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Caderno 01
EQUIPE DE TRABALHO:
Didier Kornprobst
Franciele Martins
John Maicon
Karen Batazza
Lilian Godoy
Luciano de Souza Lemes
Rafael Moriondo
Talita Reinas
Roberto Pastana Teixeira de Lima – Coordenador
APRESENTAÇÃO
A preservação da memória, dos vestígios que nos chegaram dos não é apenas um conjunto de edifícios sem coerência, ela forma
mais diversos passados, a preservação da natureza, esse quadro um todo que pertence a cada um de nós. Temos o direito de exigir
ecológico que nos envolve a todos, eis preocupações que, hoje, um conjunto harmonioso e formoso, como assim exigiam os
mais que nunca, se impõem. Fundamentam-se num mesmo antigos em seus códigos de postura. Não nos esqueçamos de
princípio: o de que a qualidade de vida não seja prejudicada nem cada fachada não faz parte apenas de um imóvel, mas é um
pela riqueza nem pelas conquistas que a contemporaneidade nos pouquinho nossa também, porque pertence à paisagem, à cidade
trouxe. e ao público; ela está presente no cotidiano do nosso olhar diário.
Este inventário, por interesse, é, aos legados deixados impressos Em segundo lugar, o interesse manifesto e a possibilidade de
na paisagem urbana de Bragança Paulista, que se volta. Não se efetivação do próprio inventário ora desenvolvido, a articulação
trata de nostalgia, trata-se da questão muito precisa e concreta de com o CONDEPHAC, trazem a comprovação do interesse do
criar mais um instrumento de auxílio e suporte aos movimentos de Poder Público pela salvaguarda da memória bragantina.
salvaguarda dos suportes das memórias bragantinas. Seu papel
Esperamos que o inventário possa auxiliar as ações tanto do
é, portanto, o de fomentar a reflexão sobre os passados e sobre
CONDEPHAC quanto do Poder Público Municipal no sentido de
as relações que engendraram as escritas urbanas. É inócuo, por
permitir o respeito pela cultura e pela beleza e, ao mesmo tempo,
exemplo, querermos preservar apenas o grande edifício, o
não eliminando o espírito das forças empreendedoras. Se
monumento excepcional, aquele que guarda todas as
tivéssemos apenas o primeiro seríamos mumificados e imóveis,
características que lhe foram impostas pelo projeto original. Ele
se tivéssemos só o segundo, mergulharíamos na pura barbárie.
está inserido numa paisagem que, ela própria, possui sua
coerência, sua História. A casa pequena de porta e janela é,
muitas vezes tão importante quanto a grande catedral ou palácio
imponente. Às vezes, a simples substituição de uma janela ou
uma porta pode comprometer uma série de construções singelas,
simples, mas harmoniosas.
Todos nós sabemos que muitos crimes inúteis foram praticados
contra a História da cidade. Lembremos a destruição do prédio da
antiga Casa de Câmara e Cadeia, que ficava atrás da Matriz, e
que foi transformado em Fórum, posteriormente demolido.
Lembremos outro, mais recente, que estava situado ao lado do
antigo Teatro, o da Cadeia Nova, também destruído. Lembremos
ainda da Rua Doutor Cândido Rodrigues e da carreira de casas
térreas em taipa de pilão, possíveis de serem vistas apenas em
antigos cartões postais do acervo do Museu.
O que aconteceu de lá para cá? É muito provável, em primeiro
lugar, que nossa sensibilidade diante da paisagem urbana, diante
da memória coletiva, tenha mudado. Sabemos hoje que a cidade
AGRADECIMENTOS
Ao Senhor Prefeito Municipal de Bragança Paulista, Fernão Dias
da Silva Leme.
Ao Luís Henrique Camargo Duarte , o Quique, ex Secretário de
Cultura e Turismo do Município de Bragança Paulista.
Ao Ivan Montanari, atual Secretário de Cultura e Turismo do
Município de Bragança Paulista.
Aos funcionários da Secretaria de Cultura e Turismo do Município
de Bragança Paulista:
Alzira Pereira da Silva;
Daniel Cristiano da Silva Lima;
Edmir Raymundo Júnior;
Flávia Ribeiro;
Giliane Aparecida Dias Rodrigues;
Jéssica Zenorini;
Sabrina Carolina da Silva;
Selma Camargo;
Suely de Lima Novaes.
À Professora Dra. Maria de Fátima Guimarães Bueno, e à equipe
do CDAPH da Universidade São Francisco.
Ao Arquiteto Gustavo Picarelli, Presidente do Condephac.
Ao Professor Mathias de Abreu Lima Filho.
À Professora Paula Raquel Palma de Araújo.
Ao Cartório de Registro de Imóveis e Anexos de Bragança
Paulista, nas pessoas do seu Oficial, sr. Sérgio Busso e do senhor
Edmilson Rodrigues Bueno, substituto do Oficial.
Ao 1º Tabelião de Notas e de Protesto de Letras e Títulos de
Bragança Paulista, nas pessoas do senhor Fábio Nougalli,
Tabelião e da senhora Marissol Suster, Auxiliar.
À senhora Manriet Quarterone Pires.
À Daniele Gomes.
Ao pessoal do Arquivo da Câmara Municipal de Bragança
Paulista.
Ao pessoal do Museu do Telefone.
