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2018
Universidade Federal de Santa Catarina
MÓDULO I
Introdução à formação em
auriculoterapia
GOVERNO FEDERAL
COMISSÃO GESTORA
MÓDULO I MÓDULO I
Charles Dalcanale Tesser Ana Rita Novaes
Marcos Lisboa Neves Islândia Maria Carvalho de Sousa
Melissa Costa Santos
MÓDULO II
MÓDULO II Leidiane Mazzardo Martins
Fátima Terezinha Pelachini Farias Marcos Lisboa Neves
Teresa Cristina Gaio da Silva
MÓDULO III
MÓDULO III Li Shih Min
Charles Dalcanale Tesser Marilene Cabral do Nascimento
Emiliana Domingues Cunha da Silva
Marcos Lisboa Neves MÓDULO IV
Adair Roberto Soares dos Santos
MÓDULO IV Leidiane Mazzardo Martins
Ari Ojeda Ocampo Moré
João Eduardo Marten Teixeira MÓDULO V
Daniel Fernandes Martins Ari Ojeda Ocampo Moré
Emiliana Domingues Cunha da Silva
MÓDULO V Fátima Terezinha Pelachini Farias
Ronaldo Zonta Marcos Lisboa Neves
Melissa Costa Santos
Sumário
Apresentação do módulo.............................................................................................................................6
UNIDADE 3 ...............................................................................................................................................37
História da auriculoterapia.................................................................................................................37
Fundamentos da auriculoterapia........................................................................................................38
Referências bibliográficas........................................................................................................................41
Caro aluno
Se você está aqui, é porque certamente acredita que é possível agregar conhecimentos para ampliar
o seu arsenal terapêutico e potencializar a resolubilidade de sua prática na atenção básica.
Tenha certeza que este curso irá proporcionar as ferramentas necessárias que, se trabalhadas
conforme orientações de cada módulo, lhe possibilitarão ter um olhar mais amplo e integrativo sobre
o processo saúde-doença, bem como desenvolver competência para a aplicação de uma técnica
simples, de baixo risco, mínima iatrogenia e significativa eficácia no seu cotidiano profissional.
O módulo I está dividido em três unidades. Na primeira unidade, você irá conhecer o curso, desde
informações gerais sobre o seu funcionamento e estrutura organizacional, até questões específicas
da estrutura curricular e a lógica de desenvolvimento das competências no decorrer do processo
de aprendizagem.
Na segunda unidade, você aprenderá sobre as práticas integrativas e complementares, sua inserção
no SUS, possibilidades de aplicação e integração no sistema público de saúde, iniciando, pouco a
pouco, a articulação com os conhecimentos e potencialidades de uso da auriculoterapia na atenção
básica.
Por fim, na terceira unidade, você será introduzido aos conhecimentos básicos da auriculoterapia
para, posteriormente, aprofundar-se neste conhecimento nos módulos seguintes.
Ementa do módulo
Política Nacional das Práticas Integrativas e Complementares. Implementação das práticas integrativas
e complementares (PIC) no SUS e na atenção básica. Modelos e possibilidades de implantação
das PIC. Roteiro de implantação. Cogestão e educação permanente em saúde relacionada às PIC.
Conceito de auriculoterapia. Aspectos históricos. Fundamentos de auriculoterapia.
Objetivos do módulo
Você deve estar se perguntando por que o Ministério da Saúde decidiu realizar um curso de Formação
em auriculoterapia na atenção básica. A ideia surgiu a partir de experiências municipais de sucesso,
aliadas a uma técnica de simples aprendizagem e de amplo espectro de aplicabilidade na atenção
básica. Durante o desenvolvimento do curso, temos certeza que você também irá concordar que foi
uma atitude acertada investir na expansão da prática de auriculoterapia no Brasil, dados os diversos
benefícios e as amplas potencialidades terapêuticas da auriculoterapia.
A seguir, passaremos algumas informações importantes sobre o curso, para auxiliá-lo a ter uma
visão sistêmica do que será desenvolvido ao longo deste processo de aprendizagem.
• Etapa Presencial: Carga horária de 05 horas. Para realizar a etapa presencial você deve
ter completado com sucesso (e aprovação nos exercícios finais de cada módulo) todos
os módulos a distância. A etapa presencial é fundamental para sua capacitação inicial
em auriculoterapia, pois apenas o estudo autoinstrucional (realizado por você mesmo)
nos módulos a distância não proporciona competência para a prática terapêutica com
auriculoterapia. Apenas aqueles que participarem com sucesso tanto da etapa a distância
como da presencial estarão capacitados para iniciar a prática da auriculoterapia e somente
esses serão certificados pelo curso.
• Unidade 1 - Neurofisiologia
• Unidade 2 - Evidências biomédicas e efeitos adversos
• Unidade 3 - Sinais de alarme
O curso foi construído para que o aluno adquira os conhecimentos de auriculoterapia gradualmente
e, assim, ao final, seja capaz de aplicar a auriculoterapia em sua prática profissional com propriedade
e segurança.
Portanto, seu raciocínio clínico-terapêutico poderá integrar o conhecimento das três abordagens da
auriculoterapia, para selecionar os pontos auriculares adequados e estabelecer o plano terapêutico
desse usuário.
1. Articular, junto a gestão local, a implantação das PIC, tendo em vista a promoção de
acesso e expansão da oferta de PICs no SUS; Promover a inserção das PIC no SUS de
forma participativa, considerando a multidisciplinaridade; Contribuir, de forma proativa, para
a expansão sustentável das PIC no SUS.
Práticas integrativas e complementares (PIC) é a designação que o Ministério da Saúde (MS) deu ao
que se tem chamado na literatura científica internacional de medicinas alternativas e Complementares
(em inglês: complementary and alternative medicine). Refere-se a um conjunto heterogêneo de
práticas, produtos e saberes, agrupados pela característica comum de não pertencerem ao escopo
dos saberes/práticas consagrados na medicina convencional1. Recentemente, a Organização Mundial
da Saúde (OMS) passou a designar esse conjunto de Medicina Tradicional e Complementar, cuja
sigla MTC2, por fazer confusão com a abreviatura de Medicina Tradicional Chinesa, não usaremos
neste curso.
Não há consenso a respeito da nomenclatura adequada para denominar estas práticas, tendo em
vista as diferentes realidades nos países onde são desenvolvidas3. Segundo o National Center of
Complementary and Alternative Medicine4, estas práticas podem ser chamadas de “complementares”,
quando utilizadas em associação à biomedicina; “alternativas”, quando empregadas em substituição
à prática biomédica; e, por fim, “integrativas”, quando são usadas conjuntamente à biomedicina,
considerando que há evidências científicas de segurança e efetividade.
O desenvolvimento das PIC nos sistemas de saúde públicos universais é favorável e seu crescimento
é incontestável nas últimas décadas. Desde a Conferência Internacional sobre Cuidados Primários
de Saúde, reunida em Alma-Ata (ex-URSS), realizada em 1978, a OMS recomenda a seus países
membros a inclusão das PIC nos sistemas públicos de saúde.
No mundo, há uma crescente procura das populações dos países de alta renda pelas PIC, além de
um extenso e intenso uso das mesmas nos países pobres. Os motivos desse crescente interesse
vão desde os efeitos colaterais comuns e frustrações com a biomedicina, até qualidades positivas
das PIC, como melhor relação terapeuta-usuário e maior estímulo à autocura dos doentes. Você
verá mais detalhes sobre a procura das PIC na unidade 1 do módulo 3.
No Brasil, já existia registro de PIC em vários serviços do SUS desde a década de 1980. Nessa
e na década seguinte, tais experiências continuaram a crescer e a se diversificar. Na década de
1990, houve aumento do interesse acadêmico pelo tema, tendo se destacado o Grupo de Pesquisa
Racionalidades Médicas, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq),
Figura 1: Evolução Histórica da institucionalização das Práticas Integrativas e Complementares no Sistema Único de Saúde
Você, que trabalha na porta de entrada do SUS, envolvido nas questões de saúde e sociais, certamente
sente que as estratégias disponibilizadas pela biomedicina muitas vezes são insuficientes para lidar
com os processos de adoecimento diários. Provavelmente esta necessidade tenha impulsionado,
cada vez mais, vários profissionais da atenção básica no país a optar pelo aprendizado e exercício
de alguma PIC.
Os gráficos abaixo mostram a evolução crescente das PIC nos serviços de saúde pelas regiões
brasileiras e a distribuição da sua oferta nos níveis de atenção do SUS. De forma similar ao que
ocorria em 2004, quando houve a primeira pesquisa do MS, 78% das PIC estão na atenção básica,
18% delas na atenção especializada e 4% em hospitais. As PIC exercidas pelas equipes dos Núcleos
de Apoio à Saúde da Família (NASF) não estão contabilizadas como serviços especializados, e sim
como atenção básica, e mais de 20% delas as praticam. Dos dados preliminares do PMAQ (Programa
Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica), foi visto que praticamente 19%
das 29.770 equipes visitadas praticavam alguma PIC.
