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Topografia I

Trilha Técnica De manutenção ferroviária


quem fez

Conteúdo
Vale
Valer - Educação Vale

Conteudistas
Julio Mota
São Luís | MA
Walmir Albuquerque
São Luís | MA

Desenho Instrucional e revisão


ID Projetos Educacionais

Projeto Gráfico
ID Projetos Educacionais
e Integral Educomunicação

Diagramação, ilustração e edição


MD Materiais Didáticos e Editoriais

Produção
Vale

agosto 2008

É proibida a duplicação ou reprodução


deste material, ou parte do mesmo,
sob qualquer meio, sem autorização
expressa da Vale.
O homem não é nada além

a educação
daquilo que

faz dele.”
Immanuel Kant
Caro Empregado,
Você está participando da ação de desenvolvimento
Topografia I da Trilha Técnica de Manutenção Ferroviária.

A Valer – Educação Vale construiu esta Trilha em conjunto com


profissionais técnicos da sua área, com o objetivo de identificar
as competências essenciais para o melhor desempenho de sua
função, organizando as ações de desenvolvimento necessárias
para o aperfeiçoamento de suas atividades diárias.

Todos os treinamentos contidos na Trilha Técnica contribuem


para o desenvolvimento de suas competências e reforçam
os valores, saúde e segurança, que são indispensáveis para
sua atuação em conformidade com os padrões de excelência
exigidos pela Vale.

Agora é com você.


Vamos Trilhar?
pág.
pág.

11 25
CAPÍTULO 02
INSTRUMENTOS
introdução PARA A ANÁLISE
TOPOGRÁFICA
pág.

13
. Equipamentos de medição direta
das distâncias
. Equipamentos de medição
indireta das distâncias
. Equipamentos de medição
CAPÍTULO 01 eletrônica das distâncias
CONCEITOS GERAIS . Outras tecnologias disponíveis
DA TOPOGRAFIA

. Levantamento topográfico
. Desenho topográfico e escala
sumário

pág.

41
CAPÍTULO 03
ELEMENTOS
TOPOGRÁFICOS E
VIA PERMANENTE

. Elementos da geometria da via


. Traçado planimétrico e
altimétrico da via
. Medições da qualidade da via
introdução
O termo topografia...
...originário do grego topos, lugar, e graphen, descrever,
refere-se à ciência que estuda as características específicas
da superfície da Terra.

Nesta apostila, você poderá aprofundar seus conhecimentos


a respeito do tema, conhecendo os conceitos de levantamento
e desenho topográfico, assim como os equipamentos utilizados
para o seu desenvolvimento.

Além disso, você conhecerá os principais elementos da geometria


de linha de uma ferrovia e a importância da topografia para
manter os padrões de excelência dessa atividade.
capítulo

01 CONCEITOS GERAIS
DA TOPOGRAFIA

14 Levantamento topográfico

19 Desenho topográfico e escala


CONCEITOS GERAIS
DA TOPOGRAFIA
capítulo Neste capítulo, você conhecerá alguns dos conceitos e algumas das técnicas utilizadas pela

01
topografia para analisar a superfície de nosso planeta.

O que é topografia?
É a ciência responsável por determinar o contorno, a dimensão e a posição relativa de uma
14 pequena porção da superfície terrestre, do assoalho oceânico ou das minas subterrâneas,
desconsiderando os valores da curvatura da Terra.

Os dados topográficos devem ser levados em consideração para qualquer tipo de


empreendimento a ser construído desde o momento do projeto até a sua finalização.

Como exemplos, é possível citar:

ƒƒ
estradas;
ƒƒ
habitações;
ƒƒ
ferrovias;
ƒƒ
aeroportos;
ƒƒ
usinas hidroelétricas;
ƒƒ
redes de telecomunicações;

!
ƒƒ
sistemas de água e esgoto;
ƒƒ
projetos de paisagismo;
ƒƒ
irrigação;
ƒƒ
drenagem;
A topografia ƒƒ
reflorestamento.
consegue mapear
porções de até 30 km Para tornar essas iniciativas reais, é preciso fazer um levantamento topográfico das
de raio. condições do terreno.
A ciência que
mapeia as extensões
maiores é a LEVANTAMENTO TOPOGRÁFICO
Geodésia, que leva
em consideração
as deformações do Existem dois tipos de levantamento topográfico. São eles:
terreno por conta da
esfericidade ƒƒ
planimétrico;
da Terra. ƒƒ
altimétrico.

O levantamento planimétrico é responsável por definir os pontos e as feições do terreno


que devem ser representados em um plano horizontal por meio das coordenadas X e Y
(bidimensional).

Já o levantamento altimétrico refere-se às ações necessárias para determinar os pontos e


as feições que, além do plano horizontal, possuem uma referência vertical ou de nível. Suas
coordenadas são X, Y e Z (tridimensional).

