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Aula 07
Evidências e Estratégias de Cuidados a
Pessoas com Condições Crônicas
São Paulo – SP
2021-2023
Créditos
UBS .......................................................................................................................................................................................................................... 23
Telessaúde .................................................................................................................................................................................... 25
Referências .......................................................................................................................................................................................................................... 27
A Autora .................................................................................................................................................................................................................................. 30
Apresentação da Aula
Vamos juntos?
Objetivos de Aprendizagem
SITUAÇÃO PROBLEMA
Minissérie
Assista aos Episódios 5 e 6 - As condições crônicas e
a organização do processo de trabalho na APS, que
têm relação direta com o tema desta aula e dão
algumas pistas sobre como incorporar as melhores
referências para o cuidado em saúde
Você pode acessar a Minissérie por esse QR Code
(aponte a câmera do celular para visualizar) ou
clicando aqui.
Significa que as decisões que tomamos diante de uma pessoa precisam ser:
Isso não quer dizer que os profissionais precisem sempre concordar ou ter
condutas exatamente iguais na condução de uma condição de saúde. Ao contrário,
conforme vimos acima, as práticas baseadas em evidências incluem também os valores
e as preferências do paciente, logo, podem ser individualizadas.
Mas qual o limite para essa “liberdade”? No caso da UBS Dona Ivone
Lara, como saber se as opiniões diferentes entre os profissionais
representam variações de opções de condutas seguras e adequadas para os
pacientes? Pensem um pouco nisso. Procuraremos responder essa questão
mais adiante!
Uma outra preocupação que devemos ter em mente é que a literatura mostra
que muitos profissionais da Atenção Primária acreditam que realizam Práticas
Baseadas em Evidências (PBE), mas quando são estudados mais a fundo, poucos
demonstram conhecimento sobre o tema3.
Minha Prática
Ainda nesta aula, no tópico Desafios à aplicação de práticas baseadas
em evidências, procuraremos entender quais são as barreiras e os
fatores que facilitam as práticas baseadas em evidência. Vocês,
gestores, poderão refletir sobre a sua importância e como trabalhar para
estimulá-la em sua unidade de saúde.
A MBE surgiu como um movimento apenas no início dos anos 1990, com foco na
educação de médicos para o entendimento e uso da literatura científica e com o objetivo
de melhorar o cuidado em saúde. Nessa época, ganhavam destaque os ensaios clínicos,
que são estudos considerados ideais para avaliar intervenções em saúde. Depois, a MBE
evoluiu para a incorporação de valores e preferências dos pacientes às informações
clínicas disponíveis.
Foi apenas em 1991 que Gordon H. Guyatt introduziu o termo “Medicina Baseada
em Evidências” com o objetivo de capacitar clínicos para acessar a qualidade das
informações disponíveis, entender os resultados das pesquisas clínicas e saber como
aplicar os resultados na prática de seu dia a dia5. A MBE foi ficando cada vez mais
presente nos currículos da área da saúde ao redor do mundo e sua importância no
campo da saúde passou a ser comparável à descoberta dos antibióticos e da anestesia6.
Saber avaliar a
Entender os Saber aplicar os
qualidade das
resultados das resultados na prática
informações
pesquisas clínicas do dia a dia
disponíveis
Melhores
evidências
disponíveis
MBE
Experiência Preferência
clínica das pessoas
Conceito-chave
A Medicina Baseada em Evidências é o uso consciente, explícito e
judicioso das melhores evidências disponíveis atualmente para a
tomada de decisões acerca do cuidado dos pacientes. Por isso, ela é
a base para uma prática baseada em evidências em um serviço.
Ensaios com
múltiplos-pacientes
randomizados
Estudos observacionais
Experiência clínica
III. A evidência, isoladamente, não é suficiente para tomar uma decisão clínica:
é preciso sempre comparar riscos e benefícios, acessar os custos, a magnitude do
problema e os valores e preferências do paciente.
Uma recente revisão sistemática apresentou doze estudos que analisaram fatores
que facilitam ou dificultam a implementação de práticas baseadas em evidências em
serviços de saúde7. A pesquisa demonstrou que o apoio institucional e a existência de um
sistema de educação dos profissionais contribuem para melhorar as habilidades, o
conhecimento e a autoconfiança para uma prática baseada em evidências. Mais
especificamente, realizar treinamento em método científico, manter cursos de práticas
baseadas em evidências e de como aplicar seus resultados. Manter informações
transparentes e compreensíveis também foram pontos considerados importantes. Já as
principais barreiras apontadas pelos profissionais foram a falta de infraestrutura
adequada, falta de tempo, além de conhecimento insuficiente sobre o método científico
e dificuldades para fazer mudanças na própria prática.
BENEFÍCIOS RISCOS
Fatores facilitadores
• Apoio institucional
Barreiras
Fonte: elaborada a partir de Ayoubian et al.7, McKenna8, O'Donnell9, De Smedt et al.10, Jacobs et al.11.
Minha Prática
Olhando para a Figura 4, qual desses fatores facilitadores vocês
percebem que está mais presente em seu serviço de saúde? Dentre as
barreiras, qual vocês consideram a mais fácil de transpor? E qual é a
mais difícil?
Saiba Mais
A AGREE II, do inglês Appraisal of Guidelines for Research and
Evaluation, é uma ferramenta que ajuda a avaliar se uma diretriz
clínica tem bom rigor metodológico e é transparente, do ponto
de vista de conflitos de interesses. Vocês podem acessá-la
clicando aqui.
Mas, para começar, reunimos aqui em uma lista sites que disponibilizam diretrizes
e outros materiais baseados em evidências para vocês dispararem essa cultura!
