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Informação em Saúde
MINISTÉRIO DA SAÚDE
Secretaria de Atenção Primária à Saúde
Departamento de Prevenção e
Promoção da Saúde
Aula 04
Informação em Saúde
São Paulo – SP
2021-2023
Créditos
Referências ............................................................................................................................................................................................................................ 33
O Autor ..................................................................................................................................................................................................................................... 37
Apresentação da Aula
Objetivos de Aprendizagem
Marilda tenta então acessar dois SIS históricos na saúde brasileira, o Sistema de
Informação sobre Mortalidade (SIM) e o Sistema de Informação de Agravos de Notificação
(SINAN). Ela entra nos sites oficiais desses SIS, mas vê que o acesso é restrito (necessita
login e senha); tenta criar um login, mas não consegue, também não encontra instruções
de como obter o acesso. Procura se lembrar da capacitação realizada pela gestão
municipal sobre o e-SUS APS, mas demora para identificar o caminho para emissão dos
relatórios. Além disso, a internet de sua UBS é instável e o carregamento dos sites é lento.
As dificuldades vividas pela gestora Marilda são recorrentes nos serviços de saúde
de todo o Brasil. Apesar de os dados serem captados nas unidades de saúde, o retorno
das informações geradas a partir deles ainda é bastante insuficiente, dificultando os
processos de planejamento, monitoramento e tomada de decisão. Tal cenário leva os
atores locais a adotar soluções informais, geralmente baseadas em softwares de planilhas
(Google Planilhas, Excel, LibreOffice) para criar, manter e analisar dados nos serviços de
saúde.
É importante reconhecer, entretanto, que houve alguns avanços nos últimos anos
no aperfeiçoamento dos SIS. A criação do Sistema de Informação em Saúde para Atenção
Básica (SISAB) possibilitou a individualização dos dados dos usuários do SUS, abrindo
caminho para o acompanhamento das condições de saúde de cada pessoa1. Já a criação
dos aplicativos Coleta de Dados Simplificada (CDS) e Prontuário Eletrônico do Cidadão
(PEC), no âmbito da Estratégia e-SUS AB (hoje denominada e-SUS APS) trouxe uma
maior integração com outros SIS no nível local, ao exemplo do SIS Pré-natal, SI-PNI, Bolsa
Família e outros. Isso acarretou numa menor redundância e carga de retrabalho no
preenchimento dos dados2.
Apesar das dificuldades de acessar alguns SIS, a informação em saúde tem tido
uma utilidade histórica nos processos de planejamento, monitoramento, avaliação e
controle dos serviços e do trabalho em saúde. Além de permitir identificar características
ou problemas de saúde mais relevantes em um território, como doenças (ex.:
hipertensão3), agravos (ex.: violência de gênero4) ou condições sociais (ex.: desigualdades
de raça/cor5 ou renda6), as informações em saúde também possibilitam identificar
questões relacionados aos processos de trabalho, como a produção profissional7 e a
demanda assistencial da unidade8.
Ligando Pontos
Abordamos o assunto produção da saúde no território
na Aula 3 - Planejamento em Saúde.
Para além desse uso clássico, a informação em saúde também pode exercer um
papel fundamental como dispositivo de mudanças das práticas de saúde e
fortalecimento da democracia institucional com empoderamento de trabalhadores e
usuários. Gestores locais, por exemplo, têm utilizado informações de fluxos assistenciais
para promover análises sobre os processos de trabalho das unidades9; dados
epidemiológicos para debates coletivos em sala de situação10; pesquisas de satisfação de
usuários para corrigir falhas no atendimento11; e indicadores de qualidade e resultados
para produzir reflexões quanto à eficácia do cuidado12.
Ligando Pontos
Na Aula 10 do nosso curso - Gestão participativa -, nós nos
aprofundaremos na questão da valorização da participação das
equipes e profissionais de saúde nos processos decisórios, implicando
em transformação do processo de trabalho e cuidado em saúde.
Muitas dessas informações estão nos SIS oficiais, outras terão de ser produzidas
em SIS “informais” (as planilhas...), mas buscando-se respeitar a privacidade dos usuários e
a integridade e eficiência no uso dos dados.
Fonte: Imagem - Ser Gestor. Integração dos serviços da AB na Rede de Atenção à Saúde. Conasems©.
