Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
O FRANCISCO
RESIDÊNCIA
NCIA DE MEDICINA DE FAM
FAMÍLIA
LIA E COMUNIDADE
PETROLINA/PE
2018
1
PETROLINA/PE
2018
2
______________________________________________
Autor: Marcos Costa Santos
______________________________________________
Orientador: Prof. Wandson Alves Ribeiro Padilha
______________________________________________
Co-orientador: Prof. Allana Moreira Silva de Carvalho
PETROLINA/PE
2018
3
Aprovada em: / /
BANCA EXAMINADORA
______________________________________________
Universidade Federal do Vale do São Francisco
______________________________________________
Universidade Federal do Vale do São Francisco
______________________________________________
Universidade Federal do Vale do São Francisco
4
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO....................................................................................................................6
2. REVISÃO DE LITERATURA.............................................................................................6
2.1. História e conceito da Auriculoterapia..........................................................................6
2.2. Mecanismos biológicos envolvidos na Auriculoterapia................................................9
2.3. As Práticas Integrativas e Complementares no SUS...................................................10
2.4. Benefícios da Auriculoterapia......................................................................................11
3. OBJETIVOS.......................................................................................................................12
3.1. Objetivos Gerais..........................................................................................................12
3.2. Objetivos Específicos..................................................................................................12
4. METODOLOGIA...............................................................................................................12
4.1. A implantação da Auriculoterapia na USF..................................................................12
4.2. A técnica......................................................................................................................14
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................................15
6. CONCLUSÃO....................................................................................................................18
REFERÊNCIAS........................................................................................................................19
ANEXO 1..................................................................................................................................24
ANEXO 2..................................................................................................................................25
ANEXO 3..................................................................................................................................26
5
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
1. FIGURA 1.............................................................................................................................8
2. FIGURA 2.............................................................................................................................9
6
1 – INTRODUÇÃO
2 – REVISÃO DE LITERATURA
A auriculoterapia é uma técnica que descende da acupuntura e como tal, faz parte da
racionalidade da medicina tradicional chinesa (MTC). Segundo a MTC, as doenças decorrem
do desequilíbrio das forças ou fluxos de energia, levando à disfunção dos órgãos e do sistema
como um todo. Diversas técnicas capazes de atuar sobre esses fluxos ou canais foram
desenvolvidas dentro dessa racionalidade. Atualmente, no Brasil, elas estão incluídas num
conjunto de práticas chamadas Práticas Integrativas e Complementares (PICs) (SILVA AJ,
2016).
7
A Medicina Tradicional Chinesa (MTC) é uma arte milenar largamente utilizada no mundo
oriental que ganhou bastante espaço no ocidente como forma complementar ou alternativa à
medicina ocidental. Diferentemente da racionalidade médica ocidental, a MTC atua com o
conceito de funções ampliadas dos órgãos e também fluxos de energia que não são
representados anatomicamente (SILVA AJ, 2016).
Na MTC os elementos madeira, fogo, terra, metal e água regem movimentos da natureza
exercendo funções em órgãos específicos no corpo humano e sobre o cosmos. Segundo os
princípios do Taoismo, cada um desses movimentos assume estados de yin ou yang, ambos
atuando em complementaridade, estabelecendo a harmonia universal e no corpo humano
(SILVA AJ, 2016).
Na acupuntura sistêmica, a harmonia dos fluxos de energia depende da passagem por uma
diversidade de pontos que se distribuem em canais ou meridianos pelo corpo[figura 1]. Esses
pontos distribuídos no corpo atuam equilibrando Chi ou “Energia Vital”, restaurando e
equilibrando as forças, mantendo a homeostase das naturezas física e psíquica (SILVA AJ,
2016).
Figura 1 – Distribuição dos Meridianos
Em 1950 médicos franceses, dentre eles, Paul Nogier e depois seu filho, dedicaram-se ao
estudo da auriculoterapia e foram importantes para o desenvolvimento de um novo conceito
baseado no desenvolvimento de folhetos embrionários, associados à conformação do pavilhão
auricular na disposição de um feto invertido [figura 2] (SILVA AJ, 2016).
A teoria da reflexologia adotada pela escola francesa postula que cada um dos pontos
auriculares têm correspondência topográfica com órgãos e sistemas do corpo humano,
podendo atuar diretamente sobre diversas disfunções orgânicas. Os estudos dessa escola ainda
9
foram responsáveis por ampliar o número de pontos auriculares conhecidos e diversificar sua
aplicação adotando uma racionalidade ocidental (OLESON T, 2013).
