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Aula 02

Noções de Direito Penal p/ PC-DF 2018 (Agente)


Professor: Renan Araujo

02492581705 - Marcia Antelo Lucas


DIREITO PENAL P/ PC-DF (2018) Ð AGENTE
Teoria e quest›es
Aula 02 Ð Prof. Renan Araujo

AULA 02
DO CRIME - CONCEITO. ELEMENTOS (PARTE I): FATO
TêPICO; CLASSIFICA‚ÌO DOS CRIMES (DOLOSO,
CULPOSO, CONSUMADO, TENTADO E IMPOSSêVEL).
ILICITUDE.
SUMçRIO
1 DO CRIME ............................................................................................................. 3
1.1 Conceito de crime .......................................................................................... 3
1.2 Fato t’pico e seus elementos .......................................................................... 5
1.2.1 Conduta ....................................................................................................... 5
1.2.2 Resultado natural’stico.................................................................................... 7
1.2.3 Nexo de Causalidade ...................................................................................... 8
1.2.4 Tipicidade ................................................................................................... 16
1.3 Crime doloso e crime culposo ....................................................................... 17
1.3.1 Crime doloso ............................................................................................... 17
1.3.2 Crime culposo ............................................................................................. 20
1.3.3 Crime preterdoloso....................................................................................... 22
1.4 Crime consumado, tentado e imposs’vel ...................................................... 23
1.4.1 Iter criminis ................................................................................................ 23
1.4.1.1 Cogita•‹o (cogitatio) .............................................................................. 23
1.4.1.2 Atos preparat—rios (conatus remotus) ...................................................... 23
1.4.1.3 Atos execut—rios.................................................................................... 24
1.4.1.4 Consuma•‹o ......................................................................................... 25
1.4.1.5 Exaurimento ......................................................................................... 25
1.4.2 Tentativa .................................................................................................... 25
1.4.3 Crime imposs’vel ......................................................................................... 28
1.4.4 Desist•ncia volunt‡ria e arrependimento eficaz ................................................ 30
1.4.5 Arrependimento posterior.............................................................................. 31
1.4.6 Causas de exclus‹o do fato t’pico ................................................................... 33
1.4.6.1 Coa•‹o f’sica irresist’vel ......................................................................... 33
1.4.6.2 Erro de tipo inevit‡vel ............................................................................ 34
1.4.6.3 Sonambulismo e atos reflexos ................................................................. 34
1.4.6.4 Insignific‰ncia e adequa•‹o social da conduta ........................................... 34
1.5 Ilicitude ....................................................................................................... 34
1.5.1 Estado de necessidade .................................................................................. 35
1.5.2 Leg’tima defesa ........................................................................................... 38
1.5.3 Estrito cumprimento do dever legal ................................................................ 40
1.5.4 Exerc’cio regular de direito ............................................................................ 41
1.5.5 Consentimento do ofendido ........................................................................... 42
1.5.6 Excesso pun’vel ........................................................................................... 43

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Teoria e quest›es
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2 DISPOSITIVOS LEGAIS IMPORTANTES ............................................................... 43
3 SòMULAS PERTINENTES ..................................................................................... 45
3.1 Sœmulas do STJ ............................................................................................ 45
4 RESUMO .............................................................................................................. 45
5 EXERCêCIOS DA AULA ......................................................................................... 52
6 EXERCêCIOS COMENTADOS ................................................................................. 60
7 GABARITO .......................................................................................................... 78

Salve, galera!

Na aula de hoje vamos adentrar ao estudo do crime, seu conceito e


elementos, estudando os dois primeiros elementos do crime: Fato t’pico
e ilicitude.

AlŽm disso, vamos ver as modalidades de CRIME (Doloso, culposo,


consumado, tentado e imposs’vel), conforme as mais variadas classifica•›es.

Bons estudos!

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1! DO CRIME
1.1!Conceito de crime
O Crime Ž um fen™meno social, disso nenhum de voc•s duvida. Entretanto,
como conceituar o crime juridicamente?
Muito se buscou na Doutrina acerca disso, tendo surgido inœmeras posi•›es
a respeito. Vamos tratar das principais.
O Crime pode ser entendido sob tr•s aspectos: Material, legal e anal’tico.
Sob o aspecto material, crime Ž toda a•‹o humana que lesa ou exp›e
a perigo um bem jur’dico de terceiro, que, por sua relev‰ncia, merece a
prote•‹o penal. Esse aspecto valoriza o crime enquanto conteœdo, ou seja,
busca identificar se a conduta Ž ou n‹o apta a produzir uma les‹o a um bem
jur’dico penalmente tutelado.
Assim, se uma lei cria um tipo penal dizendo que Ž proibido chorar em
pœblico, essa lei n‹o estar‡ criando uma hip—tese de crime em seu sentido
material, pois essa conduta NUNCA SERç crime em sentido material, pois n‹o
produz qualquer les‹o ou exposi•‹o de les‹o a bem jur’dico de quem quer que
seja. Assim, ainda que a lei diga que Ž crime, materialmente n‹o o ser‡.
Sob o aspecto legal, ou formal, crime Ž toda infra•‹o penal a que a lei
comina pena de reclus‹o ou deten•‹o, nos termos do art. 1¡ da Lei de
Introdu•‹o ao CP.1
Percebam que o conceito aqui Ž meramente legal. Se a lei cominar a uma
conduta a pena de deten•‹o ou reclus‹o, cumulada ou alternativamente com a
pena de multa, estaremos diante de um crime.
Por outro lado, se a lei cominar a apenas pris‹o simples ou multa, alternativa
ou cumulativamente, estaremos diante de uma contraven•‹o penal.
Esse aspecto consagra o SISTEMA DICOTïMICO adotado no Brasil, no
qual existe um g•nero, que Ž a infra•‹o penal, e duas espŽcies, que s‹o o crime
e a contraven•‹o penal. Assim:

1
Art 1¼ Considera-se crime a infra•‹o penal que a lei comina pena de reclus‹o ou de deten•‹o, quer
isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contraven•‹o, a infra•‹o penal a
que a lei comina, isoladamente, pena de pris‹o simples ou de multa, ou ambas. alternativa ou
cumulativamente.

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CRIMES
INFRAÇÕES
PENAIS
CONTRAVENÇÕES
PENAIS

Vejam que quando se diz Òinfra•‹o penalÓ, est‡ se usando um termo


genŽrico, que pode tanto se referir a um ÒcrimeÓ ou a uma Òcontraven•‹o penalÓ.
O termo ÒdelitoÓ, no Brasil, Ž sin™nimo de crime.
O crime pode ser conceituado, ainda, sob um aspecto anal’tico, que
o divide em partes, de forma a estruturar seu conceito.
Primeiramente surgiu a teoria quadripartida do crime, que entendia que
crime era todo fato t’pico, il’cito, culp‡vel e pun’vel. Hoje Ž praticamente
inexistente.
Depois, surgiram os defensores da teoria tripartida do crime, que
entendiam que crime era o fato t’pico, il’cito e culp‡vel. Essa Ž a teoria que
predomina no Brasil, embora haja muitos defensores da terceira teoria.
A terceira e œltima teoria acerca do conceito anal’tico de crime entende que
este Ž o fato t’pico e il’cito, sendo a culpabilidade mero pressuposto de
aplica•‹o da pena. Ou seja, para esta corrente, o conceito de crime Ž
bipartido, bastando para sua caracteriza•‹o que o fato seja t’pico e il’cito.
As duas œltimas correntes possuem defensores e argumentos de peso.
Entretanto, a que predomina ainda Ž a corrente tripartida. Portanto, na
prova objetiva, recomendo que adotem esta, a menos que a banca seja muito
expl’cita e voc•s entenderem que eles claramente s‹o adeptos da teoria bipartida,
o que acho pouco prov‡vel.
Todos os tr•s aspectos (material, legal e anal’tico) est‹o presentes
no nosso sistema jur’dico-penal. De fato, uma conduta pode ser
materialmente crime (furtar, por exemplo), mas n‹o o ser‡ se n‹o houver
previs‹o legal (n‹o ser‡ legalmente crime). Poder‡, ainda, ser formalmente crime
(no caso da lei que citei, que criminalizava a conduta de chorar em pœblico), mas
n‹o o ser‡ materialmente se n‹o trouxer les‹o ou amea•a a les‹o de algum bem
jur’dico de terceiro.
Desta forma:

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MATERIAL

CONCEITO DE TEORIA
FORMAL
CRIME BIPARTIDA

TEORIA ADOTADA PELO


ANALÍTICO
TRIPARTIDA CP

TEORIA
QUADRIPARTIDA

Esse œltimo conceito de crime (sob o aspecto anal’tico), Ž o que vai


nos fornecer os subs’dios para que possamos estudar os elementos do
crime (Fato t’pico, ilicitude e culpabilidade).
O fato t’pico Ž o primeiro dos elementos do crime, sendo a tipicidade um de
seus pressupostos. Vamos estud‡-lo, ent‹o!

1.2! Fato t’pico e seus elementos


O fato t’pico tambŽm se divide em elementos, s‹o eles:
¥! Conduta humana (alguns entendem poss’vel a conduta de
pessoa jur’dica)
¥! Resultado natural’stico
¥! Nexo de causalidade
¥! Tipicidade

1.2.1!Conduta
Tr•s s‹o as principais teorias2 que buscam explicar a conduta: Teoria
causal-natural’stica (ou cl‡ssica), finalista e social.

2
Temos, ainda, outras teorias de menor relev‰ncia para fins de concurso, como a teoria funcionalista
teleol—gica de CLAUS ROXIN, segundo a qual a no•‹o de ÒcondutaÓ deve estar vinculada ˆ fun•‹o do Direito
Penal (que Ž a de prote•‹o de bens jur’dicos). Logo, conduta seria a a•‹o ou omiss‹o, dolosa ou culposa,
que provoque (ou seja destinada a provocar) uma ofensa relevante ao bem jur’dico.
H‡, ainda, o funcionalismo sist•mico (tambŽm chamado de radical), cujo principal expoente Ž JAKOBS.
Para essa teoria a conduta deve ser analisada com base na fun•‹o que o Direito Penal cumpre no sistema
social, mais precisamente, a fun•‹o de reafirmar a ordem violada pelo ato criminoso. Assim, para esta teoria,
a conduta seria a a•‹o ou omiss‹o, dolosa ou culposa, que viola o sistema e frustra a expectativa normativa

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Para a teoria causal-natural’stica, conduta Ž a a•‹o humana. Assim,
basta que haja movimento corporal para que exista conduta. Esta teoria est‡
praticamente abandonada, pois entende que n‹o h‡ necessidade de se analisar
o conteœdo da vontade do agente nesse momento, guardando esta an‡lise (dolo
ou culpa) para quando do estudo da culpabilidade.3
EXEMPLO: JosŽ est‡ conversando com Maria na rua, quando Paulo d‡ um susto
em JosŽ que, mediante um movimento reflexo, acerta um tapa em Tiago, que
passava pelo local, causando-lhe les‹o corporal leve. Neste caso, para a teoria
causalista, o importante seria saber se foi o movimento corporal de JosŽ que
provocou o resultado. No caso, de fato foi JosŽ quem provocou a les‹o corporal
em Tiago. Assim, para a teoria causalista, neste exemplo ter’amos uma conduta
penalmente relevante, j‡ que o movimento corporal de JosŽ provocou a les‹o em
Tiago. Para esta teoria, portanto, seria irrelevante, neste momento, saber se JosŽ
agiu com dolo ou culpa, o que s— seria analisado futuramente, para definir se
havia ou n‹o culpabilidade.

Assim, para a teoria causalista a conduta seria um simples processo f’sico,


um processo f’sico-causal, desprovido de qualquer finalidade por parte do agente.
A finalidade seria objeto de an‡lise na culpabilidade.
Para a teoria finalista, que foi idealizada por Hans Welzel, a conduta
humana Ž a a•‹o (positiva ou negativa) volunt‡ria dirigida a uma determinada
finalidade. Assim:
Conduta = vontade + a•‹o ou
omiss‹o

Logo, retirando-se um dos elementos da conduta, esta n‹o existir‡, o que


acarreta a inexist•ncia de fato t’pico. ƒ necess‡ria, portanto, a conjuga•‹o do
aspecto objetivo (a•‹o ou omiss‹o) e do aspecto subjetivo (vontade).

EXEMPLO: Jo‹o olha para Roberto e o agride, por livre espont‰nea vontade.
Estamos diante de uma conduta (quis agir e agrediu) dolosa (quis o resultado).
Agora, se Jo‹o dirige seu carro, v• Roberto e sem querer, o atinge, estamos
diante de uma conduta (quis dirigir e acabou ferindo) culposa (n‹o quis o
resultado).

Vejam que a ÒvontadeÓ a que se refere como elemento da conduta Ž uma


vontade de meramente praticar o ato que ensejou o crime, ainda que o resultado
que se pretendesse n‹o fosse il’cito. Quando a vontade (elemento da
conduta) Ž dirigida ao fim criminoso, o crime Ž doloso. Quando a vontade

(expectativa de que todos cumpram a norma). Importa saber, portanto, se houve viola•‹o ˆ norma, n‹o
importando se h‡ alguma ofensa a bens jur’dicos.
3
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. cit., p. 287/288

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Ž dirigida a outro fim (que atŽ pode ser criminoso, mas n‹o aquele) o crime Ž
culposo.
Esta Ž a teoria adotada em nosso ordenamento jur’dico.
Vejamos os termos do art. 20 do CP4:
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite
a puni•‹o por crime culposo, se previsto em lei.

Ora, se a lei prev• que o erro sobre um elemento do tipo exclui o dolo e a
culpa, se inevit‡vel, ou somente o dolo, se evit‡vel, Ž porque entende que estes
elementos subjetivos est‹o no tipo (fato t’pico), n‹o na culpabilidade. Assim, a
conduta Ž, necessariamente, volunt‡ria.
A grande evolu•‹o da teoria finalista, portanto, foi conceber a conduta como
um Òacontecimento finalÓ5, ou seja, somente h‡ conduta quando o agir de alguŽm
Ž dirigido a alguma finalidade (seja ela l’cita ou n‹o).
Para terceira teoria, a teoria social, a conduta Ž a a•‹o humana, volunt‡ria
e que Ž dotada de alguma relev‰ncia social.6
H‡ cr’ticas a esta teoria, pois a relev‰ncia social n‹o seria um elemento
estruturante da conduta, mas uma qualidade que esta poderia ou n‹o possuir.
Assim, a conduta que n‹o fosse socialmente relevante continuaria sendo
conduta.7
Verifica-se, portanto, que a conduta, para fins penais, pode se dar por a•‹o
ou por omiss‹o.

1.2.2!Resultado natural’stico
O resultado natural’stico Ž a modifica•‹o do mundo real provocada
pela conduta do agente.8
Entretanto, apenas nos crimes chamados materiais se exige um
resultado natural’stico. Nos crimes formais e de mera conduta n‹o h‡ essa
exig•ncia.
Os crimes formais s‹o aqueles nos quais o resultado natural’stico pode
ocorrer, mas a sua ocorr•ncia Ž irrelevante para o Direito Penal. J‡ os crimes de
mera conduta s‹o crimes em que n‹o h‡ um resultado natural’stico poss’vel.
Vou dar um exemplo de cada um dos tr•s:

4
DOTTI, RenŽ Ariel. Curso de Direito Penal, Parte Geral. 4. ed. S‹o Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2012,
p. 397
5
DOTTI, RenŽ Ariel. Curso de Direito Penal, Parte Geral. 4. ed. S‹o Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2012,
p. 396
6
DOTTI, RenŽ Ariel. Op. cit. p. 397
7
ROXIN, Claus. Derecho penal, parte general: Tomo I. Civitas. Madrid, 1997, p. 246/247
8
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. cit., p. 354

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¥! Crime material Ð Homic’dio. Para que o homic’dio seja consumado, Ž
necess‡rio que a v’tima venha a —bito. Caso isso n‹o ocorra, estaremos
diante de um homic’dio tentado (ou les›es corporais culposas);
¥! Crime formal Ð Extors‹o (art. 158 do CP). Para que o crime de extors‹o
se consume n‹o Ž necess‡rio que o agente obtenha a vantagem il’cita,
bastando o constrangimento ˆ v’tima;
¥! Crime de mera conduta Ð Invas‹o de domic’lio. Nesse caso, a mera
presen•a do agente, indevidamente, no domic’lio da v’tima caracteriza o
crime. N‹o h‡ um resultado previsto para esse crime. Qualquer outra
conduta praticada a partir da’ configura crime aut™nomo (furto, roubo,
homic’dio, etc.).

AlŽm do resultado natural’stico (que nem sempre estar‡ presente), h‡ tambŽm


o resultado jur’dico (ou normativo), que Ž a les‹o ao bem jur’dico tutelado
pela norma penal. Esse resultado sempre estar‡ presente! Cuidado com
isso! Assim, se a banca perguntar: ÒH‡ crime sem resultado jur’dico?Ó A
resposta Ž NÌO!9

1.2.3!Nexo de Causalidade
Nos termos do art. 13 do CP:
Art. 13 - O resultado, de que depende a exist•ncia do crime, somente Ž imput‡vel a
quem lhe deu causa. Considera-se causa a a•‹o ou omiss‹o sem a qual o resultado n‹o
teria ocorrido.

Assim, o nexo de causalidade pode ser entendido como o v’nculo que une
a conduta do agente ao resultado natural’stico ocorrido no mundo exterior.
Portanto, s— se aplica aos crimes materiais!
Algumas teorias existem acerca do nexo de causalidade:
¥!TEORIA DA EQUIVALæNCIA DOS ANTECEDENTES (OU DA CONDITIO
SINE QUA NON) Ð Para esta teoria, Ž considerada causa do crime toda conduta
sem a qual o resultado n‹o teria ocorrido. Assim, para se saber se uma conduta
Ž ou n‹o causa do crime, devemos retir‡-la do curso dos acontecimentos e ver
se, ainda assim, o crime ocorreria (Processo hipotŽtico de elimina•‹o de
ThyrŽn). EXEMPLO: Marcelo acorda de manh‹, toma cafŽ, compra uma arma e
encontra Jœlio, seu desafeto, disparando tr•s tiros contra ele, causando-lhe a
morte. Retirando-se do curso o cafŽ tomado por Marcelo, conclu’mos que o

9
Pelo princ’pio da ofensividade, n‹o Ž poss’vel haver crime sem resultado jur’dico. BITENCOURT, Cezar
Roberto. Op. cit., p. 354

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resultado teria ocorrido do mesmo jeito. Entretanto, se retirarmos a compra da
arma do curso do processo, o crime n‹o teria ocorrido.
O inconveniente claro desta teoria Ž que ela permite que se coloquem como
causa situa•›es absurdas, como a venda da arma ou atŽ mesmo o nascimento
do agente, j‡ que se os pais n‹o tivessem colocado a crian•a no mundo, o crime
n‹o teria acontecido. Isso Ž um absurdo!
Assim, para solucionar o problema, criou-se outro filtro que Ž o dolo.
Logo, s— ser‡ considerada causa a conduta que Ž indispens‡vel ao
resultado e que foi querida pelo agente. Assim, no exemplo anterior, o
vendedor da arma n‹o seria responsabilizado, pois nada mais fez que vender seu
produto, n‹o tendo a inten•‹o (nem sequer imaginou) de ver a morte de Jœlio.
Nesse sentido:
CAUSA = conduta indispens‡vel ao resultado + que tenha
sido prevista e querida por quem a praticou

Podemos dizer, ent‹o, que a causalidade aqui n‹o Ž meramente f’sica, mas
tambŽm, psicol—gica.
Essa foi a teoria adotada pelo C—digo Penal, como regra.

¥!TEORIA DA CAUSALIDADE ADEQUADA Ð Trata-se de teoria tambŽm


adotada pelo C—digo Penal, porŽm, somente em uma hip—tese muito espec’fica.
Trata-se da hip—tese de concausa superveniente relativamente
independente que, por si s—, produz o resultado10. Como assim? Vamos
explicar desde o come•o!
As concausas s‹o circunst‰ncias que atuam paralelamente ˆ conduta
do agente em rela•‹o ao resultado. As concausas podem ser: absolutamente
independentes e relativamente independentes.
As concausas absolutamente independentes s‹o aquelas que n‹o se
juntam ˆ conduta do agente para produzir o resultado, e podem ser
preexistentes (existiam antes da conduta), concomitantes (surgiram durante a
conduta) e supervenientes (surgiram ap—s a conduta). Exemplos:

EXEMPLO (1) Pedro resolve matar Jo‹o, e coloca veneno em seu drink.
PorŽm, Pedro n‹o sabe que Marcelo tambŽm queria matar Jo‹o e minutos
antes tambŽm havia colocado veneno no drink de Jo‹o, que vem a morrer em
raz‹o do veneno colocado por Marcelo. Nesse caso, a concausa preexistente
(conduta de Marcelo) produziu por si s— o resultado (morte). Nesse caso, Pedro
responder‡ somente por tentativa de homic’dio.
__________________________________________________

10
CUNHA, RogŽrio Sanches. Manual de Direito Penal. Parte Especial. 7¼ edi•‹o. Ed. Juspodivm. Salvador,
2015, p. 232/233

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EXEMPLO (2) Pedro resolve matar Jo‹o, e come•a a disparar contra ele
projŽteis de arma de fogo. Entretanto, durante a execu•‹o, o teto da casa de
Jo‹o desaba sobre ele, vindo a causar-lhe a morte. Aqui, a causa concomitante
(queda do teto) produziu isoladamente o resultado (morte). Portanto, Pedro
responde somente por homic’dio tentado.
__________________________________________________
EXEMPLO (3) Pedro resolve matar Jo‹o, desta vez, ministrando em sua
bebida certa dose de veneno. Entretanto, antes que o veneno fa•a efeito,
Marcelo aparece e dispara 10 tiros de pistola contra Jo‹o, o mantando. Nesse
caso, Pedro responder‡ somente por homic’dio tentado.
__________________________________________________
Em todos estes casos o agente NÌO responde pelo resultado ocorrido.
Por qual motivo? Sua conduta NÌO FOI a causa da morte (aplica-se a
pr—pria e j‡ falada teoria da equival•ncia dos antecedentes). Se suprimirmos
a conduta de cada um destes agentes (nos tr•s exemplos), o resultado morte
ainda assim teria ocorrido da mesma forma. Logo, a conduta dos agentes
NÌO Ž considerada causa.

Entretanto, pode ocorrer de a concausa n‹o produzir por si s— o resultado


(absolutamente independente), afastando o nexo entre a conduta do agente e o
resultado, mas unir-se ˆ conduta do agente e, juntas, produzirem o resultado.
Essas s‹o as chamadas concausas relativamente independentes, que
tambŽm podem ser preexistentes, concomitantes ou supervenientes.
Mais uma vez, vou dar um exemplo de cada uma das tr•s e explicar quais
os efeitos jur’dico-penais em rela•‹o ao agente. Primeiro come•arei pelas
preexistentes e concomitantes. Ap—s, falarei especificamente sobre as
supervenientes.

EXEMPLO (1) Caio decide matar Maria, desferindo contra ela golpes de fac‹o,
causando-lhe a morte. Entretanto, Maria era hemof’lica (condi•‹o conhecida
por Caio), tendo a doen•a contribu’do em grande parte para seu —bito.
Nesse caso, embora a doen•a (concausa preexistente) tenha contribu’do para
o —bito, Caio responde por homic’dio consumado. Por qual motivo? Sua
conduta FOI a causa da morte (aplica-se a pr—pria e j‡ falada teoria da
equival•ncia dos antecedentes). Se suprimirmos a conduta de Caio, o
resultado teria ocorrido? N‹o. Caio teve a inten•‹o de produzir o resultado?
Sim. Logo, responde pelo resultado (homic’dio consumado).
___________________________________________________
EXEMPLO (2) Pedro resolve matar Jo‹o, e coloca em seu drink determinada
dose de veneno. Ao mesmo tempo, Ricardo faz a mesma coisa. Pedro e Ricardo
querem a mesa coisa, mas n‹o se conhecem nem sabem da conduta um do
outro. Jo‹o ingere a bebida e acaba falecendo. A per’cia comprova que
qualquer das doses de veneno, isoladamente, n‹o seria capaz de produzir o
resultado. PorŽm, a soma de esfor•os de ambas (a soma das quantidades de

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veneno) produziu o resultado. Assim, Pedro responde por homic’dio
consumado.
Por qual motivo? Sua conduta FOI a causa da morte (aplica-se a pr—pria
e j‡ falada teoria da equival•ncia dos antecedentes). Se suprimirmos a
conduta de Pedro, o resultado teria ocorrido? N‹o. Pedro teve a inten•‹o de
produzir o resultado? Sim. Logo, responde pelo resultado (homic’dio
consumado).

AtŽ aqui n—s conseguimos resolver todos os casos pela teoria da equival•ncia
dos antecedentes, da seguinte forma:
¥! Nas concausas absolutamente independentes Ð Em todos os
casos a conduta do agente n‹o contribuiu para o resultado. Logo,
pelo ju’zo hip—tese de elimina•‹o, a conduta do agente n‹o foi causa.
Portanto, n‹o responde pelo resultado.
¥! Nas concausas relativamente independentes (Preexistentes e
concomitantes) Ð Em todos os casos a conduta do agente
contribuiu para o resultado. Logo, pelo ju’zo hip—tese de elimina•‹o,
a conduta do agente foi causa. Portanto, responde pelo resultado.

Agora Ž que a coisa complica um pouco.


No caso das concausas supervenientes relativamente independentes,
podem acontecer duas coisas:
§! A causa superveniente produz por si s— o resultado
§! A causa superveniente se agrega ao desdobramento natural da
conduta do agente e ajuda a produzir o resultado.

