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Respostas das questões da

obra Biologia molecular da


célula, 6ª edição
CAPÍTULO 1
1-1 Falso. Os conjuntos de genes de hemoglobina humana se originaram durante a
evolução por duplicação de um antigo gene ancestral de globina; assim, eles são
exemplos de genes parálogos. O gene da hemoglobina a humana é ortólogo ao
gene da hemoglobina a do chimpanzé, assim como são os genes da hemoglobina
b de humanos e chimpanzés, e assim por diante. Todos os genes das globinas, in-
cluindo o gene da mioglobina, mais distantemente relacionado, são homólogos
um ao outro.

1-2 Verdadeiro. Em organismos unicelulares, o genoma é a linhagem germinativa, e


qualquer modificação é passada adiante para a próxima geração. Em organismos
multicelulares, a maioria das células é de células somáticas e não contribuem
para a próxima geração; assim, a modificação dessas células por transferência
horizontal de genes não terá consequências para a próxima geração. As células
germinativas geralmente estão concentradas no interior dos organismos multi-
celulares, minimizando seu contato com células de outros organismos, vírus e
DNA, isolando, dessa forma, a espécie dos efeitos da transferência horizontal de
genes.

1-3 Verdadeiro. Os genomas bacterianos parecem ter sido reduzidos à sua essência: a
maioria das sequências de DNA codifica proteínas, algumas codificam RNAs fun-
cionais, uma pequena quantidade de DNA é destinada à regulação da expressão
gênica, e há poucas sequências desconhecidas e não funcionais. Em contraste,
acredita-se que apenas cerca de 1,5% das sequências de DNA do genoma huma-
no codifique proteínas. Mesmo considerando uma grande quantidade de DNA
regulador, muito do genoma humano é composto por DNA sem função aparente.

1-4 Superficialmente, a extraordinária resistência do código genético a mutações de-


monstra que ele foi sujeito a forças de seleção natural. Um pressuposto implícito,
que parece razoável, é que a resistência à mutação seja uma característica valiosa
do código genético, que permitiria aos organismos manter informações suficien-
tes para especificar fenótipos complexos. Esse raciocínio sugere que teria, de fato,
sido um acidente de sorte – cerca de 1 chance em 1 milhão – desenvolver um
código à prova de erros como o nosso.
Mas não é tudo tão simples. Se a resistência à mutação for uma condição
essencial de qualquer código que possa suportar a complexidade de organismos
como os humanos, então os únicos códigos que nós poderíamos observar seriam
os que são resistentes a erros. Uma pressão seletiva menos favorável, dando ori-
gem a um código mais propenso ao erro, poderia limitar a complexidade da vida
a organismos que nunca seriam capazes de contemplar seu código genético. Isso
está relacionado ao princípio antrópico de cosmologia: muitos universos podem
ser possíveis, mas poucos são compatíveis com a vida que pode ponderar a na-
tureza do universo.
Além dessas considerações, há ampla evidência de que o código não é está-
tico, e assim pode responder às forças da seleção natural. Versões alternativas do
código genético padrão foram identificadas nos genomas mitocondrial e nuclear
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de muitos organismos. Em cada caso, um ou alguns códons adquiriram um novo


significado.
Referência: Freeland SJ & Hurst LD (1998) The genetic code is one in a million. J.
Mol. Evol. 47, 238–248.

1-5 Há várias abordagens que você pode tentar.


1. A análise dos aminoácidos nas proteínas indicaria se o conjunto de aminoá-
cidos presente nos seus organismos difere do conjunto presente nos orga-
nismos da Terra. Porém, mesmo os organismos terráqueos possuem mais
aminoácidos que o conjunto-padrão de 20; por exemplo, hidroxiprolina, fos-
fosserina e fosfotirosina resultam, todas, de modificações realizadas depois
que uma proteína foi sintetizada. A ausência de um ou mais aminoácidos do
conjunto comum seria um resultado mais significativo.
2. Sequenciar o DNA do organismo oriundo de Europa permitiria uma compara-
ção direta com o banco de dados das sequências que já são conhecidas para os
organismos da Terra. Identificações a partir do banco de dados poderiam su-
gerir contaminação. A falta de identificações poderia constituir um argumento
menos forte para um organismo novo; é uma observação comum que cerca de
15 a 20% dos genes identificados nas sequências completas de genomas de mi-
crorganismos não parecem ser homólogas aos genes no banco de dados. Uma
comparação suficientemente extensiva da sequência deve resolver a questão.
3. Outra abordagem poderia ser analisar o código genético do organismo. Nós
não temos razões para esperar que um novo organismo baseado em DNA,
RNA e proteína tenha um código genético idêntico ao código genético univer-
sal da Terra.