A execução de um levantamento planimétrico ou altimétrico é definida


em função das particularidades do projeto, que pode exigir apenas um
deles ou ambos.
Definição do levantamento adequado
Para definir o levantamento topográfico apropriado para determinada superfície, é
importante identificar as diferentes formas de representação que podem ser utilizadas.

Existem quatro modelos para a definição da Terra. São eles:

ƒƒ
real; 15
ƒƒ
geoidal;
ƒƒ
elipsoidal;
ƒƒ
esférico.

capítulo 01: CONCEITOS GERAIS DA TOPOGRAFIA


Real

Pretende demonstrar a superfície da Terra como ela é na realidade, sem deformações.


Entretanto, até hoje, não existem definições matemáticas adequadas para essa
representação. Por conta disso, foram desenvolvidos outros modelos.

Geoidal

Apresenta uma superfície fictícia da Terra, definida pelo prolongamento do nível médio dos
mares sobre os continentes.

Ele é definido matematicamente por meio de medidas gravimétricas (da força da gravidade)
na superfície do planeta e é utilizado apenas pela Geodésia.

Elipsoidal

Atualmente, é o modelo mais utilizado. Ele representa a Terra por meio de uma superfície
!
gerada a partir de um elipsóide de revolução. O elipsóide de
revolução é
Os elipsóides mais utilizados são: uma superfície
matemática
ƒƒ
Bessel (1841); adotada como
ƒƒ
Clarke (1858); referência para o
ƒƒ
Helmet (1907); cálculo de posições,
ƒƒ
Hayford (1909); distâncias e direções.
ƒƒ
Internacional 67 (1967).

Desde a década de 80, são utilizados, no Brasil, os parâmetros definidos pelo elipsóide
Internacional 67 ou Geodetic Reference System (GRS 67).

São eles:

DATUM = SAD 60 (CHUÁ)

a = 6.378.160 m

f = 1 – b/a = 1 / 298,25

Em que:

DATUM – sistema de referência utilizado para correlacionar os dados de um


levantamento. Ele pode ser vertical ou horizontal. O DATUM vertical corresponde a
uma superfície de nível, utilizada para mostrar as altitudes tomadas. Já o horizontal é
empregado no referenciamento das posições na superfície terrestre;

16 SAD (South American Datum) – oficializado no Brasil em 1969. Ele é representado pelo
vértice Chuá, localizado nas proximidades da cidade de Uberaba (MG);

a – dimensão representativa do semi-eixo maior do elipsóide em metros;

b – dimensão representativa do semi-eixo menor do elipsóide em metros;

f – relação entre o semi-eixo menor e maior do elipsóide.

MODELOS TERRESTRES

Superfície topografica

Superfície elipsoidal

Superfície geoidal

Esférico

Esse modelo apresenta a Terra como uma esfera. Essa representação é bastante distante
da realidade, pois deforma as feições da superfície do planeta.
Superfície topográfica
Ao realizar-se o levantamento topográfico de uma superfície, ela será representada por
meio de uma projeção ortogonal cotada no plano horizontal.

Essa projeção é chamada de planta ou plano topográfico.

17

capítulo 01: CONCEITOS GERAIS DA TOPOGRAFIA


Grandezas
Durante o levantamento topográfico, devem ser levantadas grandezas de dois tipos:

ƒƒ
angulares;
ƒƒ
lineares.

Angulares

Ângulo horizontal (Hz) Ângulo vertical (α)

Medido entre as projeções de dois Medido entre o plano do horizonte


alinhamentos do terreno no plano horizontal e o alinhamento do terreno. Ele pode
ser ascendente ou descendente

Parede 1 Aresta superior


Parede 2 Parede 2
Hz
horizonte

Hz

Aresta 1 Parede 1
Hz

Aresta 2 Aresta inferior


Nos equipamentos topográficos modernos, como o teodolito e a estação
total, é possível medir a vertical do lugar. Esse ângulo é denominado de
zenital ou nadiral.

18 Lineares

Existem três grandezas lineares. São elas:

1. distância horizontal (DH): medida entre dois pontos localizados no plano horizontal;
2. distância vertical ou diferença de nível (DV ou DN): medida entre dois pontos localizados
no plano vertical. Eles devem ser perpendiculares ao plano horizontal;
3. distância inclinada (DI): medida entre dois pontos que, em relação ao terreno, estão em
planos inclinados.