6000
5000
4000
3000
2000
1000
Gráfico 1 - Evolução do número de estabelecimentos que ofertam PIC por região do Brasil 2008-2015.
Fonte: Ministério da Saúde, 2015.
18%
4%
1º Ciclo:
2º Ciclo*:
O progressivo espaço social adquirido pelas PIC parece ter surgido juntamente com uma crise de
atenção à saúde (figura 2). Esta crise reflete o fato de que a civilização ocidental contemporânea
gasta mais tempo e recursos focados quase que exclusivamente na doença, e não no doente, e,
assim, o indivíduo e suas aflições vão para segundo plano.
Este processo mercantilizado se reflete na saúde, no qual profissionais são pressionados a produzir
e usuários a consumir procedimentos. Assim, ficam destacadas as normas e os procedimentos,
a uniformização das condutas e o esclarecimento parcial dos problemas de saúde, em termos de
doenças. Nesta situação, há uma tendência de se dar mais importância a consumir procedimentos
do que desenvolver relações de cuidado.
Estes aspectos, relacionados à crise de atenção à saúde, formam um cenário propício à busca por
formas de cuidado com abordagens diversas da biomedicina, tornando-se compreensível a procura
de práticas terapêuticas mais humanizadas e com uma compreensão mais integrada de saúde e
doença, tal como em muitas PIC.
Esse contexto facilita e estimula a inserção das PIC nos sistemas públicos de saúde universais,
considerando o pluralismo em cuidados de saúde, na perspectiva de integrar nos serviços do SUS
abordagens que ampliam as possibilidades diagnóstico-terapêuticas, como uma possível resposta
aos limites e lacunas da biomedicina.
Portanto, apesar de haver alguns obstáculos e dificuldades na institucionalização das PIC, tais
como críticas, oposições e contestação da legitimidade das mesmas, percebe-se um movimento
favorável, com aceitação significativa por usuários e profissionais, inclusive com arcabouço legal,
justificando a inserção destas práticas no SUS. O processo de formulação da PNPIC e sua aprovação
promoveram uma sensibilização sobre o tema e instituíram demandas e ações para incremento do
acesso às PIC com qualidade, segurança e eficácia no SUS8.
Ainda que avanços tenham sido obtidos, a expansão destas práticas constitui-se num processo a ser
construído e avaliado continuamente9, com envolvimento de diversos atores sociais, institucionais
e profissionais. Apesar das dificuldades, a inclusão das PIC no SUS pode ser considerada uma
estratégia para o desenvolvimento da universalidade, eqüidade e integralidade, para a construção
de um SUS prudente, para um cuidado à saúde decente10.
Os modos mais comuns de implantação das PIC em municípios brasileiros foram descritos por
recente pesquisa, que encontrou quatro tipos básicos de implantação, associados, isolados ou com
variações11. A Figura 3 descreve esses tipos, apresentando uma síntese comparativa dos mesmos,
quanto aos seguintes aspectos: acesso, profissionais praticantes, tipo de oferta e potencial de
expansão e integração com a Estratégia de Saúde da Família, do ponto de vista da operacionalização
institucional.
• São praticadas pelos profissionais da Saúde da Família (SF) com formação própria prévia (às
vezes especialização, quando esta existe) ou após formação em serviço proporcionada pela
gestão.
• Estes profissionais fazem uma prática híbrida, operando tanto o cuidado biomédico, como
das PIC.
• Esta forma é muito boa, por introduzir as PIC de forma integrada ao cuidado biomédico e à
rotina da atenção básica, de modo que os profissionais-usuários podem decidir se vão usar a
biomedicina, uma PIC, associar as duas ou usar uma PIC antes da biomedicina, que ficaria para
o caso de uma piora ou falha no uso da PIC, como alguns fazem12.
• Para sua expansão, esse tipo depende da educação em serviço em PIC para os profissionais.
• PIC realizadas por profissionais que fazem matriciamento, incluindo os profissionais dos
Núcleos de Apoio à Saúde da Família, ou de equipes de apoio que só matriciam em PIC.
• Há, frequentemente, enfoque nas discussões de casos e atividades coletivas. Por isso, um
ponto forte desse tipo de inserção é a possibilidade de expansão das atividades coletivas com
PIC (porque esses matriciadores circulam por várias unidades de saúde), e desses profissionais
fazerem educação em serviço em PIC para os generalistas da atenção básica.
• O profissional também pode atuar como referência para casos selecionados pela atenção
básica, que serão discutidos e não simplesmente encaminhados para referência.
• Estes profissionais funcionam como referência para a PIC, com acesso via encaminhamento,
normalmente em ambulatório especializado, ou serviços que só oferecem PIC.
A integração do tipo 1 com o tipo 3 tende a democratizar o acesso dos usuários e o saber-fazer em
PIC dos profissionais, sem ter que duplicar ou multiplicar a rede de profissionais da atenção básica.
Além disso, propicia a integração das PIC com a biomedicina e evita o acesso paralelo exclusivo
para as PIC. A integração, o enriquecimento e a pluralização do cuidado geral aos usuários, realizado
nos serviços de atenção básica, só é possível nessa associação que, simultaneamente, estimula
a prática das PIC na Atenção Básica e como referência via equipes matriciadoras, dispensando
serviços especializados distantes da atenção básica.
E no seu município, existe alguma experiência em PIC? Reflita agora sobre os tipos descritos e
pense como a prática de auriculoterapia na sua unidade de saúde estaria inserida no seu contexto.
Pense em discutir com os seus colegas e a gestão municipal sobre as possíveis formas de inserção
das PIC. Considerando que você atua na atenção básica, seguiremos discutindo neste campo.
A Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares enfatiza a inserção das PIC na atenção
básica, condizente com dados da literatura internacional, que reconhece a vocação natural das PIC
neste âmbito de atenção14. A prioridade para as PIC na atenção básica se deve há vários motivos,
além do fato delas já estarem e continuarem crescendo ali: os tipos de problemas presentes são
favoráveis a sua ação; são cada vez mais reconhecidas no sentido de estimular os mecanismos
de autocura das pessoas15; várias delas proporcionam abordagens culturalmente aceitáveis16;
há uma boa relação terapeuta-usuário e estímulo à participação do usuário no seu processo de
cuidado8 ; além de maior holismo a elas atribuído, com melhor observação e manejo de dimensões
psicossociais, espirituais e subjetivas17.
As PIC na atenção básica contribuem para a ampliação da clínica, ao utilizar técnicas que
facilitam a participação dos usuários, a flexibilização dos conceitos de saúde e doença e uma
maior consideração da subjetividade do sujeito18. Na prática clínica da atenção básica, isso é
muito importante, porque um conjunto de sintomas “inexplicáveis” para a biomedicina, que não se
encaixam nas classificações diagnósticas e explicações fisiopatológicas, pode ter, para o modelo
explicativo da medicina tradicional chinesa, por exemplo, um diagnóstico óbvio, possibilitando uma
conduta eficaz18.
Embora as PIC sejam múltiplas, algumas tem sido estudadas cientificamente, caso típico da
acupuntura, mas também da meditação, e inclusive da auriculoterapia19, entre outras. Alguns
estudos mostram seu custo-efetividade em sistemas de saúde20 e impacto favorável na atenção
básica, especialmente das medicinas vitalistas21. Além disso, as populações do mundo e a
brasileira costumam ter afinidade com várias PIC, e a sua procura tem crescido de forma contínua
e consistente nas últimas décadas.
Os protagonistas da implantação das PIC no SUS tem sido os profissionais de saúde, praticantes
das PIC22,23, e em alguns casos os gestores municipais (raramente estaduais). Como não há
nenhum mecanismo indutor ou orientador de sua implantação para além da PNPIC, essa situação
tem levado a diversos modos ou tipos de inserção das PIC nos municípios, descritos anteriormente,
que dependem dos contextos municipais, da sua gestão e dos profissionais envolvidos.
• A auriculoterapia pode ser usada como tratamento complementar, ou mesmo como tratamento
alternativo (principal para alguns problemas), sendo aplicada ao final da consulta pelo mesmo
profissional que o atendeu (idealmente) ou, no caso deste não ter a competência, por um colega após
ATENDIMENTO atendimento clínico e discussão de caso;
INDIVIDUAL • As situações possíveis são muitas, mas os exemplos mais comuns de problemas tratados em
atendimento individual com auriculoterapia são dores agudas e crônicas, insônia, transtornos de
ansiedade e outros transtornos emocionais.
