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Diretor Executivo Geraldo Biasoto Junior
Diretora Técnica de Políticas Sociais Leda Zorayde de Oliveira
Coordenador Sergio da Hora Rodrigues
ISBN 978-85-7285-114-5
Competência
Habilidades
Base Tecnológica
10
O Trabalho em Saúde
UNIDADE I - TRABALHO ENQUANTO PRODUÇÃO DA VIDA
MATERIAL E SOCIAL
TEXTO 2 – A evolução da organização do trabalho........................... 26
O Trabalho em Enfermagem
UNIDADE I – GESTÃO DO TRABALHO EM ENFERMAGEM
TEXTO 7 – A Gestão do trabalho de enfermagem.............................. 75
12
2/9/2009 17:49:35
14
I.1- Analisar as transformações provoca- 1- Ecologia, equilíbrio e desequilíbrio eco- 1- Pesquisa em grupos sobre ecologia, equilíbrio e dese-
das pelo trabalho humano no ambiente lógico quilíbrio ecológico.
natural e suas consequências. 2- Ambiente natural e ambiente modificado 2- Pesquisa em grupos sobre as transformações provoca-
3- Ações antropogênicas das pela ação humana no ambiente natural e os tipos
• Indústria de atividades que modificam o ambiente, destacando
• Mineração o trabalho humano.
• Urbanização 3- Apresentação dos trabalhos com sistematização das
• Agrária/pecuária ações antropogênicas.
4- Ecologia, qualidade de vida e saúde 4- Debate sobre a relação entre ecologia, qualidade.
I.2- Relacionar a organização produtiva 1- Modelo de desenvolvimento industrial 1- Debate sobre as características do modelo de desen-
e mudanças ambientais que oferecem • Concentração de atividades de pro- volvimento das sociedades urbano-industriais e sua
risco à saúde da população. dução e consumo relação com o pensamento político-econômico cen-
• Aumento populacional trado no consumo.
• Aumento da urbanização 2- Levantamento das consequências ambientais decor-
• Exclusão social rentes da intensa intervenção humana sobre a nature-
• Falta de infraestrutura básica za, em especial nos aglomerados urbano-industriais.
2- Alterações ambientais 3- Discussão sobre a relação entre desequilíbrio dos
• Poluição química ecossistemas, consequências para a qualidade de
• Contaminação de água, solo e ali- vida e mudanças no perfil epidemiológico.
mentos
4- Organização e participação em seminário sobre ris-
• Destruição de florestas
cos ecológicos globais e política ambiental interna-
• Extinção de espécies
cional e nacional baseada em propostas de desenvol-
• Redução da biodiversidade
vimento sustentável.
3- Conceito de risco em saúde
5- Leitura e discussão do texto: Meio Ambiente, Desen-
4- Alterações ambientais volvimento e Saúde.
• Efeito estufa
• Destruição da camada de ozônio
• Contaminação nuclear
Em nosso contexto sociopolítico e econômico encontramos disparidade Segundo os dados da CEPAL, 39%
dos domicílios da América Latina e
em todo o território nacional. Ao mesmo tempo que encontramos regiões, mu- do Caribe vivem em condições de
pobreza, 18% em condições de indi-
nicípios ou bairros com qualidade de vida comparável à de países de Primeiro gência e 37% das moradias são ina-
dequadas para ser habitadas. Destas,
Mundo, convivemos com situações de extrema pobreza, com grande parte da somente 21% podem ser melhora-
das para se tornar habitáveis. Essa
população sem acesso a bens e serviços básicos que lhe garantam condições situação implica problemas de saú-
dignas de vida. Problemas como deficiências no saneamento básico, exposição de pública, tais como a doença de
Chagas, as infecções respiratórias
das pessoas a perigos como contaminação do ambiente proveniente de resíduos agudas (IRA), alergias e, inclusive, a
violência. (OPAS/BRA/HEP/001/99).
derivados da atividade humana, contato diário com substâncias tóxicas, são al-
guns exemplos do nosso cotidiano que refletem essas especificidades.
Ecossistema: É conjunto inseparável Uma das primeiras iniciativas, com foco no campo da saúde quanto à
de seres vivos e do meio ambiente
físico, incluindo as relações entre si. relação entre ecossistemas, ambientes saudáveis e saúde surgiu de estudos re-
Um ecossistema pode ter tamanhos
diferentes – um pântano, uma gru- alizados em 1974 no Canadá. O resultado deste trabalho – conhecido como
ta, um rio ou uma ilha podem ser
chamados de ecossistemas. Já os
relatório Lalonde – apontou a importância de uma abordagem ecológica no trato
espaços maiores – como florestas das ações de saúde.
tropicais, o cerrado ou a geleira ár-
tica – chamamos de biomas, pois
abrigam um conjunto diversificado
de ecossistemas. (Ministério da Saú-
A Declaração de Alma-Ata para os Cuidados Primários em Saúde, divulgada
de, Proformar, 2004). pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 1978, marcou a abordagem do
processo saúde-doença considerando suas dimensões sociais, políticas, culturais,
ambientais e econômicas. A OMS sugeriu novas propostas que englobavam:
A 2ª Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvol- A Agenda 21 é uma carta de com-
promisso entre países ricos e po-
vimento (CNUMAD ou RIO-92), realizada no Rio de Janeiro em 1992 foi con- bres, contendo sete capítulos que
propõem a construção de um am-
siderada como um marco, tanto pela expressiva participação de líderes políti- biente saudável, com políticas de
prevenção e promoção da saúde.
cos mundiais como pelo consenso em torno de uma agenda ambiental, com a (FIOCRUZ, PROFORMAR, 2004).
pactuação de acordos internacionais e definição de políticas, ainda em vigor:
Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento; Convenção sobre
Mudanças Climáticas; Declaração de Princípios sobre Florestas; Convenção so-
Pesquise sobre ações desenvolvidas
bre a Biodiversidade e a Agenda 21. em seu Município ou Estado para
diagnóstico de problemas sócio-am-
bientais e geração de diretrizes para
As conferências internacionais realizadas em Adelaide (1988), Sundsvall um desenvolvimento local sustentável,
em consonância com a Agenda 21.
(1991), Bogotá (1992) e Jacarta (1997) traçaram diretrizes para as políticas públi-
cas relativas a ambientes e estilos de vida saudáveis.
Os riscos ambientais e suas consequências para a saúde estão assim, para O reconhecimento da complexida-
de dos problemas ambientais vem
além da alçada do setor saúde. Nesse sentido, nos anos 1990, em nosso país, o exigindo a superação dos reducio-
nismos, por meio de uma ciência
debate sobre o modelo de vigilância da saúde veio traçar novas bases para polí- mais voltada ao diagnóstico dos
ticas e ações de saúde centradas em uma perspectiva de promoção. problemas e reconhecimento dos
seus limites, bem como práticas
inter/transdiciplinares de produção
de conhecimento, constituição de
O paradigma da promoção à saúde é posto em ação por meio do mode- equipes multiprofissionais e polí-
lo de vigilância da saúde, tendo como sujeitos do processo tanto a equipe de ticas intersetoriais e participativas,
que assumam a dimensão comple-
saúde quanto os cidadãos, por meio do controle social. As novas tecnologias xa dos problemas ambientais. Nesse
processo, reforça-se a necessidade
de comunicação social e planejamento local situacional, aliadas às tecnolo- de uma redefinição e reorientação
do papel do setor saúde frente aos
gias médico-sanitárias, se constituem nos meios para a intervenção nos fatores problemas ambientais (...). Nesse
determinantes das condições de vida e de trabalho da população, organizadas contexto, a intersetorialidade passa
a ser conceito-chave, significando
em ações intersetoriais, em bases territoriais. Este novo paradigma requer a re- a integração entre os vários níveis
e setores de governo envolvidos
ordenação dos recursos humanos que atuam nesse campo, com novas compe- direta ou indiretamente em torno
de problemas de saúde e ambiente.
tências relativas à comunicação social, pensamento estratégico e habilidades (Ministério da Saúde, CBVA, 2002).
de articulação com os diversos setores e estruturas envolvidos na promoção à
saúde e com a população.
A Instrução Normativa nº 1, de 7
de março de 2005, regulamentou o
Em nível municipal, as estruturas das vigilâncias epidemiológica, sanitária
Subsistema Nacional de Vigilância e ambiental, até então desarticuladas, passam a se constituir na estrutura opera-
em Saúde Ambiental (SINVSA). En-
tre suas atribuições estão a coorde- cional da vigilância da saúde, em uma perspectiva de integralidade e interseto-
nação, a avaliação, o planejamen-
to, o acompanhamento, a inspeção rialidade das ações.
e a supervisão das ações de vigi-
lância relacionadas às doenças e
agravos à saúde no que se refere a: Em conformidade com as ações da Vigilância em Saúde Ambiental é im-
1) água para consumo humano;
2) contaminações do ar e do solo;
perativo que o desenvolvimento econômico e político ocorra de maneira sus-
3) desastres naturais; tentável havendo a integração entre os empresários e os diversos setores gover-
4) contaminantes ambientais e
substâncias químicas; namentais, além da participação de comunidades representadas por meio de
5) acidentes com produtos perigosos;
6) efeitos dos fatores físicos; e conselhos e comissões.
