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Feridas e
Curativos
na Atenção
Primária à
Saúde

Luciane Paula Batista Araújo


de Oliveira
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Governo Federal
Presidente Ministro da Saúde
Michel Miguel Elias Temer Lulia Ricardo Barros

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)


Reitora Vice-Reitor
Ângela Maria Paiva Cruz José Daniel Diniz Melo

Secretaria de Educação a Distância (SEDIS)


Secretária Secretária Adjunta
Maria Carmem Freire Diógenes Rêgo Ione Rodrigues Diniz Morais

Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS)


Coordenador
Ricardo Alexsandro de Medeiros Valentim

Editora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (EDUFRN)

Diretor Diretor Adjunto Secretária


Luis Álvaro Sgadari Passeggi Wilson Fernandes de Araújo Filho Judithe da Costa Leite Albuquerque

Conselho Editorial (EDUFRN)


Luis Álvaro Sgadari Passeggi (Presidente) Glória Regina de Góis Monteiro Paulo Ricardo Porfírio do Nascimento
Alexandre Reche e Silva Heather Dea Jennings Paulo Roberto Medeiros de Azevedo
Amanda Duarte Gondim Jacqueline de Araujo Cunha Regina Simon da Silva
Ana Karla Pessoa Peixoto Bezerra Jorge Tarcísio da Rocha Falcão Richardson Naves Leão
Anna Cecí lia Queiroz de Medeiros Juciano de Sousa Lacerda Roberval Edson Pinheiro de Lima
Anna Emanuella Nelson dos Santos Cavalcanti da Rocha Julliane Tamara Araújo de Melo Samuel Anderson de Oliveira Lima
Arrailton Araujo de Souza Kamyla Alvares Pinto Sebastião Faustino Pereira Filho
Carolina Todesco Luciene da Silva Santos Sérgio Ricardo Fernandes de Araújo
Christianne Medeiros Cavalcante Márcia Maria de Cruz Castro Sibele Berenice Castella Pergher
Daniel Nelson Maciel Márcio Zikan Cardoso Tarciso André Ferreira Velho
Eduardo Jose Sande e Oliveira dos Santos Souza Marcos Aurélio Felipe Teodora de Araújo Alves
Euzébia Maria de Pontes Targino Muniz Maria de Jesus Gonçalves Tercia Maria Souza de Moura Marques
Francisco Dutra de Macedo Filho Maria Jalila Vieira de Figueiredo Leite Tiago Rocha Pinto
Francisco Welson Lima da Silva Marta Maria de Araújo Veridiano Maia dos Santos
Francisco Wildson Confessor Mauricio Roberto Campelo de Macedo Wilson Fernandes de Araújo Filho
Gilberto Corso

Conselho Técnico-Científico (SEDIS)


Maria Carmem Freire Diógenes Rêgo – SEDIS (Presidente) Ione Rodrigues Diniz Morais – SEDIS Maria Cristina Leandro de Paiva – CE
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André Morais Gurgel – CCSA Ivan Max Freire de Lacerda – EAJ Nedja Suely Fernandes – CCET
Antônio de Pádua dos Santos – CS Jefferson Fernandes Alves – SEDIS Ricardo Alexsandro de Medeiros Valentim – SEDIS
Célia Maria de Araújo – SEDIS José Querginaldo Bezerra – CCET Sulemi Fabiano Campos – CCHLA
Eugênia Maria Dantas – CCHLA Lilian Giotto Zaros – CB Wicliffe de Andrade Costa – CCHLA
Marcos Aurélio Felipe – SEDIS

Equipe Técnica
Conteúdo Revisão de Língua Portuguesa Editoria
Luciane Paula Batista Araújo de Oliveira Bruna Lopes José Correia Torres Neto
Revisão Técnica Emanuelle Diniz Coordenação do Setor de Revisão
Eva Emanuela Lopes Cavalcante Feitosa Lisane Melo Maria da Penha Casado Alves
José Adailton da Silva Revisão de Normas ABNT Gestão do f luxo de Revisão
Lyane Ramalho Veronica Pinheiro Rosilene Paiva
Revisão Pedagógica Projeto gráfico Coordenação editorial
Márcia Souto Maior Mourão Sá Mauricio de Oliveira Jr. Kaline Sampaio de Araújo
Revisão de Estrutura e Linguagem Diagramação
Priscilla Xavier Amanda Marques
Gabriela Serejo
Ilustração
Luiza Souza
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PROGRAMA
DE EDUCAÇÃO
PERMANENTE
EM SAÚDE
DA FAMÍLIA

UNIDADE
Avaliação de lesões
1
em usuários da
Atenção Básica
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Avaliação de lesões em usuários


da Atenção Básica
Prezados cursistas, nesta unidade, trataremos sobre o processo de avaliação de lesões em
usuários da atenção básica. Para tanto, conheceremos sobre o processo de cicatrização teci-
dual e sobre a avaliação de pele e mucosa.