1-6 Seja de luz solar ou de compostos químicos inorgânicos, “alimentar-se” significa


“obter energia livre e unidades fundamentais”. No caso da fotossíntese, os fótons
da luz solar são usados para elevar elétrons de determinadas moléculas a um es-
tado instável de maior energia. Quando eles retornam ao seu estado normal, o
basal, a energia liberada é capturada por mecanismos que a usam para promover
a síntese de ATP. De modo semelhante, os organismos litotróficos em uma fenda
hidrotermal obtêm energia livre pela oxidação de um ou mais dos componentes
reduzidos da fenda (p. ex., H2S → S 1 2 H1), usando algumas moléculas comuns
no ambiente para aceitar elétrons (p. ex., 2 H1 1 ½ O2 → H2O). Os organismos li-
totróficos coletam a energia liberada nessas reações de oxidação-redução (trans-
ferência de elétrons) para promover a síntese de ATP. Para ambos os organismos,
litotróficos e fototróficos, a chave do sucesso é a evolução de um mecanismo mo-
lecular que captura a energia livre e acopla à sua síntese de ATP.
Para todos os organismos, sejam eles fototróficos, organotróficos ou lito-
tróficos, sua habilidade de obter a energia livre necessária para suportar a vida
depende da exploração da condição de algum desequilíbrio. Os fototróficos de-
pendem do fluxo contínuo de radiação solar; os organotróficos dependem de um
suprimento de moléculas orgânicas, fornecidas, em última análise, pelos foto-
tróficos, que podem ser oxidadas por energia; e os litotróficos dependem de um
suprimento de moléculas inorgânicas reduzidas, fornecidas, por exemplo, por
fendas hidrotermais, que podem ser oxidadas para produzir energia.

1-7 Quatro (Figura R1-1). Todos poderiam ter se separado do ancestral comum ao
mesmo tempo. As bactérias e arqueias poderiam ter se separado dos eucariotos,

A B E A B E A B E B A E

Figura R1-1  As quatro possíveis rela-


ções para a evolução de arqueias (A),
bactérias (B) e eucariotos (E).
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seguido pela separação das bactérias das arqueias. Bactérias e eucariotos pode-
riam ter se separado das arqueias, seguido da separação das bactérias dos eu-
cariotos. Arqueias e eucariotos poderiam ter se separado das bactérias, seguido
pela separação das arqueias dos eucariotos. Embora a transferência horizontal
através dessas divisões torne as interpretações problemáticas, acredita-se que
primeiramente as arqueias e os eucariotos se separaram das bactérias e, então, as
arqueias e os eucariotos se separaram.

1-8 É pouco provável que qualquer gene tenha se originado perfeitamente otimizado
para sua função. Acredita-se que os genes altamente conservados, como os
genes para RNA ribossômico, foram otimizados por mudança evolutiva rápida
durante a evolução do ancestral comum a arqueias, bactérias e eucariotos. Já que
os RNAs ribossômicos (e os produtos dos genes mais altamente conservados)
participam de processos fundamentais que foram otimizados cedo, não houve
pressão evolutiva (e pouca margem) para mudança. Por outro lado, os genes
menos conservados – que evoluem mais rápido – têm sido continuamente
apresentados com oportunidades de preencher novos nichos funcionais.
Considere, por exemplo, a evolução de diferentes genes de globina, cujos
produtos são otimizados para fornecer oxigênio para embriões, fetos e tecidos
adultos nas placentas dos mamíferos.

1-9 A complexidade é uma explicação lógica para a diferença nas taxas de transferên-
cia horizontal de genes (e pode até ser a explicação correta, embora haja outras
possibilidades). A transferência com sucesso de um gene contendo “informa-
ções” necessitaria que o produto do novo gene se tornasse parte de um complexo
funcional preexistente, talvez suplantando a proteína original correspondente.
Para que uma nova proteína se torne parte de um complexo com outras proteí-
nas, ela precisaria ter superfícies de ligação que permitissem que ela interagis-
se com as proteínas certas na geometria apropriada. Se uma proteína nova tiver
uma boa superfície de ligação, mas não outras, ela provavelmente romperia o
complexo e colocaria o receptor do gene em uma desvantagem seletiva. Por ou-
tro lado, um produto de gene que corresponde a uma reação metabólica em si,
seria capaz de funcionar em qualquer organismo. Desde que a reação metabólica
confira alguma vantagem ao receptor (ou pelo menos nenhuma desvantagem), a
transferência gênica poderia ser acomodada.
Referência: Jain R, Rivera MC & Lake JA (1999) Horizontal gene transfer among
genomes: The complexity hypothesis. Proc. Natl Acad. Sci. USA 96, 3801–3806.

1-10 Como a maioria das questões sobre as relações evolutivas, essa foi decidida com-
parando-se as sequências de genes como os de RNA ribossômico. Essas com-
parações mostraram que os fungos são mais parecidos com animais em relação
à sequência gênica do que com plantas, e que provavelmente se separaram da
linhagem animal-planta depois que as plantas se separaram dos animais. Assim,
considera-se que os fungos nunca tiveram cloroplastos, e considera-se que fun-
gos e plantas desenvolveram as paredes celulares independentemente, como é
sugerido pelo uso de celulose nas paredes celulares de plantas e quitina nas pa-
redes celulares fúngicas.

