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PRIMEIRO PERÍODO: 1500 A 1854

As Santas Casas de Misericórdia atendiam pobres e doentes, seguindo a tradição


portuguesa. Surgiram no Brasil a partir de 1543 e posteriormente em outros estados do
Brasil. A princípio a Santa Casa só distribuía esmola aos pobres e oferecia local para
sepultamento mediante pagamento. A partir da construção de um hospital em 1717,
passou-se a acolher as crianças abandonas com idade até os sete anos. Em 1726, houve a
criação das rodas de expostos, inicialmente me Salvador. Supõe-se que algumas destas
crianças apresentavam anomalias que faziam com que os pais os rejeitassem (18).

Havia em Vila Rica, em 1730 a Irmandade de Santa Ana criada para cuidar dos órfãos e
crianças abandonadas. Em seu estatuto estava previsto uma casa de expostos e asilo para
desvalidos (JANNUZZI, apud SOUZA, 1991).

Algumas províncias designaram, em meados do século XIX, religiosas administrar a


educação destas crianças. Até 1825, as meninas atendidas eram encaminhadas para o
Seminário da Glória, onde permaneciam até o casamento e os meninos para o Seminário
de Sant’ Ana, que em 1874, foi substituído pelo Seminário dos Educandos Artífices (p.
19).

Em 1893, o poder Legislativo autorizou a abertura de um asilo para alienados. Neste


período a loucura era considerada mais um caso de delinquência do que de hospital.

Final do século XVIII e inicio do XIX: Influência dos ideais liberais. Estes ideias
estiveram presentes em movimentos como a Inconfidência Mineira (1789) e a Revolução
Pernambucana (1817). Trata-se de um liberalismo de elite e que se preocupava com as
reformas desde que não prejudicasse seus interesses (p. 14)

Embora a constituição de 1824, previsse a instrução primária e gratuita a todos, nesse


período, apenas 2% da população era escolarizada. Segundo o Censo de 1870 eram 78%
de analfabetos nos grupos de 15 anos ou mais (p. 14). A constituição de 1824 (titulo II,
artigo 8º) privava do direito a educação o incapacitado físico ou moral (p.17).

SEGUNDO PERÍODO: 1854 A 1930

Em 1854, foi criado o Imperial Instituto dos Meninos Cegos, pelo decreto n 1428.
Posteriormente, esse instituto foi chamado de Instituto Benfamin Constat (IBC) pelo
decreto 1324/ de 1891. O cego brasileiro José Álvares de Azevedo, que regressara em
1851 de Paris. Azevedo estudou no Instituto de Jovens Cegos, fundado no século XVIII
por Valentin Hauz. Ao perceber a situação de abandono do cego no Brasil, ele traduziu o
livro de J. Guadet, sua história e método de ensino. Em seguida, o médico do imperador,
José Francisco Xavier Sigaud, tomou conhecimento deste livro e entrou em contato com
Azevedo para que alfabetizasse sua filha cega, Adele, Marie Louiss. Couto Ferraz foi
quem encaminhou o projeto que deu origem ao Instituto, após contato com Sigaud. O
Imperial Instituto dos Meninos Cegos funcionava em regime de internato destinava-se ao
ensino primário, ensino religioso e moral e ao ensino de ofícios. O regime de internato já
era utilizado pelos jesuítas e representava a concepção da época, que consistia em separar
a criança do resto do mundo, constituindo um universo exclusivamente pedagógico. Era
evidente, também a preocupação da época em garantir aos alunos um modo de se
manterem. Dessa forma, o Instituto mantinha parte dos alunos que concluíam os estudos
como professores (p. 22).

