecnologia pelo fato de possui melhor
desempenho sobre sua versão ou método anterior, pelo fato de possuir maior ver-
satilidade, por apresentar uma relação custo/benefício mais competitiva ou mesmo
meramente pelo status em ter algo novo, conforme apontado por Mattos (2013).
Analisemos o seguinte exemplo:

Outros Fatores Relevantes à Adoção de Novas Tecnologias


Caso Novo Uno Evolution 2015
Nos últimos anos a população brasileira passou por um processo de evolução de
sua renda. Muitas famílias foram inseridas no mercado consumidor graças à geração
de empregos e ainda à popularização das linhas de crédito.
Em todos os setores econômicos se observou uma evolução real das riquezas pro-
duzidas e um dos setores mais beneficiados foi a indústria automobilística, a qual
teve superávit em vendas por dez anos consecutivos (2003-2013). Ademais, o cres-
cimento da economia brasileira ampliou a concorrência das marcas automotivas.
Em 2002, apenas quatro marcas dominavam o cenário. Hoje, 16 marcas estão com
participações expressivas no mercado e ao menos oito novas marcas implantaram
ou estão planejando implantar fábricas em nosso país.
Ocorre que, mesmo com esta evolução econômica, os valores dos automóveis fa-
zem com que muitas tecnologias de ponta ainda não sejam acessíveis a boa parte
da população, que se vê fadada a adotar o bom e velho “pé de boi”, terminologia
utilizada para carros que possuem apenas itens básicos e obrigatórios instalados.
Todavia, a ampliação da concorrência oxigenou esse mercado, em especial, o mer-
cado de compactos de entrada e compactos premium, de maneira que a conquista
do consumidor não se faz mais somente por preço, mas por uma boa relação custo/
benefício e pelo status. Pessoalmente, eu compraria o veículo que me oferecesse a
melhor vantagem relativa. Essa ideia foi comprada pela Fiat Chrysler Automóveis –
FCA ao lançar o Uno Evolution (Figura 17).

©FCA

Figura 17 – Fiat Novo Uno 2015


57

Trata-se do primeiro compacto de entrada a contar com uma série de acessórios


presentes em carros de categorias superiores, a começar pelo sistema start/stop,
que desliga o motor momentaneamente com a parada do veículo em semáforos,
por exemplo. Outro ponto interessante é o câmbio automatizado Dualogic Plus sem
manopla. As marchas são selecionadas por meio de botões, tal como é feito nos
carros da marca Ferrari (também pertencentes ao grupo FCA). Ademais, o painel
é interativo, com tela TFT e central multimídia ao centro do console, com funções
GPS, bluetooth, rádio e integração com sistemas operacionais em smartphones (ali-
ás, esta é a tendência, pois compactos de outras marcas – Nissan, Renault, Chevrolet
e Ford – já possuem tal integração).
O status de contar com tantas comodidades e o papel inovador desse veículo faz
com que o mesmo esteja dentre as opções de compra das famílias brasileiras, as
quais descartariam esta hipótese caso este veículo não apresentasse tais vantagens.
Trata-se do conceito de Vantagem Relativa aplicado a um exemplo de nosso dia a
dia.
II

Considerando todos os fatores até aqui discutidos, provavelmente você terá


sucesso em divulgar e implantar uma nova tecnologia junto aos agricultores,
pecuaristas, gestores de agroindústrias, gestores públicos e demais componen-
tes do público atendido pelo Gestor em Agronegócios.

“TECNOLOGIA PRA TI... TECNOLOGIA PRA MIM...”

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Na seção anterior, analisamos o posicionamento do Brasil frente aos processos
de inovação tecnológica e analisamos ainda as formas sob as quais poderemos
atuar no sentido de estabelecer, junto ao público atendido pelos Gestores em
Agronegócios, a implantação e execução de novas tecnologias.
Contudo, também é importante que os Gestores em Agronegócio saibam
quais são as tecnologias que estão disponíveis para o exercício da sua profissão.
Nesta seção, tentaremos responder ao questionamento: “O que eu, enquanto
Gestor em Agronegócios, posso utilizar no sentido de melhorar minha prática
profissional?”.
Leve em conta que explanaremos sobre tecnologias variadas, nem sempre
vinculadas à Tecnologia da Informação ou às complexas máquinas e equipamen-
tos. Desmistifique suas visões acerca do tema! Nem toda tecnologia tem caráter
futurista, complexo e oneroso! Vamos lá?

COMUNICAÇÃO

O ato de se comunicar também pode ser considerado como uma tecnologia. Mas
a compreensão a respeito do processo de comunicação ainda é bastante limi-
tada. Muitos profissionais imaginam que a comunicação é vinculada somente ao
ato de falar, mas também devemos nos ater ao fato de que a comunicação extra-
pola qualquer formato. Mas, independente da forma como nos comunicamos,
devemos fazê-lo como excelência, pois esta é a chave para se conquistar clientes.

ESTRATÉGIAS PARA A ASSIMILAÇÃO


59
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Será que sou impertinente?


A análise da comunicação renderia uma obra inteira para ser discutida em suas
minúcias, mas, de maneira geral, uma boa comunicação é aquela na qual o inter-
locutor é direto, apresenta conhecimento de causa, tem cuidado com a escolha
dos termos, de maneira a não gerar ambiguidades e tratar as demais pessoas com
o devido respeito, sem gírias e vícios de linguagem e, ainda, é empático, ou seja,
sabe se posicionar junto às expectativas de quem está recebendo a mensagem.
Interromper um discurso, não saber escrever textos adequados aos seus
propósitos (laudos, boletins, cartas, memorandos, mensagens eletrônicas etc.),
assoberbar o próprio ponto de vista, não nivelar o discurso (falar termos deveras
difíceis a um agricultor e falar “do jeito da roça” para um gestor, por exemplo) e
ainda ser impertinente conta negativamente ao seu lado profissional.
Às vezes agimos dessa forma sem querer, dada a nossa simplicidade e inge-
nuidade. Mas se policie sempre. Seja educado(a). Solicite um feedback sobre
seu atendimento, sua atenção, suas funções, sobre sua forma de se comunicar.
Amplie as possibilidades de acerto.
Para lhe ajudar, seguem algumas dicas:

“Tecnologia pra ti... Tecnologia Pra Mim...”


II

1. Solicite preferencialmente os contatos profissionais de seus clientes. Evite


utilizar contatos pessoais.
2. Nunca estabeleça contato fora do horário convencional de trabalho, a não
ser que a situação seja urgente e com a devida autorização da outra parte.
3. Utilize cartões de visita sucintos e com visual limpo, contendo apenas as
informações básicas para que seu cliente possa acessá-lo(a).
4. Utilize títulos e pronomes de tratamento quando aplicável (Senhor,
Senhora, Professor, Doutor etc.).

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
5. Evite mensagens SMS ou por Whatsapp / Facebook Messenger / Snapchat
/ Line etc. Estes mensageiros são de cunho particular e pessoal. A não
ser que a situação exija e você esclareça que se trata de uma estratégia de
comunicação de sua parte, dê preferência ao uso do e-mail.
6. No e-mail, seja sucinto(a) com os assuntos. Evite textos longos e cansa-
tivos. Seja claro(a) desde o campo de assunto, colocando um briefing do
corpo do texto. Por exemplo: Assunto – Reunião sobre Planejamento
Estratégico da Empresa Campos Agronegócio – Dia 16/10/2014 às 19:00
horas. Também evite em qualquer comunicação por escrito termos em
caixa alta. É CONSENSO NA INTERNET QUE QUEM SE UTILIZA DE
CAIXA ALTA ESTÁ GRITANDO COM AS DEMAIS PESSOAS. Por-
tanto, evite isso!
7. Já no campo de texto do e-mail, cumprimente (Bom dia, Boa tarde, Sauda-
ções etc.) e assine o e-mail com suas informações de contato. Por exemplo:

Prof. Tiago Costa


Professor Assistente do Curso de Tecnologia em Agronegócios
Centro Universitário Cesumar – UniCesumar
(44) 3027-6360 – tiago.costa@unicesumar.edu.br

8. Responda rapidamente aos contatos. Por vezes, é difícil responder ime-


diatamente, mas, nestes casos, desculpe-se com seu contato e proceda à
resolução do caso.
9. Mostre segurança em sua fala. Mesmo que você esteja nervoso(a) com

ESTRATÉGIAS PARA A ASSIMILAÇÃO


61

a prática de falar em público, mantenha o foco no assunto a ser expla-


nado e considere que o ser humano adulto só consegue prestar atenção
continuamente a um discurso por sete minutos. Assim, elabore alguma
estratégia para retomar esta atenção.
10. Seja resiliente. Mostre capacidade de ser flexível quando se sentir pro-
vocado(a). Não reaja e raciocine sobre o que será falado no sentido de
“desarmar” a pessoa que se encontra supostamente alterada. Peça descul-
pas, perguntando sobre qual a suposta falha identificada no processo e
demonstre que você está disposto(a) a auxiliar e resolver a problemática.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

11. Evite posicionamentos inadequados, mesmo em um ambiente amistoso


ou em redes sociais. As empresas avaliam seus colaboradores ou possí-
veis contratados por meio de seus discursos. Posicionamentos políticos,
preconceituosos e até mesmo aqueles relacionados ao compartilhamento
de conteúdos inadequados (frases feitas, textos duvidosos, fotos etc.) são
negativamente analisados pela sociedade.
12. Ao apresentar propostas de trabalho, elabore-as claramente e por escrito,
estabelecendo quais são os serviços a serem executados e os valores a
serem cobrados.
13. Em termos de redes sociais, utilize as de caráter profissional. Não que as
redes pessoais não representem estratégias válidas de comunicação, mas
você demonstra ter critério a partir do momento em que seleciona redes
com melhores possibilidades ao seu propósito. O Linked In é o melhor
exemplo para você trocar informações profissionais, publicar artigos, esta-
belecer grupos de discussão e promover os seus serviços. Experimente.
14. Quer investir em um site? Crie um site simples, com conteúdo dinâ-
mico e claro, de maneira que as pessoas entendam os serviços que você
executa e que estas pessoas tenham claras as formas de estabelecer um
contato com você.
15. Por fim, na comunicação verbal, utilize sempre um tom adequado. Nunca
alto demais e nunca baixo demais. Sempre priorize uma experiência ade-
quada de comunicação.
Você tem alguma contribuição para este conjunto de dicas? Se tiver, ficarei imen-
samente agradecido se você puder enviar ao meu e-mail: tiago.costa@unicesumar.
edu.br. Será um prazer me comunicar com você, caro(a) leitor(a).

“Tecnologia pra ti... Tecnologia Pra Mim...”


II

TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO

O Gestor em Agronegócios dos dias atuais está mergulhado em uma série de


ferramentas computacionais que o auxilia no sentido de amplificar sua produtivi-
dade. Contudo, muitos destes gestores desconhecem as formas de funcionamento
de tais ferramentas, ou mesmo as conhecem parcialmente.
Não é o intuito dessa obra servir de Manual de Instruções para a operação
de equipamentos e programas computacionais, mas apresentaremos, de maneira
sucinta, quais são as possibilidades que devem ser exploradas por estes profis-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
sionais. Vamos a elas:

a) Editores de Texto
Os editores de texto são programas que traduzem as informações inseridas pelos
usuários em uma interface digital, a qual pode ser manipulada de acordo com as
necessidades destes usuários e de acordo ainda com as possibilidades do programa.
Atualmente, existem duas linhas de programas: as de código-fechado e as de
código-aberto (ou software livre). Estes últimos são desenvolvidos por progra-
madores independentes e disponibilizados a uma gama diferenciada de usuários,
partindo do usuário comum até o desenvolvedor, o qual usa o programa, analisa
suas deficiências e propõe melhorias nas linhas de programação.
Existe um expoente para cada linha mencionada: O Microsoft Word (código-
fechado) e o Apache Open Office Writer (código-aberto). Geralmente os usuários
utilizam tais programas para criação de documentos simples, utilizando-se de
poucas opções de formatação dos textos.
Dentre as opções disponíveis, encontram-se a mudança de fontes em for-
mato, cor, tamanho e disposição, alinhamento de texto (esquerda, centro, direita
ou justificado) alinhamento e espaçamento de parágrafos, criação de listas em
nível, listas em ordem alfabética, tabelas, associação de elementos textuais e
elementos gráficos (figuras), inserção e formatação de cabeçalhos e rodapés e
inserção de sumários.
Também existem as opções mais avançadas, como a criação de listas de refe-
rências de literatura, notas de rodapé, numeração de páginas, criação de layouts
e temas para documentos de texto, conversão do layout de tela para um layout

ESTRATÉGIAS PARA A ASSIMILAÇÃO


63

de internet (é possível transformar um documento de texto em uma página


simples de internet), criação de mala direta e e-mail integrado ao cliente insta-
lado no computador, inserção de comentários e controle de alterações de texto.
Existem diversas possibilidades operacionais nesses editores de texto: além
de documentos simples, é possível criar cartões de visitas, memorandos, convites,
calendários, livretos, revistas e outros documentos impressos. Há a ressalva de que
esses editores não possuem as ferramentas profissionais de editoração, cabendo
a outros softwares, a exemplo do Corel Draw, essa editoração e diagramação.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

b) Editores de Planilhas
Os editores de planilhas são programas que permitem a criação de tabelas e
quadros em que se permite o relacionamento dos dados de forma matemática,
na mesma planilha, ou ainda em planilhas e pastas separadas, isso com o uso de
recursos nativos dos programas.
Ainda é possível criar bancos de dados se utilizando destas planilhas. Por
meio de comandos que são executados nestes programas ou em programas de
interface (a exemplo do Embarcadero Delphi), podemos obter os dados de res-
posta a uma variável inserida.
Todavia, uma das maiores utilidades deste tipo de programa, além da ques-
tão do banco de dados, é o seu banco de fórmulas. Podemos estabelecer cálculos
desde a matemática básica até a trigonometria, passando inclusive por fórmulas
estatísticas. Conseguimos, por exemplo, gerar gráficos de regressão que represen-
tem o resultado do crescimento de plantas de acordo com a adubação nitrogenada
utilizada, ou ainda, gráficos de acompanhamento de oferta e demanda de com-
modities, algo tão comum na prática analítica do Tecnólogo em Agronegócios.
Os dois melhores representantes deste tipo de programa são o Microsoft Excel
(código fechado) e o Apache Open Office Calc (código aberto). Os endereços
apresentados no Material Complementar desta Unidade também levam aos tuto-
riais e manuais dos dois programas. Tenha curiosidade e explore este universo!

c) Editores de Apresentações
Estes editores possuem por função formatar apresentações digitais de conteúdo,
conhecidos por slides. As últimas versões destes programas tem ganhado grande

“Tecnologia pra ti... Tecnologia Pra Mim...”


II

dinamismo, não somente pela quantidade de recursos, mas pela interação de


conteúdos estáticos com conteúdos dinâmicos. São exemplos de editores deste
tipo os programas Microsoft Power Point (código fechado) e Apache OpenOffice
Impress (código aberto).
Para se ter uma ideia, é possível inserir animações aos textos, músicas de
fundo, sons de impacto, vídeos, acesso direto à internet e, na pior das hipóteses,
quando não se possui um editor de imagens instalado no computador, pode-se
utilizar esse programa para essa função, claro, que com recursos bastante limi-
tados. Veja a Figura 18. Trata-se de uma figura que fiz no Microsoft Power Point

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de maneira bastante simples. Ela representa um croqui de uma área experimen-
tal de milho transgênico, de um projeto de pesquisa que estamos conduzindo
em parceria com a empresa Dekalb, fornecedora das sementes brasileiras e nor-
te-americanas de milho e com a Missoury State University – MSU de Springfield,
Estado de Missoury, Estados Unidos da América.

Figura 18 – Exemplo de croqui criado no Microsoft Power Point

ESTRATÉGIAS PARA A ASSIMILAÇÃO


65

Ainda, existem editores online, como é o caso do Prezi, que possuem no dina-
mismo e em seus modelos prévios um excelente chamariz para belas apresentações,
as quais possuem, inclusive, efeitos cinematográficos gerados pelo padrão SWF
(Adobe Flash Player). O Prezi também tem um instalador que lhe permite geren-
ciar suas apresentações e criá-las em seu próprio computador.

d) Computação na nuvem
O termo “computação na nuvem” sugere o armazenamento de seus principais
arquivos de trabalho em servidores dedicados, os quais você provavelmente não
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vê, mas sabe que existe um espaço dedicado a este armazenamento. Ademais,
a computação na nuvem, nos dias atuais, está evoluindo para a própria execu-
ção de programas que, antigamente, precisariam ser instalados fisicamente nos
computadores.
Para nossa sorte, quando se fala em computação em nuvem, a variedade de
serviços oferecidos é bem maior e por empresas bastante conhecidas do público,
como é o caso da Google Inc., que possui o serviço Google Drive, da Microsoft,
que oferece o serviço One Drive, e da Apple, que possui o serviço iCloud. Todavia,
apenas os dois primeiros oferecem sistemas de edição de arquivos online, os quais
podem ser acessados por qualquer pessoa que você permita e por você mesmo.
Tratam-se das plataformas Google Docs e Microsoft Office Online.
Pense na seguinte situação: você já não precisa levar o seu pesado notebook
para todos os lugares. Basta que seu lugar de destino tenha um computador e
você consegue acessar um texto, uma apresentação, uma planilha, ou mesmo uma
foto e alterá-la para uso imediato, sem as complicações de depender de dispo-
sitivos portáteis de armazenamento (HDs externos ou pen-drives) e não sendo
necessário ter o programa instalado nessa máquina.
Mas e se o lugar para onde você vai não tiver um computador prontamente
disponível? Se você tiver um tablet ou smartphone com uma tela acima de qua-
tro polegadas, fica fácil fazer a mesma tarefa. Existem aplicativos para o sistema
Google Android e Microsoft Windows que permitem que os arquivos sejam aces-
sados na nuvem e editados conforme a sua necessidade e conforme ainda o poder
de processamento do seu gadget. Incrível, não?

“Tecnologia pra ti... Tecnologia Pra Mim...”


II

Porém, o único limitante é que você precisa ter uma conexão de internet rela-
tivamente veloz. Depender somente da internet móvel padrão 3G no Brasil não
garante acesso satisfatório aos arquivos, dependendo logicamente de seu tamanho.

e) Home Broker
Sendo Gestor em Agronegócios, você necessitará acompanhar a movimentação
do mercado, em especial, a movimentação de ações de empresas do setor, bem
como a movimentação dos preços das commodities, definindo qual a meta de
preço a ser atingida para a venda, definindo, ainda, o melhor momento de aqui-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
sição de contratos de mercado futuro.
Assim, torna-se relevante o uso de um programa que permita não somente
este acompanhamento, mas que também permita a ação de corretagem. Apertando
um botão em seu mouse ou uma tecla em seu teclado, você ordena ao seu repre-
sentante em uma bolsa de valores a transação sobre a ação desejada (compra e
venda). Isso é possível por meio do Home Broker, representado na Figura 19.

©HSBC, modificado pelo autror

Figura 19 – Tela inicial do Home Broker de uma instituição financeira

ESTRATÉGIAS PARA A ASSIMILAÇÃO


67

Em particular, esta é a tela do meu Home Broker, apenas omiti os dados de


acesso e conta investimento, pois são dados particulares, mas todo o resto é
interface comum do programa. Para ter direito a usar o programa, eu necessito
ter vínculo de correntista com uma corretora. No seu caso, você trabalhará para
uma corretora cadastrada na Bolsa de Valores de São Paulo – BM&F Bovespa
e terá acesso a este sistema. Você ainda poderá optar por conceder acesso ao
seu cliente, para que ele decida os momentos corretos para compra e venda de
contratos, mas é interessante que você faça isso, afinal, você possui a formação
para esse intento.
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Algumas corretoras, inclusive, têm lançado plataformas para smartphone, de


maneira que o Gestor de Agronegócios consegue fechar contratos de compra
e venda apenas dando toques na tela. Isso facilita bastante, dando dinamismo
ao processo e possibilitando o aproveitamento de momentos mercadológicos
específicos (por exemplo, em uma subida repentina da cotação da soja, caso
alertado em seu home broker, você poderá optar pela venda de seu produto, de
maneira simples e com bastante agilidade).

f) Comunicação por videoconferência


Mais uma estratégia válida para economizar tempo e agilizar o processo de comu-
nicação. O Gestor em Agronegócios pode remotamente atender os seus clientes,
ampliando sua participação no mercado. Ademais, esses comunicadores permi-
tem a troca instantânea de arquivos e a edição simultânea dos mesmos.
O melhor exemplo é o Microsoft Skype, por ser um dos comunicadores mais
intuitivos e difundidos e por suportar multiplataformas: computadores, note-
books, smartphones, smartwatches e tablets. Os limitantes a essa tecnologia são
as câmeras dos gadgets (geralmente de baixa resolução, abaixo dos 2 megapixels)
e a própria conexão de internet (em 3G, dependendo da localidade no Brasil, a
videoconferência se torna praticamente impossível).

“Tecnologia pra ti... Tecnologia Pra Mim...”


II

g) Feed RSS e Boletins de Notícias


A origem da terminologia “feed” vem do inglês, que significa “alimentar”. A
plataforma RSS ou Really Simple Syndication, a mais atual, é um sistema de
alimentação de manchetes nos principais sites. Uma vez que o usuário volunta-
riamente assina o Feed RSS, começa a receber notícias a respeito dos temas dos
sites os quais possui esta assinatura. Alguns sistemas RSS que utilizam arquitetu-
ras mais renovadas, a exemplo da Atom, permitem que o feed seja compartilhado
em todos os dispositivos do usuário, seja por mensagens SMS ou aplicativos espe-
cíficos para os mais variados sistemas mobile.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Dessa maneira, o usuário permanece informado a respeito do andamento da
política, das ciências, da tecnologia, ou mesmo dos esportes, lazer e outros temas
que sejam de seu interesse. O que se quer demonstrar neste ponto é a necessi-
dade do Gestor em Agronegócios manter-se bem informado sobre as novidades
de mercado para crescimento pessoal, desenvolvimento do intelecto e do senso
crítico, de maneira a também informar seus clientes a respeito das atualidades.
Mas você deve estar se perguntando: “Como eu utilizo essa tecnologia?”.
Depende do dispositivo que você possui em mãos. Particularmente, gosto de
sincronizar meus feeds nos três dispositivos que tenho (desktop, notebook e
smartphone). Fiz questão de trabalhar sempre com a base Microsoft, pois a sin-
cronização é mais rápida, dependendo apenas de um único programa, o Outlook,
de maneira que a cada feed lançado, estes três dispositivos recebem simultane-
amente a notícia.
Existem maneiras mais simplificadas de assinar um RSS feed. Todos os
navegadores de internet atualmente possuem suporte para essa tecnologia, bas-
tando encontrar no site de seu interesse se ele também suporta essa tecnologia.
Geralmente, será encontrado na página um ícone respectivo a tecnologia RSS.
Ao clicar neste ícone, cada navegador responderá de uma forma diferente, mas
todos direcionarão à assinatura do feed. Após este processo, os feeds (notícias)
serão atualizados automaticamente.

ESTRATÉGIAS PARA A ASSIMILAÇÃO


69

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ufa! Quantas tecnologias não é mesmo? Apenas exploramos uma parcela das
tecnologias que você poderá utilizar em seu trabalho. Como havia dito anterior-
mente, seria muita pretensão de minha parte esgotar todas as tecnologias que
você poderia utilizar em sua carreira, assim como também seria pretensão falar
de todas as tecnologias que podem ser utilizadas no Agronegócio.
Anteriormente às tecnologias discutidas ao final desta Unidade, fizemos
uma abordagem sistêmica a respeito dos principais graus de adoção das ino-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

vações por parte dos empresários rurais, e sobre este assunto, reforço o fato de
que muitos destes empresários não estão dispostos a “pagar pra ver”. A maioria
é adotante de nível médio. Cautelosos em suas escolhas, eles precisam ver dar
certo para poderem adotar uma nova tecnologia.
Já que é essa a problemática imposta, precisamos criar metodologias para
que as tecnologias passem a ser adotadas de maneira mais rápida, quebrando
as barreiras e os receios da adoção por meio das estratégias que discutimos ao
longo desta unidade.
Espero que você tenha gostado de nosso livro até aqui e que esta experiên-
cia esteja sendo enriquecedora.

Considerações Finais
Brasil está em 14º lugar no ranking mundial de pesquisas científicas
Os cientistas brasileiros publicaram 46,7 mil artigos científicos em periódicos no ano
passado, número que coloca o Brasil em 14º lugar como produtor mundial de pesquisas.
Segundo o relatório feito pela empresa Thomson Reuters, isso equivale a 2,2% de tudo
o que foi publicado no mundo, em 2012. Nos últimos 20 anos, o país subiu dez posições
nesse ranking.
A China conquistou o primeiro lugar em pedidos de patentes, seguida por Estados Uni-
dos, Japão e Europa. O trabalho foi feito em parceria com o Instituto Nacional da Proprie-
dade Industrial (Inpi) e a Confederação Nacional da Indústria (CNI).
No Brasil, o ramo científico que mais produziu artigos foi a medicina clínica. No período
de 2008 a 2012, foram produzidos quase 35 mil artigos. Em segundo lugar, ficou a ciên-
cia de plantas e animais, com 19,5 mil artigos no mesmo período. Ciências agrárias pro-
duziram 13,5 mil artigos entre 2008 e 2012. O maior crescimento foi visto nas ciências
sociais e gerais, que saltaram de 1,5 mil entre 2003 e 2007 para 9,8 mil entre 2008 e 2012.
Como consequência do aumento na produção científica, o pedido de patentes no país
chegou a 170 mil no período de 2003 a 2012. Segundo o presidente do Inpi, Jorge Ávila,
o órgão continua lidando com o forte crescimento do número de pedidos de patentes,
que foi 33,5 mil em 2012, com projeção de alcançar 40 mil este ano.
Os maiores detentores de patentes no país, revelou a pesquisa, foram a Petrobras e as
universidades públicas. De 2003 a 2012, a Petrobras registrou 450 patentes. Logo atrás,
veio a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com 395 patentes. Em terceiro,
ficou a Universidade de São Paulo (USP), com 284 patentes. A Universidade Federal de
Minas Gerais (UFMG) vem logo em seguida, com 163 patentes.
De acordo com o relatório, a ausência de empresas privadas na lista dos maiores deten-
tores de patentes reflete um aspecto negativo do país. Como a demora na tramitação
do processo pode chegar a oito anos, muitas empresas desistem, pois a tecnologia pode
acabar se tornando obsoleta antes de a patente sair.
Fonte: CRUZ, Fernanda. Brasil está em 14º lugar no ranking mundial de pesquisas
científicas. Agência Brasil. Disponível em: <http://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/
noticia/2013-09-17/brasil-esta-em-14%C2%BA-lugar-no-ranking-mundial-de-pesqui-
sas-cientificas>. Acesso em: 16 out. 2014.
71

1. Considerando o baixo grau de aceitabilidade das inovações no meio agropecu-


ário, devemos estudar os componentes que fazem com que essa aceitabilidade
possa ser ampliada. Tratam-se dos atributos da inovação. Neste sentido, analise
os quadros a seguir, ligando corretamente o conceito ao atributo e, a seguir, assi-
nale a alternativa que apresenta a correta ligação entre estes.