7) condições saudáveis no ambien-
te de trabalho.
Cabe ainda ao SINVSA elaborar in- Na área da saúde muito se pode fazer no sentido de contribuir para o de-
dicadores e sistemas de informação
de vigilância em saúde ambiental senvolvimento sustentável, a equipe de enfermagem pode e deve participar de
para análise e monitoramento, ações desse contexto como cidadãos e profissionais.
promover intercâmbio de experi-
ências e estudos, ações educativas
e orientações e democratizar o co-
nhecimento na área. (Ministério da
Saúde, SVS, 2009).
Bibliografia
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Fundação Nacional de Saúde. Curso Básico de Vigilância
Ambiental em Saúde. CBVA. Brasília: 2002, mimeo.
Avaliação: Avaliação processual dos conteúdos relevantes e avaliação de produto final da Unidade I
Sugestão de ações para estágio supervisionado:
Pesquisa sobre a divisão do trabalho por gênero, idade e classe social em saúde e na enfermagem.
O advento da modernidade apon- Como os bens produzidos dependiam da matéria-prima disponível, que
tou outra configuração à concep-
ção e organização do trabalho, variava regionalmente, iniciou-se o período de troca de mercadorias ocasionan-
impulsionadas pelas descobertas
científicas e marítimas, pelo desen- do o desenvolvimento das regiões de produção. O comércio se organiza em ar-
volvimento das ciências da nature-
za, da imprensa e do domínio/con-
mazéns e as mercadorias passam a ser levadas a outras regiões para ser trocadas,
trole do tempo. A organização do provocando a necessidade de aumento na produção.
trabalho fabril introduz o processo
de trabalho coletivo e a inclusão de
mulheres e crianças como mão de
obra. Nesse contexto são lançadas
Com o incremento da demanda, gradativamente o processo de produção
as bases do liberalismo burguês e de uma mercadoria passa a ser fragmentado, dividido entre vários trabalhado-
do capitalismo, ao se conceber o
trabalho como gerador de direitos res. Com a divisão social da produção há aumento na produtividade e para a
e criador de valores e ao se con-
siderar o homem/trabalhador não utilização das máquinas e execução da etapa que cabe a cada operário há a
mais como “alma” controlável pelo
poder político/religioso, mas como necessidade de treinamento.
força de trabalho, passível de ser
barganhada pelo salário. (Ministé-
rio da Saúde, 2000). Assim, em meados do século XVIII, ocorre a Revolução Industrial, fenô-
meno iniciado na Inglaterra e com repercussão mundial, que traz a mecanização
para os processos de produção, com isso a tarefa artesanal do homem foi sendo
26 26 O Trabalho em Saúde
Os empregadores estabelecem as regras impondo a divisão do trabalho, Marx vem a ser um divisor de
águas ao apontar que o trabalho
o ritmo necessário à produção e a jornada de trabalho. Como o que se tinha era oculta a alienação e a inconsciên-
cia do trabalhador em relação ao
a produção em massa passa a se estimular o consumo desenfreado, mudando o seu próprio ato, descaracterizando-
o de sua natureza humana e indivi-
modelo econômico-social da população. dual. Assim, o trabalhador passa de
indivíduo a membro de determi-
nada classe social, condição esta
Nesse período, Frederick Taylor (1856-1915), engenheiro norte-america- que só será eliminada pela supera-
ção do trabalho assalariado. Marx
no, destacou-se na área, concebendo a ideia de que a organização e a adminis- também mostra outra dimensão do
trabalho ressaltando que por meio
tração das empresas deveriam ser tratadas cientificamente e não empiricamente dele (enquanto ação voluntária e
como vinham sendo conduzidas. consciente) o homem intervém so-
bre a natureza para humanizá-la e
humanizar-se, ou seja, o trabalho
tem sido a forma histórica de de-
Sua atenção foi direcionada principalmente para a organização racional senvolvimento da humanidade. A
do trabalho no “chão de fábrica”. Intensificou a divisão do trabalho convicto superação da dicotomia teoria-prá-
tica ocorre a partir do entendimen-
de que a eficiência aumentava com a especialização e cada trabalhador ficou to de trabalho enquanto atividade
concreta do ser humano, que trans-
limitado à execução de uma etapa do processo de produção, de maneira re- forma o mundo e, nesse processo,
transforma-se a si mesmo. (Ministé-
petitiva e constante. rio da Saúde, 2000).
28 28 O Trabalho em Saúde
Nas décadas seguintes a exigência de mercado se torna cada vez Polivalência e multifuncionalidade
(...) conceitua a polivalência como
maior, há demanda de produtos cada vez mais diversificados para atender a ampliação do conjunto de tarefas
atribuídas ao empregado dentro
às diferentes necessidades do consumidor. Coube às empresas se adequa- da sua especialidade profissional
e multifuncionalidade como a
rem às novas situações, enfrentando desafios como a capacidade de res- ampliação no conjunto de tarefas
que incorpora outras especialida-
ponder rapidamente às mudanças de demanda de mercado, incorporação des profissionais não pertencen-
de novas tecnologias e formas de gestão da força de trabalho, incluindo tes, originalmente ao empregado,
ambas exigindo (re) qualificação
trabalho em equipes, círculos de controle de qualidade, com ênfase na co- para o novo trabalho (polivalente
ou multifuncional). (HIRATA apud
operação, na multifuncionalidade e na polivalência. (Laranjeira apud Loch, Mazzilli, C; Agra, C., 1998).
PONTES, A. P. Filho; et al. A divisão do trabalho como instrumento de dominação. III Se-
minário do Centro de Ciências Sociais Aplicadas. Cascavel – 18 a 22 de outubro de 2004.
30 30 O Trabalho em Saúde
II.1- Analisar o mundo do trabalho 1- O mundo do trabalho nas socieda- 1- Organização e participação em seminário so-
nas sociedades contemporâneas e des pós-industriais bre mundo do trabalho, globalização, políticas
sua relação com o panorama políti- • Diminuição de postos de traba- públicas e consequências para o mercado de
co-econômico. lho/desemprego trabalho e trabalhador.
• Privatização
• Informatização
II.2- Analisar as implicações do ce- 1- Sistema Público de Saúde 1- Pesquisa sobre alternativas de trabalho em
nário político-econômico para o • Precariedade saúde e enfermagem para além do emprego
Sistema de Saúde e para os traba- • Heterogeneidade de vínculos formal.
lhadores. • Concentração da força de trabalho 2- Apresentação dos trabalhos e debate sobre as
nos níveis estadual e municipal consequências do cenário político-econômico
• Terceirização nacional e internacional para os trabalhadores
2- Alternativas de trabalho em saúde/ nos aspectos sociais e legais.
enfermagem: 3- Leitura e discussão do texto: Gestão do Traba-
• Emprego formal lho no SUS.
• Cooperativas
• Home care
• Trabalho temporário
• Trabalho autônomo
Avaliação: avaliação processual dos conteúdos relevantes e avaliação de produto parcial da Unidade II
Integração Curricular:
ÁREA I Promoção da Saúde
Sugestão de ações para estágio supervisionado:
Pesquisa sobre a situação do mercado de trabalho seu Estado/Município.
Pesquisa sobre a situação do mercado de trabalho em enfermagem seu Estado/Município e sobre as possibilidades de atuação do técnico
de enfermagem.
32 32 O Trabalho em Saúde
Enfatiza-se sobretudo a necessidade de se ter um quadro de pessoal Pesquise no Serviço que você tra-
balha quais os tipos de parcerias
ajustado às mudanças tecnológicas e às variações do mercado, capaz de existentes e as oportunidades de
trabalho que estas oferecem ao
dar soluções mais rápidas e criativas para os problemas à medida que estes técnico de enfermagem. Discuta
em sala de aula as vantagens e
vão surgindo. Essa noção de flexibilização do emprego e do trabalho, se- desvantagens de trabalhar em ser-
viços terceirizados.
gundo Passos Nogueira, significa encontrar formas de colocar prontamente
a pessoa certa no lugar certo para garantir a satisfação do cliente e permitir
a própria reprodução da instituição diante das forças do mercado e das
tecnologias modernas.
Podemos observar a flexibilização na gestão do SUS em contratos de Organizações Sociais (OS): “são
entidades privadas, sem fins lu-
gestão com organizações sociais (OS), contrato temporário, terceirização por crativos, qualificadas pelo Poder
Público, sob certas condições pre-
meio de empresas ou cooperativas. São estratégias de gestão diferenciadas vistas expressamente em lei, com
vistas à formação de uma parceria
para atender às demandas trazidas pelas políticas de saúde no contexto or- com o Estado para fomento e exe-
çamentário imposto pela Lei de Responsabilidade Fiscal, que limita os gastos cução de atividades de interesse
público, mediante contrato de ges-
com pessoal. (Brasil. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. SUS: avan- tão”. (FUNDAP, 2004).
