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Processo civil I

1 PROCESSO
Quanto ao processo, é relevante estudar os seus elementos processuais, que podem
ser tanto de existência como de validade.

Os elementos processuais de existência são: um juiz constitucionalmente investido,


uma demanda e as partes.

Para que esse processo validamente se desenvolva é preciso elementos positivos e


negativos de validade. Elementos positivos são os que devem existir em todo processo, que
são: juízo competente, uma demanda regularmente formada e partes capazes. Os elementos
negativos, por sua vez, são aqueles que não devem ter no processo, de forma que quando se
configurem vão impedir o desenvolvimento do processo. São: litispendência, perempção,
coisa julgada e convenção de arbitragem. O estudo dos três primeiros insere-se no estudo da
relação entre demandas, identificando se entre elas há uma identidade ou
semelhança/conexão (Art. 55, CPC). Diz-se idêntica quando há as mesmas partes, mesma
causa do pedido e o mesmo pedido (art. 337, §2º). Quando os processos forem conexos e
houver risco de decisões conflitantes, pode o juiz decidir reuni-los para serem julgados no
mesmo juízo.

Convenção de arbitragem, está se estabelecendo um negócio processual dizendo que


não se quer que o litígio vá para o judiciário.

1.1 PEREMPÇÃO (ART. 486, §3º)


A perempção é quando se ajuíza 3 vezes ações idênticas e nas três o autor abandonou
o processo, sendo extintos. Fazendo-se um link com o art. 485, III, considera-se abandonado o
processo quando o autor deixa de dar andamento por mais de 30 dias. Não obstante, para
além dos 30 dias o art. 485, §1º traz a exigência de intimação pessoal do autor para dar
andamento em 5 dias. Só depois disso considera-se abandonado.

A perempção, contudo, é uma limitação ao direito de ação. A ação vai ser extinta sem
analisar o mérito do pedido, de forma que um possível direito material subsiste para, por
exemplo, alega-lo em defesa (art. 486, §3º).

1.2 LITISPENDÊNCIA (ART. 337, §§1º A 4º)


Litispendência é a pendência do mesmo litígio. Sabe-se que é litispendência quando há
identidade entre ações em curso (art. 337, §3º) e nenhuma delas teve decisão definitiva. A
pendência de uma demanda é enquanto ela não for solucionada definitivamente. Enquanto
couber recurso ela ainda pode ser alterada.

1.3 COISA JULGADA (ART. 337, §4º)


Se for o caso, por exemplo, de ajuizar 4 ações iguais e uma for extinta, faz coisa julgada
às outras.
2 PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS DE VALIDADE

2.1 CAPACIDADE DAS PARTES: REGRAS


1) Ser parte: é titularizar uma relação jurídica processual (como autor, réu ou
terceiro). Em regra, adquire-se juntamente à personalidade jurídica (com o
nascimento).
2) Capacidade de estar em juízo (legitimidade ad processum): é preciso ter
capacidade de fato/exercício para se ter capacidade de estar em juízo. Se não tiver,
pelo art.70 do CPC, precisará de representante, assistente, tutor ou curador.
3) Capacidade postulatória (profissional ou ius postulandi): é a capacidade técnica
de postular perante o Judiciário. Tem essa capacidade o advogado (devidamente
certificado), e também o defensor, o promotor, o procurador, mas estes apenas
dentro de suas atribuições. Vale lembrar que capacidade postulatória é diferente
de direito de petição, que é um direito geral e abstrato. OBS.: Com o procurador
(PGE/PGM), ele é um advogado público, mas isso não impede de ele ter seu próprio
escritório. A limitação é que ele não pode advogar contra o ente público que o
remunera.

É necessário estar presente essas três capacidades para o processo ser válido.

2.2 EXCEÇÕES
2.2.1 Entes despersonalizados
Os entes despersonalizados não têm personalidade jurídica, mas possuem capacidade
de serem partes num processo, são titulares de direitos. O art. 75 do CPC reconhece alguns
deles, como o espólio, a herança, a massa falida, condomínio edilício e etc. No caso do espólio,
por exemplo, (art. 1.784, CC), quem o representa é o inventariante.

2.2.2 Nascituro
Também não tem personalidade jurídica, mas tem capacidade de ser parte. Pela teoria
natalista do CC/02, o nascituro tem mera expectativa de direitos. Porém, de acordo com a teoria
concepcionista, ele seria, desde a concepção, titular de direitos.

Lei de alimentos gravídicos (Lei 11804) → a mulher grávida ajuíza ação de alimentos
contra o suposto pai. O nascituro, nascendo com vida, automaticamente se torna filho e a
pensão vai para ele.

2.2.3 16 anos com título de eleitor


Embora, em regra, ainda não tenha capacidade de exercício, já tem capacidade de ser
parte e também capacidade de estar em juízo. É uma capacidade política, podendo ajuizar
ações coletivas. Ademais, pelo art. ? do CPC, ele já pode contratar sozinho um advogado, ou
seja, assinar uma procuração.

2.2.4 Capacidade de pessoas casadas (arts. 319, II, c/c art. 73)
Primeiramente, ressalta-se que casamento é diferente de união estável. No Brasil,
contudo, a união estável é equiparada em efeitos aos casamento (art. 226, CF/88). Enquanto
o casamento é um ato formal, solene, com burocracias e requisitos, a união estável é um ato
informal, sem burocracia, dependendo apenas de provas do propósito real de constituir família.
No Brasil, em regra casa-se pela comunhão parcial de bens, onde nem todos os bens se
comunicam, mas somente aqueles adquiridos durante a constância do casamento, sem avaliar
capacidade contributiva de cada um. Também é assim na união estável. Para se casar em um
regime diferente, como o da separação total, é necessário um pacto pré-nupcial. Na união
estável, isso pode ser feito através de uma escritura declaratória da união estável no cartório,
estabelecendo a data de início da união estável.

