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Aula 01
Atributos da Atenção Primária
à Saúde
Alexandre Sizilio
São Paulo – SP
2021-2023
Créditos
Referências ............................................................................................................................................................................................................................ 16
O Autor ...................................................................................................................................................................................................................................... 17
Apresentação da Aula
Para que esse mergulho na APS seja proveitoso, convém saber primeiro de onde
viemos e por que estamos aqui. Acompanhem esse breve histórico sobre a formação da
Atenção Primária à Saúde.
Objetivo de Aprendizagem
De onde viemos
Saiba Mais
Para saber mais sobre o Relatório Dawson, clique aqui.
Saiba Mais
Para saber mais sobre a Declaração de Alma-Ata, clique aqui.
No Brasil, com uma realidade social e política complexa no final dos anos 1970 e
início dos anos 1980, não foi permitida a implantação imediata desses conceitos. Durante
toda a década de 1970 já víamos algumas iniciativas para ampliar as práticas dos antigos
centros de saúde, utilizados apenas para a prestação de serviços como vacinação, e
transformá-los em centros de assistência comunitária à saúde. Podemos citar como
exemplos o projeto de saúde comunitária Murialdo, da Secretaria Estadual de Saúde do
Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, e o Programa de Interiorização das Ações de Saúde e
Saneamento (PIASS), no Nordeste, projetos que foram embrionários para um certo
pensamento sobre a saúde comunitária que seria encampada pela Reforma Sanitária na
década de 1980.
Minha Prática
Pode ser que muitos de vocês tenham vivido os momentos ou os anos
anteriores à configuração de um modelo de atenção primária. E é possível
que tenham participado ativamente dessa construção nesses últimos anos.
Como foi esse processo, essa vivência? Do que vocês se lembram? Quais
foram os maiores desafios?
Saiba Mais
• Para saber mais sobre este assunto, leia: Mortalidade Infantil e
Saúde da Família nas Unidades da Federação Brasileira, 1998-
2088, clicando aqui.
Depois desse breve resumo histórico sobre a construção da APS no nosso país, é
hora de explorarmos melhor o que significa Atenção Primária à Saúde.
Segundo a definição de Barbara Starfield, médica pediatra da Universidade Johns
Hopkins, nos EUA, e uma das mais importantes pesquisadoras sobre Atenção Primária, a
Atenção Primária à Saúde é:
Longitudinalidade:
Pressupõe a existência de uma fonte regular de atenção e seu uso ao longo
do tempo, independentemente da presença de problemas específicos
relacionados à saúde ou do tipo de problema da pessoa. A longitudinalidade
proporciona diagnósticos e tratamentos mais precisos e, dessa forma,
menos encaminhamentos para especialistas focais. Além disso, reduz a
realização de procedimentos de alta complexidade. A longitudinalidade se
dá tanto na relação duradoura entre o paciente e os profissionais de saúde
implicados no seu cuidado quanto nessa mesma relação com a unidade de
saúde que presta o cuidado àquela pessoa (paciente). Então, quando a
equipe da Unidade de Saúde atende um paciente hipertenso por um
período de dez anos, mesmo tendo essa própria equipe iniciado sua
participação nessa Unidade de Saúde há menos de um ano e presta um
cuidado humanizado e mantenedor do vínculo com a equipe e o serviço,
estamos promovendo a longitudinalidade do cuidado. O registro em
prontuário também é, nesse sentido, uma excelente ferramenta para
garantir a longitudinalidade.
Integralidade:
A integralidade pode ser definida em quatro dimensões: primazia das ações
de promoção e prevenção, atenção nos três níveis de complexidade da
assistência médica, articulação das ações de promoção, proteção e
prevenção e abordagem integral do indivíduo e das famílias5. Talvez a
dimensão que mais se aproxime do cotidiano das equipes na APS seja a
última: realizar a abordagem integral do indivíduo e das famílias. As outras
dimensões estão mais ligadas à integralidade como princípio estruturante
do SUS, muito importante para a consolidação da APS. Nessa dimensão, a
integralidade do cuidado depende de uma nova definição de práticas,
estabelecendo vínculo, acolhimento e proporcionando autonomia ao
indivíduo, pontos de partida para qualquer intervenção, construindo a
possibilidade do cuidado centrado na pessoa. Na prática diária, quando as
equipes consideram a preocupação do indivíduo em estar sem dores de
cabeça para que possa tocar violão na festa do santo de sua devoção,
estarão exercendo um olhar integral à sua saúde.