EXEMPLO (1) - Pedro resolve matar Jo‹o (insistente esse cara!), e dispara 25
tiros contra ele, usando seu Fuzil Autom‡tico Ligeiro-Fal, CALIBRE 7.62 (agora
vai!). Jo‹o fica estirado no ch‹o, Ž socorrido por uma ambul‰ncia e, no caminho
para o Hospital, sofre um acidente de carro (a ambul‰ncia bate de frente com
uma carreta) e vem a morrer em raz‹o do acidente, n‹o dos ferimentos
causados por Pedro.
Nesse caso, Pedro responde apenas por tentativa de homic’dio.
Por qual motivo? Sua conduta n‹o foi a causa da morte. Mas, se
suprimirmos a conduta de Pedro, o resultado teria ocorrido? N‹o. Pedro teve a
inten•‹o de produzir o resultado? Sim.
Ent‹o por que n‹o responde pelo resultado??
Aqui o CP adotou a teoria da causalidade adequada. A causa
superveniente (acidente de tr‰nsito) produziu por si s— o resultado, j‡ que o
acidente de ambul‰ncia n‹o Ž o desdobramento natural de um disparo de arma

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de fogo (esse resultado n‹o Ž consequ•ncia natural e previs’vel da conduta do
agente11).
Perceba que a concausa superveniente (acidente de carro), apesar de
produzir sozinha o resultado, n‹o Ž absolutamente independente, pois
se n‹o fosse a conduta de Pedro, o acidente n‹o teria ocorrido (j‡ que a v’tima
n‹o estaria na ambul‰ncia).
Por isso dizemos que, aqui, temos:
§! Concausa superveniente relativamente independente Ð A conduta
de Pedro Ž relevante para o resultado.
§! Que por si s— produziu o resultado Ð Apesar disso, a conduta de Pedro
foi relevante apenas por CRIAR A SITUA‚ÌO, mas n‹o foi a respons‡vel
efetiva pela morte.

EXEMPLO (2) - No mesmo exemplo anterior, Jo‹o Ž socorrido e chegando ao


Hospital, Ž submetido a uma cirurgia. Durante a cirurgia, o ferimento infecciona
e Jo‹o morre por infec•‹o. Nesse caso, a causa superveniente (infec•‹o
hospitalar) n‹o produziu por si s— o resultado, tendo se agregado aos
ferimentos para causar a morte de Jo‹o. Nesse caso, Pedro responde por
homic’dio consumado.

Mas qual a diferen•a entre o exemplo (1) e o exemplo (2)? A diferen•a


b‡sica reside no fato de que:
§! No exemplo (1) Ð A conduta do agente Ž relevante em apenas um
momento: por criar a situa•‹o (necessidade de ser transportado pela
ambul‰ncia).
§! No exemplo (2) - A conduta do agente Ž relevante em dois
momentos: (a) cria a situa•‹o, ao fazer com que a v’tima tenha que
ser operada; (b) contribui para o pr—prio resultado (j‡ que a infec•‹o
do ferimento n‹o Ž um novo nexo causal).

Segue abaixo um esquema para melhor compreens‹o:

11
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal Ð Parte Geral. Ed. Saraiva, 21¼ edi•‹o. S‹o Paulo,
2015, p. 324/325

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AGENTE NÃO
RESPONDE PELO TEORIA DA
ABSOLUTAMENTE
INDEPENDENTES RESULTADO, POIS EQUIVALÊNCIA DOS
SUA CONDUTA ANTECEDENTES
NÃO FOI CAUSA.

CONCAUSAS PREEXISTENTES AGENTE RESPONDE PELO TEORIA DA


OU RESULTADO, POIS SUA EQUIVALÊNCIA DOS
CONCOMITANTES CONDUTA FOI CAUSA. ANTECEDENTES

PRODUZIU SOZINHA
RELATIVAMENTE O RESULTADO - NÃO
INDEPENDENTES TEORIA DA
RESPONDE PELO
CAUSALIDADE
RESULTADO. É
ADEQUADA
CAUSA, MAS NÃO É
CAUSA ADEQUADA.
SUPERVENIENTES
NÃO PRODUZIU
SOZINHA O
RESULTADO - TEORIA DA
EQUIVALÊNCIA DOS
RESPONDE PELO ANTECEDENTES
RESULTADO - FOI
CAUSA

¥! TEORIA DA IMPUTA‚ÌO OBJETIVA Ð A teoria da imputa•‹o objetiva, que


foi melhor desenvolvida por Roxin12, tem por finalidade ser uma teoria mais
completa em rela•‹o ao nexo de causalidade, em contraposi•‹o ˆs "vigentes"
teoria da equival•ncia das condi•›es e teoria da causalidade adequada.
Para a teoria da imputa•‹o objetiva, a imputa•‹o s— poderia ocorrer quando o
agente tivesse dado causa ao fato (causalidade f’sica) mas, ao mesmo tempo,
houvesse uma rela•‹o de causalidade NORMATIVA, assim compreendida como
a cria•‹o de um risco n‹o permitido para o bem jur’dico que se pretende
tutelar. Para esta teoria, a conduta deve:
a)! Criar ou aumentar um risco Ð Assim, se a conduta do agente n‹o aumentou
nem criou um risco, n‹o h‡ crime13. Exemplo cl‡ssico: JosŽ conversa com
Paulo na cal•ada. Pedro, inimigo de Paulo, atira um vaso de planta do 10¼
andar, com a finalidade de matar Paulo. JosŽ v• que o vaso ir‡ cair sobre a
cabe•a de Paulo e o empurra. Paulo cai no ch‹o e fratura levemente o bra•o.
Neste caso, JosŽ deu causa (causalidade f’sica) ˆs les›es corporais sofridas
por Paulo. Contudo, sua conduta n‹o criou nem aumentou um risco. Ao
contr‡rio, JosŽ diminuiu um risco, ao evitar a morte de Paulo.
b)! Risco deve ser proibido pelo Direito Ð Aquele que cria um risco de les‹o para
alguŽm, em tese n‹o comete crime, a menos que esse risco seja proibido pelo
Direito. Assim, o filho que manda os pais em viagem para a Europa, na
inten•‹o de que o avi‹o caia, os pais morram, e ele receba a heran•a, n‹o
comete crime, pois o risco por ele criado n‹o Ž proibido pelo Direito.
c)! Risco deve ser criado no resultado Ð Assim, um crime n‹o pode ser imputado
ˆquele que n‹o criou o risco para aquela ocorr•ncia. Explico: Imaginem que

12
ROXIN, Claus. Derecho penal, parte general: Tomo I. Civitas. Madrid, 1997, p. 362/411
13
ROXIN, Claus. Op. cit., p. 365

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JosŽ ateia fogo na casa de Maria. JosŽ causou um risco, n‹o permitido pelo
Direito. Deve responder pelo crime de inc•ndio doloso, art. 250 do CP.
Entretanto, Maria invade a casa em chamas para resgatar a œnica foto que
restou de seu filho falecido, sendo lambida pelo fogo, vindo a falecer. Nesse
caso, JosŽ n‹o responde pelo crime de homic’dio, pois o risco por ele criado
n‹o se insere nesse resultado, que foi provocado pela conduta exclusiva de
Maria.

A conduta humana, como se viu, pode ser uma a•‹o ou uma omiss‹o.
A quest‹o Ž: Qual Ž o resultado natural’stico que advŽm de uma omiss‹o?
Naturalisticamente nenhum, pois do nada, nada surge.

⇒! Assim, se uma omiss‹o n‹o pode gerar um resultado natural’stico,


como definir o nexo de causalidade nos crimes omissivos?

Para a perfeita compreens‹o dos crimes omissivos, Ž necess‡rio dividi-los


em duas espŽcies: crimes omissivos puros (ou pr—prios), e crimes omissivos
impuros (ou impr—prios).
Nos crimes omissivos puros o agente se omite quando o tipo penal
estabelece que a omiss‹o, naquelas circunst‰ncias, tipifica o delito.
EXEMPLO: Pedro passava por uma rua quando percebeu que Maria se
encontrava ca’da no ch‹o, clamando por ajuda. Pedro atŽ podia ajudar, sem que
isso representasse qualquer risco para sua pessoa. Todavia, Pedro decidiu n‹o
prestar socorro ˆ Maria.

No exemplo anterior, Pedro se omitiu, deixando de prestar socorro a quem


necessitava, mesmo podendo fazer isso sem risco pessoal. Neste caso, Pedro
praticou um crime omissivo pr—prio, pois o art. 135 do CP criminaliza esta
conduta. Vejamos:
Omiss‹o de socorro
Art. 135 - Deixar de prestar assist•ncia, quando poss’vel faz•-lo sem risco pessoal, ˆ crian•a
abandonada ou extraviada, ou ˆ pessoa inv‡lida ou ferida, ao desamparo ou em grave e
iminente perigo; ou n‹o pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pœblica:
Pena - deten•‹o, de um a seis meses, ou multa.

Como se v•, o tipo penal estabelece que aquele que n‹o fizer o que norma
determina responder‡ por aquele crime. Assim, no crime omissivo puro o agente
simplesmente descumpre a norma penal, que impunha o dever de agir.
Neste caso, Ž irrelevante avaliar se houve qualquer resultado (no exemplo,
Ž irrelevante saber se houve dano ˆ v’tima), pois o agente responde
criminalmente pelo simples fato de ter violado a norma penal, descumprindo o
mandamento.

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Nos crimes omissivos impuros, ou impr—prios, tambŽm chamados de
crimes comissivos por omiss‹o n‹o h‡ um tipo penal que estabele•a como crime
uma conduta omissiva. Em tais crimes o agente Ž responsabilizado por um
determinado resultado lesivo, por ter se omitido quando tinha o dever legal
de agir, n‹o imposto ˆs pessoas em geral.
EXEMPLO: Maria Ž casada com JosŽ. Todavia, Maria possui uma filha de 11 anos
de idade, Joana, oriunda de seu casamento anterior. Certo dia, Maria descobre
que JosŽ est‡ tendo rela•›es sexuais com sua filha. Com receio de que JosŽ se
separe dela, Maria n‹o adota nenhuma provid•ncia, ou seja, acompanha a
situa•‹o sem nada fazer para impedir que sua filha seja estuprada.

Neste caso, Maria praticou um crime omissivo impr—prio. Isto porque Maria
tinha o espec’fico dever de prote•‹o e cuidado em rela•‹o ˆ sua filha, de
forma que tinha o dever de agir para impedir que a filha fosse v’tima daquele
crime, ou seja, tinha o dever de agir para impedir a ocorr•ncia do resultado.
Se nos crimes omissivos puros a an‡lise do resultado Ž irrelevante, porque
o agente responde simplesmente por ter se omitido, nos crimes omissivos
impuros a an‡lise do resultado Ž penalmente relevante, pois o pr—prio resultado
ser‡ imputado ˆquele que se omitiu. No exemplo anterior, portanto, Maria
responder‡ pelo pr—prio crime de estupro (no caso, estupro de vulner‡vel, art.
217-A do CP), pois tinha o dever legal espec’fico de agir para evitar o
resultado.

A quest‹o que se coloca Ž: Qual Ž o resultado natural’stico que advŽm


de uma omiss‹o? Naturalisticamente nenhum, pois do nada, nada surge. Ent‹o,
como a m‹e poderia responder pelo estupro da filha, j‡ que a conduta da m‹e,
tecnicamente, n‹o foi a causa do estupro?
Tecnicamente falando, a conduta da m‹e n‹o deu causa ao resultado. O
resultado foi provocado pela conduta do padrasto. Entretanto, pela teoria
natural’stico-normativa, o resultado ser‡ imputado ˆ m‹e, em raz‹o do seu
descumprimento do dever de vigil‰ncia e cuidado.
Assim, nos crimes omissivos impr—prios a rela•‹o de causalidade que
liga a conduta do agente (uma omiss‹o) ao resultado NÌO ƒ FêSICA (pois a
omiss‹o n‹o d‡ causa ao resultado), mas NORMATIVA, ou seja, o resultado Ž a
ele imputado em raz‹o do descumprimento da norma (omitir-se, quando deveria
agir), num racioc’nio de presun•‹o: se o agente tivesse agido, possivelmente
teria evitado o resultado; como n‹o o fez, deve responder por ele.

RELAÇÃO DE
CRIMES CAUSALIDADE RESULTADO
COMISSIVOS FÍSICA OU NATURALÍSTICO
NATURAL

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CRIMES COMISSIVOS RELAÇÃO DE


POR OMISSÃO RESULTADO
(OMISSIVOS
CAUSALIDADE NATURALÍSTICO
IMPRÓPRIOS) NORMATIVA

1.2.4!Tipicidade
A tipicidade pode ser de duas ordens: tipicidade formal e tipicidade
material.
A tipicidade formal nada mais Ž que a adequa•‹o da conduta do agente
a uma previs‹o t’pica (norma penal que prev• o fato e lhe descreve como
crime). Assim, o tipo do art. 121 Ž: Òmatar alguŽmÓ. Portanto, quando Marcio
esfaqueia Luiz e o mata, est‡ cometendo fato t’pico (tipicidade formal), pois est‡
praticando uma conduta que encontra previs‹o como tipo penal.
N‹o h‡ muito o que se falar acerca da tipicidade formal. Basta que o
intŽrprete proceda ao cotejo entre a conduta praticada no caso concreto e
a conduta prevista na Lei Penal (subsun•‹o). Se a conduta praticada se
amoldar ˆquela prevista na Lei Penal, o fato ser‡ t’pico, ou seja, haver‡
adequa•‹o t’pica, por estar presente o elemento ÒtipicidadeÓ.

CUIDADO! Nem sempre a conduta praticada pelo agente se amolda


perfeitamente ao tipo penal (adequa•‹o imediata). Ës vezes Ž necess‡rio que se
proceda ˆ an‡lise de outro dispositivo da Lei Penal para se chegar ˆ conclus‹o de
que um fato Ž t’pico (adequa•‹o mediata).
EXEMPLO: Imaginem que Abreu (El Loco) dispara contra Adriano (El Imperador),
que n‹o morre. Nesse caso, como dizer que Abreu praticou fato t’pico (homic’dio
tentado), se o art. 121 diz ÒmatarÓ alguŽm, o que n‹o ocorreu? Nessa hip—tese,
conjuga-se o art. 121 do CP com seu art. 14, II, que diz ser o crime pun’vel na
modalidade tentada.

Assim, a adequa•‹o t’pica pode ser:


⇒! Imediata (direta) Ð Conduta do agente Ž exatamente aquela descrita
na norma penal incriminadora. Ex.: JosŽ atira em Maria, querendo sua
morte, e Maria morre. H‡ adequa•‹o t’pica imediata ao tipo penal do
art. 121 do CP.
⇒! Mediata (indireta) Ð A conduta do agente n‹o corresponde
exatamente ao que diz o tipo penal, sendo necess‡ria uma norma de
extens‹o. Ex.: Paulo empresta a arma para que JosŽ mate Maria, o

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que efetivamente ocorre. Paulo n‹o praticou a conduta de Òmatar
alguŽmÓ, logo, a adequa•‹o t’pica depende do art. 29 do CP (que
determina que os part’cipes respondam pelo crime). Assim: art. 121
+ art. 29 do CP.

Por fim, temos ainda a tipicidade material, que Ž a ocorr•ncia de uma


ofensa (les‹o ou exposi•‹o a risco) significativa ao bem jur’dico.
Assim, n‹o haver‡ tipicidade material quando a conduta, apesar de
formalmente t’pica (prevista na Lei como crime), n‹o for capaz de afetar
significativamente o bem jur’dico protegido pela norma. Um exemplo disso ocorre
nas hip—teses em que h‡ aplica•‹o do princ’pio da insignific‰ncia.
EXEMPLO: JosŽ subtrai uma folha de papel em branco, pertencente ˆ escola em
que o filho estuda. Neste caso, a conduta Ž formalmente t’pica (est‡ prevista na
Lei como crime de furto). Todavia, n‹o h‡ tipicidade material, j‡ que n‹o Ž uma
conduta capaz de ofender significativamente o bem jur’dico protegido pela norma
(o patrim™nio da escola).

1.3!Crime doloso e crime culposo


O dolo e a culpa s‹o o que se pode chamar de elementos subjetivos do
tipo penal.
Com o finalismo de HANS WELZEL, o dolo e a culpa (elementos
subjetivos) foram transportados da culpabilidade para o fato t’pico14
(conduta). Assim, a conduta (no finalismo) n‹o Ž mais apenas objetiva, sin™nimo
de a•‹o humana, mas sim a a•‹o humana dirigida a um fim (il’cito ou n‹o).
Vamos estudar cada um destes elementos separadamente.

1.3.1!Crime doloso
O dolo Ž o elemento subjetivo do tipo, consistente na vontade, livre e
consciente, de praticar o crime (dolo direto), ou a assun•‹o do risco produzido
pela conduta (dolo eventual). Nos termos do art. 18 do CP:
Art. 18 - Diz-se o crime: (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Crime doloso(Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;(Inclu’do pela
Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)

O dolo direto, que Ž o elemento subjetivo cl‡ssico do crime, Ž composto


pela consci•ncia de que a conduta pode lesar um bem jur’dico mais a vontade de
lesar este bem jur’dico. Esses dois elementos (consci•ncia + vontade)
formam o que se chama de dolo natural.

14
BITENCOURT, Op. cit., p. 290/291

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Em Žpocas passadas, quando se entendia que o dolo pertencia ˆ
culpabilidade, a esses dois elementos (consci•ncia e vontade) era acrescido mais
um elemento, que era a consci•ncia da ilicitude. Esse era o chamado dolo
normativo. Assim, para que o dolo ficasse caracterizado era necess‡rio
comprovar que o agente teve n‹o s— a vontade livre e consciente de alcan•ar o
resultado, mas tambŽm comprovar que o agente sabia que sua conduta era
contr‡ria ao Direito.
Atualmente, com a transposi•‹o do dolo e da culpa para o fato t’pico (em
raz‹o da teoria finalista), os elementos normativos do dolo ficaram na
culpabilidade, de maneira que a chamada Òconsci•ncia da ilicitude da condutaÓ15
n‹o mais Ž analisada dentro do dolo em si, mas na culpabilidade. Para definir,
portanto, se o fato constitui uma conduta dolosa n‹o Ž necess‡rio, hoje, saber se
o agente tinha consci•ncia de que sua conduta era contr‡ria ao Direito, o que s—
ser‡ analisado na culpabilidade.
Desta maneira, podemos dizer que no finalismo o dolo Ž natural e no
causalismo o dolo Ž normativo.
O dolo direto pode ser, ainda, de segundo grau, ou de
consequ•ncias necess‡rias. Neste o agente n‹o deseja a produ•‹o do
resultado, mas aceita o resultado como consequ•ncia necess‡ria dos meios
empregados.
EXEMPLO: Imagine o caso de alguŽm que, querendo matar certo executivo,
coloca uma bomba no avi‹o em que este se encontra. Ora, nesse caso, o agente
age com dolo de primeiro grau em face da v’tima pretendida, pois quer sua morte,
e dolo de segundo grau em rela•‹o aos demais ocupantes do avi‹o, pois Ž certo
que tambŽm morrer‹o, embora este n‹o seja o objetivo do agente.

H‡, ainda, o que a Doutrina chama de dolo indireto. O dolo indireto se


divide em dolo eventual e dolo alternativo.
O dolo eventual consiste na consci•ncia de que a conduta pode gerar um
resultado criminoso, mais a assun•‹o desse risco, mesmo diante da probabilidade
de algo dar errado. Trata-se de hip—tese na qual o agente n‹o tem vontade de
produzir o resultado criminoso, mas, analisando as circunst‰ncias, sabe que este
resultado pode ocorrer e n‹o se importa, age da mesma maneira.
EXEMPLO: Imagine que Renato, dono de um s’tio, e apreciador da pr‡tica do tiro
esportivo, decida levantar s‡bado pela manh‹ e praticar tiro no seu terreno,
mesmo sabendo que as balas possuem longo alcance e que h‡ casas na
vizinhan•a. Renato atŽ n‹o quer que ninguŽm seja atingido, mas sabe que isso
pode ocorrer e n‹o se importa, pratica a conduta assim mesmo. Nesse caso, se
Renato atingir alguŽm, causando-lhe les›es ou mesmo a morte, estar‡ praticando
homic’dio doloso por dolo eventual

15
A Òconsci•ncia da ilicitudeÓ, inclusive, pode ser real (quando o agente sabe que sua conduta Ž contr‡ria
ao direito) ou meramente potencial (quando, apesar de n‹o saber que sua conduta Ž contr‡ria ao Direito,
tinha condi•›es intelectuais para ter este conhecimento).

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No dolo alternativo o agente pratica a conduta sem pretender alcan•ar um
resultado espec’fico, estabelecendo para si mesmo que qualquer dos resultados
poss’veis Ž v‡lido.
EXEMPLO: JosŽ atira uma pedra em Maria, querendo mat‡-la ou lesion‡-la, tanto
faz. Ou seja, JosŽ n‹o possui a inten•‹o espec’fica de matar, mas tambŽm n‹o
possui a inten•‹o espec’fica de lesionar. O que JosŽ, pretende, apenas, Ž causar
dano a Maria.

O dolo pode ser, ainda:


⇒! Dolo genŽrico Ð Atualmente, com o finalismo, passou a ser chamado
simplesmente de dolo, que Ž, basicamente, a vontade de praticar a
conduta descrita no tipo penal, sem nenhuma outra finalidade.
⇒! Dolo espec’fico, ou especial fim de agir Ð Em contraposi•‹o ao
dolo genŽrico, nesse caso o agente n‹o quer somente praticar a
e
conduta t’pica, mas o faz por alguma raz‹o especial, com alguma
finalidade espec’fica. ƒ o caso do crime de injœria, por exemplo, no
qual o agente deve n‹o s— praticar a conduta, mas deve faz•-lo com a
inten•‹o de ofender a honra subjetiva da v’tima.
⇒! Dolo direto de primeiro grau Ð Trata-se do dolo comum, aquele no
qual o agente tem a vontade direcionada para a produ•‹o do resultado,
como no caso do homicida que procura sua v’tima e a mata com
disparos de arma de fogo.
⇒! Dolo geral, por erro sucessivo, ou aberratio causae Ð Ocorre
quando o agente, acreditando ter alcan•ado seu objetivo, pratica nova
conduta, com finalidade diversa, mas depois se constata que esta
œltima foi a que efetivamente causou o resultado. Trata-se de erro
na rela•‹o de causalidade, pois embora o agente tenha
conseguido alcan•ar a finalidade proposta, somente o alcan•ou
atravŽs de outro meio, que n‹o tinha direcionado para isso.
Exemplo: Imagine a m‹e que, querendo matar o pr—prio filho de 05
anos, o estrangula e, com medo de ser descoberta, o joga num rio.
Posteriormente a crian•a Ž encontrada e se descobre que a v’tima
morreu por afogamento. Nesse caso, embora a m‹e n‹o tenha querido
matar o filho afogado, mas por estrangulamento, isso Ž irrelevante
penalmente, importando apenas o fato de que a m‹e alcan•ou o fim
pretendido (morte do filho), ainda que por outro meio, devendo, pois,
responder por homic’dio consumado.
⇒! Dolo antecedente, atual e subsequente Ð O dolo antecedente Ž o
que se d‡ antes do in’cio da execu•‹o da conduta. O dolo atual Ž o que
est‡ presente enquanto o agente se mantŽm exercendo a conduta, e
o dolo subsequente ocorre quando o agente, embora tendo iniciado a
conduta com uma finalidade l’cita, altera seu ‰nimo, passando a agir
de forma il’cita. Esse œltimo caso Ž o que ocorre no caso, por exemplo,
do crime de apropria•‹o indŽbita (art. 168 do CP), no qual o agente
recebe o bem de boa-fŽ, obrigando-se devolv•-lo, mas,

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posteriormente, muda de ideia e n‹o devolve o bem nas condi•›es
ajustadas, passando a agir de maneira il’cita.

1.3.2!Crime culposo
Se no crime doloso o agente quis o resultado, sendo este seu objetivo, ou
assumiu o risco de sua ocorr•ncia, embora n‹o fosse originalmente pretendido o
resultado, no crime culposo a conduta do agente Ž destinada a um determinado
fim (que pode ser l’cito ou n‹o), tal qual no dolo eventual, mas pela viola•‹o a
um dever de cuidado, o agente acaba por lesar um bem jur’dico de terceiro,
cometendo crime culposo.
A viola•‹o ao dever objetivo de cuidado pode se dar de tr•s maneiras:
¥! Neglig•ncia Ð O agente deixa de tomar todas as cautelas
necess‡rias para que sua conduta n‹o venha a lesar o bem jur’dico
c
de terceiro. ƒ o famoso relapso. Aqui o agente deixa de fazer algo
que deveria;
¥! Imprud•ncia Ð ƒ o caso do afoito, daquele que pratica atos
temer‡rios, que n‹o se coadunam com a prud•ncia que se deve ter
na vida em sociedade. Aqui o agente faz algo que a prud•ncia
n‹o recomenda;
¥! Imper’cia Ð Decorre do desconhecimento de uma regra tŽcnica
profissional. Assim, se o mŽdico, ap—s fazer todos os exames
necess‡rios, d‡ diagn—stico errado, concedendo alto ao paciente e
este vem a —bito em decorr•ncia da alta concedida, n‹o h‡
neglig•ncia, pois o profissional mŽdico adotou todos os cuidados
necess‡rios, mas em decorr•ncia de sua falta de conhecimento
tŽcnico, n‹o conseguiu verificar qual o problema do paciente, o que
acabou por ocasionar seu falecimento;

A punibilidade da culpa se fundamenta no desvalor do resultado praticado


pelo agente, embora o desvalor da conduta seja menor, pois n‹o deriva de uma
deliberada a•‹o contr‡ria ao direito.
O CP prev• o crime culposo em seu art. 18, II:
Art. 18 - Diz-se o crime: (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Crime culposo(Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprud•ncia, neglig•ncia ou
imper’cia. (Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)

O crime culposo Ž composto de:


¥! Uma conduta volunt‡ria Ð Dirigida a um fim l’cito, ou quando il’cito,
n‹o Ž destinada ˆ produ•‹o do resultado ocorrido.
¥! A viola•‹o a um dever objetivo de cuidado Ð Que pode se dar
por neglig•ncia, imprud•ncia ou imper’cia.