Home Care é uma modalidade sui- Outra alternativa cada vez mais expressiva no meio da saúde é o
generis de oferta de serviços de saú-
de. A empresa provê cuidados, tra- Home care.
tamentos, produtos, equipamentos,
serviços especializados e específicos
para cada paciente, num ambiente
extra-institucional de saúde mais TORRE et al (1998), apontam para uma série de vantagens no que se refere
especificamente, porém não tão
somente, nas suas residências. Em
à internação domiciliar, entre elas a redução dos custos e dos riscos de infecção,
Home Care a condição clínica ou en-
fermidade do paciente torna-se parte
racionalização dos recursos e leitos hospitalares, menor impacto na rotina e no
de um plano de tratamento global in-
tegrado, cuja finalidade é a ação pre-
modo de vida do cliente e consequentemente uma assistência mais humanizada.
ventiva, curativa, reabilitadora e/ou
paliativa especializada. Poucos servi-
ços de saúde têm estas características. REHEM e TRAD (2005) concluem que estas estratégias refletem a preocu-
Disponível em:
<http://www.portalhomecare.com. pação com a humanização da assistência, além da diminuição do tempo de per-
br/pagina.php?pagina=4>.
Acesso em: 25 de julho de 2009. manência dos pacientes internados, apontando para o surgimento da Assistência
Domiciliar (AD) como nova modalidade de atenção à saúde.
34 34 O Trabalho em Saúde
36 36 O Trabalho em Saúde
III. 2 – Reconhecer a supervisão 1- O papel da supervisão no processo 1- Dramatização de situações envolvendo super-
como ferramenta para a coordena- de trabalho em saúde visão do processo de trabalho em saúde e em
ção do processo de trabalho cole- • Função técnica enfermagem. Sugestão: trabalho em Programa
tivo. • Função administrativa de Saúde da Família, Centros de Terapia Inten-
• Função pedagógica siva, Serviço de Emergência, Centro de Atendi-
2- A supervisão em enfermagem mento Psicosocial.
2- Análise das características processo de traba-
lho e da supervisão em cada situação.
2- Debate sobre a importância da supervisão na
coordenação do trabalho coletivo e suas fun-
ções. Destaque para os impasses e desafios
para a supervisão e formas de superação.
4- Debate sobre as possibilidades de o técnico de
enfermagem auxiliar o enfermeiro na supervi-
são. Destaque para a importância da passagem
de plantão, considerando-se as características
do processo de trabalho em saúde (trabalho
coletivo e em turnos).
Avaliação: processual dos conteúdos relevantes e avaliação de produto parcial da Unidade III
Integração Curricular:
ÁREA I Promoção da Saúde
ÁREA III O Trabalho em Enfermagem
38 38 O Trabalho em Saúde
I.1- Analisar o processo de gestão 1- Gestão e administração em saúde 1- Leitura em grupos do texto Gestão em Saúde.
em saúde com base em teorias 1.1- Missão e cultura organizacional 2- Debate em plenária sobre os pontos apre-
administrativas. 1.2- Teorias administrativas sentados no texto, com destaque para as
1.3- Novos modelos de gestão teorias administrativas, novos modelos de
gestão e as implicações do modelo de ges-
tão para a qualidade do trabalho em saúde
e valorização do trabalhador. Pesquise mais
sobre o tema, se necessário. Relacione com
o modelo de gestão adotado em seu local de
trabalho, com base nas teorias administrati-
vas abordadas.
3- Trabalho em grupos com elaboração de pro-
postas para melhor organização do trabalho em
saúde, considerando o cenário do mundo do
trabalho e do mercado de trabalho em saúde.
4- Apresentação dos trabalhos e debate.
Pense em que estes conceitos de Para alguns autores os termos gestão e administração possuem o mesmo
gestão e administração se relacio-
nam com o trabalho em saúde e significado sendo considerados como sinônimos. Em uma visão mais moderna
com a sua função de técnico de
enfermagem. gestão reflete um sentido mais amplo, englobando pessoas, processos e planeja-
mento, enquanto administração relaciona-se a finanças, contabilidade e merca-
do, incluindo concorrentes e oportunidades.
1
KURCGANT, Rio de Janeiro, 2005.
Teorias Administrativas
Organização formal “Cada lugar para sua coisa” Importância na comunicação entre as pessoas
Teoria das
Relação com a Relação com a Relação com a
Teoria Científica Teoria Clássica Relações
Enfermagem Enfermagem Enfermagem
Humanas
Parcerias: são constituídas por associações de pessoas ou empresas, com- O TECSAUDE é um exemplo de
parceria em que as Secretarias da
prometidas com ideias, metas e ganhos e na busca de um objetivo comum. Essa Saúde, Gestão Pública, Desen-
volvimento e Educação se uniram
associação vai explorar um segmento de mercado com enfoque na qualidade com o objetivo de ampliar a esco-
laridade da população por meio da
para obtenção de resultados. Deve ser vantajoso para ambos, a parceria pressu- formação de profissionais de nível
técnico e melhorar a qualidade dos
põe união de forças; caso contrário, pode redundar em fracasso ao investimento. serviços de saúde prestados à po-
pulação no âmbito do SUS.
FERREIRA, A. A.; REIS, A. C. F.; PEREIRA, M. I.. Gestão empresarial: de Taylor aos
nossos dias, evolução e tendências da administração moderna de empresas. São
Paulo: Pioneira, 1997.
O ato de planejar é também um pro- O planejamento no ambiente de trabalho, por sua vez pressupõe a utiliza-
cesso de reflexão e tomada de de-
cisão sobre a ação. É importante ter ção de metodologia própria a esse fim.
uma visão de futuro, estabelecer es-
tratégias que possam direcionar na
perspectiva traçada, avaliar continu- O processo de planejamento, portanto diz respeito a um
amente o processo de trabalho para
a realização dos objetivos e metas conjunto de princípios teóricos, procedimentos metodo-
institucionais. Delimitar o tempo e
estabelecer os prazos são vitais para lógicos e técnicas de grupo que podem ser aplicados a
minimizar dificuldades na fase de qualquer tipo de organização social que demanda um
execução, reduzindo as interrup-
ções e evitando a improvisação. objetivo, que persegue uma mudança situacional futura.
O planejamento não trata apenas das decisões sobre o
futuro, mas questiona principalmente qual é o futuro de
nossas decisões. (TONI, 2004).
A palavra Estratégia deriva do gre- Situações cotidianas na assistência podem ser seriamente comprometi-
go strategos. Oriunda do cenário
de guerra em que “as constantes das pela ausência ou falha de planejamento. Nessa condição, frequentemente
lutas e batalhas ao longo dos sé-
culos fizeram com que os militares verificamos que os profissionais reclamam pela deficiência, mas não percebem
começassem a pensar antes de agir.
a condução das guerras passou a a própria parcela de responsabilidade como participantes no processo de tra-
ser planejada com antecipação”2. balho. Identificando e buscando a solução para as falhas, o profissional poderá
Pode ser relacionada com a arte de
dirigir situações complexas. colaborar e assegurar que essa deficiência não se repetirá e não incorrerá em
prejuízo para si mesmo, como também para a integridade do cliente, a qualida-
de da assistência prestada, e de forma geral, do serviço de saúde.
No processo de trabalho taylorista Os caminhos traçados para evitar problemas ou buscar soluções estão
contamos com: aqueles que pla-
nejam – os seres pensantes de uma relacionados aos diferentes métodos de planejamento adotados: normativo ou
organização, aqueles que fazem e
as chefias – que controlam. É dessa tradicional, estratégico, tático e operacional.
concepção de trabalho que vem o
planejamento tradicionalmente co-
nhecido, no qual uma minoria pen- O planejamento normativo ou tradicional determina a direção das ações,
sante estabelece as ações necessá-
rias para atingir determinadas metas. com centralização do poder de decisões. Tomemos como exemplo a falta de de-
terminado material de consumo, que pode ser solucionada com a comunicação
sobre o baixo nível de estoque. Utilizando esse tipo de planejamento, o gestor
determina a implantação de controle por meio de registro de consumo diário,
sem realizar uma análise prévia e consultar seus pares.
Conhecimento
Análise Raciocínio Visão global
da Reflexão Conjuntura
situação Intuição interna e externa
da empresa
Planejamento
Execução Estratégico
Tático
Avaliação Operacional
Você já viveu situação em que pla- No desenvolvimento de um projeto ou programa de trabalho, algumas
nejamentos foram feitos por pesso-
as que lhe são superiores hierarqui- etapas no planejamento podem nortear os caminhos dessa construção, ao esta-
camente, que provocaram mudan-
ças no seu processo de trabalho e belecer o plano de ações baseado nas seguintes etapas:
não houve sua participação?
