Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Cuidados coletivos como práticas realizadas fora Para que o SUS venha a ser universal é preciso se
da unidade (extramuros): abarcam práticas realizadas desencadear um processo de universalização, isto é, um
extramuros à unidade de saúde, tais como visita domiciliar, processo de extensão de cobertura dos serviços, de modo
atividades junto às escolas da área de abrangência, e que venham, paulatinamente, a se tornar acessíveis a toda
encaminhamento do usuário na rede de atenção. a população.
Ações de cuidado coletivo como realização de
grupos: nestes, as pessoas irão frequentar reuniões para Para isso, é preciso eliminar barreiras jurídicas,
adquirir conhecimentos e modificar seu modo de viver econômicas, culturais e sociais que se interpõem entre a
naquilo que, para equipe, não é saudável ou que pode população e os serviços. A primeira delas, a barreira
causar dano. jurídica, foi eliminada com a Constituição Federal de 88, na
Cuidado coletivo como atendimentos individuais medida em que universalizou o direito à saúde, e com isso,
capazes de atingir várias pessoas: este é resultante das eliminou a necessidade do usuário do sistema público
ações individuais que são passadas para outras pessoas, colocar-se como trabalhador ou como “indigente”, situações
ou de cuidados prestados que interferem na família – como que condicionavam o acesso aos serviços públicos antes do
a assistência a crianças e idosos que estão sob os cuidados SUS.
de uma família, modificando, assim, o ambiente em que 3.1.2. A equidade
todos os familiares estão inseridos.
Ações de cuidado coletivo a partir de mudanças na Compreendida como o reconhecimento das diferenças
história e na vida e a produção da autonomia: é a construção existentes nas necessidades de saúde, quer regionais ou
da ação de cuidado coletivo que se dá entre trabalhadores individuais, com o desenvolvimento de ações objetivando a
da equipe, setores sociais e famílias. justiça social, isto é, que reduzam a exclusão e beneficiem,
prioritariamente, aqueles que possuem piores condições de
saúde.
3. DESCREVER OS PRINCÍPIOS E DIRETRIZES
DO SUS E SUA APLICABILIDADE NA GESTÃO. A noção de equidade diz respeito à necessidade de se
“tratar desigualmente os desiguais” de modo a se alcançar
A valorização do direito à saúde se deu de forma ampla
a igualdade de oportunidades de sobrevivência, de
apenas na Constituição Federal de 1988, que conferiu o
desenvolvimento pessoal e social entre os membros de uma
merecido destaque aos direitos sociais, entre eles, o da
dada sociedade. O ponto de partida é o reconhecimento da
saúde e criou o Sistema Único de Saúde (SUS),
desigualdade entre as pessoas e os grupos sociais e o
regulamentado pelas Leis ns. 8.080/1990, 8.142/1990 e
reconhecimento de que muitas dessas desigualdades são
12.401/2011. Deste modo, a saúde é para a Constituição
injustas e devem ser superadas. Em saúde,
Federal de 1988 um bem fundamental e um direito de todos.
especificamente, elas se apresentam como desigualdades complexidade tecnológica dos serviços, isto é, o
diante do adoecer e do morrer, reconhecendo-se a estabelecimento de uma rede que articula as unidades mais
possibilidade de redução dessas desigualdades, de modo a simples às unidades mais complexas, através de um
garantir condições de vida e saúde mais iguais para todos. sistema de referência (SR) e contra-referência(CR) de
usuários e de informações. O processo de estabelecimento
3.1.3. O atendimento integral à saúde de redes hierarquizadas pode também implicar o
Mediante a articulação de ações e serviços preventivos e estabelecimento de vínculos específicos entre unidades (de
curativos, individuais e coletivos, necessários à efetiva distintos graus de complexidade tecnológica) que prestam
melhoria dos níveis de saúde da população. serviços de determinada natureza, como por exemplo, a
rede de atendimento a urgências/emergências, ou a rede de
Diz respeito ao leque de ações possíveis para a promoção atenção à saúde mental.