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¥! Um resultado natural’stico involunt‡rio Ð O resultado produzido
n‹o foi querido pelo agente (salvo na culpa impr—pria).
¥! Nexo causal Ð Rela•‹o de causa e efeito entre a conduta do agente
e o resultado ocorrido no mundo f‡tico.
¥! Tipicidade Ð O fato deve estar previsto como crime. Em regra, os
crimes s— podem ser praticados na forma dolosa, s— podendo ser
punidos a t’tulo de culpa quando a lei expressamente determinar.
Essa Ž a regra do ¤ œnico do art. 18 do CP: Par‡grafo œnico - Salvo os
casos expressos em lei, ninguŽm pode ser punido por fato previsto como
crime, sen‹o quando o pratica dolosamente. (Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de
11.7.1984).
¥! Previsibilidade objetiva - O resultado ocorrido deve ser previs’vel
mediante um esfor•o intelectual razo‡vel. ƒ chamada previsibilidade
do homem mŽdio. Assim, se uma pessoa comum, de intelig•ncia
mediana, seria capaz de prever
e aquele resultado, est‡ presente este
requisito. Se o resultado n‹o for previs’vel objetivamente, o fato Ž
um indiferente penal. Por exemplo: Se M‡rio, nas dunas de Natal, d‡
um chute em Jo‹o, a fim de causar-lhe les›es leves, e Jo‹o vem a
cair e bater com a cabe•a sobre um motor de Bugre que estava
enterrado sob a areia, vindo a falecer, M‡rio n‹o responde por
homic’dio culposo, pois seria inimagin‡vel a qualquer pessoa prever
que naquele local a v’tima poderia bater com a cabe•a em algo
daquele tipo e vir a falecer.

A culpa, por sua vez, pode ser de diversas modalidades:


¥! Culpa consciente e inconsciente Ð Na culpa consciente, o agente
prev• o resultado como poss’vel, mas acredita que este n‹o ir‡
ocorrer. Na culpa inconsciente (ex ignorantia), o agente n‹o prev•
que o resultado possa ocorrer. A culpa consciente se aproxima muito
do dolo eventual, pois em ambos o agente prev• o resultado e mesmo
assim age. Entretanto, a diferen•a Ž que, enquanto no dolo eventual
o agente assume o risco de produzi-lo, n‹o se importando com
a sua ocorr•ncia, na culpa consciente o agente n‹o assume o
risco de produzir o resultado, pois acredita, sinceramente, que ele
n‹o ocorrer‡.
¥! Culpa pr—pria e culpa impr—pria Ð A culpa pr—pria Ž aquela na
qual o agente NÌO QUER O RESULTADO criminoso. ƒ a culpa
propriamente dita. Pode ser consciente, quando o agente prev• o
resultado como poss’vel, ou inconsciente, quando n‹o h‡ essa
previs‹o. Na culpa impr—pria, o agente quer o resultado, mas,
por erro inescus‡vel, acredita que o est‡ fazendo amparado
por uma causa excludente da ilicitude ou da culpabilidade. ƒ o
caso do pai que, percebendo um barulho na madrugada, se levanta e
avista um vulto, determinando sua imediata parada. Como o vulto
continua, o pai dispara tr•s tiros de arma de fogo contra a v’tima,
acreditando estar agindo em leg’tima defesa de sua fam’lia. No

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entanto, ao verificar a v’tima, percebe que o vulto era seu filho de 16
anos que havia sa’do escondido para assistir a um show de Rock no
qual havia sido proibido de ir. Nesse caso, embora o crime seja
naturalmente doloso (pois o agente quis o resultado), por quest›es
de pol’tica criminal o C—digo determina que lhe seja aplicada a pena
correspondente ˆ modalidade culposa. Nos termos do art. 20, ¤ 1¡
do CP:
Art. 20 (...) ¤ 1¼ - ƒ isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas
circunst‰ncias, sup›e situa•‹o de fato que, se existisse, tornaria a a•‹o leg’tima.
N‹o h‡ isen•‹o de pena quando o erro deriva de culpa e o fato Ž pun’vel como
crime culposo.(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)

Cuidado! N‹o existe a chamada Òcompensa•‹o de culpasÓ no Direito Penal


brasileiro. EXEMPLO: Imaginem que Jœlio, dirigindo seu ve’culo, avan•a o sinal
vermelho e colide com o ve’culo de 1Carlos, que vinha na contram‹o. Ambos
agiram com culpa e causaram-se les›es corporais. Nesse caso, ambos
respondem pelo crime de les›es corporais, um em face do outro.

1.3.3!Crime preterdoloso
H‡ ainda a figura do crime preterdoloso (ou preterintencional). O
crime preterdoloso ocorre quando o agente, com vontade de praticar determinado
crime (dolo), acaba por praticar crime mais grave, n‹o com dolo, mas por culpa.
Um exemplo cl‡ssico Ž o crime de les‹o corporal seguida de morte, previsto no
art. 129, ¤ 3¡ do CP. Nesse crime o agente provoca les›es corporais na v’tima,
mediante conduta dolosa. No entanto, em raz‹o de sua imprud•ncia na execu•‹o
(excesso), acabou por provocar a morte da v’tima, que era um resultado n‹o
pretendido (culpa).
A Doutrina distingue, no entanto, o crime preterdoloso do crime
qualificado pelo resultado16. Para a Doutrina, o crime qualificado pelo
resultado Ž um g•nero, do qual o crime preterdoloso Ž espŽcie. Um crime
qualificado pelo resultado Ž aquele no qual, ocorrendo determinado
resultado, teremos a aplica•‹o de uma circunst‰ncia qualificadora. Aqui
Ž irrelevante se o resultado que qualifica o crime Ž doloso ou culposo. No delito
preterdoloso, o resultado que qualifica o crime Ž, necessariamente, culposo. Ou
seja, h‡ dolo na conduta inicial e culpa em rela•‹o ao resultado que efetivamente
ocorre.

EXEMPLO: Mariana agride Luciana com a inten•‹o apenas de lesion‡-la (dolo de


praticar o crime de les‹o corporal). Contudo, em raz‹o da for•a empregada por
Mariana, Luciana cai e bate com a cabe•a no ch‹o, vindo a falecer. Mariana fica
chocada, pois de maneira alguma pretendia a morte de Luciana. Nesse caso,

16
GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 337

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Mariana praticou o crime de les‹o corporal seguida de morte, que Ž um crime
preterdoloso (dolo na conduta inicial, mas resultado obtido a t’tulo de culpa Ð
sem inten•‹o).

1.4!Crime consumado, tentado e imposs’vel

1.4.1!Iter criminis
O iter criminis Ž o Òcaminho do crimeÓ, ou seja, o itiner‡rio percorrido pelo
agente atŽ a consuma•‹o do delito.
O iter criminis pode ser dividido em 04 etapas:

1.4.1.1! Cogita•‹o (cogitatio)


8
ƒ a representa•‹o mental do crime na cabe•a do agente, a fase inicial, na
qual o agente idealiza como ser‡ a conduta criminosa. Trata-se de uma fase
interna, ou seja, n‹o h‡ exterioriza•‹o da ideia criminosa, ado•‹o de
preparativos, nada disso. Assim, a cogita•‹o Ž sempre impun’vel17, pois n‹o sai
da esfera psicol—gica do agente.

1.4.1.2! Atos preparat—rios (conatus remotus)


Aqui o agente adota algumas provid•ncias para a realiza•‹o do crime, ou
seja, d‡ in’cio aos preparativos para a pr‡tica delituosa, sem, contudo, iniciar a
execu•‹o do crime propriamente dita.
Ex.: JosŽ quer matar Maria. Para tanto, JosŽ vai atŽ uma loja e compra uma faca
bem grande.
Como regra, os atos preparat—rios s‹o impun’veis, j‡ que o agente n‹o
chega, sequer, a iniciar a execu•‹o do crime. Todavia, os atos preparat—rios ser‹o
pun’veis quando configurarem, por si s—, um delito aut™nomo.

Ex.: JosŽ quer falsificar v‡rias notas de R$ 100,00 (quer praticar o crime de
moeda falsa, art. 289 do CP). Assim, JosŽ compra um maquin‡rio destinado a
falsificar moeda. A princ’pio, essa conduta seria um mero ato preparat—rio
impun’vel. Todavia, neste espec’fico caso o CP j‡ criminaliza essa conduta
preparat—ria, estabelecendo um tipo penal aut™nomo, que Ž o crime de
Òpetrechos de falsifica•‹oÓ (art. 291 do CP18), ou seja, o CP j‡ considera crime a
aquisi•‹o do maquin‡rio!

17
Em raz‹o do princ’pio da Òexterioriza•‹o do fatoÓ ou Òmaterializa•‹o do fatoÓ, que impede a puni•‹o de
atitudes internas das pessoas.
18
Petrechos para falsifica•‹o de moeda
Art. 291 - Fabricar, adquirir, fornecer, a t’tulo oneroso ou gratuito, possuir ou guardar maquinismo, aparelho,
instrumento ou qualquer objeto especialmente destinado ˆ falsifica•‹o de moeda:

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1.4.1.3! Atos execut—rios


Os atos execut—rios s‹o aqueles por meio dos quais o agente, efetivamente,
d‡ in’cio ˆ conduta delituosa, por meio de um ato capaz de provocar o resultado.
Ex.: JosŽ quer matar Maria. Para tanto, espera Maria passar pela porta de sua
casa e, quando ela passa, dispara contra ela um projŽtil de arma de fogo. Neste
momento se inicia a execu•‹o.

Diferenciar o que Ž ato de execu•‹o e o que Ž ato preparat—rio n‹o Ž tarefa


f‡cil. A Doutrina Ž bastante tormentosa a respeito, havendo algumas correntes.
As principais s‹o:
⇒! Teoria material (hostilidade ao bem jur’dico) Ð O agente inicia a
execu•‹o quando cria uma situa•‹o de perigo ao bem jur’dico. Ex.: JosŽ,
querendo matar Maria, se posiciona atr‡s de uma moita, esperando que ela
passe. Nesse caso, j‡ ter’amos execu•‹o do delito.
⇒! Teoria objetivo-formal Ð Para esta teoria a execu•‹o se inicia quando o
agente d‡ in’cio ˆ realiza•‹o da conduta descrita no nœcleo do tipo penal.
Assim, no exemplo anterior, ainda n‹o haveria execu•‹o, pois o agente
ainda n‹o teria dado in’cio ˆ execu•‹o da conduta de ÒmatarÓ.
⇒! Teoria objetivo-material Ð Para esta teoria haver‡ execu•‹o quando o
agente realizar a conduta descrita no nœcleo do tipo penal, bem como
quando praticar atos imediatamente anteriores ˆ conduta descrita no
nœcleo do tipo, partindo-se da vis‹o de uma terceira pessoa. Ex.: No
primeiro exemplo, haveria execu•‹o quando JosŽ estivesse esperando
Maria passar.
⇒! Teoria objetivo-individual Ð Para esta a defini•‹o do que Ž ato execut—rio
passa, necessariamente, pela an‡lise do plano do autor do fato, ou seja, do
seu dolo. Assim, seriam atos execut—rios aqueles que fossem
imediatamente anteriores ao in’cio da execu•‹o da conduta descrita no
nœcleo do tipo. Ex.: JosŽ quer furtar uma casa, e invade a resid•ncia. Neste
caso, mesmo n‹o tendo ainda dado in’cio ˆ subtra•‹o, j‡ haveria ato
execut—rio.

N‹o h‡ consenso, mas vem se firmando a ado•‹o da teoria objetivo-


individual, embora haja quem sustente ter sido adotada a teoria objetivo-formal,
ÒcomplementadaÓ pela an‡lise do plano do agente, a fim de abarcar tambŽm os
atos imediatamente anteriores ˆ realiza•‹o do tipo penal.

Pena - reclus‹o, de dois a seis anos, e multa.

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1.4.1.4! Consuma•‹o
Aqui o crime atinge sua realiza•‹o plena, havendo a presen•a de todos os
elementos que o comp›em, ou seja, o agente consegue realizar tudo o que o tipo
penal prev•, causando a ofensa jur’dica prevista na norma penal.
Temos, aqui, portanto, um crime completo e acabado.

1.4.1.5! Exaurimento
O exaurimento Ž uma etapa Òp—s-crimeÓ, ou seja, um acontecimento
posterior ˆ consuma•‹o do delito, n‹o alterando a tipifica•‹o da conduta.
Ex.: JosŽ pratica falso testemunho num processo que envolve Maria (crime de
falso testemunho consumado, art. 342 do CP). Ap—s isso, Maria Ž condenada em
raz‹o do testemunho falso de JosŽ (consequ•ncia que Ž mero exaurimento do
delito, n‹o alterando a tipifica•‹o do crime).

1.4.2!Tentativa
Todos os elementos citados como sendo partes integrantes do fato t’pico
(conduta, resultado natural’stico, nexo de causalidade e tipicidade) s‹o, no
entanto, elementos do crime material consumado, que Ž aquele no qual se
exige resultado natural’stico e no qual este resultado efetivamente ocorre.
Nos termos do art. 14 do CP:
Art. 14 - Diz-se o crime: (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
I - consumado, quando nele se reœnem todos os elementos de sua defini•‹o legal; (Inclu’do
pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
II - tentado, quando, iniciada a execu•‹o, n‹o se consuma por circunst‰ncias alheias ˆ
vontade do agente. (Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)

Assim, nos crimes tentados, por n‹o haver sua consuma•‹o (ocorr•ncia de
resultado natural’stico), n‹o estar‹o presentes, em regra, os elementos
ÒresultadoÓ e Ònexo de causalidadeÓ.
Disse Òem regraÓ, porque pode acontecer que um crime tentado produza
resultados, que ser‹o analisados de acordo com a conduta do agente e sua
aptid‹o para produzi-los.
EXEMPLO: Imaginem que Marcelo, visando ˆ morte de Rodrigo, dispare cinco
tiros de pistola contra ele. Rodrigo Ž baleado, fica paraplŽgico, mas sobrevive.
Nesse caso, como o objetivo n‹o era causar les‹o corporal, mas sim matar, o
crime n‹o foi consumado, pois a morte n‹o ocorreu. Entretanto, n‹o se pode
negar que houve resultado natural’stico e nexo causal, embora este resultado
n‹o tenha sido o pretendido pelo agente quando da pr‡tica da conduta
criminosa.

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O crime consumado n—s j‡ estudamos, cabe agora analisar as hip—teses de
crime na modalidade tentada.
Como disse a voc•s, pode ocorrer de uma conduta ser enquadrada em
determinado tipo penal sem que sua pr‡tica corresponda exatamente ao
que prev• o tipo. No caso acima, Marcelo responder‡ pelo tipo penal de
homic’dio (art. 121 do CP), na modalidade tentada (art. 14, II do CP). Mas se
voc•s analisarem, o art. 121 do CP diz Òmatar alguŽmÓ. Marcelo n‹o matou
ninguŽm. Assim, como enquadr‡-lo na conduta prevista pelo art. 121?
Isso Ž o que chamamos de adequa•‹o t’pica mediata, conforme j‡
estudamos.
Na adequa•‹o t’pica mediata o agente n‹o pratica exatamente a conduta
descrita no tipo penal, mas em raz‹o de uma outra norma que estende
subjetiva ou objetivamente o alcance do tipo penal, ele deve responder
pelo crime. Assim, no caso em tela, Marcelo s— responde pelo crime em raz‹o
da exist•ncia de uma norma que aumenta o alcance objetivo (relativo ˆ conduta)
do tipo penal para abarcar tambŽm as hip—teses de tentativa (art. 14, II do CP).
Tudo bem, galera? Vamos em frente!
O inciso II do art. 14 fala em Òcircunst‰ncias alheias ˆ vontade do
agenteÓ. Isso significa que o agente inicia a execu•‹o do crime, mas em raz‹o
de fatores externos, o resultado n‹o ocorre. No caso concreto que citei, o fator
externo, alheio ˆ vontade de Marcelo, foi provavelmente sua falta de precis‹o no
uso da arma de fogo e o socorro eficiente recebido por Rodrigo, que impediu sua
morte.
O ¤ œnico do art. 14 do CP diz:
Art. 14 (...)
Par‡grafo œnico - Salvo disposi•‹o em contr‡rio, pune-se a tentativa com a pena
correspondente ao crime consumado, diminu’da de um a dois ter•os. (Inclu’do pela Lei n¼
7.209, de 11.7.1984)

Desta forma, o crime cometido na modalidade tentada n‹o Ž punido da


mesma maneira que o crime consumado, pois embora o desvalor da conduta (sua
reprovabilidade social) seja o mesmo do crime consumado, o desvalor do
resultado (suas consequ•ncias na sociedade) Ž menor, indiscutivelmente. Assim,
diz-se que o CP adotou a teoria dual’stica, realista ou objetiva da
punibilidade da tentativa.19

19
Em contraposi•‹o ˆ Teoria objetiva h‡ a Teoria subjetiva, que sustenta que a punibilidade da tentativa
deveria estar atrelada ao fato de que o desvalor da conduta Ž o mesmo do crime consumado (Ž t‹o
reprov‡vel a conduta de ÒmatarÓ quanto a de Òtentar matarÓ). Para esta Teoria, a tentativa deveria ser
punida da mesma forma que o crime consumado (BITENCOURT, Op. cit., p. 536/537). Na verdade, adotou-
se no Brasil uma espŽcie de Teoria objetiva ÒtemperadaÓ ou mitigada. Isto porque a regra do art. 14, II
admite exce•›es, ou seja, existem casos na legisla•‹o p‡tria em que se pune a tentativa com a mesma pena
do crime consumado.

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Mas qual o critŽrio para aplica•‹o da quantidade de diminui•‹o (1/3
ou 2/3)? Nesse caso, o Juiz deve analisar a proximidade de alcance do resultado.
Quanto mais pr—xima do resultado chegar a conduta, menor ser‡ a
diminui•‹o da pena, e vice-versa. No exemplo acima, como Marcelo quase
matou Rodrigo, chegando a deix‡-lo paraplŽgico, a diminui•‹o ser‡ a menor
poss’vel (1/3), pois o resultado esteve perto de se consumar. Entretanto, se
Marcelo tivesse errado todos os disparos, o resultado teria passado longe da
consuma•‹o, devendo o Juiz aplicar a redu•‹o m‡xima.
A tentativa pode ser:

⇒! Tentativa branca ou incruenta Ð Ocorre quando o agente sequer atinge o


objeto que pretendia lesar. Ex.: JosŽ atira em Maria, com dolo de matar, mas
erra o alvo.
⇒! Tentativa vermelha ou cruenta Ð Ocorre quando o agente atinge o objeto,
mas n‹o obtŽm o resultado natural’stico esperado, em raz‹o de
circunst‰ncias alheias ˆ sua vontade. Ex.: JosŽ atira em Maria, com dolo de
matar, e acerta o alvo. Maria, todavia, sofre apenas les›es leves no bra•o,
n‹o vindo a falecer.
⇒! Tentativa perfeita Ð Ocorre quando o agente esgota completamente os
meios de que dispunha para lesar o objeto material. Ex.: JosŽ atira em Maria,
com dolo de matar, descarregando todos os projŽteis da pistola. Acreditando
ter provocado a morte, vai embora satisfeito. Todavia, Maria Ž socorrida e
n‹o morre.
⇒! Tentativa imperfeita Ð Ocorre quando o agente, antes de esgotar toda a
sua potencialidade lesiva, Ž impedido por circunst‰ncias alheias, sendo
for•ado a interromper a execu•‹o. Ex.: JosŽ possui um rev—lver com 06
projŽteis. Dispara os 03 primeiros contra Maria, mas antes de disparar o
quarto Ž surpreendido pela chegada da Pol’cia Militar, de forma que foge sem
completar a execu•‹o, e Maria n‹o morre.

ƒ poss’vel a mescla de espŽcies de tentativa entre as duas primeiras com


as duas œltimas (cruenta e imperfeita, incruenta e imperfeita, etc.), mas nunca
entre elas mesmas (ao mesmo tempo cruenta e incruenta ou perfeita e
imperfeita), por quest›es l—gicas.

Em regra, todos os crimes admitem tentativa. Entretanto, n‹o admitem


tentativa:
¥! Crimes culposos Ð Nestes crimes o resultado natural’stico n‹o Ž querido
pelo agente, logo, a vontade dele n‹o Ž dirigida a um fim il’cito e,

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portanto, n‹o ocorrendo este, n‹o h‡ que se falar em interrup•‹o
involunt‡ria da execu•‹o do crime20.
¥! Crimes preterdolosos Ð Como nestes crimes existe dolo na conduta
precedente e culpa na conduta seguinte, a conduta seguinte Ž culposa,
n‹o se admitindo, portanto, tentativa;
¥! Crimes unissubsistentes Ð S‹o aqueles que se produzem mediante um
œnico ato, n‹o cabendo fracionamento de sua execu•‹o. Assim, ou o crime
Ž consumado ou sequer foi iniciada sua execu•‹o. EXEMPLO: Injœria. Ou
o agente profere a injœria e o crime est‡ consumado ou ele sequer chega
a proferi-la, n‹o chegando o crime a ser iniciado;
¥! Crimes omissivos pr—prios Ð Seguem a mesma regra dos crimes
unissubsistentes, pois ou o agente se omite, e pratica o crime na
modalidade consumada ou n‹o se omite, hip—tese na qual n‹o comete
crime;
¥! Crimes de perigo abstrato Ð Como aqui tambŽm h‡ crime
unissubsistente (n‹o h‡ fracionamento da execu•‹o do crime), n‹o se
admite tentativa;
¥! Contraven•›es penais Ð A tentativa, neste caso, atŽ pode ocorrer, mas
n‹o ser‡ pun’vel, nos termos do art. 4¡ do Decreto-Lei n¡ 3.688/41 (Lei
das Contraven•›es penais);
¥! Crimes de atentado (ou de empreendimento) Ð S‹o crimes que se
consideram consumados com a obten•‹o do resultado ou ainda com a
tentativa deste. Por exemplo: O art. 352 tipifica o crime de Òevas‹oÓ,
dizendo: Òevadir-se ou tentar evadir-seÓ... Desta maneira, ainda que n‹o
consiga o preso se evadir, o simples fato de ter tentado isto j‡ consuma
o crime;
¥! Crimes habituais Ð Nestes crimes, o agente deve praticar diversos atos,
habitualmente, a fim de que o crime se consume. Entretanto, o problema
Ž que cada ato isolado Ž um indiferente penal. Assim, ou o agente praticou
poucos atos isolados, n‹o cometendo crime, ou praticou os atos de forma
habitual, cometendo crime consumado. Exemplo: Crime de
curandeirismo, no qual ou o agente pratica atos isolados, n‹o praticando
crime, ou o faz com habitualidade, praticando crime consumado, nos
termos do art. 284, I do CP.

1.4.3!Crime imposs’vel
Nos termos do C—digo Penal:

20
Todavia, no excepcional caso de Òculpa impr—priaÓ, como o agente quis o resultado, mas est‡
recebendo a pena relativa ao crime culposo por quest›es de pol’tica criminal, ser‡ cab’vel a tentativa, pois
Ž poss’vel que o agente tente obter o resultado, por erro evit‡vel, n‹o consiga, e teremos um crime tentado,
Como o agente n‹o responder‡ pelo dolo, mas por culpa, poderemos ter um crime culposo em sua forma
tentada.

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Art. 17 - N‹o se pune a tentativa quando, por inefic‡cia absoluta do meio ou por absoluta
impropriedade do objeto, Ž imposs’vel consumar-se o crime.(Reda•‹o dada pela Lei n¼
7.209, de 11.7.1984)

Como podemos perceber, o crime imposs’vel (tentativa inid™nea)


guarda semelhan•as com a tentativa, entretanto, com ela n‹o se
confunde.
Na tentativa, propriamente dita, o agente inicia a execu•‹o do crime, mas
por circunst‰ncias alheias ˆ sua vontade o resultado n‹o se consuma (art. 14, II
do CPC).
No crime imposs’vel, diferentemente do que ocorre na tentativa, embora
o agente inicie a execu•‹o do delito, JAMAIS o crime se consumaria, em
hip—tese nenhuma, ou pelo fato de que o meio utilizado Ž completamente
ineficaz ou porque o objeto material do crime Ž impr—prio para aquele crime. Vou
dar dois exemplos:
EXEMPLO: Imaginem que Marcelo pretenda matar sua sogra Maria. Marcelo
chega, ˆ surdina, de noite, e percebendo que Maria dorme no sof‡, desfere
contra ela 10 facadas no peito. No entanto, no laudo pericial se descobre que
Maria j‡ estava morta, em raz‹o de um mal sœbito que sofrera horas antes.
Nesse caso, o crime Ž imposs’vel, pois o objeto material (a sogra, Maria)
n‹o era uma pessoa, mas um cad‡ver. Logo, n‹o h‡ como se praticar o crime
de homic’dio em face de um cad‡ver.
No mesmo exemplo, imagine que Marcelo pretenda matar sua sogra a
tiros e, surpreenda-a na servid‹o que d‡ acesso ˆ casa. Entretanto, quando
Marcelo aperta o gatilho, percebe que, na verdade, foi enganado pelo vendedor,
que o vendeu uma arma de brinquedo.
Nesse œltimo caso o crime Ž imposs’vel, pois o meio utilizado por Marcelo
Ž completamente ineficaz para causar a morte da v’tima.
Em ambos os casos temos hip—tese de crime imposs’vel.

