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Características, Propriedades e Classificação de Solos.
Prof. Dr. Eurico L. de Sousa Neto
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Características, Propriedades e Classificação de Solos.
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geradas cargas elétricas. Essas cargas, negativas ou positivas, são neutralizadas
por íons de carga contrária, que podem ser trocados por outros íons presentes na
solução do solo. Essa reação de troca se dá entre íons de mesma carga. O
fenômeno é conhecido como troca iônica e, depois da fotossíntese, é o processo
mais importante para a vida na terra.
As cargas negativas são neutralizadas por íons eletropositivos, ou seja, pelos
cátions, o que se denomina adsorção catiônica. Na neutralização de cargas positivas
pelos ânions tem-se a adsorção aniônica. Os íons envolvidos nesse processo de
adsorção ligam-se por eletrovalência ou por covalência às partículas coloidais do
solo. Os cátions mais envolvidos quantitativamente nesse processo são: Ca2+, Mg2+,
Al3+, H+, K+, Na+ e NH4+, sendo o Ca2+, comumente, o mais abundante em alguns
solos, enquanto que, em outros, é o Al3+. Alguns micronutrientes estão, também,
sujeitos ao mesmo processo, embora em quantidades muito pequenas, se
comparadas aos listados inicialmente. Os íons adsorvidos às partículas coloidais
(também as partículas maiores podem apresentar cargas elétricas, embora em
número limitado devido às suas pequenas superfícies específicas) podem ser
deslocados e substituídos, estequiometricamente, por outros íons de mesmo tipo de
carga, dando-se uma troca iônica.
Como as cargas da fase sólida se manifestam na superfície das partículas
(micelas) do solo, há estreita relação entre o fenômeno de troca e a área superficial
dessas micelas. Essa área, expressa em m2 g-1, é a superfície específica do solo.
Assim, o fenômeno de troca iônica do solo, que é basicamente a expressão de suas
propriedades físico-químicas, é função de sua superfície específica e da densidade
de cargas elétricas que se manifestam nesta superfície.
Na solução do solo, que envolve as partículas coloidais, os íons estão se
deslocando constantemente, à semelhança de abelhas de uma colméia. A maioria
das abelhas permanece na colméia, mas se distanciam de tempo em tempo para
depois retornar. Os íons em movimento representam os elementos em estado
trocável ou disponível.
Esquematicamente, o fenômeno de adsorção e troca iônica pode ser
representado pela equação:
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a) Troca Catiônica
b) Troca Aniônica
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Dentre os cátions que neutralizam as cargas negativas da CTC efetiva do
solo, incluem-se, principalmente, as bases (Ca2+, Mg2+, K+, Na+ e NH4+), o Al3+ e,
também, cátions H+ ligados a cargas negativas da CTC de caráter mais
eletrovalente (tipo ácido forte).
Ao conjunto dos cátions que estão ocupando a CTC do solo, saturando-a,
juntamente com as cargas negativas dos colóides denomina-se complexo sortivo do
solo.
Quando se usa uma solução salina não tamponada, como KCl 1 mol L-1 ou
CaCl2 0,5 mol L-1, para a determinação da CTC do solo, o valor obtido
corresponderá à CTC efetiva. Por outro lado, se a solução salina for tamponada a
um definido pH, o valor obtido corresponderá à CTC total do solo naquele pH,
englobando a CTC permanente e a CTC dependente do pH. Para determinar a CTC
a pH 7,0, usa-se uma solução tamponada de acetato de cálcio 0,5 mol L-1, ou de
acetato de amônio 1 mol L-1, pH 7,0.
pH do solo pH 7,0
|← CTC permanente →|← ↓ CTC dependente de pH →|
Al3+ −H −H −H
K+ Ca2 +
Ca2+ −H −H −H
−H
H+
Al3+
H+ −H −H
−H
NH4+ Mg2+
Mg2+ −H −H
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Li+ < Na+ < K+ < Rb+ < Cs+ < Mg2+ < Ca2+ < Sr2+ < Ba2+
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monovalente, quanto à preferencialidade de troca. Seu papel depende, também, da
natureza do material trocador.
A concentração dos cátions na solução do solo afeta a preferencialidade de
troca, interagindo com a carga dos cátions envolvidos. Assim, à medida que se dilui
a solução, mantendo constantes as quantidades dos cátions presentes, verifica-se
um aumento na preferencialidade de troca pelos cátions de menor valência, como o
Na+. Em razão disso, em solos de regiões úmidas as bases vão sendo lixiviadas e o
cátion que acaba predominando no complexo é o Al3+; por outro lado, em solos de
regiões áridas e semi-áridas a tendência é de acúmulo de cátions monovalentes,
principalmente o Na+. A "lei da raiz quadrada", de Schofield, descreve
matematicamente essas relações.
A natureza do material trocador influi, principalmente, na densidade de cargas
negativas responsáveis pela CTC do solo, que pode ser expressa em cmolc kg-1.
Em solos de regiões tropicais, como na maior parte do território brasileiro, a
matéria orgânica apresenta, geralmente, a maior participação no valor da CTC.
Além, disso, em função do arranjo estrutural do material trocador e de sua
interação com os cátions, pode haver alguma preferencialidade nas regiões de troca.
Por exemplo, os minerais de argila do tipo 2:1 retêm, preferencialmente, o potássio e
o amônio, enquanto que, na matéria orgânica, o cálcio é o cátion normalmente mais
retido, depois do hidrogênio.
L = K . D , onde:
Z no
L é a espessura da DCD (cm); K é uma constante que inclui a temperatura (T), a
constante de Boltzmann (k) e a carga elétrica unitária (e). Assim, K = (k.T/8 e2)1/2 =
1,49x102 erg1/2.esu-1; Z é a valência do íon; D é a constante dielétrica do solvente
(esu2.dina-1.cm-2); no é a concentração do íon (íons.cm-3 = mol/Lx6,02x1023x10-3). A
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relação das unidades envolvidas: (erg1/2.esu-1) (esu2.dina-1.cm-2.cm3)1/2 =
(dina.cm)1/2.esu-1.esu.dina-1/2.cm1/2 = cm confirma a unidade da espessura da DCD
(L).
Portanto, observa-se que a espessura da DCD é inversamente proporcional à
valência e à raiz quadrada da concentração do íon, e diretamente proporcional à raiz
quadrada da constante dielétrica do meio.
Os solventes água, álcool etílico, acetona e tetracloreto de carbono têm as
seguintes constantes dielétricas: 80,0, 33,1, 20,7 e 2,2 esu2.dina-1.cm-2,
respectivamente. Para provocar a compressão da DCD, podem ser usados
solventes em seqüência, em ordem decrescente de suas constantes dielétricas.
A representação gráfica de DCD é dada na Figura 2.