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DEFINIÇÕES BÁSICAS DE DIREITO COMUNITÁRIO

DIREITO COMUNITÁRIO (Conceito básico)- Conjunto de regras e normas


jurídicas que emanam dos órgãos da União Europeia e que contribuem para o
desenvolvimento do ideal Europeu desde meados do século XX até a
actualidade.
DIREITO INTERNACIONAL – conjunto de textos que vigoram
Internacionalmente e que servem basicamente, para a cooperação,
entendimento e construção de uma sociedade Internacional ou comunidade
Internacional.

FONTES DE DIREITO COMUNITÁRIO – conjunto de modos ou formas de


criação e revelação de actos normativos provenientes dos Tratados e dos
modos legislativos, com a distinção lógica entre :
1. Direito Comunitário Originário – formado pelo conjunto de Tratados e
textos essenciais da construção e consolidação do Direito comunitário;
2. Direito comunitário Derivado – conjunto de formas legislativas, com
capacidade de alterar, os tratados e acordos que alicerçam a actual união
Europeia, nomeadamente na forma de Regulamentos, Decisões, Directivas,
Pareceres e Acordãos.
De forma complementar, o conceito de Fontes de Direito poderá ser visto numa
outra perspectiva, distinguindo-se :
1. Fontes Obrigatórias – as quais os Estados membros devem respeitar as
mesmas, com medidas, âmbitos e formas diversas, de acordo com os
objectivos a atingir;
2. Fontes não Obrigatórias – actos normativos, nos quais não existe qualquer
forma de vinculo entre os actos e os seus destinatários;
3. Fontes externas de Direito Comunitário – são constituídos pelos
instrumentos jurídicos que vinculam a União Europeia e os Estados membros
perante outros Estados ou Organizações Internacionais, de destacar três
tipologias :
A . Acordos concluídos pela comunidade com terceiros Estados
B . Tratados concluídos pelos Estados membros com terceiros Estados
C . Tratados concluídos entre si por Estados que fazem parte da Comunidade
AS INSTITUIÇÕES COMUNITÁRIAS
1. Originalmente, as três comunidades ( CECA,CEE e CEEA) partilham um
Parlamento e um Tribunal, mas possuem três conselhos e três comissões
(incluindo a Alta Autoridade CECA). A partir do Tratado de fusão de 8 de Abril
de 1965, aplicado em 1 de Agosto de 1967, passa a haver um Conselho único
e uma Comissão. No sentido do Tratado, há, pois, quatro
Instituições( Conselho, Comissão, Tribunal e Parlamento),às quais é
necessário acrescentar o Tribunal de Contas( a partir do Tratado de
Maastricht), e os Órgãos Complementares( Comité Económico e Social, Comité
das Regiões e Conselho Europeu).