Coordenação do Cuidado:
A coordenação do cuidado pode ser definida como a articulação entre os
diversos serviços e ações de saúde, de forma que estejam sincronizados e
voltados ao alcance de um objetivo comum, independentemente do local
onde sejam prestados. Tem como objetivo ofertar ao usuário um conjunto
de serviços e informações que respondam a suas necessidades de saúde de
forma integrada, por meio de diferentes pontos da rede de atenção à saúde.
Com um grande número de usuários do sistema de saúde com
necessidades de saúde complexas e recebendo cuidados em diversos
pontos da Rede de Atenção à Saúde, ter a APS como coordenadora é de
grande importância para que consigamos desenvolver os três atributos
descritos acima. Assim, quando os serviços organizam os
encaminhamentos dos usuários, por meio de estratégias para que os
serviços especializados se comuniquem com a equipe da atenção
primária, garantindo que essa equipe tome conhecimento dos
tratamentos a eles propostos e consiga fazer a gestão dessas prescrições
e tratamentos, estamos promovendo a coordenação do cuidado dos
indivíduos.
Além dos atributos essenciais descritos acima, temos alguns atributos também
importantes para o cuidado em saúde na atenção primária, porém não tão centrais como
os primeiros. Chamamos esses atributos de derivados, pois são oriundos dos atributos
essenciais, ou principais. São eles:
Saiba Mais
Para saber mais sobre o estudo do Instituto Federal de Minas Gerais, leia
o artigo na íntegra clicando aqui.
A APS deve, portanto, ser o primeiro contato de todos os indivíduos com o serviço
de saúde, independentemente de gênero, condição socioeconômica e cultural ou
problema de saúde que apresente (ou mesmo na falta de um). A APS também deve ser o
local de cuidado organizador do sistema como um todo, atuando com integralidade,
individual e coletivamente, garantindo a longitudinalidade do processo e trabalhando
como coordenador do cuidado em saúde, mesmo quando os indivíduos sob seu cuidado
estiverem também sob o cuidado dos níveis de atenção especializados.
Minissérie
Em nosso curso você vai conhecer (ou já conheceu) a
história da gerente Marilda na busca de uma APS que
valorize o primeiro acesso e a integralidade do
cuidado. É possível perceber o quando situações do
cotidiano provocam reflexões em Marilda que a
fazem mudar sua conduta junto com a equipe.
Procure observar ao longo dos episódios como isso
se dá. Será que você gestor(a) se identifica com
algumas dessas situações e reflexões de Marilda?
Você pode acessar a Minissérie por esse QR Code
(aponte a câmera do celular para visualizar) ou
clicando aqui.
Considerações Finais
Nesta aula foi possível perceber que os atributos da atenção primária não se
fecham em si mesmos, ou seja, o que garante a qualidade do cuidado em saúde na APS é
a ação conjunta e coordenada de todos os atributos discutidos.
Referências
3. Portela GZ. Atenção Primária à Saúde: um ensaio sobre conceitos aplicados aos
estudos nacionais. Physis Revista de Saúde Coletiva. Jan/mar 2017;27(2): 255-76.
https://doi.org/10.1590/S0103-73312017000200005.
O Autor
Alexandre Sizilio
Este material integra a coleção de e-books do Curso de Extensão “Gestão dos Serviços da
APS e o Monitoramento do Cuidado das Pessoas com Condições Crônicas”. O curso faz
parte do conjunto de ofertas do Projeto Cuida APS: cuidado das pessoas com doenças
crônicas não transmissíveis (DCNT), iniciativa do Hospital Alemão Oswaldo Cruz (HAOC) em
parceria com o Ministério da Saúde (MS) e Conselho Nacional de Secretarias Municipais de
Saúde (CONASEMS), estabelecida por meio do Programa PROADI-SUS, para o triênio de
2021-2023.