Em 1857 foi criado o Instituto Nacional de Surdos Mudos (INSM), que teve em 1957 o
nome mudado para Insituto Nacional de Surdo (INES). A criação do INSM, teve a
participação do educador francês com surdez, Edouard Huet, indicado pelo embaixador
da França no Brasil. O Instituto começou seus trabalhos com sete alunos (p. 24)

Essas duas instituições para pessoas com deficiência estiveram a participação de pessoas
ligadas à administração pública. Todavia como o restante da educação destinada à
população, foi dado ao esquecimento. No Brasil imperial, de mão de obra escrava,
apoiada no setor rural e iletrada, a educação popular só passou a ser preocupação das
elites dominantes tardiamente quando foi considerada necessária para instrumentalizar de
forma adequada a mão de obra (JANNUZZI, 2017, p. 27).

A educação destinada aos deficientes mentais, tivera inicio em Itard, em 1800.


Posteriormente Edouard Séguin continuou o trabalho do seu mestre, em 1840 com os
deficientes mentais do Hospício dos Incuráveis de Bicêtre.

A ênfase na profissionalização que permeavam estas instituições desde a sua criação era
defendida como forma de garantia de subsistência e prevalecia as profissões manuais
como o torneiro, charuteiro, tapeceiro, entre outros. A autora destaca que essas profissões
foram introduzidas em escolas primárias públicas

Entre os que influenciavam a política no final do século XIX estão os senhores de


engenho, os proprietários do café e de fazendas de gados e os que “enriqueciam com
amineração”. Importavam produtos tropicais e importavam manufaturados. Havia poucas
industrias no período após o fim do império, em 1889. A grande maioria era do ramo
têxtil. Essa aristocracia rural não precisava favorecer a educação.

O Federalismo adotado pela Constituição após a Proclamação da República deixou a


cargo dos estados a sua organização escolar. “O governo Federal, só eventualmente
infereriu na educação primária, por ocasião da Primeira Guerra Mundial (1914-1918)”
(p.28).

A organização de escolas para deficientes vão surgir timidamente em Estados como São
Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, onde profissionais de diversas áreas vão
estruturando, no final dos anos de 1920 um campo de reflexão que de um lado reflete as
expectativas da sociedade e justificam a separação do deficiente, e por outro lado, acaba
por tornar “possível a vida dos mais prejudicados juntamente com as famílias e outros
setores da sociedade através de conhecimentos mais sistematizados e procura de
efetivação de algumas práticas mais eficientes” (p.39)

VERTENTES MÉDICO-PEDAGÓGICA.

É importante salientar que muito dos avanços nas metodologias empregadas na educação
das pessoas com deficiência se deram por tentativas de práticas desenvolvidas pelas
próprias pessoas com deficiência. Os casos mais graves, porém, representaram desafios
que despertaram o interesse dos médicos que tinham contato com essas pessoas. A área
médica trouxe importantes contribuições para época. (p. 50). Como exemplo, pode-se
citar os médicos Itard e Maria Montessori.

No final do século XVIII e inicio do XIX, Um serviço que merece destaque na educação
das pessoas com deficiência foram os Serviços de Higiene e Saúde Pública (REVER A
DATA). Esse serviço foi responsável pela criação de classes especiais e pela formação de
pessoal. Junto a “tais providências vão ser tomadas medidas disciplinadoras baseadas em
preceitos de higiene” (p.53). Neste período, a deficiência, principalmente a mental é
associada à problemas de saúde e a fatores de degeneração moral.

CAPÍTULO II

PRIMEIRO PERÍODO: 1930 A 1970

1930 a sociedade civil se organiza em prol da educação das pessoas com deficiência.
Muitos educadores passam a utilizar a expressão ensino emendativo (108). A expressão
emendativo vem de emendare (latim) que significa corrigir um falta, que correspondia
aos sentidos dado a esta educação na época, suprir as faltas decorrentes das
anormalidades, buscando adaptar o aluno à sociedade. (109)

Criação das Instituições filantrópicas.

1963- Federação Nacional das Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais


(APAES).

1971- Federação Nacional da Sociedade Pestalozzo.