ATRIBUTO CONCEITO
1. Vantagem Relativa I – Trata-se do grau em que a inova-
2. Valores, Normas e Experiências dos ção pode ser previamente testada em
Usuários uma situação de baixo risco.
3. Complexidade II – Trata-se do grau em que os resul-
tados de uma inovação são visíveis
4. Testabilidade
aos demais usuários.
5. Observabilidade
III – Trata-se da comunicabilidade que
a inovação tem com a personalidade
do usuário.
IV – Trata-se do ganho que a inovação
possui sobre a tecnologia anterior.
V – Trata-se do nível de dificuldade
que a inovação oferece ao usuário ou
ao sistema, quando aplicada.

A alternativa que demonstra a correta associação é:


a) 1 – III; 2 – IV; 3 – V; 4 – I; 5 – II.
b) 1 – IV; 2 – III; 3 – V; 4 – I; 5 – II.
c) 1 – III; 2 – I; 3 – V; 4 – II; 5 – III.
d) 1 – IV; 2 – I; 3 – V; 4 – III; 5 – II.
e) 1 – III; 2 – II; 3 – I; 4 – V; 5 – IV.
2. Mediante a leitura de nossa sugestão de literatura, apresentada por meio do link
<http://www.ipa.br/novo/pdf/ipa-manualdemetodologia.pdf>, descreva sobre
os conceitos de Unidade Demonstrativa e Dia de Campo.
MATERIAL COMPLEMENTAR

Vale a pena conferir alguns tutoriais e treinamentos oferecidos gratuitamente


sobre os recursos básicos e avançados dos editores de texto. Para tal, siga os links
disponibilizados:
Treinamento na suíte de aplicativos Microsoft Office: <http://office.microsoft.com/
pt-br/support/treinamento-FX010056500.aspx>.
Tutoriais na suíte de aplicativos Apache OpenOffice: <https://www.openoffice.org/
support/index.html>.

Veja como o Prezi funciona e aprenda a criar belas apresentações para seu público.
Acesse: <http://www.youtube.com/watch?v=L4ksDdrGyAg>.

Conheça os principais serviços de armazenamento de arquivos em nuvem no


comparativo feito pela equipe do site Tecmundo. Acesse o seguinte link:
<http://www.tecmundo.com.br/computacao-em-nuvem/57904-comparacao-8-
melhores-servicos-voce-guardar-arquivos-nuvem.htm>.
Prof. Me. Tiago Ribeiro da Costa

III
A REVOLUÇÃO VERDE: O
MARCO TECNOLÓGICO MAIS

UNIDADE
IMPORTANTE PARA O
AGRONEGÓCIO

Objetivos de Aprendizagem
■■ Compreender os eventos precedentes à Revolução Verde.
■■ Distinguir os modelos tecnológicos tradicionais dos modelos
preconizados pela Revolução Verde.
■■ Apresentar e discutir sobre as consequências deste novo modelo
tecnológico.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ A Revolução Verde: Precedentes
■■ A Revolução Verde: A radical mudança tecnológica para a produção
de alimentos
75

INTRODUÇÃO

Prezado(a) leitor(a),
Chegamos à metade de nossos estudos. Isso é ótimo, pois estamos avançando
significativamente em nossa compreensão sobre as Novas Tecnologias Aplicadas
ao Agronegócio. Todavia, e infelizmente, vamos nos aproximando do final do
material. Mas não fique triste! Ainda temos muito o que conversar.
Por exemplo, nesta terceira Unidade, vamos discutir a fundo sobre a
Revolução Verde, o principal marco tecnológico que poderia ser vinculado ao
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Agronegócio. Podemos dizer que a Revolução Verde tem o mesmo significado


para o Agronegócio que a Revolução Industrial tem para o mundo. Houve uma
drástica mudança de cenário graças às inovações tecnológicas que, gradativa-
mente, entre as décadas de 1940 e 1990, chegaram às propriedades rurais.
Podemos dizer que a Revolução Verde atingiu seus objetivos em “matar a
fome do mundo”, como dizia um de seus idealizadores, o Engenheiro Agrônomo
Norman Ernest Bourlag, afinal, a produção de alimentos no período supraci-
tado mais que triplicou.
Contudo, existem alguns meandros que precisam ser melhor analisados. Isso
será feito por meio desta Unidade, em especial, nos últimos tópicos, quando dis-
cutiremos a respeito dos pontos de vista que podem ser associados à Revolução
Verde.
Sem mais delongas, avancemos na busca pelo conhecimento.

Introdução
III

A REVOLUÇÃO VERDE: PRECEDENTES

Historicamente, verificou-se que o Brasil apresenta vocação para atividades agro-


pecuárias. Ainda quando colônia portuguesa, o território e os presentes à época
vivenciaram o primeiro ciclo extrativista de madeira, vinculado ao Pau-Brasil.
Em momentos posteriores, outros ciclos econômicos surgiram. De todos os
ciclos econômicos do Brasil Colônia, o único que não tinha fortes vínculos com as
atividades agropecuárias foi o Ciclo da Mineração. Entretanto, é válido salientar
que a mineração foi uma das atividades que propiciou os primeiros movimentos

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
de interiorização do país, em especial, no estado de Minas Gerais, onde séculos
adiante se veria a evolução das cadeias produtivas de leite bovino e café.
Os ciclos do açúcar (entre os séculos XVII e XVIII), do café (entre os séculos
XVIII e XX) e o de hortaliças (século XX) serviram de base para avanços eco-
nômicos e tecnológicos significativos, não somente no meio rural, mas também
no meio urbano, tendo em vista que o capital gerado por essas atividades, em
especial a do café, cultura tipicamente agroexportadora, propiciou a estrutura-
ção das cidades em formação, fortalecendo os setores da indústria e de serviços.
Para se ter uma ideia, as primeiras ferrovias brasileiras foram construídas
ao longo do século XIX, em especial, nos principais eixos de escoamento das
fazendas cafeeiras. É de importante destaque nessa época a atuação de Irineu
Evangelista de Sousa, o Barão e Visconde de Mauá, sobre quem apreenderemos
maiores conhecimentos, por meio da Leitura Complementar disposta ao final
desta Unidade.
O empreendedorismo de Irineu Evangelista de Sousa pode ser considerado
como um marco tecnológico no Brasil, realizado, em parte, com os recursos
oriundos das atividades agropecuárias. Todavia, as inovações tecnológicas vin-
culadas às ações do Barão de Mauá e mesmo aquelas que as sucederam tiveram
como local de desenvolvimento o meio urbano.
Esta situação impôs um tênue limite entre o “rural” e o “urbano”, limite que
adquiriu elevada importância no Brasil em meados da década de 1920. Foi uma
década efervescente no campo tecnológico, considerando a aplicação e o apri-
moramento das tecnologias em vários setores.
Inicialmente, foi a primeira vez no Brasil que as tecnologias de imunização

A REVOLUÇÃO VERDE: O MARCO TECNOLÓGICO MAIS IMPORTANTE PARA O AGRONEGÓCIO


77

e saneamento básico foram consolidadas, graças às ações do Dr. Oswaldo Cruz,


médico e especialista em bacteriologia, formado pelo Instituto Pasteur (Paris,
França). Suas ações de imunização e ações sanitárias foram efetivamente ini-
ciadas duas décadas antes, em 1900, com a fundação do Instituto Soroterápico
Federal (Rio de Janeiro), contudo, suas posteriores campanhas só foram engen-
dradas pela sociedade após duras revoltas e duras epidemias (peste bubônica,
febre amarela e varíola) na década de 1920.
No campo cultural, os autores brasileiros se desvencilhavam definitivamente
da tecnologia literária do Simbolismo, evidenciando uma ausência de formatos
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

e o uso das situações corriqueiras como temáticas de suas obras, sempre pau-
tadas em linguagem coloquial. Euclides da Cunha, em sua obra “Os sertões”, e
Monteiro Lobato, com suas obras “Urupês” e “Cidades Mortas”, ilustravam as difi-
culdades e a melancolia das comunidades nordestina e cabocla, respectivamente,
abandonadas pelo Poder Público o qual pautava sua agenda de desenvolvimento
na evolução urbana.
Aliás, é importante abrir espaço para inserirmos o maior expoente de repre-
sentação do homem do campo da época: o Jeca Tatu (Figura 20):
Este personagem fora bastante injustiçado pela socie-
dade da época. Todas as ilustrações deste personagem,
somadas a uma leitura leviana dos contos, instau-
raram uma dicotomia decisiva: a do progresso
urbano versus o retrocesso rural. Ademais, essa
visão dicotômica fora reforçada pelo fato de que a
industrialização brasileira, embrionária nas déca-
das anteriores, ganhou um salto de qualidade
significativo na década de 1920, em especial,
©MiniWeb

com a instalação das Indústrias Matarazzo, na


cidade de São Paulo, estado homônimo.
Sempre preguiçoso e lento com os trabalhos.
Sempre desanimado. Nunca executou seus trabalhos com
o máximo de dedicação e por isso sua propriedade rural era o
sinal do abandono, com uma casinha pobre, roupas remendadas
Figura 20 – Jeca Tatu
e pouca comida na mesa: estes foram os estereótipos dados a Jeca

A Revolução Verde: Precedentes


III

Tatu e, por consequência, ao homem do campo e ao meio rural. Todavia, volto a


informar que essas alcunhas advinham de visões levianas. Poucos sabem até hoje
que o personagem Jeca Tatu é uma crítica ao poder público sobre o abandono do
meio rural, o qual não recebia as políticas públicas necessárias ao seu desenvol-
vimento, mesmo sendo o centro gerador das riquezas do país naquele momento.
O personagem em questão sofria com verminoses em seu intestino, as quais
lhe tiravam toda a força de trabalho. Por isso “nada lhe pagava a pena” (conser-
tar a casa, fazer uma horta, plantar uns pés de fruta e nem remendar a roupa).
A única coisa que lhe pagava a pena era beber pinga, para esquecer as desgra-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ças da vida.
Essa dicotomização perdurou por décadas adiante, e de fato, pouca tecnolo-
gia fora aplicada no campo. Aliás, é importante informar que a agricultura, no
mundo inteiro, só sofreu uma drástica modificação na tecnologia em meados
do século XVIII, quando Thomas Malthus desenvolveu uma teoria com base na
crise alimentar que se instaurava na Europa.
Com a crescente população, e analisando os modelos produtivos da época
(pouco evoluídos a partir dos modelos anteriores à Idade Média), Maltus veri-
ficou que a ocorrência de pestes, doenças e fome generalizada seria questão de
tempo. Assim, houve uma discreta mecanização, com a inserção das primeiras
máquinas de plantio e colheita, o que aumentou a produtividade. Essa soma de
inserção tecnológica com a ampliação das áreas é que deu a sobrevida neces-
sária à agricultura, nos moldes em que era praticada, entre o século XVIII e a
primeira metade do século XX.
A baixa tecnologia aplicada ao campo se resumia em somente desbravar
novas áreas e se utilizar de rudimentares máquinas e ferramentas manuais (Figura
21). E isto era notório nas cadeias produtivas de maior dinamismo econômico,
a exemplo da cadeia produtiva do café.

A REVOLUÇÃO VERDE: O MARCO TECNOLÓGICO MAIS IMPORTANTE PARA O AGRONEGÓCIO


79
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

©Willenborg
Figura 21 – Uso de máquinas agrícolas no desbravamento de uma propriedade rural no município de Sulina,
estado do Paraná

A Figura 21 ilustra o modelo tecnológico antecessor à Revolução Verde, isso na


segunda metade da década de 1950, onde praticamente 90% da população brasi-
leira vivia no meio rural. Por mais que pudéssemos rotular essa imagem com os
títulos de “tecnologia atrasada”, “tecnologia arcaica”, “retrocesso” e outros, deve-
-se reconhecer que esse modelo foi suficiente para “matar a fome do mundo”
entre os séculos XVIII e XX. Ademais, nenhum de nossos pais, avós ou bisavós
morreu de fome no campo (se você tiver oportunidade de questioná-los a res-
peito disso, faça o mais rápido possível e você verá a riqueza das histórias que
serão contadas).
Por mais difíceis que fossem as condições de produção no meio rural e por
menos alcance que tivessem as políticas públicas voltadas às atividades agrope-
cuárias familiares, nunca faltou “lá no ranchinho, pra mulher e pros filhinhos,
um franguinho na panela”. E também não faltou este “franguinho” nas panelas
das pessoas que viviam nos grandes centros.
O que quero lhe ilustrar, caro(a) leitor(a), é que no Brasil, antes da Revolução
Verde, havia uma situação de conforto quando se fala na produção de alimentos.
Não se observava a situação de crise alimentar tal como se via na Europa, onde
o modelo tecnológico, associado à falta de terras, não dava conta de produzir os
alimentos necessários para a sobrevivência de seus povos.

A Revolução Verde: Precedentes


III

Além disso, havia outra questão: o pós-guerra. A indústria bélica dos países
participantes da Segunda Guerra Mundial sofreu uma redução significativa em
seus lucros, afinal, somente dois países permaneceram em uma guerra velada
(Estados Unidos da América e União das Repúblicas Socialistas Soviéticas),
pouco, se considerarmos que no ápice da Segunda Guerra Mundial a indústria
bélica dos países participantes tinha um conjunto ávido de países consumidores.
Outrossim, o residual de estoques dessa guerra, considerando armas químicas,
armas convencionais e maquinários era considerável. Tornara-se necessário, por-
tanto, destinar estes produtos para um novo objetivo, o que Saes (2012) definiu

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
como “inovação de posição”, tendo em vista a mudança no contexto com que
essas máquinas e equipamentos seriam ofertados. Veja alguns exemplos dessas
mudanças:
■■ Os princípios construtivos dos tanques de guerra foram repassados à base
tecnológica dos tratores agrícolas, retornando à sua origem, uma vez que
os próprios tanques de guerra foram construídos a partir das bases tecno-
lógicas aplicadas à construção dos rudimentares tratores do século XIX.
■■ O uso da amônia, insumo para a fabricação de armas químicas, retornou
para as plantas de fabricação de fertilizantes nitrogenados, uma vez que
delas saiu, no início do século XX, pelas mãos de Fritz Haber, químico
responsável pela patente do processo industrial de síntese de amônia e
ganhador do prêmio Nobel da paz de 1920.
■■ Inseticidas como o cianeto de amônia e o 1,1,1 – tricloro – 2,2 – di (p-clo-
rofenil) etano, mais conhecido como DDT, os quais foram utilizados em
guerra, nas tropas para controle de piolhos e insetos transmissores de
doenças como a malária e a tifo exantemática foram direcionados para
o controle de pragas na produção de cereais. Com a mesma base tecno-
lógica, criou-se os primeiros inseticidas organoclorados, a exemplo do
aldrin, dieldrin, heptacloro e toxafeno.
■■ Princípios químicos herbicidas, os quais foram utilizados na Segunda
Guerra Mundial e na Guerra do Vietnã, no sudeste asiático, foram redire-
cionados como controladores de plantas invasoras, sendo exemplos o 2,4
– D (organofosforado mimetizador de auxinas, um fitormônio que age na
regulação do crescimento das plantas) e o próprio glifosato (inibidor da
síntese da enzina Enol Piruvato Shiquimato Fosfato Sintase nas plantas).

A REVOLUÇÃO VERDE: O MARCO TECNOLÓGICO MAIS IMPORTANTE PARA O AGRONEGÓCIO


81

Dessa forma, adaptações nesses insumos de guerra aos poucos começaram a ser
realizadas pelas indústrias e, também aos poucos, houve a inserção destes insu-
mos nos ambientes produtivos, o que gerou, pela escala aplicada, o nascimento
da Revolução Verde.

A REVOLUÇÃO VERDE: A RADICAL MUDANÇA


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

TECNOLÓGICA PARA A PRODUÇÃO DE ALIMENTOS

Caro(a) leitor(a), na medida em que rotulamos um determinado período na


história, criamos a tendência de achar que ele possui uma data definida, após
a qual o fenômeno acontece. Da mesma forma, somos levados a acreditar que
todas as mudanças nos paradigmas ocorrem de maneira imediata. Conforme
havíamos discutido na seção anterior, a Revolução Verde e seus acontecimen-
tos já estavam sendo aplicados ao meio rural desde meados da década de 1940 e
seus princípios tecnológicos foram mais intensamente inseridos na década pos-
terior, ou seja, 1950.
Outra questão importante é que convencionalmente as pessoas possuem
uma ideia incompleta do que seja tal revolução. O imaginário das pessoas cen-
tra-se somente nas máquinas, equipamentos e implementos que foram adotados,
entretanto, somente esse aspecto tecnológico não conferiria o caráter revolucio-
nário de tal período.
Houve mudanças drásticas em muitos paradigmas, as quais afetaram a eco-
nomia, a cultura, o modelo agrário, e mesmo as políticas públicas, as quais eram
condições necessárias para que o modelo de revolução tecnológica proposto
desse os seus devidos lucros.
Para compreendermos o que foi a Revolução Verde, procederemos a análise
sucinta de cada ponto de destaque. Contudo, antes de continuarmos, sugiro que
você faça a análise de algumas mídias a respeito do tema:

A Revolução Verde: A Radical Mudança Tecnológica Para a Produção de Alimentos


III

Como todo modelo tecnológico, a Revolução Verde até hoje é foco de dis-
cussões polêmicas, em especial, considerando suas consequências negati-
vas e positivas. Tais discussões centram-se no fato do Brasil ser líder tecno-
lógico e produtivo de uma série de produtos agroalimentares sobre a égide
da insustentabilidade. Assim, peço a você que leia com cuidado os materiais
disponíveis nos links a seguir para que você, criar uma opinião a respeito:
RevoluçãoVerde.org – <www.revolucaoverde.org>.
A segunda revolução verde e o combate à fome - <http://www.carta-
capital.com.br/economia/a-segunda-revolucao-verde-e-o-combate-a-fo-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
me-9205.html>.
O Veneno Está na Mesa II - <http://youtu.be/fyvoKljtvG4>.
O Mundo Segundo a Monsanto - <http://youtu.be/y6leaqoN6Ys>.

A REVOLUÇÃO VERDE DO PONTO DE VISTA ECONÔMICO

Você está percebendo que em nossa discussão sobre a Revolução Verde não esta-
mos realizando uma análise separada Brasil – Restante do Mundo. Utilizei-me
desta dinâmica para que você perceba o dinamismo do processo, retratando
como os fatos ocorreram e inter-relacionando os fatos nacionais e internacionais.
Todavia, penso ser mais importante retratar os fatos nacionais, tendo em vista
que esses fatos explicam com maior clareza o que é o Brasil Rural da atualidade.
Como destacado anteriormente, a Revolução Verde não possuiria o alcance
desejado considerando somente uma mudança de tecnologias produtivas. Era
necessária uma mudança estrutural no próprio Estado, no sentido de estabele-
cer o fomento financeiro para sua implantação.
Antes de 1950, no Brasil, não se falava em uma política agrícola consolidada,
a não ser quando o assunto era o café. Nessa década em especial, a cadeia produ-
tiva do cafeeiro já passava por problemas produtivos, dadas as doenças e as pragas
que assolavam os plantios. Da mesma forma, havia excesso de oferta do produto
e os preços internacionais já não eram tão atraentes como nas últimas décadas.

A REVOLUÇÃO VERDE: O MARCO TECNOLÓGICO MAIS IMPORTANTE PARA O AGRONEGÓCIO


83

©Kaiser
Figura 22 – Retratos da cadeia produtiva do café nas décadas de 1960 à 1980. À direita, um trabalhador
dormindo sobre as sacarias de café em um dos armazéns do IBC na cidade de Ibiporã, Paraná. À esquerda,
troncos de pés de café erradicados em uma propriedade rural na cidade de Londrina, Paraná
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Assim, em 1952, o recém-criado Instituto Brasileiro do Café – IBC, autarquia


vinculada ao Ministério da Fazenda e vinculada, após 1961, ao Ministério da
Indústria e Comércio, teve por tarefa regular o mercado, construindo armazéns
e armazenando os excedentes produtivos da cultura. Não obstante, a regulação
do mercado em muitas vezes era feita pela regulação da oferta, seja por meio da
erradicação de pés de café ou pelo controle dos próprios estoques (Figura 22).
Com a derrocada do café, muitos produtores rurais começaram a apostar
em outras cadeias produtivas, tanto as de pequeno porte (olericultura) como as
de inserção mercadológica internacionalizada (trigo e milho). Mediante essa
expansão da pauta produtiva e, ainda, considerando que o Brasil, cada vez mais,
acompanhava as necessidades do mercado internacional, tornava-se necessário
estabelecer políticas que permitissem a expansão das áreas de produção (com o
desbravamento de áreas no centro sul do país) e ainda, a mecanização e políti-
cas de crédito de custeio.
Dessa forma, em 1965, entrava em vigor a Lei 4.829/65, que tornava como
pública a política de Crédito Rural, tida como instrumento de incentivo à pro-
dução, investimento e comercialização agropecuária e, consequentemente, à
economia nacional.
Segundo Martins (2010, online):
Para a Lei nº 4.829, de 5 de novembro de 1965, considera-se crédito
rural o suprimento de recursos financeiros por entidades públicas e
estabelecimentos de crédito particulares a produtores rurais ou a suas
associações, para aplicação exclusiva em atividades que se enquadrem
nos objetivos indicados na legislação em vigor, tendo como objetivos:

A Revolução Verde: A Radical Mudança Tecnológica Para a Produção de Alimentos


III

estimular os investimentos rurais, inclusive para armazenamento, be-


neficiamento e industrialização de produtos rurais, feitos pelos produ-
tores ou por suas associações; favorecer o custeio oportuno e adequado
da produção e comercialização de produtos agropecuários; fortalecer
economicamente o setor rural, em especial pequenos e médios pro-
dutores; e incentivas a introdução de métodos racionais de produção,
visando ao aumento da produtividade, à melhoria do padrão de vida
das populações rurais e a adequada utilização dos recursos naturais
(artigos 2º e 3º da Lei nº 4.829, de 5 de novembro de 1965).

O artigo 7º da Lei nº 4.829, de 5 de novembro de 1965, cria o Sistema


Nacional de Crédito Rural (SNCR), constituído pelo Banco Central do
Brasil, Banco do Brasil S/A, Banco da Amazônia S/A e Banco do Nor-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
deste S/A; tendo ainda como órgãos vinculados o Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), banco privados e esta-
duais, caixas econômicas, cooperativas de crédito rural e sociedades de
crédito, financiamento e investimentos; e como instituições articuladas
os órgãos oficiais de valorização regional e de prestação de assistência
técnica.

Nesse sistema, há uma interação entre a esfera pública, que direciona,


determina, institui fontes de recursos e fiscaliza, e a privada, que é a
esfera de contratação do empréstimo pelo produtor rural junto à ins-
tituição financeira, ou seja, é no âmbito desse sistema que os recursos
para o crédito rural são obtidos e aplicados, as normas sobre o assunto
editadas e o seu funcionamento fiscalizado.

A institucionalização do crédito rural, segundo Martins (2010), foi somente o


segundo passo para a promoção do Crédito Rural no Brasil. Em resumo, este autor
aponta a cronologia das ações de crédito rural no período da Revolução Verde:
■■ 1964: criação do Sistema Nacional de Crédito Rural, por meio da Lei nº
4.595, de 31 de dezembro de 1964.
■■ 1965: institucionalização do Crédito Rural, através da Lei nº 4.829, de 5
de novembro de 1965.
■■ 1966: edição do Decreto nº 58.380, que aprovou o Regulamento do Crédito
Rural.
■■ 1967: resolução do Conselho Monetário Nacional tornou obrigatório o
direcionamento de 10% dos depósitos à vista no sistema bancário para a
concessão de crédito ao setor agrícola.
■■ 1967: o Decreto-Lei nº 167, de 14 de fevereiro de 1967, dispõe sobre os

A REVOLUÇÃO VERDE: O MARCO TECNOLÓGICO MAIS IMPORTANTE PARA O AGRONEGÓCIO


85

títulos de crédito rural.


■■ 1973: institucionalização do Programa de Garantia da Atividade
Agropecuária (Proagro), por meio da Lei nº 5.969, de 11 de maio de 1973.
■■ 1986: extinção da conta-movimento, o que limitou os recursos para o cré-
dito rural à disponibilidade da União.
■■ 1986: criação da poupança rural.
■■ 1991: aumento da participação do BNDES no crédito rural através do
Finame Rural e do Programa de Operações Conjuntas e do Programa de
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Operações Diretas.

