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Conversa com os educadores

O jogo Trilhas da Cidadania apoia-se na versão clássica dos jogos de tabuleiro para propor a
discussão sobre os direitos de cidadania. Nesse sentido, coloca-se como um recurso educacional que
pode ser utilizado na escola e em diversos contextos educativos, introduzindo e desenvolvendo ques-
tões, de forma lúdica e interativa. Pode ser usado pelo educador ou por alguém indicado ou supervisio-
nado por ele (a). Assim, chamamos também de “mediador” a pessoa que vai conduzir o jogo com os
estudantes.
O jogo combina elementos clássicos e elementos pedagógicos, tais como o lançamento de da-
dos, a imprevisibilidade dos lances feitos, questões de informação e questões interativas. Coloca-se
como instrumento socioeducativo, pelo qual é possível introduzir ou desenvolver assuntos, tirar dúvidas,
sensibilizar para o desenvolvimento de outras atividades, tais como palestras, gincanas, feira de cidada-
nia, projetos pedagógicos e ações voltadas para a comunidade.
Os casos apresentados no jogo TRILHAS DA CIDADANIA estão relacionados aos direitos bási-
cos de cidadania. Procurou-se contemplar situações as mais variadas, contemplando o direito à educa-
ção, à saúde, ao trabalho, ao meio ambiente, os direitos de crianças e adolescentes, de pessoas com
deficiências, de idosos, de mulheres, à diversidade sexual e racial e assim por diante.
Para discutir cada um desses casos, os educadores têm uma carta de “dica legal”, ou seja, uma orien-
tação baseada em um conjunto de leis. Todos os “casos” e “dicas legais” do jogo foram baseados na
Constituição Federal Brasileira, no Estatuto da Igualdade Racial, na Lei Maria da Penha, no Estatuto da
Criança e do Adolescente, no Estatuto do Idoso, no Estatuto dos Direitos da Pessoa com Deficiência,
no documento Brasil sem Homofobia, e outros estatutos legais.
A “dica legal” não é um artigo de lei, que os estudantes devam conhecer. Não se trata de decorar
leis, mas de captar o princípio de justiça que ancora a sua existência. Assim, o jogo não fecha as respos-
tas para cada caso nas dicas dadas. Torna-se muito importante conhecer a opinião dos participantes,
deixar que os casos sejam discutidos e que haja ocasião para uma reflexão sobre os direitos. De fato,
esse é o principal objetivo do jogo. Os educadores devem, a cada rodada, estimular o diálogo, esclare-
cendo dúvidas, mas também permitindo que os participantes possam pensar sobre os direitos a partir
das situações que vivem ou presenciam em seu contexto de vida.
Dentre as possibilidades do jogo, encontram-se as cartas de “Conversa Legal”. Estas trazem
questões interativas, que buscam criar no grupo um senso de compartilhamento, de conhecimento
mútuo. São questões ligadas à vida cotidiana, aos hábitos e características mais básicos e simples,
justamente para não criar constrangimento e permitir que os estudantes se comuniquem de maneira
positiva. Os educadores devem prestar atenção para que essas questões sejam abordadas no grupo
com simplicidade e respeito mútuo.
É importante observar que os alunos podem associar os casos a situações vividas e a pessoas
reais de seu cotidiano. Para evitar constrangimento, os mediadores devem, logo no início do jogo, escla-
recer que todos os casos são fictícios e que não estão se referindo a ninguém em particular. Comentá-
rios sobre pessoas reais devem ser evitados, mantendo-se uma atitude de respeito. Se alguém precisar
conversar com o professor ou outro profissional da escola, poderá fazer isto em outro momento.
Como o jogo apresenta situações ligadas a direitos básicos de cidadania, pode acontecer que algumas
informações já sejam conhecidas por alguns alunos. Para outros, podem ser novidades. É importante conduzir o
jogo de uma maneira cooperativa. É fato que um jogo já contém, em si mesmo, uma estrutura de competição –
quem responde às perguntas, quem move os peões, quem chega em primeiro lugar. Entretanto, essa competição
está sob o controle de regras, permitindo assim que os jogadores obedeçam outras normas cooperativas que
também estão ali embutidas: aguardar a sua vez de jogar, ouvir a argumentação dos colegas, expressar opinião,
contar os pontos de acordo com o combinado, obedecer às regras de avançar ou retroceder, dentre outras.
Conversa com os educadores
É relevante lembrar que à medida que o educador reforça as regras cooperativas, o jogo torna-se também
uma ocasião para ensino-aprendizagem. Em vez de estimular a competição (para ver quem sabe mais), deve-se
promover a comunicação e a cooperação (possibilitando que todos possam contribuir a partir de sua experiên-
cia, tipo e nível de conhecimentos) e a interação (através das questões interativas). Um jogo como TRILHAS DA
CIDADANIA é proposto justamente para que o trabalho em grupo produza reflexão sobre a questão central que
interessa a todos: os direitos de cidadania e os direitos humanos.
Os direitos humanos são direitos compreendidos como intrínsecos ao ser humano, porque visam prote-
ger a sua dignidade. Justamente por isso, devem ser “garantidos” e não simplesmente “concedidos” pelo Estado.
A concepção dos direitos humanos foi transformada ao longo da história, abrangendo os direitos civis, políticos,
econômicos, sociais, culturais, sexuais, coletivos, difusos... A concepção de cidadania e a noção de dignidade
humana estão intrinsecamente correlacionadas.
Podemos entender os direitos de cidadania como aqueles garantidos pela Constituição Federal e os de-
mais ordenamentos jurídicos que regulam a relação entre os cidadãos e o Estado. Os direitos humanos devem
ser compreendidos de uma maneira mais ampla. Eles ganham materialidade a partir dos direitos de cidadania
conquistados, mas, também, introduzem um horizonte político, ético, filosófico para a compreensão e construção
histórica do que é a “dignidade humana” (Schiefer, 2004). E também é importante lembrar que são os direitos de
cidadania, os garantidos por lei, que possibilitam o reconhecimento e a defesa dos direitos humanos (Medeiros,
2006). As pontes entre os direitos de cidadania e os direitos humanos vão se construindo nesse processo.
Um jogo como Trilhas da Cidadania é simplesmente um instrumento que pode colaborar com os educa-
dores (em diferentes matérias e projetos educativos), na delicada missão de refletir sobre a cidadania e os direitos
humanos e contribuir para uma cultura de paz.
Referências
MEDEIROS, Mateus Afonso. Direitos humanos: Uma paixão refletida. Belo Horizonte: Rede de Cidadania Ma-
teus Afonso Medeiros (RECIMAM), 2006.
SCHIEFER, Uyára. Sobre os direitos fundamentais da pessoa humana. Disponível em http://www.revistapersona.
com.ar/Persona28/28Schiefer.htm. Acesso em 06/02/2012.
Para ler mais:
Sítio da Secretaria Especial de Direitos Humanos (SEDH):
http://portal.sdh.gov.br/
Sítio do Ministério da Justiça do Estado de Minas Gerais, com textos de leis:
http://portal.mj.gov.br/sedh/ct/legis_intern/ddh_bib_inter_universal.htm
Sítio do Movimento Nacional de Direitos Humanos:
http://www.mndh.org.br/
Sítio da Comissão Interamericana de Direitos Humanos:
http://www.cidh.oas.org/comissao.htm
Sítio ProMenino, da Fundação Telefônica:
http://www.promenino.org.br/

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