Unidades de medida

Lineares
µm (E-06); mm (E-03); cm (E03); dm (E-01); m e Km (E+03)

Polegada = 2,75 cm = 0,0275 m

Polegada inglesa = 2,54 cm = 0,0254 m

Pé = 30,48 cm = 0,3048 m

Jarda = 91,44 cm = 0,9144 m

Milha brasileira = 2.200 m

Milha terrestre/inglesa = 1.609,31 m

Angulares
360º = 400 g = 2π
De superfície
cm2 (E-04); m2 e Km2 (E+06)

are = 100 m2

acre = 4.046,86 m2 19

hectare (ha) = 10.000 m2

alqueire paulista (menor) = 2,42 ha = 24.200 m2

capítulo 01: CONCEITOS GERAIS DA TOPOGRAFIA


alqueire mineiro (geométrico) = 4,84 há = 48.400 m2

Volume
m3

litro = 0,001 m3

DESENHO TOPOGRÁFICO E ESCALA


Para representar todas as medidas coletadas na superfície analisada, é feita uma projeção
no papel, chamada de desenho topográfico.

Nesse desenho, os ângulos são representados em verdadeira grandeza (VG) enquanto as


distâncias são reduzidas, seguindo uma razão constante, a escala.

A escala de um desenho topográfico é definida da seguinte forma:

1=l Em que:
L = comprimento linear real, medido no terreno;
E = l = comprimento linear gráfico, medido no papel;
M L M = título ou módulo da escala. Representa o inverso de l/L.

Ao definir a escala a ser utilizada no desenho, atente para a sua caracterização, que deve ser
feita de acordo com a relação entre l e L:

I>L Escala de ampliação

I=L Esacala natural

I<L Escala de redução


Para definir a escala a ser utilizada em determinado desenho topográfico, é importante
atentar para dois fatores, que são:

ƒƒ
o tamanho da folha utilizada – de acordo com a ABNT, os tamanhos recomendados para
representar a superfície terrestre variam entre o A0 e o A5;
ƒƒ
o tamanho da porção de superfície a ser levantada – para analisá-la corretamente,
recomenda-se dividi-la em partes, representando cada parte em uma folha
20 (representação parcial).

Erro de graficismo
O erro de precisão gráfica, também chamado de erro de graficismo (є), refere-se ao valor
do raio do menor círculo onde pode ser marcado um ponto de referência de acordo com os
recursos do desenho gráfico.

Em levantamentos topográficos feitos manualmente, o valor do (є) é da ordem de 0,2 mm. Já


em desenhos automáticos, o valor varia de acordo com a precisão do plotador1 .

A escala utilizada para representar a faixa de terreno levantada, levando em consideração o


erro de graficismo, é definida por:

Em que:
є
!
O erro admitido para
E ≤
P
P = a incerteza, o erro de precisão do
levantamento topográfico, em metros.

a determinação de
um ponto do terreno
diminui à medida 1 Equipamento utilizado para a impressão digital.
que a escala
aumenta.
Principais escalas e aplicabilidade
Observe a seguir as principais escalas utilizadas pelos profissionais responsáveis pelo
levantamento topográfico. É importante saber que, dependendo da escala, a representação
muda de denominação.

Aplicação Escala
Detalhes de terrenos urbanos 1:50

Planta de pequenos lotes e edifícios 1:100 e 1:200

Planta de arruamentos e loteamentos urbanos 1:500 e 1:1.000

Planta de propriedades rurais 1:1.000 | 1:2.000 | 1:5.000

Planta cadastral de cidades e grandes


1:5.000 | 1:10.000 | 1:25.000
propriedades rurais ou industriais

Cartas de município 1:50.000 e 1:100.000

Mapas de estados, países e continentes 1:200.000 e 1:10.000.000


21
1. Sobre os diferentes modelos de representação da superfície terrestre, correlacione as informações:

( 1 ) modelo real
( 2 ) modelo geoidal
22 ( 3 ) modelo esférico
( 4 ) modelo elipsoidal

( ) Definido matematicamente por meio de medidas gravimétricas na superfície do planeta.

( ) Até hoje, não existem definições matemáticas adequadas para essa representação.

( ) Representa a Terra por meio de uma superfície gerada a partir de um elipsóide de revolução.

( ) Representação distante da realidade, pois deforma as feições da superfície do planeta.

2. Qual é a diferença entre os estudos da topografia e da geodésia?

3. Atualmente, qual é o elipsóide de revolução mais utilizado como referência nas pesquisas
topográficas do Brasil?
4. Complete a tabela:

Levantamento topográfico Função


23

Planimétrico

Altimétrico


capítulo

02 INSTRUMENTOS PARA
A ANÁLISE TOPOGRÁFICA

26 EQUIPAMENTOS DE MEDIÇÃO DIRETA


DAS DISTÂNCIAS

29 Equipamentos de medição indireta


das distâncias

30 Equipamentos de medição eletrônica


das distâncias

34 Outras tecnologias disponíveis


INSTRUMENTOS PARA
A ANÁLISE TOPOGRÁFICA
capítulo Neste capítulo, você verá as tecnologias e os principais equipamentos utilizados pela

02
topografia para a análise das superfícies.