Também é possível fazer uma escritura pública declaratória negativa de união estável.
Vale lembrar que o chamado “namoro qualificado” (namoro com coabitação) é diferente de
união estável.

A relevância desta discussão é que o art. 319, II do CPC, exige que em toda Petição
Inicial que você ajuíza é preciso informar seu estado civil e se está ou não em união estável.
Isso deve acontecer em todas as ações do processo. Ademais, pelo art. 73, se é ajuizada uma
ação real imobiliária e a pessoa for casada, esta precisará do consentimento do marido ou da
mulher, que é a chamada outorga uxória, que pode ser feita de forma livre. Ou seja, o
casamento gera limitação na capacidade de estar em juízo. Só não será preciso se não houver
comunhão de bens. No caso da união estável, pelo art. 73, §3º, a pessoa também precisará da
outorga uxória.

Intimado o cônjuge ou companheiro, ele poderá ficar inerte, presumindo-se o


consentimento, pode aprovar expressamente os atos ou pode negar o consentimento,
devendo portanto o magistrado não admitir o procedimento por incapacidade processual de
validade.

2.2.5 Curador especial ou curador ad hoc (art. 72)


Aqui se fala de 4 hipóteses de curadoria (totalmente no aspecto processual):

1) Citação ficta (fraca): são os casos da citação por edital (art. 256) e citação
por hora certa (art. 252). Se houve uma citação ficta e o réu não contestou,
então este indivíduo ficou revel, e portanto está sem advogado. Sempre
que isto ocorrer será nomeado um curador.
2) Réu preso: também fica sem advogado e fica revel
3) Incapaz quando está sem representante ou
4) Incapaz quando tem representante mas os interesses estão em conflito.

A defensoria pública, em sua função típica, atende aqueles com hipossuficiência


econômica. Como a curadoria é especial, exige-se uma pessoa específica para ser o curador,
que será o defensor público. Assim, ele será curador apenas para os atos específicos deste
processo (art. 72, §único). Portanto, trata-se de função atípica da defensoria, de atender
hipossuficientes jurídicos. Esse defensor terá algumas prerrogativas processuais para colocar
a pessoa em situação de igualdade, como o prazo em dobro para tudo (art. 183, CPC), a
intimação pessoal e a possibilidade de contestação por negativa geral (art. 341, §único).

Ele é chamado de especial porque só é nomeado para o processo e enquanto este


durar, sendo seus atos restritos à defesa do curatelado. A sua não nomeação gera nulidade no
processo, sem esquecer da instrumentalidade do processo e do princípio do prejuízo, de forma
que se não houver prejuízo não haverá sanção de nulidade. A função do curador especial é
igualar o contraditório, que se encontra desequilibrado devido à vulnerabilidade que se
encontra a parte.
2.2.6 Capacidade postulatória
Em regra, deve ser um profissional do Direito habilitado. Mas há alguns casos que
dispensam advogados:

 JEC (Lei 9.099/95) até 20 S.M.


 Ação de alimentos (Lei 5.478/68, art. 2º): a mãe tem capacidade parcial,
apenas para a propositura.
 Violência doméstica (Lei 11.340): capacidade parcial para ajuizar a medida
protética, mas para o processo é preciso de advogado.
 Habeas corpus
 Estagiário habilitado (Lei 8906/94, art. 3º, §2º): é um relativamente incapaz
(art.8º), podendo atuar supervisionado pelo advogado.

** Art. 76: toda vez que durante o processo o juiz perceber um erro de postulação, ele
fixará um prazo para regularizar e suspenderá o processo. Esse vício, portanto, é um vício
sanável (princípio da primazia da solução de mérito). Assim, a falta de capacidade processual
não gerará extinção imediata do processo.

3 ATOS PROCESSUAIS
Consideram-se atos processuais aqueles que tem por consequência imediata a
constituição, a conservação, o desenvolvimento, a modificação ou a extinção do processo.

3.1 PRINCÍPIOS
3.1.1 Princípio da instrumentalidade
O processo é o meio para a solução de um litígio. A lógica desse mecanismo, portanto,
é não atrapalhar a solução do direito material, que é o centro de tudo.

Pelo art. 188, a regra é que haja liberdade das formas praticadas dos atos processuais.
Ou seja, a tipificação é de caráter excepcional. Ademais, mesmo que haja essa previsão e um
ato a viole, ainda sim não será nulo se ele preencher a finalidade essencial. Ex.: não há regra
para como você será citado (art. 243), mas há algumas vedações, como no dia do casamento.

Assim, a instrumentalidade é fazer com que se conspire para que o processo chegue a
sua resolução, mesmo que as regras tenham que ser flexibilizadas. Assim, trata-se de um
princípio relativizante das nulidades dos atos processuais. A nulidade é uma sanção, uma
penalidade de retirar o ato, e portanto é uma grande exceção, não se confundindo com mero
defeito ou vício. No caso de uma citação viciada, por exemplo, esta pode ser convalidada.

3.1.2 Princípio do prejuízo


Não há nulidade sem que haja prejuízo (ex. do alimento do incapaz).

3.1.3 Princípio da causalidade (art. 276)


Quem der causa ao efeito não pode pedir a nulidade. Ex. do estagiário que erra o nome
do advogado ou o número da OAB, e portanto a citação não chega. Em regra, o erro geraria
nulidade, mas como é a própria parte que deu causa, não poderá. Trata-se de princípio fundado
na boa-fé objetiva e na vedação aos atos contraditórios (venire contra factum proprium).
3.1.4 Princípio do confinamento das nulidades (art. 281)
A nulidade se restringe àquele ato, não contaminando atos que dela sejam
independentes.