Tais ações impactaram de maneira relevante as atividades agropecuárias no país,


modificando drástica e rapidamente a pauta produtiva e o pacote tecnológico
vinculado, o que possibilitou a inserção dos produtores rurais em cadeias produ-
tivas de elevada rentabilidade, inserindo o Brasil como um país agroexportador
de cereais (milho, trigo e a recém-inserida soja, que avançou nas regiões Sul,
Sudeste e Centro-Oeste de maneira rápida ao longo das décadas de 1970 e 1980).
Além de financiar a produção, neste período, o Estado foi o principal finan-
ciador e articulador dos agentes responsáveis pela modernização do campo e
pela formação dos complexos agroindustriais, através (FREDERICO, 2013):
■■ Da internalização da indústria a montante, produtora de bens de capital.
■■ Das articulações entre as empresas públicas de pesquisa – responsáveis
pelo desenvolvimento de novas cultivares – e as multinacionais produ-
toras de insumos químicos e mecânicos.
■■ Do incentivo fiscal e creditício às agroindústrias.
■■ Da extensão rural, difundindo as novas técnicas de manejo.
■■ Da criação de uma rede de armazéns públicos e dos investimentos em
transporte e energia.

Os resultados dessa modernização no meio rural foram melhor observados ao


longo da década de 1990, com a expansão das áreas agrícolas ao Centro-Oeste,
em especial considerando as commodities soja e milho. Com essa expansão, o
termo “Novas Fronteiras Agrícolas” foi bastante difundido para caracterizar as

A Revolução Verde: A Radical Mudança Tecnológica Para a Produção de Alimentos


III

novas áreas de exploração administradas por produtores com características


empresariais e que detêm capital e técnicas avançadas de cultivo.
Ainda, o país possui sérios problemas de infraestrutura, o que mina sua
competitividade no mercado internacional, estando esta altamente dependente
da eficiência no campo, mas é notório observar que o papel estruturante que o
poder público teve nas décadas de 1960 a 1990, em especial na questão do crédito
agrícola, teve relevante importância no que tange ao desenvolvimento humano
nacional e local. A Figura 23 ilustra esse detalhe:

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IDHCP MUNICÍPIOS AGRÍCOLAS NÃO AGRÍCOLAS (POR CULTURA)
Não agrícola Produtor Soja Produtor Cana Produtor Algodão Produtor Milho
0,80

0,70

0,60

0,50

0,40

0,30

0,20
1970 1980 1991 2000 2010
Produtor Soja 0,446 0,658 0,500 0,638 0,729 64%
Produtor Cana 0,443 0,653 0,497 0,628 0,729 65%
Produtor Algodão 0,306 0,482 0,400 0,563 0,727 131%
Produtor Milho 0,410 0,603 0,468 0,606 0,710 73%
Não agrícola 0,458 0,607 0,483 0,604 0,717 57%

Figura 23 – Comparativo do Índice de Desenvolvimento Humano Pleno – IDHP entre municípios agrícolas
e não agrícolas
Fonte: SNA (2014)

Por meio da Figura 23, pode-se notar que em todos os períodos avaliados, o
dinamismo econômico dado pelas fomentadas atividades agropecuárias possi-
bilitou uma maior variação do IDHP dos municípios, chegando-se ao extremo
de variação de 131% médios para a cultura do algodão.
Por fim, outro dado que corrobora com a evolução do agronegócio brasileiro,
considerando o fomento dado pelo crédito rural, é com relação às exportações

A REVOLUÇÃO VERDE: O MARCO TECNOLÓGICO MAIS IMPORTANTE PARA O AGRONEGÓCIO


87

e seu saldo na balança comercial. A Figura 24 ilustra o salto no quantitativo do


saldo das exportações do agronegócio brasileiro em comparação ao saldo da
balança comercial dos demais setores. Em grande parte, tais exportações são cons-
tituídas por empresários rurais moldados ao modelo tecnológico da Revolução
Verde e se verifica que nos 16 anos da série avaliada, o superávit foi de US$ 550
bilhões de dólares, enquanto que o déficit da balança aos demais setores foi de
aproximadamente US$ 320 bilhões.
Somando-se a esta discussão, CNA (2014, online) aponta que:
O agronegócio é responsável por 22,8% do PIB brasileiro e gera cerca
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

de 30% de todos os empregos do país. Toda essa grandeza significa um


montante de 1,02 trilhão de reais, valor superior ao PIB de países como
Holanda, Arábia Saudita e Suécia.

Em 2013, o agronegócio continuou a crescer em importância dentro da


economia brasileira. As safras recordes de cereais, fibras e oleaginosas
atingiram a incrível produção de 186 milhões de toneladas. Vale ainda
destacar as safras de soja (81,3 milhões de toneladas) e de cana-de-açú-
car (712,3 milhões de toneladas).

O país também vem se destacando na avicultura, com um crescimento


de 30% na exportação de carne de aves em 2013. Não é à toa que o
Brasil é principal exportador mundial de carne de frango (e terceiro
maior produtor mundial). Vale também citar o valor bruto da produ-
ção pecuária nacional, que atingiu R$ 179,4 bi (crescimento de 4,2%
em relação a 2013).

Por falar em valor bruto, o VPB 2013 foi de R$ 424,5 bi (aumento de


8% em relação a 2012). Já o faturamento dos produtos agrícolas foi da
ordem de R$ 252,4 bi (um aumento de 6,9% em relação a 2012).

Para 2014, as estimativas são as melhores possíveis. Espera-se um au-


mento de 9,9% na receita da soja (de R$ 80 bilhões para R$ 88,1 bi-
lhões). E um crescimento de 3,2% no VPB, que deve chegar a R$ 438
bilhões, um crescimento de 3,2%. A projeção de aumento no fatura-
mento bruto dos produtos agrícolas deve ser de 2,5%, um total de R$
258 bilhões (CNA, 2014).

A Revolução Verde: A Radical Mudança Tecnológica Para a Produção de Alimentos


III

O AGRONEGÓCIO 79,4
é uma das bases da
economia brasileira.
50 Em 16 anos, gerou um
superávit na balança
35 comercial de quase
US$
US$550
550 bilhões
bilhões
20 19,4

-10

-25

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
-60
-40
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
Agronegócio Outros setores Total

Figura 24 – Evolução das exportações brasileiras, com ênfase no Agronegócio (em termos de saldo na
balança comercial)
Fonte: CNA (2014)

Com a apresentação destes dados, verifica-se que a Revolução Verde fora fun-
damental, em sua vertente de estimulação econômica, para que o Brasil pudesse
atingir essa configuração tão relevante dos dias atuais, em termos de eficiência
econômica.

A REVOLUÇÃO VERDE DO PONTO DE VISTA TÉCNICO-CIENTÍFICO

A análise da seção anterior já nos trouxe alguns subsídios para discutirmos este
novo tema. Não foi somente a disponibilização do crédito que propiciou essa
evolução na Agricultura Brasileira e também mundial. O modelo da Revolução
Verde, com seu alto dinamismo econômico, exigia uma ação de mesmo porte
ao desenvolvimento científico e tecnológico, não somente pautado na mecaniza-
ção agrícola, mas no desenvolvimento da tríade indissociável: ensino, pesquisa
e extensão.
Com relação à assistência técnica, vimos que a política de Crédito Rural
também incentivava as ações de ATER (Assistência Técnica e Extensão Rural).

A REVOLUÇÃO VERDE: O MARCO TECNOLÓGICO MAIS IMPORTANTE PARA O AGRONEGÓCIO


89

Todavia, essas ações ainda eram bastante tímidas no período de 1940 a 1970,
tendo em vista a não existência de um serviço oficial de ATER. O que havia era
um serviço considerado “paraestatal” ou mesmo “privado” instituído em 1946
por meio do Presidente Eurico Gaspar Dutra.
Em 1970, dentro das ações estruturantes do poder público, fora institu-
ído o Sistema Brasileiro de Assistência Técnica e Extensão Rural – SIBRATER.
Segundo Santos (2009), o SIBRATER era coordenado pela EMBRATER (Empresa
Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural) e executado pelas empresas
estaduais de ATER nos estados.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Como parte dos programas de ATER daquela época, durante mais de uma
década, a participação do Governo Federal chegou a representar, em média,
40% do total dos recursos orçamentários das empresas ou institutos estaduais
de ATER, alcançando até 80% em alguns estados (SANTOS, 2009).

Você conhece algum serviço de Assistência Técnica e Extensão Rural? Qual


seria sua importância?

De certa forma, os serviços de ATER, públi-


cos ou privados (afinal, também existiam os
serviços particulares das empresas fornece-
doras de tecnologias produtivas), cobriam
relativamente bem os produtores capitaliza-
dos, todavia, sempre no modelo pesquisado
pelos serviços especializados no país e, em
muito, pautados em tecnologias trazidas
dos países europeus ou norte-americanos.
Observe a Figura 25:
Figura 25 – Grade aradora
A Figura 25 ilustra uma grade aradora

A Revolução Verde: A Radical Mudança Tecnológica Para a Produção de Alimentos


III

acoplada a um trator. Em tese, esta grade aradora serve para revolver o solo, pro-
movendo a incorporação de restos vegetais ao mesmo tempo em que promove
uma aeração de sua camada superficial. Caso este implemento fosse utilizado
em seus países nativos, de clima temperado, haveria uma lógica em se expor o
solo, considerando a fisiologia das culturas.
As sementes de soja, milho, trigo, cevada, centeio, triticale e outras cultu-
ras exigem uma temperatura mais elevada para sua germinação e para a rápida
evolução das plantas em seus estádios juvenis. Assim, para um solo que estava
recém-coberto pela neve, em baixas temperaturas, faz sentido o processo de

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
revolvimento e exposição deste solo ao sol. Mas e para as áreas produtivas bra-
sileiras, em clima tropical? Isso é lógico?
Atualmente, a única lógica ligada a este processo é relacionada ao controle
de plantas invasoras e ao preparo de solos para culturas que exigem esse tipo de
revolvimento (a exemplo da bataticultura e da mandiocultura).
Poxa professor, então você quer dizer que os modelos produtivos da Revolução
Verde foram somente importados? Nós não criamos nada?
Em princípio sim, caro(a)
leitor(a). Até meados da
década de 1970, não tínhamos
um parque tecnológico ou
mesmo institutos de pesquisa
de renome. O que se fazia
eram poucas experimentações
em poucas universidades, as
quais tinham cursos nas áreas
de ciências agrárias.
Por muito tempo estu-
damos os resultados obtidos
pela pesquisa externa e inicia-
mos, na década de 1970, por
meio do fomento e estrutura-
ção dados pelo poder público Poxa professor, então você quer dizer que os modelos produtivos da
Revolução Verde foram somente importados? Nós não criamos nada?
em parceria com empresas

A REVOLUÇÃO VERDE: O MARCO TECNOLÓGICO MAIS IMPORTANTE PARA O AGRONEGÓCIO


91

hoje conhecidas como multinacionais, a estruturação de nosso sistema de pes-


quisa agropecuária, atualmente muito bem representado pela Empresa Brasileira
de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA (fundada em 1973), pelas instituições de
ensino superior públicas e privadas, e pelas próprias empresas privadas (Bayer,
Basf, Syngenta, dentre outras).
Um dos maiores expoentes da pesquisa da Revolução Verde chama-se
“Melhoramento Genético”. Trata-se de uma área das Ciências Biológicas e Agrárias
que visa investigar a constituição genética das espécies e, por meio de técni-
cas específicas, mesclá-la em busca de um ideótipo, ou seja, um indivíduo que
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

expresse suas melhores características produtivas, associado a uma rusticidade


que lhe permita a sobrevivência com reduzida dependência de insumos externos.
As culturas de maior expressão econômica foram densamente estudadas
no país e, dos materiais disponíveis (muitas vezes importados dos Bancos de
Germoplasma dos países produtores e centros de origem e domesticação), os
melhores foram selecionados e cruzados entre si, para gerar indivíduos próxi-
mos ao ideótipo de cultivo no Brasil.
Assim, já na década de 1980, já se era possível falar em cultivares desenvol-
vidas plenamente no Brasil, atendendo às diferentes condições de climas e solos.
Ademais, um exemplo de destaque nesse processo está relacionado à cultura da
soja, a qual passou de uma opção para a rotação de culturas como milho e trigo
para a principal oleaginosa produzida em nossos campos.
Seu processo de melhoramento envol-
veu cruzamentos entre cultivares com maior
tolerância às temperaturas mais elevadas e
aos estresses hídricos, intempéries carac-
terísticas das zonas de produção de clima
tropical. Somente a EMBRAPA fez testes em
105 locais diferentes, em 33.950 linhagens,
gerando como resposta 226.000 progênies,
sendo que poucas destas progênies possuíam
as características desejadas para o cultivo na
região tropical.

A Revolução Verde: A Radical Mudança Tecnológica Para a Produção de Alimentos


III

Segundo EMBRAPA (2004, online):


É conquista da pesquisa brasileira o desenvolvimento de cultivares
adaptadas às baixas latitudes dos climas tropicais. Até 1970, os
cultivos comerciais de soja no mundo restringiam-se a regiões de
climas temperados e subtropicais, cujas latitudes estavam próximas ou
superiores aos 30º. Os pesquisadores brasileiros conseguiram romper
essa barreira, desenvolvendo germoplasma adaptado às condições tro-
picais e viabilizando o seu cultivo em qualquer ponto do território na-
cional e transformando, somente no Ecossistema do Cerrado, mais de
200 milhões de hectares improdutivos em área potencial para o cultivo
da soja e de outros grãos.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
É importante salientar que o desenvolvimento das novas tecnologias vinculadas à
soja, tropicalizando-a, somado aos esforços de melhoramento genético de outras
culturas de interesse (milho, cana-de-açúcar, algodão, trigo, arroz, feijão e frutas),
fez com que tais culturas pudessem ser conduzidas em condições diferencia-
das, muitas vezes, com menor impacto na relação das culturas com o ambiente.
Por exemplo, no caso das frutas, foi notável o melhoramento de algumas
culturas às condições de produção no Nordeste, local não endêmico na ocor-
rência de doenças e pragas importantes, o que favoreceu a produtividade destas
culturas associada à elevação da qualidade de vida e da economia dos peque-
nos municípios.
Ademais, as outras variáveis envolvidas para uma produção agropecuária
de qualidade também foram densamente pesquisadas, a saber:
a) Solos: A ciência dos solos no Brasil teve uma evolução constante ao longo
da Revolução Verde. De mero meio de suporte, o solo passou a ser compre-
endido como o principal veículo de fornecimento de nutrientes às plantas.
Além disso, a composição química, estrutura, dinâmica, profundidade e
interações deste com os microrganismos foram também avaliados por
meio da pesquisa científica, a qual evidenciou uma série de soluções téc-
nicas que permitiram o aumento da produtividade das culturas, dentre
elas, o plantio convencional, a ciência da fertilidade do solo (fertilizantes
químicos) e o dimensionamento dos maquinários e implementos para
situações específicas (dependentes da estrutura e textura do solo).
b) Relevo: A conformação dos terrenos para a atividade agropecuária também
foi massivamente estudada para melhor compreensão do comportamento

A REVOLUÇÃO VERDE: O MARCO TECNOLÓGICO MAIS IMPORTANTE PARA O AGRONEGÓCIO


93

das culturas em situações de declividade diferenciadas. Estes estudos cria-


ram metodologias que até hoje são utilizadas para classificar tecnicamente
as áreas de produção, por meio de sua Aptidão Agrícola e Capacidade de
Uso da Terra (LEPSCH, 1983). Ademais, é desta área a criação de técni-
cas de contenção dos processos erosivos e processos conservacionistas,
desenvolvidos na segunda metade da década de 1980, a exemplo do sis-
tema de terraços e caixas de contenção, plantio em nível, adubação verde
e outras que possuem relevante importância até os dias atuais.
c) Clima: A partir dos estudos de adaptabilidade das culturas aos diferentes
tipos climáticos, convencionou-se também avaliar o clima e o tempo por
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

meio de estudos de climatologia agrícola. As cartas climáticas ganharam


melhor interpretação e houve investimentos no sistema de previsão do
tempo, o que serviu de subsídio para que, na década de 1990, fosse implan-
tada a técnica de zoneamento agroclimático ou Zoneamento Agrícola de
Risco Climático que, segundo MAPA (2014), é um instrumento de política
agrícola e gestão de riscos na agricultura formado por estudos elabora-
dos com o objetivo de minimizar os riscos relacionados aos fenômenos
climáticos, o que permite a cada município identificar a melhor época
de plantio das culturas, nos diferentes tipos de solo e ciclos de cultivares.
d) Água: Em parte, a gestão de recursos hídricos em um sistema produtivo
iniciou-se a partir do momento em que houve a possibilidade de se
estabelecer uma cultura em uma região onde apenas a água é o fator
limitante. Por exemplo, sistemas de produção animal no Cerrado ou mesmo
de frutas no Nordeste exigiram a criação de tecnologias de fornecimento
contínuo ou intermitente de água. A partir disso, os sistemas de irriga-
ção por aspersão, gotejo ou gravidade, abastecidos por meio de cisternas,
poços profundos ou mesmo motobombas de recalque em córregos e rios,
foram elaborados e fomentados. A resultante disso é que podemos plantar
soja no Cerrado mesmo com o risco de falta de chuvas nas épocas cru-
ciais da cultura (no florescimento e no enchimento de grãos).
e) Doenças, pragas e plantas invasoras: O desenvolvimento da Fitopatologia
(ciência das doenças das plantas), da Entomologia (ciência dos inse-
tos) e dos conhecimentos sobre botânica, fisiologia e bioquímica vegetal
permitiram a evolução no desenvolvimento dos agrotóxicos sobre o prin-
cípio de eliminação do fator limitante, por algum mecanismo químico.
Por exemplo, no caso das plantas invasoras, a maioria dos mecanismos

A Revolução Verde: A Radical Mudança Tecnológica Para a Produção de Alimentos


III

de ação foram desenvolvidos no período de 1940 a 1990. Quando fala-


mos a respeito de um “mecanismo de ação”, estamos nos reportando a
um ponto metabólico vital para a planta, bastante caracterizado e sobre
o qual podemos interferir para barrá-lo. O glifosato, por exemplo, barra
a síntese da enzima Enol Piruvato Shiquimato Fosfato Sintase – EPSPS.
Normalmente, essa enzima permite que a rota metabólica da síntese de
aminoácidos aromáticos derivados do corismato prossiga normalmente.
Sem essa enzima, a planta não é capaz de sintetizar esses aminoácidos e,
por consequência, perece.
f) Mecanização: A evolução das máquinas agrícolas foi um dos primeiros

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
fatores pesquisados durante a Revolução Verde, isso em conjunto com as
culturas. Pesquisou-se, por exemplo, as adaptações de maquinários que
poderiam ser realizadas às nossas condições, em especial, dimensões de
rodados, massa dos lastros, relação de potência, dimensionamento de
motores e demais partes componentes, adaptação de colhedoras aos novos
espaçamentos e densidades de plantio, adaptação de pulverizadores, seme-
adoras, adubadoras, calcareadores, roçadeiras e outros implementos de
destaque. Ademais, o processo de gestão da mecanização agrícola foi des-
taque nesta área, por meio dos cálculos de Capacidade Total e Efetiva de
Trabalho e criação de protocolos de testes de eficiência com as máquinas,
o que permitiu com que os gestores nas propriedades rurais pudessem
programar suas atividades e elencar as máquinas mais adaptadas às exi-
gências solicitadas.

Mediante essas explanações, podemos concluir que houve uma densa mudança
de paradigmas produtivos e de maneira muito rápida, o que contribuiu defini-
tivamente para a evolução produtiva e econômica das atividades agropecuárias
no país. Os resultados produtivos atuais ainda são resultantes das práticas rela-
cionadas à Revolução Verde. Aliás, muitos autores já convencionam chamar o
atual período como a “Nova Revolução Verde”, dada a velocidade com que as tec-
nologias são desenvolvidas e inseridas no cotidiano da produção de alimentos.
Todavia, nem todos os pontos relacionados à Revolução Verde foram tão
promissores. A grande verdade é que essa revolução adotou um caráter bastante
tecnicista. Aliás, lendo o texto desta Unidade, você percebeu que em nenhum
momento mencionamos que as tecnologias desenvolvidas consideravam os pila-
res da sustentabilidade.

A REVOLUÇÃO VERDE: O MARCO TECNOLÓGICO MAIS IMPORTANTE PARA O AGRONEGÓCIO


95

Essa é uma discussão que vamos deixar para nossa última Unidade, quando
colocaremos em nossa roda de discussão os conceitos ligados à sustentabilidade,
bem como as explanações sobre “Tecnologias Limpas”. Mas já considere que essas
tecnologias empregadas na Revolução Verde foram raciocinadas com amplo foco
no aumento de produção e produtividade, pouco considerando o ambiente e a
integração destes sistemas produtivos com o ser humano. Aliás, este é o último
ponto que iremos analisar sobre a Revolução Verde. Vamos continuar?
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A REVOLUÇÃO VERDE DO PONTO DE VISTA SOCIAL

Quando consideramos “a técnica pela técnica”, característica inerente à visão tec-


nicista, não há o cuidado em se escolher a metodologia para se atingir um bom
resultado, de maneira que os caminhos mais curtos são os preferidos. Aliás, a
própria motivação da Revolução Verde era muito clara: a frase “Reduzir a Fome
no Mundo”, slogan amplamente utilizado no período, não traz implícita a forma,
mas sim o resultado.
O acesso às novas tecnologias, em especial nas décadas de 1960 e 1970, era
privilégio apenas dos produtores capitalizados e abarcados na política de Crédito
Rural. Não existia uma política semelhante para a Agricultura Familiar, tendo
em vista que esta não possuía garantias para pagamento das dívidas.
Ademais, também é de se destacar que não houve dialogicidade na implan-
tação das novas tecnologias e a maioria dos produtores, já descapitalizados pela
derrocada do café, se viram excluídos do processo de desenvolvimento por não
terem acesso e não conhecerem as tecnologias.
Podemos inferir que a Revolução Verde atingiu seus objetivos, afinal, em um
curto período, a produção de alimentos triplicou, contudo, acentuou as desigual-
dades sociais. A única solução para os agricultores que não puderam embarcar
neste movimento foi vender as terras para agricultores mais capitalizados e ávidos
em produzir mais para aumentar a sua rentabilidade e se direcionar aos grandes
centros, em busca de subempregos nas indústrias e no crescente setor de serviços.
A Figura 26 ilustra o processo de inflexão da população brasileira:

A Revolução Verde: A Radical Mudança Tecnológica Para a Produção de Alimentos


III

Em % do Total Milhões de pessoas


100% 200
190,8
Urbana
75% 169,8 150
Rural 146,8
119,0 Total
50% 100
93,1
70,1 50

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
25%
51,9

0% _
1950 1960 1970 1980 1991 2000 2010

Figura 26 – Distribuição da população brasileira


Fonte: IBGE (2010)

No início da década de 1970, o campo já vinha sofrendo com esse processo de


migração das famílias que não se encaixavam no modelo revolucionário, sendo
que nessa década, pela primeira vez, segundo os dados do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE, 2010), a população urbana superava a popu-
lação rural.
A problemática não se encontrava na simples migração. Se encontrava na
crescente alteração da estrutura fundiária do país (de pequenos núcleos fami-
liares de produção de alimentos para os grandes latifúndios monocultores), na
necessária concentração de terras para que isso ocorresse e na falta de estrutura
e de empregabilidade dos grandes centros da época, os quais não conseguiam
absorver todo esse excedente populacional.
Ademais, esse excedente populacional não se encontrava minimamente
capacitado para enfrentar as tecnologias produtivas das indústrias. Muitas des-
sas pessoas eram consideradas como analfabetas funcionais e poucas foram as
pessoas e famílias que conseguiram protagonizar histórias de sucesso nas gran-
des cidades.

A REVOLUÇÃO VERDE: O MARCO TECNOLÓGICO MAIS IMPORTANTE PARA O AGRONEGÓCIO


97

Outra questão é que as atividades industriais e de serviços possuem empre-


gabilidade mais volátil que as atividades agropecuárias, que historicamente são
menos afetadas pelas oscilações econômicas. Já dizia um grande mestre que tive:
“Ninguém para de comer, mesmo com pouco dinheiro!”. Durante a década de
1970, em especial, entre os anos de 1970 e 1973, o Brasil vivia um curto período
de prosperidade econômica, o que gerou a alcunha de “Milagre Econômico”. As
indústrias e o comércio contratavam quem estivesse disponível, um dos poucos
momentos históricos do Brasil onde se pôde falar em “pleno emprego”.
Ocorre que esse “milagre” teve sua morte decretada em 1973, quando da
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primeira crise mundial de petróleo. Nos anos seguintes, dadas as sequências de


geadas no centro-sul do país, que dizimaram os cafezais que ainda resistiam ao
tempo, houve mais um fluxo massivo de famílias do campo para as cidades que
já não tinham tantos empregos. Resultado: marginalização nos grandes centros.
Essas famílias não possuíam dinheiro, estudos, e com o pouco dinheiro
que ganhavam, se alimentavam e poupavam para construir uma pequena casa
em um terreno invadido. Surgiam aí as primeiras favelas, hoje conhecidas por
“comunidades” (Figura 27).
Nesses locais longínquos
e geralmente encrustados nas
áreas mais declivosas, os servi-
ços sociais básicos (educação,
saneamento básico, saúde,
moradia, infraestrutura) che-
gavam de maneira ineficiente.
Mas não havia muito o que
fazer! Essa foi a solução encon-
trada por essas pessoas que,
embora tenham saído do meio
rural, nunca perderam o rural
Figura 27 – Exemplo de Comunidades (também chamadas de favelas) de si, o que é demonstrado por
na cidade do Rio de Janeiro, Brasil
sua cultura e costumes.