EQUIPAMENTOS DE MEDIÇÃO
DIRETA DAS DISTÂNCIAS
26

Os principais equipamentos utilizados para a medição direta da distância são denominados


de diastímetros.

Como exemplo, é possível citar três diferentes tipos de trenas que são as:

ƒƒ
de aço;
ƒƒ
de lona;
ƒƒ
de fibra de vidro.

Além dos diastímetros, as medições de distância necessitam do auxílio de acessórios.


Você poderá conhecê-los a seguir.

Piquetes
Os piquetes são feitos de madeira roliça ou seção quadrada, de extremidade plana e coberta
por uma tacha de cobre. Seu diâmetro varia entre três e cinco centímetros, e o comprimento,
entre 15 cm e 30 cm.

Eles são utilizados para marcar os pontos extremos do alinhamento a ser levantado.
Para isso, devem ser cravados no solo.

Estacas
São utilizadas como testemunhas da posição dos piquetes, sendo cravadas a 30 cm ou
50 cm deles.

O comprimento das estacas varia entre 15 cm e 40 cm, e o diâmetro, entre três e cinco
centímetros. Elas devem ser chanfradas na parte superior, permitindo a inscrição de
uma numeração.

Tacha
de
cobre 50 cm

Estaca
Piquete
Fichas
As fichas são hastes de ferro ou de aço, com uma das extremidades pontiaguda e a outra em
forma de argola.

Elas são utilizadas para auxiliar na marcação topográfica quando a distância a ser medida é
maior que o comprimento do diastímetro.
27

capítulo 02: INSTRUMENTOS PARA A ANÁLISE TOPOGRÁFICA


Balizas
São equipamentos utilizados para manter o alinhamento entre os pontos demarcados
quando é preciso realizar vários lances com o diastímetro.

Elas possuem dois metros de comprimento, e sua extremidade é feita de ferro pontiagudo,
que é disposto sobre a tachinha do piquete com o auxílio de uma cantoneira.

Para facilitar a observação, as balizas são pintadas com cores contrastantes, como branco e
vermelho ou branco e preto.

Nível de cantoneira
Aparelho responsável por prender as balizas aos piquetes.
Barômetro de bolso
O barômetro é utilizado para medir a pressão atmosférica do
local a ser levantado (em milibares – mb) para realizar a correção
dos valores do levantamento quando necessário.

Ele é digital e também fornece valores de altitude com precisão


28 de 0,10 m.

Dinamômetro
Responsável por medir as tensões aplicadas aos diastímetros para realizar correções nos
valores do levantamento quando necessário.

Essas correções são baseadas no coeficiente de elasticidade do material com que o


diastímetro foi fabricado.

Termômetro
O termômetro é utilizado para medir a temperatura do ar (em ºC) no momento em que foi
realizado o levantamento, para corrigir os valores, quando necessário.

Essas retificações são realizadas de acordo com o coeficiente de dilatação do material com
que o diastímetro foi fabricado.

Nível da mangueira
Consiste em uma mangueira d’água transparente que, de acordo com o nível de água das
extremidades, consegue medir distâncias. Para isso, o diastímetro deve estar na posição
horizontal.

Cadernetas de campo
As cadernetas de campo são utilizadas para registrar os elementos levantados no campo:

ƒƒ
distâncias;
ƒƒ
ângulos;
ƒƒ
régua;
ƒƒ
croquis dos pontos.

Normalmente, elas são padronizadas, o que não impede que sejam confeccionadas de
acordo com as necessidades da empresa responsável pelo levantamento.
EQUIPAMENTOS DE MEDIÇÃO
INDIRETA DAS DISTÂNCIAS
A medição de distâncias é considerada indireta quando essas são calculadas de acordo com
a medida de outras grandezas sem a necessidade de percorrê-las.

Para esse procedimento, são utilizados os seguintes equipamentos: 29

ƒƒ
teodolito;
ƒƒ
nível;
ƒƒ

capítulo 02: INSTRUMENTOS PARA A ANÁLISE TOPOGRÁFICA


mira ou régua graduada;
ƒƒ
nível de cantoneira;
ƒƒ
baliza.

Teodolito e nível
O teodolito é utilizado para ler os ângulos horizontais, verticais e da régua graduada. Já o
nível, é utilizado apenas para a leitura da régua.

Tipos de teodolito

Trânsito Ótico Eletrônico

Acessórios dos teodolitos e níveis

Acessório Utilização
Tripé Estacionar o aparelho

Fio de prumo Posicionar o aparelho sobre o ponto exato no terreno

Lupa Ler os ângulos


Mira ou régua graduada
É uma régua de madeira, alumínio ou PVC, graduada em metro, decímetro, centímetro ou
milímetro.