1-11
A. Os dados da árvore filogenética (ver Figura Q1-2) refutam a hipótese de que os
genes da hemoglobina de planta originaram-se por transferência horizontal. Ob-
servando partes mais familiares da árvore, nota-se que os vertebrados (peixes a
humanos) se agrupam como um conjunto de espécies muito relacionadas. E, ain-
da, as relações mostradas na árvore são compatíveis com a ordem de ramificação
que conhecemos das relações evolutivas entre essas espécies: peixes se separa-
ram antes dos anfíbios, répteis antes dos pássaros, e mamíferos por último, em um
grupo muito coeso. As plantas também formam um grupo distinto que apresenta
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relações evolutivas consideradas corretas, que a cevada, uma monocotiledônea,


divergiu antes do feijão, alfafa e lótus, que são todas dicotiledôneas (e legumes).
As sequências das hemoglobinas de plantas parecem ter divergido há bastante
tempo ao longo do processo seletivo, no momento, ou até antes, que os moluscos,
insetos e nematódeos se originaram. As relações na árvore filogenética indicam
que os genes da hemoglobina se originaram por descendência a partir de um an-
cestral comum.
B. Se os genes da hemoglobina da planta tivessem se originado por transferência
horizontal de um parasita nematódeo, então as sequências da planta teriam se
agrupado com as sequências de nematódeo na árvore filogenética da Figura Q1-2.

1-12 Três hipóteses gerais foram propostas para explicar as diferenças nas taxas evo-
lutivas em linhagens diferentes. As hipóteses individuais discutidas a seguir não
são mutuamente exclusivas e podem todas contribuir de alguma forma.
A hipótese de tempo de geração propõe que as diferenças nas taxas são con-
sequência de diferentes tempos de geração. Espécies como o rato, com tempos
de geração curtos, passarão por mais gerações e mais ciclos de divisão de células
germinativas, e, consequentemente, mais ciclos de replicação de DNA. Essa hi-
pótese assume que erros durante a replicação do DNA sejam a maior fonte das
mutações. Os testes dessa hipótese em ratos versus humanos tendem a corrobo-
rar sua validade.
A hipótese da taxa metabólica postula uma taxa de evolução mais alta para
espécies com taxa metabólica mais alta. As espécies com taxas metabólicas mais
altas usam mais oxigênio; assim, elas geram mais radicais livres de oxigênio,
principal fonte de dano ao DNA. Isso é especialmente relevante para os genomas
mitocondriais, pois as mitocôndrias são o principal espaço celular para a utiliza-
ção do oxigênio e produção de radicais livres.
A hipótese da eficiência de reparo propõe que a eficiência no reparo de
dano no DNA teria uma pequena fração de eventos de dano que levariam à mu-
tação. Há evidência em células cultivadas humanas e de rato de que tais diferen-
ças no reparo existem, na direção esperada, mas não é claro se tais diferenças
existem nas células de linhagem germinativa desses organismos.
Referência: Li WH (1997) Molecular Evolution, pp. 228–230. Sunderland, MA:
Sinauer Associates, Inc.

CAPÍTULO 2

2-1 Falso. O pH da solução será muito próximo do neutro, essencialmente pH 7, por-


1 1
que a contribuição de poucos íons H pelo HCl será suplantada pelos íons H da
dissociação da água. Não importa o quanto um ácido forte seja diluído, ele nunca
poderá originar uma solução básica. Na realidade, cálculos levando em conside-
1
ração tanto a fonte de íons H quanto os efeitos da dissociação da água resultam
28
em um pH de 6,98 para uma solução 10 M de HCl.

2-2 Falso. Muitas das funções que as macromoléculas realizam baseiam-se nas suas
capacidades de se associarem e dissociarem facilmente, o que não seria possível
se elas estivessem ligadas por ligações covalentes. Ao associarem as suas macro-
moléculas de maneira não covalente, as células podem, por exemplo, remodelar
seus interiores rapidamente quando elas se movem ou se dividem e transportar
com facilidade componentes de uma organela para outra. Deve ser ressaltado
que algumas macromoléculas são ligadas por ligações covalentes. Isso ocorre
primariamente em situações nas quais é necessário uma estabilidade estrutu-
ral extrema, como, por exemplo, na parede celular de muitas bactérias, fungos e
plantas, e na matriz extracelular que proporciona o suporte estrutural para diver-
sas células animais.

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2-3 Verdadeiro. A diferença entre animais e plantas está na maneira como eles obtêm
suas moléculas de alimento. Enquanto os animais devem procurar sua comida,
as plantas produzem seus próprios alimentos utilizando a energia do sol combi-
nada a CO2 e H2O.

2-4 Verdadeiro. Reações de oxidação-redução são aquelas nas quais há remoção


de elétrons de um átomo e sua transferência para outro átomo. Em uma reação
química, desde que o número de elétrons se conserve (nem ganho ou perda), a
oxidação – remoção de elétrons – deve ser acompanhada de redução – adição de
elétrons.

2-5 Falso. A constante de equilíbrio da reação A 3


4 B permanece inalterada; ela é cons-
tante. O acoplamento de reações pode converter uma reação desfavorável em uma
reação favorável, no entanto isso é feito sem alterar a constante de equilíbrio, mas
mudando a relação entre as concentrações de produtos e reagentes.