3.1.5 Princípio da primazia da solução de mérito


Todo o processo inteiro deve ser feito para chegar ao mérito. O juiz deve se precaver
para que não ocorra a nulidade. Assim, pelo art. 321, o juiz tem o dever de mandar corrigir
uma P.I. defeituosa e também indicar o respectivo defeito. Ademais, pelo art. 317, antes do juiz
extinguir o processo sem mérito, ele tem o dever de dar às partes a oportunidade de corrigir
o defeito. Outro fator é que pelos arts. 5 e 6 todos que participam do processo tem o dever de
colaborar para a solução de mérito e evitar a nulidade.

3.2 CITAÇÃO
É o ato inicial que traz o réu ao processo, para dar direito ao contraditório.

3.2.1 Citação real e citação ficta


Pelo art. 246, ela possui 6 modalidades:

1) Via postal (art. 247) = é a regra, mas há exceções.


Citação real ou pessoal 2) Oficial de justiça (art. 249) = subsidiária à citação postal, quando esta não
= sempre se dá
diretamente na pessoa puder ser feita ou for frustrada.
3) Eletrônica (Lei 11419/06)
4) Comparecimento em juízo (art. 239)
Citação ficta ou 5) Citação por edital (art. 256) = quando a pessoa sumiu
presumida = quando
há presunção de que o
6) Citação por hora certa (art. 252) = quando a pessoa fica “fugindo”
indivíduo foi citado

A exceção à regra da citação postal ocorre quando se tratar de pessoa jurídica de


direito público (Adm. direta e indireta, exceto sociedade de economia mista e empresa
pública, que a citação é postal), incapazes, quando o correio não atende a localidade, quando
o autor pede de outro modo ou em ações de estado.

O art. 247 do CPC repetiu o 222 do antigo CPC, mas não vedando mais a citação postal
no processo de execução. Quando a isso, o Enunciado 85 da CJF consagrada essa interpretação,
permitindo tal modalidade em processo de execução.

Art. 242 → Em regra, quem recebe a citação é o próprio réu. Pelo correio, é uma carta
registrada com A.R. de volta para o Judiciário. Assim, até pelo art. 105, o advogado não tem
poderes para receber a citação em nome do cliente. Contudo, pelo art. 248, §4º, a citação pode
ser feita até mesmo no porteiro, exceto se ele assinar e responder que a pessoa já não mora
mais no local.

Ademais, pode-se fazer negócio jurídico processual sobre citação, podendo criar outra
não prevista em lei, como por e-mail, p.ex.

O art. 244 diz que não pode se fazer a citação de quem estiver em culto religioso, de
pessoa que tem um parente que veio a falecer desde o dia do falecimento até os 7 dias
seguintes, de noivos nos três primeiros dias seguintes ao casamento e de pessoa com doença
grave.
Na forma do art. 212, os atos processuais devem ser praticados em dias úteis das 06 às
20 horas. Contudo, nos juizados especiais poderá ocorrer a realização de atos processuais em
horário noturno (art. 12 da 9099/96).

3.2.1.1 Citação por edital (art. 256, CPC)


Há duas hipóteses:

1) Local incerto ou não sabido (mais comum): deve haver prova do


esgotamento das possibilidade de localização (§3º), com demonstração no
processo.
2) Inacessibilidade: sabe onde está mas não pode citar por motivos (I) físicos
ou geográficos, (II) jurídicos (como citação em outro país; será expedida
carta rogatória pedindo a colaboração) ou (III) réu desconhecido (como no
caso de usucapião em face de proprietário desconhecido).

Nessas hipóteses (art. 257, II), o juiz fará a citação por edital, que é uma espécie de
“chamada”. O canal de comunicação será a internet, através das redes sociais, dos sites dos
tribunais e etc. A exceção passou a ser a divulgação pelo jornal/rádio (art. 257, §único).

Haverá o prazo de 20 a 60 dias para que o indivíduo tome ciência do edital, e enquanto
isso o processo ficará parado (art. 257, III), correndo o prazo em dias corridos (art. 219 não se
aplica). Vale ressaltar que este não é o prazo de contestação. Terminado este prazo é que
começa o prazo de 15 dias pra contestação (art. 231, IV).

3.2.1.2 Citação por hora certa (art. 252, CPC)


Requisitos:

 Objetivo: o oficial deve ter que procurar o indivíduo 2 vezes.


 Subjetivo: e nessas duas vezes deve haver suspeita de ocultação.
Esses dois requisitos devem constar de maneira minuciosa na certidão do oficial de
justiça, com dia, local, hora circunstância. O oficial, então, irá agendar a citação com quem “ele
olhar”. Daí podem acontecer duas coisas:

 Hipótese 1 = no dia marcado, o citando estava lá. Ocorrerá então citação


pessoal por O.J.
 Hipótese 2 = o citando não aparece. Primeiro, o oficial de justiça deve verificar
os motivos da ausência, pois pode ser uma das causas impeditivas de citação,
como doença grave. Se não forem motivos plausíveis, aí sim se dará o indivíduo
como citado por hora certa.

O prazo irá começar quando o cartório fazer a juntada dos autos do comprovante da
citação, assim como na citação postal. A partir daí, há 15 dias para a contestação. Mas há outro
prazo concomitante no cartório para enviar uma carta narrando os fatos no processo de 10 dias
(art. 254).