Ela é utilizada para determinar as distâncias horizontais e verticais entre determinados


pontos do levantamento topográfico.
30
Parte de uma régua de quatro metros e a marcação de suas medidas.

Nível de cantoneira
Tem a função de manter a régua graduada na posição vertical.

Baliza
Deve ser utilizada junto com o teodolito para medir os pontos do terreno a ser levantado e
os ângulos horizontais.

EQUIPAMENTOS DE MEDIÇÃO
ELETRÔNICA DAS DISTÂNCIAS
Em uma medição eletrônica, o valor das distâncias é obtido automaticamente, com pouca
intervenção do operador.

Os instrumentos de medição eletrônica apresentam as seguintes vantagens:

ƒƒ
economia de tempo;
ƒƒ
facilidade de operação;
ƒƒ
precisão.
Esse tipo de medição é baseado na emissão de sinais luminosos
ou de microondas, que devem atingir um anteparo ou um refletor.
A distância entre esses elementos é calculada eletronicamente,
baseando-se no comprimento de onda, na freqüência e na velocidade
de propagação do sinal. 31

Observe a seguir os principais equipamentos de medição eletrônica:

capítulo 02: INSTRUMENTOS PARA A ANÁLISE TOPOGRÁFICA


ƒƒ
trena eletrônica;
ƒƒ
teodolito eletrônico;
ƒƒ
distanciômetro eletrônico;
ƒƒ
estação total;
ƒƒ
nível digital;
ƒƒ
nível a laser.

Trena eletrônica
Esse equipamento é composto por um emissor e receptor de sinais,
que capta pulsações ultra-sônicas ou feixes de luz infravermelha.

Nesse caso, o cálculo da distância é feito em função do tempo


que leva para o sinal chegar ao alvo e voltar ao receptor, assim
como de sua freqüência e seu comprimento.

Algumas trenas eletrônicas podem processar áreas, volumes, adição


e subtração de distâncias etc.

Teodolito eletrônico
O teodolito possui um dispositivo ótico de alto rendimento e mecânica de
precisão. Esses elementos favorecem a sua utilização e a eficiência de
seus resultados.

Normalmente, o teodolito compõe um sistema modular responsável por


adaptar outros equipamentos de medição, como o distanciômetro ou
uma trena eletrônica.

Sua utilização é específica para a medição eletrônica de ângulos.


Distanciômetro eletrônico
É um dispositivo utilizado exclusivamente para a medição de distâncias a partir da
tecnologia dos raios infravermelhos.

Geralmente, ele é utilizado junto com um teodolito ótico ou eletrônico.

32 Seu alcance varia entre 500 m e 20.000 m, dependendo da quantidade de prismas


necessários para a reflexão do sinal e das condições atmosféricas no momento do
levantamento topográfico.

Estação total
A estação total é um dispositivo definido pelo conjunto dos seguintes equipamentos:

ƒƒ
teodolito eletrônico;
ƒƒ
distanciômetro;
ƒƒ
microprocessador.

Por meio da tecnologia de infravermelho, esse equipamento pode medir ângulos


horizontais e verticais, distâncias verticais, horizontais e inclinadas, além de processar outras
informações, entre elas:

ƒƒ
condições do nivelamento do aparelho;
ƒƒ
número do ponto medido;
ƒƒ
coordenadas geográficas;
ƒƒ
altitude do ponto;
ƒƒ
altura do aparelho e do bastão.

Os dados resultantes do seu trabalho podem ser registrados em cadernetas de campo,


coletores de dados ou módulos específicos a serem incorporados no aparelho.

Nível digital
O nível digital é responsável pela medição e pelo registro automático de distâncias
horizontais, verticais ou diferenças de nível.

Seu funcionamento é determinado por um processo digital de leitura, responsável pela


varredura e interpretação de padrões codificados.
Para determinar as distâncias, o aparelho deve ser apontado e focalizado sobre uma régua
graduada, cujas divisões estão impressas em código de barras:

33

capítulo 02: INSTRUMENTOS PARA A ANÁLISE TOPOGRÁFICA


Os valores medidos são armazenados internamente, pelo próprio
equipamento, ou em coletores de dados.

Nível a laser
O funcionamento de um nível a laser é baseado na tecnologia do infravermelho, oferecendo
as distâncias verticais ou as diferenças de nível.

Para realizar as medições, é preciso utilizar um detentor laser montado sobre uma régua (de
alumínio, metal ínvar ou fibra de vidro).