OS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA UNIÃO EUROPEIA


A construção de uma Europa unida em princípios fundamentais que os
Estados-membros reconhecem e cuja concretização cabe aos órgãos
executivos, a unidade, a igualdade, a liberdade, destacam-se a realização de
uma paz duradoura, reconhece-se explicitamente no respeito da liberdade, da
democracia e do Estado de Direito, valores que são comuns a todos os
Estados-membros (nº 1 do artigo 6.º do Tratado da união Europeia- Tratado de
Nice).
Estes princípios, aliados à protecção das liberdades e dos direitos
fundamentais, foram reforçados pelo Tratado da UE, que pela primeira vez,
prevê medidas em caso de violação dos princípios fundamentais da União
(artigos 7.º e 8.º do Tratado UE). Em termos concretos, isto significa que, se o
Conselho da UE, reunido a nível de chefes de Estado ou de Governo, sob
proposta de um terço dos Estados-membros ou da Comissão, e após parecer
favorável do Parlamento Europeu, verificar a existência de uma violação grave
e persistente dos principios da União, pode decidir por maioria qualificada
suspender alguns dos direitos decorrentes dos Tratados UE e CE ao Estado-
membro no Conselho. Ao fazê-lo, o Conselho terá em conta as eventuais
consequências dessa suspensão nos direitos e obrigações das pessoas
singulares e colectivas. O Estado-membro em questão continuará, de qualquer
modo, vinculado às obrigações que lhe incumbem por força dos Tratados UE e
CE.
- A União Europeia, um Bastião de Paz
Nenhum motivo foi mais poderoso para a unificação Europeia do que a sede de
paz. No século XX, duas guerras mundiais opuseram Estados Europeus que
hoje fazem parte da UE. Por isso, fazer política europeia significa também fazer
política de paz; com a criação da UE, conseguiu-se o elemento essencial para
o estabelecimento de uma ordem pacífica, que torna impossível qualquer
guerra entre países membros. Mais de 40 anos de paz na Europa provam-no
bem.
- A Unidade e a Igualdade por Fios condutores
(Princípio da igualdade dos estados-membros e cidadãos Europeus)
A Unidade é o fio condutor da União Europeia. Os Estados-membros precisam
de avançar para a unidade para poderem responder aos desafios do presente.
E muitos são aqueles que pensam que a paz na Europa e no mundo, a
democracia e o Estado de Direito, a prosperidade económica e o bem-estar
social não poderiam ser assegurados sem a integração Europeia e a União
Europeia.
O desemprego, a inflação, o crescimento insuficiente, a poluição, deixaram de
ser problemas nacionais com soluções a nível nacional. Só no quadro da União
Europeia se pode estabelecer uma ordem económica estável, só através de um
esforço europeu.
- As liberdades Fundamentais
Corolário da Paz, da igualdade e da unidade é a liberdade. A criação de um
espaço mais vasto composto por Estados-membros implica a liberdade de
movimentos para além das fronteiras nacionais: liberdade de circulação de
trabalhadores, liberdade de estabelecimento e de prestações de serviços,
livre circulação de mercadorias e de capitais. Estas liberdades
fundamentais permitem ao empresário decidir livremente, ao trabalhador
escolher o seu local de trabalho e ao consumidor ter à sua disposição uma
diversidade enorme de produtos.
A livre concorrência abre às empresas um universo de consumidores muito
vasto. O trabalhador escolhe ou muda de emprego em função das suas
qualificações e dos seus interesses em todo o espaço da União Europeia.
O consumidor consegue, devido a uma concorrência mais forte, escolher os
produtos melhores e mais baratos.
- O Princípio da Solidariedade
A solidariedade é o necessário elemento correctivo da liberdade. A utilização
desmedida desta faz-se sempre em detrimento de outrem. Por isso, uma
ordem comunitária, para ser duradoura, tem que reconhecer a solidariedade
entre os seus membros como princípio fundamental e repartir uniforme e
equitativamente as vantagens, isto é, a prosperidade e os custos.
- O Respeito da Identidade Nacional
A União respeitará as identidades nacionais dos Estados-membros, assim o
estabelece o n.º3 do art.º 6º do Tratado da UE.
Os Estados-membros, não devem fundir-se na União Europeia, mas antes
trazer para ela a sua identidade nacional. É à diversidade das características e
das identidades nacionais que a União Europeia vai buscar a força moral que
coloca ao serviço de todos.
- O Anseio de Segurança
Todos estes valores fundamentais dependem em última instância da
segurança. Na época em que vivemos, marcada pelo movimento e pela
mudança e repleta de incertezas, a segurança é uma exigência elementar que
também a União Europeia tem que ter em conta. Os cidadãos e as empresas
devem conhecer as implicações das medidas comunitárias e a União Europeia
deve dar-lhe as necessárias garantias de estabilidade.
Trata-se em suma, de garantir o emprego, dando continuidade às medidas
decididas pelas empresas que confiam na estabilidade do enquadramento
económico e, por fim, de proporcionar a todos as pessoas que vivem na União
Europeia a segurança social a que têm direito.
- Os Direitos Fundamentais na União Europeia
Quando se fala de valores fundamentais e de ideias, forçoso é abordar a
questão dos direitos fundamentais dos cidadãos da União, até pelo facto de a
história da Europa, por mais de dois séculos, ter sido marcada por esforços
constantes no sentido do reforço da protecção dos direitos fundamentais.
no respeito pela dignidade, liberdade e as possibilidades de realização da
pessoa humana.
O PROCESSO DE INTEGRAÇÃO ECONÓMICA E A UNIÃO ECONÓMICA E
MONETÁRIA
Ainda que o termo Integração tenha, em meados do século XX, usado para a
associação de várias áreas económicas importa destacar, em termos
históricos, o mais significativo que foi a criação do “Zollverein”, em 1833,
respeitante à abertura de fronteiras entre os 18 Estados Alemães e o
estabelecimento de uma pauta comum em relação ao exterior.
Para uma melhor compreensão dos movimentos de integração, consoante o
seu maior ou menor aprofundamento, vamos distinguir várias formas, dentro
delas : Zona de Comércio Livre, Uniões Aduaneiras, Mercados Únicos ou
Internos, Mercados Comuns e outras formas mais avançadas de integração.
Poderíamos ainda considerar antes estas formas de integração económica em
termos Históricos : caracterizadas pelas preferências como as concedidas por
antigas potências colonizadoras ( preferências Imperiais Britânicas); Sistema
de preferências generalizadas (SPG); Integração de apenas um ou outro sector
(CECA)
Zona de Comércio Livre- entre os Países membros existe liberdade de
movimentos da generalidade dos produtos (ex: EFTA- generalidade dos
produtos industriais) sendo que cada país mantém a possibilidade de seguir
uma política própria em relação ao exterior (ex: EFTA, LAFTA- América Latina e
NAFTA).
União Aduaneira- há liberdade de circulação de mercadorias, mas há uma
política comercial comum que se traduz numa pauta única em relação ao
exterior e na negociação conjunta de qualquer acordo com países terceiros (ex:
comunidade Europeia e MERCOSUL).
Mercado Único ou Interno – para além do afastamento das barreiras
alfandegárias há também o afastamento das barreiras não visíveis (além das
fisicas, as barreiras técnicas e fiscais) que limitam a concorrência entre
economias ( ex: Mercado Único de 1992)
Mercado Comum – acresce a liberdade de circulação dos factores,
designadamente trabalho e capital. Uma maior integração teremos a
harmonização de políticas ou mesmo políticas comuns que implicam uma
transferência de poderes para um âmbito supranacional.
Tipologia de Integração – Integração Negativa e Integração Positiva
Uma integração pela negativa prevê o afastamento de barreiras ao comércio
livre sendo a dinâmica do mercado, o motor do desenvolvimento
tendencialmente sem medidas de intervenção.
Apesar do reconhecimento das virtualidades do mercado o seu aproveitamento
pleno passa por medidas positivas de integração para afastar imperfeições ou
potenciar o seu crescimento seja com a construção de infraestruturas de
transporte e comunicações seja pela formação profissional ou outras. A moeda
única é um exemplo significativo que a União europeia tem em curso.