• Alguns exemplos:
• Grupo de tratamento do fumante: útil como terapia complementar no controle da ansiedade e
compulsão;
• Grupo de gestantes: para controlar sintomas comuns do período gestacional, como: azia, náuseas,
ATENDIMENTOS insônia e dores nas costas;
COLETIVOS • Grupos voltados para dores em geral: no manejo e no tratamento do paciente com dores;
• Grupos de transtornos alimentares: útil como terapia complementar no controle da ansiedade e
sintomas emocionais, relacionados aos transtornos alimentares; aumento da saciedade e redução da
fome em pacientes com indicação de perda de peso.
• Existe muita variabilidade entre locais, municípios, equipes, profissões e locais de trabalho na
atenção básica, mas em quase todos os locais há grande adoecimento dos profissionais de saúde,
que, portanto, necessitam de cuidado;
SAÚDE DO • A auriculoterapia pode ser muito útil tanto no tratamento quanto na prevenção do adoecimento dos
TRABALHADOR profissionais de saúde, bem como na promoção e fortalecimento de sua saúde. Ela é benéfica para o
equílibrio de cada membro da equipe e facilita a integração e harmonização da equipe como um todo.
Cabe destacar que a auriculoterapia possui algumas contraindicações e, portanto, antes de iniciar o
tratamento, é necessário observar a presença de sinais de alarme, que necessitarão atenção. Estes
cuidados você irá aprender no módulo 4.
Se você está realizando este curso, sentirá necessidade de aplicar a auriculoterapia no seu cotidiano.
Mas, para isso, é importante que você tenha apoio da gestão, no sentido de dar possibilidade para
que você e demais profissionais do seu município que, neste momento, estão realizando este
curso, efetivamente coloquem em prática a auriculoterapia nos serviços em que trabalham. Como
fazer? Como implantar as PIC? Algumas experiências exitosas podem servir de inspiração, como a
que descreveremos a seguir.
No sentido de facilitar a inserção das PIC nessa modalidade combinada, simultaneamente na atenção
básica e em equipes matriciadoras, apresentamos a seguir um roteiro metodológico simplificado
para a implantação em um município, baseado em Santos e Tesser24.
O roteiro sintetizado na figura 4 foi construído a partir da experiência de Florianópolis (SC), que desde
2010, sistematicamente, vem ampliando as PIC na atenção básica, valorizando os profissionais
que tem competência e realizavam as PICs no seu cotidiano em parcerias com outros setores de
formação do município.
Passo 1
COMPREENDENDO AS PIC:
Compreender o fenômeno das PIC e as dificuldades para sua institucionalização
Passo 2
NÚCLEO RESPONSÁVEL:
Delegar responsabilidade a um núcleo responsável
Passo 3
DIAGNÓSTICO:
Identificar o que já se faz de PIC no SUS local e as pessoas capacitadas
Passo 4
REGULAMENTAÇÃO:
Elaborar, legitimar e institucionalizar normatização local (fluxos, acesso, registro, etc)
Passo 5
IMPLANTAÇÃO:
Realizar sensibilização, planos locais de implantação e levantamento de demandas de capacitação
Passo 6
EDUCAÇÃO PERMANENTE:
Organizar e realizar ações de educação permanente e provimento de insumos
Passo 7
MONITORAMENTO:
Estruturar rotina de monitoramento das ações e oferta de educação permanente
Passo 1
COMPREENDENDO AS PIC:
Compreender o fenômeno das PIC e as dificuldades para sua institucionalização
• As PIC são práticas não usualmente utilizadas pelos profissionais de saúde de formação
biomédica. Isso gera, ao mesmo tempo, interesse, mas também muita resistência nas
instituições de saúde públicas;
• É comum que as PIC tenham teorias e filosofias vitalistas, isto é, entendam haver um princípio
ou ‘força vital’ nos seres vivos e humanos, que organiza e harmoniza sua saúde e seu poder
de autorregulação e autocura. Essa ‘força vital’ não é traduzível nos mecanismos fisiológicos e
bioquímicos conhecidos pela biociência, embora alguns estudos explorem essa possibilidade
que, no caso da auriculoterapia, serão apresentados mais tarde neste curso;
• Dentro das PIC há uma gama de ações que são autônomas (podem ser realizadas pelas
pessoas leigas, usuários) e outra parte que cabe aos profissionais (heterônoma), por exigirem
maior grau de especialização e competência (notadamente no caso dos sistemas médicos
complexos, que apresentam grande sofisticação e demandam variados graus de especialização,
como na medicina tradicional chinesa, ayurvédica e homeopatia). Ambos os tipos de uso
(autônomo e heterônomo) das PIC podem e devem estar presentes nos serviços de saúde,
tanto para estimular o autocuidado e o uso autônomo, quanto para possibilitar a oferta de um
pluralismo terapêutico pelos profissionais;
• As PIC integram técnicas de cuidado e saberes que não são comumente ensinados nos
cursos de formação de nível médio e superior e, portanto, não são conhecidas pela maioria dos
profissionais de saúde. Assim, os profissionais precisam aprender para poder praticar alguma
PIC (seja de uso autônomo ou heterônomo);
Passo 2
NÚCLEO RESPONSÁVEL:
Delegar responsabilidade a um núcleo responsável
• Devido ao fato dessas técnicas não estarem consagradas nas formações profissionais,
atenção específica deve ser dispensada à sua implantação, por profissionais que as conheçam;
• É importante que o núcleo responsável elabore um plano de ação, com prazos e metas,
considerando o estudo da legislação vigente (saiba mais em: http://dab.saude.gov.br/portaldab/
biblioteca.php?conteudo=legislacoes/pnpics), das experiências de outros municípios e a
literatura da área;
Passo 3
DIAGNÓSTICO:
Identificar o que já se faz de PIC no SUS local e as pessoas capacitadas
• O diagnóstico é necessário para identificar o que já se faz de PIC no SUS local e quais são as
pessoas que já possuem alguma formação;
• As pessoas identificadas serão potenciais parceiros para construir a implantação das PIC;
• A partir dos profissionais mapeados, que já possuem algum conhecimento em PIC, promover
algumas rodas de discussão para problematizar o exercício das PIC no cotidiano dos serviços:
Quais dificuldades e impeditivos para aplicarem a PIC na sua prática profissional? Qual melhor
estratégia de organização do trabalho e do fluxo de atendimento? Como formalizar e garantir
maior estabilidade das práticas? Como integrar as PIC com as práticas já em desenvolvimento,
de forma a não gerar sobrecarga de trabalho e aumento da demanda?;
• Finalizar esta etapa construindo uma síntese do diagnóstico em PIC, a qual conterá os
profissionais mapeados, e algumas diretrizes de ação trazidas pelas rodas de discussão.
Passo 4
REGULAMENTAÇÃO:
Elaborar, legitimar e institucionalizar normatização local (fluxos, acesso, registro, etc)
• Este passo é necessário para elaborar, legitimar e institucionalizar uma normatização municipal
(fluxos, acesso, registro, etc);
• Pode-se criar uma política municipal ou, ainda, um simples ato institucional do gestor
(normatização), referenciando a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares,
validando no Conselho Municipal de Saúde;
• Tal norma deve prever a continuidade do processo de implantação, que envolverá atividades
de educação permanente, podendo envolver a vinculação de profissionais com competência
em PIC;
Passo 5
IMPLANTAÇÃO:
Realizar sensibilização, planos locais de implantação e levantamento de demandas de capacitação
• A implantação tem como pilar básico a expansão sustentável das PIC na atenção básica, já
que somente a regulamentação não garante isso;
• Sensibilizar toda a equipe da unidade em que as PIC serão implantadas e elaborar, com a
equipe da unidade, um plano local de implantação específico (considerando suas características,
peculiaridades, população e território), de forma a favorecer a sustentabilidade das práticas
(por ser contextualizado e por ser resultado do pacto do grupo);
• Sugerimos fortemente que a dinâmica de elaboração do plano local seja muito participativa.