Esse equipamento também é utilizado em trabalhos de nivelamento convencional e na


construção civil.
OUTRAS TECNOLOGIAS
DISPONÍVEIS
Além dos equipamentos citados anteriormente, a topografia dispõe de algumas tecnologias
que facilitam e agilizam o levantamento das superfícies. Dentre elas, destacam-se:
34
ƒƒ
levantamento a laser aerotransportado;
ƒƒ
levantamento a laser terrestre;
ƒƒ
aerofotogrametria convencional;
ƒƒ
posicionamento por satélites.

Levantamento a laser aerotransportado


Essa tecnologia faz o levantamento topográfico em altíssima velocidade e precisão.

Em grandes extensões, o laser possibilita a diminuição dos custos por metro quadrado
levantado, além de conseguir captar dados em regiões de mata fechada.

Por conta do alto custo de aquisição e da necessidade de uma estrutura de apoio para o
funcionamento dessa tecnologia, sua utilização é recomendada apenas para áreas com mais
de dez quilômetros quadrados.

!
Levantamento a laser terrestre
Assim como o levantamento aerotransportado, a tecnologia a laser terrestre garante a
velocidade e a precisão do levantamento topográfico. Além disso, fornece segurança ao seu
operador, que executa o trabalho a distância.

Sua utilização é recomendada apenas para áreas com mais de dez quilômetros quadrados,
por conta do alto custo, além da necessidade de pontos para a sua instalação. 35

!
Aerofotogrametria convencional

capítulo 02: INSTRUMENTOS PARA A ANÁLISE TOPOGRÁFICA


A aerofotogrametria é um método bastante utilizado e consagrado em meio às tecnologias
topográficas.
A visualização
Porém, a estrutura de apoio necessária para o seu funcionamento gera um alto custo, fotográfica permite
limitando sua utilização apenas para grandes áreas. Além disso, depende de condições a restituição dos
meteorológicas favoráveis. dados quando
necessário.

Posicionamento por satélites


O posicionamento por satélites é efetuado por meio da utilização de um equipamento
denominado GPS, Global Position System.

Esse recurso não é utilizado para medir ângulos ou distâncias, mas para fornecer a
localização espacial do ponto a ser levantado no terreno em tempo real.
36
37
1. Marque no quadro a seguir os equipamentos utilizados para a medição indireta das distâncias:

Teodolito Satélite Laser Caderneta de campo

38 Fotografias Baliza Dinamômetro Régua graduada

Nível de cantoneira Distanciômetro Estacas Termômetro

Microcomputador Piquete Nível GPS

2. Quais são os equipamentos que compõem uma estação total?

3. Identifique os equipamentos a seguir:

a. b.

c.


d. e.

39

4. Quais são as vantagens de realizar um levantamento topográfico a laser aerotransportado?


capítulo

03 ELEMENTOS TOPOGRÁFICOS
E VIA PERMANENTE

42 Elementos da geometria da via

45 Traçado planimétrico e altimétrico da via

46 Medições da qualidade da via


ELEMENTOS TOPOGRÁFICOS
E VIA PERMANENTE
capítulo Neste capítulo, você conhecerá os principais elementos da geometria de linha de uma

03
ferrovia. Além disso, poderá observar a aplicação dos conhecimentos da topografia na
garantia de qualidade do seu funcionamento.

O que é geometria de linha?


42 O termo geometria de linha corresponde à posição que cada fila de trilhos ocupa no espaço
de uma ferrovia.

Mesmo em uma via perfeita, a posição das filas de trilhos varia por meio de inclinações e
concordâncias verticais. Sendo assim, para garantir a excelência no transporte de cargas, a
geometria de linha é fator essencial.

A geometria da linha se faz necessária, porque, quando as rodas das locomotivas obedecem
rigorosamente à disposição das linhas dos trilhos, evitam-se desgastes e altos custos de
manutenção. Além disso, favorece a redução no consumo de combustível.

É por meio do levantamento topográfico da superfície da ferrovia e da utilização dos


equipamentos adequados que a topografia pode auxiliar na manutenção da qualidade da
geometria de linha.

ELEMENTOS DA
GEOMETRIA DA VIA
Para garantir o bom funcionamento da via e manter a qualidade dos serviços ferroviários, é
preciso atentar para os elementos que atuam sobre ela.

Observe a seguir os parâmetros que influenciam a geometria da via:

ƒƒ
bitola;
ƒƒ
flecha;
ƒƒ
superelevação;
ƒƒ
nivelamento longitudinal;
ƒƒ
nivelamento transversal;
ƒƒ
empeno.

Bitola
Bitola é a menor distância entre os boletos das filas de trilhos. Para medi-la, é preciso estar
em uma posição próxima ao ponto de contato do friso com o trilho.

Se as rodas utilizadas tiverem o ponto de bitola de 16 mm abaixo do plano de rolamento


(padrão americano), a distância deve ser medida 16 mm abaixo do topo dos boletos dos
trilhos. Geralmente, esse é o padrão das ferrovias brasileiras.