Início do prazo de contestação é na juntada dos autos. O início da contagem exclui o


dia do início e inclui o dia do fim. A contagem é somente em dias úteis (art. 219), de modo que
o término do prazo é somente em dia útil, e quando não é um caso destes há prorrogação do
prazo.
3.2.2 Comparecimento espontâneo ao processo (art. 239)
Pode acontecer em duas hipóteses:

1) Quando determinada citação é defeituosa mas o réu comparece ao processo, há a


convalidação. Assim, não há necessidade de se fazer nova citação, pois o indivíduo
já está no processo. O juiz anulará a primeira citação em virtude de dar novos
prazos processuais ao réu (devolução de prazos). Tal decisão já será uma intimação
a este indivíduo (art. 239, §1º). Portanto, o efeito jurídico de comparecer em juízo
para declarar a nulidade da citação é a devolução de prazos.
2) A pessoa comparece ao processo espontaneamente, alega a invalidade da citação
e o juiz rejeita. Neste caso, como não apresentou contestação, o réu fica revel.

Ressalta-se que mesmo depois da ação rescisória ainda sim poderá ser alegado vício de
citação, pois é o único defeito no processo civil que não se convalida pelo decurso do tempo.
É um vício transrescisório.

3.2.3 Citação eletrônica (Lei 11.419/06)


Essa lei vem regulamentar a prática de atos processuais eletrônicos. Pelo art. 246, §3º,
o CPC exige que todas as PJs se cadastrem no sistema, salvo as microempresas e empresas de
pequeno porte.

O advogado igualmente tem que estar cadastrado no sistema para ser intimado. O
réu, por sua vez, pode ficar cadastrado no site do tribunal, podendo por lá ser citado ou
intimado. Caso ele abra, consulte, clique e etc., haverá a citação expressa e os prazos começam
a correr a partir desse momento. Contudo, haverá 10 dias corridos para este acesso. Não
ocorrendo, há a citação tácita. Caderno áudio

Pelo art. 5º, §6º da Lei 11. 419, as pessoas com prerrogativas de citação pessoal devem
acompanhar o site. O e-mail tem caráter meramente informativo.

3.3 INTIMAÇÃO (ART. 269)


É para dar ciência às partes dos atos praticados no processo. O principal efeito,
portanto, é a ciência da decisão e da contagem do prazo.

Modalidades:

1) Advogado → através do Diário Oficial ou do Diário de Justiça Eletrônico


(art. 4º, Lei 11419/06).
2) Pessoal (prerrogativa do DP, MP e AP) → Remessa física ou eletrônica (art.
5º, Lei 11419/06).

Pelo art. 269, §1º, é possível também a intimação de advogado pelo outro advogado
por carta registrada.

3.4 CARTAS
 Rogatória (art. 105, I, i, CF/88) = é entre judiciários de países distintos. É ativa
quando o país está expedindo e passiva quando está ingressando no território
nacional. Neste último caso, é necessário o exequatur do STJ (autorização para
execução), que vai fazer uma análise de compatibilidade e de lá vai para a JF pra
ser cumprida. Assim, há uma cisão de competência.
 Precatória = entre judiciários de comarcas diferentes
 De ordem (art. 237, CPC) de um órgão judiciário hierarquicamente superior
para um inferior, como p.ex. na ação rescisória (art. 966), quando não há
estrutura para a produção de provas no tribunal e então emite-se uma carta de
ordem para o 1º grau produzir as provas.
 Arbitral (Lei 9307/96 e 13129/15) = é a comunicação entre um juiz arbitral e
um juiz togado. Copiar resumo tgp

3.5 PRAZOS
Requisitos para a aplicação do art. 219:

 Tem que se um prazo fixado pela lei ou pelo juiz. Se nenhum dos dois fixar, o
prazo é de 5 dias (art. 218, §3º).
 O prazo tem que ser fixado em dias
 E o prazo é processual, referente a atos processuais (ajuizar um MS, p.ex., não
é um ato processual).

Portanto, os prazos devem ser contados em dias úteis (art. 219), sofrendo interrupção
no curso por superveniência de feriados, p.ex.

Importante diferenciarmos início do prazo (art. 230) e dia do início da contagem do


prazo (art. 224). O início do prazo se dará a partir da citação ou da intimação para a parte. Por
outro lado, a contagem do prazo é realizada no primeiro dia útil seguinte ao início do prazo,
ou seja, primeiro dia útil ao dia da efetiva intimação ou citação (Art. 224, §1º). Nessa contagem
exclui-se o dia do seu início e inclui o dia do seu vencimento, na forma do caput do art. 224. O
último dia do prazo, útil ou não, será considerado o término do prazo, porém, se não for útil,
será prorrogado para o primeiro dia útil subsequente.

Ademais, pelo art. 139, VI, o juiz pode ampliar os prazos se feito de modo justificado.

O prazo começa com a intimação do ato processual, e não com a decisão do juiz. Porém,
pode-se praticar ato antes do início do prazo (Art. 218, §4º).

Na forma do art. 212, os atos processuais devem ser praticados em dias úteis das 06 às
20 horas. Contudo, nos juizados especiais poderá ocorrer a realização de atos processuais em
horário noturno (art. 12 da 9099/96).

Os prazos diferenciados estão previstos nos arts. 180, 183, 186 e 229, consagrados ao
MP (na função de fiscal da lei), Fazenda Pública, Defensoria Pública e núcleos de prática
jurídica, possuindo prazo em dobro para se manifestarem nos autos, apresentar resposta,
para contrarrazões, interpor recurso na forma adesiva, manifestarem-se como assistente e
etc.