1954- Os cegos fundaram o Conselho Brasileiro do Bem-Estar dos Cegos.

1968. II Congresso Brasileiro de Deficientes Visuais

1965. “Revisão do Plano Nacional de Educação, previsto pela LDB 4024/61, estava
prescrito que dos recursos do Fundo Nacional de Ensino Primário, 5% se destinavam à
educação dos excepcionais”. 220

1961 inserção da educação do excepcional da legislação (LDB 4024/61). Preferencia das


matriculas no ensino regular.

1970. O internacionalização da economia em um contexto geopolítico interdependente, a


educação para a ter uma importância no desenvolvimento que repercute na educação das
pessoas com deficiência a partir de 1970.

O período de 1930 a 1970 apresenta ambiguidades com relação a abordagem da educação


das pessoas com deficiência, ora tratando como tema “medico, moral e filantrópico
(socorro, auxílio, caridade), ora mais educativo” (112).

No inicio do século XX, a educação passa a ter um importante papel na sociedade em


desenvolvimento industrial, embora ainda permanecesse a política protecionista do café.
Daria também direito ao voto negado ao analfabeto. Inicialmente a preocupação é
centrada na questão de mais escolas para todos. Em seguida passa a concentrar no
problema da qualidade. “Dai a inclusão nos programas nas ligas nacionalista, na Aliança
Liberal.

A educação do deficiente ainda não era “considerado um problema nacional e portanto


digno de ser resolvido” A Constituição de 1934 não menciona a educação dos
excepcionais. Embora afirma que em a educação é direito de todos e deve ser gratuita e
obrigatória. (121).

Após a Segunda Guerra Mundial, inicia-se a preocupação com o atendimento dos


mutilados de guerra, principalmente na Europa. Além de Hospitais, Surgem também as
clinicas de reabilitação voltados à educação.

Após 1935, havia a preocupação com a “constituição de classes homogêneas, a


preocupação centrada no método de ensino baseado no enfoque psicológico” (133).

A partir da década de 1950 são lançadas campanhas nacionais para educação de


deficiências específicas: 1957 a Campanha de Educação do Surdo Brasileiro; Em 1958
foi instituída a Campanha Nacional de Educação e Reabilitação dos Deficitários Visuais;
e em 1960 a Campanha Nacional de Reabilitação de Deficientes Mentais.

A década de 1960 é marcada pela preocupação com as elevadas taxas de analfabetismo.


Em 1967 é criado o Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL), com
semelhança a alfabetização proposta por Paulo Freire.

Década de 1970 a atual.


Após a Segunda Guerra: Preocupação com os mutilados de guerra.

Declaração dos Direitos Humanos em 1948.

1950 criação da National Association for Retard Children.

1959: Declaração dos Direitos das Crianças proclamada pela ONU.

1971: Declaração dos direitos das pessoas mentalmente retardadas.

A LDB DE 5692/71 descentralizou administrativamente nos conselhos estaduais a


educação das pessoas com deficiência e os que se encontram em atraso considerável
quanto a idade regular de matrícula e os superdotados.

O interesse era justificado em prol do tornar essas pessoas úteis à sociedade. Valorizava-
se a educação para o desenvolvimento do país. 224

1970 a criação do CENESP pelo decreto 72425/1973. Condiz com o modo de


“organização capitalista periférico”. O “aparelho administrativo” é divido em ministérios
e secretarias estaduais e municipais. As metas do CENESP de 1974-1978 foi a expansão
quantitativa. Cursos de Mestrado no Exterior. Havia maior investimento na cooperação
técnica-financeira às instituições privadas de 12,8% sobre 8,3% destinadas aos sistemas
estaduais. Confirma que o governo não assumia inteiramente a educação especial. Em
1987 existiam 847 instituições especializadas privadas contra 209 publicas. Ensino
regular havia 4114 escolas públicas, contra 95 privadas. O grupo de trabalho da criação
do CENESP assumia o conceito amplo de Antipoff de 1966 que incluía em excepcional,
os mentalmente deficientes, pessoas fisicamente prejudicadas. Emocionalmente
desajustadas, bem como superdotadas, todos os que requerem consideração especial no
lar e na escola. Em 1975 passou a incluir apenas as pessoas com deficiência física,
mentais e problemas de condutas e superdotados (247). Com relação a definição de
educação especial prevalecia o assistencial como já havia sendo feito, de proteção a vida
e a saúde.