A orelha possui relação íntima com o Sistema Nervoso Central, e com o restante do corpo
sendo assim um "elo" entre as duas partes. Em razão da relação somatotópica da orelha com o
restante do organismo, a auriculoterapia pode ser utilizada tanto para diagnóstico de doenças
quanto para tratamento. Estudos duplo-cego encontraram concordância de 75% a 78,6% na
localização de patologias reais do corpo através da avaliação auricular utilizando inspeção do
pavilhão, teste de dor a compressão e da condutividade elétrica na orelha (FIRENZUOLI
GORI; FIRENZUOLI F, 2007; ROMOLI M; MAZZONI R, 2009; ROMOLI M. 2010). Isso
pode explicar o fato de que frequentemente se observam alterações na orelha quando ocorrem
patologias do corpo.
Outros dois mecanismos propostos são o controle da inflamação por meio do estímulo do
nervo vago e do sistema límbico. O nervo vago é responsável pela ativação do eixo
hipotálamo-hipófise-adrenal e pela liberação de acetilcolina. Através da ativação da via
colinérgica, o nervo vago inibe a liberação de TNF-alfa dos macrófagos reduzindo a cascata
inflamatória. Dessa forma, o estímulo nervoso poderia atuar sobre problemas inflamatórios,
bem como sobre a resposta imunológica a infecções (DA SILVA MA; DORSHER PT, 2014;
HE W; WANG X; SHI H. et al, 2012). Por outro lado, o mecanismo de modulação do sistema
límbico, ainda não está bem esclarecido. Acredita-se que ele seja responsável pela atuação
sobre os sintomas de ansiedade e depressão (LEDOUX JE, 2000; FONSECA FR;
NAVARRO M, 1998).
10
A introdução das PICs no Brasil recebeu forte apoio da OMS, que desde a década de 1980,
por meio de resoluções, tem incentivado o desenvolvimento de estudos científicos
respaldando e integrando essas práticas com a racionalidade ocidental e estimulado a inserção
de abordagens nos sistemas de saúde que buscam:
No ano 2000, a 11º Conferencia Nacional de Saúde recomendou a introdução das práticas
não convencionais na Atenção Básica através do Programa de Saúde da Família e do
Programa de Agentes Comunitários de Saúde, inicialmente com a acupuntura e homeopatia.
A auriculoterapia foi implantada no SUS em 2006 através da Política Nacional de Práticas
Integrativas e Complementares em Saúde (PNPICs) que orientou “a adoção das Secretarias de
Saúde dos Estados e dos Municípios, implantação e implementação das ações e serviços
relativos às PICs” (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006).
Alguns autores tem colocado em questão o uso das práticas integrativas para queixas
pontuais e específicas ou apenas nos casos que não apresentaram resposta à terapia
medicamentosa, como a mera substituição de medicamentos por procedimento de
auriculoterapia. Possivelmente, essa prática pode estar relacionada à formação biomédica e ao
desejo de resolutividade que produzem o sentimento de impotência ante aos desafios da
clínica. Corre-se o risco de estabelecer-se uma ótica reducionista da complementaridade das
PICs e, seguindo a lógica, instituir-se a medicalização da auriculoterapia, subestimando seu
potencial de atingir a integralidade do sujeito (SILVA EDC, TESSER CD, 2013).
A acupuntura auricular tem sido largamente utilizada para alívio de dores em geral. Vários
trabalhos têm demonstrado eficácia para diversas patologias envolvendo dor pós-operatória,
cólica nefrética, dor hemorroidária, dismenorréia, lombalgia e dor relacionada ao câncer,
alguns dos quais com bom nível de evidência e com poucos ou nenhum efeito colateral
(MINISTERIO DA SAÚDE, 2016*).
3 – OBJETIVOS
4 – METODOLOGIA
faz divisa com a cidade de Juazeiro-BA e é uma região economicamente desenvolvida com
base forte na fruticultura irrigada (IBGE, 2017).
Após esse momento foram ofertadas práticas de Reiki, Massagem Relaxante com
Aromoterapia e auriculoterapia. Muitos referiram experiência satisfatória, relaxamento
durante as práticas, desejo de manter estilo de vida saudável e práticas de autocuidado e
reconhecimento da importância das práticas integrativas e complementares.
Vale destacar que todo o processo se deu com dinâmica própria e não padronizada,
compreendendo o processo de educação permanente, respeitando os limites, os anseios e as
crenças da comunidade, que, de espontânea, tornou-se oportunidade para fortalecimento do
cuidado integral na atenção à saúde. Tal fato, aliado à eficácia, à facilidade e à simplicidade
da aplicação, foi responsável pelo aumento crescente da adesão da comunidade às práticas
integrativas na unidade.