2-6 Verdadeiro. Uma reação com ∆G° negativo, por exemplo, não ocorrerá
espontaneamente sob condições nas quais há um excesso de produtos em
relação às concentrações presentes no equilíbrio. De outro modo, uma reação
com ∆G° positivo ocorreria espontaneamente em condições em que há um
excesso de substrato em relação às concentrações presentes no equilíbrio.

2-7 Falso. Os átomos que fazem parte do CO2 não se originam dos átomos de oxi-
gênio que são consumidos como parte da oxidação da glicose (ou de qualquer
outra molécula de alimento). Os elétrons que são tomados da glicose nos vários
estágios de sua oxidação são finalmente transferidos para o oxigênio, produzindo
água, durante a fosforilação oxidativa. Dessa maneira, o oxigênio usado durante
a oxidação dos alimentos termina como átomos de oxigênio da água.
Isso pode ser visto diretamente incubando-se células vivas em uma atmos-
fera que contenha oxigênio molecular enriquecido no isótopo 18O, substituindo
o isótopo de ocorrência mais comum 16O. Em experimentos como esse, observa-
-se que todas as moléculas de CO2 liberadas pelas células contêm apenas 16O.
Portanto os átomos de oxigênio da moléculas de CO2 que são liberadas não vêm
diretamente da atmosfera, mas, sim, das próprias moléculas orgânicas e da H2O.

2-8 A química orgânica realizada em laboratório, mesmo a melhor, raramente é con-


duzida em ambiente aquoso devido à baixa solubilidade de alguns componentes
e porque a água é reativa e geralmente compete com a reação que se quer fazer.
A diferença mais dramática, entretanto, é a complexidade. É crucial que, em um
laboratório de química orgânica, sejam utilizados componentes puros para as-
segurar um alto rendimento do produto desejado. Em contrapartida, as células
vivas executam milhares de reações diferentes ao mesmo tempo com bons rendi-
mentos e praticamente sem haver interferência de uma reação na outra. A chave,
claramente, é que as células utilizam enzimas como catalisadores e elas ligam as
moléculas de substrato em seus sítios ativos, onde ficam isoladas do resto do am-
biente. Ali, a reatividade dos átomos individuais é manipulada para estimular a
reação correta. É essa capacidade que as enzimas têm de fornecer esse ambiente
especial – câmaras de reação em miniatura – que possibilita às células executarem
um enorme número de reações simultaneamente sem que uma interfira na outra.

2-9
A. A concentração de etanol na cerveja com 5% de álcool é 0,86 M. O etanol puro
tem 17,2 M ([789 g/L] × [mol/ 46 g]) e, então, uma cerveja com 5% deveria ter 0,86
M de etanol (17,2 M × 0,05).
B. Com um limite legal de 80 mg/100 mL, o etanol no sangue deve estar a 17,4 mM
([80 mg/0,1 L] × [mmol/46 mg]).
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O C. Para chegar ao limite legal (17,4 mM), o etanol da cerveja 5% (0,86 M) deve ser
–O P O–
Ácido diluído 49,4 vezes (860 mM/17,4 mM). Essa diluição representa 809 mL em 40 L
carboxílico-
-fosfórico de água corporal (40 L/49,4). Com 355 mL por lata de cerveja isso é igual à 2,3
O
anidrido cervejas (809 mL/355 mL).
C O
D. Levaria quase 4 horas. No dobro do limite legal, a pessoa poderia ter 64 g de eta-
Hidroxila HO C H
nol ([0,16 g/0,1 L] × 40 L). A pessoa pode metabolizar 8,4 g/hora ([0,12 g/h/kg] ×
CH 2 [70 kg]). Portanto, para metabolizar 32 g de etanol (a quantidade que está além
O do limite legal) seriam necessárias 3,8 horas ([32 g] × [h/8,4 g]).
–O O Fosforila

O– 2-10 Supondo que a mudança na atividade da enzima seja devido à modificação no


estado de protonação da histidina, a enzima deve necessitar que a histidina este-
1,3-bisfosfoglicerato
ja protonada, estado carregado. A enzima é ativa apenas abaixo do pK da histidi-
na (que, nas proteínas, é normalmente em torno de 6,5 a 7,0), onde se espera que
a histidina esteja protonada.
O O – Carboxilato
C
2-11 Os grupos funcionais dessas três moléculas estão indicados e denominados na
C O Carbonila
Figura R2-1.
CH 3
Piruvato
2-12 As velocidades instantâneas são: H2O = 3,8 × 104 cm/s, glicose = 1,2 × 104 cm/s
e mioglobina = 1,3 × 103 cm/s. O cálculo para uma molécula de água, com uma
SH Sulfidrila
massa de 3 × 10-23 g ([18 g/mol] × [mol/ 6 × 1023 moléculas]) está mostrado a se-
guir.
CH 2
O
CH C Carboxilato
O–
Amino NH 3 +

Cisteína

Figura R2-1  Grupos funcionais no


1,3-bisfosfoglicerato, piruvato e cis- Quando esses números são convertidos em km/h, são muito impressionantes. A
teína. água move-se a 1.360 km/h, a glicose, a 428 km/h, e a mioglobina, a 47 km/h. Por-
tanto, mesmo as maiores (e mais lentas) dessas moléculas movem-se mais rápido
do que o mais rápido velocista humano. E a água move-se a 1,1 vez a velocidade
do som! Essas moléculas, ao contrário de um velocista humano ou de um avião a
jato, movem-se em linha reta de modo muito lento porque elas estão constante-
mente colidindo com outras moléculas da solução.
Referência: Berg HC (1993) Random Walks in Biology, Expanded Edition, pp.
5–6. Princeton, NJ: Princeton University Press.