4 PLURALIDADE DE PARTES
Litisconsórcio → arts. 113 a 118

Intervenção de terceiros (advém da lei ou do NJ [art. 190]) → arts. 119 – 138


4.1 LITISCONSÓRCIO
4.1.1 Classificação

4.1.1.1 Quanto à posição (dos litisconsórcios em juízo)


 Ativo: pluralidade de partes no polo ativo
 Passivo: pluralidade de partes no polo passivo
 Misto/recíproco: vários autores e vários réus

4.1.1.2 Quanto ao momento da formação


 Inicial ou originário: já ajuizou a ação formando o litisconsórcio
 Posterior: formação depois da propositura da ação

4.1.1.3 Quanto à obrigatoriedade da formação


 Compulsório/necessário (art. 114): não há escolha; são casos em que a própria
lei obriga. Ex. das ações imobiliárias contra réu casado em comunhão de bens.
 Facultativo

OBS.: há casos que a relação jurídica, por ser indivisível, vai obrigar a formação do
litisconsórcio, como por exemplo na ação de anulação de casamento.

4.1.1.4 Quanto ao regime de tratamento


 Unitário: o juiz tem que decidir igual para todo mundo. Não há possibilidade
de decisões diferentes, pois seria prejudicial.
 Simples: há possibilidade de decisões diferentes. Ex.: acidente de ônibus.

4.1.2 Observações a partir das classificações


A. É possível litisconsórcio ativo posterior? Toda ação é submetida a uma
distribuição, pelo princípio do juiz natural. Assim, em regra, não é possível
litisconsórcio ativo posterior por causa da violação destes princípios. Seria
“malandragem”. Salvo se a lei expressamente permitir (intervenção
litisconsorcial voluntária):
a. Tutela coletiva, como ação civil púb., MS coletivo (até o despacho
inicial), ação popular (precisa ser cidadão), ou seja, hipóteses conde o
direito é coletivo.
B. Há limites para o litisconsórcio ativo facultativo? Exemplo de uma ação
com 60 autores (litisconsórcio multitudinário, art. 113, §§1 a 3). No ajuizamento
com muita gente, o juiz, de ofício, pode limitar o número de litisconsortes,
sendo por parâmetros meramente subjetivos criados no caso concreto. Assim,
haverá separação e formação de novos processos no mesmo juízo. Mas se o juiz
não quiser fazer a separação, o réu pode também requerer em qualquer fase
do processo, inclusive na própria contestação. Ler caderno.
C. É possível litisconsórcio necessário ativo? Nunca será possível. A
necessariedade não combina com o polo ativo, pois seriam uma forma de
condicionar o direito de ação. Assim, todo litisconsórcio ativo é facultativo
sempre.
D. Todo litisconsórcio necessário é unitário? Pelo art. 114, só há litisconsórcio
necessário quando a lei ou a relação jurídica indivisível impuserem, como por
exemplo nas ações de terceiro para anular casamento ou na ação de
reconhecimento de paternidade post mortem, devendo ser proposta em face
de tds os filhos. Dessa forma, não, nem todo litisconsórcio necessário é
unitário, pois só será unitário por força da relação jurídica indivisível. Quando
for por força de lei, será, por sua vez, sempre simples.
E. É possível litisconsórcio facultativo unitário? Sim. Exemplo da ação contra
invasão de apartamento.

4.1.3 Dinâmica processual


 Prazo
o Art. 229, CPC: O primeiro efeito do litisconsórcio é o prazo em dobro,
mas é preciso ter advogados diferentes, de escritórios diferentes e o
processo precisa ser físico. Ademais, pelo art. 1023, §1º, os embargos
de declaração, que antes não tinham prazo em dobro, agora também
tem.
o Defesa de título de execução extrajudicial
o Art. 525, §3º: impugnação (áudio). Nesta também haverá prazo em
dobro.
o Art. 915, §3º embargos: não há prazo em dobro
 Início do prazo (≠prazo)
o O começo da contagem dos prazos do processo é no primeiro dia útil
seguinte à juntada dos autos da citação. Contudo, sempre que houver
litisconsórcio, o prazo começa a ser contado na juntada dos autos do
último comprovante. Vale ressaltar que é preciso a manifestação de
todos os litisconsortes para não haver audiência. Arts. 336, §6º e 335,
§1º.
 Autonomia/independência dos litisconsortes (art. 118, CPC)
o Em regra, em regra, os litisconsortes são autônomos e o ato praticado
na esfera de um não interfere na esfera do outro, Porém quando se
fala nessa regra de autonomia, está se falando do litisconsórcio
simples. Quando for unitário, não haverá autonomia.

5 INTERVENÇÃO DE TERCEIROS
A configuração básica do processo é um autor ajuizar uma ação a um réu e etc. Nas aulas
passadas vemos que pode haver mais de um réu e mais de um autor, que é o litisconsórcio. Só
q nada impede que nesse processo tbm possa ter terceiros intervindo nesse processo, o q é
chamado de intervenção de terceiros no processo. Mas eles n podem intervir de qualquer jeito
e quando quiserem. É a lei que vai regulamentar essa intervenção de terceiros.

Há intervenção de terceiros quando um terceiro, autorizado por lei, ingressa em


processo pendente, transformando-se em parte. Trata-se, a rigor, de um fato jurídico
processual, que implica modificação da relação jurídica processual já instaurada, modificação
essa que pode ser somente subjetiva (como no chamamento) ou subjetiva e objetiva (como na
denunciação). Todas as intervenções de terceiros buscam minimizar os efeitos que a decisão
judicial irá produzir perante terceiro.

No código passado você tinha assistência, oposição, nomeação autoria, denunciação da


lide e chamamento ao processo. Você percebe que formou aqui um movimento nessa
configuração. Essas cinco eram chamadas no código passado de intervenções fictas(?),
nominadas. Algumas foram revogadas, outros foram criadas novas, outras foram criadas. Com
o ncpc, a assistência foi mantida mas reorganizada (119-124). Na oposição ela foi revogada como
intervenção de terceiros, mas n foi revogada do nosso ordenamento. A nomeação autoria a
mesma coisa, revogada como intervenção de terceiro mas não do ordenamento, ela deixa de
ser uma intervenção nomeada e passa a ser uma intervenção ativa(?) inominada (art. 338 ou
339). A denunciação da lide foi mantida (art. 125-129). O chamamento do processo também foi
mantido (art. 130-132). Só que aí continuou com cinco intervenções, pois criou duas novas. Uma
é o incidente de desconsideração da personalidade jurídica. O código vem dizendo como que
isso vai funcionar. Por fim, embora já tínhamos, é inédita a regulamentação do amicus curiae.

