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Estudo dos princípios básicos da cristalização e dos cristalizadores

Equipamentos para cristalização


Vimos que a cristalização não pode ocorrer sem a supersaturação. Os
cristalizadores podem ser classificados convenientemente em termos do método
usado para se produzir a supersaturação:
- Cristalizadores que conseguem a precipitação mediante o resfriamento de uma
solução concentrada e quente: utilizado quando a variação da solubilidade com a
temperatura é importante. Exemplos: resfriadores de tabuleiro, cristalizadores
descontínuos com agitação e cristalizador contínuo Swenson-Walker
- Cristalizadores que conseguem a precipitação mediante a evaporação de uma
solução. Processo utilizado quando a solubilidade varia pouco com a temperatura. A
evaporação é garantida pelo calor ao atravessar um trocador de calor seja dentro do
aparelho ou em recirculação externa. Exemplos: evaporadores-cristalizadores,
cristalizadores com tubo de tiragem e cristalizadores Oslo.
- Cristalizadores que conseguem a precipitação pela evaporação adiabática e pelo
resfriamento. Utilizado quando o resfriamento pela parede não convém (quando as
incrustações são muito importantes para a produtividade desejada).
Podemos induzir a cristalização também por meio da adição de antissolvente,
um corpo que não provocará reação química, mas somente uma modificação de
solubilidade ou por meio de uma reação química entre dois compostos solúveis para
formar um composto insolúvel, o que chamamos de precipitação.

Teorias da Cristalização
Quando ocorre a cristalização em uma fase homogênea, se forma uma nova
fase sólida. O conhecimento dos mecanismos de formação dos cristais e seu posterior
crescimento são importantes no projeto e operação dos cristalizadores, e diversos
trabalhos experimentais e teóricos ajudam a compreender melhor a cristalização.
O processo total de cristalização em uma solução supersaturada consta das
etapas básicas de formação de núcleos (nucleação) e formação dos cristais.
O primeiro passo num processo de cristalização é a Nucleação. É necessário
criar condições no seio da mistura para as moléculas se aproximarem e darem
origem ao cristal. A cristalização é uma operação unitária baseada, simultaneamente,
nos mecanismos de transferência de massa e de quantidade de movimento. A
existência de uma concentração de soluto na solução superior à concentração de
saturação (limite de solubilidade) é um estado naturalmente muito instável, daí ser
possível a nucleação. Contudo, para haver cristalização ainda é necessário ocorrer
agitação ou circulação da mistura líquida, a qual provoca a aproximação e choque
entre as moléculas, ocorrendo transferência de quantidade de movimento. A
nucleação a que nos referimos até aqui é a Nucleação Primária (as próprias
superfícies sólidas do cristalizador podem ser agentes de nucleação). Uma vez
formados os primeiros cristais, pequenos fragmentos desses cristais podem
transformar-se também em novos núcleos. Estamos perante a Nucleação
Secundária. Muitas vezes, para tornar o processo de cristalização mais rápido,
podem-se introduzir sementes (núcleos) no cristalizador.
Uma vez formado o núcleo, o cristal começa a crescer, e entramos na etapa de
crescimento do cristal. A velocidade de agitação ou circulação no cristalizador, o
grau de supersaturação, a temperatura, etc. são parâmetros operatórios que
condicionam a velocidade de crescimento dos cristais e as características do produto
final. Por exemplo, um grau de supersaturação muito elevado e, consequentemente,
uma situação muito instável do ponto de vista termodinâmico, pode dar origem a uma
velocidade de nucleação muito elevada. Formam-se muitos núcleos simultaneamente
e o produto final é formado por cristais muito pequenos.
Uma das características do processo de cristalização é a de que o mesmo
composto pode dar origem a formas cristalinas diferentes (polimorfismo) dependendo
das condições de operação. Os diferentes tipos de cristais, que correspondem a
condições termodinâmicas, no estado sólido, diferentes para o mesmo composto,
terão propriedades distintas (velocidade de dissolução, ponto de fusão, forma, etc.) e,
como tal, correspondem a produtos diferentes. É o caso, por exemplo, da produção
do carbonato de cálcio, por cristalização, o qual pode ser fabricado em diferentes
formas cristalinas. O controle da forma cristalina do composto a separar é um aspecto
fundamental e extremamente difícil da cristalização industrial.

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