da saúde, prevenção de riscos e agravos e assistência a
doentes, implicando a sistematização do conjunto de 3.2.3. Integração
práticas que vem sendo desenvolvidas para o A integração entre as ações promocionais, preventivas e
enfrentamento dos problemas e o atendimento das curativas diz respeito à possibilidade de se estabelecer um
necessidades de saúde. A integralidade é (ou não), um perfil de oferta de ações e serviços do sistema que
atributo do modelo de atenção, entendendo-se que um contemple as várias alternativas de intervenção sobre os
“modelo de atenção integral à saúde” contempla o conjunto problemas de saúde em vários planos de sua “história
de ações de promoção da saúde, prevenção de riscos e (natural) social”, abarcando intervenções sobre condições
agravos, assistência e recuperação. de vida, riscos e danos à saúde.
Um modelo “integral”, portanto, é aquele que dispõe de Cabe registrar a distinção entre “integralidade” e
estabelecimentos, unidades de prestação de serviços, “integração”, termos que por vezes se confundem no debate
pessoal capacitado e recursos necessários, à produção de acerca da organização dos serviços de saúde. Se a
ações de saúde que vão desde as ações inespecíficas de integralidade é um atributo do modelo (algo que o modelo
promoção da saúde em grupos populacionais definidos, às de atenção à saúde “deve ser”), a integração é um processo,
ações específicas de vigilância ambiental, sanitária e algo “a fazer” para que o modelo de atenção seja integral.
epidemiológica dirigidas ao controle de riscos e danos, até Nesse sentido, a integração envolve duas dimensões: uma
ações de assistência e recuperação de indivíduos enfermos, dimensão vertical – proporcionada pelo estabelecimento da
sejam ações para a detecção precoce de doenças, sejam hierarquização dos serviços (SR e CR) – que permite a
ações de diagnóstico, tratamento e reabilitação. produção de ações de distintas complexidades (primária,
3.2. ORGANIZACIONAIS (OU OPERATIVOS) secundária, terciária) em função da natureza do problema
que se esteja enfrentando; e uma integração horizontal, que
Referentes aos processos que permitirão o cumprimento permite a articulação, no enfrentamento do problema, de
das principais diretrizes do SUS. Dentre eles, destacam-se: ações de distinta natureza (promoção, prevenção,
recuperação).
3.2.1. Descentralização
3.3. APLICABILIDADE NA GESTÃO
A descentralização de ações e serviços de saúde, com
direção única em cada esfera de governo e ênfase na Embora o SUS tenha sido institucionalizado a partir de um
municipalização. conceito amplo de saúde, opera ainda com o conceito de
saúde como ausência de doença, não desenvolvendo ações
Implica na transferência de poder de decisão sobre a que levem em conta fatores sociais, econômicos e
política de saúde do nível federal (MS) para os estados ambientais que afetam os determinantes sociais,
(SES) e municípios (SMS). Esta ocorre a partir da econômicos, culturais e políticos que interferem nas
redefinição das funções e responsabilidades de cada nível condições de vida e saúde da população.
de governo com relação à condução político administrativa
do sistema de saúde em seu respectivo território (nacional, Percebe-se nos dias atuais que os princípios do SUS muitas
estadual, municipal), com a transferência, concomitante, de vezes se restringem ao papel e que a efetivação dos
recursos financeiros, humanos e materiais para o controle mesmos não acontece. Quando os usuários buscam
das instâncias governamentais correspondentes. atendimento, muitas vezes deparam-se com as portas
fechadas, a precariedade, ou até mesmo a falta de
3.2.2. Regionalização e hierarquização materiais, e profissionais que foram acometidos pela
Dizem respeito à forma de organização dos comodidade, ou falta de comprometimento com seu fazer
estabelecimentos (unidades de unidades) entre si e com a profissional, ou mesmo por muito deles terem a formação
população usuárias. com visão hospitalocêntrica. Todos esses fatores
contribuem para que os princípios do SUS não sejam
A regionalização implica a delimitação de uma base cumpridos. Desta forma, acredita-se que se as
territorial para o sistema de saúde, que leva em conta a desigualdades sociais em saúde fossem reduzidas, os
divisão político-administrativa do país, mas também usuários do sistema seriam amplamente amparados através
contempla a delimitação de espaços territoriais específicos da proteção e promoção da saúde.