A oposição, na verdade, é uma ação feita por um terceiro em face das partes originárias
de um processo, reivindicando exatamente o que eles estão discutindo. É uma ação distribuída
na distribuição por dependência ao processo principal. Sempre q uma 3ª pessoa quiser se opor
às partes do processo principal. Você passa a ter duas ações em conjunto. Toda oposição gera
sempre litisconsórcio necessário. Ele vai tramitar acessoriamente, em anexo.

5.1.1 Vedações às intervenções de terceiro


 Juizados especiais
 Processos objetivos como ADC, ADI. Todavia admite-se o amicus curiae.
 Arbitragem
 Etc.

5.1.2 Classificação das intervenções

5.1.2.1 Típicas ou atípicas


Intervenções típicas são todas que o legislador colocou no cpc (119-138). O legislador
regulamentou, ela está tipificada como sendo intervenção de terceiro. Mas pode ser que não
tenha no cpc, como o do art 338-339. Outro exemplo você tem no art. 1698 do CC. Qualquer
lei pode regulamentar intervenção de terceiro. O 338 tem relação direta com a nomeação
autoria (pesquisar sobre o que é nomeação autoria).

OBS.: Propriedade ≠ Posse ≠ Detenção (motorista e caseiro, p.ex.).

Se eu entro com uma ação em face do detentor, ele não tem legitimidade, então ele faz
a nomeação autoria que é chamar o proprietário ao processo. Era uma hipótese específica de
correção da legitimidade passiva, mas ela não existe mais. O que o código fez: revoga a
nomeação autoria e regulamenta a ideia dela de forma muito mais ampla, pois ela era muito
delimitada à situação de detenção. No ncpc qualquer ilegitimidade passiva passe a ser sanável,
corrigida, o que eu não existia no código passado.

A intervenção do 1698 do CC muda completamente o contexto, pq é a ação de


alimentos. Toda pensão alimentícia segue sempre a possibilidade e a necessidade, ou seja, a
possibilidade do alimentante de pagar sem comprometer sua subsistência e a necessidade do
alimentando. Mas pode acontecer da criança precisar de muito e o pai ganhar bem menos.
Nesse caso, o pai não pode ser condenado além das possibilidades dele. O 1698 diz, então, q é
possível chamar a esse processo o avô (?), que vai responder subsidiariamente. Isso tudo em
prol da criança, parte mais fraca da relação. Isso é uma intervenção de terceiros, que costumam
chamar de “avoenta”.
5.1.2.2 Voluntárias/espontâneas ou forçadas/coactas
AS intervenções podem ser voluntárias (espontâneas) ou forçada (provocada). A
assistência é forçada. A denunciação da lide, p.ex., é forçada. Chamamento é forçada. Incidência
de desconsideração da personalidade jurídica é forçada. Amicus curiae é voluntária ou forçada
(o juiz pode provocar). A do 338-339 é forçada e a avoenta tbm é forçada.

5.1.3 Amicus curiae


É um colaborador do magistrado na solução do litígio. Serve para a construção
democrática do processo. Pode participar qualquer pessoa física ou jurídica e até mesmo entes
despersonalizados. Trata-se de uma intervenção de terceiros diferenciada, com drásticas
limitações recursais, além de possuir somente os poderes a serem definidos pelo relator (art.
138).

Precisa de dois requisitos:

 Serem processos que tenham uma relevância (de qualquer natureza, como
pessoa, econômica, negocial e etc.).
 E que o amicus curiae demonstre capacidade técnica, é o especialista em
conhecimento da matéria, que não necessariamente é intelectual, mas pode
ser prático (exemplo das mulheres e a anencefalia). O que importa é ter algo a
agregar àquele processo, ao contraditório.

O amicus curiae é cabível em qualquer grau de jurisdição. O juiz diz o que o amicus
curiae pode fazer, como sustentação oral, tempo dela, se vai fazer memoriais e etc.

Qualquer um pode intervir como amicus curiae, como por exemplo a União.
Intervenção do amicus curiae em casos como esse, segundo o ncpc, não desloca competência.
Em regra, ele também não pode recorrer à decisão, salvo na interposição de embargos de
declaração, que são recursos mais simples e na decisão de IRDR (incidente de resolução de
demanda resistível) Assim, sua legitimidade recursal é mega limitada. Então não é um mero
auxiliar, que não poderia recorrer.

5.1.4 Chamamento ao processo


O chamamento ao processo é uma intervenção exclusiva do réu, feita para beneficiá-
lo, feita no prazo de contestação (art. 131), formando um litisconsórcio passivo posterior. Pode
ser simples ou unitário.

Ao se falar de chamamento ao processo, deve-se falar antes de solidariedade e fiança.


Quando a gente fala em solidariedade (245 CC) está criando uma obrigação onde todos os
titulares dessa obrigação respondem isoladamente por ela. Mas ela não se presume, mas
decorre da lei ou do contrato. Assim, um devedor pode chamar outro ao processo.