4.2 – A Técnica
Todos os pacientes foram adultos, a maioria do sexo feminino, entre 25 a 80 anos, com ou
sem comorbidades dentre pacientes portadores de doenças crônicas com hipertensão arterial,
15
Os pontos utilizados foram shen men, joelho, cervical, ombro, lombar, quadril, coração,
relaxamento muscular, subcortex, ansiedade, neurastenia, alergia etc. muitos pacientes
referiram melhora dos sintomas apresentados desde a primeira sessão, sendo que alguns não
obtiveram melhora de todas as queixas apresentadas.
A técnica foi utilizada a partir de uma avaliação clinica inicial dentro do consultório
médico, constando queixas e sintomas atuais e patologias prévias, seguida de uma inspeção
dos pavilhões auriculares em busca de alterações de pele, consistência, umidade ou xerose e
presença ou não de alterações vasculares. Após isto era realizada limpeza do pavilhão com
álcool 70% (ou álcool gel, quando disponível na unidade).
Uma vez escolhido o lado do pavilhão, seguiu-se à compressão com palpador próprio nos
pontos relacionados com as queixas. Observou-se a hipersensibilidade nos pontos palpados
para indicar o local exato para aplicação. Foram utilizadas sementes de cousa dispostas numa
placa previamente preparada com curativo tipo micropore seccionado em quadrantes, cada
qual contendo 1 ou 2 sementes de cousa. As sementes aderidas ao quadrante de micropore
eram então retiradas da placa com uma pinça anatômica e pressionadas com o dígito contra o
local demarcado do pavilhão auricular pelo tempo de 25 a 30 segundos.
A partir de então os pacientes eram orientados a fazer compressões leves nos pontos
auriculares por 20 a 30 segundos 4 a 5 vezes ao dia e retirados após 7 dias caso não houvesse
perda expontânea. As aplicações eram semanais, podendo ser adiada para 15 dias se não
houvesse disponibilidade de agenda médica.
5 – RESULTADOS E DISCUSSÃO
mas também com raiva, irritabilidade e estresse quando se aplica a racionalidade da MTC
(HSU, E. 1992).
As principais queixas que motivaram a sugestão de terapia alternativa eram em geral dores
crônicas, sintomas de insônia, depressao e ansiedade com pouca resposta a tratamentos
anteriores ou atuais. Em geral, há uma tendência do médico ocidental em adotar uma
racionalidade biomédica ao lidar com conceitos abstratos da medicina tradicional chinesa.
Isso pode explicar os principais parâmetros para encaminhamento de pacientes à rede de
atenção secundária (DALLEGRAVE C; BOFF, C. 2011).
quaternária (JAMOULE M; GUSSO G, 2012). A auriculoterapia, dessa forma vinha com uma
opção para pacientes com queixas diversas que não desejavam tratamento medicamentoso.
Alguns autores alertaram para a dificuldade da agenda, uma vez que a implantação de um
serviço pouco disponível na comunidade tende a aumentar imensamente a procura por novos
atendimentos (FREITAS, FPP, 2015). Essa nova função poderia ainda aumentar a sobrecarga
do profissional médico, dentre as várias atribuições na estratégia de saúde da família que já
inclui atendimentos, procedimentos, visitas domiciliares e atividades de educação
permanente, gestão da agenda e reuniões de equipe. Na Residência de Medicina de Família e
Comunidade, por exemplo, ainda há atividades teóricas, estágio e preceptoria. Outra
dificuldade é na pactuação de limites com a população. Muitos pacientes que se beneficiam da
auriculoterapia desejam mantê-la por longo prazo após retorno dos sintomas com interrupção
ou término do tratamento.
Tais dificuldades estiveram presentes nesta experiência e o limite do número de vagas foi a
solução encontrada para evitar comprometimento da agenda, entretanto, não foi possível
evitar a sobrecarga do profissional por causa dos atendimentos fora do horário da agenda. Não
existe ainda consenso sobre o modelo ideal, mas se aposta na ideia de oferta de PICs tanto do
NASF quanto da APS. Uma experiência exitosa foi a implantação do NAPI em Recife. Trata-
se de uma equipe de práticas integrativas mais próxima do contexto da APS com lógica de
territorialização e vinculo com as equipes da ESF (FREITAS, FPP, 2015).
6 – CONCLUSÃO
A auriculoterapia pode ser encarada como uma ferramenta auxiliar quando se quer prevenir
os danos da polifarmácia e da medicalização e evitar a automedicação sem prejudicar a
autonomia. Ela pode se mostrar ainda como “mais uma opção” para aqueles que se deparam
com os limites da terapeutica, expandindo as possibilidades para além da medicina
convencional.