Ao pessoal do Museu Municipal Osvaldo Russomano.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 06
NOTAS 56
OS CAMINHOS ANTIGOS E O NÚCLEO URBANO 07
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 57
Caminhos 07
Os caminhos e o primeiro núcleo urbano 10
MAPAS
Os anos 1930 14
1 – Aspectos Formais
2 – Condição de Integridade
CARACTERIZAÇÃO DAS TIPOLOGIAS 16
3 – Condição de Conservação
Casa térrea de porta e janela 17
4 – Condição de Preservação
Casa térrea de meia morada 18
5 – Edifícios com data Impressa na Fachada
Casa térrea de morada inteira 19
6 - Aspectos Formais
Os porões 20
7 – Condição de Preservação – Tombados,
Os sobrados 21
Pré Tombados, e Listados
Casas com entrada lateral 22
8 – Localização de Conjuntos
Casas isoladas 23
CAMINHOS
O nascimento da antiga Jaguari, Nova Bragança, atual Bragança
Paulista, está envolto numa pluralidade de passados que marcam
o ciclo do ouro brasileiro. Para nos aproximarmos deles talvez
tenhamos que compreender a situação da rede de caminhos que
cruzaram a região a partir do século XVIII.
1. Cascalho
2. Lambedor
3. Córrego Vermelho
4. Limas
5. Areia Branca
6. Boa Vista
7. Bairro da Ponte
8. Três Pontes
9. Pereiras
10. Ribeirão das Posses
Il. 3 Mapa de Daniel Pedro Muller (detalhe) 11. Moquem
12. Pires
Na Carta de Pedro Muller, o caminho que de Bragança demanda 13. Sertãozinho
Mogi Mirim está configurado como uma reta que passa por 14. Rosas
Amparo. Nos croquis de Ana Maria Camargo, que representam a 15. Boa Vereda
16. Domingos
ocupação do território bragantino para os lados de Amparo por
17. Cruz Coberta
volta de 1818 e 1854, constata-se a sequencia dos bairros que 18. Falcão
são atravessados pelo caminho (em verde) e que indicam a quase
reta representada por Pedro Muller: Araras, Vargem Grande, Boa Il. 4. Ocupação do território em 1854
Vereda e Córrego Vermelho.
10
OS CAMINHOS ANTIGOS E O NÚCLEO URBANO
Para Goiás
Quando se olha para a planta atual de Bragança parece que se
pode perceber vestígios do traçado desse caminho antigo, vindo
de Atibaia pela Rua José Domingues, passando pela Rua Coronel
Osório, pela Dr. Cândido Rodrigues, Barão de Juqueri,
atravessando a região do Lava Pés e seguindo pela Rua Santa
Cruz até chegar à rodovia que segue para Tuiuti (ilustrações 6 e
7).
Il. 5. Ocupação do território desde 1818 Il. 6 e 7.Provável trecho do caminho para Goiás na trama urbana.
11
OS CAMINHOS ANTIGOS E O NÚCLEO URBANO
A vista de Bragança desenhada por Joseph CooperReinhardt em É bem provável que, com o tempo, o antigo caminho para Goiás,
1850 (ilustração 8) é muito significativa por nos mostrar o o caminho para Mogi Mirim, o caminho para a capela do Amparo,
alinhamento do núcleo antigo de Bragança, provavelmente fosse perdendo importância. Enquanto a Capela do Amparo
alinhando-se ao caminho que de Atibaia se dirigia a Mogi Mirim e pertenceu ao território e administração bragantinos, o contato
ainda, no primeiro plano, o caminho que demandava o Sul de parece ter sido maior.
Minas.
OS SOBRADOS
Desde o período colonial o sobrado esteve presente na paisagem A relação entre largura e altura pode auxiliar a classificação do
das cidades brasileiras. A diferença fundamental consistia no tipo primeiro como sobrado largo e o segundo como sobrado estreito.
de piso, pois enquanto na casa térrea tinha-se o chão batido, no
Encontram-se também sobrados construídos sobre porões.
sobrado tinha-se o assoalho no andar superior, onde passou a
Nesses casos, o primeiro pavimento passa, muitas vezes, a ter
residir a família, desfrutando de mais privacidade e conforto,
uso social. A entrada se dá por meio de escadas para vencer o
ficando longe da umidade que vinha do solo. O pavimento térreo
desnível causado pela existência do porão.
era, então, muitas vezes, utilizado como comércio, tendo portas
ao invés de janelas. O acesso à residência se dava por meio de
uma dessas portas, que tinha uma longa escada de acesso ao
piso superior. Às vezes, essa entrada se dava por uma porta ou
portão lateral, independente da loja, também na fachada principal.
Por serem edifícios de maior porte e que demandavam maiores
investimentos, eram também exemplos de maior apuro no projeto
da fachada, principalmente, um cuidado com as regras
compositivas da sintaxe clássica. Pode-se exemplificar a
diversidade existente através dos sobrados abaixo:
1-Santa Casa
2-Fórum
3-Teatro
4-Cadeia
Rua Coronel Teófilo Leme, 1135 Rua Coronel Leme, 285 (1894)
(1917)
Praça Raul Leme, 147 Ricardo Severo - Casa da Rua Tanguá, São Paulo - 1917
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ASPECTOS FORMAIS NA ORGANIZAÇÃO DAS FACHADAS
Rua Dr. Cândido Rodrigues, vizinhos do Clube Literário em 1935 Rua Cândido Rodrigues, vizinhos do Clube Literário em 2016
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ASPECTOS FORMAIS NA ORGANIZAÇÃO DAS FACHADAS