Na verdade, o crime imposs’vel Ž uma espŽcie de tentativa, com a


circunst‰ncia de que jamais poder‡ se tornar consuma•‹o, face ˆ
impropriedade do objeto ou do meio utilizado. Por isso, n‹o se pode punir a
tentativa nestes casos, eis que n‹o houve les‹o ou sequer exposi•‹o ˆ les‹o do
bem jur’dico tutelado, n‹o bastando para a puni•‹o do agente o mero desvalor
da conduta, devendo haver um m’nimo de desvalor do resultado.

Cuidado! A inefic‡cia do meio ou a impropriedade do objeto devem ser


ABSOLUTAS, ou seja, em nenhuma hip—tese, considerando aquelas
circunst‰ncias, o crime poderia se consumar. Assim, se M‡rcio atira em JosŽ, com

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inten•‹o de mat‡-lo, mas o crime n‹o se consuma porque JosŽ usava um colete
ˆ prova de balas, n‹o h‡ crime imposs’vel, pois o crime poderia se consumar21.

Como o CP previu a impossibilidade de puni•‹o da tentativa inid™nea (crime


imposs’vel), diz-se que o CP adotou a teoria OBJETIVA DA PUNIBILIDADE
DO CRIME IMPOSSêVEL.22

1.4.4!Desist•ncia volunt‡ria e arrependimento eficaz


Embora a Doutrina tenha se dividido quanto ˆ defini•‹o da natureza jur’dica
destes institutos, a Doutrina majorit‡ria entende se tratar de causas de
exclus‹o da tipicidade, pois n‹o tendo ocorrido o resultado, e tambŽm n‹o se
tratando de hip—tese tentada, n‹o h‡ como se punir o crime nem a t’tulo de
consuma•‹o nem a t’tulo de tentativa.
Na desist•ncia volunt‡ria o agente, por ato volunt‡rio, desiste de dar
sequ•ncia aos atos execut—rios, mesmo podendo faz•-lo. Conforme a cl‡ssica
FîRMULA DE FRANK:
⇒! Na tentativa Ð O agente quer, mas n‹o pode prosseguir.
⇒! Na desist•ncia volunt‡ria Ð O agente pode, mas n‹o quer
prosseguir.

Para que fique caracterizada a desist•ncia volunt‡ria, Ž necess‡rio que o


resultado n‹o se consume em raz‹o da desist•ncia do agente.
EXEMPLO: Se Poliana dispara um tiro de pistola em Jason e, podendo disparar
mais cinco, n‹o o faz, mas este mesmo assim vem a falecer, Poliana responde
por homic’dio consumado. Se, no entanto, Jason n‹o vem a —bito, Poliana n‹o
responde por homic’dio tentado (n‹o h‡ tentativa, lembram-se?), mas por
les›es corporais.

No arrependimento eficaz Ž diferente. Aqui o agente j‡ praticou todos


os atos execut—rios que queria e podia, mas ap—s isto, se arrepende do
ato e adota medidas que acabam por impedir a consuma•‹o do resultado.
Imagine que no exemplo anterior, Poliana tivesse disparado todos os tiros
da pistola em Jason. Depois disso, Poliana se arrepende do que fez e providencia
o socorro de Jason, que sobrevive em raz‹o do socorro prestado. Neste caso,
ter’amos arrependimento eficaz.
Ambos os institutos est‹o previstos no art. 15 do CP:

21
O STJ j‡ sumulou entendimento, por exemplo, no sentido de que a presen•a de c‰meras e dispositivos
eletr™nicos de seguran•a em estabelecimentos comerciais n‹o afasta a possibilidade de consuma•‹o do
crime de furto. Assim, se o agente tenta sair do local com um produto escondido (furto), mas Ž detido pelos
seguran•as, n‹o h‡ crime imposs’vel, pois havia uma possibilidade, ainda que pequena, de que ele
conseguisse burlar o sistema e causar o preju’zo ao bem jur’dico tutelado (patrim™nio do estabelecimento)
22
BITENCOURT, Op. cit., p. 542/543.

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Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execu•‹o ou
impede que o resultado se produza, s— responde pelos atos j‡ praticados.(Reda•‹o dada
pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)

Para que estes institutos ocorram, Ž necess‡rio que a conduta (desist•ncia


volunt‡ria e arrependimento eficaz) impe•a a consuma•‹o do resultado. Se o
resultado, ainda assim, vier a ocorrer, o agente responde pelo crime,
incidindo, no entanto, uma atenuante de pena genŽrica, prevista no art. 65, III,
b do CP.
A Doutrina entende que tambŽm Hç DESISTæNCIA VOLUNTçRIA
quando o agente deixa de prosseguir na execu•‹o para faz•-la mais tarde, por
qualquer motivo, por exemplo, para n‹o levantar suspeitas. Nesse caso, mesmo
n‹o sendo nobre o motivo da desist•ncia, a Doutrina entende que h‡ desist•ncia
volunt‡ria.
Se o crime for cometido em concurso de pessoas e somente um deles
realiza a conduta de desist•ncia volunt‡ria ou arrependimento eficaz, esta
circunst‰ncia se comunica aos demais, pois como se trata de hip—tese de
exclus‹o da tipicidade, o crime n‹o foi cometido, respondendo todos apenas pelos
atos praticados atŽ ent‹o.

1.4.5!Arrependimento posterior
O arrependimento posterior, por sua vez, n‹o exclui o crime, pois
este j‡ se consumou, mas Ž causa obrigat—ria de diminui•‹o de pena.
Ocorre quando, nos crimes em que n‹o h‡ viol•ncia ou grave amea•a ˆ pessoa,
o agente, atŽ o recebimento da denœncia ou queixa, repara o dano provocado ou
restitui a coisa. Nos termos do art. 16 do CP:
Art. 16 - Nos crimes cometidos sem viol•ncia ou grave amea•a ˆ pessoa, reparado o dano
ou restitu’da a coisa, atŽ o recebimento da denœncia ou da queixa, por ato volunt‡rio do
agente, a pena ser‡ reduzida de um a dois ter•os. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de
11.7.1984)

EXEMPLO: Imagine o crime de dano (art. 163 do CP), no qual o agente quebra
a vidra•a de uma padaria, revoltado com o esgotamento do p‹o franc•s naquela
tarde. Nesse caso, se antes do recebimento da queixa o agente ressarcir o
preju’zo causado, ele responder‡ pelo crime, mas a pena aplicada dever‡
ser diminu’da de um a dois ter•os.

Vejam que n‹o se aplica o instituto se o crime Ž cometido com viol•ncia


ou grave amea•a ˆ pessoa.
A Doutrina entende que se a viol•ncia for culposa, pode ser aplicado o
instituto. Assim, se o agente comete les‹o corporal culposa (viol•ncia culposa),
e antes do recebimento da queixa paga todas as despesas mŽdicas da v’tima,
presta todo o aux’lio necess‡rio, deve ser aplicada a causa de diminui•‹o de pena.

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No caso de viol•ncia impr—pria, a Doutrina se divide. A viol•ncia
impr—pria Ž aquela na qual n‹o h‡ viol•ncia propriamente dita, mas o agente
reduz a v’tima ˆ impossibilidade de defesa (ex. Amorda•a e amarra o caixa da
loja no crime de roubo). Parte da Doutrina entende que o benef’cio pode ser
aplicado, parte entende que n‹o pode.
O arrependimento posterior tambŽm se comunica aos demais agentes
(coautores).
A Doutrina entende, ainda, que se a v’tima se recusar a receber a coisa
ou a repara•‹o do dano, mesmo assim o agente dever‡ receber a causa
de diminui•‹o de pena.
O quantum da diminui•‹o da pena (um ter•o a dois ter•os) ir‡ variar
conforme a celeridade com que ocorreu o arrependimento e a voluntariedade
deste ato.
Vamos sintetizar isso tudo? O quadro abaixo pode ajudar voc•s na
compreens‹o dos institutos da tentativa, da desist•ncia volunt‡ria, do
arrependimento eficaz e do arrependimento posterior:

QUADRO ESQUEMçTICO
INSTITUTO RESUMO CONSEQUæNCIAS

TENTATIVA Agente pratica a conduta Responde pelo


delituosa, mas por crime, com
circunst‰ncias alheias ˆ sua redu•‹o de pena
vontade, o resultado n‹o de 1/3 a 2/3.
ocorre.

DESISTæNCIA O agente INICIA a pr‡tica da Responde apenas


VOLUNTçRIA conduta delituosa, mas se pelos atos j‡
arrepende, e CESSA a atividade praticados.
criminosa (mesmo podendo Desconsidera-se o
continuar) e o resultado n‹o Òdolo inicialÓ, e o
ocorre. agente Ž punido
apenas pelos danos
que efetivamente
causou.
ARREPENDIMENTO O agente INICIA a pr‡tica da Responde apenas
EFICAZ conduta delituosa E COMPLETA A pelos atos j‡
EXECU‚ÌO DA CONDUTA, mas se praticados.
arrepende do que fez e toma as Desconsidera-se o
provid•ncias para que o resultado Òdolo inicialÓ, e o
inicialmente pretendido n‹o agente Ž punido
apenas pelos danos

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ocorra. O resultado NÌO que efetivamente
ocorre. causou.
ARREPENDIMENTO O agente completa a execu•‹o da O agente tem a
POSTERIOR atividade criminosa e o pena reduzida de
resultado efetivamente 1/3 a 2/3.
ocorre. PorŽm, ap—s a ocorr•ncia
do resultado, o agente se
arrepende E REPARA O DANO ou
RESTITUI A COISA.
1.! S— pode ocorrer nos crimes
cometidos sem viol•ncia
ou grave amea•a ˆ
pessoa
2.! S— tem validade se ocorre
antes do recebimento da
denœncia ou queixa.

CASO HAJA
ARREPENDIMENTO
CRIME SE RESPONDE
PELO CRIME
POSTERIOR =
CAUSA DE
CONSUMA CONSUMADO
DIMINUIÇÃO DE
PENA (1/3 a 2/3)

INÍCIO DA
AGENTE DESISTIU DA
EXECUÇÃO DO EXECUÇÃO
DELITO (DESISTÊNCIA
VOLUNTÁRIA) RESPONDE SÓ
PELOS ATOS
AGENTE COMPLETOU A PRATICADOS
CRIME NÃO SE EXECUÇÃO MAS SE
ARREPENDEU E EVITOU O
CONSUMA RESULTADO
(ARREPENDIMENTO EFICAZ)

O RESULTADO NÃO OCORREU


POR FATORES EXTERNOS À RESPONDE PELO
VONTADE DO AGENTE CRIME PRETENDIDO
(TENTATIVA) NA FORMA TENTADA

1.4.6!Causas de exclus‹o do fato t’pico


Haver‡ exclus‹o do fato t’pico sempre que estiver ausente algum de seus
elementos. As principais hip—teses s‹o:

1.4.6.1! Coa•‹o f’sica irresist’vel


A coa•‹o f’sica irresist’vel (tambŽm chamada de vis absoluta) exclui a
CONDUTA, por aus•ncia completa de vontade do agente coagido. Logo, acaba

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por excluir o fato t’pico. N‹o confundir com a coa•‹o MORAL irresist’vel, que
exclui a culpabilidade.
Ex.: JosŽ pega Maria ˆ for•a e, segurando seu bra•o, faz com que Maria
esfaqueie Joana, que est‡ dormindo. Neste caso, Maria n‹o teve conduta, pois
n‹o teve dolo ou culpa. Maria n‹o escolheu esfaquear, foi coagida fisicamente
a fazer isso.

1.4.6.2! Erro de tipo inevit‡vel


No erro de tipo inevit‡vel o agente pratica o fato t’pico por incidir em erro
sobre um de seus elementos. Quando o erro Ž inevit‡vel (qualquer pessoa
naquelas circunst‰ncias cometeria o erro), o agente n‹o responde por crime
algum (afasta-se o dolo e a culpa).
Ex.: JosŽ pega o celular que est‡ em cima do balc‹o da loja e vai embora,
acreditando ser o seu celular. Todavia, quando chega em casa, v• que pegou o
celular de outra pessoa, pois confundiu com o seu. Neste caso, JosŽ praticou, em
tese, o crime de furto (art. 155 do CP). Todavia, como houve erro inevit‡vel sobre
um dos elementos do tipo (o elemento Òcoisa alheiaÓ, j‡ que JosŽ acreditava que
a coisa era sua), JosŽ n‹o responder‡ por crime algum.

1.4.6.3! Sonambulismo e atos reflexos


Nas hip—teses de sonambulismo e de atos reflexos tambŽm se afasta o fato
t’pico, pois em ambos os casos o agente n‹o tem controle sobre sua a•‹o ou
omiss‹o, ou seja, temos a exterioriza•‹o f’sica do ato, sem que haja dolo ou
culpa.
Ex.: JosŽ d‡ um susto em Ricardo, que acaba mexendo os bra•os repentinamente
e acerta uma cotovelada em Paula. Neste caso, Ricardo n‹o responde por crime
de les‹o corporal pois n‹o teve dolo ou culpa.

1.4.6.4! Insignific‰ncia e adequa•‹o social da conduta


Tanto na hip—tese de insignific‰ncia da conduta (aus•ncia de ofensa
significativa ao bem jur’dico protegido pela norma) quanto na hip—tese de
adequa•‹o social da conduta (toler‰ncia da sociedade frente a uma conduta que
Ž tipificada como crime), h‡ exclus‹o do fato t’pico, eis que n‹o haver‡ tipicidade
material.

1.5!Ilicitude
J‡ vimos que a conduta deve ser considerada um fato t’pico para que o
primeiro elemento do crime esteja presente. Entretanto, isso n‹o basta. Uma
conduta enquadrada como fato t’pico pode n‹o ser il’cita perante o direito. Assim,

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a antijuridicidade (ou ilicitude) Ž a condi•‹o de contrariedade da conduta
perante o Direito.
Estando presente o primeiro elemento (fato t’pico), presume-se
presente a ilicitude, devendo o acusado comprovar a exist•ncia de uma
causa de exclus‹o da ilicitude. Percebam, assim, que uma das fun•›es do fato
t’pico Ž gerar uma presun•‹o de ilicitude da conduta, que pode ser desconstitu’da
diante da presen•a de uma das causas de exclus‹o da ilicitude.
As causas de exclus‹o da ilicitude podem ser:
¥! GenŽricas Ð S‹o aquelas que se aplicam a todo e qualquer crime. Est‹o
previstas na parte geral do C—digo Penal, em seu art. 23;
¥! Espec’ficas Ð S‹o aquelas que s‹o pr—prias de determinados crimes, n‹o
se aplicando a outros. Por exemplo: Furto de coisas comum, previsto no art.
156, ¤2¡. Nesse caso, o fato de a coisa furtada ser comum retira a ilicitude
da conduta. PorŽm, s— nesse crime!

As causas genŽricas de exclus‹o da ilicitude s‹o: a) estado de


necessidade; b) leg’tima defesa; c) exerc’cio regular de um direito; d) estrito
cumprimento do dever legal. Entretanto, a Doutrina majorit‡ria e a
Jurisprud•ncia entendem que existem causas supralegais de exclus‹o da ilicitude
(n‹o previstas na lei, mas que decorrem da l—gica, como o consentimento do
ofendido nos crimes contra bens dispon’veis).

1.5.1!Estado de necessidade
Est‡ previsto no art. 24 do C—digo Penal:
Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de
perigo atual, que n‹o provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar,
direito pr—prio ou alheio, cujo sacrif’cio, nas circunst‰ncias, n‹o era razo‡vel exigir-
se.
!
O Brasil adotou a teoria unit‡ria de estado de necessidade, que
estabelece que o bem jur’dico protegido deve ser de valor igual ou superior
ao sacrificado, afastando-se em ambos os casos a ilicitude da conduta.
EXEMPLO: Marcos e Jo‹o est‹o num avi‹o que est‡ caindo. S— h‡ uma mochila
com paraquedas. Marcos agride Jo‹o atŽ causar-lhe a morte, a fim de que o
paraquedas seja seu e ele possa se salvar. Nesse caso, o bem jur’dico que
Marcos buscou preservar (vida) Ž de igual valor ao bem sacrificado (Vida de
Jo‹o). Assim, Marcos n‹o cometeu crime, pois agiu coberto por uma excludente
de ilicitude, que Ž o estado de necessidade.

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No caso de o bem sacrificado ser de valor maior que o bem protegido,
o agente responde pelo crime, mas tem sua pena diminu’da.23 Nos termos
do art. 24, ¤ 2¡ do CP:
Art. 24 (...)
¤ 2¼ - Embora seja razo‡vel exigir-se o sacrif’cio do direito amea•ado, a pena poder‡
ser reduzida de um a dois ter•os.
!
Assim, se era razo‡vel entender que o agente deveria sacrificar o bem que
na verdade escolheu proteger, ele responde pelo crime, mas em raz‹o das
circunst‰ncias ter‡ sua pena diminu’da de um a dois ter•os, conforme o caso.
Os requisitos para a configura•‹o do estado de necessidade s‹o
basicamente dois: a) a exist•ncia de uma situa•‹o de perigo a um bem jur’dico
pr—prio ou de terceiro; b) o fato necessitado (conduta do agente na qual ele
sacrifica o bem alheio para salvar o pr—prio ou do terceiro).
Entretanto, a situa•‹o de perigo deve:
¥! N‹o ter sido criada voluntariamente pelo agente (ou seja, se foi
ele mesmo quem deu causa, n‹o poder‡ sacrificar o direito de um
terceiro a pretexto de salvar o seu). EXEMPLO: O agente provoca ao
naufr‡gio de um navio e, para se salvar, mata um terceiro, a fim de
ficar com o œltimo colete dispon’vel. Nesse caso, embora os bens sejam
de igual valor, a situa•‹o de perigo foi criada pelo pr—prio agente, logo,
ele n‹o estar‡ agindo em estado de necessidade.24
¥! Perigo atual Ð O perigo deve estar ocorrendo. A lei n‹o permite o
estado de necessidade diante de um perigo futuro, ainda que iminente;
¥! A situa•‹o de perigo deve estar expondo ˆ les‹o um bem jur’dico
do pr—prio agente ou de um terceiro.
¥! O agente n‹o pode ter o dever jur’dico enfrentar o perigo.25

Quanto ˆ conduta do agente, ela deve ser:

23
Bitencourt sustenta que, apesar da ado•‹o da teoria unit‡ria, quando a escolha do agente por sacrificar
determinado bem em detrimento de outro n‹o for a mais correta de acordo com o Direito, mas puder ser
considerada como algo que qualquer pessoa acabaria fazendo da mesma forma, ter’amos o estado de
necessidade exculpante supralegal, ou seja, o Juiz poderia afastar a culpabilidade do agente por considerar
ser inexig’vel conduta diversa. BITENCOURT, Op. cit., p. 411/413

24
A Doutrina se divide quanto ˆ abrang•ncia da express‹o ÒvoluntariamenteÓ. Alguns sustentam que tanto
a causa•‹o culposa quanto a dolosa afastam a possibilidade de caracteriza•‹o do estado de necessidade
(Por todos, ASSIS TOLEDO). Outros defendem que somente a causa•‹o DOLOSA impede a caracteriza•‹o
do estado de necessidade (Por todos, DAMçSIO DE JESUS e CEZAR ROBERTO BITENCOURT). BITENCOURT,
Op. cit., p. 419

25
Todavia, a Doutrina entende que se n‹o h‡ mais como enfrentar a situa•‹o, Ž poss’vel alegar o estado
de necessidade, mesmo por aquele que teria o dever de enfrentar o perigo. Entende-se que n‹o se pode
exigir do agente um ato de hero’smo, sacrificando a pr—pria vida em prol de terceiros.

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¥! Inevit‡vel Ð O bem jur’dico protegido s— seria salvo daquela maneira.
N‹o havia outra forma de salvar o bem jur’dico.
¥! Proporcional Ð O agente deve sacrificar apenas bens jur’dicos de menor
ou igual valor ao que pretende proteger.

O estado de necessidade pode ser


¥! Agressivo Ð Quando para salvar seu bem jur’dico o agente sacrifica
bem jur’dico de um terceiro que n‹o provocou a situa•‹o de
perigo.
¥! Defensivo Ð Quando o agente sacrifica um bem jur’dico de quem
ocasionou a situa•‹o de perigo.

Pode ser ainda:


¥! Real Ð Quando a situa•‹o de perigo efetivamente existe;
¥! Putativo Ð Quando a situa•‹o de perigo n‹o existe de fato, apenas na
imagina•‹o do agente. Imaginemos que no caso do colete salva-vidas,
ao invŽs de ser o œltimo, existisse ainda uma sala repleta deles. Assim,
a situa•‹o de perigo apenas passou pela cabe•a do agente, n‹o sendo
a realidade, pois havia mais coletes. Nesse caso, o agente incorreu
em erro, que se for um erro escus‡vel (o agente n‹o tinha como saber
da exist•ncia dos outros coletes), excluir‡ a imputa•‹o do delito (a
maioria da Doutrina entende que teremos exclus‹o da culpabilidade).
J‡ se o erro for inescus‡vel (o agente era marinheiro h‡ muito tempo,
devendo saber que existia mais coletes), o agente responde pelo crime
cometido, MAS NA MODALIDADE CULPOSA, se houver previs‹o em
lei.

Alguns pontos importantes:


ESTADO DE ƒ poss’vel, desde que ambos n‹o tenham criado
NECESSIDADE a situa•‹o de perigo.
RECêPROCO
COMUNICABILIDADE Existe. Se um dos autores houver praticado o
fato em estado de necessidade, o crime fica
exclu’do para todos eles.
ERRO NA EXECU‚ÌO Pode acontecer, e o agente permanece coberto
pelo estado de necessidade. Ex.: Paulo atira em
M‡rio, visando sua morte, para tomar-lhe o
œltimo colete do navio. Entretanto, acerta Jo‹o.
Nesse caso, Paulo permanece acobertado pelo
estado de necessidade, pois se considera
praticado o crime contra a v’tima pretendida,
n‹o a atingida.

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MISERABILIDADE O STJ entende que a simples alega•‹o de
miserabilidade n‹o gera o estado de
necessidade para que seja exclu’da a ilicitude
do fato. Entretanto, em determinados casos,
poder‡ excluir a culpabilidade, em raz‹o da
inexigibilidade de conduta diversa
(estudaremos mais ˆ frente).

1.5.2!Leg’tima defesa
Nos termos do art. 25 do CP:
Art. 25 - Entende-se em leg’tima defesa quem, usando moderadamente dos meios
necess‡rios, repele injusta agress‹o, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.

O agente deve ter praticado o fato para repelir uma agress‹o. Contudo, h‡
alguns requisitos:

REQUISITOS PARA A CONFIGURA‚ÌO DA LEGêTIMA DEFESA


¥! Agress‹o Injusta Ð Assim, se a agress‹o Ž justa, n‹o h‡ leg’tima defesa.
Dessa forma, o preso que agride o carcereiro que o est‡ colocando para
dentro da cela n‹o age em leg’tima defesa, pois a agress‹o do carcereiro
(empurr‡-lo ˆ for•a) Ž justa.
¥! Atual ou iminente Ð A agress‹o deve estar acontecendo ou prestes a
acontecer. Veja que aqui, diferente do estado necessidade, n‹o h‡
necessidade de que o fato seja atual, bastando que seja iminente. Desta
maneira, se Paulo encontra, em local ermo, Poliana, sua ex-mulher, que por
vingan•a amea•ou mat‡-lo, e esta saca uma arma, Paulo poder‡ repelir essa
agress‹o iminente, pois ainda que n‹o tenha acontecido, n‹o se pode exigir
que Paulo aguarde Poliana come•ar a efetuar os disparos (absurdo!).
¥! Contra direito pr—prio ou alheio Ð A agress‹o injusta pode estar
acontecendo ou prestes a acontecer contra direito do pr—prio agente ou de
um terceiro. Assim, se Paulo agride Roberto porque ele est‡ agredindo
Poliana, n‹o comete crime, pois agiu em leg’tima defesa da integridade f’sica
de terceiro (Poliana).

Quando uma pessoa Ž atacada por um animal, em regra n‹o age em


leg’tima defesa, mas em estado de necessidade, pois os atos dos animais
n‹o podem ser considerados injustos. Entretanto, se o animal estiver sendo
utilizado como instrumento de um crime (dono determina ao c‹o bravo que
morda a v’tima), o agente poder‡ agir em leg’tima defesa. Entretanto, a
leg’tima defesa estar‡ ocorrendo em face do dono (les‹o ao seu patrim™nio, o
cachorro), e n‹o em face do animal.

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Com rela•‹o ˆs agress›es praticadas por inimput‡vel, a Doutrina se divide,
mas a maioria entende que nesse caso h‡ leg’tima defesa, e n‹o estado de
necessidade.
Na leg’tima defesa, diferentemente do que ocorre no estado de necessidade,
o agredido (que age em leg’tima defesa) n‹o Ž obrigado a fugir do
agressor, ainda que possa. A lei permite que o agredido revide e se proteja,
ainda que lhe seja poss’vel fugir!
A rea•‹o do agente, por sua vez, deve ser proporcional. Ou seja, os meios
utilizados por ele devem ser suficientes e necess‡rios a repelir a agress‹o injusta.
EXEMPLO: Se um ladr‹o furta uma caneta, a v’tima n‹o pode matar este ladr‹o
para repelir esta agress‹o ao seu patrim™nio, pois ainda que o meio utilizado
seja suficiente para que o patrim™nio seja preservado, n‹o Ž proporcional
sacrificar a vida de alguŽm por causa de uma caneta. Mas nem se for uma
Mont Blanc de R$ 5.000,00? N‹o!!!