Delinear os modos de execução (começo, meio e fim) em cada etapa do trabalho: como fazer?
Método Planejar as estratégias considerando possíveis imprevistos e os modos de resolução.
Especificar as tarefas a serem executadas e as atribuições dos responsáveis: quem vai fazer?
Verificar os recursos humanos, materiais e tecnológicos à disposição. Considerar a disponibilidade da
Procedimentos rede de serviços.
Definir o perfil desejado dos profissionais da equipe.
Custo Considerar o aspecto orçamentário como custos, receitas, despesas: quanto custa?
Monitorar continuamente o processo para assegurar o bom resultado final. Avaliar somente ao término do
Avaliação processo pode comprometer o alcance das metas e a qualidade dos resultados, ao impossibilitar a busca de
novas soluções.
Para acompanhar e avaliar as estratégias definidas, bem como os resulta- No estudo em grupo, enumere al-
gumas atividades em seu setor de
dos obtidos, são utilizados os indicadores. Consistem em parâmetros de avalia- trabalho. Selecione uma atividade
e elabore um plano de ação toman-
ção quantificáveis (taxa, porcentagem, índice) das características dos processos do como referência o esquema aci-
ma e apresente os resultados. Ao
instituídos. São dados numéricos ou informações que quantificam a entrada (re- final da apresentação, debata com
cursos), a saída (produto ou serviço) e o desempenho em uma atividade. Apon- o grupo sobre as diferentes percep-
ções encontradas.
tam a necessidade de alterações para ajustar algo que não está bom ou que pode
ser melhorado, na organização como um todo.
1
Disponível em: <http://www.cqh.org.br/?q=node/100>. Acesso em: 6 de junho de 2009.
2
Disponível em : <http://www.cqh.org.br/?q=node/213>. Acesso em: 6 de junho de 2009.
Bibliografia
CHIAVENATO, I. Planejamento estratégico – Fundamentos e aplicações. Rio de Ja-
neiro: Campus, 2003.
III.1 – Identificar os princípios e ferra- 1- Gestão da Qualidade 1- Pesquisa em seu local de trabalho sobre indica-
mentas de avaliação e certificação da • Histórico dores de qualidade: taxas de mortalidade geral,
qualidade em saúde. 2- Sistema de Acreditação mortalidade operatória, infecção hospitalar, per-
• Programa Compromisso com a manência hospitalar, ocupação hospitalar, entre
Qualidade Hospitalar (CQH) outros.
• Organização Nacional de Acredita- 2- Leitura e discussão do texto: Qualidade em Saúde.
ção (ONA) 3- Debate sobre as implicações da gestão e da certi-
3- Gestão da Qualidade Total: Ferramentas ficação da qualidade para o trabalho da enferma-
• Brainstorming gem e a participação do técnico de enfermagem
• Método 5 S neste processo.
• Ciclo PDC 4- Exercício em grupos utilizando as ferramentas
• Indicadores de Saúde de qualidade (Brainstorming, Método 5 S e Ciclo
PDC) com base em situações concretas de traba-
lho. Sugestão: utilizar dados da pesquisa sobre
indicadores de saúde.
5- Debate sobre as possibilidades da gestão da qua-
lidade em seu local de trabalho.
Avaliação: processual dos conteúdos relevantes e avaliação de produto parcial da Unidade III
Integração Curricular:
ÁREA I Sistema de Informação em Saúde: Indicadores
Sugestão de ações para estágio supervisionado:
Visitar instituições de saúde que implementam modelos de gestão e certificação da qualidade.
Empregar princípios de qualidade em sua atuação como técnico de enfermagem.
1
MALIK, A. M. São Paulo, 1998.
A Gestão da Qualidade Total (GQT) valoriza o ser humano no âmbito das Vamos fazer uma analogia en-
tre Qualidade e Qualidade Total.
organizações, reconhecendo a capacidade de tomada de decisão e solução rá- Considere a realização do curativo
como um serviço a ser oferecido na
pida de problemas, buscando permanentemente a perfeição. Pode ser entendida assistência ao cliente.
– Qualidade no produto/serviço
como uma nova filosofia gerencial, uma nova maneira de pensar, implicando final: curativo aparentemente ex-
mudança de postura gerencial, de atitudes e comportamentos, como uma forma celente (realizado com mau humor,
sem conversar com o paciente, con-
moderna de entender o sucesso de uma organização. Essas mudanças visam ao taminando o local, utilizando ma-
terial de baixa qualidade, com in-
comprometimento com o desempenho, ao autocontrole e ao aprimoramento sumos originados de empresas que
desrespeitam o meio ambiente);
dos processos. Implica também a mudança da cultura da organização. As re- – Qualidade Total: curativo aparen-
temente excelente (realizado com
lações internas tornam-se mais participativas, a estrutura mais descentralizada, bom humor nas relações, respei-
com mudanças no sistema de controle. (Longo apud Longo, 1996, p. 10). tando a técnica, utilizando material
de boa qualidade, com insumos
provenientes de empresas idôneas
que respeitam o meio ambiente);
Inicialmente, a GQT foi implantada na área industrial e os bons resultados Como você pode contribuir na qua-
animaram os gestores das instituições de saúde na busca de modelo semelhante lidade total da assistência prestada?
“o propósito dos sistemas de aten- Estes mecanismos estão relacionados ao custo-efetividade, pois o investi-
ção à saúde, em seu núcleo e
através de inúmeras partes, é pro- mento justifica os custos em prol da qualidade que se reflete no perfil dos pro-
porcionar o mais alto nível de qua-
lidade ao menor custo, de maneira fissionais, na estrutura e serviços oferecidos, na imagem da instituição como um
mais equitativa, ao maior número
de pessoas”. (Donabedian, 1978).
local de referência e excelência, a ser amplamente requisitado.
Qual o papel do técnico de enfer-
magem nesse processo?
Ao final do processo, o aumento da clientela, gera um ganho muito maior
do que os investimentos realizados inicialmente, pois ultrapassa as fronteiras
financeiras ao promover uma assistência segura, privilegiando a satisfação do
assistido, da equipe profissional e da sociedade.
A organização acreditadora faz uma visita com propósitos diagnósticos Em 1913, em Filadélfia, o Dr. Er-
nest Codman apresentou um estu-
para identificação da situação vigente e indicar os pontos que podem ser melho- do para estimular a reflexão sobre
a padronização dos hospitais e a
rados. Após a análise da proposta, a instituição de saúde orienta todas as áreas qualidade dos serviços. Em 1919,
o Colégio Americano de Cirurgi-
e colaboradores, direcionando para a readequação de ações e procedimentos. ões adotou o “Padrão Mínimo”
Posteriormente, a organização acreditadora realiza uma visita final e outorga, ou para a prestação de cuidados hos-
pitalares relacionado às caracterís-
não, o selo à instituição de saúde. ticas dos profissionais, associadas
ao caráter e ética profissional, à
exigência do registro de todos
O sistema de acreditação constitui-se em estratégia para avaliação da es- os atendimentos e à existência
de instalações adequadas para o
trutura, dos processos de trabalho e dos resultados levando à melhoria contínua diagnóstico e o tratamento.
Instituição
• Institui os créditos
de Saúde
• Avalia a Instituição
para a certificação de Saúde
• Instrui a Instituição de • Orientação dos propósitos • Outorga (ou não) o
Saúde para a certificação para certificação Selo de Acreditação
• Reorganização interna
conforme os critérios
estabelecidos
Organização de Organização de
Acreditação Acreditação
Os 5 S representam as iniciais das palavras japonesas Seiri, Seiton, Seiso, Leia mais sobre o método 5S, con-
verse com os familiares e proponha
Seiketsu e Shitsuke, correspondentes a cada fase do método: a aplicação, começando em sua
casa. Você pode se impressionar
com os bons resultados!
• Seiri = senso de utilização: avaliar tudo o que está guardado e separar
o que não utilizamos dando-lhe outro destino;
• Seiton = senso de arrumação: dispor tudo em locais definidos e que
permita a localização por qualquer pessoa;
• Seiso = senso de limpeza: limpar o local de trabalho tornando o am-
biente confortável;
• Seiketsu = senso de asseio: manutenção da limpeza do local deixando-
o um ambiente saudável;
• Shitsuke = senso da disciplina: aprender e aplicar os princípios anterio-
res no trabalho, incorporando-os no dia a dia.
Veja a sequência:
Como será
Por que a ação Quem é o Qual a
O que será feito? realizada cada Quando a ação
foi escolhida? responsável por abrangência dessa Qual é o custo?
Etapas? etapa? Quais os será realizada?
Justificativa? essa ação? ação?
passos?