2-13 Parece ser contraintuitivo aceitar que a polimerização de subunidades de tubu-


lina livre em microtúbulos que são altamente ordenados possa ocorrer com au-
mento final da entropia (diminuição da ordem). Mas isso só é contraintuitivo se
as subunidades forem consideradas isoladamente. É importante lembrar que a
termodinâmica se refere ao sistema como um todo, o que inclui as moléculas
de água. As superfícies das subunidades da tubulina que se ligam umas com as
outras é fracamente hidrofóbica e forçam (ordenam) as moléculas de água adja-
centes. Com a polimerização, essas moléculas de água são liberadas para inte-
ragirem com outras moléculas de água. Essa desordem recém-formada excede
muito o aumento de ordem nas subunidades da proteína e, portanto, o aumento
líquido na entropia (desordem) favorece a polimerização.

2-14 A totalidade da população de moléculas de ATP no corpo humano tem uma re-
ciclagem (turnover) de 1.800 vezes por dia ou um pouco mais do que 1 vez por
minuto. A conversão de 3 mols de glicose em CO2 gera 90 mols de ATP ([3 mols de
glicose] × [30 mols de ATP/mol de glicose]). O corpo inteiro contém 5 × 10–2 mol
de ATP ([2 × 10–3 mol/L] × 25 L). Uma vez que a concentração de ATP não muda,
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cada ATP deve reciclar 1.800 vezes por dia ([90 mols ATP/dia]/[5 × 10–2 mol de
ATP]).

2-15 O corpo humano opera a cerca de 70 watts – mais ou menos o mesmo que uma
lâmpada incandescente.

2-16 É necessário gastar 2.070 kJ para escalar de Zermatt para o topo do Matterhorn,
uma distância vertical de 2.818 m. Substituindo na equação do trabalho

Isso é igual a 1,5 barra de cereal (2.070 kJ/1.360 kJ), de modo que se deve estar
preparado para fazer uma parada na cabana Hörnli para comer mais uma barra.
Na realidade, o corpo humano não converte energia química em trabalho exter-
no com 100% de eficiência como foi considerado nessa resposta, mas com uma
eficiência de cerca de 25%. Além disso, ainda deve se caminhar lateralmente con-
forme se sobe para o pico da montanha. Assim, seriam necessárias mais de seis
barras de cereais para fazer o caminho.
Referência: Frayn KN (1996) Metabolic Regulation: A Human Perspective, p. 179.
London: Portland Press.

2-17 Na ausência de oxigênio, a energia necessária para as células deve ser suprida
pela fermentação a lactato, o que requer uma alta velocidade da glicólise para
gerar ATP suficiente. Quando é adicionado oxigênio, a célula pode gerar ATP pela
fosforilação oxidativa, que gera ATP com maior eficiência que a glicólise. Portan-
to, é preciso menos glicose para suprir ATP com a mesma velocidade.

CAPÍTULO 3

3-1 Verdadeiro. Em uma folha β, as cadeias laterais dos aminoácidos em cada fita
estão posicionadas em modo alternado acima e abaixo do plano da folha β, e os
átomos de oxigênio da carbonila também apresentam posições alternadas. As-
sim, cada fita em uma folha β pode ser considerada como uma hélice, na qual
cada aminoácido apresenta 180° de rotação em relação ao aminoácido anterior.

3-2 Falso. As regiões intrinsicamente desordenadas em proteínas geralmente apre-


sentam sequências de aminoácidos com baixa hidrofobicidade e alta carga total.
A baixa hidrofobicidade reduz o efeito da força hidrofóbica, que normalmente
induz a proteína a uma conformação mais condensada e organizada. A alta carga
total (seja positiva ou negativa) induz a repulsão de regiões da proteína de carga
semelhante. Em contrapartida, uma sequência de aminoácido com alta hidrofo-
bicidade e baixa carga total tenderia a colapsar em uma estrutura organizada.

3-3 Verdadeiro. Os grupos químicos dessas alças protuberantes podem frequente-


mente se localizar ao redor da molécula, permitindo que a proteína estabeleça
diversas ligações fracas.
8   Respostas das questões da obra Biologia molecular da célula, 6.ed.

3-4 Verdadeiro. Como uma enzima possui um número fixo de sítios ativos, a taxa de
reação não pode ser aumentada uma vez que a concentração de substrato seja
suficiente para se ligar a todos os sítios ativos. A saturação dos sítios de ligação
induz o comportamento da enzima na saturação.

3-5 Falso. O número de turnover é constante, uma vez que o valor Vmáx é divido pela
concentração de enzima. Por exemplo, um aumento de 2 vezes na concentração
de enzima corresponderá a um aumento de 2 vezes na Vmáx, resultando no mes-
mo número de turnover: 2 Vmáx/2[E] = k3.