A leg’tima defesa pode ser:


¥! Agressiva Ð Quando o agente pratica um fato previsto como infra•‹o
penal. Assim, se A agride B e este, em leg’tima defesa, agride A, est‡
cometendo les›es corporais (art. 129), mas n‹o h‡ crime, em raz‹o
da presen•a da causa excludente da ilicitude.
¥! Defensiva Ð O agente se limita a se defender, n‹o atacando nenhum
bem jur’dico do agressor.
¥! Pr—pria Ð Quando o agente defende seu pr—prio bem jur’dico.
¥! De terceiro Ð Quando defende bem jur’dico pertencente a outra
pessoa.
¥! Real Ð Quando a agress‹o a imin•ncia dela acontece, de fato, no
mundo real.
¥! Putativa Ð Quando o agente pensa que est‡ sendo agredido ou que
esta agress‹o ir‡ ocorrer, mas, na verdade, trata-se de fruto da sua
imagina•‹o. Aqui, aplica-se o que foi dito acerca do estado de
necessidade putativo!

A leg’tima defesa n‹o Ž presumida. Aquele que a alega deve provar sua
ocorr•ncia, pois, como estudamos, a exist•ncia do fato t’pico tem o cond‹o de
fazer presumir a ilicitude da conduta, cabendo ao acusado provar a exist•ncia de
uma das causas de exclus‹o da ilicitude.

CUIDADO! A leg’tima defesa sucessiva Ž poss’vel! ƒ aquela na qual o


agredido injustamente, acaba por se exceder nos meios para repelir a agress‹o.
Nesse caso, como h‡ excesso, esse excesso n‹o Ž permitido. Logo, aquele que

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primeiramente agrediu, agora poder‡ agir em leg’tima defesa. Se A
agride B com tapas leves, e B saca uma pistola e come•a a disparar contra A,
que se afasta e para de agredi-lo, caso B continue e atirar, A poder‡ sacar sua
arma e atirar contra B, pois a conduta de A se configura como excesso na
rea•‹o, e B estar‡ agindo em leg’tima defesa sucessiva.

Da mesma forma que no estado de necessidade, se o agredido erra ao


revidar a agress‹o e atinge pessoa que n‹o tem rela•‹o com a agress‹o (erro
sobre a pessoa), continuar‡ amparado pela excludente de ilicitude, pois o crime
se considera praticado contra a pessoa visada, n‹o contra a efetivamente
atingida.
No caso de leg’tima defesa de terceiro, duas hip—teses podem ocorrer:
¥! O bem do terceiro que est‡ sendo lesado Ž dispon’vel (bens
materiais, etc.) Ð Nesse caso, o terceiro deve concordar com que o
agente atue em seu favor.
¥! O bem do terceiro Ž indispon’vel (Vida, por exemplo) Ð Nesse caso,
o agente poder‡ repelir esta agress‹o ainda que o terceiro n‹o
concorde com esta atitude, pois o bem agredido Ž um bem de car‡ter
indispon’vel.

Voc•s devem ficar atentos a alguns pontos:


¥! N‹o cabe leg’tima defesa real em face de leg’tima defesa real, pois
se o primeiro age em leg’tima defesa real, sua agress‹o n‹o Ž injusta, o
que impossibilita rea•‹o em leg’tima defesa.
¥! Cabe leg’tima defesa real em face de leg’tima defesa putativa.
Assim, se A pensa estar sendo amea•ado por B e o agride (leg’tima defesa
putativa), B poder‡ agir em leg’tima defesa real. Isto porque a atitude de
A n‹o Ž justa, logo, Ž uma agress‹o injusta, de forma que B poder‡ se
valer da leg’tima defesa (A atŽ pode n‹o ser punido por sua conduta, mas
isso se dar‡ pela exclus‹o da culpabilidade em raz‹o da leg’tima defesa
putativa).
¥! Se o agredido se excede, o agressor passa a poder agir em leg’tima defesa
(leg’tima defesa sucessiva).
¥! Sempre caber‡ leg’tima defesa em face de conduta que esteja
acobertada apenas por causa de exclus‹o da culpabilidade (pois
nesse caso a agress‹o Ž t’pica e il’cita, embora n‹o culp‡vel).
¥! NUNCA haver‡ possibilidade de leg’tima defesa real em face de
qualquer causa de exclus‹o da ilicitude real.

1.5.3!Estrito cumprimento do dever legal


Nos termos do art. 23, III do CP:

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Art. 23 - N‹o h‡ crime quando o agente pratica o fato:
(...)
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exerc’cio regular de direito.

Age acobertado por esta excludente aquele que pratica fato t’pico, mas o faz
em cumprimento a um dever previsto em lei.
Assim, o Policial tem o dever legal de manter a ordem pœblica. Se alguŽm
comete crime, eventuais les›es corporais praticadas pelo policial (quando da
persegui•‹o) n‹o s‹o consideradas il’citas, pois embora tenha sido provocada
les‹o corporal (prevista no art. 129 do CP), o policial agiu no estrito cumprimento
do seu dever legal.

CUIDADO! Quando o policial, numa troca de tiros, acaba por ferir ou matar um
suspeito, ele n‹o age no estrito cumprimento do dever legal, mas em leg’tima
defesa. Isso porque o policial s— pode atirar contra alguŽm quando isso for
absolutamente necess‡rio para repelir injusta agress‹o contra si ou contra
terceiros.26

Se um terceiro colabora com aquele que age no estrito cumprimento do


dever legal, a ele tambŽm se estende essa causa de exclus‹o da ilicitude. Diz-se
que h‡ comunicabilidade.

ƒ muito comum ver pessoas afirmarem que essa causa s— se


aplica aos funcion‡rios pœblicos. ERRADO! O particular
tambŽm pode agir no estrito cumprimento do dever legal. O
advogado, por exemplo, que se nega a testemunhar sobre
fato conhecido em raz‹o da profiss‹o, n‹o pratica crime, pois
est‡ cumprindo seu dever legal de sigilo, previsto no estatuto
da OAB. Esse Ž apenas um exemplo.

1.5.4!Exerc’cio regular de direito


O C—digo Penal prev• essa excludente da ilicitude tambŽm no art. 23, III:
Art. 23 - N‹o h‡ crime quando o agente pratica o fato:
(...)
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exerc’cio regular de direito.

Dessa forma, quem age no leg’timo exerc’cio de um direito seu, n‹o


poder‡ estar cometendo crime, pois a ordem jur’dica deve ser harm™nica, de
forma que uma conduta que Ž considerada um direito da pessoa, n‹o pode ser

26
BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. cit., p. 431

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considerada crime, por quest›es l—gicas. Trata-se de preservar a coer•ncia do
sistema27.
Mas o direito deve estar previsto em lei? Sim! A Doutrina majorit‡ria
entende que os direitos derivados dos costumes locais n‹o podem ser invocados
como causas de exclus‹o da ilicitude.
Quando um atleta entra no octagon (aquela jaula das artes marciais mistas,
antigo vale-tudo), e agride o outro atleta, est‡ causando-lhe les›es corporais
(art. 129 do CP). Entretanto, n‹o comete crime, pois tem esse direito j‡ que
ambos est‹o se submetendo a uma pr‡tica desportiva que permite esse
tipo de conduta.
CUIDADO! Se esse mesmo atleta descumprir as regras do esporte (chutar
a cabe•a do outro atleta ca’do, por exemplo) e causar-lhe les›es, poder‡
responder pelo crime que cometer, pois n‹o lhe Ž permitido fazer isso!

1.5.5!Consentimento do ofendido
O consentimento do ofendido n‹o est‡ expressamente previsto no CP como
causa de exclus‹o da ilicitude. Todavia, a Doutrina Ž pac’fica ao sustentar que o
consentimento do ofendido pode, a depender do caso, afastar a ilicitude da
conduta, funcionando como causa supralegal (n‹o prevista na Lei) de exclus‹o
da ilicitude).
Ex.: JosŽ e Paulo combinam de fazer manobras arriscadas numa moto, estando
Paulo na garupa e JosŽ guiando a motocicleta. Neste caso, se JosŽ perder a
dire•‹o e causar les›es culposas em Paulo, n‹o haver‡ crime, eis que o
consentimento de Paulo em rela•‹o ˆ conduta arriscada de JosŽ afasta a ilicitude
da conduta.

A Doutrina elenca alguns requisitos para que o consentimento do ofendido


possa ser considerado causa supralegal de exclus‹o da ilicitude:
⇒! O consentimento deve ser v‡lido Ð O consentimento deve ser prestado
por pessoa capaz, mentalmente s‹ e livre de v’cios (coa•‹o, fraude, etc.).
⇒! O bem jur’dico deve ser pr—prio e dispon’vel Ð Assim, n‹o h‡ que se
falar em consentimento do ofendido quando o bem jur’dico pertence a outra
pessoa ou Ž indispon’vel como, por exemplo, a vida.
⇒! O consentimento deve ser prŽvio ou concomitante ˆ conduta Ð O
consentimento do ofendido ap—s a pr‡tica da conduta n‹o afasta a ilicitude.

27
O Prof. Zaffaroni entenderia que, neste caso, o fato Ž at’pico, pois, pela sua teoria da tipicidade
conglobante, um fato nunca poder‡ ser t’pico quando sua pr‡tica foi tolerada ou determinada pelo sistema
jur’dico. Fica apenas o registro, mas essa teoria n‹o Ž adotada pelo CP e Doutrinariamente Ž discutida.
Lembrem-se: Fica apenas o registro.

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1.5.6!Excesso pun’vel
O excesso pun’vel Ž o exerc’cio irregular de uma causa excludente
da ilicitude, seja porque n‹o h‡ mais a circunst‰ncia que permitia seu exerc’cio
(cessou a agress‹o, no caso da leg’tima defesa, por exemplo, seja porque o meio
utilizado n‹o Ž proporcional (agredido saca uma metralhadora para repelir um
tapa, no caso da leg’tima defesa). No primeiro caso, temos o excesso extensivo,
e no segundo, o excesso intensivo. Nesses casos, a lei prev• que aquele que se
exceder responder‡ pelos danos que causar, art. 23, ¤ œnico do CP:
Art. 23 (...)
Par‡grafo œnico - O agente, em qualquer das hip—teses deste artigo, responder‡ pelo
excesso doloso ou culposo.

Aplica-se a qualquer das causas excludentes da ilicitude. Assim, o policial


que, ap—s prender o ladr‹o, come•a a desferir socos em seu rosto, n‹o estar‡
agindo amparado pelo estrito cumprimento do dever legal, pois est‡ se
excedendo.

2! DISPOSITIVOS LEGAIS IMPORTANTES

CîDIGO PENAL
Ä Art. 13 do CP Ð Nexo de causalidade e relev‰ncia da omiss‹o
Rela•‹o de causalidade(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Art. 13 - O resultado, de que depende a exist•ncia do crime, somente Ž imput‡vel a
quem lhe deu causa. Considera-se causa a a•‹o ou omiss‹o sem a qual o resultado
n‹o teria ocorrido. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Superveni•ncia de causa independente(Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
¤ 1¼ - A superveni•ncia de causa relativamente independente exclui a imputa•‹o
quando, por si s—, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se
a quem os praticou. (Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Relev‰ncia da omiss‹o(Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
¤ 2¼ - A omiss‹o Ž penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para
evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:(Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de
11.7.1984)
a) tenha por lei obriga•‹o de cuidado, prote•‹o ou vigil‰ncia; (Inclu’do pela Lei n¼
7.209, de 11.7.1984)
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; (Inclu’do pela
Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorr•ncia do resultado. (Inclu’do
pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)

Ä Arts. 14 a 17 do CP - Consuma•‹o e tentativa:


Art. 14 - Diz-se o crime: (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Crime consumado (Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)

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I - consumado, quando nele se reœnem todos os elementos de sua defini•‹o legal;
(Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Tentativa (Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
II - tentado, quando, iniciada a execu•‹o, n‹o se consuma por circunst‰ncias alheias
ˆ vontade do agente. (Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Pena de tentativa(Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Par‡grafo œnico - Salvo disposi•‹o em contr‡rio, pune-se a tentativa com a pena
correspondente ao crime consumado, diminu’da de um a dois ter•os.(Inclu’do pela Lei
n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Desist•ncia volunt‡ria e arrependimento eficaz(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de
11.7.1984)
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execu•‹o ou impede
que o resultado se produza, s— responde pelos atos j‡ praticados.(Reda•‹o dada pela
Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Arrependimento posterior(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Art. 16 - Nos crimes cometidos sem viol•ncia ou grave amea•a ˆ pessoa, reparado o
dano ou restitu’da a coisa, atŽ o recebimento da denœncia ou da queixa, por ato
volunt‡rio do agente, a pena ser‡ reduzida de um a dois ter•os. (Reda•‹o dada pela
Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Crime imposs’vel (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Art. 17 - N‹o se pune a tentativa quando, por inefic‡cia absoluta do meio ou por
absoluta impropriedade do objeto, Ž imposs’vel consumar-se o crime.(Reda•‹o dada
pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)

Ä Art. 18 do CP Ð Dolo e culpa:


Art. 18 - Diz-se o crime: (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Crime doloso(Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;(Inclu’do
pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Crime culposo(Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprud•ncia, neglig•ncia ou
imper’cia. (Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Par‡grafo œnico - Salvo os casos expressos em lei, ninguŽm pode ser punido por fato
previsto como crime, sen‹o quando o pratica dolosamente. (Inclu’do pela Lei n¼ 7.209,
de 11.7.1984)

Ä Arts. 23 a 25 do CP Ð Exclus‹o da ilicitude:


Exclus‹o de ilicitude(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Art. 23 - N‹o h‡ crime quando o agente pratica o fato: (Reda•‹o dada pela Lei n¼
7.209, de 11.7.1984)
I - em estado de necessidade; (Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
II - em leg’tima defesa;(Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exerc’cio regular de direito.(Inclu’do
pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)

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Excesso pun’vel (Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Par‡grafo œnico - O agente, em qualquer das hip—teses deste artigo, responder‡ pelo
excesso doloso ou culposo.(Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Estado de necessidade
Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de
perigo atual, que n‹o provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar,
direito pr—prio ou alheio, cujo sacrif’cio, nas circunst‰ncias, n‹o era razo‡vel exigir-
se. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
¤ 1¼ - N‹o pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar
o perigo. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
¤ 2¼ - Embora seja razo‡vel exigir-se o sacrif’cio do direito amea•ado, a pena poder‡
ser reduzida de um a dois ter•os. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Leg’tima defesa
Art. 25 - Entende-se em leg’tima defesa quem, usando moderadamente dos meios
necess‡rios, repele injusta agress‹o, atual ou iminente, a direito seu ou de
outrem.(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)

3! SòMULAS PERTINENTES

3.1!Sœmulas do STJ
Ä Sœmula 567 do STJ Ð Durante algum tempo se discutiu, principalmente na
Doutrina, se a exist•ncia de sistema de vigil‰ncia ou monitoramento eletr™nico
seria um impedimento absoluto ˆ consuma•‹o do delito de furto, caracterizando
crime imposs’vel. O STJ, j‡ h‡ algum tempo, havia solidificado entendimento no
sentido de que tal fato n‹o impede, em absoluto, a consuma•‹o do furto, motivo
pelo qual n‹o h‡ que se falar em crime imposs’vel, mas em tentativa, j‡ que
o meio utilizado n‹o Ž absolutamente ineficaz. Em raz‹o disso, foi editado o
verbete de sœmula 567 do STJ:
Sœmula 567 do STJ - Sistema de vigil‰ncia realizado por monitoramento eletr™nico
ou por exist•ncia de seguran•a no interior de estabelecimento comercial, por si s—,
n‹o torna imposs’vel a configura•‹o do crime de furto.

4! RESUMO

CONCEITO DE CRIME
O Crime pode ser entendido sob tr•s aspectos: Material, formal (legal) e anal’tico:
¥! Formal (legal) Ð Crime Ž a conduta prevista em Lei como crime. No Brasil,
mais especificamente, Ž toda infra•‹o penal a que a lei comina pena de
reclus‹o ou deten•‹o
¥! Material Ð Crime Ž a conduta que afeta, de maneira significativa (mediante
les‹o ou exposi•‹o a perigo), um bem jur’dico relevante de terceira pessoa.

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¥! Anal’tico Ð Ado•‹o da teoria tripartida. Crime Ž composto por fato t’pico,
ilicitude e culpabilidade.

FATO TêPICO E SEUS ELEMENTOS


O fato t’pico tambŽm se divide em elementos, s‹o eles:
¥! Conduta humana (alguns entendem poss’vel a conduta de
pessoa jur’dica) Ð Ado•‹o da teoria FINALISTA: conduta humana Ž
a a•‹o ou omiss‹o volunt‡ria dirigida a uma determinada finalidade.
¥! Resultado natural’stico Ð ƒ a modifica•‹o do mundo real provocada
pela conduta do agente. Apenas nos crimes materiais se exige um
resultado natural’stico. Nos crimes formais e de mera conduta n‹o h‡
essa exig•ncia. AlŽm do resultado natural’stico (que nem sempre
estar‡ presente), h‡ tambŽm o resultado jur’dico (ou normativo),
que Ž a les‹o ao bem jur’dico tutelado pela norma penal. Esse
resultado sempre estar‡ presente.
¥! Nexo de causalidade Ð Nexo entre a conduta do agente e o
resultado. Ado•‹o, pelo CP, da teoria da equival•ncia dos
antecedentes (considera-se causa do crime toda conduta sem a qual
o resultado n‹o teria ocorrido). Utiliza•‹o do elemento subjetivo (dolo
ou culpa) como filtro, para evirar a Òregress‹o infinitaÓ. Ado•‹o,
subsidiariamente, da teoria da causalidade adequada, na hip—tese
de superveni•ncia de causa relativamente independente que produz,
por si s—, o resultado. OBS.: Teoria da imputa•‹o objetiva n‹o foi
expressamente adotada pelo CP, mas h‡ decis›es jurisprudenciais
aplicando a Teoria.
¥! Tipicidade Ð ƒ a adequa•‹o da conduta do agente ˆ conduta descrita
pela norma penal incriminadora (tipicidade formal). A tipicidade
material Ž o desdobramento do conceito material de crime: s— haver‡
tipicidade material quando houver les‹o (ou exposi•‹o a perigo)
significativa a bem jur’dico relevante de terceiro (afasta-se a tipicidade
material, por exemplo, quando se reconhece o princ’pio da
insignific‰ncia). OBS.: Adequa•‹o t’pica mediata: Nem sempre a
conduta praticada pelo agente se amolda perfeitamente ao tipo penal
(adequa•‹o imediata). Ës vezes Ž necess‡rio que se proceda ˆ
conjuga•‹o de outro dispositivo da Lei Penal para se chegar ˆ
conclus‹o de que um fato Ž t’pico (adequa•‹o mediata). Ex.: homic’dio
tentado (art. 121 + art. 14, II do CP).

CRIME DOLOSO E CRIME CULPOSO


Crime doloso

Dolo direto de primeiro grau - composto pela consci•ncia de que a conduta


pode lesar um bem jur’dico + a vontade de violar (pela les‹o ou exposi•‹o a
perigo) este bem jur’dico.

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Dolo direto de segundo grau - tambŽm chamado de Òdolo de consequ•ncias
necess‡riasÓ. O agente n‹o quer o resultado, mas sabe que o resultado Ž um
efeito colateral NECESSçRIO, e pratica a conduta assim mesmo, sabendo que
o resultado (n‹o querido) ocorrer‡ fatalmente.
Dolo eventual - consiste na consci•ncia de que a conduta pode gerar um
resultado criminoso + a assun•‹o desse risco, mesmo diante da probabilidade de
algo dar errado. Trata-se de hip—tese na qual o agente n‹o tem vontade de
produzir o resultado criminoso, mas, analisando as circunst‰ncias, sabe que este
resultado pode ocorrer e n‹o se importa, age da mesma maneira. OBS.:
diferen•a em rela•‹o ao dolo direto de segundo grau: aqui o resultado n‹o
querido Ž POSSêVEL OU PROVçVEL; no dolo direto de segundo grau o resultado
n‹o querido Ž CERTO (consequ•ncia necess‡ria).

O dolo pode ser, ainda:


¥! Dolo genŽrico Ð ƒ, basicamente, a vontade de praticar a conduta
descrita no tipo penal, sem nenhuma outra finalidade.
¥! Dolo espec’fico, ou especial fim de agir Ð Em contraposi•‹o ao
dolo genŽrico, nesse caso o agente n‹o quer somente praticar a
conduta t’pica, mas o faz por alguma raz‹o especial, com alguma
finalidade espec’fica.
¥! Dolo geral, por erro sucessivo, ou aberratio causae Ð Ocorre
quando o agente, acreditando ter alcan•ado seu objetivo, pratica
nova conduta, com finalidade diversa, mas depois se constata que
esta œltima foi a que efetivamente causou o resultado. Trata-se de
erro na rela•‹o de causalidade, pois embora o agente tenha
conseguido alcan•ar a finalidade proposta, somente o alcan•ou
atravŽs de outro meio, que n‹o tinha direcionado para isso.
¥! Dolo antecedente, atual e subsequente Ð O dolo antecedente Ž o
que se d‡ antes do in’cio da execu•‹o da conduta. O dolo atual Ž o
que est‡ presente enquanto o agente se mantŽm exercendo a
conduta, e o dolo subsequente ocorre quando o agente, embora
tendo iniciado a conduta com uma finalidade l’cita, altera seu ‰nimo,
passando a agir de forma il’cita.

Crime culposo
No crime culposo a conduta do agente Ž destinada a um determinado fim (que
pode ser l’cito ou n‹o), mas pela viola•‹o a um dever de cuidado, o agente
acaba por lesar um bem jur’dico de terceiro, cometendo crime culposo. Pode se
dar por:
¥! Neglig•ncia Ð O agente deixa de tomar todas as cautelas
necess‡rias para que sua conduta n‹o venha a lesar o bem jur’dico
de terceiro.

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¥! Imprud•ncia Ð ƒ o caso do afoito, daquele que pratica atos
temer‡rios, que n‹o se coadunam com a prud•ncia que se deve ter
na vida em sociedade.
¥! Imper’cia Ð Decorre do desconhecimento de uma regra tŽcnica
profissional para a pr‡tica da conduta.

O crime culposo Ž composto de:


¥! Uma conduta volunt‡ria
¥! A viola•‹o a um dever objetivo de cuidado
¥! Um resultado natural’stico involunt‡rio Ð O resultado produzido
n‹o foi querido pelo agente (salvo na culpa impr—pria).
¥! Nexo causal
¥! Tipicidade Ð Ado•‹o da excepcionalidade do crime culposo. S—
haver‡ puni•‹o a t’tulo de culpa se houver expressa previs‹o legal
nesse sentido.
¥! Previsibilidade objetiva - O resultado ocorrido deve ser previs’vel
mediante um esfor•o intelectual razo‡vel. ƒ chamada previsibilidade
do Òhomem mŽdioÓ.

Modalidades de culpa
¥! Culpa consciente e inconsciente Ð Na culpa consciente, o
agente prev• o resultado como poss’vel, mas acredita que este n‹o
ir‡ ocorrer (previsibilidade SUBJETIVA). Na culpa inconsciente, o
agente n‹o prev• que o resultado possa ocorrer (h‡ apenas
previsibilidade OBJETIVA, n‹o subjetiva).
¥! Culpa pr—pria e culpa impr—pria Ð A culpa pr—pria Ž aquela na
qual o agente NÌO QUER O RESULTADO criminoso. ƒ a culpa
propriamente dita. Pode ser consciente, quando o agente prev• o
resultado como poss’vel, ou inconsciente, quando n‹o h‡ essa
previs‹o. Na culpa impr—pria, o agente quer o resultado, mas,
por erro inescus‡vel, acredita que o est‡ fazendo amparado por uma
causa excludente da ilicitude ou da culpabilidade. A culpa, portanto,
n‹o est‡ na execu•‹o da conduta, mas no momento de escolher
praticar a conduta.
OBS.: crime preterdoloso (ou preterintencional): O crime preterdoloso
ocorre quando o agente, com vontade de praticar determinado crime (dolo),
acaba por praticar crime mais grave, n‹o com dolo, mas por culpa.

CRIME CONSUMADO, TENTADO E IMPOSSêVEL


Crime consumado Ð ocorre quando todos os elementos da defini•‹o legal da
conduta criminosa est‹o presentes.
Crime tentado Ð h‡ crime tentado quando o resultado n‹o ocorre por
circunst‰ncias alheias ˆ vontade do agente. Ado•‹o da teoria objetiva da

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punibilidade da tentativa: como regra, o agente responde pela pena do crime
consumado, diminu’da de um a dois ter•os. EXCE‚ÌO: (1) crimes em que a mera
tentativa de alcan•ar o resultado j‡ consuma o delito. Ex: art. 352 do CP (Evas‹o
mediante viol•ncia contra a pessoa); (2) outras exce•›es legais.
Crime imposs’vel (tentativa inid™nea ou crime oco) Ð o resultado n‹o ocorre
por ser absolutamente imposs’vel sua ocorr•ncia, em raz‹o: (1) da absoluta
impropriedade do objeto; ou (2) da absoluta inefic‡cia do meio. Ado•‹o da teoria
objetiva da punibilidade da tentativa inid™nea: a conduta do agente n‹o Ž
pun’vel.
Desist•ncia volunt‡ria - Na desist•ncia volunt‡ria o agente, por ato volunt‡rio,
desiste de dar sequ•ncia aos atos execut—rios, mesmo podendo faz•-lo.
FîRMULA DE FRANK: (1) Na tentativa Ð O agente quer, mas n‹o pode
prosseguir; (2) Na desist•ncia volunt‡ria Ð O agente pode, mas n‹o quer
prosseguir. Se o resultado n‹o ocorre, o agente n‹o responde pela tentativa, mas
apenas pelos atos efetivamente praticados.
Arrependimento eficaz - Aqui o agente j‡ praticou todos os atos execut—rios
que queria e podia, mas ap—s isto, se arrepende do ato e adota medidas que
acabam por impedir a consuma•‹o do resultado. Se o resultado n‹o ocorre, o
agente n‹o responde pela tentativa, mas apenas pelos atos efetivamente
praticados.
Arrependimento posterior - N‹o exclui o crime, pois este j‡ se consumou.
Ocorre quando o agente repara o dano provocado ou restitui a coisa.
Consequ•ncia: diminui•‹o de pena, de um a dois ter•os. S— cabe:
¥! Nos crimes em que n‹o h‡ viol•ncia ou grave amea•a ˆ pessoa;
¥! Se a repara•‹o do dano ou restitui•‹o da coisa Ž anterior ao recebimento
da denœncia ou queixa.