para a organização das ações de saúde, subdivisões ou
agregações do espaço político-administrativo. 4. DESCREVER O PROCESSO DE PLANEJAMENTO EM
SAÚDE (LEVANTAMENTO DE DADOS, ANÁLISE,
A hierarquização, por sua vez, diz respeito à possibilidade
DIAGNÓSTICO, PLANO DE INTERVENÇÃO, AVALIAÇÃO).
de organização das unidades segundo grau de
5. CONCEITUAR OS INDICADORES DE SAÚDE E Eles também devem evidenciar padrões relacionados à
EPIDEMIOLÓGICOS. estrutura, processo e resultado desejáveis de um sistema.
Fornecem uma base quantitativa para médicos, instituições
Indicadores de saúde são parâmetros utilizados prestadoras de serviços, fontes pagadoras e planejadores,
internacionalmente com o objetivo de avaliar, sob o ponto como o objetivo de atingir melhoria da assistência e dos
de vista sanitário, a higidez de agregados humanos, bem processos relacionados à assistência.
como fornecer subsídios aos planejamentos de saúde,
permitindo o acompanhamento das flutuações e tendências Os indicadores podem ser usados para:
históricas do padrão sanitário de diferentes coletividades
consideradas à mesma época ou da mesma coletividade em Documentação da qualidade da assistência;
diversos períodos de tempo. Comparação entre instituições e dentro de uma
mesma ao longo do tempo;
Em 1952, a Organização das Nações Unidas (ONU) Avaliação;
convocou um grupo de trabalho com a finalidade de estudar Estabelecimento de prioridades;
métodos satisfatórios para definir e avaliar o nível de vida Demonstração da confiabilidade e transparência
de uma população. Esse grupo concluiu não ser possível dos serviços prestados frente à sociedade;
utilizar um único índice que traduza o nível de vida de uma Melhoria contínua da qualidade.
população; é preciso empregar abordagem pluralista,
considerando-se, para tanto, vários componentes passíveis
6. DEMONSTRAR COMO É FEITO O CÁLCULO
de quantificação. Doze foram os componentes sugeridos:
DOS INDICADORES DE SAÚDE E EPIDEMIOLÓGICOS
saúde, incluindo condições demográficas; alimentos e
(INCIDÊNCIA E PREVALÊNCIA, COEFICIENTE DE
nutrição; educação, incluindo alfabetização e ensino
MORTALIDADE GERAL E PROPORCIONAL – SEXO,
técnico; condições de trabalho; situação em matéria de
IDADE E PATOLOGIA –, MORBIDADE, MORTALIDADE
emprego; consumo e economia gerais; transporte; moradia,
INFANTIL) E SUA APLICABILIDADE.
com inclusão de saneamento e instalações domésticas;
vestuário; recreação; segurança social e liberdade humana. A construção de um indicador é um processo cuja
complexidade pode variar desde a simples contagem direta
A utilização de indicadores de saúde permite o
de casos de determinada doença, até o cálculo de
estabelecimento de padrões, bem como o
proporções, razões, taxas ou índices mais sofisticados,
acompanhamento de sua evolução ao longo dos anos.
como a esperança de vida ao nascer.