3-6 Verdadeiro. O termo cooperatividade considera a ideia de que alterações na con-


formação de uma subunidade são transmitidas às outras subunidades em uma
estrutura multimérica, de modo que todas as subunidades apresentam a mesma
conformação. Em geral, essas subunidades são idênticas; no entanto, na hemo-
globina, por exemplo, existem quatro subunidades de dois tipos diferentes.

3-7 Verdadeiro. A cada ciclo de fosforilação-desfosforilação uma molécula de ATP é hi-


drolisada; no entanto, isso não é considerado desperdício no sentido de não ser be-
néfico. O ciclo constante permite que as proteínas reguladas mudem rapidamente
de um estado para outro em resposta a estímulos que requerem ajustes rápidos do
metabolismo celular ou de sua função. Essa é a essência da regulação efetiva.

3-8 Uma vez que existem 20 possíveis aminoácidos em cada posição de uma proteína
composta por 300 aminoácidos, existem 20300 (o que corresponde a 10390) proteí-
nas possíveis. A massa de uma cópia de cada proteína possível é

Portanto, a massa de proteína poderia exceder a massa observável do universo


(1080 g), mais precisamente por um fator de 10290!

3-9 Em termos gerais, uma identidade de ao menos 30% é necessária. Identidades


entre 20 e 30% são problemáticas e difíceis de distinguir do ruído de fundo. A
pesquisa por sequências de relação distante utilizando sequências completas
geralmente diminui a porcentagem de identidade a valores menores de 30% de-
vido à grande quantidade de regiões não conservadas. Dessa forma, a pesquisa
utilizando sequências menores e regiões conservadas de sequências tem maior
probabilidade de identificar sequências de relação distante.

3-10 A justaposição das regiões N e C-terminal no domínio kelch o identifica como um


domínio do tipo encaixe. Os domínios do tipo lineares apresentam suas regiões
N e C-terminal em extremidades opostas do domínio.

3-11
A. Os dados são consistentes com a hipótese de que o comportamento de mola da
titina se deve ao desenovelamento sequencial dos domínios Ig. Em primeiro lu-
gar, o fragmento contém sete domínios Ig e existem sete picos no gráfico da força
versus extensão. Além disso, os picos correspondem ao comportamento espera-
do durante o desenovelamento sequencial. Em segundo lugar, na presença de
um desnaturante de proteínas, condição em que os domínios já estarão desnatu-
rados, os picos desaparecem e a extensão por unidade de força aumenta. Em ter-
ceiro lugar, quando os domínios são submetidos às ligações cruzadas, e portanto
incapazes de se desenovelar, os picos desaparecem e a extensão por unidade de
força diminui.
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Figura R3-1  Ligações de hidrogênio


que mantêm um domínio na sua con-
C
formação enovelada. As ligações de
N hidrogênio indicadas (linhas verdes), quan-
do rompidas, desencadeiam a perda da
estrutura do domínio. Se você comparar
este diagrama de topologia com a estru-
tura tridimensional da Figura Q3-2A, é
B. O espaçamento entre os picos, de cerca de 25 nm, é quase exatamente o valor cal- possível identificar as duas folhas β curtas
envolvidas na formação destas ligações de
culado para o desenovelamento sequencial dos domínios Ig. O domínio enove-
hidrogênio.
lado ocupa 4 nm, mas quando não enovelado, seus 89 aminoácidos apresentam
cerca de 30 nm (89 × 0,34 nm), uma variação de 26 nm.
C. A ocorrência de picos individuais separados significa que cada domínio se de-
senovela quando uma força específica é aplicada, indicando que cada domínio
possui estabilidade definida. O conjunto de domínios desenovela em ordem, do
menos estável ao mais estável. Assim, é necessário aplicar mais força a cada eta-
pa para desenovelar o próximo domínio.
D. O súbito colapso na força a cada evento de perda de estrutura é reflexo de um
importante princípio do desenovelamento de proteínas, a cooperatividade. As
proteínas tendem a se desenovelar de maneira “tudo ou nada”. Um pequeno
número de ligações de hidrogênio é essencial para manter os domínios enove-
lados juntos (Figura R3-1). A perda dessas ligações desencadeia o desenovela-
mento cooperativo.
Referência: Rief M, Gutel M, Oesterhelt F, Fernandez JM & Gaub HE (1997) Re-
versible folding of individual titin immunoglobulin domains by AFM. Science 276,
1109–1112.