A Revolução Verde: A Radical Mudança Tecnológica Para a Produção de Alimentos


III

Pelo fato do incipiente alcance das políticas públicas é que se convenciona


afirmar que essas pessoas estão marginalizadas (à margem dos processos de desen-
volvimento). E isso perdurou dessa forma até meados dos anos 2000, onde se
verificou a redução no processo de êxodo rural pela associação da melhoria das
condições de vida no meio rural, pela adoção de políticas públicas de fomento às
famílias que resistiram ao processo do êxodo, a exemplo do Programa Nacional
de Fortalecimento da Agricultura Familiar – PRONAF e também pelo fato de já
não haver mais tantas pessoas no campo (atualmente estamos nos aproximando
da cifra de 10% da população brasileira vivendo no meio rural).

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Somente na última década (2000-2010) é que se verificou uma mudança
significativa nesse cenário de exclusão social e expropriação dos modelos pro-
dutivos, com os programas de transferência de renda e outros programas sociais
relevantes, mas nada suficientes para reverter a magnitude das mudanças sociais
promovidas pela Revolução Verde. É isso que faz com que este modelo seja polê-
mico e bastante questionável no que concerne à promoção da prosperidade da
população brasileira. E afirmo isso, caro(a) leitor(a), sem ter lhe explanado a res-
peito dos conflitos agrários derivados do processo de concentração das terras
e dos problemas ambientais das técnicas de cultivo e mesmo relacionados aos
excedentes populacionais nas grandes cidades, como poluição das águas, do solo
e do ar, falta de acesso à água potável, desmatamentos em áreas de preservação
ambiental, desmoronamentos, epidemias, dentre tantas outras consequências.
Para finalizarmos as discussões sobre a Revolução Verde, sugiro a leitura
de um de nossos textos complementares, intitulado “Críticas Ambientalistas à
Revolução Verde”, disposto após nossas Considerações Finais.

A REVOLUÇÃO VERDE: O MARCO TECNOLÓGICO MAIS IMPORTANTE PARA O AGRONEGÓCIO


99

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esse período histórico foi realmente efervescente, não é, caro(a) leitor(a)? Quantas
mudanças nós pudemos observar, em especial no Brasil, que se tornou líder em
muitos segmentos do Agronegócio.
Em apenas 50 anos, houve mudanças significativas nos modelos produti-
vos e em suas bases de sustentação, afinal, a Revolução Verde não teria a mesma
representatividade caso o Poder Público não intervisse, criando políticas e arti-
culando instituições que fomentaram a mecanização, a adoção de agrotóxicos, a
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

ampliação do parque de pesquisa tecnológica, em especial, relacionado ao melho-


ramento genético das culturas.
Toda esta somatória de esforços elevou o Brasil a ter as características pro-
dutivas que possui hoje, sendo um dos maiores agroexportadores do mundo,
em especial, nas cadeias produtivas da soja, do milho, do café, das frutas e de
produtos de origem animal.
No entanto, verificamos que existiram custos a serem pagos, a exemplo da
concentração de terras e de riquezas, vinculação das políticas públicas somente
à Agricultura Empresarial e a marginalização dos egressos do meio rural nas
grandes cidades, tornando-os invisíveis às políticas públicas em uma década de
decadência econômica, que foi a década de 1980.
Em nossa próxima Unidade, também vamos falar sobre as consequências da
Revolução Verde, ou melhor, de sua herança tecnológica, a qual podemos uti-
lizar no campo para obter maiores produtividades. Mas, antes de avançarmos,
vamos à nossa seção de Leituras Complementares?

Considerações Finais
Irineu Evangelista de Sousa, o Visconde de Mauá
Notável empresário, industrial, banqueiro, po-
lítico e diplomata brasileiro nascido em Arroio
Grande, município de Jaguarão, RS, um símbolo
dos capitalistas empreendedores brasileiros do
século XIX. Órfão de pai, viajou para o Rio de Ja-
neiro, RJ, em companhia de um tio, capitão da
marinha mercante e, aos 11 anos, empregou-se
como balconista de uma loja de tecidos. Passan-
do a trabalhar na firma importadora de Ricardo
Carruthers (1830), este lhe ensinou inglês, con-
tabilidade e a arte de comerciar. Aos 23 anos
tornou-se gerente e logo depois sócio da firma.
A viagem que fez à Inglaterra em busca de re-
cursos (1840), convenceu-o de que o Brasil de-
veria caminhar para a industrialização. Iniciando
sozinho a frente do ousado empreendimento de construir os estaleiros da Companhia
Ponta da Areia, fundou a indústria naval brasileira (1846), em Niterói, RJ, e, em um ano,
já tinha a maior indústria do país, empregando mais de mil operários e produzindo na-
vios, caldeiras para máquinas a vapor, engenhos de açúcar, guindastes, prensas, armas e
tubos para encanamentos de água. Da Ponta da Areia saíram os navios e canhões para
as lutas contra Oribe, Rosas e López. A partir de então, dividiu-se entre as atividades de
industrial e banqueiro. Foi pioneiro no campo dos serviços públicos: fundou uma com-
panhia de gás para a iluminação pública do Rio de Janeiro (1851), organizou as compa-
nhias de navegação a vapor no Rio Grande do Sul e no Amazonas (1852), implantou a
primeira estrada de ferro, da Raiz da Serra à cidade de Petrópolis RJ (1854), inaugurou o
trecho inicial da União e Indústria, primeira rodovia pavimentada do país, entre Petró-
polis e Juiz de Fora (1854), realizou o assentamento do cabo submarino (1874) e muitas
outras iniciativas. Em sociedade com capitalistas ingleses e cafeicultores paulistas, par-
ticipou da construção da Recife and São Francisco Railway Company, da ferrovia dom
Pedro II (atual Central do Brasil) e da São Paulo Railway (hoje Santos-Jundiaí). Iniciou a
construção do canal do mangue no Rio de Janeiro e foi o responsável pela instalação
dos primeiros cabos telegráficos submarinos, ligando o Brasil à Europa. No final da dé-
cada de 1850, o visconde fundou o Banco Mauá, MacGregor & Cia, com filiais em várias
capitais brasileiras e em Londres, Nova Iorque, Buenos Aires e Montevidéu. Liberal, abo-
licionista e contrário à Guerra do Paraguai, forneceu os recursos financeiros necessários
à defesa de Montevidéu quando o governo imperial decidiu intervir nas questões do
Prata (1850) e, assim, tornou-se persona non grata no Império. Suas fábricas passaram a
ser alvo de sabotagens criminosas e seus negócios foram abalados pela legislação que
sobretaxava as importações. Foi deputado pelo Rio Grande do Sul em diversas legislatu-
ras, mas renunciou ao mandato (1873) para cuidar de seus negócios, ameaçados desde
a crise bancária (1864). Com a falência do Banco Mauá (1875) o visconde viu-se obri-
101

gado a vender a maioria de suas empresas a capitalistas estrangeiros. Doente, minado


pelo diabetes, só descansou depois de pagar todas as dívidas, encerrando com nobreza,
embora sem patrimônio, a biografia desse grande empreendedor. Ao longo da vida re-
cebeu os títulos de Barão (1854) e Visconde com grandeza (1874) de Mauá.
Fonte: UFCG. Irineu Evangelista de Souza, o Visconde de Mauá. Disponível em: <http://
www.dec.ufcg.edu.br/biografias/IrineuEv.html>. Acesso em 17 out. 2014.
Críticas ambientalistas à Revolução Verde
[...]
Oriundas dos movimentos ecológicos e afins, as críticas ambientalistas centralizam-se
na crítica à produção industrial. No espaço rural, esta produção industrial adquiriu a for-
ma dos pacotes tecnológicos da Revolução Verde e, no Brasil, assumiu – marcadamente
nos anos 60 e 70 – a prioridade do subsídio de créditos agrícolas para estimular a grande
produção agrícola, as esferas agroindustriais, as empresas de maquinários e de insumos
industriais para uso agrícola – como tratores, herbicidas e fertilizantes químicos –, a agri-
cultura de exportação, a produção de processados para a exportação e a diferenciação
do consumo – como de queijos e iogurtes (Moreira, 1999b: 9-81).
Quando associada aos movimentos ecológicos e ambientalistas no Brasil, a crítica posta
ao modelo da Revolução Verde – e à modernização tecnológica socialmente conserva-
dora – se desenvolve, portanto, com três componentes que destacaremos a seguir.
O primeiro é uma crítica da técnica que nos leva a questionar a relação herdada do ser
humano com a natureza. Considerar o meio ambiente e os recursos naturais de uma
outra forma requer uma reconceitualização de natureza, de ser humano e de trabalho
produtivo (Moreira, 1999a), bem como a atualização da teoria da renda da terra para a
compreensão das questões da biodiversidade no campo (Moreira, 1995 e 1998).
Esse questionamento leva em conta a poluição e envenenamento dos recursos naturais
e dos alimentos, a perda da biodiversidade, a destruição dos solos e o assoreamento
de nossos rios, e advoga um novo requisito à noção de desenvolvimento herdada: o de
prudência ambiental. Desta crítica emergem tanto os movimentos de agricultura alter-
nativa, como aqueles centrados nas noções de agricultura orgânica e agroecológica, e
sugerem as discussões dos impactos da engenharia genética e da utilização de matrizes
transgênicas em práticas agropecuárias e alimentares.
A natureza desse tipo de crítica levanta, dentre outras, as seguintes questões aos for-
muladores de conceitos e políticas de sustentabilidade: como a prudência ambiental
é vista? Quais têm sido as práticas neste sentido? Há inconsistência de termos entre
qualidade ambiental e qualidade social de vida?
Dependendo das respostas que se deem a essas questões e dos diferentes interesses so-
ciais que elas expressem, certamente teremos distinções entre os conceitos de sustenta-
bilidade elaborados, bem como entre as práticas (políticas e técnicas) deles resultantes.
O segundo componente expressa-se na crítica social da Revolução Verde – que não me
deterei aqui – por demais visível em suas facetas conservadoras e nas denúncias de em-
pobrecimento, desemprego, favelização dos trabalhadores rurais, êxodo rural urbano,
esvaziamento do campo, sobreexploração da força de trabalho rural, incluindo o traba-
lho feminino, infantil e da terceira idade.
A crítica social do modelo da Revolução Verde não é uma crítica técnica, como a que des-
tacamos anteriormente. É uma crítica da própria natureza do capitalismo na formação
social brasileira e da tradição das políticas públicas e governamentais que nortearam
nossas elites dominantes, seja na área econômica, seja no próprio campo político de de-
finição de prioridades. No anos 70 e 80, é também uma crítica ao modelo concentrador e
excludente da modernização tecnológica da agricultura brasileira, socialmente injusto.
A elevada concentração da propriedade da terra e a desigual distribuição da proprie-
dade dos recursos produtivos de origem industrial conformaram uma formação social
capitalista no Brasil de forte exclusão social. Exclusão de massas significativas da popula-
ção, não só do padrão de consumo e da qualidade de vida que se torna viável para estas
elites e para as populações dos países avançados, mas também de condições mínimas
adequadas de acesso à terra, ao trabalho, ao emprego, ao teto, à educação, à alimenta-
ção e à saúde.
Marcas das desigualdades originárias de nossa sociedade, esses problemas são intensi-
ficados pela Revolução Verde dos anos 60 e 70, pela crise dos anos 80 e pelas políticas e
práticas do neoliberalismo e da abertura dos mercados, nos anos 90.
Esse segundo aspecto da crítica à Revolução Verde nos remete, portanto, à esfera socio-
política e às questões de equidade e justiça social. No tratamento destas questões e em
busca da redução dos níveis de desigualdade social, os formuladores de conceitos de
sustentabilidade deverão considerar, com atenção particular, a radicalidade das ações e
práticas políticas e sociais adequadas ao desenvolvimento sustentável no espaço rural.
No entanto, elas tendem a afetar interesses sociais constituídos que se fazem represen-
tar na formulação e implementação de políticas, como é o caso da presença dos anti-re-
formistas nas disputas sobre a reforma agrária no Brasil.
A natureza, a magnitude e a velocidade das políticas de assentamentos rurais e a possi-
bilidade de uma reforma agrária tendem a romper com a desigualdade no campo e na
própria sociedade brasileira?
Quais têm sido as práticas concretas de redução das desigualdades sociais?
Como atacar as raízes da desigualdade econômica, social e de cidadania presentes na
sociedade brasileira?
O delineamento das políticas governamentais recentes – o “novo” mundo rural, a “nova”
reforma agrária, o “desenvolvimento” baseado na agricultura familiar, o PRONAF e o
PROCERA etc. – aponta para que direção?
103

Como estão as políticas para as grandes produções e para os complexos agroindustriais?


Qual é o sentido dominante das políticas recentes: a promoção de progresso social dos
assalariados rurais e da agricultura familiar ou tais políticas apenas expressam a preocu-
pação das elites com os perigos de uma tensão social maior, que exceda aos limites da
“ordem” e da “governabilidade”?
Em que sentido as políticas acionadas em nome da agricultura familiar, em geral, não
têm sido também seletivas? Como tem sido a distribuição dos recursos do PRONAF?
Que tipos de agricultores familiares estão sendo beneficiados? É esta política também
excludente? Quais são as camadas da agricultura familiar beneficiadas: os estamentos
superiores, mais estáveis econômica e socialmente – como os setores integrados aos
complexos agroindustriais –, os estamentos médios, ou os estamentos inferiores, próxi-
mos da miséria social?
O terceiro componente da crítica à Revolução Verde é de natureza econômica: a eleva-
ção de custos associada às crises do petróleo dos anos 70 se desdobra na agricultura
brasileira como um processo de elevação de custos do pacote tecnológico da Revolução
Verde. A crise financeira obrigou a uma redução significativa dos subsídios de crédito.
Aquelas crises impuseram, nos debates internacional e nacional, o tema da necessidade
de mudanças do desenvolvimento para matrizes energéticas alternativas. No Brasil, o
programa do pró-álcool, com a reversão dos motores à gasolina em motores à álcool, é
um exemplo.
Em termos econômicos, alguns estudos ressaltavam que o modelo da Revolução Verde
implicava, na conjuntura que se seguia àquelas crises, custos produtivos crescentes de-
vido à escassez relativa de recursos naturais daquela matriz energética, ao uso intensivo
de fertilizantes químicos e agrotóxicos e à deterioração dos recursos de solo, água e con-
dições de clima das produções agrícolas – enchentes, secas, inundações, ondas frias etc.
Esses questionamentos, em suas vertentes ambientalistas, geram possibilidades de no-
vos modelos produtivos – agroecológicos, produção orgânica, produção natural etc. –
com perspectivas biossistêmicas e de diversidade produtiva. Para boa parte dos analis-
tas, estes modelos produtivos alternativos garantiriam uma vantagem comparativa às
formas da agricultura familiar, em relação às empresariais. Estas eram exigentes e de-
pendentes daquele pacote tecnológico. A especificidade do trabalho familiar, o conhe-
cimento das condições biossistêmicas locais próprias desses agricultores e a escassez de
recursos financeiros que possuem, ou têm acesso, são considerados como elementos
positivos à aplicação de novas práticas produtivas – todas elas vinculadas a um saber
camponês que foi renegado como atrasado no período da Revolução Verde. A revalori-
zação destas práticas teria, assim, as características de rompimento com a monocultura,
a redução de custos monetários e a ampliação de emprego no campo.
Para estes analistas, portanto, a agricultura familiar deveria ser eleita como núcleo do
desenvolvimento sustentável do espaço rural.
A noção que parece ser hegemônica neste argumento é a de que a redução de cus-
tos daria maior competitividade às formas familiares e, portanto, as levaria a um maior
progresso econômico e social. Esta proposição é questionável na medida em que ela
é associada ao conjunto da agricultura familiar. Este questionamento tem a ver com o
espaço econômico que a agricultura familiar ocupa na ordem competitiva capitalista
contemporânea. É o espaço do pequeno patrimônio produtivo – vinculado às noções
de mini e pequenos capitais, que, na órbita competitiva oligopolista de mercados im-
perfeitos e de mercados controlados pelas grandes empresas, vivem a impossibilidade
de acumulação e de progresso econômico.
Fonte: MOREIRA, R.J. Críticas Ambientalistas à Revolução Verde. In.: XXXVII Brazilian
Congress of Rural Economic and Sociology – Sober, Workshop n. 38. Greening of agricul-
ture. Anais... Rio de Janeiro, 2000.
105

1. A relação entre a produção de alimentos e a população mundial de seres hu-


manos ganhou notório destaque por meio de seus estudos que, em meados do
século XVIII, apontavam para uma crise mundial, onde a produção agrícola não
seria capaz de atender a demanda de consumo, causando fome, doenças e gra-
ves contendas. O economista inglês que realizou esses estudos foi:
a) Thomas Jefferson.
b) Thomas Malthus.
c) Jeff Bridge.
d) Ian Sthephenssen.
e) Arnould Bourdais.
2. A “Revolução Verde” foi um período histórico, considerando a produção de ali-
mentos, que se estendeu de 1950 a 1980. Tratou-se de um marco para o agro-
negócio representado pela introdução de tecnologias produtivas que possibili-
taram a ampliação da produtividade dos cereais e o abastecimento dos diversos
mercados consumidores mundiais. Sobre esse período, analise as afirmações e
assinale a alternativa correta.
I – Esse período pode ser entendido como um “divisor de águas” para as atividades
agropecuárias, uma vez que toda a evolução tecnológica inserida no contexto da
produção de alimentos inverteu a lógica secular da agricultura, que previa que, para
aumentar a produção, eram necessárias novas terras.
II – Essa lógica, mencionada no item I, foi invertida pelo fato de que as tecnologias
inseridas possibilitaram produzir mais no mesmo espaço e isso foi possível graças
a algumas soluções, como o melhoramento genético das culturas, a mecanização
agrícola, os agrotóxicos e a fertilização dos solos.
III – A “Revolução Verde” pode ser compreendida ainda como um marco de desen-
volvimento social, uma vez que a prosperidade produtiva no campo permitiu com
que todas as famílias rurais permanecessem em seu meio, não havendo êxodo para
as grandes cidades.
IV – Também é fato que a “Revolução Verde” possuiu como característica a inserção
de tecnologias de baixo impacto ambiental, não sendo registradas consequências
negativas em termos de contaminação de solos, águas, fauna e flora.
Estão corretas:
a) Apenas a afirmação I.
b) Apenas a afirmação II.
c) Apenas as afirmações I e II.
d) Apenas as afirmações I e IV.
e) Apenas as afirmações II, III e IV.
3. QUESTÃO 3 – Embora muitos analistas questionem as consequências sociais da
“Revolução Verde”, é fato que as evoluções tecnológicas aplicadas possibilita-
ram o aumento de produtividade no campo. Entretanto, além dessa elevação
de produtividade no campo e de todas as tecnologias desenvolvidas, devemos
destacar dois benefícios, que perduram até hoje, como herança desta revolu-
ção. Assinale a alternativa que apresenta esses dois benefícios.
a) Sistema Oficial de Crédito e Institutos de Pesquisa e Extensão Rural.
b) Sistema Nacional de Estocagem e Programa de Crédito à Agricultura Familiar.
c) Programa de Fortalecimento da Logística e Sistema Oficial de Crédito.
d) Institutos de Pesquisa e Extensão Rural e Programa Nacional de Combate à Seca.
e) Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar – PRONAF e Pro-
grama Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural – PRONATER.
Prof. Me. Tiago Ribeiro da Costa

A HERANÇA DA REVOLUÇÃO

IV
UNIDADE
VERDE: PRINCIPAIS TECNOLOGIAS
VINCULADAS AO AGRONEGÓCIO

Objetivos de Aprendizagem
■■ Conhecer as principais tecnologias que são aplicadas em nível de
campo, bem como conhecer os instrumentais que tornam isso
possível.
■■ Estabelecer o entendimento sobre a aplicabilidade dessas
tecnologias e construir o pensamento crítico sobre a escolha racional
dessas tecnologias.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ PRINCIPAIS TECNOLOGIAS VINCULADAS AO AGRONEGÓCIO
■■ Plantio Convencional
■■ Sistema de Plantio Direto
■■ Terraceamento
■■ Faixas de Retenção
■■ Adubação Verde
■■ Práticas de Correção de Solo
■■ Rotação de Culturas
■■ Outras práticas de Interesse
109

INTRODUÇÃO

Esta quarta unidade nos apresentará ao debate as principais heranças da Revolução


Verde em termos de tecnologias. Digo-lhe “herança”, pois muitas destas tecnolo-
gias, nos dias atuais, foram meramente adaptadas a partir das tecnologias originais.
Muitas destas tecnologias, a exemplo daquelas que dependem de modelos
matemáticos para sua execução, foram desenvolvidas na década de 1970 e 1980,
a exemplo da tecnologia de terraceamento e de correção de solos pela aplicação
de fertilizantes, calcário e gesso agrícola.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Saliento que tive por objetivo apenas ilustrar as principais tecnologias, dando-
lhe um panorama de suas características principais. A escolha destas tecnologias
cabe, em nível operacional, aos Engenheiros Agrônomos, mas, em nível de ges-
tão da tecnologia, o Gestor em Agronegócios exerce papel fundamental, pois é
ele que escolhe as tecnologias mais rentáveis, de acordo com os recursos dispo-
níveis na propriedade rural.
Mais ao final desta Unidade, apresentaremos tecnologias mais recentes, como
é o caso da polêmica transgenia, além de citar outras técnicas que podem ser
utilizadas de acordo com o contexto. Quero aguçar sua curiosidade dando-lhe
esses aperitivos. Vamos então aos estudos em nossa Unidade IV.

Introdução
IV

PRINCIPAIS TECNOLOGIAS VINCULADAS AO


AGRONEGÓCIO

Nesta seção de nosso livro, caro(a)


leitor(a), estabeleceremos sucintas
análises sobre as principais tecno-
logias que são aplicadas em nível de
campo e em nível agroindustrial. Não
será nossa intenção esgotar todos

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
os assuntos pertinentes a uma tec-
nologia em específico, mas iremos
abordar os assuntos principais para
que você, futuro(a) Gestor(a) em
Agronegócios, possa reconhecê-las
em sua atividade profissional.

PLANTIO CONVENCIONAL

Este foi um dos primeiros sistemas


de plantio criados pelo ser humano.
Consiste no revolvimento de solo, em
suas camadas superficiais, para que
seja possível oferecer às sementes e às
plântulas condições ótimas para sua
germinação e emergência.
O revolvimento do solo é realizado
em duas etapas, o preparo primário
e o preparo secundário. No preparo
primário são utilizadas máquinas e
implementos de maior capacidade de
Figura 28 – Implementos utilizados no preparo primário dos
trabalho, tendo em vista que se trata solos em plantio convencional (a – arado de disco; b – grade
aradora; c – arado de aiveca)
das primeiras etapas de revolvimento.

A HERANÇA DA REVOLUÇÃO VERDE: PRINCIPAIS TECNOLOGIAS VINCULADAS AO AGRONEGÓCIO


111

Geralmente arados de disco, arados de aiveca e grades aradoras são utilizadas


(Figura 28).
Caso o solo esteja com-
pactado, dependendo da
profundidade das camadas
compactadas, abre-se mão da uti-
lização de escarificadores (quando
as camadas compactadas são mais
superficiais) ou subsoladores
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

(quando as camadas compactadas

©Agroads
são mais profundas, abaixo dos 30
cm). A Figura 29 exemplifica os
Figura 29 – Implementos utilizados no preparo primário
escarificadores e os subsoladores. dos solos em plantio convencional (de cima para baixo,
escarificador e subsolador)
Albuquerque Filho et al. (2014)
apontam as principais características dos tipos

©Agroads
de arados utilizados no preparo primário,
bem como as características do escarificador.
■■ Arado de disco: é recomendado para
solos duros, com raízes e pedras, solos
pegajosos, abrasivos e solo turfosos.
■■ Arado de aiveca: promove incorporação
de resíduo e boa pulverização do solo sob con-
dições ideais. Apresenta diferentes tipos de aiveca,
de acordo com o tipo de solo.
■■ Escarificador: aumenta a rugosidade do solo, deixando uma apreciável
quantidade de cobertura morta e também quebra a estrutura do solo a
uma profundidade de 20 cm a 25 cm. Com essas três características, esse
sistema aumenta a capacidade de infiltração de água no solo, diminui a
evaporação e quebra a camada compactada, abaixo da área de preparo
de solo, denominada “pé de arado”.

Após o preparo primário, prossegue-se ao preparo secundário, que visa


ao nivelamento do solo ao mesmo tempo em que ocorre uma pulverização dos
torrões que foram formados por meio do revolvimento primário do solo, em

Principais Tecnologias Vinculadas ao Agronegócio


IV

especial, nas condições de solos estruturados, com elevado teor e atividade de


argilas. Neste caso, o implemento mais utilizado é a grade niveladora (Figura 31).
Além de possibilitar a geração de condições propícias ao desenvolvimento
das culturas, o Plantio Convencional também apresenta vantagens ao controle de
plantas invasoras. Conforme o solo é revolvido, as sementes de plantas invasoras
que se encontram dormentes nas camadas mais profundas do solo são expos-
tas à ação da luz, germinando.
Neste momento, o agricultor

©SANTI et al.
pode optar pela utilização

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de herbicidas sistêmicos que
visam eliminar essas plantas
invasoras em sua fase juvenil,
onde o controle é mais fácil.
Ademais, o mesmo ocorre
com entomoparasitas de solo
(larvas de insetos) e nematoi-
des, os quais são expostos ao
ambiente, sendo alvo fácil de
predadores e parasitas.
Figura 30 – Penetrômetro em prática de avaliação das camadas
Outro ponto interessante compactadas do solo
do plantio convencional é que o mesmo
permite, na ocasião de preparo do solo,
a incorporação de restos vegetais, que serão
posteriormente transformados em matéria
orgânica e a incorporação de adubos e cor-
retivos de solo, tudo em poucas operações.
Todavia, a maior desvantagem do
plantio convencional está na exposi-
ção do solo às intempéries, em especial,
à erosão hídrica. Pelo fato das partículas do
©Baldan

solo revolvido já não estarem tão coesas, será


necessário menos energia para desagregar o
Figura 31 – Grade Niveladora com controle remoto
solo e carreá-lo na forma de erosões superficiais por molas (NVAM) e pistões (NVAP)

A HERANÇA DA REVOLUÇÃO VERDE: PRINCIPAIS TECNOLOGIAS VINCULADAS AO AGRONEGÓCIO


113

(laminares, sulcos ou voçorocas).