Outro instrumento utilizado na qualidade são os indicadores de saúde. Indicadores - são parâmetros utili-
zados internacionalmente com o
objetivo de avaliar, sob o ponto de
vista sanitário, a higidez de agrega-
Os indicadores possibilitam ao gestor o monitoramento das informações e dos humanos, bem como fornecer
o alcance da melhoria em seus resultados, mas devem ser analisados dentro de subsídios aos planejamentos de
saúde, permitindo o acompanha-
uma dada realidade e associando vários deles. mento das flutuações e tendências
históricas do padrão sanitário de
diferentes coletividades considera-
Existem inúmeros indicadores de saúde, sendo que na área hospitalar os mais das à mesma época ou da mesma
coletividade em diversos períodos
utilizados são as taxas de mortalidade geral do hospital, mortalidade operatória, de tempo. (ROUQUAYROL apud
MALIK, 1998, p. 62).
infecção hospitalar, permanência hospitalar, de ocupação hospitalar, entre outros.
Os indicadores mais comumente utilizados são os relacionados à assis- Visite o site do CQH e conheça o
trabalho desenvolvido por um sub-
tência de enfermagem, avaliando o índice de queda de paciente, integridade da grupo do CQH, o Núcleo de Apoio à
Gestão Hospitalar (NAGEH), quanto
pele, acesso venoso periférico e administração de medicamentos. a indicadores de enfermagem. Dis-
ponível em: <www.cqh.org.br.>.
Bibliografia
ANTUNES, A. V.; TREVIZAN, M. A. Gerenciamento da qualidade: utilização no ser-
viço de enfermagem. Rev.latino americana enfermagem, Ribeirão Preto, v. 8, n. 1,
p. 35-44, janeiro 2000.
ANVISA. Acreditação: a busca pela qualidade nos serviços de saúde. Rev. Saúde
Pública, 2004; v. 38, n. 2, p. 335-6.
FONSECA, A. V. M.; MIYAKE, D. I. Uma análise sobre o Ciclo PDCA como um mé-
todo para solução de problemas da qualidade. XXVI ENEGEP. Fortaleza, CE, Brasil,
9 a 11 de outubro de 2006. Disponível em: <http://www.abepro.org.br/biblioteca/
ENEGEP2006_TR470319_8411.pdf>. Acesso em: 4 de abril de 2009.
REIS, E. J. F. B. dos et al. Avaliação da qualidade dos serviços de saúde: notas bi-
bliográficas. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 6, n. 1, mar. 1990. Dispo-
nível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script = sci_arttext&pid = S0102-
311X1990000100006&lng = en&nrm = iso>. Acesso em: 21 de junho de 2009.
I.1- Caracterizar o processo de traba- 1- Estrutura, organização e funciona- 1- Levantar em seu local de trabalho o organograma
lho em enfermagem. mento do serviço de enfermagem nas do Serviço de Enfermagem.
instituições de saúde 2- Apresentação dos trabalhos e sistematização so-
2- O processo de trabalho em enfer- bre alternativas de estrutura, organização e fun-
magem cionamento de Serviços de Enfermagem.
• Divisão técnica do trabalho em 3- Organização e participação de seminário sobre
enfermagem o processo de trabalho em enfermagem e divisão
• Planejamento, organização da as- técnica do trabalho em enfermagem. Tomar como
sistência de enfermagem referência o Código de Ética dos profissionais de
• Atribuições e responsabilidades Enfermagem.
dos integrantes da equipe
4- Debate sobre direitos e deveres dos trabalhadores
• Direitos e deveres dos trabalhado-
de enfermagem.
res de enfermagem
I.2- Analisar o papel do técnico de 1- A gestão do serviço de enfermagem 1- Acompanhar o enfermeiro na gerência de se-
enfermagem nas ações de gestão em • Plano de cuidados de enfermagem tores de trabalho, levantando as possibilidades
enfermagem. • Gestão de infraestrutura: ambiente e de atuação do técnico de enfermagem em ações
equipamentos de planejamento, execução e avaliação da assis-
• Gestão de suprimentos tência de enfermagem e em ações administrativas
• Gestão de pessoal – Escala mensal e (gestão de infraestrutura, ambiente e equipamen-
diária tos e gestão de suprimentos).
2- Leitura em grupos do Código de Ética de Enfer-
magem no que se refere ao perfil do técnico de
enfermagem.
3- Apresentação em plenária dos relatos das ativi-
dades realizadas e sistematização das ações do
técnico de enfermagem em colaboração ou sob
delegação do enfermeiro.
4- Trabalho em grupos para elaboração de escala
mensal e diária de trabalho tendo como referência
o perfil da atenção no seu local de trabalho.
5- Apresentação dos trabalhos e sistematização dos
critérios para elaboração de escala mensal e diá-
ria, com destaque para a legislação do trabalho
no que se refere a folgas, horário noturno, férias,
licenças.
72 72 O Trabalho em Enfermagem
I.3- Discutir o uso de protocolos téc- 1- Protocolos técnicos para organização 1- Levantamento dos protocolos técnicos e relatórios
nicos na organização do serviço de do serviço de enfermagem em nível local do serviço de enfermagem em seu local de trabalho.
enfermagem. • Normas e rotinas
2- Análise da importância e utilidade das normas,
• Relatórios
rotinas e relatórios na organização dos serviços
de enfermagem, considerando a qualidade da
assistência prestada e a otimização do processo
de trabalho.
3- Elaboração de propostas de normas e rotinas,
considerando a necessidade de (re)organização
do serviço em nível local.
4- Apresentação dos trabalhos e debate.
5- Leitura e discussão do texto: A Gestão do Trabalho
de Enfermagem.
I.4- Analisar o papel do técnico de 1- Sistematização à Assistência de En- 1- Trabalho em grupos com troca de experiências
enfermagem na Sistematização da fermagem sobre a aplicação da metodologia da Sistemati-
Assistência de Enfermagem. • Histórico zação da Assistência de Enfermagem nos servi-
• Diagnóstico ços, com destaque para a atuação do técnico de
• Prescrição enfermagem e para a importância das anotações
• Evolução de enfermagem.
2- Teorias de Enfermagem 2- Apresentação dos trabalhos e debate sobre a im-
portância de uma assistência de enfermagem sis-
tematizada, com vistas à qualidade do serviço.
3- Participação de seminário sobre princípios e práti-
cas do cuidar em saúde e em enfermagem.
4- Executar o plano de cuidados de enfermagem e
acompanhar a evolução de clientes sob seus cui-
dados.
74 74 O Trabalho em Enfermagem
76 76 O Trabalho em Enfermagem
78 78 O Trabalho em Enfermagem
Teorias de enfermagem
Considerando o aspecto da gestão da assistência precisamos relembrar
que a história do cuidado é tão antiga quanto a história da humanidade. Somen-
te com Florence Nightingale, o processo do cuidar passou a ser visto de forma
científica, baseado em fundamentos teóricos. Alguns autores acreditam que esse
No modelo proposto por Wanda,
seria o primeiro registro de uma assistência de enfermagem sistematizada. a partir dos problemas levantados
junto ao paciente, o enfermeiro
elabora um plano de assistência e,
Wanda de Aguiar Horta marcou essa história quando na década de 1970 com sua equipe, presta assistência
até que o doente possa estar apto
desenvolveu o modelo de assistência baseado nas necessidades humanas bá- para o autocuidado.
É primordial, portanto, que um Nos Estados Unidos, em 1971, Dorothea Orem, em uma percepção holís-
profissional que desempenhe esta
função no cuidado domiciliar de- tica, sistematizou a Teoria do Autocuidado (AC) baseada na prática do cuidado
senvolva competências que possi-
bilitem uma assistência de enfer- do paciente para “si próprio” e “desenvolvida por ele mesmo”1 considerando-se
magem fundamentada, constante-
mente atualizada e humanizada. suas crenças, hábitos e cultura. Sua meta principal é o alcance da saúde tendo
como principal agente o próprio paciente, que com práticas voluntárias, conhe-
cimento, relações sociais e interpessoais é capaz de tomar decisões e regular seu
próprio comportamento. O papel da equipe de enfermagem é o de facilitador
para que esse paciente consiga atingir essa meta.
80 80 O Trabalho em Enfermagem
O Diagnóstico de Enfermagem é a conclusão feita após a entrevista e o Os dados do histórico são impor-
tantes para a atuação da equipe de
exame físico em relação aos problemas que o cliente/paciente apresenta. É um enfermagem, como informações a
respeito de hábitos e vícios, patolo-
julgamento clínico que possibilita, além da identificação dos problemas, sua gias preexistentes, uso de medica-
definição e etiologia. A partir dessas informações, o enfermeiro poderá elaborar mentos, cirurgias e/ou internações
anteriores, motivo da internação,
a prescrição de enfermagem por meio do plano de cuidados pertinentes aos entre outros. A entrevista busca le-
vantar dados sobre nutrição, elimi-
problemas de enfermagem diagnosticados. nações, sono e repouso e gregária.
82 82 O Trabalho em Enfermagem
Bibliografia
BOFF, L. Civilização Planetária. Desafios à Sociedade e ao Cristianismo. Rio de
Janeiro: Sextante, 2003.