ILICITUDE (ANTIJURIDICIDADE)
ƒ a condi•‹o de contrariedade da conduta perante o Direito. Em regra, toda
conduta t’pica Ž il’cita. N‹o o ser‡, porŽm, se houver uma causa de exclus‹o da
ilicitude. S‹o elas:
¥! GenŽricas Ð S‹o aquelas que se aplicam a todo e qualquer crime. Est‹o
previstas na parte geral do C—digo Penal, em seu art. 23;
¥! Espec’ficas Ð S‹o aquelas que s‹o pr—prias de determinados crimes, n‹o se
aplicando a outros.

CAUSAS GENƒRICAS DE EXCLUSÌO DA ILICITUDE

ESTADO DE NECESSIDADE

Conceito Ð ÒConsidera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para


salvar de perigo atual, que n‹o provocou por sua vontade, nem podia de outro

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modo evitar, direito pr—prio ou alheio, cujo sacrif’cio, nas circunst‰ncias, n‹o era
razo‡vel exigir-seÓ.
Se bem sacrificado era de valor maior que o bem protegido Ð N‹o h‡
justifica•‹o. A conduta Ž il’cita. O agente, contudo, tem a pena diminu’da de um
a dois ter•os.
Requisitos
¥! N‹o ter sido criada voluntariamente pelo agente (ou seja, se foi
ele mesmo quem deu causa, n‹o poder‡ sacrificar o direito de um
terceiro a pretexto de salvar o seu).
¥! Perigo atual Ð O perigo deve estar ocorrendo. A lei n‹o permite o
estado de necessidade diante de um perigo futuro, ainda que iminente.
¥! A situa•‹o de perigo deve estar expondo ˆ les‹o um bem jur’dico
do pr—prio agente ou de um terceiro.
¥! O agente n‹o pode ter o dever jur’dico de impedir o resultado.
¥! Bem jur’dico sacrificado deve ser de valor igual ou inferior ao
bem protegido - Se o bem sacrificado era de valor maior que o bem
protegido, n‹o h‡ justifica•‹o. A conduta Ž il’cita. O agente, contudo,
tem a pena diminu’da de um a dois ter•os.
¥! Atitude necess‡ria Ð O agente deve agir nos estritos limites do
necess‡rio. Caso se exceda, responder‡ pelo excesso (culposo ou
doloso).
EspŽcies:
¥! Agressivo Ð Quando para salvar seu bem jur’dico o agente sacrifica
bem jur’dico de um terceiro que n‹o provocou a situa•‹o de perigo.
¥! Defensivo Ð Quando o agente sacrifica um bem jur’dico de quem
ocasionou a situa•‹o de perigo.
¥! Real Ð Quando a situa•‹o de perigo efetivamente existe.
¥! Putativo Ð Quando a situa•‹o de perigo n‹o existe de fato, apenas
na imagina•‹o do agente.

LEGêTIMA DEFESA
Conceito Ð ÒEntende-se em leg’tima defesa quem, usando moderadamente dos
meios necess‡rios, repele injusta agress‹o, atual ou iminente, a direito seu ou
de outremÓ.
Requisitos:
¥! Agress‹o Injusta Ð Assim, se a agress‹o Ž justa, n‹o h‡ leg’tima
defesa.
¥! Atual ou iminente Ð A agress‹o deve estar acontecendo ou prestes a
acontecer.
¥! Contra direito pr—prio ou alheio Ð A agress‹o injusta pode estar
acontecendo ou prestes a acontecer contra direito do pr—prio agente
ou de um terceiro.

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¥! Rea•‹o proporcional Ð O agente deve repelir a agress‹o injusta,
valendo-se dos meios necess‡rios, mas sem se exceder. Caso se
exceda, responder‡ pelo excesso (culposo ou doloso).
OBS.: Na leg’tima defesa, diferentemente do que ocorre no estado de
necessidade, o agredido (que age em leg’tima defesa) n‹o Ž obrigado a fugir
do agressor, ainda que possa.
EspŽcies de leg’tima defesa:
¥! Agressiva Ð Quando o agente pratica um fato previsto como infra•‹o
penal.
¥! Defensiva Ð O agente se limita a se defender, n‹o atacando nenhum
bem jur’dico do agressor.
¥! Pr—pria Ð Quando o agente defende seu pr—prio bem jur’dico.
¥! De terceiro Ð Quando defende bem jur’dico pertencente a outra
pessoa.
¥! Real Ð Quando a agress‹o a imin•ncia dela acontece, de fato, no
mundo real.
¥! Putativa Ð Quando o agente pensa que est‡ sendo agredido ou que
esta agress‹o ir‡ ocorrer, mas, na verdade, trata-se de fruto da sua
imagina•‹o.
T—picos importantes:
¥! N‹o cabe leg’tima defesa real em face de leg’tima defesa real.
¥! Cabe leg’tima defesa real em face de leg’tima defesa putativa.
¥! Cabe leg’tima defesa sucessiva
¥! Sempre caber‡ leg’tima defesa em face de conduta que esteja acobertada
apenas por causa de exclus‹o da culpabilidade
¥! NUNCA haver‡ possibilidade de leg’tima defesa real em face de qualquer
causa de exclus‹o da ilicitude real.

ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL


Conceito Ð Ocorre quando o agente pratica fato t’pico, mas o faz em
cumprimento a um dever previsto em lei.
Observa•›es importantes:
¥! Se um terceiro colabora com aquele que age no estrito cumprimento do
dever legal, a ele tambŽm se estende essa causa de exclus‹o da ilicitude
(h‡ comunicabilidade).
¥! O particular tambŽm pode agir no estrito cumprimento do dever legal.

EXERCêCIO REGULAR DE DIREITO


Conceito Ð Ocorre quando o agente pratica fato t’pico, mas o faz no exerc’cio de
um direito seu. Dessa forma, quem age no leg’timo exerc’cio de um direito seu,

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n‹o poder‡ estar cometendo crime, pois a ordem jur’dica deve ser harm™nica.
Ex.: Lutador de vale-tudo que agride o oponente.
Excesso pun’vel Ð Da mesma forma que nas demais hip—teses, o agente
responder‡ pelo excesso (culposo ou doloso). O excesso, aqui, ir‡ se verificar
sempre que o agente ultrapassar os limites do direito que possui (n‹o estar‡ mais
no exerc’cio REGULAR de direito).
________

Bons estudos!
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5! EXERCêCIOS DA AULA

01.! (CESPE Ð 2017 Ð PM-AL Ð SOLDADO)


A respeito da aplica•‹o da lei penal, do crime e da imputabilidade penal, julgue
o item a seguir.
Situa•‹o hipotŽtica: Joana contratou Ant™nia para servir de curadora de sua m‹e,
uma pessoa idosa. Certo dia, enquanto Ant™nia dormia, a m‹e de Joana, ao
caminhar pela sala, caiu e fraturou o f•mur da perna esquerda. Assertiva: Nessa
situa•‹o, Ant™nia n‹o ser‡ responsabilizada pela les‹o sofrida pela m‹e de Joana:
a conduta omissiva de Ant™nia Ž penalmente irrelevante.

02.! (CESPE Ð 2017 Ð PM-AL Ð SOLDADO)


A respeito da aplica•‹o da lei penal, do crime e da imputabilidade penal, julgue
o item a seguir.
Um crime Ž classificado como crime culposo quando o agente quis o resultado ou
assumiu o risco de produzi-lo.

03.! (CESPE Ð 2017 Ð PM-AL Ð SOLDADO)


A respeito da aplica•‹o da lei penal, do crime e da imputabilidade penal, julgue
o item a seguir.
Situa•‹o hipotŽtica: No trajeto para a delegacia de pol’cia, a viatura policial que
transportava um indiv’duo preso em flagrante delito sofreu um acidente de
tr‰nsito, o que provocou o in’cio de inc•ndio em fun•‹o do combust’vel
armazenado no tanque. Com o risco iminente de explos‹o, o policial conseguiu
se salvar saindo pela janela. O indiv’duo transportado ficou preso na viatura em
chamas. Assertiva: Nessa situa•‹o, o policial poder‡ invocar em sua defesa a
excludente de ilicitude do estado de necessidade.

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04.! (CESPE - 2017 Ð TRF1 Ð ANALISTA JUDICIçRIO Ð çREA


JUDICIçRIA)
Acerca dos institutos penais da desist•ncia volunt‡ria, do arrependimento eficaz
e do arrependimento posterior, julgue o item a seguir.
ƒ admiss’vel a incid•ncia do arrependimento eficaz nos crimes perpetrados com
viol•ncia ou grave amea•a.

05.! (CESPE - 2017 Ð TRF1 Ð ANALISTA JUDICIçRIO Ð çREA


JUDICIçRIA)
Acerca dos institutos penais da desist•ncia volunt‡ria, do arrependimento eficaz
e do arrependimento posterior, julgue o item a seguir.
Veda-se a redu•‹o de pena em caso de arrependimento posterior nos crimes
culposos.

06.! (CESPE - 2017 Ð TRF1 Ð ANALISTA JUDICIçRIO Ð çREA


JUDICIçRIA)
Acerca dos institutos penais da desist•ncia volunt‡ria, do arrependimento eficaz
e do arrependimento posterior, julgue o item a seguir.
De modo geral, a doutrina indica a aplica•‹o da f—rmula de Frank quando o
objetivo for estabelecer a distin•‹o entre desist•ncia volunt‡ria e tentativa.

07.! (CESPE - 2017 Ð TRF1 Ð ANALISTA JUDICIçRIO Ð çREA


JUDICIçRIA)
Julgue o pr—ximo item, relativo ao instituto da tentativa.
Crime culposo n‹o admite tentativa.

08.! (CESPE - 2017 Ð TRF1 Ð ANALISTA JUDICIçRIO Ð çREA


JUDICIçRIA)
Julgue o pr—ximo item, relativo ao instituto da tentativa.
No que concerne ˆ punibilidade da tentativa, o C—digo Penal adota a teoria
objetiva.

09.! (CESPE Ð 2017 Ð TRF1 Ð TƒCNICO JUDICIçRIO Ð çREA


ADMINISTRATIVA)
Ant™nio, renomado cientista, ao desenvolver uma atividade habitual, em raz‹o
da pressa para entregar determinado produto, foi omisso ao n‹o tomar todas as
precau•›es no preparo de uma fase do procedimento laboratorial, o que acabou
ocasionando dano ˆ integridade f’sica de uma pessoa.
Acerca dessa situa•‹o hipotŽtica, julgue o item a seguir.

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Embora n‹o tenha desejado o resultado danoso, Ant™nio poder‡ ser punido
devido ˆ imper’cia na execu•‹o do procedimento laboratorial.

10.! (CESPE Ð 2017 Ð TRF1 Ð OFICIAL DE JUSTI‚A)


Acerca da antijuridicidade e das causas de exclus‹o no direito penal, julgue os
itens subsequentes.
O consentimento do ofendido Ž uma excludente de antijuridicidade e poder‡ ser
manifestado antes, durante ou depois da conduta do agente.

11.! (CESPE Ð 2017 Ð TRF1 Ð OFICIAL DE JUSTI‚A)


Acerca da antijuridicidade e das causas de exclus‹o no direito penal, julgue os
itens subsequentes.
O oficial de justi•a encontra-se em exerc’cio regular de direito ao cumprir
mandado de reintegra•‹o de posse de bem im—vel de propriedade de banco
pœblico, com ordem de arrombamento, desocupa•‹o e imiss‹o de posse.

12.! (CESPE Ð 2017 Ð TRF1 Ð OFICIAL DE JUSTI‚A)


Acerca da antijuridicidade e das causas de exclus‹o no direito penal, julgue os
itens subsequentes.
Segundo o C—digo Penal, o agente que tenha cometido excesso quando da an‡lise
das excludentes de ilicitudes ser‡ punido apenas se o tiver cometido
dolosamente.

13.! (CESPE Ð 2016 Ð PC-GO Ð ESCRIVÌO Ð ADAPTADA)


N‹o ser‡ pun’vel o excesso de leg’tima defesa se a pessoa usar energia exagerada
para repelir uma agress‹o atual ou iminente, porque, em tais casos, n‹o se pode
exigir do homem mŽdio agir moderadamente quando tomado de violenta
emo•‹o.

14.! (CESPE Ð 2016 Ð PC-GO Ð ESCRIVÌO Ð ADAPTADA)


Diz-se antijur’dica e, portanto, pun’vel a t’tulo doloso toda conduta contr‡ria ao
direito, ainda que praticada na cren•a sincera de se estar agindo com amparo em
causa excludente de ilicitude.

15.! (CESPE Ð 2016 Ð PC-GO Ð ESCRIVÌO Ð ADAPTADA)


S‹o exemplos de excludentes de ilicitude a coa•‹o moral irresist’vel, a leg’tima
defesa, o estado de necessidade e o exerc’cio regular de um direito.

16.! (CESPE Ð 2016 Ð PC-GO Ð ESCRIVÌO Ð ADAPTADA)


Nos crimes materiais, a consuma•‹o s— ocorre ante a produ•‹o do resultado
natural’stico, enquanto que, nos crimes formais, este resultado Ž dispens‡vel.

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17.! (CESPE Ð 2016 Ð TCE-PR Ð ANALISTA DE CONTROLE Ð çREA


JURêDICA Ð ADAPTADA)
As causas supervenientes relativamente independentes possuem rela•‹o de
causalidade com conduta do sujeito e n‹o excluem a imputa•‹o do resultado.

18.! (CESPE Ð 2016 Ð TCE-PR Ð ANALISTA DE CONTROLE Ð çREA


JURêDICA Ð ADAPTADA)
As causas concomitantes absolutamente independentes n‹o possuem rela•‹o de
causalidade com a conduta do sujeito e excluem o nexo causal.

19.! (CESPE Ð 2016 Ð PC-PE - DELEGADO Ð ADAPTADA)


Para os crimes omissivos impr—prios, o estudo do nexo causal Ž relevante,
porquanto o CP adotou a teoria natural’stica da omiss‹o, ao equiparar a ina•‹o
do agente garantidor a uma a•‹o.

20.! (CESPE Ð 2016 Ð PC-PE - DELEGADO Ð ADAPTADA)


O CP adota, como regra, a teoria da causalidade adequada, dada a afirma•‹o
nele constante de que Òo resultado, de que depende a exist•ncia do crime,
somente Ž imput‡vel a quem lhe deu causa; causa Ž a a•‹o ou omiss‹o sem a
qual o resultado n‹o teria ocorridoÓ.

21.! (CESPE Ð 2016 Ð PC-PE - DELEGADO Ð ADAPTADA)


Segundo a teoria da imputa•‹o objetiva, cuja finalidade Ž limitar a
responsabilidade penal, o resultado n‹o pode ser atribu’do ˆ conduta do agente
quando o seu agir decorre da pr‡tica de um risco permitido ou de uma conduta
que diminua o risco proibido.

22.! (CESPE Ð 2016 Ð PC-PE - DELEGADO Ð ADAPTADA)


O estudo do nexo causal nos crimes de mera conduta Ž relevante, uma vez que
se observa o elo entre a conduta humana propulsora do crime e o resultado
natural’stico.

23.! (CESPE Ð 2016 Ð PC-PE Ð POLêCIA CIENTêFICA Ð DIVERSOS


CARGOS Ð ADAPTADA)
ƒ caracterizada como estado de necessidade a conduta praticada por bombeiro
para salvar de perigo atual ou iminente, n‹o provocado por sua vontade, direito
pr—prio ou alheio, cujo sacrif’cio, nas circunst‰ncias, n‹o era razo‡vel exigir-se.

24.! (CESPE Ð 2016 Ð PC-PE Ð POLêCIA CIENTêFICA Ð DIVERSOS


CARGOS Ð ADAPTADA)

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H‡ excludente de tipicidade em casos de estado de necessidade, leg’tima defesa,
exerc’cio regular do direito e estrito cumprimento do dever legal.

25.! (CESPE Ð 2016 Ð TCE-SC Ð AUDITOR FISCAL DE CONTROLE


EXTERNO)
Caracteriza-se o dolo eventual no caso de um caçador que, confiando em sua
habilidade de atirador, dispara contra a caça, mas atinge um companheiro que
se encontra pr—ximo ao animal que ele desejava abater.

26.! (CESPE Ð 2016 Ð TCE-SC Ð AUDITOR FISCAL DE CONTROLE


EXTERNO)
A culpa impr—pria ocorre nas hip—teses de descriminantes putativas em que o
agente, em virtude de erro evit‡vel pelas circunstâncias, d‡ causa dolosamente
a um resultado, mas responde como se tivesse praticado um delito culposo.

27.! (CESPE Ð 2015 Ð DPU Ð DEFENSOR PòBLICO)


No direito penal brasileiro, admite-se a compensa•‹o de culpas no caso de duas
ou mais pessoas concorrerem culposamente para a produ•‹o de um resultado
natural’stico, respondendo cada um, nesse caso, na medida de suas
culpabilidades.

28.! (CESPE Ð 2015 Ð DPU Ð DEFENSOR PòBLICO)


Em rela•‹o ˆ tentativa, adota-se, no C—digo Penal, a teoria subjetiva, salvo na
hip—tese de crime de evas‹o mediante viol•ncia contra a pessoa.

29.! (CESPE Ð 2015 Ð DPU Ð DEFENSOR PòBLICO)


Configura-se a desist•ncia volunt‡ria ainda que n‹o tenha partido
espontaneamente do agente a ideia de abandonar o prop—sito criminoso, com o
resultado de deixar de prosseguir na execu•‹o do crime.

30.! (CESPE - 2015 - TRE-GO - ANALISTA JUDICIçRIO - çREA


JUDICIçRIA)
No que concerne ˆ lei penal no tempo, tentativa, crimes omissivos,
arrependimento posterior e crime imposs’vel, julgue os itens a seguir.
Configura-se tentativa incruenta no caso de o agente n‹o conseguir atingir a
pessoa ou a coisa contra a qual deveria recair sua conduta.

31.! (CESPE - 2015 - TRE-GO - ANALISTA JUDICIçRIO - çREA


JUDICIçRIA)
No que concerne ˆ lei penal no tempo, tentativa, crimes omissivos,
arrependimento posterior e crime imposs’vel, julgue os itens a seguir.

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De acordo com a teoria subjetiva, aquele que se utilizar de uma arma de
brinquedo para ceifar a vida de outrem mediante disparos, n‹o logrando •xito
em seu desiderato, responder‡ pelo delito de tentativa de homic’dio.

32.! (CESPE Ð 2015 Ð TCU Ð AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO)


No que diz respeito ˆs causas de exclus‹o da ilicitude, Ž poss’vel alegar leg’tima
defesa contra quem pratica conduta acobertada por uma dirimente de
culpabilidade, como, por exemplo, coa•‹o moral irresist’vel.

33.! (CESPE Ð 2015 Ð AGU Ð ADVOGADO DA UNIÌO)


Acerca da aplica•‹o da lei penal, do conceito anal’tico de crime, da exclus‹o de
ilicitude e da imputabilidade penal, julgue os itens que se seguem.
Como a rela•‹o de causalidade constitui elemento do tipo penal no direito
brasileiro, foi adotada como regra, no CP, a teoria da causalidade adequada,
tambŽm conhecida como teoria da equival•ncia dos antecedentes causais.

34.! (CESPE Ð 2015 Ð AGU Ð ADVOGADO DA UNIÌO)


Acerca da aplica•‹o da lei penal, do conceito anal’tico de crime, da exclus‹o de
ilicitude e da imputabilidade penal, julgue os itens que se seguem.
O direito penal brasileiro n‹o admite a puni•‹o de atos meramente preparat—rios
anteriores ˆ fase execut—ria de um crime, uma vez que a criminaliza•‹o de atos
anteriores ˆ execu•‹o de delito Ž uma viola•‹o ao princ’pio da lesividade.

35.! (CESPE Ð 2015 Ð AGU Ð ADVOGADO DA UNIÌO)


Acerca da aplica•‹o da lei penal, do conceito anal’tico de crime, da exclus‹o de
ilicitude e da imputabilidade penal, julgue os itens que se seguem.
A leg’tima defesa Ž causa de exclus‹o da ilicitude da conduta, mas n‹o Ž aplic‡vel
caso o agente tenha tido a possibilidade de fugir da agress‹o injusta e tenha
optado livremente pelo seu enfrentamento.

36.! (CESPE - 2013 - POLêCIA FEDERAL - DELEGADO DE POLêCIA)


Segundo a teoria causal, o dolo causalista Ž conhecido como dolo normativo, pelo
fato de existir, nesse dolo, juntamente com os elementos volitivos e cognitivos,
considerados psicol—gicos, elemento de natureza normativa (real ou potencial
consci•ncia sobre a ilicitude do fato).

37.! (CESPE - 2013 - POLêCIA FEDERAL - DELEGADO DE POLêCIA)


Considere que Jo‹o, maior e capaz, ap—s ser agredido fisicamente por um
desconhecido, tambŽm maior e capaz, comece a bater, moderadamente, na
cabe•a do agressor com um guarda - chuva e continue desferindo nele v‡rios
golpes, mesmo estando o desconhecido desacordado. Nessa situa•‹o hipotŽtica,
Jo‹o incorre em excesso intensivo.

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38.! (CESPE - 2013 - POLêCIA FEDERAL - DELEGADO DE POLêCIA)


Ocorre leg’tima defesa sucessiva, na hip—tese de leg’tima defesa real contra
leg’tima defesa putativa.

39.! (CESPE - 2013 - DPE-DF - DEFENSOR PòBLICO)


No que se refere aos crimes culposos e ˆ confiss‹o, julgue os seguintes itens.
Para a caracteriza•‹o do crime culposo, a culpa consciente se equipara ˆ culpa
inconsciente ou comum.

40.! (CESPE - 2013 - MPU - ANALISTA - DIREITO)


Acerca dos institutos do direito penal brasileiro, julgue os pr—ximos itens.
Em rela•‹o ˆs excludentes de ilicitude, na hip—tese de leg’tima defesa, o agente
deve agir nos limites do que Ž estritamente necess‡rio para evitar injusta
agress‹o a direito pr—prio ou de terceiro.

41.! (CESPE - 2013 - MPU - ANALISTA - DIREITO)


Com base no direito penal brasileiro, julgue os itens a seguir.
Considere a seguinte situa•‹o hipotŽtica.
Jœlio, com inten•‹o de matar Maria, disparou tiros de rev—lver em sua dire•‹o.
Socorrida, Maria foi conduzida, com vida, de ambul‰ncia, ao hospital; entretanto,
no trajeto, o ve’culo foi abalroado pelo caminh‹o de JosŽ, que ultrapassara um
sinal vermelho, tendo Maria falecido em raz‹o do acidente.
Nessa situa•‹o, Jœlio dever‡ responder por tentativa de homic’dio e JosŽ, por
homic’dio culposo.

42.! (CESPE - 2013 - SERPRO - ANALISTA - ADVOCACIA)


A responsabilidade penal do agente nas hip—teses de excesso doloso ou culposo
aplica-se a todas as seguintes causas de excludentes de ilicitude previstas no CP:
estado de necessidade, leg’tima defesa, estrito cumprimento de dever legal ou
exerc’cio regular de direito.

43.! (CESPE Ð 2014 Ð CåMARA DOS DEPUTADOS Ð CONSULTOR


LEGISLATIVO Ð çREA III)
Age com dolo eventual o agente que prev• poss’veis resultados il’citos
decorrentes da sua conduta, mas acredita que, com suas habilidades, ser‡ capaz
de evit‡-los.

44.! (CESPE Ð 2014 Ð TJ/CE Ð AJAJ)

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Acerca do arrependimento posterior, da culpa, dos crimes qualificados pelo
resultado, das excludentes de ilicitude e das excludentes de culpabilidade,
assinale a op•‹o correta.
A) Todo crime qualificado pelo resultado Ž um crime preterdoloso.
B) A coa•‹o f’sica irresist’vel Ž capaz de excluir a culpabilidade pelo cometimento
de um crime.
C) Para a doutrina majorit‡ria, aquele que, para salvar-se de perigo iminente,
sacrifica direito de outrem n‹o atua em estado de necessidade.
D) O instituto do arrependimento posterior pode ser aplicado ao crime de les‹o
corporal culposa.
E) O direito penal admite a compensa•‹o de culpas.
O agente policial, ao submeter o preso aos procedimentos estabelecidos na lei,
como, por exemplo, ˆ identifica•‹o datilosc—pica, quando autorizada, e ao
reconhecimento de pessoas e de coisas, no curso do inquŽrito policial, encontra-
se amparado pelo exerc’cio regular de direito, respondendo criminalmente nos
casos de excesso doloso ou culposo.