3-12
A. As concentrações relativas de proteína Src normal e mutante são inversamente
proporcionais aos volumes em que estão distribuídas. A proteína mutante Src
está distribuída no volume da célula, que é
Vcélula = (4/3)πr3 = 4π(10 × 10–6 m)3/3 = 4,1888 × 10–15 m3
A proteína Src normal está confinada a uma camada de 4 nm de espessura lo-
calizada abaixo da membrana, com volume igual ao volume da célula menos o
volume de uma esfera de raio 4 nm menor que o volume da célula:
Vcamada = Vcélula – 4π(r – 4 nm)3/3
= Vcélula – 4π[(10 × 10–6 m) – (4 × 10–9 m)]3/3
= (4,1888 × 10–15 m3) – (4,1838 × 10–15 m3)
Vcamada = 0,0050 × 10–15 m3

Portanto, o volume da célula é 838 vezes maior que o volume da esfera de 4 nm de
espessura abaixo da membrana (4,1888 × 10–15m3/0,0050 × 10–15m3).
Mesmo considerando as regiões do interior da célula não permeáveis à proteína
(núcleo e organelas), a proteína mutante Src ainda apresenta concentração de
algumas ordens de magnitude menor da camada abaixo da membrana do que a
proteína normal Src.
B. A razão pela qual a proteína mutante Src não induz a proliferação celular é a sua
baixa concentração na região da membrana onde seu alvo X está presente. Essa
condição pode ser quantificada considerando o equilíbrio de ligação entre Src e
seu alvo:
10   Respostas das questões da obra Biologia molecular da célula, 6.ed.

A concentração mais baixa da proteína mutante Src na região da membrana des-


locará o equilíbrio na direção dos componentes livres, reduzindo a quantidade
de complexo formado. Se a concentração for 100 vezes menor, a quantidade de
complexo formado será reduzida 100 vezes. Essa grande diminuição de forma-
ção de complexos pode ser facilmente considerada responsável pela ausência de
efeito da proteína mutante Src na proliferação celular.

3-13 O anticorpo se liga à segunda proteína com constante de equilíbrio, K, igual a 5 ×


107 M–1.
Uma maneira rápida de considerar questões desse tipo envolve a condição
de que ΔG° está relacionado ao log K por um fator –2,3 RT, o que é igual a –5,9 kJ/
mol a 37 °C. Portanto, um aumento de 10 vezes na constante de equilíbrio (au-
mento do log K em 1 unidade) corresponde a uma diminuição de ΔG° igual a
–5,9 kJ/mol. Um aumento de 100 vezes em K corresponde à diminuição de ΔG°
igual a –11,9 kJ/mol, e assim sucessivamente. Para cada fator de 10 de aumento
de K, ΔG° diminui –5,9 kJ/mol; para cada fator de 10 de diminuição de K, ΔG°
aumenta 5,9 kJ/mol. Essa relação permite uma estimativa rápida da alteração da
constante de equilíbrio a partir da alteração de energia livre, e vice-versa. Nesta
questão, houve aumento de ΔG° igual a 11,9 kJ/mol (uma ligação mais fraca equi-
vale a menos ΔG° negativo). De acordo com a relação matemática anteriormente
citada, este aumento em ΔG° requer a diminuição de K por um fator igual a 100
(uma diminuição igual a duas unidades no valor log K); portanto a constante de
equilíbrio para a ligação para a segunda proteína é igual a 5 × 107 M–1.
A solução desta questão pode ser calculada determinando inicialmente a
variação de energia livre representada pela ligação à primeira proteína:
ΔG° = –2,3 RT log K

Substituindo K,
ΔG° = –2,3 (8,3 × 10–3 kJ/K mol) (310 K) log (5 × 109)
ΔG° = –5,92 kJ/mol × 9,7
ΔG° = –57,4 kJ/mol

A variação de energia livre associada à ligação da segunda proteína é obtida pela


adição de 11,9 kJ/mol à variação de energia livre para a ligação da primeira pro-
teína, obtendo valor igual a –45,5 kJ/mol. Portanto, a constante de equilíbrio para
a ligação da segunda proteína é
log K = (–45,5 kJ/mol)/(–5,92 kJ/mol)
= 7,7
TABELA R3-1  Valores calculados K = 5 × 107 M–1
para a fração de proteína ligada
versus concentração de proteína
3-14 Os valores calculados para a fração de tmRNA ligado versus concentração de
Fração SmpB estão listados na Tabela R3-1. Também estão listados os valores aproxi-
ligada Valor mados, que são mais fáceis de lembrar. Uma vez que a fração ligada = [SmpB]/
[Proteína] (%) aproximado
([SmpB] 1 Kd), substituindo os valores de Kd para [SmpB] se obtém os resultados.
104 Kd 99,99 99,99 Por exemplo, quando [SmpB] = 102, a fração ligada é igual a 100/101 = 0,99.
103 Kd 99,9 99,9 Essas relações são úteis não apenas quando consideramos Kd, mas tam-
2
10 Kd 99 99 bém a cinética enzimática. A velocidade de reação expressa como fração da ve-
1 locidade máxima é
10 Kd 91 90
Kd 50 50 Velocidade/Vmáx = [S]/([S] 1 Km)
–1
10 Kd 9,1 10 que equivale à equação para a fração ligada. Portanto, por exemplo, quando a
10–2 Kd 0,99 1 concentração de substrato, [S], é 10 vezes maior que a constante de Michaelis, Km,
–3
10 Kd 0,099 0,1 a velocidade equivale à 90% da velocidade máxima, Vmáx. Quando [S] é 100 vezes
–4
10 Kd 0,0099 0,01 menor que Km, a velocidade é 1% de Vmáx.
Respostas das questões da obra Biologia molecular da célula, 6.ed.   11

Essa relação também funciona para a fração de dissociação de grupos áci-


dos, HA, em função do valor de pH. Quando o pH está 2 unidades acima do valor
de pK, 99% dos grupos ácidos estão ionizados. Quando o pH está 1 unidade abai-
xo do valor de pK, 10% dos grupos ácidos estão ionizados.