84 84 O Trabalho em Enfermagem
I.1- Analisar aspectos de relações in- 1- Relações interpessoais 1- Participação em dinâmica de Tribunal de Júri, en-
terpessoais que interferem no traba- 1.1- Comunicação volvendo situações vivenciadas pela equipe de
lho em saúde e em enfermagem. • Verbal saúde e de enfermagem relativas a questões de
• Não verbal relacionamento interpessoal.
1.2- Liderança 2- Debate sobre aspectos de relações interpessoais
1.3- Motivação que impactam nas relações de trabalho e na qua-
1.4- Trabalho em equipe lidade da atenção. Destaque para aspectos indi-
2. Relações humanas no trabalho em viduais, relativos a questões pessoais/psicológicas
saúde e em enfermagem e aspectos situacionais, relativos ao ambiente e
condições de trabalho, considerando-se ainda o
contexto social, político e econômico.
3- Debate sobre a importância da comunicação
nas relações interpessoais e sobre estratégias que
favorecem a comunicação entre as pessoas no
processo de trabalho. Destaque para o papel do
supervisor/gestor neste processo.
4- Leitura e discussão do texto: O Trabalho em Saúde
e as Relações Interpessoais.
5- Pesquisa junto aos trabalhadores em seu local de
trabalho sobre fatores que causam desmotivação e/
ou dificuldades relativas a relações interpessoais.
6- Trabalho em grupos com propostas de estratégias
para ser implementadas em seu local de trabalho
com vistas à superação das eventuais dificuldades
levantadas.
O relacionamento interpessoal na Quando falamos das relações interpessoais na área da saúde, estamos nos
área da saúde requer uma aten-
ção especial pela quantidade de referindo à equipe de enfermagem, aos clientes e suas famílias, à equipe multipro-
mensagens contendo informações
importantes para o cuidado do fissional e à comunidade. Todos simultaneamente, emitindo e captando mensa-
cliente. Nesse contexto é primor- gens e interpretando-as de diversas maneiras. É especialmente precioso nesse con-
dial atentar para uma comunica-
ção mais refinada, decodificada texto, onde está inserido o técnico de enfermagem, que a informação enviada seja
adequadamente, para que o aten-
dimento seja seguro, eficaz, dife- clara e compreensível para todos, sem lacunas ou distorções no entendimento.
renciado e de qualidade.
Comunicação
Para SILVA (2002), comunicar é o processo de transmitir e receber mensa- Signos: são estímulos que trans-
mitem uma mensagem; qualquer
gens por meio de signos, sejam eles símbolos ou sinais. coisa que faça referência à outra
coisa ou ideia. São convencionais
e arbitrários.
Precisamos da comunicação para ter condições de compreender a reali- Símbolos: são signos que têm uma
única significação possível.
dade a nossa volta, manter contato com o outro e promover modificações neste Sinais: são signos que têm mais de
um significado.
e em si mesmo. É importante ressaltar que na comunicação estão presentes vá- Código: conjunto organizado de
signos. (SILVA, 2002).
rios elementos:
• local e situação em que a mensagem será transmitida;
• pessoas para a emitir e receber;
• forma que esta será veiculada.
Esses signos poderão ser notados e comparados, por exemplo, numa peça
na qual há um rei e um nobre contracenando no palco, estando o primeiro ves-
tido com roupas elegantes e uma coroa, o que o identifica como rei. O símbolo
– a coroa – tem seu significado único e claro.
O outro personagem usa uma roupa elegante da época, mas no seu traje
não há uma informação específica (não tem significado único). O tipo de roupa
– sinal – mostra que se trata de um nobre (a vestimenta pode ter vários significa-
dos, porém não indica, por exemplo, qual título de nobreza ele possui).
Essas maneiras de transmissão das mensagens são as diferentes formas de Comunicação não verbal: não está
associada às palavras e ocorre por
comunicação, que podem ser distinguidas em: verbal e não verbal. meio de gestos, silêncio, expres-
são facial, postura corporal etc.
(SILVA, 2002).
É importante observar algumas técnicas que auxiliarão na comunicação.
Na comunicação verbal, em que o homem se expressa como ser social, é preci-
so entender que existem três aspectos basicamente essenciais: expressão, clari-
ficação e validação.
Quanto à expressão, é relevante saber ouvir, evitando falar em demasia, Expressão: interagir verbalmente
com alguém a fim de transmitir a
demonstrando interesse pelo que o outro está dizendo. Exemplificando: durante mensagem.
Clarificação: significa clarificar um
a exposição de um fato que esteja sendo narrada por um dos membros da equi- fato, que pode ser pelo entendi-
mento de um raciocínio, de uma
pe, ou pelo paciente, é crucial saber escutar e estimular verbalmente para que postura ou comportamento que es-
teja ocorrendo naquela hora.
o orador perceba que está causando interesse e recebendo atenção. Pode-se Validação: significa validar a com-
preensão do que foi verbalmente
encorajar a pessoa a prosseguir naquilo que está dizendo. transmitido, verificando se foi real-
mente compreendida a mensagem.
(SILVA, 2002).
Na clarificação, seja de uma orientação que o cliente, funcionário ou ou-
tro membro da equipe multidisciplinar precise compreender, podem-se usar mé-
todos de comparação, dizendo: “É parecido com...”, lembrando de utilizar nessa
comparação termos e situações conhecidas dessas pessoas, além de perguntar
sobre suas impressões sobre o assunto, a fim de que ela possa ir completando o
raciocínio. Tirar suas dúvidas, esclarecendo termos complexos.
Analogamente ao que acontece num palco, também no trabalho na área Ruído é tudo aquilo capaz de dis-
torcer a mensagem no processo
da saúde é crucial que se promova a remoção de todo e qualquer tipo de distúr- comunicativo. (QUIM et al., 2003).
Liderança
Para manter um ambiente harmônico, produtivo, com qualidade nos servi- Atualmente, Liderança é definida
como a arte de usar o poder que
ços e nas relações, é necessário exercer com excelência a liderança. existe nas pessoas ou a arte de
liderá-las para fazer o que se re-
quer delas, da maneira mais efeti-
Estudos sobre liderança reforçam que não é necessário a fama ou um car- va e humana possível. (FUNDAP,
2004).
go elevado para que ela exista, mas que qualquer pessoa pode desenvolver esta
capacidade. (FUNDAP, 2004).
Identificar no seu local de trabalho Muitas vezes observamos outra forma de liderar, na qual é esperada sub-
quais os tipos de líder existentes e
as características que se sobressa- missão dos liderados, fiscalizando, ameaçando ou ainda manipulando por meio
em. Quais pontos você admira e
que lhe trazem motivação? Obser- do oferecimento de vantagens e reforçando a possibilidade de recompensa. Há,
var e trazer para discussão em sala
de aula, a fim de traçar sugestões nesses casos, centralização do poder. (FUNDAP, 2004).
sobre liderança com intuito de me-
lhorar a assistência de enfermagem
e o relacionamento interpessoal da Existem várias formas de se exercer a liderança, podendo ser (FUNDAP, 2004):
equipe multiprofissional.
• autoritária, em que o gestor tem como foco a orientação das tarefas
e faz uso de sua autoridade. Nesse modelo o líder pode decidir so-
zinho e comunicar aos outros sua deliberação, induzir a decisão ou
ainda permitir a participação, mas, ao final, o que vai prevalecer é
sua opinião.
• democrática, na qual há orientação para as pessoas e participação efe-
tiva do grupo. O líder permite e estimula que todos se manifestem, leva
em conta as sugestões e considera as decisões do grupo até onde possi-
bilitam os níveis da instituição.
Essa capacidade de adaptar-se a novas situações, apesar das adversidades Resiliência: forças psicológicas e
biológicas exigidas para atravessar
vividas, também é conhecida como resiliência. Faz parte do papel de quem está com sucesso as mudanças na vida.
O indivíduo resiliente é aquele que
na gestão identificar essa capacidade do indivíduo e usá-la como auxílio para o tem habilidade para reconhecer a
dor, perceber seu sentido e tolerá-
seu desenvolvimento. la até resolver os conflitos de forma
construtiva. (PINHEIRO, 2004)
KRON e GRAY (1994) apontam para o fato de que não se deve ter esta
visão sobre a satisfação das necessidades humanas básicas apenas para os pa-
cientes e sim lembrar que as pessoas que fazem parte do nosso trabalho também
precisam ter suas necessidades supridas. Atenta, ainda, para a interferência das
respostas emocionais nas relações interpessoais, em que aponta o prazer, a ale-
gria e o entusiasmo ligados às necessidades básicas satisfeitas, em contraponto
com a não satisfação destas gerando estresse e estafa, deixando a irritabilidade e
a ansiedade afetarem essas relações.
• Outra teoria muito utilizada é a de David McClelland e David Burnhan, Quais são as motivações que o
trouxeram para este curso? Como
que, baseada na teoria de Maslow, classifica as pessoas como perten- você identifica as motivações na
sua vida profissional?
centes a uma das três categorias, mostrando onde se encontra a moti-
vação de cada uma. As categorias são: realização – pessoas que optam
por metas desafiadoras, procuram desenvolver-se e consideram as me-
tas mais do que recompensas; filiação – aquelas que buscam o bem
comum e o reconhecimento, dando maior valor aos relacionamentos e
às amizades e poder – as que dão importância ao uso do poder, visando
ao controle de pessoas e do ambiente. (FUNDAP, 2004).