Para acessar um roteiro guiado e mais detalhes sobre uma estrutura de oficina de sensibilização,
leia o tópico Etapa B – pactuação de planos locais de implantação, pagina 3018, do seguinte
artigo: http://www.scielosp.org/pdf/csc/v17n11/v17n11a17.pdf ;
Passo 6
EDUCAÇÃO PERMANENTE:
Organizar e realizar ações de educação permanente e provimento de insumos
• Este passo está diretamente relacionado ao anterior, pois a educação permanente será
necessária, conforme as ações pactuadas nos planos locais de implantação das unidades de
saúde;
• Nessa etapa também deve ser observada a necessidade de viabilização dos insumos
necessários à realização das PIC;
Passo 7
MONITORAMENTO:
Estruturar rotina de monitoramento das ações e oferta de educação permanente
• Este último passo pode ser considerado transversal aos demais, uma vez que o monitoramento
nos indicará o grau de implantação das PIC nas unidades, e a possibilidade de expandir a sua
implantação para mais unidades;
• Deve-se lembrar que a cultura, as regras e os valores das instituições e dos serviços de saúde
são padronizados amplamente em torno de ações de cuidado convencionais ou biomédicos
(consagradas nas profissões e na formação), como consultas, grupos, etc. A inserção das
PIC, por isso, ocorre em meio a polêmicas, resistências e discussões de várias naturezas. Há,
basicamente, quatro tipos de desdobramentos práticos da implantação das PIC por meio da
educação permanente em saúde:
• Os profissionais da atenção básica capacitados irão praticar suas atividades rotineiras com
mais recursos interpretativos e terapêuticos (plantas medicinais, acupuntura, auriculoterapia,
homeopatia, etc);
Considerando a complexidade de fatores que envolvem a inserção das PIC no SUS discutidos até
aqui, é importante finalizarmos esta unidade destacando os aspectos relacionados à cogestão e à
educação permanente em saúde (EPS), que devem permear todo o processo de implantação das
PIC no SUS.
Desde os anos 1970, observa-se no Brasil um movimento de democratização da gestão dos serviços
públicos de saúde. A cogestão, ou gestão compartilhada, democrática e participativa, vem sendo
construída em muitas experiências no SUS, porém ainda insuficientes para o desenvolvimento de
um sistema de gestão que assegure o cumprimento de seus objetivos primários (produzir saúde) e,
ao mesmo tempo, estimule os trabalhadores a ampliar sua capacidade de reflexão, de cogestão e,
em decorrência, de realização profissional e pessoal25,26.
Vinculadas à cogestão, estão as atividades de EPS, cujo significado difere das tradicionais ações de
educação continuada através de cursos e atualizações. A EPS se diferencia da educação continuada
mais comum, pois esta, em geral, é fragmentada em especialidades e profissões, sustenta-se em
verdades supostamente transferíveis a todos os contextos de trabalho (sem necessidade de diálogo
ou adaptação), legitima-se, a priori, pela ciência, independente das necessidades dos grupos
envolvidos.
Por sua vez, a EPS fundamenta-se na valorização do trabalho como fonte de construção conjunta de
conhecimento, contextualiza-se nos processos de trabalho, necessidades e desejos dos envolvidos,
por meio do diálogo, e visa transformar o exercício cotidiano do trabalho, por meio da aprendizagem
significativa e valorização da articulação com a gestão e os fóruns e colegiados de participação dos
usuários e trabalhadores na gestão do SUS (Conselhos Municipais de Saúde, conselhos locais e
colegiados de gestão, se existirem).
Educação
continuada
Educação Educação
PROBLEMATIZAÇÃO
DA PRÁTICA EM
SAÚDE Educação
Capacitações popular
Treinamentos Cursos
FIGURA 5: Diversas possibilidade de desenvolvimento da Educação Permanente em Saúde, a partir da problematização da prática em saúde
Refletir sobre a EPS relacionada às PIC é necessário, a fim de suprir a deficiência de formação
existente na graduação dos profissionais de saúde e que refletem os modelos centrados em
saberes e tecnologias biomédicas, dependentes de procedimentos e equipamentos diagnósticos e
terapêuticos28.
Pela lógica da EPS, a formação para a área da saúde deveria estruturar-se na problematização
do processo de trabalho e sua capacidade de dar acolhimento e cuidado às várias dimensões e
necessidades de saúde das pessoas, dos coletivos e das populações29 e, assim, as PIC naturalmente
fariam parte do arsenal diagnóstico-terapêutico dos profissionais.
É importante refletir sobre desenvolver EPS em PIC contextualizada e pensar em utilizar outros
Justamente por isso, o roteiro anteriormente apresentado reforça que o passo 5 (implantação) deve
ocorrer a partir de discussões de toda a equipe, refletindo a realidade de cada unidade de saúde,
de cada realidade de trabalho e, portanto, que se construa o plano de implantação baseado nestas
constatações locais.
A partir disso, refletindo e problematizando a prática específica de cada equipe, é possível traçar as
diretrizes de EPS (passo 6). Estas atividades de EPS farão sentido para os trabalhadores daquela
unidade, já que foram construídas coletivamente e baseadas em sua realidade, facilitando uma
aprendizagem significativa, que poderá, de fato, enriquecer a prática de cada um.
• Santos MC, Tesser CD. Um método para a implantação e promoção de acesso às Práticas
Integrativas e Complementares na Atenção Primária à Saúde. Ciênc. saúde coletiva [Internet].
2012 Nov [cited 2015 Sep 30] ; 17( 11 ): 3011-3024. Disponível em: http://www.scielo.br/
pdf/csc/v17n11/v17n11a17.pdf
• Sousa IMC, Tesser CD. Medicina Tradicional e Complementar no Brasil: inserção no Sistema
Único de Saúde e integração com a atenção primária. Cad. Saúde Pública, 2017; 33(1):
e00150215. http://dx.doi.org/10.1590/0102-311x00150215. Disponível em: http://www.
scielo.br/pdf/csp/v33n1/1678-4464-csp-33-01-e00150215.pdf
• História da auriculoterapia
• Fundamentos da auriculoterapia
Nas últimas décadas, a utilização da auriculoterapia tem crescido em diferentes contextos de cuidados
à saúde devido a sua praticidade de aplicação, segurança e baixo custo30. Este recurso terapêutico,
usado de forma isolada ou complementar a outros tratamentos, pode ser útil no manejo clínico
de condições comumente observadas na atenção básica, como as dores musculoesqueléticas e
distúrbios do humor.
A auriculoterapia caracteriza-se por utilizar o pavilhão auricular como um microssistema para tratar
diferentes tipos de problemas. O termo “microssistema” é usado quando uma região do corpo
representa todo o organismo31. A auriculoterapia, além de ser um microssistema com áreas reflexas
na orelha associadas às diferentes regiões do organismo, também pode ser considerada parte
integrante da medicina tradicional chinesa (MTC) 32, isso porque o estímulo de pontos auriculares
frequentemente segue os fundamentos e princípios terapêuticos da MTC.
História da auriculoterapia
Existem relatos históricos da utilização terapêutica do estímulo auricular por diversos povos da
antiguidade, tanto na China quanto na Europa33. Contudo, a sistematização dos mapas de pontos
auriculares, bem como o uso do termo “auriculoterapia”, só ocorreu a partir do século XX34. Por volta
da década de 1940, o médico francês Paul Nogier iniciou seus estudos em relação ao uso terapêutico
do pavilhão auricular. Nogier, que também tinha formação em acupuntura, notou a existência de
cicatrizes ocasionadas por procedimentos de cauterização da orelha em diversos pacientes que
chegavam ao seu consultório. Essa prática de cauterização auricular era tradicionalmente utilizada
por curadores de povoados europeus e tinha como objetivo tratar casos de lombociatalgia33. O fato
do estímulo de uma região da orelha tratar dores da região lombar fez com que Nogier buscasse
a correlação de outras regiões do pavilhão auricular com problemas localizados em diferentes
partes do corpo. Através de sua casuística clínica, Nogier mapeou, inicialmente, cerca de 30 pontos
auriculares que apresentavam correlação reflexa com diferentes regiões do corpo.
Fundamentos da auriculoterapia
Com base nas considerações acima, este curso buscou compilar informações essenciais que
contemplassem as principais visões sobre a auriculoterapia. Neste sentido, o aluno será apresentado
aos fundamentos da reflexologia da orelha, da medicina tradicional chinesa e da neurofisiologia
associada à auriculoterapia.
Os pontos reflexos da orelha (somatotopia da orelha), inicialmente descritos por Nogier, serviram
como referência para o desenvolvimento dos mapas da auriculoterapia francesa e auriculoterapia
chinesa34. Posteriormente, Nogier fez uma série de modificações no seu mapa original (criando
uma classificação de etapas de aparecimento dos pontos reflexos auriculares de acordo com o
grau de cronificação da doença), as quais não foram bem aceitas pela comunidade internacional
de praticantes de auriculoterapia34. Desta maneira, o mapa auricular chinês passou a ter maior
popularidade e foi o modelo adotado por diversos países. Nesse sentido, optou-se por utilizar os
pontos reflexos do mapa chinês como o modelo de referência para esta formação em auriculoterapia.
O módulo 2 apresentará os fundamentos da auriculoterapia segundo a reflexologia.
Ativação da área
do cotovelo
representada no
córtex cerebral
direito Estímulo na orelha esquerda
é conduzido até hemisfério
direito do cérebro
Tratamento da dor
no cotovelo esquerdo
FIGURA 7: Representação das três abordagens contidas neste curso (módulos 2, 3 e 4).