Além disso, essa modificação na estrutura do solo promovida pelo seu
revolvimento altera drasticamente sua microbiota superficial, eliminando micror-
ganismos simbióticos, os quais auxiliam, por exemplo, na fixação biológica de
nitrogênio nas leguminosas como a soja e o feijão.
Outra desvantagem se relaciona ao percentual de carbono liberado para o ar.
Como o solo se desestrutura e fica exposto à luminosidade, vários componentes
ficam instáveis, dentre eles, os ácidos carbônicos, fúlvicos e húmicos. Quando
esses ácidos se quebram, uma das resultantes é a liberação do gás carbônico, que
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volta à atmosfera contribuindo para o efeito estufa, isso logicamente conside-


rando essa ação em larga escala.
Por fim, solos revolvidos são solos mais sujeitos aos ciclos de dessorção e
adsorção de água(saídas e entradas de água, respectivamente), o que implica no
fato das plantas conduzidas sob esse sistema não terem umidade conservada na
superfície do solo, sendo mais sujeitas aos estresses hídricos.
Com suas vantagens e desvantagens, o Plantio Convencional perdura até os
dias atuais como uma técnica possível de ser aplicada em condições específicas
(quando da correção de solo, por exemplo) ou nas ocasiões em que a cultura
exige esse tipo de preparo de solo (casos da mandiocultura, bataticultura, silvi-
cultura, cultivo da cana-de-açúcar e hortaliças, por exemplo). Todavia, devido
ao fato dessa tecnologia ser altamente contribuinte para a elevação dos proces-
sos erosivos (Figura 32), há uma preferência em se adotar o Plantio Direto como
estratégia de condução das culturas.

Principais Tecnologias Vinculadas ao Agronegócio


IV

50 Água disponível (%) 20


Perdas de solo (ton/ha)
Agregados estáveis (%)
40 16

30 12

(ton/ha)
(%)

20 8

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
10 4

0 0
Convencional Plantio direto
Sistemas de Plantio

Figura 32 – Comparativo das variáveis “água disponível”, “perdas de solo” e “agregados de solo estáveis”
entre os sistemas de plantio convencional e direto
Fonte: INEP (2004)

De acordo com a Figura 32, as perdas de solo no sistema convencional che-


gam próximas às 15 toneladas por hectare por ano, enquanto que no sistema
de plantio direto, com a conservação da cobertura vegetal, tais perdas chegam a
duas toneladas por hectare/ano, uma redução significativa. Ademais, as outras
variáveis estudadas pontuam positivamente ao plantio direto, o qual apresenta
maior agregação de partículas do solo e maior percentual de água disponível, o
que também contribui para a manutenção da microbiota do solo (mantendo-o
vivo, portanto).

SISTEMA DE PLANTIO DIRETO

De maneira diferente ao sistema anterior, o sistema de plantio direto (SPD) não


contempla uma etapa de preparo de solos. Todas as atividades agrícolas são

A HERANÇA DA REVOLUÇÃO VERDE: PRINCIPAIS TECNOLOGIAS VINCULADAS AO AGRONEGÓCIO


115

conduzidas sobre a cobertura vegetal da cultura anterior, o que, em termos de


proteção de solos contra os processos erosivos, é algo significativo.
Segundo Brasil (2014, online):
Os princípios do sistema de plantio direto seguem a lógica das flores-
tas. Assim como o material orgânico caído das árvores se transforma
em rico adubo natural, a palha decomposta de safras anteriores macro
e microorganismos, transformando-se no “alimento” do solo. As van-
tagens são a redução no uso de insumos químicos e controle dos pro-
cessos erosivos, uma vez que a infiltração da água se torna mais lenta
pela permanente cobertura no solo. O Brasil é líder mundial no uso do
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sistema, que ocupa mais da metade de sua área plantada.

Além do aspecto erosão, verifica-se que a manutenção de cobertura vegetal no


solo propicia a manutenção da própria umidade superficial, o que serve de pro-
teção hídrica às sementes e plantas e propicia ainda uma elevação no número
de microrganismos nas zonas radiculares.
Tais microrganismos estão presentes no processo de decomposição do mate-
rial vegetal componente da palhada e podem auxiliar na disponibilização direta
destes nutrientes às plantas cultivadas ou na disposição indireta dos mesmos,
por meio do processo de mineralização, que se caracteriza pela disponibiliza-
ção dos nutrientes pós-morte do microrganismo.
A aeração do solo em superfície também é destaque, tendo em vista a ocu-
pação deste solo pelos sistemas radiculares das plantas. Assim que as plantas
morrem, suas raízes são decompostas e seus espaços são ocupados por solução
de solo (água mais nutrientes) e oxigênio.
Da maneira como o SPD é sistematizado, o controle de plantas invasoras
também é um destaque, pelo motivo oposto ao do sistema de plantio conven-
cional. Como nesse caso não existe o revolvimento de solo, o banco de sementes
não será exposto à luz do sol. Nesse caso, esse banco permanecerá dormente
nas camadas mais profundas. As poucas sementes que tiverem sua dormência
quebrada poderão germinar, mas encontrarão dificuldades em se estabelecer,
considerando a presença de uma densa camada de material vegetal a ser supe-
rada. Assim, pode-se dizer que o SPD também apresenta relevante contribuição
ao controle de plantas invasoras.

Principais Tecnologias Vinculadas ao Agronegócio


IV

Contudo, se você, caro(a) leitor(a), é produtor rural ou tem alguma ligação


com as áreas de produção agrícola, podem lhe surgir dúvidas com relação à efi-
ciência deste controle, afinal, o problema do momento é o “Capim Amargoso”
(Digitaria insularis), assim como o problema das áreas agrícolas em 2013 foi a
“Buva” (Conyzia bonariensis). Eu lhe diria que esse é um problema para quem
não executa corretamente o SPD e para quem não executa o Manejo Integrado
de Plantas Invasoras.
Vamos considerar apenas o manejo correto do SPD, uma vez que ainda não
lhe expliquei o que seriam os herbicidas, muito menos o que seria seu manejo

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integrado. Muitos gestores de sistemas variados de produção “acham” que estão
realizando o SPD corretamente, mas a cobertura vegetal tem estado em tão pouca
densidade que o solo, em muitos pontos, se encontra descoberto. Ademais, a
sucessão soja-milho-cultura de inverno não garante material vegetal suficiente
para a cobertura do solo.
Outro ponto negativo é o uso indiscriminado de herbicidas que dessecam
precocemente as coberturas de inverno. Dada a afobação em se querer plantar a
cultura de verão, muitas vezes não se permite que a cultura de inverno (por exem-
plo, a aveia – Avena spp.) atinja seu máximo dossel foliar, ou seja, sua máxima
produção de material vegetal. Dessa forma, ao se dessecar plantas que ainda não
atingiram seu máximo potencial produtivo em termos de folhas, prejudica-se a
“poupança” do SPD, em termos de cobertura.
Além disso, o uso de herbicidas também afeta a microbiota do solo, mesmo
sendo um veneno específico para vegetais. Qualquer agrotóxico pode afetar essa
microbiota e os herbicidas não são exceção. Veja o conjunto de resultados publi-
cados por Reis et al. (2008), que avaliaram o efeito da aplicação do herbicida
2,4-D (aquele que foi utilizado na Segunda Guerra Mundial, conforme ilustra-
mos nas unidades anteriores) na população de bactérias na zona radicular de
plantas de cana-de-açúcar:

A HERANÇA DA REVOLUÇÃO VERDE: PRINCIPAIS TECNOLOGIAS VINCULADAS AO AGRONEGÓCIO


117

DAA
Tratamento
15 30 45 60
Bactérias (log UFC g de solo seco) CV parcela (%) = 1,48
-1

SNRSH 6,19 c 6,54 a 6,47 b 6,30 c


SRSH 6,51 a 6,60 a 6,68 a 6,60 a
SRA 6,35 a 6,47 a 6,23 c 6,50 b
SRT 6,54 a 6,45 a 6,62c 6,49 b
SR+T 6,59 a 6,37 a 6, 26 c 6,37 c
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SR2,4-D 6,32 b 6,32 c 5,98 d 6,37 c


Fungos (log UFC g de solo seco) CV parcela (%) = 2,08
-1

SNRSH 4,41 d 4,96 b 5,24 a 4,20 c


SRSH 5,49 a 5,10 a 5,23 a 5,27 a
SRA 5,11 c 5,19 a 5,29 a 5,15 b
SRT 5,27 b 5,10 a 5,33 a 5,28 a
SRA+T 5,31 b 5,07 a 5,24 a 5,41 a
SR2,4-D 5,01 c 5,07 a 5,29 a 5,35 a
Tabela 1 – Densidade populacional de bactérias e fungos do solo obtidos a partir da contagem de
células viáveis de amostras de solo não rizosférico (SNRSH) e de solos tratados com ametryn (SRA),
trifloxysulfuron-sodium (SRT), ametryn+trifloxysulfuron-sodium (SRA+T), 2,4-D (SR2,4-D) e sem
herbicida (SRSH), aos 15, 30, 45 e 60 dias após aplicação dos herbicidas (DAA). Viçosa-MG, 2007
Fonte: Reis et al. (2008)

Reis et al. (2008) afirmam que o 2,4-D reduziu a densidade populacional bac-
teriana em todas as épocas de avaliação (15, 30, 45 e 60 dias após a aplicação
- DAA), demonstrando efeito negativo nas bactérias do solo. Santos et al. (2004)
também verificaram efeitos distintos de formulações comerciais de glyphosate
sobre estirpes de bactérias fixadoras de nitrogênio da soja, sugerindo serem
decorrentes da ação de aditivos nas formulações dos herbicidas.
Dessa forma o SPD, quando mal manejado, não produz os benefícios aqui
discutidos, resultando em problemas para o sistema de produção justamente pela
falha em um de seus princípios: a manutenção da cobertura de solo.

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IV

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Figura 33 – Sistema de Terraços em nível aplicados em plantações de arroz na Ásia

TERRACEAMENTO

Somente a adoção do plantio direto nas áreas agricultáveis não é suficiente para
garantir a redução dos processos erosivos. Essa redução também está em fun-
ção da declividade do terreno. Em declividades maiores, somente a palhada não
conseguiria reduzir a energia cinética do escorrimento superficial de água, o que
poderia resultar na formação de processos erosivos variados.
Dessa forma, na década de 1980, surgiu uma tecnologia que visa segmentar
o terreno em rampas menores ao mesmo tempo em que disciplina as águas das
áreas agricultáveis, auxiliando em sua infiltração ou drenagem. Trata-se do sis-
tema de Terraceamento (Figura 33):
A Figura 33 ilustra um sistema de terraços em nível, os quais “cortaram” uma
área bastante declivosa e a segmentaram em patamares os quais são utilizados
para a produção de arroz no sistema de plantio e colheita manual. Caso não hou-
vesse o corte do terreno, o plantio seria em desnível acentuado e a cobertura do
arroz, que neste último caso obrigatoriamente deveria ser plantado em sistema
de sequeiro, não seria suficiente para barrar os efeitos da enxurrada, resultando
em severas erosões.

A HERANÇA DA REVOLUÇÃO VERDE: PRINCIPAIS TECNOLOGIAS VINCULADAS AO AGRONEGÓCIO


119

No Brasil, por sorte, temos uma dominialidade de terrenos suaves ondulados


ou ondulados (terrenos que variam de 3% a 8% e de 8% a 12% de declividade,
respectivamente), o que permite a construção de terraços pouco profundos e
mais largos em sua base, possibilitando o cultivo das culturas sobre sua estrutura.
Com relação à base, a Figura 34 ilustra os diferentes tipos existentes:
Nível original do terreno

A
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6 a 12 metros

Nível original do terreno

3 a 6 metros

Nível original do terreno

3 metros

Figura 34 – Diferenciação de bases de terraços (A – base larga; B – base média; e, C – base estreita)
Fonte: Machado e Wadt (2014)

Ainda em termos de declividade, abaixo dos 3% não se faz necessária a constru-


ção de terraços, tendo em vista que a própria cobertura nesses casos já é capaz
de barrar os efeitos das enxurradas. Entre 3% e 12%, os terraços são construídos
em nível, permitindo a infiltração das águas. Por outro lado, acima dos 12%, os
terraços são construídos visando a drenagem da água.
Existem diversas formas de se construir os terraços e diversos também são os
maquinários e implementos utilizados. De maneira geral, tratores pá-carregadei-
ras, motoniveladoras, cultivadores, grades aradoras ou até mesmo terraceadores
são utilizados. A escolha do equipamento certo vai depender de alguns fatores
preponderantes, dentre eles:

Principais Tecnologias Vinculadas ao Agronegócio


IV

a) A textura de solo (se mais argilosa ou arenosa).


b) A profundidade (se existem afloramentos rochosos, o processo de terra-
ceamento é mais complexo).
c) A declividade (se mais acentuada, os custos para estabelecimento dos ter-
raços são maiores).
d) A umidade do solo (caso sejam solos com traços de hidromorfismo e
elevada atividade de argila, a patinação dos rodados das máquinas será
mais elevada e a tendência é que existam rachaduras no canal e no cama-
lhão do terraço).

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Um “canal” é a parte mais
baixa do terraço, onde a água
é barrada e drenada ou infil-
trada, enquanto que a parte
mais elevada do terraço se
chama camalhão. A Figura
35 nos ilustra este detalhe:

Mas, professor, o que seria um “canal” e um “camalhão”?

Por se tratar de uma tecno-


logia relativamente simples, já
existem programas computacio-
nais que sistematizam as diferentes
metodologias para dimensiona-
mento dos terraços, bastando
inserir informações a respeito das
características do terreno e dos
Figura 34 – Demonstração do Canal e do Camalhão de
um terraço cultivos ali conduzidos para que se
obtenha, como resposta, o dimen-
sionamento correto dos terraços. A

A HERANÇA DA REVOLUÇÃO VERDE: PRINCIPAIS TECNOLOGIAS VINCULADAS AO AGRONEGÓCIO


121

Figura 35 ilustra o programa criado por meio dos modelos matemáticos desen-
volvidos por Griebeler (2005) para ajuste dos terraços em nível de campo.
Embora seja simples operar este e outros programas semelhantes, não se
pode atribuir ao Gestor em Agronegócios o dimensionamento destes terra-
ços. Isso é atribuição exclusiva dos Engenheiros Agrônomos, Agrimensores e
Engenheiros Cartográficos. Contudo, uma vez que esses parceiros de trabalho
determinam as dimensões dos terraços, é papel do Gestor em Agronegócios pro-
gramar o uso do caixa da empresa rural para a execução desse serviço. Inclusive,
o Gestor em Agronegócios pode ser o profissional responsável pela interface
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entre o empresário rural e o executor da obra, facilitando os contatos e geren-


ciando a execução da mesma.

©Griebeler

Figura 35 – Programa para locação de terraços em nível de campo

Principais Tecnologias Vinculadas ao Agronegócio


IV

FAIXAS DE RETENÇÃO

As faixas de retenção fazem parte do manejo conservacionista das terras, em


especial, considerando os cultivos familiares em maiores declividades. São cons-
tituídas por fileiras de plantas perenes dispostas em contorno, com o intuito de
dividir o comprimento da rampa, formando pequenos diques naturais com o
acúmulo de sedimentos ao longo do tempo (ZONTA et al., 2012).
Para isso, utilizam-se plantas com grande densidade foliar e radicular, sendo
recomendadas principalmente para regiões com solos rasos. As faixas de reten-

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ção devem ser estreitas, de modo a não diminuir muito a área a ser plantada,
sendo que o espaçamento entre os cordões de contorno depende do tipo de solo,
da cultura a ser implantada e das chuvas da região. Na prática, quanto menor a
profundidade do solo e maior a declividade do terreno e a intensidade de preci-
pitação, menor deve ser o espaçamento entre os cordões de vegetação. Algumas
espécies recomendadas são: a cana-de-açúcar, a erva-cidreira e o capim-gordura
(ZONTA et al., 2012).
Junto com as faixas de retenção, é comum se observar a prática da ceifa de
plantas invasoras. De maneira diferente da capina, a ceifa considera o corte das
plantas invasoras, mantendo-as com reduzidas alturas da superfície do solo. Tal
fato propicia a manutenção dos sistemas radiculares dessas plantas por mais
tempo, o que serve de barreira física para os processos erosivos.

ADUBAÇÃO VERDE

A adubação verde é uma técnica de cunho conservacionista que visa se utili-


zar de plantas com características especiais para reciclar e inserir nutrientes no
solo, ao mesmo tempo em que protege esse solo da ação nociva dos processos
erosivos. Ademais, é importante frisar que a técnica de adubação verde, se bem
conduzida, condiciona o solo para a restauração e enriquecimento de material
vegetal e de microrganismos, que serão responsáveis por decompor os resíduos
dessa adubação.
De maneira geral, a adubação verde pode ser utilizada em pré-cultivo ou

A HERANÇA DA REVOLUÇÃO VERDE: PRINCIPAIS TECNOLOGIAS VINCULADAS AO AGRONEGÓCIO


123

em rotação de culturas (quando utilizada como condicionadora do solo antes da


cultura principal), em consórcio (quando se conduz o adubo verde com a cul-
tura principal, ceifando a espécie utilizada como adubo verde e depositando o
material vegetal sobre o solo, para a decomposição e fornecimento de nutrien-
tes à cultura principal ou à sucessora) ou ainda nas faixas de retenção, conforme
ilustrado na seção anterior.
Também é conveniente expor que a adubação verde pode associar em si a
característica de proteção contra insetos-praga, levando-se em conta a adoção
de plantas que produzam compostos repelentes, como é o caso de algumas espé-
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cies que são conduzidas em sistemas de olericultura (cebolinha, coentro, salsa


e pimenta).
Ademais, algumas das plantas que são utilizadas em adubação verde também
possuem compostos alelopáticos, que são definidos como compostos químicos
eliminados ou exsudados pelo sistema radicular destas plantas, com potencial
de inibição à germinação e ao desenvolvimento de outras plantas nocivas, como
é o caso das plantas invasoras.
Um dos exemplos mais bem acabados de alelopatia em espécies utilizadas
como adubação verde é o da Aveia Preta (Avena strigosa). Segundo Ribeiro e
Campos (2013), a aveia preta é rica em escopoletina, um composto secundário
derivado das cumarinas, e que tem efeito inibidor do crescimento radicular das
plantas. Assim, pesquisas têm sido conduzidas no sentido de aproximar o uso
desta adubação verde em específico, com os plantios comerciais, o que repre-
sentaria uma redução de custos com os controles químicos.
Além dos benefícios citados, a pesquisa científica tem evidenciado que algu-
mas espécies usadas como adubos verdes também podem ser utilizadas nos
processos de biorremediação (aqui melhor nominados como “fitorremediação”),
em especial, nos solos salinizados ou contaminados.
No caso da salinização, nós já observamos um exemplo de fitorremediação
neste livro, mais especificamente na Unidade II, quando apresentamos o con-
ceito de Unidades Demonstrativas. Tratou-se do uso da “erva-sal” para a retirada
do excesso de sais das águas salobras do Nordeste Brasileiro.
Por sua vez, considerando o uso de adubos verdes como fitorremediado-
res, Pires et al. (2005) evidenciaram a possibilidade de se utilizar as plantas de

Principais Tecnologias Vinculadas ao Agronegócio


IV

feijão-guandu, feijão-de-porco, lablabe, mucuna-anã, milheto, mucuna-preta e


tremoço branco como fitorremediadoras em solos contaminados com tebuthiu-
ron, um herbicida sistêmico inibidor do fotossistema II. Segundo os mesmos
autores, houve uma sensível redução na fitotoxidade das plantas indicadoras
(aveia preta) quando do uso das supracitadas adubações verdes.
Resultados semelhantes foram obtidos por Morais et al. (2007) quando da
fitorremediação ao herbicida sulfentrazone (herbicida sistêmico inibidor da
enzima protoporfirinogênio oxidase – PROTOX). Neste caso, das várias espécies
de adubos verdes utilizadas, as que mais se destacaram foram o feijão-guandu

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
e o lablabe. Desta maneira, verifica-se que a adubação verde pode ser utilizada
satisfatoriamente como fitorremediadora, em especial, nos casos onde os solos
se encontram contaminados com herbicidas de elevado residual.
Por fim, o último aspecto a ser considerado para as adubações verdes centra-
se no fato destas contribuírem para sequestrar carbono da atmosfera. Atualmente,
não se verifica esse sequestro de maneira mais pronunciada devido ao fato da
adubação verde ainda não ser empregada em larga escala. Todavia, existe um
consenso de que a prática da adubação verde possui significativo potencial de
contribuição para sequestrar o carbono da atmosfera, em um cenário onde os pró-
prios empresários rurais visam compensar suas emissões por meio dessa prática.

PRÁTICAS DE CORREÇÃO DO SOLO

A correção do solo pode ser compreendida como uma técnica que visa assegurar
o correto e completo fornecimento de nutrientes às culturas que são conduzi-
das sobre o mesmo. Para que este objetivo seja cumprido, dois pontos devem
ser observados:
a) A inserção planificada de fertilizantes que permitam a manutenção de
relações nutricionais equilibradas entre os nutrientes disponíveis, de
maneira que a absorção dos mesmos se dê de forma correta.
b) A inserção de condicionadores de solo que permitam que os nutrien-
tes inseridos e os já presentes no solo estejam disponibilizados em sua
máxima faixa de disponibilidade.

A HERANÇA DA REVOLUÇÃO VERDE: PRINCIPAIS TECNOLOGIAS VINCULADAS AO AGRONEGÓCIO


125

Fertilizar o solo não é uma tecnologia recente. Na antiguidade, eram utiliza-


dos estercos de animais e resíduos vegetais para servir de adubo nas plantações
de cereais. Obviamente que com o passar dos séculos, essa tecnologia foi apri-
morada no sentido de se utilizar esses materiais já decompostos, uma vez que
a inserção crua destes materiais implica em desequilíbrios nutricionais severos
que podem culminar com a morte das plantas.
Com o desenvolvimento da Agronomia enquanto ciência e com o advento da
Revolução Verde, outros resíduos, de outras cadeias produtivas, foram testados
para verificar a viabilidade de seu uso na agricultura. Além destes resíduos, a pes-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

quisa também foi direcionada no sentido de encontrar fontes naturais para serem
industrialmente trabalhadas e fornecerem os nutrientes necessários às plantas.
Dessa maneira, após sucessivas pesquisas, chegou-se a algumas conclusões
bastante utilizadas nas atividades agropecuárias até os dias atuais:
a) A nutrição de plantas obedece a uma lógica: existem nutrientes que são
absorvidos de uma maneira elevada, sendo o caso do Nitrogênio, Fós-
foro, Potássio, Enxofre, Cálcio e Magnésio. Estes são os nutrientes mais
demandados nos processos metabólicos das plantas. A estes, nominou-
se de “Macronutrientes”. Por outro lado, existem outros nutrientes (Boro,
Cobre, Cobalto, Molibdênio, Zinco, Manganês, Ferro, Silício e outros de
menor destaque) que são essenciais ao metabolismo das plantas, porém
em baixíssimas concentrações. A estes, nominou-se de “Micronutrientes”.
b) Verificou-se que tanto Macro como Micronutrientes são absorvidos em
suas formas catiônicas ou aniônicas, o que significa que são absorvidos
somente em solução aquosa, em sua máxima biodisponibilidade (por
exemplo, o Nitrogênio não é absorvido em sua forma elementar – N2,
mas sim em sua forma aniônica, o nitrato NO3-).
c) Verificou-se, ainda, que o desenvolvimento vegetal obedece outra lógica. As
plantas se desenvolvem ao máximo em que a disponibilidade de nutrien-
tes permite. Se um dos nutrientes estiver em falta, a planta se desenvolverá
limitada por esta ausência. A isso denominou-se “Lei do Mínimo” ou
“Lei de Justus Von Liebig”, a qual é representada por meio da Figura 36.