A Atenção Primária à Saúde é o nicho ideal para introdução e difusão das Práticas
Integrativas e Complementares, em especial da Auriculoterapia. O paradigma do aumento da
demanda por meio dessas práticas não deve ser encarado como um entrave à sua implantação,
mas como um sinal de que são viáveis e de que há necessidade de capacitação de mais
profissionais para exercê-las no contexto do SUS, em especial na APS.
19
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FONSECA, FR; NAVARRO, M. Role of the limbic system in dependence on drugs. Annals
of medicine. v.30, n.4, p.397-405. 1998.
20
FREITAS, FPP. Acupuntura no contexto do atendimento aos usuários com dor crônica na
atenção primária à saúde do município do Rio de Janeiro. Dissertação (Mestrado) – Escola
Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Rio de Janeiro, 2015.
HE, B. J.; TONG, P. J.; LI, J. et al. Auricular acupressure for analgesia in perioperative period
of total knee arthroplasty. Pain Med.v.14, n.10, p. 1608-1613. 2013.
HE, W; WANG, X; SHI, H. et al. Auricular acupuncture and vagal regulation. Evid Based
Complement Alternat Med. 2012. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1155/2012/786839.
Acesso em: 28/04/2018
HERMAN, P.M.; POINDEXTER, B.L.; WITT, C.M. et al. Are complementary therapies and
integrative care cost-effective? A systematic review of economic evaluations. BMJ Open, v.2,
p.1-16, 2012. Disponível em: doi:10.1136/bmjopen-2012-001046
LEDOUX, JE. Emotion circuits in the brain. Annual review of neuroscience. v.23, p.155-184.
2000.
MELZACK, R; WALL, PD. From the gate to the neuromatrix. Pain. Suppl 6:S121-126.1999
21
MILLAN, MJ. Descending control of pain. Prog Neurobiol. v.66, n.6, p. 355-474. 2002
MORA, B.; IANNUZZI, M.; LANG, T. et al. Auricular acupressure as a treatment for anxiety
before extracorporeal shock wave lithotripsy in the elderly. J. Urol.v.178, n.1, p.160-164.
2007.
PU-WEI HOU ET AL. The History, Mechanism, and Clinical Application of Auricular
Therapy in Traditional Chinese Medicine. Artigo de Revisão. Hindawi Publishing.
Corporation Evidence-Based Complementary and Alternative Medicine. Volume 2015.
disponível em: <http://dx.doi.org/10.1155/2015/495684>
SILVA EDC, TESSER CD. Experiência de pacientes com acupuntura no Sistema Único de
Saúde em diferentes ambientes de cuidado e (des)medicalização social. Cad. Saúde Pública,
Rio de Janeiro, 29(11):2186-2196, nov, 2013. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/0102-
311X00159612. Acesso em: 08/04/2018
SILVA, MA; DORSHER, PT. Neuroanatomic and clinical correspondences: acupuncture and
vagus nerve stimulation. J Altern Complement Med. v.20, n.4, p. 233-240. 2014.
23
VAS, J; MODESTO, M.; AGUILAR, I. et al. Efficacy and safety of auriculopressure for
primary care patients with chronic non-specific spinal pain: a multicentre randomised
controlled trial. Acupunct Med.v.32, n.3. p.227-235. 2014.
WANG, M-C.; HSU, M-C.; CHIEN, L-W. et al. Effects of auricular acupressure on menstrual
symptoms and nitric oxide for women with primary dysmenorrhea. J Altern Complement
Med. v.15. n.3, p.235-242. 2009.
XIA Z; YUAN L; ET AL. Effect of auricular point sticking on pain due to lumbar strain. J.
Acupunct. Tuina. Sci.v.9, n.6, p.384-387. 2011.
XIA, Y; DING, G; WU, G-C. Current Reserach in Acupuncture. New York: Springer. 2013.
YEH, C. H.; CHIEN, L-C.; LIN, W-C. et al. Pilot Randomized Controlled Trial of Auricular
Point Acupressure to Manage Symptom Clusters of Pain, Fatigue, and Disturbed Sleep in
Breast Cancer Patients. Cancer Nurs. 2015
YEH, M-L.; HUNG, Y-L.; CHEN, H-H.; WANG, Y-J. Auricular acupressure for pain relief
in adolescents with dysmenorrhea: a placebo-controlled study. J Altern Complement
Med.v.19, n.4, p.313-318. 2013.
24
Cartão
o de Auriculoterapia
AME Bernadino Campos Coelho