Conceito-chave
Sistemas de Informação em Saúde são instrumentos que, por meio do
processamento de dados coletados em serviços de saúde e outros
locais, dão suporte à produção de informações para a melhor
compreensão dos problemas e tomada de decisão no âmbito das
políticas e do cuidado em saúde19.
c) Sistemas próprios – cerca de 30% dos municípios optaram por utilizar seus
próprios aplicativos para gestão do cuidado na APS, e enviam seus dados ao
SISAB através de ferramentas de interoperabilidade disponibilizadas pelo MS20.
O e-SUS APS (novo nome do e-SUS AB) é o nome do aplicativo que reúne o PEC e
a CDS num só lugar e que pode ser baixado pelos municípios através do endereço
https://sisaps.saude.gov.br/esus/. É também o nome dado à estratégia de informatização
e organização da informação em saúde produzida pela Atenção Primária – Estratégia
e-SUS APS.
Minissérie
No Episódio 3 – Gestão e Planejamento da minissérie
Unidade de Saúde Dona Ivone Lara, a gestora Marilda
acessa o SISAB e outros sistemas de informação através
da Plataforma e-Gestor. Se você ainda não assistiu,
acompanhe o episódio pelo QR code ao lado (aponte a
câmera do seu celular) ou clicando aqui.
a) PEC ou CDS: se a UBS utiliza o e-SUS APS (na versão PEC ou CDS), é possível
acessar os dados individualizados dos usuários acompanhados pelas equipes nas seções
Acompanhamento das condições de saúde (Figura 1) ou Relatórios. Lá estão disponíveis
dados como as listas nominais de usuários com condições prioritárias (hipertensão,
diabetes, gravidez, asma, obesidade, entre outros)21.
Figura 2. Portal nacional do Sistema de Informação em Saúde para Atenção Básica (SISAB)
c) Sistemas próprios: se a UBS utiliza sistemas próprios para registro dos dados
clínicos na UBS, é necessário conversar com o suporte local para saber como acessar os
dados.
Óbitos de
Possibilita acompanhar a quantidade de
mulheres em Portal TABNET (aba
óbitos de mulheres em idade fértil e óbitos
idade fértil e Estatísticas vitais)
maternos ocorridos no município.
óbitos maternos
Conceito-chave
Mortes evitáveis por ações do SUS refere-se a um agravo ou situação
prevenível pela atuação dos serviços de saúde. A Lista Brasileira de
Mortes Evitáveis tem sido publicada e atualizada desde 2007 e inclui
duas faixas etárias: menores de 5 anos e de 5 a 74 anos27,28.
Ligando Pontos
Como as informações em saúde disponíveis nos SIS podem ajudar na
avaliação e monitoramento dos atributos da APS na qualidade do
cuidado? Reveja os conceitos da Aula 1 – Atenção Primária à Saúde e
seus princípios norteadores – e da Aula 5 – Melhoria da qualidade – e
tente buscar dados nos SIS e nos portais públicos de informação que
possam te ajudar nessa tarefa.
O CADSUS tem ampla utilização pela Atenção Básica brasileira, e está presente
em praticamente todas as UBS. O CADSUS possui integração com o e-SUS APS,
possibilitando acessar e alterar os dados dos usuários diretamente pela interface do e-
SUS APS24.
Se o seu município já utiliza o e-SUS APS (PEC ou CDS), basta acessar a aba
Cidadão para cadastrar ou editar os dados dos usuários.
Caso seu município utilize o e-SUS APS (PEC ou CDS), é possível acessar os dados
da lista nominal dos usuários vacinados, na aba Relatórios, no link “vacinação”. É possível
também acessar os mesmos dados através do SI-PNI (https://si-pni.saude.gov.br/), mas é
necessário ter login e senha, que são fornecidos pela coordenação municipal do PNI.
O SIH é de uso obrigatório pelos hospitais do SUS e registra, entre outros dados, os
diagnósticos relacionados à internação de cada usuário. Muitas dessas internações
podem ser evitadas caso a Atenção Básica produza um cuidado efetivo e oportuno sobre
alguns agravos e doenças específicas, reduzindo assim o risco de hospitalização.