Principais Tecnologias Vinculadas ao Agronegócio


IV

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 36 – Lei do Mínimo ou Lei de Justus Von Liebig
Fonte: Comunitexto (2013)

d) Considerando os contextos, seria necessário o fornecimento de um adubo


barato, de fácil obtenção e de fácil absorção, e bastaria que a Lei do Mínimo
fosse cumprida para que o desenvolvimento vegetal pudesse ser con-
duzido ao máximo permitido pelo genótipo das plantas (considerando
logicamente o isolamento dos demais fatores ambientais). Assim, os adu-
bos derivados do petróleo e os de fontes naturais (na maioria, fosfatos),
podem ser largamente empregados na Agricultura.
e) Outro ponto interessante é que, dadas as interações dos nutrientes com o
ambiente do solo, evidenciou-se uma faixa de acidez na qual os nutrientes
(macro e micro) estariam em sua máxima biodisponibilidade. A Figura
37 ilustra essa situação:

A HERANÇA DA REVOLUÇÃO VERDE: PRINCIPAIS TECNOLOGIAS VINCULADAS AO AGRONEGÓCIO


127

Grau de disponibilidade
Ferro, Cobre,
Manganês e Zinco
Molibdênio
e Cloro

Fósforo

Nitrogênio,
Enxofre e
Boro
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Potássio,
Cálcio e
Alumínio Magnésio

4,5 5 5,5 6 6,5 7 7,5 8 8,5 9


pH
Figura 37 – Disponibilidade de nutrientes no solo de acordo com seu pH
Fonte: Malavolta (1979)

Assim, além de fornecer nutrientes, seria necessário adotar práticas que visem
regular o pH do solo, mantendo-o em uma faixa favorável à disponibilidade de
nutrientes. As diversas pesquisas apontaram para o uso de um condicionador
em específico, o Carbonato do Cálcio (CaCO3), mais conhecido como Calcário
Agrícola. A dissociação do Carbonato de Cálcio permite com que se libere Ca2+
à solução de solo ao mesmo tempo em que se captura os prótons H+ e Al3+, os
principais responsáveis pela elevação da acidez do solo. Estes ficarão indisponí-
veis às plantas. Ademais, dependendo da rocha de origem, o calcário também
pode trazer quantidades significativas de óxidos de magnésio (presentes em
maior quantidade quando a rocha de origem for a dolomita, daí o nome calcá-
rio dolomítico). Por isso dizemos que o calcário também fornece quantidades
significativas de Mg2+ às plantas.
Levando-se estes pensamentos em consideração, as necessidades nutricionais das
plantas são atendidas, no entanto, uma crítica válida a este modelo tecnológico
é a falta de critério com a qual se recomenda o uso destes fertilizantes. Existem
diretrizes técnicas para as recomendações, as quais são pautadas em análises de
solos. Tais análises trazem os níveis dos macro e micronutrientes presentes no
solo e através de cálculos e metodologias densamente estudadas desde 1970,

Principais Tecnologias Vinculadas ao Agronegócio


IV

torna-se possível estabelecer o uso racional destes recursos. Todavia, o lado


comercial muitas vezes fala mais alto e quantidades exageradas de adubos são
aplicadas, gerando poluição de solos e águas.
Outro ponto de destaque é que as fontes de adubos químicos não são infi-
nitas. Estima-se que as fontes de fósforo se esgotem em 20 ou 30 anos. Ademais,
estamos passando por sucessivas crises de elevação de preços internacionais do
petróleo, o que causa influências diretas nos preços dos fertilizantes dele deriva-
dos. Desta forma, torna-se necessária a utilização de metodologias alternativas
para a adubação das plantas, inclusive aquelas que reutilizam resíduos de outras

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
cadeias produtivas.
A compostagem é a “reciclagem dos resíduos orgânicos”: é uma técnica
que permite a transformação de restos orgânicos (sobras de frutas e
legumes e alimentos em geral, podas de jardim, trapos de tecido, ser-
ragem, etc.) em adubo. É um processo biológico que acelera a decom-
posição do material orgânico, tendo como produto final o composto
orgânico.

A Fertilizantes Minorgan, localizada na cidade de Mandaguari, Noroeste do


estado do Paraná, tem investido na utilização de resíduos de outras cadeias
produtivas para a produção de fertilizantes organominerais. Em especial,
em sua linha de produção, além de resíduos orgânicos advindos das cadeias
da bovinocultura e avicultura, a empresa tem se utilizado de resíduos de
construção civil (gesso) para adicionar nutrientes aos seus produtos. Para
conferir mais detalhes, acesse: <www.minorgan.com.br>.
Nesse sentido, técnicas como a compostagem e a vermicompostagem
apresentam uma grande importância no sentido de reutilizar os resíduos
orgânicos (esterco bovino, cama de aviário, resíduos de abatedouros, resí-
duos alimentares, resíduos de varrição de ruas e outros) como base para a
produção de um composto orgânico de elevada qualidade. A diferenciação
entre compostagem e vermicompostagem é que nesta última se utilizam
anelídeos para contribuir com o processo (minhocas).
Segundo Brasil (2014b, online)

A HERANÇA DA REVOLUÇÃO VERDE: PRINCIPAIS TECNOLOGIAS VINCULADAS AO AGRONEGÓCIO


129

A compostagem é uma forma de recuperar os nutrientes dos resíduos orgâ-


nicos e levá-los de volta ao ciclo natural, enriquecendo o solo para agricultura
ou jardinagem. Além disso, é uma maneira de reduzir o volume de lixo produ-
zido pela sociedade, destinando corretamente um resíduo que se acumularia
nos lixões e aterros gerando mau-cheiro e a liberação de gás metano (gás de
efeito estufa 23 vezes mais destrutivo que o gás carbônico) e chorume (líquido
que contamina o solo e as águas). Hoje, cerca de 55% do lixo produzido no país
é composto por resíduos orgânicos, que sofrem o soterramento nos aterros e
lixões, impossibilitando sua biodegradação.
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Apenas 1,5% dos resíduos orgânicos era reciclado no Brasil em 1999 - na


Inglaterra esse índice chega a 28%, 12% nos EUA, e 68% na Índia. Há várias
experiências internacionais de recolhimento de resíduos orgânicos para compos-
tagem, com a distribuição gratuita do adubo resultante do processo à população
local. Dessa maneira, fica claro para a sociedade que aquele resíduo tem valor,
pois retorna aos cidadãos como um benefício que os economiza o dinheiro que
empregariam na compra de fertilizantes industrializados.
Por fim, caro(a) leitor(a), ainda dentro do tema “Práticas de correção de solo”,
uma tecnologia fundamental tem auxiliado os produtores a estabelecer plantios
mais sustentáveis do ponto de vista nutricional e também do ponto de vista dos
estresses hídricos: a gessagem agrícola.
Principalmente no Cerrado Brasileiro, onde os solos tendem a ser acidificados,
as raízes das plantas tendem a encontrar ambientes favoráveis para seu desen-
volvimento somente nas camadas superficiais do solo, onde estão os nutrientes
necessários e a acidez é tolerável. Todavia, em subsuperfície, não se verifica esta
disponibilidade de nutrientes, o que faz com que as raízes não se desenvolvam
em profundidade, ficando, portanto, superficializadas.
Do ponto de vista agronômico, tal fato não é interessante, pois expõe as plan-
tas às intempéries, em especial, aos estresses hídricos, reduzindo o seu potencial
produtivo. Para sanar esses problemas, a pesquisa agropecuária descobriu que
a aplicação de Sulfato de Cálcio di-hidratado (CaSO4 + 2H2O), gesso agrícola,
tem solucionado esta problemática, uma vez que sua aplicação no solo permite
que os nutrientes das camadas superficiais possam se deslocar às camadas sub-
superficiais, criando um ambiente mais favorável ao desenvolvimento das raízes.

Principais Tecnologias Vinculadas ao Agronegócio


IV

É importante que se diga que o gesso agrícola não possui potencial para alte-
rações significativas do pH do solo, pois não se observa capturas dos íons H+ e
Al3+ tal como visto no calcário agrícola. Todavia, dada a conformação química
de sua molécula, o gesso agrícola tem especial poder de carrear os nutrientes
para a subsuperfície.
A Figura 38 ilustra a ação do gesso agrícola nas raízes de algodão plantado
no Cerrado Brasileiro. Note como a planta da direita possui um sistema radicu-
lar mais ramificado e distribuído nas quadrículas em comparação com a planta
da esquerda.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Desta forma, podemos evidenciar como as tecnologias aplicadas ao agronegó-
cio, em especial as de correção de solos, são importantes no sentido de manter
condições para as plantas estabelecerem maiores produtividades.

©EMBRAPA

Figura 38 – Comparativo de desenvolvimento de raízes de algodão em profundidade, na ausência


na presença de gesso

A HERANÇA DA REVOLUÇÃO VERDE: PRINCIPAIS TECNOLOGIAS VINCULADAS AO AGRONEGÓCIO


131

ROTAÇÃO DE CULTURAS

A Rotação de Culturas é uma prática conservacionista que visa a diminuição


da pressão de exploração do solo por uma ou algumas culturas em esquema de
sucessão (por exemplo, soja e milho segunda safra).
Consiste na planificação temporal e espacial do rodízio de culturas que pos-
suam características distintas ao nível morfológico (sistema radicular), ciclo
vegetativo (épocas distintas de sementeira e colheita), e ao nível da sua resistên-
cia a pragas e doenças, o que contribui para a melhoria das características físicas,
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

químicas e biológicas dos solos. A rotação de culturas pode melhorar a estrutura


do solo, quer pela introdução de matéria orgânica, quer pela porosidade bioló-
gica criada pelas raízes das culturas (BARROS; CALADO, 2011).
Além disso, a Rotação de Cultura em muito contribui para o controle de pra-
gas, doenças e plantas invasoras, dadas as diferenças de padrões ilustradas por
Barros e Calado (2011). Essas doenças, pragas e plantas invasoras não se instalam
com a mesma facilidade que se instalariam em sistemas de monoculturas suces-
sivas. Ademais, a própria rotação de culturas, se bem planejada, pode propiciar
ambientes favoráveis para o desenvolvimento de indivíduos que exerçam o con-
trole biológico e cultural das pragas/doenças e plantas invasoras, respectivamente.
A Figura 39 ilustra um modelo de Rotação de Culturas voltado para a recu-
peração de pastos degradados. Note que a área da propriedade foi sistematizada
em três áreas ou talhões e em cada área ou talhão uma cultura ou atividade dife-
rente foi conduzida.

Principais Tecnologias Vinculadas ao Agronegócio


IV

Área 1 Área 2 Área 3


MILHO SILAGEM
PASTO PASTO
1o ANO +
DEGRADADO DEGRADADO
FARROGEIRA
MILHO SILAGEM MILHO SILAGEM
PASTO
2o ANO + +
DEGRADADO
FORRAGEIRA FORRAGEIRA
MILHO SILAGEM MILHO SILAGEM
3o ANO PASTO + +

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FORRAGEIRA FORRAGEIRA
MILHO SILAGEM MILHO SILAGEM
4o ANO + PASTO +
FORRAGEIRA FORRAGEIRA
MILHO SILAGEM MILHO SILAGEM
5o ANO + + PASTO
FORRAGEIRA FORRAGEIRA
MILHO SILAGEM MILHO SILAGEM
6o ANO PASTO + +
FORRAGEIRA FORRAGEIRA
Figura 39 – Sistema de rotação de culturas proposto para a recuperação de uma área degradada
Fonte: EMBRAPA (2014)

Não existe uma fórmula para se instalar um sistema de rotação de culturas. Isso
varia de acordo com as explorações econômicas conduzidas na área e com os
fatores bióticos e abióticos que se encontram presentes. Uma sábia decisão é a
associação dos conhecimentos técnicos do Engenheiro Agrônomo, dos conhe-
cimentos de mercado do Gestor em Agronegócios e dos conhecimentos tácitos
do Agricultor, o qual poderá permitir a inserção de espécies complementares
entre si e que estabeleçam definitivamente os princípios da sustentabilidade nas
produções agropecuárias.

A HERANÇA DA REVOLUÇÃO VERDE: PRINCIPAIS TECNOLOGIAS VINCULADAS AO AGRONEGÓCIO


133

OUTRAS TECNOLOGIAS DE INTERESSE

Você tem percebido que as discussões sobre as tecnologias aplicadas ao agro-


negócio são bastante profícuas e trazem diversos elementos que levam a novas
discussões? De fato, caro(a) leitor(a), teríamos que investir em uma obra inteira
só para discutir acerca da maioria das tecnologias que têm sido utilizadas no
campo do Agronegócio.
Mas para não deixá-lo(a) sem informações, vamos proceder a ilustração de
mais algumas tecnologias:
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a. Transgenia
A transgenia foi uma tecnologia lançada ao mercado em 2003 com o lança-
mento da Soja Roundup Ready (Monsanto). Consiste na inserção de trechos do
genoma de outro organismo (organismo doador) em um organismo receptor
(neste caso, a planta de soja). Nos processos metabólicos, este material genético
estranho será lido da mesma maneira que o material genético nativo do orga-
nismo receptor, de forma a expressar sua característica específica.
No caso da Soja Roundup Ready, a característica expressada foi a resistên-
cia ao herbicida glifosato. Normalmente, este herbicida impediria a fabricação
de aminoácidos de cadeias aromáticas derivados do corismato. Estes aminoá-
cidos dependem da ação da enzima EPSPS (que já explanamos neste material).
O glifosato impede a ação desta enzima e bloqueia a cadeia de síntese dos ami-
noácidos, algo que não acontece com o indivíduo transgênico, que cria rotas
alternativas para esta síntese, tornando a planta resistente.
A transgenia hoje tem sido difundida em especial para o controle de lagartas
desfolhadoras e broqueadoras, como é o caso da lagarta do cartucho do milho
(Spodoptera frugiperda) e da lagarta das maçãs do algodoeiro (Heliothis virescens).
A tecnologia Bt (Bacillus thuringiensis) permite com que o milho, o algodão e
mesmo a soja expressem um gene transgênico que produz uma proteína crista-
lizada chamada genericamente de Cry, a qual, ingerida pelas lagartas, promove
o rompimento de seus tecidos internos, matando-as.
É interessante notar que a transgenia é uma tecnologia poupadora do uso de
inseticidas, o que para o ambiente é algo extremamente relevante, melhorando

Principais Tecnologias Vinculadas ao Agronegócio


IV

sua qualidade. Contudo, existem ainda pontos obscuros no uso desta tecnolo-
gia, em especial, no que tange aos efeitos nocivos à saúde humana e a própria
erosão genética promovida sobre as plantas tradicionais, reduzindo seu cultivo
e estabelecendo uma contaminação de material genético no caso das plantas
de fecundação cruzada (milho, por exemplo, onde as principais preocupações
centram-se na contaminação de cultivares tradicionais pelo pólen transgênico,
reduzindo a variabilidade genética da cultura).
Dadas as vantagens e preocupações, ainda se considera como uma tecnolo-
gia válida o uso de transgênicos.

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b. Manejo integrado de pragas, doenças e plantas invasoras
Muitos dos princípios do Manejo Integrado de Pragas, Doenças e Plantas Invasoras
foram explanados ao longo das tecnologias anteriormente citadas neste material.
A adubação verde, rotação de culturas e adoção de práticas conservacionistas
permitem com que as pragas, doenças e plantas invasoras diminuam sua pres-
são sobre as plantas cultivadas.
Porém, o monitoramento destas doenças e pragas, a adoção de controles
diversificados e a própria adoção de princípios agroecológicos permitem com
que as culturas sejam conduzidas em ambientes mais favoráveis e produtivos,
elevando a qualidade dos processos e dos alimentos produzidos.

c. Integração Lavoura – Pecuária – Floresta


A Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF)
promove a recuperação de áreas de pastagens degra-
dadas agregando, na mesma propriedade, diferentes
sistemas produtivos, como os de grãos, fibras, carne,
leite e agroenergia. Busca melhorar a fertilidade do
solo com a aplicação de técnicas e sistemas de plan-
tio adequados para a otimização e a intensificação de
seu uso. Dessa forma, permite a diversificação das
atividades econômicas na propriedade e minimiza
os riscos de frustração de renda por eventos climáti-
cos ou por condições de mercado (BRASIL, 2014c).

A HERANÇA DA REVOLUÇÃO VERDE: PRINCIPAIS TECNOLOGIAS VINCULADAS AO AGRONEGÓCIO


135

A integração também reduz o uso de agrotóxicos, a abertura de novas áreas


para fins agropecuários e o passivo ambiental. Possibilita, ao mesmo tempo, o
aumento da biodiversidade e do controle dos processos erosivos com a manu-
tenção da cobertura do solo. Aliada a práticas conservacionistas, como o plantio
direto, se constitui em uma alternativa econômica e sustentável para elevar a pro-
dutividade de áreas degradadas (BRASIL, 2014c).

d. Demais tecnologias
1. Agroindustrialização.
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2. Rastreamento de produtos.
3. Uso do Enterprise Resource Planning (Planejamento de Recursos Empre-
sariais) – ERP nas cadeias produtivas.
4. Uso da biotecnologia na produção de cultivares mais resistentes às con-
dições bióticas e abióticas de produção.
5. Uso de indicadores químicos na tecnologia de aplicação de agrotóxicos.
6. Tecnologias de segurança do trabalho e saúde ocupacional (NR 31, NR
32 e NR 36).
7. Tecnologias de previsão do tempo.
8. Tecnologias de mecanização agrícola de baixo impacto.
9. Dentre outras.
Você deve ter sentido falta de alguma coisa, não é? Tecnologias importantes,
como a Agroecologia, Agricultura de Precisão e Agroenergia não foram citadas
no material (até agora). Deixaremos isso para a segunda metade da Unidade V,
onde abordaremos as “Tecnologias Limpas” com melhor propriedade.

Principais Tecnologias Vinculadas ao Agronegócio


IV

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por meio da Unidade IV, pudemos evidenciar a variedade de tecnologias que


são utilizadas nos diferentes modelos produtivos. Desde técnicas mais simples,
como a de plantio direto, até técnicas de maior complexidade, como é o caso da
utilização da biotecnologia por meio da transgenia, verificamos que seu objetivo
é aumentar a produtividade e a eficiência das atividades agropecuárias.
Cada tecnologia possui sua relevância e como se trata de um conjunto rela-
tivamente numeroso, torna-se necessária a presença de um profissional que lide

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
com o processo de gestão da adoção das inovações, bem como de sua gestão ope-
racional, organizando a utilização das mesmas e os recursos que são necessários
para que os trabalhos sejam plenamente executados.
Nós não terminamos nossas discussões sobre as tecnologias aplicadas ao
Agronegócio. Em nossa próxima Unidade, estabeleceremos novas discussões a
respeito do tema, entretanto, sob um novo enfoque: o da Sustentabilidade.
Já não é possível considerar processos de desenvolvimento agropecuário sem
considerar seus impactos em nível ambiental, social, econômico, cultural e polí-
tico. Desta maneira, estabeleceremos uma discussão acerca das perspectivas da
sustentabilidade e, posteriormente, discutiremos sobre algumas tecnologias de
menor impacto: as tecnologias limpas.

A HERANÇA DA REVOLUÇÃO VERDE: PRINCIPAIS TECNOLOGIAS VINCULADAS AO AGRONEGÓCIO


137

1. Segundo Santiago e Rossetto (2013), os solos brasileiros são ácidos em sua maio-
ria. Ainda segundo estes autores, a acidez, representada basicamente pela pre-
sença de dois componentes - íons H+ e Al+3 -, tem origem pela intensa lavagem
e lixiviação dos nutrientes do solo, pela retirada dos nutrientes catiônicos pela
cultura sem a devida reposição e, também, pela utilização de fertilizantes de ca-
ráter ácido. Diante desta acidez e da falta de nutrientes no solo, os processos
de calagem e gessagem possuem grande importância. Sobre estes processos,
assinale a alternativa correta:
a) Tanto a calagem como a gessagem possuem o papel de alcalinizar o solo.
b) Somente a calagem possui o papel de alcalinizar o solo, tendo em vista que a
gessagem não possui potencial para essa alcalinização, embora apresente fun-
damental importância no transporte de nutrientes em profundidade.
c) A redução da acidez promovida pelos dois processos (calagem e gessagem) é
fundamental para o aumento na disponibilidade de macronutrientes (Cálcio,
Magnésio, Enxofre, Nitrogênio, Fósforo e Potássio).
d) A redução do pH do solo promovida pelos dois processos (calagem e gessagem)
é fundamental para o aumento na disponibilidade de macronutrientes (Cálcio,
Magnésio, Enxofre, Nitrogênio, Fósforo e Potássio).
e) Somente a gessagem possui o papel de alcalinizar o solo, tendo em vista que a
calagem não possui potencial para esta alcalinização, embora apresente funda-
mental importância no transporte de nutrientes em profundidade.
2. A rotação de culturas consiste em alternar espécies vegetais, no correr do tempo,
numa mesma área agrícola. As espécies escolhidas devem ter propósitos comer-
ciais e de manutenção ou recuperação do meio-ambiente (EMBRAPA, 2004). So-
bre a rotação de culturas, julgue os itens a seguir e assinale a alternativa correta.
I – Para a obtenção de máxima eficiência da capacidade produtiva do solo, o plane-
jamento de rotação deve considerar, além das espécies comerciais, aquelas destina-
das à cobertura do solo, que produzam grandes quantidades de biomassa, cultiva-
das quer em condição solteira ou em consórcio com culturas comerciais.
II – O melhor controle de pragas e doenças nos sistemas rotacionados se deve à ma-
nutenção de um mesmo padrão, considerando os sistemas radiculares das plantas.
III – Os sistemas de rotação de culturas podem ser imediatamente implantados, sem
considerar tempos de adaptação, as aptidões agrícolas das áreas ou mesmo a ade-
quação dos sistemas junto às características ambientais das microbacias onde as
propriedades rurais encontram-se inseridas.
IV – O uso da rotação de culturas conduz à diversificação das atividades na proprie-
dade, que pode ser exclusivamente de culturas anuais ou culturas anuais e pasta-
gens, o que demanda planejamento da propriedade a médio ou mesmo a longo
prazos. A escolha das culturas e do sistema de rotação deve ter flexibilidade, de
modo a atender às particularidades regionais e às perspectivas de comercialização
dos produtos.
Estão CORRETOS:
a) Somente o item I.
b) Somente o item II.
c) Somente os itens II e III.
d) Somente os itens I e IV.
e) Somente os itens I, II e IV.
3. A adubação é um processo que tem por objetivo inserir no solo os nutrientes
necessários e de forma equilibrada para que as culturas possam estabelecer seu
máximo desenvolvimento. Sobre o processo de adubação, assinale a alternativa
correta:
a) O máximo desenvolvimento das plantas, considerando sua adubação, leva em
conta o conceito da “Lei do Mínimo”, que diz que o desenvolvimento das plantas
é limitado pelo nutriente que estiver presente em mínimas quantidades no solo.
b) Para adubar uma área agrícola, necessita-se somente da recomendação técnica
que é fornecida pelos institutos de pesquisa. Isso representa uma economia con-
siderável, tendo em vista que as análises nutricionais do solo são extremamente
caras.
c) A amostragem de solo é condição essencial para uma boa adubação. Trata-se de
um processo simples no qual apenas uma amostra é capaz de revelar as condi-
ções nutricionais do solo de extensas glebas.
d) Os micronutrientes são assim chamados por serem nutrientes com ampla de-
manda pelas plantas, de maneira geral.
e) Todas as alternativas estão corretas.
MATERIAL COMPLEMENTAR

Em 2012, o programa Globo Rural, exibido pela Rede Globo de Televisão, demonstrou
em uma de suas reportagens a diferença entre o sistema de plantio convencional e
de plantio direto, ilustrando quais os princípios deste último sistema que permitem
concluir que se trata de um sistema mais sustentável. Confira a reportagem no link:
<http://www.youtube.com/watch?v=hkTj-M781BE>.

Atualmente, um dos desafios da humanidade é estabelecer um processo de produção


sustentável de alimentos. Quando falamos em produção sustentável, também estamos
falando do ponto de vista de nutrição de plantas e do ponto de vista energético.
Assim, o vídeo em questão é uma compilação de uma série de reportagens exibidas no
programa Globo Rural – Rede Globo, as quais têm como tema principal “Agropecuária
Sustentável e Bioenergia”. A compostagem e a vermicompostagem também estão
presentes nestas reportagens. Acesse: <http://youtu.be/qFkTzIl2su8>.

Para conhecer melhor o sistema de terraceamento e outras práticas conservacionistas,


consulte a seguinte referência de literatura:
ZONTA, J. H. Práticas de Conservação de Solo e Água. Embrapa – Circular Técnica 133. Campina
Grande-PB: EMBRAPA, 2012. 24p. Disponível em: <http://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/
bitstream/doc/928493/1/CIRTEC133tamanhografica2.pdf>. Acesso em 21 out. 2014.
Sinopse: Trata-se de uma circular técnica produzida pela Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária – EMBRAPA, a qual ilustra as principais práticas de conservação de solos e águas.
Dentre elas, terraceamento, faixas de retenção, rotação de culturas e adubação verde são
destaques. Quando se fala em práticas de conservação de solos, estamos nos retratando em
práticas agropecuárias que conservam o solo em sua estrutura, composição e microbiologia, de
maneira a manter suas condições de vida e produtividade. Por consequência, a manutenção das
condições de infiltração de água também é relevante, o que contribui para a manutenção da
umidade e dos lençóis freáticos ou bolsões de água que possam estar contidos neste sistema. É
uma leitura simples, acessível e de fácil compreensão.

Material Complementar
MATERIAL COMPLEMENTAR
Professor Me. Tiago Ribeiro da Costa

SUSTENTABILIDADE E

V
UNIDADE
TECNOLOGIAS LIMPAS

Objetivos de Aprendizagem
■■ Alinhar e alicerçar os diferentes conhecimentos sobre
Sustentabilidade e Meio Ambiente para direcionar o aprendizado
sobre Tecnologias Limpas.
■■ Compreender os critérios que fazem com que as tecnologias possam
ser consideradas como “limpas”.
■■ Analisar os exemplos de tecnologias limpas que têm sido aplicados
no Agronegócio.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ As diferentes perspectivas da sustentabilidade
■■ A relação entre sustentabilidade e necessidades
■■ Tecnologias limpas
143

INTRODUÇÃO

Chegamos à última Unidade deste material. Realmente, é uma pena quando


estamos finalizando a discussão de um tema tão interessante, tão prazeroso. Mas
trata-se de uma Unidade que nos permite refletir de que forma nós devemos esta-
belecer nossos padrões de desenvolvimento com as tecnologias.
Conforme abordado ao final da quarta Unidade, não podemos mais nos
desenvolver sob o atual paradigma, o qual considera o uso indiscriminado dos
recursos em uma visão meramente tecnicista. Precisamos compreender o que é
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a Sustentabilidade, imbricando-a em nossas práticas e cristalizando-a nos mode-


los tecnológicos que forem desenvolvidos daqui em diante.
Este entendimento nos será dado pela discussão inicial desta Unidade e nos
servirá de subsídio para compreender o papel das tecnologias limpas no cum-
primento da tarefa de estabelecer este novo paradigma de desenvolvimento.
Apresentaremos apenas as tecnologias mais conhecidas em termos opera-
cionais e de gestão, sem a intenção de aprofundar demasiadamente no assunto.
Da mesma forma, não pretendemos esgotar o portfólio de tecnologias limpas.
Assim, espero que, por meio destas discussões, você possa conhecer as princi-
pais tecnologias e compreender os momentos certos em se aplicar as mesmas
nos diferentes contextos.
Bons estudos nesta última Unidade.