Você já passou pela experiência de cicatrização alguma vez? Percebeu o tempo e as diferen-
tes fases que esse processo percorre?

Vamos conhecer melhor sobre esse assunto?

Feridas e curativos na Atenção Primária à Saúde


Avaliação de lesões em usuários da Atenção Básica 3
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Aula 1: Entendendo o processo


de cicatrização tecidual

O ponto de partida para entender como cuidar de feridas e curativos na Atenção Primária
à Saúde deve ser conhecer sobre o processo de cicatrização tecidual, não é mesmo?

Então, vamos conhecer um pouco sobre a cicatrização?

Cicatrização consiste na cura de uma ferida por reparação ou regeneração dos tecidos afe-
tados evoluindo em fases distintas. Por isso, podemos armar que se trata de um processo
sistêmico, complexo, dinâmico e interativo que ocorre em três fases (BLANCK; BARROZO,
2009; CAMPOS et al., 2007), a saber:

Fase inamatória, exsudativa, reativa ou defensiva

Fase proliferativa, reconstrutiva ou broblástica

Fase reparadora, de maturação ou remodelação tecidual

Para um melhor entendimento, falaremos um pouco sobre cada uma delas.

Fase inamatória ou exsudativa


Esta fase se inicia a partir do momento de formação da lesão e dura cerca de três a seis dias
(GUIMARÃES et al., 2016); nesta, o organismo lança meios para tentar limitar o dano tecidual,
por meio de hemostasia e inamação. Um trauma tecidual implica em dano de vasos sanguíne-
os, com consequente exposição do colágeno e agregação plaquetária (SANTOS, J. et al., 2011).

A hemostasia requer a formação de um tampão de plaquetas e brina no local da lesão


vascular, bem como a permanência de substâncias procoagulantes ativadas nesse processo
no local da lesão. O entendimento que se tem atualmente sobre o processo hemostático
considera a inter-relação dos processos físicos, celulares e bioquímicos que atuam em uma
série de estágios ou fases, e não em duas vias (intrínseca e extrínseca) como antes, confor-
me mostra o quadro a seguir (FERREIRA et al., 2010).
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Fases da coagulação

Iniciação Amplicação Propagação Finalização

Endotélio vascular e células Trombina ativa plaquetas, Produção de grande Processo de coagulação
sanguíneas circulantes são cofatores V e VIII, bem quantidade de trombina, é limitado para evitar
perturbados; e há interação como fator XI na superfí- formação de um tampão oclusão trombolítica ao
da FVIIa, derivada do plas- cie das plaquetas. estável no sítio da lesão redor das áreas íntegras
ma, com o FT. e interrupção da perda dos vasos.
sanguínea.

Quadro 1 – Resumo da atual teoria da coagulação baseada em superfícies celulares

Fonte: Ferreira et al. (2010).

No tecido traumatizado, ocorre então uma vasoconstrição inicial seguido de vasodilata-


ção e aumento da permeabilidade vascular. Desse modo, a região lesionada caracteriza-se
pelos sinais ogísticos de dor, calor, rubor e edema. O infográco a seguir resume, de forma
esquemática, a fase inamatória da cicatrização tecidual.

Feridas e curativos na Atenção Primária à Saúde


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Fase proliferativa, reconstrutiva ou broblástica


Esta fase se inicia ao nal dos processos inamatórios e dura aproximadamente três sema-
nas. Nesta etapa, ocorre a angiogênese, que nada mais é do que a formação de vasos
estimulada pelo fator de necrose tumoral alfa (TNF-α), com consequente migração de célu-
las endoteliais e formação de capilares.

Também ocorre a migração dos broblastos para o local da lesão na qual se dividem e
produzem componentes da matriz extracelular, com a nalidade de promover a contração
da ferida, conforme você pode ver melhor na gura seguinte.

Figura 1 - Migração de broblastos na fase proliferativa da cicatrização tecidual

Fase reparadora, de maturação ou remodelação tecidual


A fase reparadora geralmente começa após a terceira semana de surgimento da lesão,
podendo durar de meses a anos. É caracterizada pela reorganização do colágeno e pelo
surgimento de maior força tensora na lesão. Nesta fase, broblastos e leucócitos presentes
na lesão secretam colagenases promovendo a organização da matriz, conforme demonstra
a Figura 2 a seguir:

Feridas e curativos na Atenção Primária à Saúde


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Figura 2 - Organização da matriz de colágeno na fase reparadora


do processo de cicatrização tecidual

Na Figura 3, é possível ver uma lesão cujo leito apresenta predominância de tecido de gra-
nulação e que indica que a ferida se encontra na fase proliferativa da cicatrização. Também
é possível observar uma contração da lesão de forma centrípeta com redução do seu leito,
evidenciado pela borda de cor clara, sem pelos.

Figura 3 - Ferida na fase proliferativa da cicatrização

Fonte: Autoria própria.

Assim, cursistas, as fases mencionadas fazem parte do que é esperado em um processo de


cicatrização de qualquer pessoa que tenha sua pele lesionada. No entanto, existem algumas
condições que podem acelerar ou retardar esse processo.