45.! (CESPE Ð 2014 Ð TJ/SE - ANALISTA)


Julgue os itens subsecutivos, acerca de crime e aplica•‹o de penas.
Mesmo quando o agente, de forma espont‰nea, desiste de prosseguir nos atos
execut—rios ou impede a consuma•‹o do delito, devem ser a ele imputadas as
penas da conduta t’pica dolosa inicialmente pretendida.

46.! (CESPE Ð 2014 Ð TJ/SE - ANALISTA)


Julgue os itens subsecutivos, acerca de crime e aplica•‹o de penas.
Configura crime imposs’vel a tentativa de subtrair bens de estabelecimento
comercial que tem sistema de monitoramento eletr™nico por c‰meras que
possibilitam completa observa•‹o da movimenta•‹o do agente por agentes de
seguran•a privada.

47.! (CESPE Ð 2014 Ð PGE-BA Ð PROCURADOR DO ESTADO)


Em direito penal, conforme a teoria limitada da culpabilidade, as discriminantes
putativas consistem em erro de tipo, ao passo que, de acordo com a teoria
extremada da culpabilidade, elas consistem em erro de proibi•‹o.

48.! (CESPE Ð 2014 Ð TJ-SE Ð TITULAR NOTARIAL Ð ADAPTADA)


ƒ causa de exclus‹o da culpabilidade o fato de a conduta ser praticada por meio
de coa•‹o f’sica irresist’vel.

49.! (CESPE Ð 2014 Ð TJ-SE Ð TITULAR NOTARIAL Ð ADAPTADA)

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O dever jur’dico de evitar o resultado existente no crime omissivo impr—prio deve
obrigatoriamente decorrer de uma imposi•‹o legal direta que determine cuidado
e vigil‰ncia em rela•‹o ˆ v’tima.

50.! (CESPE Ð 2014 Ð TJ-SE Ð TITULAR NOTARIAL Ð ADAPTADA)


Para que se caracterize crime omissivo pr—prio, Ž necess‡rio que o agente tenha
ocasionado o resultado natural’stico em decorr•ncia de um n‹o fazer que figure
como elementar do tipo.

6! EXERCêCIOS COMENTADOS

01.! (CESPE Ð 2017 Ð PM-AL Ð SOLDADO)


A respeito da aplica•‹o da lei penal, do crime e da imputabilidade penal,
julgue o item a seguir.
Situa•‹o hipotŽtica: Joana contratou Ant™nia para servir de curadora de
sua m‹e, uma pessoa idosa. Certo dia, enquanto Ant™nia dormia, a m‹e
de Joana, ao caminhar pela sala, caiu e fraturou o f•mur da perna
esquerda. Assertiva: Nessa situa•‹o, Ant™nia n‹o ser‡ responsabilizada
pela les‹o sofrida pela m‹e de Joana: a conduta omissiva de Ant™nia Ž
penalmente irrelevante.
COMENTçRIOS: Item errado, pois Ant™nia tinha a obriga•‹o, em raz‹o do
contrato firmado (foi contratada como curadora da idosa), de prote•‹o, guarda e
vigil‰ncia em rela•‹o ˆ idosa, de maneira que, apesar de n‹o ter dado causa ao
resultado (do ponto de vista f’sico-causal), deve responder pelo resultado, na
qualidade de garantidora. Trata-se, aqui, de um crime omissivo impr—prio, na
forma do art. 13, ¤2¼, ÒbÓ do CP.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

02.! (CESPE Ð 2017 Ð PM-AL Ð SOLDADO)


A respeito da aplica•‹o da lei penal, do crime e da imputabilidade penal,
julgue o item a seguir.
Um crime Ž classificado como crime culposo quando o agente quis o
resultado ou assumiu o risco de produzi-lo.
COMENTçRIOS: Item errado, pois neste caso teremos um crime doloso, e n‹o
um crime culposo, na forma do art. 18, I do CP.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

03.! (CESPE Ð 2017 Ð PM-AL Ð SOLDADO)


A respeito da aplica•‹o da lei penal, do crime e da imputabilidade penal,
julgue o item a seguir.

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Teoria e quest›es
Aula 02 Ð Prof. Renan Araujo
Situa•‹o hipotŽtica: No trajeto para a delegacia de pol’cia, a viatura
policial que transportava um indiv’duo preso em flagrante delito sofreu
um acidente de tr‰nsito, o que provocou o in’cio de inc•ndio em fun•‹o
do combust’vel armazenado no tanque. Com o risco iminente de
explos‹o, o policial conseguiu se salvar saindo pela janela. O indiv’duo
transportado ficou preso na viatura em chamas. Assertiva: Nessa
situa•‹o, o policial poder‡ invocar em sua defesa a excludente de
ilicitude do estado de necessidade.
COMENTçRIOS: A quest‹o Ž pol•mica. Como regra geral, n‹o pode invocar a
excludente do estado de necessidade aquele que tem o dever legal de enfrentar
o perigo, na forma do art. 24, ¤1¼ do CP. No caso, o policial, a princ’pio, n‹o
poderia abandonar a viatura sem ao menos tentar salvar o preso. Todavia, a
Doutrina entende que se n‹o h‡ mais como enfrentar a situa•‹o, Ž poss’vel alegar
o estado de necessidade.
Entende-se que n‹o se pode exigir do agente um ato de hero’smo,
sacrificando a pr—pria vida em prol de terceiros.
No caso da quest‹o, n‹o fica claro se havia, ou n‹o, tempo para tentar salvar o
preso. A quest‹o fala em Òimin•ncia de explos‹oÓ, ou seja, a explos‹o poderia
ocorrer a qualquer momento.
Entendo que, diante dessa situa•‹o de dœvida sobre a exata situa•‹o em que o
policial se encontrava, a anula•‹o da quest‹o seria a medida mais adequada.
Todavia, a Banca considerou a quest‹o como correta, seguindo a linha de
entendimento doutrin‡rio (embora a situa•‹o n‹o seja clara o suficiente).
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç CORRETA.

04.! (CESPE - 2017 Ð TRF1 Ð ANALISTA JUDICIçRIO Ð çREA


JUDICIçRIA)
Acerca dos institutos penais da desist•ncia volunt‡ria, do
arrependimento eficaz e do arrependimento posterior, julgue o item a
seguir.
ƒ admiss’vel a incid•ncia do arrependimento eficaz nos crimes
perpetrados com viol•ncia ou grave amea•a.
COMENTçRIOS: Item correto, pois n‹o h‡ qualquer impedimento ˆ configura•‹o
do arrependimento eficaz nos crimes praticados com viol•ncia ou grave amea•a
ˆ pessoa. O que n‹o se admite, em tais crimes, Ž o arrependimento posterior, na
forma do art. 16 do CP.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç CORRETA.

05.! (CESPE - 2017 Ð TRF1 Ð ANALISTA JUDICIçRIO Ð çREA


JUDICIçRIA)
Acerca dos institutos penais da desist•ncia volunt‡ria, do
arrependimento eficaz e do arrependimento posterior, julgue o item a
seguir.

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Teoria e quest›es
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Veda-se a redu•‹o de pena em caso de arrependimento posterior nos
crimes culposos.
COMENTçRIOS: Item errado, pois Ž perfeitamente poss’vel o reconhecimento
do arrependimento posterior nos crimes culposos, n‹o havendo qualquer
obst‡culo neste sentido, de acordo com o art. 16 do CP. A quest‹o, todavia, foi
anulada pela Banca, provavelmente em raz‹o de haver decis‹o, no ‰mbito do
STJ, vedando o arrependimento posterior em crime de homic’dio culposo (o que
n‹o seria motivo para anula•‹o, mas...).
Portanto, a quest‹o foi ANULADA.

06.! (CESPE - 2017 Ð TRF1 Ð ANALISTA JUDICIçRIO Ð çREA


JUDICIçRIA)
Acerca dos institutos penais da desist•ncia volunt‡ria, do
arrependimento eficaz e do arrependimento posterior, julgue o item a
seguir.
De modo geral, a doutrina indica a aplica•‹o da f—rmula de Frank quando
o objetivo for estabelecer a distin•‹o entre desist•ncia volunt‡ria e
tentativa.
COMENTçRIOS: Item correto, pois segundo a f—rmula de Frank, na tentativa o
agente quer, mas n‹o pode prosseguir; na desist•ncia volunt‡ria o agente pode,
mas n‹o quer prosseguir. Esta f—rmula Ž adotada pela Doutrina como uma forma
simplificada de explicar as diferen•as entre tentativa e desist•ncia volunt‡ria.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç CORRETA.

07.! (CESPE - 2017 Ð TRF1 Ð ANALISTA JUDICIçRIO Ð çREA


JUDICIçRIA)
Julgue o pr—ximo item, relativo ao instituto da tentativa.
Crime culposo n‹o admite tentativa.
COMENTçRIOS: Esta Ž uma afirmativa pol•mica. De fato, nos crimes culposos
n‹o h‡ que se falar em ÒtentativaÓ, pois n‹o h‡ como o agente n‹o obter o
resultado pretendido, por circunst‰ncias alheias ˆ sua vontade, se nunca quis o
resultado. Todavia, no excepcional caso da chamada Òculpa impr—priaÓ,
poderemos ter um agente sendo responsabilizado por crime culposo na forma
tentada (Ex.: JosŽ, acreditando estar agindo em leg’tima defesa, atira contra
Carlos, com dolo de matar. Carlos, todavia, n‹o morre em raz‹o de interven•‹o
mŽdica. JosŽ, todavia, n‹o se encontrava em situa•‹o de leg’tima defesa, motivo
pelo qual houve aqui uma Òdescriminante putativaÓ. Caso se entenda que houve
erro evit‡vel, JosŽ responder‡ pelo crime na forma culposa, conforme art. 20,
¤1¼ do CP, motivo pelo qual ter’amos, excepcionalmente, homic’dio culposo
(culpa impr—pria) na forma tentada).
Entendo, portanto, que a quest‹o est‡ errada, dada a exist•ncia desta
EXCEPCIONAL hip—tese, que Ž uma exce•‹o ˆ regra. Todavia, a Banca considerou
a quest‹o como correta, indo pela regra geral.

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Portanto, a ALTERNATIVA ESTç CORRETA.

08.! (CESPE - 2017 Ð TRF1 Ð ANALISTA JUDICIçRIO Ð çREA


JUDICIçRIA)
Julgue o pr—ximo item, relativo ao instituto da tentativa.
No que concerne ˆ punibilidade da tentativa, o C—digo Penal adota a
teoria objetiva.
COMENTçRIOS: Item correto, pois o nosso CP adotou a teoria objetiva da
punibilidade da tentativa, pois leva em considera•‹o a inocorr•ncia do resultado
como um fato determinante na aplica•‹o da pena (gerando, como regra, a
diminui•‹o da pena, de um a dois ter•os). Para a teoria subjetiva, n‹o adotada,
a pena prevista para o crime tentado deveria ser a mesma prevista para o crime
consumado, sem redu•‹o, em raz‹o de o desvalor da conduta se rigorosamente
o mesmo (embora seja menor o desvalor do resultado).
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç CORRETA.

09.! (CESPE Ð 2017 Ð TRF1 Ð TƒCNICO JUDICIçRIO Ð çREA


ADMINISTRATIVA)
Ant™nio, renomado cientista, ao desenvolver uma atividade habitual, em
raz‹o da pressa para entregar determinado produto, foi omisso ao n‹o
tomar todas as precau•›es no preparo de uma fase do procedimento
laboratorial, o que acabou ocasionando dano ˆ integridade f’sica de uma
pessoa.
Acerca dessa situa•‹o hipotŽtica, julgue o item a seguir.
Embora n‹o tenha desejado o resultado danoso, Ant™nio poder‡ ser
punido devido ˆ imper’cia na execu•‹o do procedimento laboratorial.
COMENTçRIOS: Item errado, pois neste caso n‹o houve imper’cia, e sim
NEGLIGæNCIA. O agente responder‡ pelo crime culposo praticado, mas n‹o ser‡
por imper’cia.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

10.! (CESPE Ð 2017 Ð TRF1 Ð OFICIAL DE JUSTI‚A)


Acerca da antijuridicidade e das causas de exclus‹o no direito penal,
julgue os itens subsequentes.
O consentimento do ofendido Ž uma excludente de antijuridicidade e
poder‡ ser manifestado antes, durante ou depois da conduta do agente.
COMENTçRIOS: Item errado, pois o consentimento do ofendido n‹o pode ser
prestado ap—s a realiza•‹o da conduta t’pica. Ademais, o consentimento do
ofendido Ž causa SUPRALEGAL de exclus‹o da ilicitude.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

11.! (CESPE Ð 2017 Ð TRF1 Ð OFICIAL DE JUSTI‚A)

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Acerca da antijuridicidade e das causas de exclus‹o no direito penal,
julgue os itens subsequentes.
O oficial de justi•a encontra-se em exerc’cio regular de direito ao cumprir
mandado de reintegra•‹o de posse de bem im—vel de propriedade de
banco pœblico, com ordem de arrombamento, desocupa•‹o e imiss‹o de
posse.
COMENTçRIOS: Item errado, pois o oficial de justi•a, neste caso, estar‡ agindo
no ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL, na forma do art. 23, III do CP.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

12.! (CESPE Ð 2017 Ð TRF1 Ð OFICIAL DE JUSTI‚A)


Acerca da antijuridicidade e das causas de exclus‹o no direito penal,
julgue os itens subsequentes.
Segundo o C—digo Penal, o agente que tenha cometido excesso quando
da an‡lise das excludentes de ilicitudes ser‡ punido apenas se o tiver
cometido dolosamente.
COMENTçRIOS: Item errado, pois o agente que se exceder quando da pr‡tica
de qualquer conduta acobertada por excludente de ilicitude responder‡ pelo
excesso, seja ele doloso ou culposo, na forma do art. 23, ¤ œnico do CP.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

13.! (CESPE Ð 2016 Ð PC-GO Ð ESCRIVÌO Ð ADAPTADA)


N‹o ser‡ pun’vel o excesso de leg’tima defesa se a pessoa usar energia
exagerada para repelir uma agress‹o atual ou iminente, porque, em tais
casos, n‹o se pode exigir do homem mŽdio agir moderadamente quando
tomado de violenta emo•‹o.
COMENTçRIOS: Item errado, pois o agente que se exceder ao se valer de uma
excludente de ilicitude (como a leg’tima defesa) responde pelo excesso praticado,
seja ele doloso ou culposo. No caso do enunciado temos um excesso INTENSIVO,
pois est‡ relacionado ˆ energia utilizada para repelir a agress‹o injusta. Ter’amos
excesso EXTENSIVO se o excesso estivesse relacionado n‹o ˆ proporcionalidade
da rea•‹o, mas ˆ dura•‹o da rea•‹o (a rea•‹o leg’tima se estende atŽ um
momento em que j‡ n‹o mais h‡ leg’tima defesa, ou seja, o agente se vale da
leg’tima defesa e continua atuando mesmo ap—s cessar a agress‹o injusta).
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

14.! (CESPE Ð 2016 Ð PC-GO Ð ESCRIVÌO Ð ADAPTADA)


Diz-se antijur’dica e, portanto, pun’vel a t’tulo doloso toda conduta
contr‡ria ao direito, ainda que praticada na cren•a sincera de se estar
agindo com amparo em causa excludente de ilicitude.
COMENTçRIOS: Se o agente atua acreditando estar acobertado por uma causa
de exclus‹o da ilicitude temos a figura da descriminante putativa, de forma que
o agente n‹o ser‡ pun’vel, caso se trate de erro escus‡vel. Em se tratando de

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erro inescus‡vel o agente ser‡ punido a t’tulo culposo, caso exista previs‹o nesse
sentido, nos termos do art. 20, ¤1¼ do CP.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

15.! (CESPE Ð 2016 Ð PC-GO Ð ESCRIVÌO Ð ADAPTADA)


S‹o exemplos de excludentes de ilicitude a coa•‹o moral irresist’vel, a
leg’tima defesa, o estado de necessidade e o exerc’cio regular de um
direito.
COMENTçRIOS: Item errado, pois a coa•‹o moral irresist’vel n‹o Ž causa de
exclus‹o da ilicitude, sendo causa de exclus‹o da culpabilidade, por afastar um
dos elementos da culpabilidade, que Ž a exigibilidade de conduta diversa.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

16.! (CESPE Ð 2016 Ð PC-GO Ð ESCRIVÌO Ð ADAPTADA)


Nos crimes materiais, a consuma•‹o s— ocorre ante a produ•‹o do
resultado natural’stico, enquanto que, nos crimes formais, este resultado
Ž dispens‡vel.
COMENTçRIOS: Item correto, pois nos crimes materiais o resultado Ž
indispens‡vel para a consuma•‹o. J‡ nos crimes formais, este resultado Ž
dispens‡vel, ou seja, n‹o tem relev‰ncia para fins de consuma•‹o do crime, que
ocorre com a mera pr‡tica da conduta.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç CORRETA.

17.! (CESPE Ð 2016 Ð TCE-PR Ð ANALISTA DE CONTROLE Ð çREA


JURêDICA Ð ADAPTADA)
As causas supervenientes relativamente independentes possuem rela•‹o
de causalidade com conduta do sujeito e n‹o excluem a imputa•‹o do
resultado.
COMENTçRIOS: Item errado, pois as causas supervenientes relativamente
independentes possuem rela•‹o de causalidade com conduta do sujeito, MAS
PODEM excluir a imputa•‹o do resultado, quando produzirem, por si s—s, o
resultado. Assim, em se tratando de causa superveniente relativamente que, por
si s—, deu causa ao resultado, o agente s— responder‡ pelos atos efetivamente
praticados, n‹o sendo a ele imputado o resultado ocorrido.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

18.! (CESPE Ð 2016 Ð TCE-PR Ð ANALISTA DE CONTROLE Ð çREA


JURêDICA Ð ADAPTADA)
As causas concomitantes absolutamente independentes n‹o possuem
rela•‹o de causalidade com a conduta do sujeito e excluem o nexo
causal.

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COMENTçRIOS: Item correto, pois as causas ABSOLUTAMENTE independentes
n‹o possuem rela•‹o com a conduta do sujeito e, em raz‹o disso, afastam o nexo
de causalidade entre a conduta do agente e o resultado ocorrido (que seu deu
em virtude da concausa absolutamente independente).
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç CORRETA.

19.! (CESPE Ð 2016 Ð PC-PE - DELEGADO Ð ADAPTADA)


Para os crimes omissivos impr—prios, o estudo do nexo causal Ž
relevante, porquanto o CP adotou a teoria natural’stica da omiss‹o, ao
equiparar a ina•‹o do agente garantidor a uma a•‹o.
COMENTçRIOS: Item errado, pois em rela•‹o aos crimes omissivos impr—prios
o CP adotou a teoria NORMATIVA para aferir a causalidade. Isto porque o agente
responder‡ pelo resultado em raz‹o de ter o dever de evita-lo. Trata-se, portanto,
de responsabilizar o agente pelo resultado em raz‹o do descumprimento da
norma mandamental (a norma que determinava o ÒagirÓ para evitar o resultado).
N‹o se trata de uma causalidade natural, eis que a conduta do agente n‹o deu
causa ao resultado (do nada, nada surge). N‹o foi o agente quem, do ponto de
vista f’sico, causou o resultado. Todavia, o resultado Ž a este atribu’do em raz‹o
de sua omiss‹o.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

20.! (CESPE Ð 2016 Ð PC-PE - DELEGADO Ð ADAPTADA)


O CP adota, como regra, a teoria da causalidade adequada, dada a
afirma•‹o nele constante de que Òo resultado, de que depende a
exist•ncia do crime, somente Ž imput‡vel a quem lhe deu causa; causa Ž
a a•‹o ou omiss‹o sem a qual o resultado n‹o teria ocorridoÓ.
COMENTçRIOS: Item errado, pois o CP adota, como regra, a teoria da
equival•ncia dos antecedentes (tambŽm chamada de conditio sine qua non), que
possui a exata defini•‹o trazida no enunciado.
A teoria da causalidade adequada tambŽm Ž adotada, mas como exce•‹o, para
a hip—tese de concausa superveniente relativamente independente que, por si s—,
produz o resultado (art. 13, ¤1¼ do CP).
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

21.! (CESPE Ð 2016 Ð PC-PE - DELEGADO Ð ADAPTADA)


Segundo a teoria da imputa•‹o objetiva, cuja finalidade Ž limitar a
responsabilidade penal, o resultado n‹o pode ser atribu’do ˆ conduta do
agente quando o seu agir decorre da pr‡tica de um risco permitido ou de
uma conduta que diminua o risco proibido.
COMENTçRIOS: Item correto, pois a teoria da imputa•‹o objetiva sustenta que
o agente n‹o pode ser responsabilizado pelo resultado quando sua conduta n‹o
criou um risco proibido pelo direito ou tenha diminu’do um risco proibido. Ex.:
JosŽ empurra Maria contra o ch‹o, a fim de que esta n‹o seja atropelada por

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Paulo, que tentava matar Maria. JosŽ, neste caso, n‹o responde por les‹o
corporal, eis que sua conduta n‹o foi dolosamente ou culposamente direcionada
ˆ cria•‹o ou aumento de um risco proibido pelo Direito. Ao contr‡rio, JosŽ
direcionou sua conduta ˆ diminui•‹o do risco (lesionar Maria Ž melhor do que
deixar ela ser atropelada e morrer).
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç CORRETA.

22.! (CESPE Ð 2016 Ð PC-PE - DELEGADO Ð ADAPTADA)


O estudo do nexo causal nos crimes de mera conduta Ž relevante, uma
vez que se observa o elo entre a conduta humana propulsora do crime e
o resultado natural’stico.
COMENTçRIOS: Item errado, pois nos crimes de mera conduta n‹o h‡ resultado
natural’stico que possa decorrer da conduta do agente, sendo o agente punido
apenas pela pr‡tica da conduta, independente de qualquer an‡lise acerca do
resultado.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

23.! (CESPE Ð 2016 Ð PC-PE Ð POLêCIA CIENTêFICA Ð DIVERSOS


CARGOS Ð ADAPTADA)
ƒ caracterizada como estado de necessidade a conduta praticada por
bombeiro para salvar de perigo atual ou iminente, n‹o provocado por sua
vontade, direito pr—prio ou alheio, cujo sacrif’cio, nas circunst‰ncias, n‹o
era razo‡vel exigir-se.
COMENTçRIOS: Item errado, pois o bombeiro tem o dever legal de enfrentar o
perigo, de forma que n‹o pode invocar o Òestado de necessidadeÓ, nos termos do
art. 24, ¤1¼ do CP.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

24.! (CESPE Ð 2016 Ð PC-PE Ð POLêCIA CIENTêFICA Ð DIVERSOS


CARGOS Ð ADAPTADA)
H‡ excludente de tipicidade em casos de estado de necessidade, leg’tima
defesa, exerc’cio regular do direito e estrito cumprimento do dever legal.
COMENTçRIOS: Item errado, pois nestes casos teremos exclus‹o da ilicitude, e
n‹o da tipicidade, nos termos do art. 23 do CP.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

25.! (CESPE Ð 2016 Ð TCE-SC Ð AUDITOR FISCAL DE CONTROLE


EXTERNO)
Caracteriza-se o dolo eventual no caso de um caçador que, confiando em
sua habilidade de atirador, dispara contra a caça, mas atinge um
companheiro que se encontra pr—ximo ao animal que ele desejava
abater.

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COMENTçRIOS: Item errado, pois a conduta do agente, neste caso, n‹o
configura dolo eventual, mas culpa consciente. O dolo eventual pressup›e que o
agente aceite a ocorr•ncia do resultado, sem se importar se, de fato, vier a
acontecer. Na culpa consciente o agente prev• a possibilidade de ocorr•ncia do
resultado mas confia que poder‡ evita-lo, que Ž o que ocorreu no exemplo do
enunciado.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

26.! (CESPE Ð 2016 Ð TCE-SC Ð AUDITOR FISCAL DE CONTROLE


EXTERNO)
A culpa impr—pria ocorre nas hip—teses de descriminantes putativas em
que o agente, em virtude de erro evit‡vel pelas circunstâncias, d‡ causa
dolosamente a um resultado, mas responde como se tivesse praticado
um delito culposo.
COMENTçRIOS: Item correto. A culpa PRîPRIA Ž aquela na qual o agente atua
de forma culposa, ou seja, sem visar a ocorr•ncia do resultado, mas acaba
produzindo o resultado contra sua vontade.
Na culpa impr—pria o agente QUER O RESULTADO. Contudo, o agente quer o
resultado porque incorre em erro de representa•‹o, j‡ que acredita que est‡
diante de uma causa de exclus‹o da ilicitude (Ex.: atira contra um suposto
invasor de sua casa, acreditando estar agindo em leg’tima defesa. Contudo,
tratava-se de seu filho, chegando escondido ˆ noite).
No caso das descriminantes putativas, como no exemplo acima, o agente n‹o
responde a t’tulo de dolo, mas pode responder a t’tulo de culpa, desde que: (a)
o erro seja considerado inescus‡vel (erro evit‡vel pelas circunst‰ncias); (b) haja
previs‹o de puni•‹o para o delito na forma culposa, nos termos do art. 20, ¤1¼
do CP.
Esta Ž a figura da culpa impr—pria: responsabiliza•‹o a t’tulo culposo para uma
conduta que Ž dolosa, mas deriva de ÒculpaÓ na representa•‹o da realidade f‡tica.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç CORRETA.