Introdução
V

AS DIFERENTES PERSPECTIVAS DA SUSTENTABILIDADE

Caro(a) leitor(a), a partir deste instante, estabeleceremos um diálogo na tenta-


tiva de problematizar sobre a sustentabilidade. Mas, para que iniciemos este
diálogo, é importante que você reflita consigo(a) mesmo(a):

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O que sei sobre sustentabilidade?

Diferentemente de alguns outros assuntos, os quais explorei junto a outros leitores


e em áreas de conhecimento diferentes, como Empreendedorismo e Segurança
do Trabalho, a sustentabilidade é um assunto que permeia o nosso diálogo e as
nossas ações, e isso de maneira crescente.
Não obstante, você ouve sobre o termo sustentabilidade nas diferentes mídias
e certamente este termo se encontra associado à vertente ambiental de seu signi-
ficado. Também espero que a resposta de sua reflexão, mesmo que aborde outras
vertentes da sustentabilidade, esteja amplamente focada no ambiental.
O fato é que, muitas vezes, temos uma ideia delimitada sobre a sustentabi-
lidade, que advém de uma ideia limitada sobre o próprio conceito de ambiente.
Ademais, em ambos os casos (sustentabilidade e ambiente), os conceitos limitados
que possuímos são derivados de uma visão filosófica antropocêntrica que beira
o iluminismo, ou seja, o desenvolvimento da ciência e das tecnologias realizado

SUSTENTABILIDADE E TECNOLOGIAS LIMPAS


145

em “caixas” de conteúdos isolados e não inter-relacionados.


Para se ter uma ideia, segundo Costa (2012), o Antropocentrismo, teoria a
qual apregoa uma “troca” quanto ao elemento principal do universo (de Deus para
ser humano), entrou em cena, em meados do século XIV, com o Renascimento.
Não obstante, o nome “Renascimento” sugere o ressurgir do homem e de sua
capacidade de modificar o meio a partir de um cenário de “trevas” advindo da
Idade Média.
Neste momento, o desenvolvimento da razão e das ciências permitiu ao ser
humano a compreensão de muitos fenômenos naturais e humanos, até então
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creditados às entidades divinas.


Não se tratava do primeiro momento histórico no qual o ser humano era
protagonista no desenvolvimento de suas atividades, mas certamente foi o mais
auspicioso nessa questão, afinal, graças ao poder inventivo do ser humano, tra-
duzido por sua capacidade de modificar o meio, grandes feitos na história da
humanidade foram executados, tais como as grandes navegações, o desenvolvi-
mento das leis universais da física e das demais ciências (sociologia, matemática,
anatomia, dentre outras), e a própria Revolução Industrial, um marco histórico
no campo do trabalho que modificou drasticamente as bases sociais, econômi-
cas, ambientais e políticas da sociedade Europeia, nos séculos XVIII e XIX, e da
sociedade mundial no século XX (COSTA, 2012).
Podemos considerar que as atividades humanas descritas, não somente com
o desenvolvimento da visão antropocêntrica, mas ao longo de sua existência no
planeta, geraram (e ainda geram) impactos consideráveis no ambiente, os quais
também abarcam as “bases sociais, econômicas, ambientais e políticas” das socie-
dades (COSTA, 2012).
Perceba que, em apenas uma curta discussão, já estamos desmontando nos-
sos conceitos iniciais sobre sustentabilidade e ambiente, uma vez que estes termos
também comportam esses diferentes elementos: social, econômico e político,
além do próprio ambiental. Entretanto, ainda não inserimos nesta discussão a
máxima relação entre a conceituação de sustentabilidade e a visão antropocêntrica.
Para tal, observe o conceito adaptado sobre sustentabilidade retirado do
Relatório de Brundtland, produzido por meio da Organização das Nações Unidas,
em 1987:

As Diferentes Perspectivas da Sustentabilidade


V

A sustentabilidade, representada pelo desenvolvimento sustentável, é


aquela que aborda o atendimento das necessidades das gerações atuais
sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atenderem a
suas necessidades e aspirações (ONU, 1987, adaptado pelos autores).

Sobre o conceito supracitado de sustentabilidade, Boff (2012) afirma que o


mesmo é correto, mas possui duas limitações: é antropocêntrico (só considera o
ser humano, conforme já havíamos abordado) e nada diz sobre a comunidade de
vida (outros seres vivos que também precisam da biosfera e de sustentabilidade).
Ademais, Boff (2012) apresenta uma série de elementos que permeiam
o que seria uma construção de um novo conceito do termo sustentabilidade.

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Segundo este autor, a sustentabilidade pode ser encarada como toda ação des-
tinada a manter as condições energéticas, informacionais, físico-químicas que
sustentam todos os seres, especialmente a Terra viva, a comunidade de vida e a
vida humana, visando a sua continuidade e ainda a atender as necessidades da
geração presente e das futuras de tal forma que o capital natural seja mantido e
enriquecido em sua capacidade de regeneração, reprodução, e coevolução.
Outrossim, sem considerar todas as condições necessárias para o surgi-
mento dos seres, a sustentação da Terra Viva enquanto organismo, a sustentação
da comunidade e da vida humana, a continuidade do processo evolutivo e sem
considerar o atendimento racional das necessidades das atuais e futuras gera-
ções, qualquer discurso, segundo Boff (2012) é mera retórica.
Por meio das informações até aqui discutidas, depreendemos que os elementos
que devem estar presentes em uma conceituação mais ampla sobre sustentabili-
dade podem ser apresentados por meio das seguintes afirmações:
■■ O ser humano pode não estar no mesmo nível dos demais seres vivos,
considerando seu desenvolvimento cognitivo, mas faz parte de uma rede,
ou organismo natural altamente sensível à sua ação, e este ser humano é
(ou deveria ser) consciente deste fato. Essa consideração revela o novo
marco teórico-filosófico sobre a sustentabilidade, pautado basicamente
na visão holística.
■■ Ainda, de acordo com a visão holística, tanto o meio de atuação do ser
humano, entendido como “ambiente”, como as consequências desta atua-
ção, são inseridas em um contexto físico (ou seja, concreto) e/ou abstrato
(no nível das ideias), causando influências ou gerando influências a partir

SUSTENTABILIDADE E TECNOLOGIAS LIMPAS


147

do meio natural, social, econômico e político. Neste ponto, inserem-se


os pilares da sustentabilidade (Social, Econômico, Ambiental e Político).
■■ Tais elementos são considerados como pilares por sua essencialidade no
que se chama de “desenvolvimento sustentável”. Desta forma, qualquer
processo de desenvolvimento só pode ser considerado sustentável e, por
consequência, somente se pode falar em sustentabilidade, quando este
processo é socialmente includente e equitativo, ambientalmente coerente
e conservacionista e economicamente viável e participativo.

Perceba que a sustentabilidade, portanto, abarca uma série de outros conceitos e


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ideias que ultrapassam a simploriedade com a qual o tema é tratado. Além disso,
você deve ter lido ou ouvido falar que a sustentabilidade, traduzida em um pro-
cesso de desenvolvimento sustentável, classicamente aborda somente três pilares:
o social, o econômico e o ambiental. E o pilar político? Isso será melhor escla-
recido por meio da próxima seção desta Unidade.

A RELAÇÃO ENTRE SUSTENTABILIDADE E


NECESSIDADES

Para que possamos compreender os motivos que fazem com que o “político”
também seja um pilar da sustentabilidade, primeiramente é necessário compre-
ender sobre a força que impele a ação humana, ou seja, a necessidade.
Existem diversas discussões que tentam explicar de que forma a necessi-
dade humana influencia em sua ação. Uma delas tenta relacionar as necessidades
humanas, por meio da Teoria das Necessidades de Maslow, e a dualidade ple-
nitude-crise. Essa discussão é apresentada por meio da Leitura Complementar
intitulada “Dinâmica evolutiva da humanidade embasada na dualidade pleni-
tude-crise”, que se encontra ao final desta Unidade.
O excerto trazido por meio desta Leitura Complementar tem origem em
uma discussão sobre a evolução histórica do Empreendedorismo, mas que tam-
bém pode ser plenamente aplicado em nossa discussão sobre sustentabilidade e

A Relação entre Sustentabilidade e Necessidades


V

a relação que esta possui com as necessidades humanas.


Perceba que as ações humanas citadas ao longo da Leitura Complementar
foram tomadas de maneira a atender a necessidade de superação de um estado
de crise, gerado por decisões anteriores que também atendiam às necessidades
anteriores nestes ciclos de superação de crises.
Ainda, a evolução histórica dos casos apresentados na Leitura Complementar
também demonstra que o estado de plenitude das soluções tem se tornado cada
vez mais efêmero, tanto em nível coletivo como em nível individual. Isto, atrelado
às infinitas necessidades humanas, tem colocado em xeque o próprio modelo de

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desenvolvimento humano, onde o questionamento principal pode ser traduzido
pela seguinte pergunta:
Como se desenvolver considerando os prin-
cípios de sustentabilidade?
Trata-se de uma pergunta de difícil res-
posta, pois a sustentabilidade em si impõe,
de certa maneira, limitações às necessidades
humanas. Michellon (2006), em seu livro “O
dinheiro e a natureza humana: como chegamos
ao moneycentrismo?”, ao discutir sobre a natu-
reza humana, coloca, entre outras palavras, que
poucas perspectivas sobre sustentabilidade são
esperadas de civilizações que colocam suas neces-
sidades acima dos parâmetros coletivos. Tal fato, segundo o autor, é traduzido
ao extremo em sua expressão “deus Dinheiro”.
Em um cenário de limitações às necessidades humanas, somente duas ações
podem ser esperadas, isto considerando sociedades de princípios democráticos:
a ação individual sobre o coletivo (prosperidade individual ou de poucas socie-
dades) ou a ação coletiva sobre o individual (neste caso, a palavra-chave mais
aplicável seria “cessão”).

SUSTENTABILIDADE E TECNOLOGIAS LIMPAS


149

Historicamente, os seres humanos, principalmente considerando as socieda-


des europeias e norte-americanas, já passaram pelo período de “Ação Individual
sobre o Coletivo”, especialmente no período pós-Segunda Guerra Mundial. O
incentivo ao consumo e à exploração do meio natural proximal (ao alcance des-
tas sociedades) gerou os chamados “Ways of life”. Entretanto, a “prosperidade”
desses países não durou sequer 70 anos. As atuais crises econômicas que aba-
lam esses países são a maior prova desta situação insustentável, onde apenas o
econômico fora considerado.
Atualmente, os seres humanos estão passando por um momento difícil em
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sua história: como gerar empregos e renda em um ambiente economicamente


solidário, conservando os recursos naturais, tão escassos?
Neste momento, a Ação Coletiva sobre a Individual ganha ares de protago-
nismo, entretanto, sobrepor as necessidades coletivas sobre as individuais nunca
foi um exercício fácil, exigindo grande capacidade de negociação por parte dos
atores envolvidos.
Neste cenário de negociação, onde ceder, estabelecer metas, cumprir prazos,
revisar modelos de desenvolvimento, dividir e, principalmente, responsabilizar-
se pelo processo de mitigação e/ou compensação são palavras de ordem, conflitos
de interesses são implantados e a resolução de tais conflitos, com a equalização
das necessidades e responsabilidades, torna-se uma tarefa extremamente des-
gastante. Esta negociação caracteriza a vertente política da sustentabilidade.
Em outras palavras, não se pode falar em sustentabilidade, com sua clássica
tríade Ambiental-Social-Econômica, sem que os diversos fatores intrínsecos
a cada um destes elementos seja amplamente negociado e acordado. Não há
sustentabilidade sem a anuência dos seres humanos e esta anuência depende
principalmente da política praticada entre estes seres.
E neste cenário, caro(a) leitor(a), como as Tecnologias se inserem? Existem
tecnologias sustentáveis? Vamos lhe esclarecer essas questões na próxima seção
desta Unidade.

A Relação entre Sustentabilidade e Necessidades


V

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TECNOLOGIAS LIMPAS

Segundo Perreti et al. (2007, p. 3):


A definição de Produção mais Limpa (ou tecnologia limpa) foi desen-
volvida pela UNEP (United Nations Environment Programme) em Paris
no ano de 1989. Desde então, tem se expandido e uma orientação de
desenvolvimento sustentado foi adicionada.

Produção mais Limpa é uma abordagem sistematicamente organiza-


da para atividades de produção, a qual tem efeitos positivos no meio
ambiente. Estas atividades incluem minimização de uso de recursos,
ecoeficiência melhorada e redução na fonte, com objetivo de melhorar
a proteção do meio ambiente e reduzir riscos para os organismos vivos.

A Produção mais Limpa também pode ser entendida como a aplica-


ção de uma estratégia técnica, econômica e ambiental integrada aos
processos e produtos, a fim de aumentar a eficiência no uso de maté-
rias-primas, água e energia, através da não geração, minimização ou re-
ciclagem dos resíduos e emissões com benefícios ambientais, de saúde
ocupacional e econômica.

Quando associamos o pensamento “tecnologias limpas”, ou mesmo “produção


mais limpa”, às atividades agropecuárias, estamos nos reportando a uma série
de medidas que visam reduzir os impactos ao mesmo tempo em que se estabe-
lece um pensamento sistêmico e sustentável.

SUSTENTABILIDADE E TECNOLOGIAS LIMPAS


151

As atividades agropecuárias em si são altamente demandantes de recur-


sos naturais, principalmente quando nos reportamos à agricultura empresarial,
monocultora. Por mais que se fale em aumentos de produtividade com as pes-
quisas em melhoramento genético e práticas de manejo em nível de campo, não
se tem observado uma redução na produção de resíduos potencialmente perigo-
sos e de insumos. Muito pelo contrário, o que se observa é uma intensificação no
uso de insumos, dada a permanência do ideário simplório da Revolução Verde
(mais insumos = mais produção).
Além disso, uma observação pessoal de minha parte precisa ser comparti-
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lhada: no momento em que escrevia este material, decidi olhar pela janela de
minha sala. Moro em um sobrado na extremidade da cidade de Maringá. Pela
janela, consigo observar várias áreas agrícolas produtoras de soja e milho no
verão e trigo no inverno. Por sorte, conheço os agricultores das propriedades
que enxergo de minha janela. Já executei alguns trabalhos com eles nas épocas
em que trabalhava como extensionista recém-formado.
O que me chamou a atenção foi a coloração do terreno: vermelha! Mas, para
quem pratica plantio direto, ter a coloração vermelha do solo tão evidente indica
algum erro metodológico. O que aconteceu é que, dada a insustentabilidade do
uso exclusivo de herbicidas para controle de plantas invasoras, a única saída foi
retroceder do plantio direto ao plantio convencional. Foi a única alternativa para
o controle dessas plantas invasoras (cortar e incorporar).
“- Meu Deus”, foi o que pensei, “estamos em pleno século XXI, com tecno-
logias sustentáveis à disposição, e esses agricultores estão ‘voltando no tempo’,
expondo seus solos às chuvas. E olha que estamos em Outubro, um mês já chu-
voso. Qual será a paisagem que vou enxergar em janeiro? Sulcos de erosões?
Tomara que não.”
O que quero dizer com essa exposição é que as soluções tecnicistas estão
presentes como “fantasmas vagando em nosso mundo”. E este paradigma precisa
ser revisto, tendo por consideração que temos condições de inserir tais tecno-
logias no campo. Algumas delas, inclusive, já foram discutidas neste material.
O objetivo aqui não é esgotar o assunto “Tecnologias Limpas”, mas apresen-
tar um panorama sobre as mesmas para que você, Gestor(a) em Agronegócios,
possa ter uma ideia e implementá-las caso julgue pertinente. Vamos a elas?

Tecnologias Limpas
V

a. Biodigestores
Os biodigestores podem ser encarados como “centrais catalisadoras” de decom-
posição de resíduos orgânicos sólidos. Esta decomposição é executada da mesma
forma que no processo de compostagem. Entretanto, naquele processo, não há
o confinamento do resíduo ou mesmo dos gases que são produzidos por meio
desta decomposição.
De maneira geral, a decomposição de resíduos sólidos orgânicos produz o
gás metano, que é liberado na atmosfera nos processos normais de composta-
gem. Já no biodigestor, existe o enclausuramento e o direcionamento destes gases

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para uso agrícola, doméstico ou agroindustrial. Ao final do processo, caso bem
executado, o que sobra é um resíduo estabilizado (composto), o qual pode uti-
lizado como fertilizante na agricultura.
Muitos produtores rurais e mesmo consumidores possuem receios quanto
a este processo, levando-se em conta que dejetos suínos, equinos, caprinos e
mesmo de aves são utilizados como base para a fermentação. Dependendo do
estado sanitário destes animais, podemos ter em conjunto com esses dejetos lar-
vas de insetos, ovos de vermes, parasitas e outros materiais nocivos a nossa saúde.
Essa preocupação cai por terra considerando o próprio andamento do
processo, que é conduzido por temperaturas elevadas (geralmente se chega a
temperaturas de 40 a 45 ºC, o que é suficiente para eliminar a maioria dos pató-
genos). Este aumento de temperatura se deve ao processo fermentativo.
Ademais, em um processo de decomposição bem conduzido, um dos primei-
ros passos é a triagem e limpeza dos resíduos, retirando materiais prejudiciais.
Após isso, há uma homogeneização destes resíduos, o que intensifica, posterior-
mente, os trabalhos das bactérias no processo de decomposição.

b. Certificação Ambiental das Agroindústrias e de Propriedades Ru-


rais (ISO 14.000)
A ISO 14.000 é uma das normas de certificação ambiental mais tradicionais,
tendo seu processo de elaboração contemporâneo ao desenvolvimento das prin-
cipais conferências ligadas ao desenvolvimento sustentável na década de 1990.
Seu processo de criação iniciou-se em 1991, na sede da ISO, em Genebra, na
Suíça. Contudo, apenas em 1996 é que foi publicada, após um longo processo de

SUSTENTABILIDADE E TECNOLOGIAS LIMPAS


153

discussão, junto aos representantes de mais de 70 países, que culminou na for-


mação de seu texto final.
Segundo Harrington e Knight (2001, p.31), “a ISO 14.000 define os elementos
de um Sistema de Gestão Ambiental, a sua auditoria, a avaliação de desempenho
ambiental, a rotulagem ambiental e a análise do ciclo de vida”, sendo distribuí-
das nas seguintes ISOs primariamente publicadas:
■■ ISO 14.001 – Sistemas de Gestão Ambiental – Especificações e diretri-
zes para uso.
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■■ ISO 14.004 – Sistemas de Gestão Ambiental – Diretrizes Gerais sobre


princípios, sistemas e técnicas de apoio.
■■ ISO 14.010 – Diretrizes para auditoria ambiental – Princípios Gerais.
■■ ISO 14.011 – Diretrizes para auditoria ambiental – Procedimentos de
auditoria – Auditoria de sistemas de gestão ambiental.
■■ ISO 14.012 – Diretrizes para auditoria ambiental – Critérios de qualifi-
cação para auditores ambientais.

Sobre a ISO 14.000, Vieira (2012, p.273) aponta:


A base da ISO 14.000 foi a norma inglesa BS 7750 (elaborada pela Bri-
tish Standard Institution) e, como a ISO 9000, dividiu-se em áreas dis-
tintas. A ISO 14.001 - Sistemas de Gestão Ambiental, Especificações
com Guia para Uso, foi formulada de maneira que possa ser aplicada
a qualquer organização, independente de seu tipo, tamanho ou loca-
lização. Nela não são descritos padrões de desempenho, mas requer
que a organização defina uma política ambiental e estabeleça objetivos
que levem em conta a legislação existente e os impactos ambientais re-
levantes (Reis, 1996; Begley, 1996). Como a ISO 14.001 não descreve
critérios absolutos de desempenho ambiental além daqueles estabele-
cidos na política da organização, é possível que duas empresas com ati-
vidades semelhantes, mas com desempenhos ambientais diferenciados,
atendam ambas às exigências contidas na norma.

Tecnologias Limpas
V

Assim, embora tenhamos expresso indiretamente que a detenção de uma certi-


ficação coloca-se como um diferencial na empresa, para o caso da ISO 14.000,
este diferencial se dá muito mais pela política empresarial do que pela própria
norma, tendo em vista que esta não define os critérios absolutos de desempe-
nho ambiental, conforme destacado por Vieira (2012). Ademais, Vieira (2012,
p. 273) ainda ressalta:
A obtenção de um certificado ISO 14.001 não é uma garantia de com-
petitividade em si. Para manter ou elevar sua competitividade, as em-
presas necessitam buscar continuamente novas formas de realizar e

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gerir a problemática ambiental, utilizando-se dos instrumentos dispo-
níveis para isto, entre eles, a ISO 14.000.

Adicionamos a este pensamento que a ISO 14.000 não é o fim das preocupa-
ções ambientais da empresa e nem deve ser considerada da mesma forma, como
seu último patamar de qualidade. O que se quer dizer é que com um conjunto
de diretrizes que são adaptadas à realidade da empresa e comprovadas em sua
aplicação por meio do processo de auditagem, não são levados em consideração
todos os pontos críticos possíveis, em especial os de caráter local (considerando
o relacionamento entre empresa e comunidade).
Dessa forma, mesmo com essa certificação, a empresa deverá buscar outros
mecanismos para “fechar” todos os pontos críticos necessários e, somente assim,
poderá ser considerada como Social e Ambientalmente Responsável.
Toda empresa, seja ela rural ou urbana, deve cumprir os seguintes requisi-
tos para a instalação de um Sistema de Gestão Ambiental:
■■ Definição de política ambiental que expresse o comprometimento com a
melhoria contínua do desempenho ambiental e a prevenção da poluição.
■■ Estabelecimento de procedimentos para identificar os aspectos ambien-
tais que possam causar impacto ecológico significativo.
■■ Comprometimento com o atendimento à legislação ambiental brasileira
e aos requisitos dos mercados que se deseja atingir.
■■ Estabelecimento de objetivos e metas ambientais, bem como de progra-
mas para atingi-los.

SUSTENTABILIDADE E TECNOLOGIAS LIMPAS


155

■■ Avaliação e monitoramento do atendimento aos seus objetivos e metas


ambientais.
■■ Conscientização e treinamento de todo o pessoal envolvido.
■■ Comunicação a todas as partes interessadas (acionistas, empregados,
consumidores).
■■ Avaliação crítica do desempenho ambiental e adoção de medidas corretivas.

Tal sistema de gestão ambiental preconizado pela norma ISO 14.001 faz parte de
um processo integrado de maior nível quando se considera a Gestão Ambiental
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dos empreendimentos, da maneira como é demonstrada na Figura 40. Por meio


desta figura, percebe-se que a implantação do sistema de gestão ambiental é ape-
nas parte de um processo no qual também deve ser considerado a Avaliação do
Ciclo de Vida de um produto e da qualidade dos processos:

GESTÃO AMBIENTAL

Sistema de Gestão Ambiental Avaliação do ciclo de vida

Aspectos
Avaliação do Auditoria Rotulagem ambientais
desempenho Ambiental Ambiental em normas de
ambiental produtos

Avaliação de Produtos e
Avaliação da Organização
Processos

Figura 40 – Matriz de atuação da Norma ISO 14.000. As caixas ao lado esquerdo da figura são relacionadas
à aplicação do SGA (ISO 14.001)
Fonte: Tibor e Feldman (1996 apud ARAUJO, 2001)

Não é nossa intenção esgotar todos os assuntos possíveis sobre a ISO 14.000, mas
certamente esta é a certificação ambiental mais importante no cenário nacional
e internacional e exige um maior nível de detalhamento, conforme abordado.

Tecnologias Limpas
V

c. Certificação de Produtos Orgânicos


A certificação de produtos orgânicos tem ganhado destaque nos dias atuais por
lidar com um tema basilar à sobrevivência do ser humano: a alimentação. Ainda

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mais considerando os malefícios dos produtos produzidos em modelos conven-
cionais de produção (citados em nossa quarta Unidade).
As imagens acima relacionadas apresentam as três principais certificadoras
de produtos orgânicos no Brasil. A ECOCERT Brasil, O Instituto Biodinâmico
e o Instituto Tecnológico do Paraná – TECPAR apresentam uma característica
relevante com relação às demais certificadoras: tratam-se de certificados aceitos
internacionalmente, em especial para as duas primeiras instituições.
Essa aceitação se deve pela acreditação dos certificados. Traduzindo em
outras palavras, os certificados emitidos por estas instituições são avalizados por
instituições internacionais, a exemplo da IFOAM – Federação Internacional de
Movimentos de Agricultura Orgânica, DAR – Deutsche Akkreditierungsrat, órgão
com alta competência de credenciamento de certificadoras da Alemanha e União
Europeia, USDA – United States Department of Agriculture, que garante aos pro-
dutos certificados acesso ao mercado norte-americano, e Demeter International,
que garante a certificação de produtos biodinâmicos com a marca DEMETER.
Cada instituição relacionada possui suas próprias metodologias de certifi-
cação e auditagem, contudo, tratam-se de metodologias convergentes no que
tange à desintoxicação do solo, a não utilização de adubos químicos e agrotóxi-
cos, ao atendimento das normas ambientais, em especial às Áreas de Preservação
Permanente, ao respeito às normas sociais e trabalhistas, ao bem-estar animal e
ao desenvolvimento de projetos de Responsabilidade Socioambiental.
Para maiores informações sobre as instituições certificadoras, acesse:
■■ ECOCERT: <www.ecocert.com.br>.