UEM – UNIÃO ECONÓMICA E MONETÁRIA – MOEDA ÚNICA


Após a II Guerra Mundial, a criação da CEE – Comunidade Económica
Europeia em 1957 constitui um passo significativo na tentativa da unificação
voluntária da Europa. Nesta fase as preocupações referiam-se à União
Aduaneira e ás políticas comuns sendo as questões de ordem monetária de
segundo plano dado a existência de uma ordem monetária satisfatória
( Sistema de Bretton Woods). Para fazer face à liberalização dos pagamentos
correntes e à restauração da convertibilidade monetária criou-se a União
Europeia de pagamentos.
Entretanto o Sistema monetário Internacional começa a deteriorar-se pelo que
a ideia de estabelecer na Europa uma zona de estabilidade monetária torna-se
atractiva e sendo que as disposições do Tratado de Roma não garantiam a
integração económica e monetária é decidido, na Cimeira de Haia de 1969, que
a Comunidade se deveria transformar numa UEM- União Económica e
Monetária.
Os critérios de convergência nominal são sucintamente:
1. a estabilidade de Preços; 2. a sustentabilidade das Finanças Públicas; 3.as
Taxas de Câmbio; e 4. as Taxas de Juro.
1.A Taxa de inflação não pode ultrapassar 1,5 pontos percentuais ( a média das
3 Taxas de inflação mais baixas da União Económica)
2.1. O défice Público não deve ultrapassar 3% do PIB-Produto Interno Bruto
2.2. A divida pública não deve ultrapassar 60% do PIB-Produto Interno Bruto
3. Observância durante 2 anos das margens de flutuação das novas moedas
nacionais