Que condições podem afetar um processo de cicatrização? E como devemos agir diante do
surgimento desses novos fatores?

Conhecer a inuência desses fatores é importante para que sejam tomadas condutas ade-
quadas acerca das lesões apresentadas pelos usuários.
Feridas e curativos na Atenção Primária à Saúde
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Vejamos que fatores são esses:

Fatores locais: dimensão e profundidade da lesão; grau de contaminação,


corpo estranho, infecção local; presença de exsudato; ressecamento;
trauma e dor; edema; necrose tecidual; tratamento tópico inadequado.

Fatores sistêmicos: estado nutricional; medicamentos; doenças


crônicas (DM, HAS); tabagismo (nicotina causa vasoconstrição e,
consequentemente, reduz o suprimento de oxigênio no sangue);
idade avançada; uso de medicamentos.

Assim, percebem o quanto é importante o conhecimento acerca desses fatores destacados


anteriormente para a denição de condutas?

Agora, iremos discutir sobre os efeitos dos medicamentos sobre o processo de cicatrização
tecidual, conforme observamos no quadro a seguir:

Medicamentos Efeitos sobre a cicatrização tecidual


• Inibe a proliferação epitelial.

• Prejudica a resposta inamatória.


Corticosteróides,
• Diculta o crescimento do tecido de granulação.
Costisona, Hidrocortisona e Prednisona.
• Reduz a contração da ferida.

• Aumenta o risco de infecção.

• Diminui a força de tensão na ferida.


AINEs (em altas doses),
• Reduz a contração da ferida.
Ibuprofeno, Celecoxib.
• Atrasa a epitelização.

• Diminui a ativação e adesão plaquetária.


Antiagregantes plaquetários,
• Inibe a fase inamatória da cicatrização.
Aspirina, Clopidogrel.
• Inibe a proliferação epitelial de queratinócitos.
Anticoagulantes,
• Inibe as ligações cruzadas do colágeno e acelera sua degradação.
Heparina.

Vasoconstritores,
• Hipóxia tissular devido à redução da microcirculação.
Nicotina, Cocaina, Adrenalina e Ergotamina.

• Atrasa a migração celular para a ferida.

• Menor produção de colágeno.


Agentes Antineoplásicos,
• Prejudica a proliferação de broblastos.
Quimioterápicos.
• Inibe a contração da ferida.

• Aumenta o risco de infecção.

Quadro 2 – Efeitos dos medicamentos sobre o processo de cicatrização tecidual

Fonte: Traduzido de NPUAP (2016).

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Por que precisamos prestar muita atenção à infecção? E que cuidados devemos tomar
diante dela?

A presença de infecção é um importante fator a ser considerado, pois nossa atuação no


cuidado desses usuários pode prevenir e tratar tal situação, porém, quando não são toma-
dos os devidos cuidados, a presença de microrganismos pode comprometer não somente a
completa cicatrização como prejudicar o estado de saúde do usuário de forma mais global.

Para tanto, precisamos conhecer melhor a terminologia relacionada às lesões e infecções


para usá-la de forma correta em nossa prática prossional. Então, vamos entender o signi-
cado de cada um desses novos termos a partir do pressuposto de que todas as lesões são
expostas a microrganismos, lesões essas agudas ou crônicas. Senão, vejamos:

Colonização: signica presença de microrganismos sobre uma super-


fície, sem sinais ou sintomas infecção, de modo que enquanto o
ambiente estiver estável e a pessoa tiver uma boa imunidade, sua
pele poderá estar colonizada sem estar infectada.

Contaminação: acontece quando os microrganismos penetram em


tecidos e isso pode acontecer em feridas com solução de continuidade
por meio de contato direto.

Infecção: ocorre quando um tecido é invadido por bactérias que se


proliferam e lesionam o tecido; do ponto de vista quantitativo, dene-
-se infecção como a presença de 100.000 microrganismos/grama
e, macroscopicamente, expressa-se pela presença de purulência.
O risco de infecção é aumentado pelo número de microrganismos, pela
virulência do microrganismo (probabilidade de causar infecção) e pela
imunidade do indivíduo (quanto menor, mais vulnerável ele estará).

Fonte: Irion (2012).

Perceberam o quanto é importante a diferenciação dos conceitos acima listados?

Você pode estar se perguntando: quem são esses micro-organismos e como eles agem nas
feridas? Vamos conhecer os mais famosos agora.

Os micro-organismos mais encontrados em feridas, segundo revisão realizada por


Pessanha et al. (2015), foram Staphylococcus aureus, Pseudomonas aeruginosa, Enterobacter,
Klebsiella pneumoniae e Acinetobacter. Quando a lesão tem contato com material fecal –
como em pessoas com lesão sacral em uso de fraldas geriátricas – pode acontecer infecção
por bactérias como Proteus, Klebsiella e Escherichia coli.
Feridas e curativos na Atenção Primária à Saúde
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