SUSTENTABILIDADE E TECNOLOGIAS LIMPAS


157

■■ IBD: <www.ibd.com.br>.
■■ TECPAR CERT: <www.tecpar.br/cert>.

d. Agroenergia
O Brasil é referência na produção de agroenergia. Programas como os do etanol
e do biodiesel atraem a atenção do mundo por ofertarem alternativas econômi-
cas e ecologicamente viáveis para a substituição dos combustíveis fósseis. Menos
poluente e mais barata, a geração de energia com o uso de produtos agrícolas
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representa a segunda principal fonte de energia primária do País. O consumo


do álcool supera o da gasolina e o biodiesel já conta com participação rele-
vante na matriz de combustíveis no País em mistura obrigatória com a gasolina
(BRASIL, 2014d).
Além dos biocombustíveis, ganha destaque a cogeração de energia, em espe-
cial nas usinas de cana-de-açúcar, as quais promovem a queima do bagaço de cana
para acionar caldeiras e gerar energia por meio do vapor de água. Esta energia
produzida, que está atualmente na casa dos 1370 MWh (SANTOS, 2012), além de
abastecer as necessidades da planta industrial, também é inserida no sistema elé-
trico nacional, coordenado pela Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL.
Outros dois eixos têm sido aproveitados na agroenergia: a) Florestas
Energéticas; e, b) Resíduos e coprodutos. Na primeira linha, observa-se o reflo-
restamento para produção de carvão vegetal certificado, que abastece indústrias
e residências e, ainda, abastece a indústria siderúrgica, substituindo o carvão
mineral na fabricação de aço, embora ainda a taxas muito tímidas (apenas 5%
do carvão utilizado nas siderúrgicas é advindo de material vegetal).
Já na segunda linha, o que se observa é o processo de briquetagem de resíduos,
que nada mais é do que a compactação destes resíduos em formatos geométricos
conhecidos. Folhas, colmos, raízes e outros materiais vegetais residuais podem
ser compactados em formatos cilíndricos para formar o que se chama popular-
mente de “lenha ecológica” (Figura 41).
Além destes pontos, as propriedades agrícolas e mesmo as agroindús-
trias apresentam uma gama de possibilidades para a produção de energia, seja
pela biomassa ou pelo aproveitamento dos espaços rurais para a instalação

Tecnologias Limpas
V

de estruturas de geração de ener-


gia, como placas fotovoltaicas
para geração de energia solar, insta-
lação de microcentrais hidrelétricas
(MCH), instalação de parques eólicos ©Sto
lf

e mesmo os biodigestores, conforme Figura 41 – Briquetes produzidos com resíduos vegetais

explanado anteriormente.
Cada vez mais, em um sistema sustentável, a exigência da agroenergia será
condição necessária para integrar a matriz energética brasileira, poupando os

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recursos que ainda restam.

e. Agricultura de precisão
A Agricultura de Precisão representa um dos novos paradigmas relacionados a
tecnologias e processos produtivos mais limpos. Trata-se da utilização de tec-
nologias avançadas, tanto em nível gerencial como em nível operacional, que
visam utilizar racionalmente os recursos disponíveis para estabelecer uma pro-
dução de qualidade e com o máximo de produtividade.
Para que possamos interpretar essa ideia, imagine-se observando o modo
como se distribui calcário no campo. A distribuição geralmente é feita a lanço,
por meio de um distribuidor mecanizado. A quantidade a ser distribuída fora
calculada por meio de um modelo matemático específico e tendo como dados
de entrada os resultados de pH de uma amostra média de solos de um talhão.
Neste caso, corremos o risco de aplicar calcário acima das necessidades em subá-
reas que não necessitam de correção.
Com a agricultura de precisão, as amostragens são realizadas de maneira mais
detalhada no talhão. Geralmente este talhão é subdividido e nestas subdivisões,
outras subdivisões, de terceiro nível, podem ser realizadas. O importante é que
não teremos uma única amostra que tente retratar as condições médias do talhão.
Com um número maior de amostras, conseguimos maior detalhamento das
condições do campo e podemos aplicar o calcário de maneira mais aproximada
à real necessidade da porção segmentada do talhão.
Assim, a Agricultura de Precisão se revela como uma tecnologia poupa-
dora de insumos a qual necessita de ferramentas de elevado grau tecnológico

SUSTENTABILIDADE E TECNOLOGIAS LIMPAS


159

para ser conduzida. Essas ferramentas podem ser de diversas ordens, desde as
ferramentas físicas, com mapas, sistemas de posicionamento global, sensores,
amostradores de solos, instrumentos de detecção de alvos de interesse no agro-
ecossistema (identificação de pragas, doenças e plantas invasoras), até mesmo
as ferramentas computacionais, em especial, programas de tratamento de ima-
gens, mapeamentos e tratamentos estatísticos de dados.
A agricultura de precisão cada vez mais tem sido empregada nos agroecos-
sistemas com resultados satisfatórios, inclusive, se trata de uma tecnologia em
constante inovação. Os Veículos Aéreos Não Tripulados – VANTs, popularmente
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

conhecidos como Drones, são um exemplo de inovação tecnológica vinculada à


agricultura de precisão. Testes têm sido feitos no sentido de utilizar estes equipa-
mentos com câmeras de alta precisão e com filtros específicos, capazes de tratar
as imagens e detectar pontos de interesse no agroecossistema.
No futuro, a aplicação de agrotóxicos poderá ser monitorada pelos Drones,
por exemplo, os quais passarão dados aos computadores de bordo dos pulveriza-
dores, informando-os das áreas que já foram aplicadas, para evitar sobreposição
de aplicação. Da mesma forma, estes drones poderão acusar falhas na aplicação,
as quais exigiriam pausas na atividade para regulagem do maquinário.
Dispersão de pólen, derivas, localização do gado no pasto, localização de ero-
sões, análise de padrões colorimétricos para definição de estádios fenológicos da
cultura, ou mesmo do grau de umidade para a colheita: tudo isso será tendên-
cia com o uso destes drones, associados a complexos sistemas de informação.
Dados os benefícios, provavelmente em um horizonte de 30 anos, a agricultura
de precisão ocupará quase que a totalidade dos sistemas produtivos, em maior
ou menor escala.
Vale lembrar que, no momento, não existe regulamentação no Brasil para
o uso dos drones. Sua utilização está condicionada ao obedecimento das dire-
trizes do aeromodelismo1, as quais impõem limites de utilização em termos de
altura de voo e propósitos de utilização.

1 As normas para aeromodelismo podem ser acessadas por meio do seguinte link:
<http://www.apamodelismo.com.br/apa/normas/normas.htm>. Acesso em: 22 out. 2014.

Tecnologias Limpas
V

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Chegamos ao final das discussões desta última unidade. Por meio dela, pudemos
estabelecer o conhecimento sobre os pilares da sustentabilidade e compreender
sobre sua importância nos dias atuais como uma condição necessária para esta-
belecer novos padrões de desenvolvimento.
Verificamos que toda e qualquer proposta vinculada à sustentabilidade
precisa ser densamente discutida. O mesmo vale para a adoção das novas tec-
nologias. Além de inseri-las em um contexto mais complicado de se trabalhar,

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
que é o contexto rural, onde as inovações possuem grandes resistências em sua
aplicação, devemos diagnosticar em quais situações devemos negociar as práti-
cas para que as mesmas sejam, no mínimo, experimentadas.
Ademais, analisamos algumas das principais tecnologias poupadoras de recur-
sos naturais e, neste contexto, a agricultura de precisão e a agroenergia ganham
destaque. A primeira, pelo aumento na eficiência de utilização dos insumos, esta-
belecendo aplicações personalizadas dos mesmos diante das reais necessidades
de uma área segmentada. A segunda, por sua vez, apresenta-se como estratégica
na matriz energética brasileira, atualmente depauperada considerando a derro-
cada de investimentos em hidroeletricidade.
Peço para que você analise com cuidado essas novas tecnologias e tendên-
cias, e sempre fique antenado(a) às inovações, afinal, elas podem ser decisivas
para a sustentabilidade do agronegócio e mesmo para a manutenção de seu
posto de trabalho.
Antes de finalizarmos, vamos a mais uma seção de atividades.

SUSTENTABILIDADE E TECNOLOGIAS LIMPAS


161

Dinâmica evolutiva da humanidade embasada na dualidade plenitude-crise


[...]
Esta história da humanidade, tão reportada por diversos autores, é composta por mo-
mentos de plenitude e de crise. Plenitude e crise de conhecimentos, tecnologias, mo-
delos, filosofias e práticas, de modo que a humanidade jamais atingiu e jamais atingirá
um platô de estabilidade.
Isto é explicado, em suma, pela própria natureza humana, para o bem ou para o mal.
No campo psicológico, a Teoria das Necessidades de Maslow coloca em um plano
cartesiano e definido as motivações que impelem o processo de mudanças para os seres
humanos.
Em um modelo piramidal, em que as necessidades basilares encontram-se na base (fi-
siológicas e orgânicas) e as necessidades secundárias encontram-se mais ao topo desta
pirâmide (de segurança, afetivas, materiais etc.), o ser humano sente-se instigado à bus-
ca do atingimento das necessidades superiores assim que as mais básicas são conside-
radas satisfeitas. A Figura 8 demonstra a pirâmide referente à Teoria das Necessidades
de Maslow.

Desafios mais complexos,


trabalho criativo, autonomia,
Auto participações nas decisões.
Realização
Ser gostado, reconhecimento, promoções,
Auto-Estima responsabilidades por resultados.
Bom clima, respeito, aceitação, interação com
Afetivo-Social colegas, superiores e clientes, etc.
Amparo legal, orientação precisa, segurança
Segurança
no trabalho, estabilidade, remuneração.
Fisiológicas Alimentação, moradia, conforto
físico, descanso, lazer,etc.

Figura 8 – Pirâmide das necessidades – Teoria das Necessidades de Maslow


Fonte: <http://www.brandme.com.br/storage/Piramide%20Maslow.png>

Logicamente, uma discussão mais aprofundada sobre esta teoria nos faria perceber que
a expressão cartesiana do modelo não é definitiva, no sentido de que as necessidades
humanas são infinitas e variáveis de acordo com a percepção de cada indivíduo.
A Teoria das Necessidades de Maslow se liga perfeitamente à discussão sobre plenitu-
de-crise. Fazendo um paralelo entre os dois assuntos, pode-se inferir que a plenitude
estende-se do início da realização de uma necessidade comum ao início da percepção
de que o atingimento desta necessidade já não é suficiente para se resolver uma nova
problemática que surge. A partir deste ponto tem-se o momento de crise.
Não entenda “crise” como algo ruim ou pejorativo. Afinal, um dos gênios científicos da
humanidade, Albert Einstein, colocara:
Não pretendamos que as coisas mudem, se sempre fazemos
o mesmo. A crise é a melhor bênção que pode ocorrer com as
pessoas e países, porque a crise traz progressos. A criatividade
nasce da angústia, como o dia nasce da noite escura. É na cri-
se que nascem as invenções, os descobrimentos e as grandes
estratégias. Quem supera a crise, supera a si mesmo sem ficar
‘superado’. Quem atribui à crise seus fracassos e penúrias, vio-
lenta seu próprio talento e respeita mais aos problemas do que
as soluções. A verdadeira crise, é a crise da incompetência. O
inconveniente das pessoas e dos países é a esperança de en-
contrar as saídas e soluções fáceis. Sem crise não há desafios,
sem desafios, a vida é uma rotina, uma lenta agonia. Sem crise
não há mérito. É na crise que se aflora o melhor de cada um. Fa-
lar de crise é promovê-la, e calar-se sobre ela é exaltar o confor-
mismo. Em vez disso, trabalhemos duro. Acabemos de uma vez
com a única crise ameaçadora, que é a tragédia de não querer
lutar para superá-la.
Fonte: <http://indulgy.com/post/tUROHHA2G1/einstein-on-the-beach>.

Esta colocação de Einstein é verdadeira, para o bem e para o mal. Essa é a segunda vez
neste texto que a frase “para o bem e para o mal” aparece. Isto não é uma coincidência.
Afinal, problematize: em momentos de crise, várias soluções foram adotadas e de fato
resolveram a problemática (“para o bem”). Entretanto, criaram uma problemática bem
maior (“para o mal”).
“Professor, não entendi... em qual situação uma solução foi adotada e eficaz mas
criou um problema maior?”
Não pude evitar pensar que essa pergunta esteja permeando seus pensamentos. E vou
respondê-la com o cerne de nossa discussão: o capitalismo.
Na visão clássica, embora as trocas comerciais, a monetarização e o acúmulo de reser-
vas (características pertinentes ao capitalismo) tenham sido concebidos antes do século
XV, o capitalismo, enquanto modelo socioeconômico nasceu naquele século. O modelo
feudal, que perdurou por toda a Idade Média, já não respondia a todas as necessidades
de uma população em pleno crescimento. Afinal, aquele modelo em que a posse de
terras denotava o poderio econômico dos indivíduos gerou conflitos, pois nem todos
detinham acesso às terras e, por consequência, aos meios de produção.
Fome, doenças, exclusão e conflitos sociais foram os sintomas de que a plenitude da
Idade Média estava com seus dias contados. Desta forma, uma nova crise fora instaurada
e algumas soluções foram traçadas. Uma delas, as Cruzadas, que perduraram do século
163

X ao século XIII (Figura 9). Com o fictício


objetivo da evangelização de povos pa-
gãos, grande parte dos excedentes po-
pulacionais europeus foi direcionada a
uma jornada fracassada, sem volta para
muitos. É bem verdade que novas terras
foram conquistadas, mas ao custo de
muitas vidas.
O exemplo citado demonstra claramen-
te o exemplo de uma solução eficaz
(mobilização e ocupação dos exceden-
tes populacionais) que criou um proble-
ma maior (genocídio). Mas ainda não é

©historiadomundo
o cerne da nossa discussão deste mo-
mento. Lembra-se de que as Cruzadas
se compuseram como “uma das solu-
ções”? Figura 9 – Cruzadas na Alta Idade Média envolvendo os
“excedentes” populacionais
A solução que pôs fim ao Feudalismo foi
outra, e bastante conhecida pela nossa discussão da unidade anterior. O século XIV
apresentou diversos elementos que colocaram em xeque o modelo feudal, sendo um
deles a formação de rotas comerciais. Essas rotas cortavam o continente em várias di-
reções e serviram de canais de abastecimento para as localidades estratégicas daque-
le continente. Pessoas com visão e atitude empreendedora iniciaram-se no mercado
prestando serviços aos viajantes
nessas rotas, principalmente em
seus entroncamentos (formação
dos burgos – Figura 10).
Tratavam-se de serviços de esta-
lagem dos animais, alimentação
e hospedagem dos viajantes e de
reabastecimento de mantimen-
tos para a viajem. Dessa forma,
como o serviço era fundamental
e eram diversos viajantes e rotas,
estabelecia-se um mercado van-
tajoso e, pela primeira vez, lucra-
tivo. Era o início da formação do
conceito de lucro tal como co-
©not1.xpg

nhecemos hoje.
A presença deste elemento ca-
racterístico (lucro) foi importante Figura 10 – Burgos na Baixa Idade Média
©pt.wikipedia.org
para essa mudança de paradigma em que o acúmulo
de capital tornara-se mais importante na definição do
poderio econômico individual do que o acúmulo de
terras. Isso corrobora com a visão de historiadores, e
mesmo de teólogos, na situação histórica do surgimen-
to do capitalismo.
Esse reconhecimento também se faz por parte de Teó-
logos devido à instauração das Reformas Protestantes,
as quais ocorreram pouco depois, nos séculos XV e XVI.
Por sua vez, essas reformas, carreadas por João Calvino
(Figura 11) e Martim Lutero (Figura 12), Calvinismo no
Reino Unido e Luteranismo na Alemanha, respectiva-
mente, instituíram um modelo de Cristianismo religio-
so alternativo que pregava que a prosperidade (entre
outras palavras, obtenção de lucro) era sinal de reco-
nhecimento e predestinação para salvação.
Retornando o foco de nossa discussão para os benefí-
Figura 11 – Martim Lutero
cios e malefícios das soluções eficazes, de fato, a criação
do capitalismo possibilitou o crescimento e a prosperidade de muitas famílias, dando-
-lhes ocupação e a possibilidade de, por meio de seu trabalho, conquistar a soberania
social. Isso considerando a fase de transição feudalis-
mo-capitalismo (séculos XIV ao XVII) e a história euro-
peia, uma vez que o Oriente Distante (China e Japão)
encontrava-se sob influência do modelo feudal até o
século XIX.
Porém, como nenhuma solução é definitiva, o capi-
talismo perdeu sua plenitude precocemente, pois já
no século XVI, com a instauração do Mercantilismo
no Reino Unido, houve a concentração de capital nas
mãos de poucos e, pouco depois, no século XVII, com
a consolidação da Revolução Inglesa e da burguesia
no poder, houve a segmentação social entre aqueles
que detinham os meios de produção (burgueses) e
aqueles que prestavam serviços naqueles meios de
©historialivre

produção (trabalhadores).
Ao final do século XVIII, já no início da Revolução In-
dustrial, já se encontrava fortemente instaurado um Figura 12 – João Calvino

estado de crise provocada pela adoção do modelo capitalista. O intenso acúmulo de


capital derivado do início da produção em série, da exploração do proletariado e da
própria capitalização social em termos de força de trabalho e massa consumidora gerou
novamente uma “nação de excluídos”.
165

A capitalização daquele tempo era tamanha que até mesmo entes abstratos (Deus)
começaram a ocupar o segundo plano frente ao “deus dinheiro”, conforme Michellon
(2006). As consequências dessa dinâmica social se estendem, em maior ou menor grau,
até os dias de hoje, afinal, ainda são muitos os excluídos pela falta de competitivida-
de em um mercado tão seletivo. Os que possuem maior competitividade encontram
condições favoráveis para ampliar seu domínio sobre aqueles que não conseguem ser
competitivos, até o ponto de sua exclusão.
[...]
Fonte: COSTA, T. R. Empreendedorismo e Organizações Associativas. Maringá: Cesumar, 2012b.
196p.
1. “Trata-se de um modelo de agricultura que pode ser interpretado como um
sistema de manejo integrado de informações e tecnologias, fundamentado nos
conceitos de que as variabilidades de espaço e tempo influenciam nos cultivos,
o que exige um gerenciamento mais detalhado, em especial, na aplicação de
insumos diante das reais necessidades da área. Ferramentas como GNSS (Global
Navigation Satelite System), SIG (Sistema de Informações Geográficas), de ins-
trumentos e de sensores para medidas ou detecção de parâmetros ou de alvos
de interesse no agroecossistema (solo, planta, insetos e doenças), de geoesta-
tística e da mecatrônica são comumente utilizados em seu desenvolvimento”. O
trecho acima destacado faz alusão a uma modalidade de agricultura que tem se
desenvolvido muito nos últimos tempos. Mediante o exposto, assinale a alter-
nativa que apresenta o nome deste tipo de agricultura.
a) Agricultura Agroecológica.
b) Agricultura Convencional.
c) Cultivo Mínimo.
d) Agricultura de Precisão.
e) Agricultura Espacial.
2. O conceito de sustentabilidade abarca diferentes dimensões. A escola clássica,
ligada à sustentabilidade, subdimensiona o tema em uma tríade. Por sua vez, os
conceitos mais modernos ampliam este foco, gerando ao menos quatro pilares
da sustentabilidade. Um pilar, em particular, diz respeito à viabilidade das estra-
tégias de sustentabilidade em garantir renda aos atores envolvidos. Qual seria
o pilar em questão?
a) Ambiental.
b) Social.
c) Econômico.
d) Cultural.
e) Político.
167

3. Ao longo de nossas últimas Unidades, fomos apresentados a uma série de


tecnologias de grande relevância para o desenvolvimento das atividades
agropecuárias. Uma delas, em especial, pode expressar o máximo do de-
senvolvimento biotecnológico aplicado ao cultivo de alimentos e seu fun-
damento se embasa na transferência de determinados trechos de DNA
de um indivíduo doador para um receptor, o qual expressará o conteúdo
deste DNA. O Milho Bt e a Soja RR2 PRO são exemplos de resultados des-
ta tecnologia. Assinale a alternativa que apresenta o nome da tecnologia
discutida no enunciado.
a) Transgenia.
b) Pandemia.
c) Inovação Genética.
d) Tecnologia Endógena.
e) Cruzamento interespecífico.
MATERIAL COMPLEMENTAR

O vídeo a seguir demonstra como os VANTs poderão ser utilizados na Agricultura de


Precisão, em especial considerando a integração tecnológica com smartphones e
outros sistemas computacionais. Acesse: <http://youtu.be/-nqjtBWydBc>.

Acesse informações básicas sobre o funcionamento dos biodigestores e informações


sobre a viabilidade econômica da instalação destes sistemas. Siga o link: <http://www.
portalresiduossolidos.com/biodigestores-principio-tipos-e-viabilidade-economica/>.
Os links a seguir direcionam a sites e materiais relevantes que contêm informações
mais detalhadas sobre agroenergia e cogeração de energia:
Instituto Nacional de Eficiência Energética – INEE: <www.inee.org.br>.
Associação da Indústria de Cogeração de Energia – COGEN: <www.cogen.com.br>
Biblioteca ANEEL - A cogeração e sua inserção ao sistema elétrico (Dissertação de
Mestrado – BARJA, 2006): <http://www.aneel.gov.br/biblioteca/trabalhos/trabalhos/
Dissertacao_Gabriel_de_Jesus.pdf>.

VALLE, C. E. Qualidade Ambiental, ISO 14.000. 11ª ed. São


Paulo: SENAC, 2002. 200p.
Sinopse:
Esse livro encerra em seu título os dois principais
conceitos da atualidade: o de qualidade e o de meio
ambiente. Nos últimos anos cresceu muito a consciência
de que, como parte da natureza, cabe ao homem
conservá-la e assim garantir sua sobrevivência. Nesse
esforço de preservação todos devem empenhar-se, e as
empresas têm aí um papel de destaque, adotando uma
relação responsável com o meio ambiente. Os itens essenciais aqui se encontram
descritos e explicados em função das normas ISO 14.000.
MATERIAL COMPLEMENTAR

HARRINGTON, H. J.; KNIGHT, A. A implementação da ISO


14.000. 1ª ed. São Paulo: Atlas, 2005. 368 p.
Sinopse:
A Organização Internacional de Normalização (ISO) publicou
uma série de documentos chamada ISO 14.000, que orienta
a constituição de um sistema de gestão ambiental (SGA)
para uma organização. É uma forma abrangente e holística
de administrar o meio ambiente. Essas normas voluntárias,
publicadas em 1996, foram preparadas por representantes de
quase 70 países. Incluem regulamentos, prevenção de poluição,
conservação de recursos e proteção ambiental, como a manutenção da chamada
camada de ozônio e o tratamento do aquecimento global.
Este livro contém o programa mais fácil de se utilizar hoje em dia para a criação de
um SGA com certificado ISO 14.001. Descreve a melhor e mais prática abordagem
para controlar os impactos da organização sobre o meio ambiente e destaca normas
e procedimentos que você pode utilizar para estabelecer um SGA que seja custo-
eficiente. Sua consulta vai ajudá-lo a entender e implementar a série ISO 14.000,
contribuindo para identificar e administrar riscos e responsabilidades ambientais de
sua organização, melhorar o desempenho e a eficiência e proteger e expandir sua base
de clientes nos novos mercados globais preocupados com o meio ambiente.
A obra aborda as seis fases para implementar um SGA, entre as quais se destacam
checklists para avaliar o status do SGA existente na organização e identificar as áreas
que precisam ser melhoradas, instruções detalhadas sobre como projetar um SGA para
a organização que satisfaça aos requisitos da ISO 14.001 e valorize as operações e um
estudo de casos e ferramentas para integrar com eficácia o SGA atualizado ao processo
de melhora contínua da organização.

Material Complementar
CONCLUSÃO

Prezado leitor,
A produção do livro “Novas Tecnologias Aplicadas ao Agronegócio” apresenta-se
como uma humilde contribuição literária aos seus estudos e ao seu futuro exercí-
cio profissional. Por meio deste material, muitos dos conceitos e do conhecimento
acerca deste tema estratégico foram tratados, sempre com um foco realista e inter-
disciplinar.
Espero que você possa ter construído conhecimento sobre a importância, as ações,
os atores envolvidos e as perspectivas dos assuntos abordados e, se você realmente
conseguiu este intento, terei cumprido minha missão em auxiliá-lo(a) em sua jor-
nada.
Contudo, sei que muitos conceitos e muitas das discussões realizadas neste ma-
terial não se acabam por aqui, podendo gerar novas dúvidas e levá-lo(a) a novos
questionamentos. Se você leu atentamente este material, e possui um espírito em-
preendedor, você certamente irá gostar de estar frente a estes questionamentos e
aos novos desafios, ou seja, você terá a atitude necessária para descobrir mais sobre
este mundo tão vasto e complexo relacionado ao Agronegócio.
Estarei sempre à sua disposição para lhe ajudar nestes assuntos. Entre em contato
em caso de dúvidas e sugestões, por meio do endereço: tiago.costa@unicesumar.
edu.br. Será um prazer conversar com você!
Desejo encontrá-lo(a) em uma próxima oportunidade para novamente construir-
mos o conhecimento.
Um grande abraço!
Prof. Tiago Costa
Eng. Agrônomo, Eng. de Segurança do Trabalho,
Me. Professor Assistente – Centro Universitário Cesumar
173
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179
GABARITO

UNIDADE I:
1) b; 2) d; 3) a.
UNIDADE II:
1) b;
2) UNIDADE DEMONSTRATIVA: É um método complexo e grupal que tem como
característica demonstrar, acompanhar, avaliar ou adotar uma ou várias atividades
agropecuárias ou sociais de comprovada eficiência, eficácia e rentabilidade, sem
necessidade de comparação; DIA DE CAMPO: É um método grupal e complexo que
permite a reunião de um grupo de pessoas, entre 50 a 100 participantes, em de-
terminada propriedade rural, onde estão sendo obtidos bons resultados em certas
práticas ou tecnologias, e que merecem ser conhecidos, possibilitando aos partici-
pantes a observação, discussão e análise das questões tecnológicas, econômicas,
sociais e ambientais, bem como a possibilidade de implementação das práticas ob-
servadas.
UNIDADE III:
1) b; 2) c; 3) a.
UNIDADE IV:
1) b; 2) d; 3) a.
UNIDADE V:
1) d; 2) c; 3) a.

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