2. Direito comunitário - Definições


O objectivo central das Comunidades Europeias de atingir a unificação
europeia baseia-se exclusivamente no primado do direito. O direito comunitário
é um ordenamento jurídico independente que prevalece sobre as ordens
jurídicas nacionais. Vários protagonistas estão envolvidos no processo de
aplicar, controlar e desenvolver este ordenamento jurídico, existindo para o
efeito vários procedimentos. De um modo geral, a legislação da UE é composta
por três tipos diferentes - mas interdependentes - de legislação.
Direito primário
O direito primário inclui os Tratados e outros acordos com estatuto semelhante
e é negociado directamente entre os governos dos Estados-Membros. Estes
acordos assumem a forma de tratados que são, posteriormente, sujeitos a
ratificação pelos parlamentos nacionais. O mesmo procedimento é aplicável a
eventuais alterações aos tratados.
Os Tratados que instituem as Comunidades Europeias foram revistos várias
vezes através dos seguintes actos:
 Acto Único Europeu (1987);
 Tratado da União Europeia - "Tratado de Maastricht" (1992);
 Tratado de Amesterdão, que entrou em vigor em 1 de Maio de 1999. e
Tratado de Nice
Os Tratados também definem o papel e as responsabilidades das instituições e
dos órgãos da UE envolvidos nos processos decisórios e nos procedimentos
legislativo, executivo e judicial que caracterizam o direito comunitário e a sua
aplicação.
Direito derivado
O direito derivado baseia-se nos Tratados e implica uma série de
procedimentos aí previstos. Por força dos Tratados que instituem as
Comunidades Europeias, o direito comunitário pode assumir as seguintes
formas:
 regulamentos, que são directamente aplicáveis e obrigatórios em todos
os Estados-Membros sem que seja necessária qualquer legislação de
aplicação;
 directivas, que vinculam os Estados-Membros quanto aos objectivos a
alcançar num determinado prazo, deixando, no entanto, às instâncias
nacionais a competência quanto à forma e aos meios a utilizar. As
directivas têm de ser transpostas para o direito interno de cada país de
acordo com os seus procedimentos específicos;
 decisões, que são vinculativas na sua integralidade para os seus
destinatários. Assim, as decisões não requerem legislação de
transposição nacional. Uma decisão pode ser dirigida a um ou a todos
os Estados-Membros, bem como a empresas e pessoas singulares;
 recomendações e pareceres, que não são vinculativos.

Jurisprudência
A jurisprudência inclui acórdãos do Tribunal de Justiça Europeu e do Tribunal
de Primeira Instância Europeu, nomeadamente na sequência de requerimentos
da Comissão, dos tribunais nacionais dos Estados-Membros ou de particulares.
Estes diferentes tipos de legislação formam o acervo comunitário..
3. Protagonistas do processo legislativo da UE
Conselho da União Europeia
Funções e responsabilidades
O Conselho - também chamado Conselho de Ministros - é a principal instituição
decisória da União Europeia e a autoridade legislativa última. Enquanto
instituição da UE, o Conselho da União Europeia não deve ser confundido com
o Conselho Europeu - constituído pelos chefes de Estado e de Governo dos
Estados-Membros da União Europeia e o presidente da Comissão Europeia -
ou com o Conselho da Europa, que é uma organização internacional.
Por força do Tratado que institui a Comunidade Europeia, as principais
competências do Conselho são as seguintes:
 o Conselho é o órgão legislativo da Comunidade; para um vasto leque
de competências comunitárias, ele exerce esse poder legislativo em co-
decisão com o Parlamento Europeu;
 o Conselho assegura a coordenação das políticas económicas gerais
dos Estados-Membros;
 o Conselho celebra, em nome das Comunidades Europeias, acordos
internacionais (que são negociados pela Comissão e requerem o
parecer favorável do Parlamento) entre a Comunidade e um ou vários
Estados ou organizações internacionais;
 o Conselho e o Parlamento Europeu constituem a autoridade orçamental
que adopta o orçamento da Comunidade.
Por força do Tratado da União Europeia, o Conselho também:
 toma as decisões necessárias à definição e execução da Política
Externa e de Segurança Comum com base nas orientações gerais
definidas pelo Conselho Europeu;
 assegura a coordenação da acção dos Estados-Membros e adopta as
medidas necessárias no domínio da cooperação policial e judiciária em
matéria penal.
O Conselho é um órgão com as características de uma organização
supranacional e intergovernamental. Isto reflecte-se na composição e
Presidência do Conselho, bem como nos processos de trabalho associados às
actividades do Conselho.

Funções e responsabilidades do Tribunal de Justiça


O Tribunal de Justiça enquanto instituição judicial e órgão de controlo tem tido
uma influência muito importante na evolução do direito comunitário, tendo-lhe
sido atribuídas várias missões e competências que extravasam a sua função
judicial tradicional. A composição do Tribunal de Justiça reflecte o seu objectivo
fundamental: melhorar a protecção judicial dos cidadãos e garantir a
interpretação uniforme do direito comunitário.
Responsabilidades e poderes em:
 litígios entre Estados-Membros;
 litígios entre a UE e Estados-Membros;
 litígios entre instituições;
 litígios entre cidadãos e a UE;
 pareceres sobre acordos internacionais.
As diferentes espécies de acções e recursos incluem:
 acção por incumprimento;
 recurso de anulação;
 acção por omissão;
 acção de indemnização;
 recurso ordinário;
 processo de reenvio prejudicial.

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