Embora o uso de um único indicador isoladamente não
possibilite o conhecimento da complexidade da realidade 6.1. COEFICIENTE DE INCIDÊNCIA DA DOENÇA
social, a associação de vários deles e, ainda, a comparação
entre diferentes indicadores de distintas localidades facilita Representa o risco de ocorrência (casos novos) de uma
sua compreensão. doença na população. Pode ser calculado por regra de três
ou através da seguinte fórmula:
Para a Organização Mundial da Saúde, esses indicadores
gerais podem subdividir-se em três grupos:
Dadas as inúmeras definições de saúde, a imprecisão delas O coeficiente de prevalência também é igual ao resultado
e a dificuldade de mensurá-la, os indicadores mais do coeficiente de incidência multiplicado pela duração
empregados têm sido aqueles referentes à ausência de média da doença. Dessa fórmula fica evidente que a
saúde. Esses indicadores são bastante abrangentes, prevalência, além dos casos novos que acontecem
embora tenham sido utilizados para comparar países em (incidência), é afetada também pela duração da doença, a
diferentes estágios de desenvolvimento econômico e social. qual pode diferir entre comunidades, devido a causas
Os indicadores de saúde podem e devem ser utilizados ligadas à qualidade da assistência à saúde, acesso aos
como ferramentas para auxiliar o gerenciamento da serviços de saúde, condições nutricionais da população,
qualidade. Indicadores de saúde da população associados etc. Assim, quanto maior a duração média da doença, maior
a indicadores econômicos, financeiros, de produção, de será a diferença entre a prevalência e a incidência.
recursos humanos, de qualidade da assistência A prevalência é ainda afetada por casos que imigram
propriamente dita, isto é, relacionados a determinadas (entram) na comunidade e por casos que saem (emigram),
doenças, auxiliam na avaliação de programas e de serviços.
por curas e por óbitos. Dessa maneira, temos como ♦ Mortalidade por causas: as estatísticas de mortalidade
“entrada” na prevalência os casos novos (incidentes) e os as vezes podem substituir as de morbidade quando estes
imigrados e como “saída” os casos que curam, que morrem não estão disponíveis. Porém não abrangem todo o
e os que emigram. espectro de doenças que acometem a população. Algumas
de alta incidência mas com baixa letalidade não aparecem,
Assim, a prevalência não é uma medida de risco de mas para as mais graves, com altas taxas de letalidade,
ocorrência da doença na população, mas pode ser útil para estas estatísticas podem constituir um retrato aproximado
os administradores da área de saúde para o planejamento da morbidade da população.
de recursos necessários (leitos hospitalares,
medicamentos, etc.) para o adequado tratamento da 6.5. COEF. DE MORBIDADE
doença.
A morbidade refere-se ao conjunto dos indivíduos que
Dois tipos de coeficientes de prevalência podem ser adquiriram doenças num dado intervalo de tempo. Denota-
utilizados: o coeficiente de prevalência instantânea ou se morbidade ao comportamento das doenças e dos
pontual ou momentânea (em um tempo especificado) e o agravos à saúde em uma população exposta.
coeficiente de prevalência por período ou lápsica (abrange
um período maior de tempo, por exemplo um ano). Seu coeficiente é dado pela relação entre o número de
casos de uma doença e a população exposta a adoecer. É
6.3. COEF. GERAL DE MORTALIDADE (CGM) discriminado em coeficiente de incidência e coeficiente de
prevalência. Muito útil para o objetivo de controle de
Representa o risco de óbito na comunidade. É expresso por doenças ou de agravos, bem como para estudos de análise
uma razão, e pode ser calculado, como todos os demais do tipo causa/efeito.
coeficientes, também através de regra de três simples (se
numa população de 70.000 habitantes tenho 420 óbitos, em
1000 habitantes terei “x”, sendo 1000 o parâmetro que
permitirá comparar com outros locais ou outros tempos):
A quantidade de casos de uma doença também permite
estimar sua importância para aquela população. Estão
relacionados à morbidade os termos:
Dados do Brasil