43
Flecha
Flecha é a distância perpendicular entre o boleto e o centro de uma corda instalada entre

capítulo 03: ELEMENTOS TOPOGRÁFICOS E VIA PERMANENTE


dois pontos do trilho.

O seu valor determina o raio de curvatura da linha e a existência de tangente no caso de


leituras de flecha zero ou próximas a esse valor.

Do ponto de vista planimétrico, uma linha é segura quando existir uniformidade entre
flechas subseqüentes em tangente ou em curva.

Nas curvas circulares, não são permitidas variações bruscas entre flechas subseqüentes. Nas
curvas de transição, a variação também deve obedecer à rigorosa tolerância.

Embora menos crítica do que o empeno ou a bitola, grandes variações de flechas podem
gerar oscilações anormais na suspensão do veículo e prejudicar a segurança do tráfego.

Superelevação
É a variação de altura entre a fila de trilhos externos nas curvas. Essa diferença é necessária
para compensar a ação da força centrífuga.

Quando os frisos recebem a força centrípeta exercida pelo trilho externo, as massas que se
movimentam sobre ele tendem a manter-se em linha reta, saindo pela tangente.

Para um observador externo, é como se existisse uma força que direciona o veículo para fora
da curva, a chamada força centrífuga.
Esquema de superelevação

44

Nivelamento longitudinal
Corresponde ao arranjo das cotas de topo de trilho (as duas filas) ao longo de um traçado no
mesmo sentido da linha.

O desnivelamento longitudinal corresponde à existência de pontos altos e baixos, ocorrendo


simultaneamente ao longo de uma linha.

De maneira geral, esse tipo de desnivelamento é menos crítico que o empeno. Entretanto,
ele gera desconforto e, no caso de ultrapassar certos limites, pode levar ao desengate de
veículos e ao fracionamento do trem.

Nivelamento transversal
Corresponde ao arranjo das cotas de topo de trilho na direção transversal (perpendicular ao
eixo da via).
Em trechos de linha reta, se existe diferença entre cotas de topo de trilho no sentido
transversal, tem-se o desnivelamento transversal.

Nesse caso, uma das filas do trilho fica mais alta que a outra, devido ao afundamento de uma
delas ou à elevação indevida da outra (involuntária ou não).

Esse tipo de desnivelamento é grave, uma vez que gera torção da grade (empeno). Quanto
mais pontual e brusca for a variação, mais perigoso será o desnivelamento.

Os defeitos de nivelamento transversal são, muitas vezes, camuflados pelos laqueados –


vazios entre a superfície inferior do dormente e da brita.
Empeno
O empeno pode ser entendido como a variação de um desnivelamento transversal ou
de uma superelevação. Ele corresponde ao mais grave dos problemas de via, pois força o
veículo a oscilar violentamente sobre os ampara-balanços.

Para medi-lo, é necessário considerar um sinal de referência para a superelevação (em uma
curva) ou para um nivelamento transversal (em linha reta). 45

capítulo 03: ELEMENTOS TOPOGRÁFICOS E VIA PERMANENTE


TRAÇADO PLANIMÉTRICO
E ALTIMÉTRICO DA VIA
Após identificar os elementos que influem na geometria de linha, você poderá observar
como a utilização do levantamento topográfico favorece a sua manutenção.

Como foi tratado no primeiro capítulo desta apostila, existem dois tipos de levantamento
topográfico: o planimétrico e o altimétrico.

Para a representação em planta de uma linha férrea, são utilizados os mesmos conceitos.

Traçado planimétrico da via


A representação planimétrica de uma via férrea deve demonstrar a existência de tangentes
e curvas. Esses elementos estarão dispostos entre si, de forma contínua e alternada, em
ambas as direções.

As tangentes são os segmentos de reta que unem duas curvas sucessivas em uma projeção
horizontal.

Essas curvas circulares podem ser de sentido igual ou contrário. De qualquer forma, elas são
ligadas pela tangente ou entre si.

A característica ideal para o traçado planimétrico da via é que as curvas sucessivas tenham a
concordância de uma tangente.
Essa tangente deve ter um comprimento mínimo, sem superelevação e equivalente ao maior
veículo ferroviário que circule na linha.

Traçado da linha em planta

46

Traçado altimétrico da via


O traçado altimétrico da via também é composto por curvas e tangentes; porém, nesse caso,

!
a posição é vertical.

Nesse traçado, dois greides retos e definidos de acordo com a sua declividade devem estar
alinhados por meio de uma curva. Essa curva poderá ser côncava, no caso das depressões,
Para o equilíbrio do ou convexa, nas cristas.
traçado altimétrico,
as curvas circulares Traçado da linha em perfil
são inadequadas,
preferindo-se as
curvas parabólicas.