Saiba mais
• The History, Mechanism, and Clinical Application of Auricular Therapy in Traditional Chinese
Medicine
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4707384/
Referências bibliográficas
2. WHO. World Health Organization. WHO traditional medicine strategy, 2014-2023. Geneva:
World Health Organization, 2013.
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Saúde Coletiva, v.10(sup), p.255-266, 2005.
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pluralização terapêutica do sistema único de saúde. Revista de Saúde Pública. v.42, n.5, p.914-
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11. SOUSA IMC, Tesser CD. Medicina Tradicional e Complementar no Brasil: inserção no
Sistema Único de Saúde e integração com a atenção primária. Cad. Saúde Pública, 2017; 33(1):
e00150215. http://dx.doi.org/10.1590/0102-311x00150215.
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15. LEVIN JS, JONAS WB, editores. Tratado de medicina complementar e alternativa. São Paulo:
Manole, 2001.
17. DAVIS-FLOYD, R.; ST. JOHN, G. Del médico al sanador. 1ª ed. Buenos Aires: Creavida, 2004.
18. CUNHA, G.T. A construção da clínica ampliada na Atenção Básica. São Paulo: Hucitec,
2005.
19. ZHAO H, TAN J, WANG T, JIN L. Auricular therapy for chronic pain management in adults: A
synthesis of evidence. Complementary Therapies in Clinical Practice, vol.21, p.68-7, 2015.
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integrative care cost-effective? A systematic review of economic evaluations. BMJ Open, v.2,
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21. KOOREMAN, P.; BAARS, E.W. Patients whose GP knows complementary medicine tend to
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Cad. Saúde Pública, v.25, n.1, p.195-202, 2009.
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sociais de profissionais da saúde. Cad. Saúde Pública 2000; 6(2)363-375.
24. SANTOS, M.C.; TESSER, C.D. Um método para a implantação e promoção de acesso às
Práticas Integrativas e Complementares na Atenção Primária à Saúde. Ciênc. saúde coletiva,
v.17, n.11, p.3011-3024, 2012.
25. CAMPOS, G.W.S. O anti-Taylor: sobre a invenção de um método para co-governar instituições
de saúde produzindo liberdade e compromisso. Cad. Saúde Pública. Rio de Janeiro, v.14, n.4,
p.863-870, 1998.
27. CECCIM, R.B. Educação Permanente em Saúde: desafio ambicioso e necessário. Interface
– Comunic, Saude, Educ, v.9, n.16, p.161-168, 2005.
29. CECCIM, R.B, FEUERWERKER L.C.M. O quadrilátero da formação para a área da saúde:
ensino, gestão, atenção e controle Social. Physis: Rev Saude Coletiva, v.14, n.1, p.41-64, 2004.
30. HOU PW, HSU, HC, LIN, YW, et al. The History, Mechanism, and Clinical Application of
33. GORI L, FIRENZUOLI, F. Ear acupuncture in European traditional medicine. Evid Based
Complement Alternat Med. Sep 2007;4(Suppl 1):13-16.
34. OLESON, T. Auriculotherapy manual: Chinese and Western systems of ear acupuncture:
Elsevier Health Sciences, 2013.
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Nomenclature. France, 1990.
37. OLESON, TD. Bases neurofisiológicas da acupuntura auricular. In: Stux G, Hammerschalg R,
eds. Acupuntura Clínica - Bases Científicas. São Paulo: Manole, 2005.
2018
Universidade Federal de Santa Catarina
MÓDULO II
Auriculoterapia segundo a
reflexologia
GOVERNO FEDERAL
COMISSÃO GESTORA
MÓDULO I MÓDULO I
Charles Dalcanale Tesser Ana Rita Novaes
Marcos Lisboa Neves Islândia Maria Carvalho de Sousa
Melissa Costa Santos
MÓDULO II
MÓDULO II Leidiane Mazzardo Martins
Fátima Terezinha Pelachini Farias Marcos Lisboa Neves
Teresa Cristina Gaio da Silva
MÓDULO III
MÓDULO III Li Shih Min
Charles Dalcanale Tesser Marilene Cabral do Nascimento
Emiliana Domingues Cunha da Silva
Marcos Lisboa Neves MÓDULO IV
Adair Roberto Soares dos Santos
MÓDULO IV Leidiane Mazzardo Martins
Ari Ojeda Ocampo Moré
João Eduardo Marten Teixeira MÓDULO V
Daniel Fernandes Martins Ari Ojeda Ocampo Moré
Emiliana Domingues Cunha da Silva
MÓDULO V Fátima Terezinha Pelachini Farias
Ronaldo Zonta Marcos Lisboa Neves
Melissa Costa Santos
Sumário
Apresentação do módulo.............................................................................................................................5
Zonas reflexas..................................................................................................................................17
Bibliografia utilizada.................................................................................................................................51
Palavra do professor
Caro aluno
Neste módulo você irá ingressar na área de uma das práticas da Auriculoterapia. O módulo está
estruturado em 3 unidades sequenciais envolvendo você no conhecimento relacionado à utilização
da auriculoterapia segundo o conceito da reflexologia.
Este módulo aborda temas sobre uma prática terapêutica de manipulação simples e não invasiva e
sua utilização. Uma prática que amplia a atuação do profissional de saúde na unidade básica. Uma
prática que corrobora com um dos princípios relacionados ao SUS - acesso.
Parabéns pela sua iniciativa em se inscrever no curso e agregar a sua prática profissional uma
terapêutica de forma eficaz e segura.
Bons estudos!
UNIDADE 2
• Métodos de avaliação em auriculoterapia: inspeção auricular e
MÉTODOS DE AVALIAÇÃO palpação auricular.
NA AURICULOTERAPIA
UNIDADE 3
• Métodos de tratamento em auriculoterapia
MÉTODOS DE TRATAMENTO
Ementa do módulo
Anatomia do pavilhão auricular. Topografia das zonas reflexas e pontos reflexos existentes no pavilhão
auricular. Métodos de avaliação em auriculoterapia: inspeção auricular (coloração, vascularização,
entre outros) e palpação auricular. Métodos de tratamento em auriculoterapia.
Objetivos do módulo
CURIOSIDADE
A orelha é dividida em três partes, sendo elas: externa, média e interna. O pavilhão auricular é a
parte externa da orelha em forma de concha, constituído de cartilagem elástica única, inervada e
vascularizada. O lóbulo da orelha é a única região do pavilhão que não apresenta cartilagem, pois
é constituída de tecido adiposo. A morfologia da orelha é diferente em cada indivíduo, tem cerca
de seis centímetros de comprimento no adulto e está localizada, em parte, no osso temporal, a
sua conexão com o crânio se dá através dos ligamentos e dos músculos auriculares. O pavilhão
auricular está dividido em duas faces: a anterior e a posterior.
Face
Face anterior
posterior
do pavilhão
do pavilhão
auricular
auricular
Ramo Inferior
da Antélice
Escafa
Trago
Cavidade da Concha
(cava)
Incisura intertrágica
Incisura
antitrágica
Antitrago
Lóbulo
1. Hélice: margem superior, curva e proeminente da orelha, que começa na cavidade da concha do
pavilhão da orelha e segue circundando o pavilhão até encontrar o lóbulo.
1.3 Cauda da Hélice: situa-se na parte terminal da Hélice, que se conecta com o lóbulo
da orelha.
2.3 Fossa triangular: Depressão triangular entre o ramo superior e inferior da antélice.
4. Trago: proeminência localizada sobre o meato acústico externo, em geral é triangular ou arredonda.
Sua parte interna é chamada de subtrago.
5. Incisura anterior (superior do trago): uma depressão formada pela região anterior e externa da
hélice e a margem superior do trago pouco visível, mas facilmente identificável por palpação.
9. Lóbulo da orelha: região não cartilaginosa, de tecido adiposo, localizada na parte inferior do
pavilhão auricular.
10. Concha da orelha: sulco (escavação) mais profundo e interno localizado entre os limites da
antélice, trago e antitrago. O ramo da hélice (ver item 1.1) divide a concha em duas partes: uma
superior e mais estreita denominada cimba da concha (cimba) e uma parte inferior denominada
cavidade da concha (cava).
A face posterior do pavilhão auricular é dividida em quatro regiões e formada por faces, sulcos e
eminências.
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Formação em Auriculoterapia para profissionais de saúde da Atenção
FormaçãoBásica 11
em auriculoterapia para profissionais de saúde da atenção básica
Vascularização do pavilhão auricular
As artérias que irrigam o pavilhão auricular procedem da artéria temporal superficial e da artéria
auricular posterior, ambas ramos da artéria carótida externa (uma artéria importante que se localiza
na região do pescoço).