O fiador, por sua vez, destarte destaca-se que não é devedor, é garantidor. Devedor é
o locatário. Não sendo devedor, não pode-se cobrar diretamente dele, pois sua responsabilidade
é subsidiária. Se for cobrada a dívida diretamente no fiador, ele pode indicar bens do devedor
para serem penhorados, fazendo chamamento ao processo, que se chama de “benefício de
ordem” (?). Art. 828 CC. Contudo, pode haver uma cláusula de solidariedade entre locatário e
fiador. Se o fiador for devedor ele também pode fazer o chamamento ao processo. Assim, ele
pode fazer tanto na função e devedor solidário quanto como garantidor.

Assim, o chamamento, na verdade, é mais saber o instituto do direito civil em relação à


solidariedade e fiança, do que processo civil.
5.1.4.1 Diferença entre denunciação da lide e chamamento ao processo
No chamamento ao processo, o fato em questão é uma solidariedade. Na denunciação
da lide, trata-se de um direito de regresso ou garantia. Assim, no chamamento não há
ampliação do objeto litigioso, pois a relação jurídica material é a mesma, enquanto que na
denunciação o denunciado não é titular da relação, e portanto há ampliação não só subjetiva
como também objetiva da demanda.

5.1.5 Incidente de desconsideração da personalidade jurídica


É lastreada na autonomia patrimonial. É a supressão momentânea da autonomia
patrimonial da pj dos sócios. É uma nova modalidade no NCPC de intervenção de terceiros
forçada. Vale lembrar que não se trata de um incidente processual, mas sim de um processo
incidente (que gera uma nova relação jurídica processual). A desconsideração formará um
litisconsórcio passivo posterior e facultativo, desembocando em uma sucessão processual.
São requisitos a confusão patrimonial e o desvio de finalidade.

Pela primeira vez, o ncpc regulamentou, estabelecendo as regras processuais para a


desconsideração da personalidade. O juiz tem que, no requerimento, já achar que há indícios de
desconsideração para deferir. O juiz então irá suspender o processo principal e manda citar o
sócio para, em 15 dias, contestar dizendo que não há confusão patrimonial ou desvio de
finalidade. Depois vem a produção de provas e depois o juiz decide.

A diferença do código passado para o novo é a existência, agora, de contraditório prévio.

A desconsideração pode ser pedida em qualquer fase do processo, diferente, p.ex., do


chamamento, que só pode na contestação. Só pode pedir quem tem legitimidade, como o
credor ou MP. A desconsideração tbm pode ser pedida tbm num tribunal. Quando se pede no
1º grau, o recurso é agravo de instrumento (932, I). Quando é no 2º grau, a desconsideração
será analisada pelo desembargador relator, e o seu recurso será agravo interno (136, §único).

O incidente, em regra, é obrigatório em qualquer circunstância de desconsideração. A


exceção é apenas no caso em que já se forma um litisconsórcio passivo entre a PJ e os sócios
desde a Pet. Inicial, pois estes já serão citados previamente, e portanto não há porque formar o
incidente (processual da desconsideração; a maneira de realizar a desconsideração). Ele é
obrigatório inclusive para os juizados. A lei dos juizados (art. 10, Lei 9.099/96) proíbe a
intervenção de terceiros em juizados, só que o art. 1.062 do ncpc estabeleceu que esse
incidente é obrigatório até nos juizados. Assim, ao invés de revogar expressamente o art. 10
da 9.099/96, ele revogou tacitamente.

Esse incidente tirou o contraditório posterior e agora é prévio. O problema é que


primeiro há a citação, para depois se defender, para depois o juiz decidir se desconsidera ou
não. Isso permite que a pessoa suma com o patrimônio. Contudo, a desconsideração nunca foi
feita para evitar fraudes, mas ela já pressupõe que já tenha ocorrido a fraude. Para evitar que
aconteça o prejuízo o que pode ser aplicada é a tutela provisória. Pelo enunciado 42 do CJS é
cabível a tutela provisória dentro do incidente de desconsideração.

Uma PJ pode pedir uma auto desconsideração? Sim. A incidência é cabível tanto pra
normal, inversa ou auto. Assim, a PJ pode pedir a auto desconsideração pra atingir um de seus
sócios que, eventualmente, tenha abusado da sua condição causando prejuízo à própria
empresa. O art. 133 não veda tal possibilidade. Esse posicionamento é positivado pelo
Enunciado 285 do CJF.
5.1.6 Assistência
A assistência é a intervenção de terceiro espontânea que tem interesse em auxiliar as
partes no processo. O terceiro assume o processo no estado em que ele se encontrar, não
agregando nenhuma postulação nova, não há inovação objetiva. A lei, contudo, não chega a
definir o que é interesse jurídico, ficando tal definição à cargo da jurisprudência.

Pelo art. 119, o interesse deve ser jurídico, que não pode ser confundido com
econômico.

Admite-se a assistência porque esse terceiro pode vir a sofrer prejuízos diretos ou
indiretos. Se os reflexos forem diretos, haverá assistência litisconsorcial. Se indiretos,
assistência simples.

Assim, fala-se que só haverá 2 casos para esse tipo de intervenção:

1. Toda vez que houver uma cotitularidade sobre a relação jurídica discutida no
processo: nesse caso, o assistente também é titular da relação jurídica
existente, mas por opção do autor não foi incluído como parte da demanda, já
que trata-se de litisconsórcio facultativo. Há somente uma relação jurídica
material discutida. Aqui, ela é chamada de assistência
litisconsorcial/qualificada (art. 124). Ex.: aluguel.
2. Quando o assistente é titular de uma relação jurídica subordinada, acessória,
dependente ou conexa com a discutida no processo. Ex.: sublocação. Quando
há um contrato principal e um contrato acessório. A esses, chama-se de
assistência simples / adesiva (arts. 121 a 123). Ex.: seguro de carro contra
acidente de 3º.

