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Essa tradição cíclica é bem caracterizada pela identificação dos governos militares com
o desenvolvimento econômico, especialmente o desenvolvimento industrial, a repressão
politica e a precedência da centralização do poder nacional em relação ao poder regional nos
estados. E pela identificação dos governos civis e oligárquicos com interesses rurais, com um
certo liberalismo politico e o fortalecimento dos estados (e, portanto, das oligarquias antigas e
novas). A cíclica alternância entre oligarquias (governos descentralizados) e militares (governos
centralizados).
Primeiro caso: a República foi proclamada pelos militares numa espécie de golpe de
Estado antecipatório contra o movimento republicano baseado nas províncias e nas
oligarquias. Depois, na Revolução de 1930, foi posto no poder uma aliança de militares e
oligarquias regionais marginalizadas – logo após a Revolução, por exemplo, vários coronéis
sertanejos foram presos na tentativa de desmantelar as bases do poder local.
Para Fausto a revolução de 1930 deve ser entendida como o resultado de conflitos
intraoligárquicos fortalecidos por movimentos militares dissidentes, que tinham como objetivo
golpear a hegemonia da burguesia cafeeira. Contudo, em virtude da incapacidade das demais
frações de classe para assumir o poder de maneira exclusiva e, com o colapso político da
burguesia do café, abriu-se um vazio de poder. A resposta para essa situação foi o Estado de
Compromisso. Vargas não estendeu aos trabalhadores rurais os direitos legais das Leis do
Trabalho de 1942.Para José de Souza Martins, Vargas não quis ou não pode enfrentar os
grandes proprietários de terra e seus aliados. No seu governo se estabeleceu as bases de um
contrato tácito, ainda vigente, onde, proprietários de terra não dirigem o governo, mas não
são por eles contrariados.
No fim das contas, o problema era mesmo o de saber quem consuziria o processo de
implantação das reformas sociais. Não havia na elite uma classe antagônica – uma burguesia
industrial, por exemplo – oposta aos interesses do latifúndio, que pudesse levar adiante
reformas sociais que não afetassem opções politicas e ideológicas fundamentais.
Às lutas dispersas e frágeis do campo foi dada uma dimensão que concretamente não
tinham. A de uma revolução agrária comunista. Portanto, identificadas com a opção ideológica
contraria àquela em que nos situávamos desde o fim da segunda guerra.
No brasil dos anos cinquenta e sessenta, portanto, a questão agraria emergiu em meio
as relações de classes que não se combinavam no sentido de fazer dela uma fator de mudança
e de modernização social e econômica.
O golpe não seria possível sem a ação ideológica de proprietários de terra que levaram
pras ruas a ideia de resistência às reformas sociais, invocando para isso a sacralidade dos
valores da tradição. Marcha da Familia com Deus pela Liberdade