• A teoria de Ruy Mattos está voltada para os valores pessoais. O ser hu-
mano se encaixaria numa das quatro fontes existenciais de motivação:
o ser – pessoas que procuram ser cada vez melhores porque almejam
encontrar o sentido da vida; buscam a autorrealização; ter – as que al-
mejam acumular e adquirir bens materiais; saber – seres racionais, vol-
tados para o conhecimento científico; e poder – pessoas direcionadas
para o domínio sobre os outros. Mattos não está de acordo com Maslow
quando este considera que as necessidades,de todos os níveis, perdem
sua influência motivadora quando saciadas. Segundo Mattos, isto é vá-
lido apenas para as necessidades básicas (fisiológicas e de segurança),
pois as outras seriam insaciáveis no ser humano, sofrendo, somente,
períodos de adormecimento. (FUNDAP, 2004).
Porém, mudanças nem sempre são bem aceitas por todos. As pessoas têm
diferentes pontos de vista, assim como também divergem quanto aos seus inte-
resses, objetivos e necessidades. (FUNDAP, 2004). Quando isso ocorre podem
surgir conflitos que sempre deverão ser enfrentados, visando a uma solução sa-
tisfatória a todos os envolvidos.
Manejo de conflitos
Conflito: ocorre quando há interfe-
rência de uma das partes, dificul-
Os conflitos podem ser internos, nos quais a pessoa está em discórdia com
tando ou impedindo a realização ela mesma, afetando sua relação intrapessoal; ou externo, nas relações interpes-
dos interesses ou objetivos de ou-
tra. ( FUNDAP, 2004). soais. Essas relações podem ter desde uma pequena abrangência (duas pessoas
do mesmo turno de trabalho); acontecer entre equipes ou até mesmo ocorrer
entre grandes organizações. ( BERTELLI, 2004).
Segundo BERTELLI, S. B. (2004), processos da negociação incluem as etapas de: Negociação: É o processo pelo
qual duas ou mais partes trocam
bens ou serviços e tentam concor-
1. preparação e planejamento, que consiste nos dados sobre o conflito – dar com a taxa de troca entre elas.
(BERTELLI, 2004).
natureza e história; as pessoas envolvidas e quais as suas perspectivas.
Nesta fase é realizado o MAPAN (Melhor Alternativa Para um Acordo
Negociado);
2. definição das regras básicas, é definir quem fará o quê; quando, como e
onde será realizado e o prazo;
3. justificação e esclarecimento do fatos;
Trabalho em Equipe
Após tantos assuntos relevantes, abordaremos o trabalho em equipe, pois
sabemos que este é essencial na área da saúde e principalmente na enfermagem.
Fazer parte de uma equipe deve ser motivador, pois várias pessoas precisam estar
unidas para o alcance de um objetivo comum. Portanto, segundo QUIM et al.
(2003), o que caracteriza uma equipe é:
• comprometimento com a mesma meta e propósito;
• papéis e responsabilidades bem definidas e interdependentes a fim de
não gerar conflitos;
A satisfação de uma conquista coletiva é gratificante, melhora a autoes- Verifique como é o trabalho em
equipe no seu local de trabalho.
tima e motiva o grupo, impulsiona para metas mais ousadas, potencializa os Quais pontos são positivos no gru-
po? Quais são pontos de conflito?
conhecimentos e habilidades. Como solucioná-los?
Bibliografia
ALMEIDA, F. J. R. de; SOBRAL, F. J. B. de A. Emoções, inteligência e negociação: um estu-
do empírico sobre a percepção dos gerentes portugueses. Revista adm. contemp. Vol. 9 n°
4. Curitiba, out./dez. 2005. Disponível em:<http://www.scielo.br/scielo.php?pid = S1415-
65552005000400002&script = sci_arttext&tlng = en>. Acesso em: 19 de junho de 2009.
I.1- Analisar as implicações das con- 1- Condições de trabalho 1- Debate sobre condições de trabalho que podem
dições de trabalho para a qualidade • Organização: ritmo e jornada de afetar a qualidade de vida e a saúde do trabalha-
de vida e saúde do trabalhador. trabalho dor, com destaque para o trabalho em saúde e em
• Desgaste físico/emocional enfermagem.
• Remuneração 2- Pesquisa sobre propostas e alternativas implemen-
• Segurança tadas em serviços de saúde que visem promover
• Disponibilidade de EPI a humanização e a qualidade nos ambientes de
• Autonomia no trabalho trabalho.
2- Qualidade de vida no trabalho 3- Apresentação dos trabalhos e debate sobre a
• Programas de qualidade aplicação dos princípios de qualidade, humani-
3- Humanização do trabalho zação e responsabilidade social em seu local de
4- Responsabilidade social trabalho.
I.2- Caracterizar os riscos no ambien- 1- Riscos no ambiente de trabalho 1- Levantamento em seu local de trabalho de situa-
te de trabalho e medidas preventivas. • Físicos ções relacionadas ao ambiente que oferecem ris-
• Químicos cos à saúde do trabalhador.
• Biológicos 2- Classificação dos riscos no ambiente de trabalho,
• Ergonômicos com exemplos cotidianos.
• Mecânicos 3- Debate sobre os riscos a que estão mais expostos
2- Programa de Prevenção de Riscos Am- os trabalhadores da saúde e da enfermagem e so-
bientais – NR 9 bre possíveis medidas de prevenção de riscos.
4- Análise das propostas do Programa de Prevenção
de Riscos Ambientais.
I.3- Caracterizar as doenças ocupa- 1- Trabalho e doenças ocupacionais 1- Pesquisa em seu local de trabalho sobre a inci-
cionais e medidas preventivas. • Doenças ocupacionais psíquicas dência e prevalência de doenças ocupacionais
• LER relacionadas ao tipo e ambiente de trabalho, com
• DORT destaque para as doenças psíquicas e sua maior
2- Programa de Saúde Ocupacional – NR 7 incidência na população feminina.
2- Apresentação dos trabalhos com sistematização
sobre as doenças ocupacionais mais comuns.
3- Debate sobre condições e ambiente de trabalho
em saúde e em enfermagem que estão relaciona-
dos a doenças ocupacionais e possíveis medidas
de promoção da saúde e prevenção destas doen-
ças, com base na NR 7.
I.4- Caracterizar as doenças ocu- 1- Acidentes de trabalho 1- Pesquisa em seu local de trabalho sobre a incidên-
pacionais, medidas preventivas • NR 6 – Uso obrigatório de Equipa- cia de acidentes de trabalho e sua relação com o
e de atendimento de urgência. mento de Proteção Individual – EPI tipo e ambiente de trabalho.
2- Apresentação dos trabalhos com sistematização
sobre os acidentes de trabalho mais comuns e so-
bre a importância do uso de EPI.
3- Debate sobre condições e ambiente de trabalho
em saúde e em enfermagem que estão relaciona-
dos a acidentes de trabalho e possíveis medidas
de prevenção de acidentes, tomando por base a
NR 6.
4- Dramatização de situações de acidentes mais co-
muns no trabalho da enfermagem que requeiram
atendimento de urgência.
I.5- Reconhecer a importância da le- 1- Legislação e normas ministeriais para 1- Observação em serviços de saúde sobre a atua-
gislação e normas ministeriais para a proteção do trabalhador ção da CIPA/COMSAT e da SESMET, identificando
proteção do trabalhador. • Comissão Interna de Prevenção de suas funções.
Acidentes (CIPA) – empresas privadas 2- Pesquisa sobre as NR que regulamentam estas co-
• Comissão de Saúde do Trabalhador missões.
(COMSAT) – serviços públicos de
3- Apresentação dos trabalhos com avaliação do pa-
saúde
pel destas comissões e debate com sugestões de
• Serviços Especializados em Engenha-
medidas para proteção do trabalhador.
ria de Segurança e em Medicina do
Trabalho (SESMET) – avaliação das 4- Debate sobre formas de participação dos trabalha-
condições ergonômicas do trabalho, dores de saúde e de enfermagem nestas comissões.
acompanhanhamento da saúde do 5- Leitura e discussão do texto: A Saúde do Trabalhador.
trabalhador
• NR 4 – SESMET
• NR 5 CIPA/COMSAT
Entretanto, outros fatores são tão ou mais importantes e motivadores, As ações de prevenção e promoção
da saúde, sejam dos trabalhadores
como o sentimento de satisfação pessoal. Segundo MORIN2, a satisfação e como da população em geral, den-
tro e fora dos ambientes de traba-
a motivação têm relação com o significado percebido na atividade exercida, lho, devem ser os princípios orien-
tadores na abordagem da saúde do
além da responsabilidade em relação aos resultados obtidos e ao desempenho trabalhador. (CONASS,2007).
no trabalho.