27.! (CESPE Ð 2015 Ð DPU Ð DEFENSOR PòBLICO)


No direito penal brasileiro, admite-se a compensa•‹o de culpas no caso
de duas ou mais pessoas concorrerem culposamente para a produ•‹o de
um resultado natural’stico, respondendo cada um, nesse caso, na medida
de suas culpabilidades.
COMENTçRIOS: Item errado, pois n‹o se admite a compensa•‹o de culpas no
direito penal brasileiro. Nesse caso, de fato, cada um ir‡ responder pelo delito,
na medida de sua culpabilidade, por for•a do art. 29 do CP, mas a isso n‹o se d‡
o nome de Òcompensa•‹o de culpasÓ, que seria uma espŽcie de Òanula•‹o de
culpaÓ do infrator em raz‹o da exist•ncia de culpa, tambŽm, da v’tima. O
comportamento da v’tima atŽ pode ser levado em conta pelo Juiz no momento
da fixa•‹o da pena, mas n‹o tem o cond‹o de ÒcompensarÓ a culpa do infrator.

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No caso de v’tima e infrator concorrerem culposamente para o resultado
natural’stico, o infrator responder‡ pelo delito, e o comportamento da v’tima
poder‡ ser levado em considera•‹o para atenuar a pena do infrator.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

28.! (CESPE Ð 2015 Ð DPU Ð DEFENSOR PòBLICO)


Em rela•‹o ˆ tentativa, adota-se, no C—digo Penal, a teoria subjetiva,
salvo na hip—tese de crime de evas‹o mediante viol•ncia contra a pessoa.
COMENTçRIOS: Item errado. O CP adotou a teoria OBJETIVA para determina•‹o
da punibilidade do crime tentado, ou seja, levou em considera•‹o as
CONSEQUæNCIAS do delito e, portanto, fixou a pena do crime tentado em
patamar sempre inferior ao do crime consumado. Vejamos:
Art. 14 - Diz-se o crime: (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
(...)
Par‡grafo œnico - Salvo disposi•‹o em contr‡rio, pune-se a tentativa com a pena
correspondente ao crime consumado, diminu’da de um a dois ter•os.(Inclu’do pela
Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Como se v•, porŽm, o pr—prio ¤ œnico do art. 14 cita a possibilidade de exce•›es,
que Ž o que ocorre no caso dos Òcrimes de atentadoÓ, em rela•‹o aos quais se
aplica ˆ tentativa a mesma pena prevista para o crime consumado.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

29.! (CESPE Ð 2015 Ð DPU Ð DEFENSOR PòBLICO)


Configura-se a desist•ncia volunt‡ria ainda que n‹o tenha partido
espontaneamente do agente a ideia de abandonar o prop—sito criminoso,
com o resultado de deixar de prosseguir na execu•‹o do crime.
COMENTçRIOS: Item correto. A desist•ncia volunt‡ria, prevista no art. 15 do
CP, pressup›e, apenas, que o agente pudesse prosseguir na execu•‹o e tenha
desistido dela, n‹o ocasionando o resultado, independentemente de ter desistido
por iniciativa pr—pria ou por ter aderido ao conselho de alguŽm (atŽ da pr—pria
v’tima).
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç CORRETA.

30.! (CESPE - 2015 - TRE-GO - ANALISTA JUDICIçRIO - çREA


JUDICIçRIA)
No que concerne ˆ lei penal no tempo, tentativa, crimes omissivos,
arrependimento posterior e crime imposs’vel, julgue os itens a seguir.
Configura-se tentativa incruenta no caso de o agente n‹o conseguir
atingir a pessoa ou a coisa contra a qual deveria recair sua conduta.
COMENTçRIOS: Item correto, pois esta Ž a perfeita defini•‹o de tentativa
incruenta (ou BRANCA) pela Doutrina, em contraposi•‹o ˆ tentativa cruente (ou

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VERMELHA), que Ž aquela na qual a coisa (ou pessoa) visada chega a ser atingida,
embora n‹o haja a consuma•‹o do crime.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç CORRETA.

31.! (CESPE - 2015 - TRE-GO - ANALISTA JUDICIçRIO - çREA


JUDICIçRIA)
No que concerne ˆ lei penal no tempo, tentativa, crimes omissivos,
arrependimento posterior e crime imposs’vel, julgue os itens a seguir.
De acordo com a teoria subjetiva, aquele que se utilizar de uma arma de
brinquedo para ceifar a vida de outrem mediante disparos, n‹o logrando
•xito em seu desiderato, responder‡ pelo delito de tentativa de
homic’dio.
COMENTçRIOS: Item correto. Para a teoria subjetiva n‹o importa se o meio
adotado Ž absolutamente ineficaz para se atingir o resultado, n‹o havendo que
se falar em crime imposs’vel neste caso, devendo o agente responder pela sua
inten•‹o. Contudo, o CP n‹o adotou tal teoria, ou seja, para o CP brasileiro, no
caso narrado pela quest‹o, teremos crime imposs’vel, por for•a do art. 17 do CP.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç CORRETA.

32.! (CESPE Ð 2015 Ð TCU Ð AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO)


No que diz respeito ˆs causas de exclus‹o da ilicitude, Ž poss’vel alegar
leg’tima defesa contra quem pratica conduta acobertada por uma
dirimente de culpabilidade, como, por exemplo, coa•‹o moral irresist’vel.
COMENTçRIOS: Item correto, pois a leg’tima defesa pode ser invocada para
repelir injusta agress‹o de alguŽm que se encontra acobertado por uma
excludente de culpabilidade.
Isso porque a excludente de culpabilidade n‹o altera o car‡ter injusto da conduta
(o fato continua sendo t’pico e il’cito), o que permite a atua•‹o em leg’tima
defesa.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç CORRETA.

33.! (CESPE Ð 2015 Ð AGU Ð ADVOGADO DA UNIÌO)


Acerca da aplica•‹o da lei penal, do conceito anal’tico de crime, da
exclus‹o de ilicitude e da imputabilidade penal, julgue os itens que se
seguem.
Como a rela•‹o de causalidade constitui elemento do tipo penal no
direito brasileiro, foi adotada como regra, no CP, a teoria da causalidade
adequada, tambŽm conhecida como teoria da equival•ncia dos
antecedentes causais.
COMENTçRIOS: Item errado. Primeiro porque a quest‹o trata a teoria da
causalidade como sin™nimo de teoria da equival•ncia dos antecedentes, o que Ž
errado, j‡ que cada uma corresponde a uma teoria diferente.

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O CP adotou ambas. Adotou a teoria da equival•ncia dos antecedentes (conditio
sine qua non) como regra, e a teoria da causalidade adequada como exce•‹o,
mais especificamente como forma de explicar a rela•‹o de causalidade quando
da ocorr•ncia de concausa superveniente relativamente independente que, por si
s—, causou o resultado.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

34.! (CESPE Ð 2015 Ð AGU Ð ADVOGADO DA UNIÌO)


Acerca da aplica•‹o da lei penal, do conceito anal’tico de crime, da
exclus‹o de ilicitude e da imputabilidade penal, julgue os itens que se
seguem.
O direito penal brasileiro n‹o admite a puni•‹o de atos meramente
preparat—rios anteriores ˆ fase execut—ria de um crime, uma vez que a
criminaliza•‹o de atos anteriores ˆ execu•‹o de delito Ž uma viola•‹o ao
princ’pio da lesividade.
COMENTçRIOS: Item errado. Em REGRA, os atos meramente preparat—rios n‹o
s‹o pun’veis, j‡ que se exige o in’cio da fase execut—ria do delito para que a
conduta possa ser pun’vel, nos termos do art. 14, II do CP.
Contudo, excepcionalmente Ž poss’vel a puni•‹o pela pr‡tica de atos meramente
preparat—rios, quando a lei assim expressamente determina (ex.: agente que Ž
punido por possui material para falsifica•‹o de moeda. Trata-se de ato
preparat—rio para o crime de moeda falsa, mas que j‡ Ž considerado como pun’vel
pela Lei penal, nos termos do art. 291 do CP).
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

35.! (CESPE Ð 2015 Ð AGU Ð ADVOGADO DA UNIÌO)


Acerca da aplica•‹o da lei penal, do conceito anal’tico de crime, da
exclus‹o de ilicitude e da imputabilidade penal, julgue os itens que se
seguem.
A leg’tima defesa Ž causa de exclus‹o da ilicitude da conduta, mas n‹o Ž
aplic‡vel caso o agente tenha tido a possibilidade de fugir da agress‹o
injusta e tenha optado livremente pelo seu enfrentamento.
COMENTçRIOS: Item errado, pois na leg’tima defesa n‹o Ž necess‡rio que o
agente estivesse impossibilitado de fugir. A leg’tima defesa poder‡ se caracterizar
mesmo que o agente (aquele que repele a injusta agress‹o) possa fugir da
agress‹o, mas opte por enfrenta-la.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

36.! (CESPE - 2013 - POLêCIA FEDERAL - DELEGADO DE POLêCIA)


Segundo a teoria causal, o dolo causalista Ž conhecido como dolo
normativo, pelo fato de existir, nesse dolo, juntamente com os elementos
volitivos e cognitivos, considerados psicol—gicos, elemento de natureza
normativa (real ou potencial consci•ncia sobre a ilicitude do fato).

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COMENTçRIOS: O item est‡ correto. A teoria finalista (de Welzel) trouxe o dolo
da culpabilidade para o fato t’pico, transformando-o em dolo ÒnaturalÓ,
compreendendo apenas elementos de vontade e consci•ncia do fato, e deixando
os elementos normativos (potencial consci•ncia da ilicitude) na culpabilidade.
A teoria causal, antes adotada pela maioria da Doutrina, entendia que o dolo se
situava na culpabilidade, e exatamente por isso congregava os elementos
volitivos, cognitivos e normativos (dolo normativo).
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç CORRETA.

37.! (CESPE - 2013 - POLêCIA FEDERAL - DELEGADO DE POLêCIA)


Considere que Jo‹o, maior e capaz, ap—s ser agredido fisicamente por
um desconhecido, tambŽm maior e capaz, comece a bater,
moderadamente, na cabe•a do agressor com um guarda-chuva e
continue desferindo nele v‡rios golpes, mesmo estando o desconhecido
desacordado. Nessa situa•‹o hipotŽtica, Jo‹o incorre em excesso
intensivo.
COMENTçRIOS: O item est‡ errado, pois nesse caso temos o que se chama de
excesso EXTENSIVO, j‡ que o excesso decorre do prolongamento da Òa•‹o
defensivaÓ mesmo ap—s ter cessado a agress‹o injusta. O excesso INTENSIVO
ocorre quando o agente se excede na intensidade da rea•‹o ˆ agress‹o injusta
(Defender-se de um tapa com um tiro de fuzil).
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

38.! (CESPE - 2013 - POLêCIA FEDERAL - DELEGADO DE POLêCIA)


Ocorre leg’tima defesa sucessiva, na hip—tese de leg’tima defesa real
contra leg’tima defesa putativa.
COMENTçRIOS: Na hip—tese de leg’tima defesa real contra leg’tima defesa
putativa, teremos um caso de leg’tima defesa rec’proca. A leg’tima defesa
sucessiva ocorre quando h‡ excesso por parte daquele que primeiro age em
leg’tima defesa, autorizando o agressor inicial a tambŽm se vale da leg’tima
defesa.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

39.! (CESPE - 2013 - DPE-DF - DEFENSOR PòBLICO)


No que se refere aos crimes culposos e ˆ confiss‹o, julgue os seguintes
itens.
Para a caracteriza•‹o do crime culposo, a culpa consciente se equipara ˆ
culpa inconsciente ou comum.
COMENTçRIOS: O item est‡ correto. Tanto na hip—tese de o agente prever o
resultado n‹o querido (culpa CONSCIENTE) quanto na hip—tese de o agente n‹o
prever o resultado n‹o querido (culpa INCONSCIENTE), restar‡ caracterizado o
crime culposo, bastando que esse resultado possa, ao menos, ser PREVISêVEL

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(Ou seja, exige-se que ele seja previs’vel, mas n‹o que tenha sido, no caso,
efetivamente previsto).
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç CORRETA.

40.! (CESPE - 2013 - MPU - ANALISTA - DIREITO)


Acerca dos institutos do direito penal brasileiro, julgue os pr—ximos
itens.
Em rela•‹o ˆs excludentes de ilicitude, na hip—tese de leg’tima defesa, o
agente deve agir nos limites do que Ž estritamente necess‡rio para evitar
injusta agress‹o a direito pr—prio ou de terceiro.
COMENTçRIOS: O item est‡ correto, pois esta Ž a defini•‹o perfeita do instituto
da leg’tima defesa, conforme art. 25 do CP:
Art. 25 - Entende-se em leg’tima defesa quem, usando moderadamente
dos meios necess‡rios, repele injusta agress‹o, atual ou iminente, a
direito seu ou de outrem.(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de
11.7.1984)
Muita gente errou esta quest‹o porque a Banca utilizou o termo ÒevitarÓ, quando
o CP fala em ÒrepelirÓ. Contudo, a Banca est‡ corret’ssima, pois o CP fala em
Òrepelir injusta agress‹o, atual ou IMINENTEÓ, ou seja, quem repele agress‹o
IMINENTE (que ainda n‹o aconteceu) est‡ EVITANDO agress‹o injusta. Logo, n‹o
h‡ do que reclamar.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç CORRETA.

41.! (CESPE - 2013 - MPU - ANALISTA - DIREITO)


Com base no direito penal brasileiro, julgue os itens a seguir.
Considere a seguinte situa•‹o hipotŽtica.
Jœlio, com inten•‹o de matar Maria, disparou tiros de rev—lver em sua
dire•‹o. Socorrida, Maria foi conduzida, com vida, de ambul‰ncia, ao
hospital; entretanto, no trajeto, o ve’culo foi abalroado pelo caminh‹o de
JosŽ, que ultrapassara um sinal vermelho, tendo Maria falecido em raz‹o
do acidente.
Nessa situa•‹o, Jœlio dever‡ responder por tentativa de homic’dio e JosŽ,
por homic’dio culposo.
COMENTçRIOS: No caso Jœlio dever‡ responder por homic’dio tentado (ou
tentativa de homic’dio), pois h‡ uma concausa superveniente relativamente
independente mas que POR SI Sî produziu o resultado, fazendo com que o
resultado n‹o possa ser atribu’do a Jœlio.
Vejamos:
Art, 13 (...)
¤ 1¼ - A superveni•ncia de causa relativamente independente exclui a
imputa•‹o quando, por si s—, produziu o resultado; os fatos anteriores,
entretanto, imputam-se a quem os praticou. (Inclu’do pela Lei n¼ 7.209,
de 11.7.1984)

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JosŽ, por sua vez, responder‡ por homic’dio culposo.
Muitos candidatos levantaram a hip—tese de JosŽ responder por homic’dio doloso,
por dolo eventual. No entanto, para que pudŽssemos afirmar, categoricamente,
que JosŽ agiu como dolo eventual, a quest‹o deveria deixar CLARO que ele agiu
sem se importar com a ocorr•ncia do eventual resultado, o que n‹o se presume,
atŽ porque, a ocorr•ncia do resultado seria danosa para o pr—prio JosŽ, na medida
em que ele teria graves preju’zos financeiros com a reforma de seu caminh‹o e,
inclusive, colocaria sua pr—pria vida em risco, de forma que Ž muito mais f‡cil
crer que JosŽ Ž apenas mais um imbecil imprudente, o que caracteriza APENAS
crime CULPOSO.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç CORRETA.

42.! (CESPE - 2013 - SERPRO - ANALISTA - ADVOCACIA)


A responsabilidade penal do agente nas hip—teses de excesso doloso ou
culposo aplica-se a todas as seguintes causas de excludentes de ilicitude
previstas no CP: estado de necessidade, leg’tima defesa, estrito
cumprimento de dever legal ou exerc’cio regular de direito.
COMENTçRIOS: O item est‡ correto, pois o agente que se excede na utiliza•‹o
de uma causa de exclus‹o da ilicitude dever‡ responder pelo excesso, seja ele
doloso ou culposo, n‹o fazendo o CP qualquer distin•‹o entre as diversas causas
de exclus‹o da ilicitude. Vejamos:
Art. 23 - N‹o h‡ crime quando o agente pratica o fato: (Reda•‹o dada
pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
I - em estado de necessidade; (Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de
11.7.1984)
II - em leg’tima defesa;(Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exerc’cio regular de
direito.(Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Excesso pun’vel (Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Par‡grafo œnico - O agente, em qualquer das hip—teses deste artigo,
responder‡ pelo excesso doloso ou culposo.(Inclu’do pela Lei n¼ 7.209,
de 11.7.1984)
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç CORRETA.

43.! (CESPE Ð 2014 Ð CåMARA DOS DEPUTADOS Ð CONSULTOR


LEGISLATIVO Ð çREA III)
Age com dolo eventual o agente que prev• poss’veis resultados il’citos
decorrentes da sua conduta, mas acredita que, com suas habilidades,
ser‡ capaz de evit‡-los.
COMENTçRIOS: O item est‡ errado! Primeiro porque n‹o basta a mera
representa•‹o de um poss’vel resultado il’cito. ƒ necess‡rio que o agente
represente a poss’vel ocorr•ncia de um resultado CRIMINOSO decorrente de sua
conduta. AlŽm disso, se o agente acredita que, com suas habilidades, conseguir‡

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evit‡-lo, n‹o se configura o dolo eventual, que exige que o agente n‹o se importe
com a ocorr•ncia do resultado. Vejamos o art. 18, I do CP:
Art. 18 - Diz-se o crime: (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Crime doloso(Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-
lo;(Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

44.! (CESPE Ð 2014 Ð TJ/CE Ð AJAJ)


Acerca do arrependimento posterior, da culpa, dos crimes qualificados
pelo resultado, das excludentes de ilicitude e das excludentes de
culpabilidade, assinale a op•‹o correta.
A) Todo crime qualificado pelo resultado Ž um crime preterdoloso.
B) A coa•‹o f’sica irresist’vel Ž capaz de excluir a culpabilidade pelo
cometimento de um crime.
C) Para a doutrina majorit‡ria, aquele que, para salvar-se de perigo
iminente, sacrifica direito de outrem n‹o atua em estado de necessidade.
D) O instituto do arrependimento posterior pode ser aplicado ao crime
de les‹o corporal culposa.
E) O direito penal admite a compensa•‹o de culpas.
COMENTçRIOS:
A) ERRADA: O crime qualificado pelo resultado Ž um g•nero, do qual o delito
preterdoloso Ž uma das espŽcies. Assim, podemos dizer que todo delito
preterdoloso Ž um crime qualificado pelo resultado, mas n‹o o contr‡rio.
B) ERRADA: A coa•‹o f’sica irresist’vel exclui a CONDUTA, por aus•ncia completa
de vontade do agente coagido. Logo, acaba por excluir o fato t’pico. O que exclui
a culpabilidade Ž a coa•‹o MORAL irresist’vel, nos termos do art. 22 do CP.
C) ERRADA: A Banca deu a afirmativa como errada, por entender que a doutrina
majorit‡ria considera o perigo iminente como autorizador do estado de
necessidade. Contudo, n‹o Ž poss’vel afirmar que h‡ doutrina majorit‡ria nesse
sentido, pois h‡ BASTANTE DIVERGæNCIA quanto a isto. Entretanto, como h‡
muita diverg•ncia, tambŽm n‹o Ž poss’vel afirmar o contr‡rio (que a doutrina
majorit‡ria entende n‹o haver estado de necessidade), de maneira que a
quest‹o, de um jeito ou de outro, estaria errada.
D) CORRETA: A Doutrina entende que o requisito de Òaus•ncia de viol•ncia ˆ
pessoaÓ, previsto para a caracteriza•‹o do arrependimento posterior (art. 16 do
CP), estar‡ materializado quando houver, apenas, les›es corporais culposas, de
forma que admitiria o arrependimento posterior.
E) ERRADA: N‹o se admite, no Direito Penal, a compensa•‹o de culpas,
respondendo cada um por sua conduta, ainda que o comportamento da v’tima
possa ser considerado na fixa•‹o da pena (art. 59 do CP).
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA D.

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45.! (CESPE Ð 2014 Ð TJ/SE - ANALISTA)


Julgue os itens subsecutivos, acerca de crime e aplica•‹o de penas.
Mesmo quando o agente, de forma espont‰nea, desiste de prosseguir nos
atos execut—rios ou impede a consuma•‹o do delito, devem ser a ele
imputadas as penas da conduta t’pica dolosa inicialmente pretendida.
COMENTçRIOS: Item errado. Neste caso, por se tratar de arrependimento eficaz
ou desist•ncia volunt‡ria, o agente responde apenas pelos atos j‡ praticados, na
forma do art. 15 do CP.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

46.! (CESPE Ð 2014 Ð TJ/SE - ANALISTA)


Julgue os itens subsecutivos, acerca de crime e aplica•‹o de penas.
Configura crime imposs’vel a tentativa de subtrair bens de
estabelecimento comercial que tem sistema de monitoramento
eletr™nico por c‰meras que possibilitam completa observa•‹o da
movimenta•‹o do agente por agentes de seguran•a privada.
COMENTçRIOS: O item est‡ errado. O STJ possui s—lido entendimento no
sentido de que a mera exist•ncia de sistema de monitoramento e dispositivos
antifurto n‹o tornam Òimposs’velÓ o crime de furto, logo, n‹o h‡ que se falar em
crime imposs’vel.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

47.! (CESPE Ð 2014 Ð PGE-BA Ð PROCURADOR DO ESTADO)


Em direito penal, conforme a teoria limitada da culpabilidade, as
discriminantes putativas consistem em erro de tipo, ao passo que, de
acordo com a teoria extremada da culpabilidade, elas consistem em erro
de proibi•‹o.
COMENTçRIOS: Item errado. A teoria limitada da culpabilidade faz distin•‹o
entre descriminantes putativas decorrentes de erro sobre a realidade f‡tica (que
seriam erro de tipo) e as descriminantes putativas decorrentes de erro sobre o
direito (que seriam erro de proibi•‹o). A teoria extremada entende que as
descriminantes putativas ser‹o sempre erro de proibi•‹o.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

48.! (CESPE Ð 2014 Ð TJ-SE Ð TITULAR NOTARIAL Ð ADAPTADA)


ƒ causa de exclus‹o da culpabilidade o fato de a conduta ser praticada
por meio de coa•‹o f’sica irresist’vel.
COMENTçRIOS: Item errado. Trata-se de uma pegadinha cl‡ssica. A coa•‹o
MORAL irresist’vel Ž que exclui a culpabilidade, em decorr•ncia de inexigibilidade
de conduta diversa. A coa•‹o FêSICA irresist’vel (vis absoluta) exclui a VONTADE,
que Ž elemento da conduta. Assim, exclu’do o elemento ÒcondutaÓ, ausente o

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fato t’pico. Logo, a coa•‹o f’sica irresist’vel atinge o pr—prio fato t’pico, e n‹o a
culpabilidade.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

49.! (CESPE Ð 2014 Ð TJ-SE Ð TITULAR NOTARIAL Ð ADAPTADA)


O dever jur’dico de evitar o resultado existente no crime omissivo
impr—prio deve obrigatoriamente decorrer de uma imposi•‹o legal direta
que determine cuidado e vigil‰ncia em rela•‹o ˆ v’tima.
COMENTçRIOS: Item errado. O dever jur’dico de evitar o resultado, nos crimes
omissivos impr—prios, pode decorrer de uma imposi•‹o legal, contratual ou por
qualquer outra forma. Vejamos:
Art. 13 (...)
¤ 2¼ - A omiss‹o Ž penalmente relevante quando o omitente devia e
podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a
quem:(Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
a) tenha por lei obriga•‹o de cuidado, prote•‹o ou vigil‰ncia; (Inclu’do
pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;
(Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorr•ncia do
resultado. (Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

50.! (CESPE Ð 2014 Ð TJ-SE Ð TITULAR NOTARIAL Ð ADAPTADA)


Para que se caracterize crime omissivo pr—prio, Ž necess‡rio que o
agente tenha ocasionado o resultado natural’stico em decorr•ncia de um
n‹o fazer que figure como elementar do tipo.
COMENTçRIOS: Item errado. Embora o crime omissivo PRîPRIO se constitua
num tipo penal que exige do agente uma conduta OMISSIVA, ou seja, um NÌO
FAZER algo que a lei manda que fosse feito, este Òn‹o fazerÓ n‹o gera um
resultado natural’stico, pois Òdo nada, nada surgeÓ. Na verdade, os crimes
omissivos pr—prios prescindem de resultado natural’stico para sua consuma•‹o,
atŽ porque n‹o h‡ nexo de causalidade entre o ÒnadaÓ e o ÒresultadoÓ. Nestes
crimes o agente Ž punido t‹o-somente por violar o comando legal, ou seja, deixar
de fazer o que a lei manda.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

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7! GABARITO

1.! ERRADA
2.! ERRADA
3.! CORRETA
4.! CORRETA
5.! ANULADA
6.! CORRETA
7.! CORRETA
8.! CORRETA ==ece18==

9.! ERRADA
10.! ERRADA
11.! ERRADA
12.! ERRADA
13.! ERRADA
14.! ERRADA
15.! ERRADA
16.! CORRETA
17.! ERRADA
18.! CORRETA
19.! ERRADA
20.! ERRADA
21.! CORRETA
22.! ERRADA
23.! ERRADA
24.! ERRADA
25.! ERRADA
26.! CORRETA
27.! ERRADA
28.! ERRADA
29.! CORRETA
30.! CORRETA
31.! CORRETA
32.! CORRETA
33.! ERRADA
34.! ERRADA

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35.! ERRADA
36.! CORRETA
37.! ERRADA
38.! ERRADA
39.! CORRETA
40.! CORRETA
41.! CORRETA
42.! CORRETA
43.! ERRADA
44.! ALTERNATIVA D
45.! ERRADA
46.! ERRADA
47.! ERRADA
48.! ERRADA
49.! ERRADA
50.! ERRADA

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