Músculos auriculares
MÚSCULOS MÚSCULOS
EXTRÍNSECOS INTRÍNSECOS
}
}
Auricular Anterior Músculo Maior da Hélix
Músculo do Antitrago
Músculo Transverso
e Oblíquo da orelha
Cartilagem
Músculo auricular
superior
Músculo maior
do Hélix
Músculo auricular
anterior
Músculo auricular
Músculo posterior
Músculo do Transverso
Trago
Músculo do
Antitrago
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Formação em Auriculoterapia para profissionais de saúde da Atenção
FormaçãoBásica 13
em auriculoterapia para profissionais de saúde da atenção básica
CURIOSIDADE
Compõem ainda a inervação da orelha: nervo occipital menor, nervo facial e nervo glossofaríngeo.
Há uma predominância conforme ilustração abaixo:
NERVO
Supre a maior parte da face anterior e posterior
AURICULAR
MAIOR - lóbulo e cauda da hélice.
O uso da auriculoterapia reflexa é uma prática terapêutica que se baseia na correlação das regiões
do pavilhão auricular com os órgãos e regiões do corpo. Esse princípio terapêutico se dá através
da hipótese embriológica de que os órgãos e tecidos se desenvolvem a partir das 3 camadas
germinativas (ou folhetos embrionários) do feto – o endoderma, o ectoderma e o mesoderma.
A orelha é uma das poucas estruturas anatômicas que são constituídas por cada um destes 3 tipos
primários de tecido encontrados no embrião desenvolvendo assim uma rede neural na orelha do
feto e do adulto.
Agora vamos observar nos desenhos as correlações entre a inervação, a representação embriológica
e as estruturas anatômicas do pavilhão auricular:
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Formação em Auriculoterapia para profissionais de saúde da Atenção
FormaçãoBásica 15
em auriculoterapia para profissionais de saúde da atenção básica
- Região inervada pelo nervo auriculotemporal/
trigêmeo – representando sistema
Camada
musculoesquelético.
germinativa:
Mesoderma
- Estruturas anatômicas: antélice, escafa e fossa
triangular e parte superior da hélice.
No mesoderma temos a origem dos músculos esqueléticos, músculos lisos, vasos sanguíneos,
ossos, cartilagem, articulações, tecido conjuntivo, glândulas endócrinas, córtex renal, músculo
cardíaco, órgãos urogenitais, útero, tubas uterinas, testículos e células sanguíneas da medula
espinal e tecido linfático.
Na endoderma temos a origem da maioria dos órgãos internos (exceto o coração e os rins) como:
o estômago e os intestinos, pulmões, tonsilas palatinas (amígdalas), fígado, pâncreas, sistema
urinário, glândula tireóide, glândulas paratireóides e o timo.
A ectoderma dá origem à pele, a medula espinal, a regiões subcorticais e aos nervos, glândua
pineal, glândula hipófise, medula renal, cabelos, unhas, glândulas sudoríparas, córnea, dentes,
mucosa do nariz e lentes oculares.
Do ponto de vista embriológico e considerando que as camadas germinativas dão origem à estruturas
anatômicas que compõem o corpo humano podemos observar que o pavilhão auricular é uma zona
de convergência complexa e rica, capaz de gerar uma reação reflexa em várias regiões do corpo.
Agora. vamos utilizar o aprendizado desta etapa da unidade para compreendermos a próxima . Nela
iremos conhecer as zonas reflexas e os pontos utilizados na auriculoterapia.
Zonas reflexas
Assim temos:
• Os pontos na região da concha representam os órgãos internos sendo que na área da cimba
da concha estão os órgãos da região abdominal e na cavidade da concha(cava) os órgãos da
região torácica;
• Os pontos da região da fossa triangular estão relacionados aos órgãos da pelve e genitais
internos.
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FormaçãoBásica 17
em auriculoterapia para profissionais de saúde da atenção básica
É importante lembrar e relacionar a representação embriológica e a inervação do pavilhão auricular
para melhor compreensão das zonas e dos pontos reflexos e sua ação no organismo.
Zonas auriculares
LO Lóbulo da orelha
AH Antélice
SF Escafa
IC Cavidade da Concha
CR Ramo da Hélice
SC Cimba da Concha
HX Hélice
TG Trago
IT Intertrago
AT Antitrago
TF Fossa Triangular
PP Posterior Periférico
PL Lóbulo Posterior
PG Posterior da Antihélice
PT Posterior da Fossa Triangular
PC Posterior da Concha
Veja as diferenças dos mapas utilizados na localização das zonas e dos pontos no pavilhão auricular.
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em auriculoterapia para profissionais de saúde da atenção básica
Pontos ou áreas reflexas existentes no pavilhão auricular
A seguir vamos identificar e conhecer a ação dos principais pontos ou áreas reflexas em
cada estrutura anatômica do pavilhão auricular!
Pontos ou zonas (áreas) auriculares reflexas são locais específicos localizados na superfície do
pavilhão auricular que refletem e estão conectados a atividade funcional do organismo como um
todo. Portanto, os pontos ou áreas reflexas auxiliam na avaliação diagnóstica e são utilizados no
tratamento das enfermidades.
De um modo geral, os pontos reflexos são os pontos que correspondem às partes do corpo, sendo
que cada parte, um músculo, um osso, um órgão interno ou um vaso sanguíneo, corresponde a
um ponto no pavilhão auricular e o ponto geralmente recebe o mesmo nome da parte ou área que
a corresponde. Sua ação é reflexa. Como exemplo, ponto quadril (tratamento de dor no quadril).
Estão localizados no lóbulo da orelha aproximadamente 11 pontos de estímulo relacionados com o tratamento da região da cabeça e face. Para melhor localização dos pontos o lóbulo da orelha é dividido em
9 quadrantes (linhas imaginárias traçadas como em um “jogo da velha”). Estes pontos estimulados atuam na analgesia do dente, cefaleia, articulação temporomandibular (ATM), ansiedade, insônia, estresse,
inflamação da tonsila palatina (amigdalite), faringite, afta, labirintite, otite, conjuntivite, olheiras, rugas, entre outras.
4- Língua Entre os pontos palato superior e inferior, Glossite, gengivite, faringite, tonsilite e
no quadrante mais superior e central do estomatite.
lóbulo, acima do ponto olho.
5- Maxilar Acima do ponto ouvido interno, na terça Sinusite, odontalgia da arcada superior,
parte posterior e superior do lóbulo da neuralgia do trigêmeo, bruxismo,
orelha, extremidade inferior do quadrante disfunção temporomandibular e paralisia
superior externo do lóbulo. facial.
3- Palato inferior 6- Mandíbula
6- Mandíbula Extremidade superior do quadrante Odontalgia da arcada inferior, neuralgia
superior externo do lóbulo. do trigêmeo, trismo, disfunção 5- Maxilar
1-Dente 2- Palato
temporomandibular e bruxismo.
superior
4- Língua
7- Neurastenia Entre os pontos dente e ansiedade. Ansiedade, depressão, insônia e
neurastenia. 7- Neurastenia 8- Olho 9- Ouvido interno
8- Olho Centro do lóbulo da orelha. Conjuntivite, deficiência visual, cegueira
noturna e olheiras. 10- Ansiedade 11- Amigdala
9- Ouvido interno Quadrante medial externo do lóbulo. Déficit auditivo, otite média e labirintite.
10- Ansiedade No canto interno e inferior do lóbulo da Ansiedade, agitação, insônia, estresse
orelha. emocional e irritabilidade.
11- Amigdala Quadrante inferior e central do lóbulo da Amigdalite, rouquidão, afonia, laringite e
orelha. faringite.
22 22 Formação em Auriculoterapia
Formação em para
auriculoterapia
profissionaispara
de saúde
profissionais
da Atenção
de saúde
Básicada atenção básica
Estrutura anatômica: Cavidade da concha
Para melhor conhecermos os pontos desta estrutura anatômica serão representados separadamente na cavidade da concha da orelha (Cava) e cimba da concha (Cimba). Na cavidade da concha da orelha (Cava)
temos os pontos que irão atuar em órgãos que estão localizados no tórax (os pontos têm o mesmo nome dos órgãos representados). Veremos principais pontos desta região.
7- Boca Cavidade da concha (cava) próximo à Estomatite e neuralgia do trigêmeo. 1- San Jiao
parte superior da incisura antitrágica. (Metabolismo)
8- Esôfago Cavidade da concha, abaixo da porção Queixas na região do esôfago, como:
média da raiz da hélice. refluxo, pirose e hérnia de hiato.
No interior da cimba da concha estão os pontos que irão atuar em órgãos localizados no abdome.
Os principais são:
2- Vesícula biliar Entre os pontos pâncreas e rim. Dispepsia, cálculos biliares, gosto amargo
da boca e insegurança.