Assim sendo, perguntamos: Como está sendo considerada a saúde do tra- As políticas públicas no campo
da saúde e segurança no trabalho
balhador da saúde? Qual o impacto das diretrizes das políticas públicas no coti- constituem ações implementadas
pelo Estado visando garantir que o
diano do trabalho? Quais as responsabilidades dos atores envolvidos? trabalho, base da organização so-
cial e direito humano fundamental,
seja realizado em condições que
Há pelo menos quatro grandes classificações para as ações desenvolvidas contribuam para a melhoria da qua-
lidade de vida, da realização pesso-
no trabalho em saúde: o trabalho diretamente relacionado ao cliente, o trabalho al e social dos trabalhadores, sem
prejuízo para sua saúde, integridade
mediado pela tecnologia, aquele relacionado à manutenção do ambiente de física e mental. (BRASIL,2006).
trabalho e o trabalho epidemiológico das equipes de saúde pública e de saúde
da família. (FIOCRUZ, 2004).
2
MORIN, E. M. Os sentidos do trabalho. Revista de Administração de Empresas. 2001
3
As normas regulamentadoras encontram-se disponíveis em: <http://www.mte.gov.br/seg_sau/leg_normas_regu-
lamentadoras.asp.>. Acesso em: 21 de março de 2009.
Dentre essas normas, a NR 32 estabelece as diretrizes básicas para a im- Faça um levantamento em seu
local de trabalho e identifique as
plementação de medidas de proteção à Segurança e Saúde no Trabalho em Es- comissões e serviços existentes na
instituição, conforme os citados
tabelecimentos de Assistência à Saúde. Considera prestação de assistência de nas normas regulamentadoras e
resolução da Secretaria de Estado
saúde, as ações de promoção, recuperação, assistência, inclusive pesquisa e da Saúde.
ensino em saúde.
O risco em saúde expressa uma probabilidade de possíveis danos em um Riscos estão relacionados à possi-
bilidade de perigo. Causadores de
período de tempo e pode ser relacionado com a exposição a inúmeros agentes danos, incertos mas previsíveis, à
pessoa, objeto ou situação.
ou fatores, potencialmente capazes de prejudicar a produtividade, a qualidade
do trabalho e a saúde dos trabalhadores.
Grupo 1 - Verde Grupo 2 - Vermelho Grupo 3 - Marrom Grupo 4 - Amarelo Grupo 5 - Azul
Risco de acidentes ou
Risco Físico Risco Químico Risco Biológico Risco Ergonômico
risco mecânico
Arranjo físico e
Inadequação de
disposição de material
equipamentos e
Ruído, vibração, Substâncias químicas em inadequado no ambiente,
Micro-organismo mobiliários em relação
radiação, temperatura estado sólido, líquido, piso escorregadio,
bactérias, vírus, fungos, ao biotipo do trabalhador,
extrema, pressão gasoso, poeira, névoa, ausência de sinalização,
bacilos, protozoários postura inadequada,
anormal, umidade neblina, fumaça, fumo iluminação inadequada,
levantamento e transporte
má conservação de
de peso incorreto
equipamentos
Esses diferentes riscos podem estar presentes no ambiente de trabalho, Faça um levantamento dos tipos de
riscos que o trabalhador de saúde
por isso são considerados riscos ambientais, pois conforme a concentração, o está exposto no desempenho das
funções (reveja os conteúdos estu-
tempo a ou intensidade de exposição podem causar sérios danos à saúde. En- dados no Módulo I). Identifique os
agentes ou fatores de risco e pro-
tretanto, podem ser antecipados, reconhecidos, avaliados e controlados, quanti- ponha sugestões na resolução dos
problemas encontrados. Compare
tativamente, por meio do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), com os riscos estabelecidos na NR
32. Analise as propostas com os
estabelecido na NR 9. colegas e apresente um relatório
final à instituição.
Em 2004, na Região Sudeste, a taxa Nesse contexto, a avaliação e o controle da saúde do trabalhador são
de incidência por doenças relacio-
nadas com o trabalho, na faixa essenciais, podendo ser efetivadas qualitativamente, por meio do Programa de
de 25 a 44 anos, foi de 12,84 por
10.000 trabalhadores segurados e Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), conforme a NR 7.
na de 45 a 59 anos foi de 17,29.
Em geral a incidência de doen-
ças relacionadas com o trabalho A avaliação qualitativa tem essencialmente conotação preventiva de agravos;
é maior no Sudeste e pode estar
relacionado com: tipos de ramos pode ser efetivada por meio de apreciação clínica do estado de saúde do trabalha-
produtivos existentes na região, ca-
pacidade de diagnóstico instalada dor, realização e análise dos resultados de provas funcionais como audiometria,
(médicos, rede de serviços, tecno-
logia) e reconhecimento da inca-
espirometria, dinamometria, entre outros. Em caso de detecção de danos, o tra-
pacidade laborativa por parte da tamento é prontamente orientado, evitando consequências posteriores. Constam
perícia médica do INSS. As maio-
res taxas de incidência acometem também, das atribuições do PCMSO, a realização e o controle de exame admissio-
os que têm acima de 45 anos, de-
monstrando o grande período de nal, periódico, de retorno ao trabalho, de mudança de função e demissional.
latência entre o início da exposição
ao risco e o surgimento da doença
do trabalho. Por outro lado, as difi- Em relação aos profissionais da área da saúde, as ações de vigilância em saú-
culdades que serão enfrentadas por
estes pacientes e pelos serviços de de incluem reconhecer e avaliar os riscos biológicos, químicos e físicos, identifican-
saúde em relação ao tratamento e à
reabilitação física e profissional são do as áreas de risco, relacionando com as atividades desempenhadas, as medidas de
preocupantes. (CONASS, 2007).
proteção ambiental, estabelecendo, inclusive, um programa de vacinação.
Assim sendo, o controle da exposição aos riscos tem estreita relação com
a ocorrência de agravos relacionados à atividade laboral, tais como as doenças
ocupacionais, os males relacionados ao trabalho e os acidentes de trabalho.
O acidente de trabalho pressupõe um vínculo estreito entre o acidente e o Acidente de trabalho é aquele que
ocorre pelo exercício do trabalho,
trabalho do acidentado, configurando o nexo causal. Para fins legais, é conside- a serviço da empresa, provocan-
do lesão corporal, perturbação
rado acidente de trabalho quando ocorrer: funcional ou doença que causa a
morte ou a perda ou a redução,
• no local de trabalho durante o exercício das funções; permanente ou temporária, da ca-
pacidade para o trabalho. (Lei nº
6.367/76. Dispõe sobre o seguro
• fora do local de trabalho, a serviço da empresa; de acidentes do trabalho).
4
Portaria nº 1.339, de 18/11/1999. Institui a Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho, para uso clínico e
epidemiológico na instituição de políticas públicas de saúde do trabalhador.
No período de 1999 a 2003, a Pre- Na ocorrência de acidente de trabalho ou doença ocupacional é efetuada
vidência Social registrou 1.875.190
acidentes de trabalho, sendo uma Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT). Esse documento tem valor le-
15.293 com óbitos e 72.020 com
incapacidade permanente, média gal e possibilita a mobilização da investigação do evento por meio da Comissão
de 3.059 óbitos/ano, entre os traba-
lhadores formais, cerca de 22,9 mi- Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), segundo a NR 5 ou da Comissão de
lhões (2002). A comparação deste Saúde do Trabalhador (COMSAT).
coeficiente com o de outros países,
como Finlândia, 2,1 (2001); França,
4,4 (2000); Canadá, 7,2 (2002) e Es-
panha, 8,3 (2003) demonstra que o A notificação compulsória possibilita o acompanhamento da incidência e
risco de morrer por acidente de tra-
balho é cerca de duas a cinco vezes
prevalência dos danos ocorridos na saúde do trabalhador, favorecendo a análise
maior no País. (BRASIL, 2004). e adoção de novas medidas na empresa e propiciando a (re)formulação de polí-
ticas públicas relacionadas à saúde do trabalhador, nas esferas governamentais.
Bibliografia
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde, Departamento de
Atenção Básica. Área Técnica de Saúde do Trabalhador. Cadernos de Atenção Básica
n. 5 – Saúde do Trabalhador. Brasília: Ministério da Saúde, 2001.
CAMPOS, I.C.M.; COSTA, F.N. Cultura e saúde nas organizações. Estudos de Psico-
logia. V. 24. N. 2. Campinas; 2007.
Bibliografia Recomendada
BRASIL. Ministério da Saúde. Organização Pan-Americana da Saúde no Brasil. Do-
enças relacionadas ao trabalho: manual de procedimentos para os serviços de saú-
de. Brasília (DF): OPAS/OMS, 2001.
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GESTÃo PÚBlICA
SECRETARIA
DE DESEnvolvImEnTo
SECRETARIA
DA SAÚDE