Quadro 1. Exemplos de publicações do Ministério da Saúde que têm foco no enfrentamento das
condições crônicas
Nome Observações
Saiba Mais
Os Cadernos de Atenção Básica (CAB) do Ministério da Saúde
estão disponíveis no site do Departamento de Atenção Básica
(DAB), na sessão “Biblioteca”. Aliás, lá vocês também encontram
os documentos de políticas públicas, cartilhas, guias, manuais,
além de revistas e relatórios, folders e cartazes que podem ser
úteis para sua unidade: Vocês podem acessá-lo clicando aqui.
Quadro 2. Sites de diretrizes internacionais abertos e gratuitos de temas gerais em língua estrangeira
Material Endereço
www.cma.ca/En/Pages/clinical-
Diretrizes do Canadá
practice-guidelines.aspx
Cochrane https://www.cochranelibrary.com
Quadro 3. Lista de sugestões de diretrizes clínicas abertas de boa qualidade sobre temas
específicos em língua inglesa
Tema Sugestão
Reuniões técnicas
A ideia é trazer atualizações sobre temas do dia a dia, aos quais os profissionais
estão acostumados. A curadoria das fontes de evidências escolhidas pelo trabalhador
pode ser feita por vocês, gestores, ou por outras pessoas ou instituições que tenham a
competência específica, sempre tomando cuidado com escolhas realmente baseadas em
evidências sólidas e sem conflitos de interesses.
É recomendável que a reunião tenha lista de presença e que seja registrada uma
pequena ata contendo: tema, responsável, principais referências bibliográficas e possíveis
encaminhamentos, por exemplo, mudança no fluxo de atendimento às pessoas com
queixa, mudança nos critérios de encaminhamento ao especialista e assim por diante.
Grupos de trabalho
Além das reuniões técnicas, podem-se criar grupos de trabalho temáticos para
estudo específico de algum assunto de interesse. Essa estratégia é particularmente útil
quando se precisa estudar rapidamente um tema, como no caso de doenças novas ou
surtos. Por exemplo, se em sua comunidade houver um surto de diarreia, pode-se formar
um grupo multiprofissional para debruçar-se mais rapidamente sobre o assunto, dando
uma resposta mais assertiva e atualizada à comunidade. Depois de um tempo, o grupo
pode se dissolver.
Telessaúde
Saiba Mais
Se quiserem saber mais sobre como utilizar o TelessaúdeRS
acesse o vídeo TelessaúdeRS - UFRGS e o site.
Na UBS Dona Ivone Lara, foi instituída uma reunião técnica semanal, às
sextas-feiras, que é um dia mais tranquilo na UBS, no horário entre às 10h e
às 12h. Ficou combinado que, na primeira reunião, os profissionais
construirão juntos um cronograma de temas de interesse para revisão das
evidências. Um representante de cada categoria profissional se
comprometeu a estar presente e a repassar a ata da discussão para seus
colegas que não puderem participar. A gestora Marilda pediu apoio da
gestão municipal no levantamento de indicações de literatura para os
temas. Foi criada uma lista de bibliografias de boa qualidade para consulta,
que fica em um mural da UBS.
Considerações Finais
Saiba Mais
Vocês sabiam que o uso das evidências científicas não se
restringe às práticas clínicas, mas pode contribuir na formulação
de políticas públicas? Leia o artigo intitulado "Como usar a
abordagem da Política Informada por Evidência na saúde
pública?”, publicado em 2018 pela revista Saúde em Debate27,
clicando aqui.
Referências
1. Guyatt G, Meade MO, Grimshaw J, Haynes RB, Jaeschke R, Cook DJ, Wilson MC,
Richardson WS. EBM Practitioners and Evidence-Based Care. In: Guyatt G,
Meade M, Cook D, editors. Users’ guides to the medical literature: a manual for
evidence-based clinical practice. Boston, MA: McGraw-Hill; 2015. [Acesso em 30
maio 2022] Disponível em:
https://jamaevidence.mhmedical.com/content.aspx?bookid=847§ionid=69
031512.
3. Ahmad AS, Al-Mutar NB, Al-Hulabi FA, Al-Rashidee ES, Doi SA, Thalib L.
Evidence-based practice among primary care physicians in Kuwait. J Eval Clin
Pract. 2009 Dec;15(6):1125-30. doi: 10.1111/j.1365-2753.2009.01125.x. PMID: 20367715.
11. Jacobs JA, Dodson EA, Baker EA, Deshpande AD, Brownson RC. Barriers to
evidence-based decision making in public health: a national survey of chronic
disease practitioners. Public Health Rep. 2010;125(5):736-42.
13. Murthy L, Shepperd S, Clarke MJ, Garner SE, Lavis JN, Perrier L, Roberts NW,
Straus SE. Interventions to improve the use of systematic reviews in
decision‐making by health system managers, policy makers and clinicians.
Cochrane Database of Systematic Reviews 2012;(9):CD009401. doi:
10.1002/14651858.CD009401.pub2.
A Autora
Clarissa Willets
Este material integra a coleção de e-books do Curso de Extensão “Gestão dos Serviços da
APS e o Monitoramento do Cuidado das Pessoas com Condições Crônicas”. O curso faz
parte do conjunto de ofertas do Projeto Cuida APS: cuidado das pessoas com doenças
crônicas não transmissíveis (DCNT), iniciativa do Hospital Alemão Oswaldo Cruz (HAOC) em
parceria com o Ministério da Saúde (MS) e Conselho Nacional de Secretarias Municipais de
Saúde (CONASEMS), estabelecida por meio do Programa PROADI-SUS, para o triênio de
2021-2023.