MEDIÇÕES DA QUALIDADE DA VIA


Para controlar a qualidade da geometria da via, os seguintes equipamentos da topografia
podem ser utilizados:

ƒƒ
teodolito;
ƒƒ
nível ótico de trilho ou topográfico;
ƒƒ
mira ou régua graduada.
47
1. De acordo com as características do traçado planimétrico e altimétrico de uma via férrea,
identifique as sentenças a seguir como verdadeiras (V) ou falsas (F).

( ) A representação planimétrica de uma via férrea apresenta tangentes e curvas.


( ) Para o equilíbrio do traçado altimétrico, as curvas circulares são as mais recomendadas.
48 ( ) O traçado altimétrico da via é composto por curvas e retas na posição vertical.
( ) Em uma projeção horizontal, as tangentes são os segmentos de reta que separam as curvas.
( ) O ideal para o traçado planimétrico da via é que as curvas sucessivas tenham a concordância
de uma tangente.
( ) No traçado altimétrico, os dois greides devem estar alinhados por meio de uma curva.

2. Cite dois equipamentos da topografia utilizados no controle da geometria de linha


de uma via férrea.

3. Complete a cruzadinha com as palavras que faltam nas frases a seguir.

a. é a menor distância entre os boletos das filas de trilhos.

b. representa a variação de altura entre a fila de trilhos externos


nas curvas.

c. O nivelamento corresponde ao arranjo das cotas de topo de trilho ao


longo de um traçado no mesmo sentido da linha.

d. é a distância perpendicular entre o boleto e o centro de uma corda


instalada entre dois pontos do trilho.

e. O pode ser entendido como a variação de um desnivelamento


transversal ou de uma superelevação.

f. O nivelamento corresponde ao arranjo das cotas de topo de trilho na


direção perpendicular ao eixo da via.
b

49
a d

4. O que é, o que é?

a. TOEDLOIOT – Lê os ângulos horizontais, verticais e os da régua graduada.


b. ABLAIZ – Mantém o alinhamento entre os pontos demarcados quando é preciso realizar vários
lances com o diastímetro.
c. PEQIETSU – Marca os pontos extremos do alinhamento a ser levantado.
d. DMAUT – Sistema de referência que correlaciona os dados de um levantamento.
e. DHSENEO OTPGORFÁOIC – Representa as medidas coletadas na superfície analisada no papel.
f. DAITMÍSETOSR – Faz a medição direta das distâncias.

5. Quais são as vantagens da utilização de instrumentos de medição eletrônica


em um levantamento topográfico?
gabarito

para você relembrar 02.


Teodolito eletrônico, distanciômetro
Capítulo 01 e microprocessador.

01. 03.
2–1–4–3 a. Nível digital
b. Trena eletrônica
50 02. c. Teodolito de trânsito
A topografia é a ciência que determina o contorno, a d. Balizas
dimensão e a posição relativa de porções da superfície e. Barômetro de bolso
com até 30 km de raio, desconsiderando os valores da
curvatura da Terra. Já a Geodésia, mapeia as extensões 04.
maiores, levando em consideração as deformações do Realizar o levantamento em altíssima velocidade e
terreno e a esfericidade da Terra. precisão e, em grandes extensões, possibilitando a
diminuição dos custos por metro quadrado levantado,
03. além de conseguir captar dados em regiões de mata
São utilizados os parâmetros definidos pelo elipsóide fechada.
Internacional 67 ou Geodetic Reference System
(GRS 67).
revisando o estudo
04.
01.
Levantamento V–F–F–F–V–V
Função
topográfico
02.
Definir os pontos e as Teodolito, nível ótico de trilho ou topográfico, mira ou
feições do terreno a régua graduada.
Planimétrico
serem representados no
plano horizontal OBS: o aluno deverá citar apenas duas opções das
respostas apontadas.

Determinar os pontos e 03. b


as feições do terreno que,
Altimétrico além do plano horizontal, S
possuem uma referência
U
vertical ou de nível
a P d
B E F
I f T R A N S V E R S A L
Capítulo 02
T E E
01.
c L O N G I T U D I N A L C
Caderneta
Teodolito Satélite Laser
de campo L E H
Dinamô- Régua A V A
Fotografias Baliza
metro graduada
A
Nível de Distanciô-
Estacas Termômetro
cantoneira metro Ç
Micro- Ã
Piquete Nível GPS
computador
e E M P E N O

04.
a. Teodolito
b. Baliza
c. Piquetes
d. DATUM
e. Desenho topográfico
f. Diastímetros
51
05.
A economia de tempo durante o processo de
levantamento, a facilidade de operação dos
instrumentos eletrônicos e a precisão dos resultados.

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