O CENESP foi criado durante a época do “milagre econômico”. Foi a época do Estado de
Bem-Estar Social, com importantes direitos sociais adquiridos. Em 1972 e 1973 houve a
crise mundial do petróleo.
1960-1980 no Brasil consolidou-se o modo de desenvolvimento urbano industrial.

1983 a 1986 Lizair de Moraes Guarino Guerreiro presidente da Federação Nacional das
Associações Pestalozzi foi presidente do CENESP.

O CESPE foi perdendo força e em 1986 foi transformado em secretaria.

Em 1986 foi criado o CORDE ligado ao gabinete civil da presidência da republica-


decreto 93481/1986. Havia a participação dos próprios deficientes no seu conselho
consultivo. Federações Pestalozzi e Apaes e de Instituições dos Excepcionais.

1986 o CENESP é transformado em Secretaria de Educação Especial (SESPE).

1990 a SESPE é instinta e vai para a Secretaria Nacional de Ensino Básico (SENEB) no
departamento de Educação Supletiva e Especial (DESE).

1992 volta a ser SEESP (Secretaria de Educação Especial) sobre a direção de Rosita
Edler Carvalho.

Em 1989 a lei 7853 vai pormenorizar o direito das pessoas com deficiência.
Regulamentado posteriormente pelo decreto 3298/1999.

Em 1999 é criado o CONADE. A criação do CONADE e de outros conselhos foi


possibilitada pela CF de 1988 no intuito de “facilitar gestões descentralizadas” (259).
“São formas de a sociedade cível participar do governo nas decisões políticas”.

A VERTENTE ECONOMIA DA EDUCAÇÃO.

Sempre houve a preocupação em dotar as pessoas com deficiência de condições para


inserir no mercado de tralho.

A organização da nossa sociedade se deu na forma capitalista de produção.

Até 1930 o modelo de sociedade agrária, a educação não era prioridade embora já havia
sido prevista na constituição de 1824.

A partir de 1920 entramos na fase da industrialização. A urbanização mais intensa leva a


educação a ter um papel importante para o desenvolvimento econômico para a formação
de recursos humanos. A educação formará o capital humano.

A autora ressalta que até 1973 não encontrou a defesa da educação do deficiente ligado
ao plano econômico. As oficinas existentes objetivavam possibilitar a habilitação e
ocupação na sociedade. Há também a preocupação pedagógica.

A partir da década de 1970 há uma tranfomração na visão do trabalho do deficiente. A


educação continuava acontecendo em oficinas e escolas empresas. Sob influência do
taylorismo o deficiente era treinado para tarefas específicas. Desenolvia-se o que não era
rentável para as empresas e não havia a possibilidade de habilitações mais complexas. A
disciplina era preocupação básica.

O principio da normalização, teoria nascida na Dinamarca, penetrou no Brasil no final da


década de 1970 e preconizava a criação de condição de vida semelhante as condições
normais da sociedade em que vive. O princípio da integração progressiva na corrente da
vida com os considerados normais de modo que o deficiente fosse aceito na escola e na
sociedade (277)

Foi convidado um consultor diretor do Centro de Desenvolvimento da Criança Frank


Porter Grahan Universidade de Carolina do Norte, James J Gallagher, que argumentava
com dados numéricos que a educação das pessoas com deficiência era mais barato que
sustenta-las durante toda a vida.

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