4- Rim Em uma fossa localizada abaixo do início Transtornos do trato urogenital, problemas
do ramo inferior, em uma região interna da articulares, queixas menstruais,
concha cimba. amenorréia, tensão pré-menstrual
(TPM), enxaqueca e para o tratamento de
dependência química.
Nesta região os pontos com ação reflexa estão localizados entre a raiz da hélice e o interior da concha, em uma reentrância no início da hélice que subdivide a concha em cavidade da concha (inferior) e cimba
da concha (superior).
2- Relaxamento Entre o ponto estômago e ponto baço. Miorrelaxante e também utilizado para
muscular insônia.
1- Estômago
2- Relaxamento
muscular
Nesta região encontramos pontos com o mesmo nome e ação nos órgãos correspondentes. Nesta estrutura anatômica encontram-se pontos denominados como hélice numerados de 1 a 6 com ação anti-
inflamatória, antipirética e no tratamento de abstinência.
1- Ponto zero No ramo ascendente da hélice. Ação espasmolítica e analgésica. 16- Hélice 5 Na região descendente da hélice indo até o Otite, dores de dente;
ápice do lóbulo da orelha.
2- Diafragma Sobre a raiz da hélice, logo adiante do Transtornos hematológicos, ação
ponto zero, antes de incisura anterior espasmolítica. 17- Hélice 6 Na região descendente da hélice indo até o Amigdalite e faringite.
(superior do trago). ápice do lóbulo da orelha.
4- Uretra Sobre a hélice, no nível do ponto próstata. Infecção do trato urinário, prostratite,
enurese, disúria e polaciúria.
5- Genital externo Do lado externo da hélice, na porção Prurido genital, algia genital, bartolinite,
ascendente da hélice, no nível da disúria, uretrite, impotência e eczema do
interseção com o ramo inferior da antélice. escroto. 7- Ápice
da orelha 8- Amigdala 1
6- Ânus Na hélice, próximo do ponto hipotensor. Hemorróidas e prurido anal.
10- Yang do fígado1
7- Ápice da No ápice da orelha, na hélice. Hipertensão, alergias, analgesia e 6- Ânus
orelha harmonização emocional. 9- Nervo occipital 12- Hélice1
menor
11- Yang do fígado2
8 - Amigdala 1 situa-se próximo ao ponto ápice da orelha Infecções da faringe, laringe e tonsilas
na hélice anterior ao ponto Yang do fígado (amígdalas).
5- Genital externo
9 - Nervo Na parte interna (sulco) da hélice na região Cervicalgia, cefaleia occipital. 4- Uretra
occciptal menor do tubérculo da orelha (de Darwin). 3- Reto
13- Hélice2
10- Yang do Localiza-se na margem superior do Hipertensão, cefaleias, tonturas e vômitos 2-Diafragma
figado 1 Tubérculo de Darwin. em jato. 1- Ponto zero
12- Hélice 1 Na região descendente da hélice indo até o Dores na região distal dos 4 membros,
ápice do lóbulo da orelha. artrites dos dedos da mão, dor no punho e
síndrome do túnel do carpo;
15- Hélice4
13- Hélice 2 Na região descendente da hélice indo até o Dor na região do antebraço, doença do
ápice do lóbulo da orelha. tenista;
16- Hélice5
14- Hélice 3 Na região descendente da hélice indo até o Periartrite do ombro;
ápice do lóbulo da orelha.
17- Hélice6
15- Hélice 4 Na região descendente da hélice indo até o Cervicalgia, cervicobraquialgia, periartrite
ápice do lóbulo da orelha. do ombro, ATM cefaleia occipital;
Ouvido externo Na depressão formada entre o trago e Déficit auditivo, zumbido, otite,
incisura anterior (superior do Trago) inflamações no pavilhão auditivo, prurido
local e disfunções da ATM.
Ouvido externo
Nesta região do Trago encontramos pontos que atuam nos órgãos correspondentes às vias áreas superiores e pontos atuando em processos de dependência química e emocional. Possui pontos na parte interna
e externa.
2- Nariz externo No meio da base do trago. Afecções locais no nariz, obstrução nasal,
gripe, rinite, coriza e anosmia.
5- Vícios/mania
Nessa região entre o trago e antitrago encontram-se pontos que representam, na sua maioria, o sistema endócrino.
3- Endócrino
1- Visão 1 4- Ovário
2- Visão 2
Nesta região os pontos se localizam na parte interna e externa. Os pontos atuam, na sua maioria, em processos de dor, emocionais e mentais.
2- Anti asma Logo abaixo ápice do antítrago, na face Bronquite, asma, tosse, dispneia e
(Ping Chuan) externa. enfisema pulmonar.
Nesta região encontram-se pontos e regiões que, na sua maioria, representam os membros superiores com ação osteomuscular. Atuam proporcionando analgesia nas partes reflexas correspondentes.
1- Nervo auricular Abaixo do ponto da clavícula, mas fora da Algia nos membros superiores,
maior escafa. cervicobraquialgia, cefaleia occiptal.
4- Ombro Terço médio da escafa, no nível da linha Algia dos membros superiores. 9- Dedos
do fígado. 8- Alergia 1
5- Articulação do No centro da escafa. Artrite, luxação, epicondilite, entorse do 7- Punho
Cotovelo cotovelo, artrose.
6- Antebraço
6- Antebraço No terço superior da escafa. Dores musculares, artrite.
7- Punho No terço superior da escafa, acima do Síndrome do túnel do carpo, artrite 5- Articulação do Cotovelo
antebraço. reumatoide, tendinite, tenossinovite,
luxações e fraturas do punho e parestesia.
4- Ombro
8- Alergia 1 Entre o ponto punho e dedos da escafa. Alergia, asma brônquica, prurido,
processos alérgicos em geral.
3- Articulação do ombro
9- Dedos Extremidade superior da escafa. Congelamento das extremidades,
parestesia dos dedos, algias falangianas,
artrite reumatoide e dedo em gatilho. 2- Clavícula
Nesta região encontram se os pontos que representam a coluna vertebral. São pontos que atuam em processos osteomusculares de dores aguda e crônica nas áreas correspondentes da coluna vertebral.
8- Área torácica Atua na área da coluna torácica Dorsalgia, hérnia de disco, artrose e
correspondente de T1 a T12 neuralgia intercostal. 3- Glândulas 4- Glândulas
mamárias 1 mamárias 2
9- Área lombar Atua na área da coluna lombar Ciatalgia, hérnia de disco, lombalgia,
correspondente de L1 a L5. paralisa dos membros inferiores e artrose.
Nesta região os pontos representam o quadril e os membros inferiores. Atuam em processos de dores musculoesqueléticas.
1- Articulação do Ponto central no começo do ramo superior Algia local, doenças osteomusculares,
quadril da antélice. desgaste ósseo, bursite trocantérica e
artrose do quadril.
2- Joelho Entre o ponto joelho externo e ponto Lesão dos ligamentos, ciatalgia dos
perna, na região central do ramo superior membros inferiores, luxação local, dores
da antélice. articulares, meniscopatia e lesão dos
músculos poplíteos.
5- Artelhos Na extremidade mais superior e externa do Metatarsalgias, paralisia dos membros 2- Joelho
ramo superior da antélice. inferiores, artrites crônicas e joanetes.
1- Articulação do quadril
Nesta região os pontos atuam em processos de dor. O ponto simpático pode ser associado aos pontos reflexos para potencializar a ação em caso de dores osteomusculares.
2- Nervo ciático No centro do ramo inferior da antélice. Lombalgia, hérnia de disco, analgesia
local, ciatalgia e polineurite.
2- Nervo ciático
1- Glúteo
3- Simpático
Nesta região encontram-se pontos que atuam em órgãos localizados na região pélvica. Possui o ponto Shen men que é um dos mais utilizados em associação com outros na terapêutica.
1- Shen men Vértice do ângulo formado pelo ramo Ansiedade, distúrbios mentais,
superior e inferior da antélice. estabilização emocional, em condições de
dor e possui atividade anti-inflamatória.
5- Anti asma No centro da porção anterior da fossa Bronquite, asma, tosse, dispnéia e
(Ping Chuan triangular. enfisema pulmonar.
Superior) 3- Hipotensor
6- Hepatite Entre o ponto hipotensor e redução da Distúrbios do fígado e vesícula biliar e 8- Ovário superior 6- Hepatite
pressão arterial. hepatite. 7- Útero 5- Anti asma
7- Útero Na fossa triangular, próximo à hélice. Dismenorreia, disfunção do ciclo 9- Ovário inferior 1- Shen men
menstrual, mioma e displasia do útero.
10- Constipação 4- Pelve 2- Febre
8 - Ovário Próximo ao ponto do útero. Infertilidade
superior
10- Constipação Na margem inferior e anterior da fossa Constipação, dores abdominais, flatulência
triangular. e distúrbios intestinais.