Saiba Mais
Para conhecer os portais de acesso a informações da Atenção
Básica dos Estados, acesse os links:
• São Paulo
• Santa Catarina
2) Clique em “Epidemiológicas e
Morbidade” e depois em
“Morbidade Hospitalar do SUS
É a frequência das
(SIH/SUS)”;
internações relacionadas
Internações por a certas doenças e 3) Selecione “Geral, por local de
condições agravos cuja atuação residência - a partir de 2008” e em
sensíveis à efetiva e oportuna da Abrangência Geográfica, escolha a
Atenção Básica Atenção Básica pode unidade da federação;
prevenir a necessidade de
hospitalização 4) Na linha, selecione “Município”
• Sistema de Controle dos Testes Rápidos de HIV, Sífilis e Hepatites Virais para
ações estratégicas (Fique Sabendo)
Minha Prática
Quais sistemas de Informação de Saúde (SIS) são utilizados na Atenção
Básica do seu município? Você tem acesso a eles? Apesar de muitos dados
serem de acesso público, é importante que gestores de serviços de saúde
tenham acesso aos SIS para obter informações mais detalhadas para
aperfeiçoar seu planejamento.
Minha Prática
Antes de criar um sistema “paralelo”, você deve sempre se perguntar:
existem SIS oficiais que já emitem os relatórios que eu preciso? Esses
sistemas estão sendo alimentados corretamente pelos trabalhadores?
Se não, o que garante que as planilhas criadas não sofrerão do
mesmo problema?
No caso de Marilda, ela acessou o e-SUS APS (PEC ou CDS) para emitir as listas de
pessoas com hipertensão e diabetes cadastradas em seu território, sem a necessidade
de criar uma planilha e aumentar ainda mais a fragmentação de sistemas na APS.
Porém, nas situações em que esse uso é inevitável (por exemplo, pesquisas de
satisfação do usuário, haja vista que não existem SIS dedicados a isso), listamos a seguir
algumas dicas:
a) Proteja seu arquivo: se você está lidando com dados pessoais de saúde dos
usuários (nome, CPF, informações clínicas etc.) e precisa compartilhar a planilha com
outros profissionais, certifique-se de que a planilha está protegida e sem acesso público.
Para resolver esse problema, você pode criar listas estruturadas de validação de
dados nas células de uma planilha, garantindo que o usuário utilizará apenas as opções
que você forneceu. A Figura 4 ilustra essa funcionalidade.
Após criar seu formulário, clique em “enviar” e escolha a forma que deseja
compartilhar com outras pessoas (por e-mail ou via link).
O consolidado das respostas pode ser visualizado na aba Resposta. Nessa mesma
aba, clique em Criar Planilha, para ter acesso aos dados detalhados de todas as respostas.
Para criar uma tabela dinâmica, abra o arquivo onde está sua base de dados e siga
os seguintes passos:
Criada a tabela dinâmica, você poderá modificar as linhas, colunas, valores e filtros
de acordo com sua necessidade.
Considerações Finais
Os principais SIS nacionais utilizados na APS são o SISAB, SINAN, SISREG, CADSUS,
SIM e SI-PNI, mas existem diversos outros sistemas nacionais e locais que também são
manejados na APS. A maioria dos dados desses SIS podem ser acessados nas seguintes
ferramentas: e-SUS APS (PEC ou CDS), Portal do SISAB, Portal TABNET e SISREG.
Dados individualizados dos usuários podem ser acessados apenas no e-SUS APS
(PEC ou CDS) e no SISREG. Já os dados consolidados (não identificados) podem ser
acessados no Portal do SISAB e no Portal TABNET.
Desejamos que esta aula auxilie seu trabalho no dia a dia da gestão e que você
possa qualificar o apoio que oferta às equipes de saúde e o cuidado às pessoas com
condições crônicas na APS!
MS Ministério da Saúde
Referências
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https://doi.org/10.1590/S0102-311X2009000600016.
O Autor
Este material integra a coleção de e-books do Curso de Extensão “Gestão dos Serviços da
APS e o Monitoramento do Cuidado das Pessoas com Condições Crônicas”. O curso faz
parte do conjunto de ofertas do Projeto Cuida APS: cuidado das pessoas com doenças
crônicas não transmissíveis (DCNT), iniciativa do Hospital Alemão Oswaldo Cruz (HAOC) em
parceria com o Ministério da Saúde (MS) e Conselho Nacional de Secretarias Municipais de
Saúde (CONASEMS), estabelecida por meio do Programa PROADI-SUS, para o triênio de
2021-2023.