Ademais, fala-se de um possível interesse institucional, ou seja, baseado na defesa de


prerrogativas institucionais que estejam na iminência ou já sofrendo prejuízos, como p.ex., do
MP.
Vale ressaltar que a assistência não é admissível em qualquer procedimento, mas é
admissível em qualquer grau de jurisdição.

Observações:

 Não se admite interesse familiar/afetivo como base para a assistência em


nenhum grau (STJ).
 Tem interesse econômico na demanda. Aqui, não é titular ou “subtitular”. Não
cabe assistência.

5.1.6.1 Assistência anômala


A Lei 9.469/97 é o único caso de assistência baseada em interesse econômico. Ela vai
criar a assistência anômala/atípica. É uma prerrogativa do interesse público, da Adm. Púb.

Contudo, o interesse, na verdade, não é econômico assim. O art. 109, I, ao se referir à


assistência, estava querendo se referir a um interesse jurídico, e não econômico. Ademais,
destaca-se que se a Constituição é anterior à lei, ela não poderia prever uma “exceção” aos
requisitos da assistência. Outro fator de questionamento é que uma norma infraconstitucional
não pode ampliar uma norma da CF.

5.1.6.1.1 União entra com interesse jurídico


Essa assistência anômala vai gerar uma série de complicações. A União pode entrar com
interesse jurídico em juízo estadual. O juiz de direito, não podendo decidir se o interesse é
jurídico ou econômico (súmula 150, STJ), deve levar a questão ao juízo federal. Dependendo
da decisão ela pode ir para a estadual ou ficar na federal, podendo a União recorrer da decisão.
Caso volte para a estadual, denota-se um conflito de competência negativa. Deve-se ressaltar
que a decisão da JF não pode ser questionada ou revisada pela JE.

5.1.6.2 Interesse institucional


Uma terceira modalidade de interesse jurídico seria o interesse institucional. É um
interesse que transcende a esfera subjetiva do membro da instituição, fazendo com que haja
interesse do MP em que a sentença seja favorável a seu membro e, com isso, seja favorável à
própria instituição, que teria sua situação jurídica prejudicada em caso de vitória do
adversário no processo. Haveria, a rigor, um interesse público e social inerente à atuação da
própria instituição, ou seja, uma nova forma de atuação do MP no processo civil.

5.1.6.3 Poderes do assistente (art. 121 e 122)


O assistente pode fazer as mesmas coisas que o assistido? A resposta gira em torno do
interesse jurídico em questão. Se o assistente é cotitular, então aquele direito também é dele,
e, portanto, ele possui as mesmas prerrogativas. Contudo, se a relação jurídica é subordinada,
então o assistente fica vinculado à postura do assistido, sendo que o seu silêncio significa
concordância. Assim, a discordância do assistido tem que ser expressa.

5.1.7 Denunciação da lide


Trata-se de uma demanda de garantia, ou seja, uma ação de regresso que se processa
de maneira incidental e condicionada à sucumbência do denunciante, que antecipa o interesse
de agir. Haverá um processo com duas ações, inclusive com um pedido novo e anotação no
distribuidor (art. 286, §único), sendo da competência do mesmo juízo da ação principal (art.
61), em que será prolatada uma única sentença.

Pelo art. 125, denota-se que advém ou de casos de evicção ou da lei ou contrato.
Quanto ao contrato, destaca-se que toda ação de indenização em face de parte que
tem garantidor haverá denunciação da lide. É uma ação de regresso incidental, condicionada à
sucumbência do denunciante.

Quanto à Lei, é um exemplo a locação (arts. 23 e 24 da Lei 8.245/91). Exemplo de


quando o apartamento de um locador vaza água para o vizinho de baixo, que ajuíza ação contra
o locatário. Este poderá fazer uma denunciação da lide, trazendo o locador ao processo.
Ademais, na hipótese de perda, não exclui a ação de regresso.

Quanto à evicção, trata-se da perda de propriedade por decisão judicial, sendo a


denunciação da lide aqui uma garantia para o negócio jurídico. Na forma do art. 125 é
admissível a denunciação por qualquer das partes ao alienante imediato no processo relativo
à coisa cujo domínio foi transferido ao denunciante, a fim de que possa exercer os direitos que
da evicção lhe resultam ou àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato a indenizar
em ação regressiva o prejuízo de quem for vencido no processo na hipótese de evicção.

O art. 125 destaca que é possível a denunciação da lide por qualquer uma das partes.
Quando for pelo réu, deve ser feita no prazo da contestação, e sendo feita apenas a
denunciação o réu entra em revelia. Quando pelo autor, deve ser feita na própria petição
inicial, e portanto não de poderia falar propriamente de intervenção de terceiro, pois o autor
já inicia a demanda em face do réu e do denunciado. Ex.: propriedade usucapida.

A denunciação da lide é regulada tanto pelo CC/02 quanto pelo NCPC, mas também é
importante ressaltar mudanças em relação ao CPC/73.

 É obrigatória? O art. 456 do CC/02 diz que nos casos de evicção, a denunciação
teria que ser feita nos termos no direito processual. Aí o NCPC, no art. 1072, II,
revoga este art. 456, e a partir da nova codificação processual, pelo art. 125,
§1º, a denunciação a lide não é obrigatória e não precisa ser feita na
contestação, basta ajuizar ação de regresso posteriormente.
 É cabível denunciação da lide sucessiva (denunciação da denunciação)? Nos
termos do art. 125, §2º, sim, mas apenas uma vez.
 É admissível a denunciação da lide per saltum? Não. Estava prevista no art. 456
do CC/02, mas este foi revogado. Só é permitido ao alienante imediato.
 É cabível a condenação direta do denunciado? Pelo art. 128, §único do NPCP
diz que sim. Ademais, isto é confirmado pela Súmula 537 do STJ.

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