Vamos praticar:
Identificamos e conhecemos as ações dos pontos e áreas reflexas. Agora vamos aprender na
próxima etapa os métodos mais utilizados na avaliação e diagnóstico do pavilhão auricular.
Formação
Formação em
em auriculoterapia
auriculoterapia para
para profissionais
profissionais de
de saúde
saúde da
da atenção
atenção básica
básica 36
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UNIDADE 2
Métodos de avaliação
na auriculoterapia
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Atenção Básica 37
em Auriculoterapia para profissionais de saúde da Atenção Básica
Métodos de avaliação em auriculoterapia:
inspeção auricular e palpação auricular
Quando ocorre uma disfunção orgânica o ponto ou área auricular correspondente ao órgão pode
apresentar alterações de coloração da pele ou sensibilidade, ou seja, tornando-se doloroso ao
toque leve. Também ocorrem alterações na condutibilidade elétrica, tornando-se possível detectar
o ponto ou região em distúrbio com o uso de aparelhos eletrônicos apropriados.
Os métodos de avaliação auxiliam na detecção de um distúrbio. Oferecem um meio rápido de
avaliação e monitoram a evolução clínica do tratamento.
• Inspeção/observação
• Palpação
Antes de conhecer cada um deles, vamos observar algumas recomendações para desenvolver uma
avaliação:
O pavilhão auricular normal deve ser semelhante em tamanho, cor e umidade, indolor à palpação.
É firme e flexível, tem a coloração da mesma cor que a pele do restante do corpo, a hélice deve
ter uma cor avermelhada, livres de processos inflamatórios e hiperemia. Orelhas proeminentes e
pendentes em idosos são um sinal de atrofia e envelhecimento, é normal para essa faixa etária.
• Boa iluminação: de preferência uma luz natural ou uma luz branca (pode ser usada lupa ou
lanterna);
• Não realizar higienização com água ou álcool no pavilhão auricular antes da avaliação;
• Em caso de uso de foto para registro da avaliação de preferência sem flash ou uso de flash
próprio (equipamento próprio) para não interferir no registro. Você pode utilizar um desenho do
pavilhão auricular e ir identificando as alterações observadas;
Este método requer uma análise visual do pavilhão auricular. Observa-se as alterações de pele na
superfície da orelha (como cor, descamação, etc...) e as informações coletadas são referentes a
reações reflexas de possíveis problemas.
A inspeção geralmente é iniciada na face anterior e parte superior do pavilhão auricular, prossegue
descendo e segue da parte medial para a lateral. Depois de inspecionadas as regiões visíveis,
investigar as regiões mais escondidas como a cimba da concha e a cavidade da concha, trago,
antítrago e região interna da hélice, entre outras. Após a inspeção ser realizada na face anterior do
pavilhão auricular, deve-se iniciar a inspeção da face posterior do pavilhão auricular seguindo a
mesma dinâmica.
• O excesso de oleosidade;
• Marcas de nascença;
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• Vasos sanguíneos ingurgitados e cor de sangue anormal (azul, vermelho, ou roxo);
• Petéquias;
• Edema;
• Descamação;
• Assimetrias.
Condição aguda
Vermelho claro e brilhante
Processos dolorosos
Mudança de coloração
Vermelho escuro Condição crônica
Angiectasias e telangiectasias
Processos crônicos
vasos azulados
Lembramos que as pessoas podem apresentar alterações no pavilhão auricular e não apresentar
queixa em relação ao ponto ou área com alteração. Neste caso, associe o método de palpação
para investigar melhor. Se o ponto ou região apresentar sensibilidade alterada considere como um
indicativo para ser melhor investigado na estrutura relacionada.
Método da palpação
O método da palpação consiste em aplicar pressão com instrumento próprio (indireta) ou com
a ponta do dedo (direta) nas regiões do pavilhão auricular. Este movimento de pressão auxilia a
identificar pontos mais sensíveis e doloridos à palpação indicando possíveis problemas na área
correspondente.
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Este método pode ser aplicado após a inspeção do pavilhão auricular corroborando com as
alterações visualizadas. Pode ser realizada com o paciente deitado, para um relaxamento máximo;
na posição sentada ou de pé. A intensidade da pressão vai de acordo com a sensibilidade do
paciente. Alguns reagem à pressão mínima ou forte.
Muitos fatores interferem e devem ser considerados na avaliação, principalmente no que se refere
à condição crônica e aguda ou se são problemas recorrentes.
Monitorar as expressões faciais em resposta à pressão realizada. Pode-se solicitar ao paciente para
que ele avalie o grau de sensibilidade que é sentida em cada ponto da orelha quando é aplicada
pressão com um sistema de graduação com valores ou notas de 1 a 10, sendo 1 a mais leve e 10 a
mais forte; ou com expressões como: leve, moderado ou forte; ou apenas observar as expressões
faciais do paciente.
Segurar e esticar o pavilhão auricular firmemente com uma mão, enquanto segura o apalpador
com a outra mão. Deslizar sobre a superfície lentamente, parando em pequenas regiões sensíveis
a pressão levemente aplicada. Apalpe áreas auriculares que você suspeita serem reativas por sua
correspondência com as partes do corpo em que o paciente tem dor ou queixas relatadas.
LEMBRE-SE
Vamos ver passo-a-passo como utilizar a técnica da auriculoterapia com segurança na seleção dos
pontos para obtermos eficácia no tratamento.
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UNIDADE 3
Métodos de tratamento
O pavilhão auricular possui uma inervação abundante e quando estimulado desencadeia uma série
de reflexos que provocam reações de natureza terapêutica. O estímulo realizado num determinado
ponto ou área reflexa atua sobre área correspondente no organismo. Como vimos anteriormente, a
relação do pavilhão auricular como um microssistema e a relação com o organismo como um todo
faz da auriculoterapia um recurso terapêutico eficaz para tratar diversas enfermidades.
• Manipulação simples;
A seleção dos pontos de auriculoterapia deverá ser criteriosa de acordo com os problemas de
saúde apresentados pelo paciente e os objetivos terapêuticos do profissional. No caso de um
tratamento para apenas uma queixa, poderá ser escolhido um ou dois pontos reflexos, mas se o
paciente apresentar diversas queixas, pode-se selecionar em média de 8 até 10 pontos auriculares,
sempre priorizando a queixa principal. No caso da auriculoterapia reflexa a seleção dos pontos será
de acordo com a localização anatômica da respectiva parte do corpo (órgão interno, músculo,
articulação, entre outras estruturas).
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DOR PONTOS AURICULARES
Ponto do
joelho
Dor no
joelho
Shen Men
Dor no ombro
Ponto do
Quadril
Ponto do
Ombro
Dor Lombar
Antes de selecionar os pontos é importante observar as áreas mais sensíveis e doloridas à palpação,
considerando ainda a expressão facial e verbal do paciente.
Os pontos ou áreas auriculares de maior efeito sobre os distúrbios serão os pontos que apresentam
alterações (sensibilidade à palpação ou alterações na coloração, na morfologia ou vascular), sendo
então selecionados para um início de tratamento.
Cabe ressaltar que no conjunto ‘avaliação + anamnese’ associam-se pontos com ações reflexas
de forma combinada a outros pontos que irão auxiliar e potencializar o tratamento. Por exemplo, o
ponto articulação do quadril para dor (ponto reflexo) e o ponto Shen Men que acalma e alivia a dor.
{
ANAMNESE
PONTOS
REFLEXOS
SELEÇÃO DE
+
OBSERVAÇÃO/
INSPEÇÃO PONTOS PARA
TRATAMENTO
PONTOS
COMPLEMENTARES
PALPAÇÃO
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A auriculoterapia consiste em uma técnica terapêutica que complementa no tratamento de diversos
distúrbios auxiliando o profissional de saúde na unidade básica. Você pode aprofundar os pontos
subdividindo por sistemas (respiratório, urogenital, muscolesquelético, entre outros). É uma forma
de aprofundar e auxiliar na seleção dos pontos para iniciar um tratamento.
• Álcool 70º;
• Algodão;
IMPORTANTE:
Ao final do curso você irá agregar mais duas abordagens (medicina tradicional chinesa e
neurofisiologia) para auxiliar na seleção de pontos auriculares e implementar esta prática na sua
unidade básica.
Você enquanto profissional de saúde construirá sua própria experiência e vivência dos resultados
deste recurso terapêutico.
BOA SORTE!!
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Você gostou do que aprendeu neste módulo?
Chegou até o final?
Parabéns!
9. SILVA, P.R.; BERTAN, H.; SENNA, V.S. Acupuntura Auricular. São Paulo: Phorte, 2012.
12. YIN, J.S.; CHENG, J.W. Manual Prático de Auriculopuntura. São Paulo: Roca, 2012.
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