3-15 Quando [S] = 0, a velocidade é igual a 0/Km, sendo igual a zero. Quando [S] = Km,
a razão de [S]/([S]1Km) é igual a ½ e a velocidade é igual a ½ Vmáx. Quando [S] é
infinita, a razão [S]/([S]1Km) é igual a 1 e a velocidade é igual a Vmáx.

3-16
A. Espera-se que uma enzima composta inteiramente por imagens especulares dos
aminoácidos se enovele em uma conformação estável que também equivale à
imagem especular da enzima normal; ou seja, será como a enzima normal refle-
tida em um espelho.
B. Espera-se que a enzima especular reconheça a imagem especular do substrato
normal. Dessa forma, espera-se que a hexocinase “D” adicione um fosfato à l-
-glicose e ignore a d-glicose.
Esse experimento foi realizado para a protease do HIV. A protease especu-
lar reconhece e cliva substratos especulares.
Referência: Milton RC, Milton SC & Kent SB (1992) Total chemical synthesis of
a D-enzyme: the enantiomers of HIV-1 protease show reciprocal chiral substrate
specificity. Science 256, 1445–1448.

3-17 Essa questão simples precisou de décadas de pesquisa para que uma resposta
completa e satisfatória fosse obtida. No nível mais simples, a hemoglobina se liga
ao oxigênio de modo eficaz nos pulmões devido à alta concentração (pressão
parcial) de oxigênio. Nos tecidos, a concentração de oxigênio é menor, pois é
consumido de modo constante pelo metabolismo. Dessa forma, a hemoglobina
tende a liberar (ligar menos) oxigênio nos tecidos. Essa tendência natural – efeito
do equilíbrio de ligação – é exacerbada pelas interações alostéricas entre as qua-
tro subunidades da molécula de hemoglobina. Como consequência, mais oxigê-
nio é liberado nos tecidos do que seria esperado simplesmente pelo equilíbrio de
ligação.

3-18 Uma hipótese razoável seria que o excesso de AMP inibe, por retroalimentação
negativa, a enzima que converte E em F, e o excesso de GMP inibe, também por
retroalimentação negativa, a etapa E para H. O intermediário E, que então seria
acumulado, inibiria a etapa de conversão de R5P em A. Algumas vias ramifica-
das são controladas dessa forma. A síntese de nucleotídeos, porém, é regulada
de modo ligeiramente diferente (Figura R3-2). AMP e GMP regulam a conversão
de E em F e E em H, como descrito anteriormente, mas também regulam a eta-
pa de conversão de R5P em A. A regulação por AMP e GMP nesta etapa parece
problemática uma vez que sugere que um aumento na concentração de AMP,
por exemplo, inibiria toda a via, mesmo na ausência de GMP. As células utilizam
uma estratégia bastante inteligente para evitar este problema. Individualmente, o
excesso de AMP ou de GMP inibe a enzima a 50% da sua atividade normal; juntos
eles inibem a enzima completamente.

F G AMP
100%
50%
R5P A B C D E
50%
100% H I GMP Figura R3-2  Padrão de inibição da via
metabólica de síntese de nucleotídeos
de purina.
12   Respostas das questões da obra Biologia molecular da célula, 6.ed.

CAPÍTULO 4
4-1 Verdadeiro. O cariótipo humano é composto por 22 autossomos e dois cromosso-
mos sexuais, X e Y. As mulheres possuem 22 autossomos e dois cromossomos X,
um total de 23 cromossomos diferentes. Os homens também possuem 22 autos-
somos, mas possuem um cromossomo X e um Y, portanto um total de 24 cromos-
somos diferentes.

4-2 Verdadeiro. Todas as histonas do cerne são ricas em lisina e arginina, com ca-
deias laterais básicas – com carga positiva – que podem neutralizar a carga nega-
tiva da cadeia principal de DNA.

4-3 Falso. Usando a energia da hidrólise do ATP, os complexos de remodelagem da


cromatina podem catalisar o movimento dos nucleossomos pelo DNA ou mesmo
dissociar completamente um nucleossomo do DNA.

4-4 Verdadeiro. Humanos e camundongos divergiram a partir de um ancestral comum


por um período suficientemente longo para alterar cerca de dois a cada três nucleo-
tídeos através de mutações aleatórias. As regiões que foram conservadas são aque-
las com importância funcional, em que as mutações com efeitos deletérios seriam
eliminadas por seleção natural. As outras regiões não foram conservadas porque a
seleção natural não pode atuar na eliminação de alterações em DNA não funcional.

4-5 Verdadeiro. A duplicação de segmentos cromossômicos, contendo um ou mais


genes, permite que uma das duas cópias do gene possa divergir com o passar
do tempo, adquirindo funções diferentes, porém relacionadas. Acredita-se que
o processo de duplicação do gene e sua divergência tiveram uma importância
fundamental na evolução da complexidade biológica.

4-6 Em todas as amostras de DNA de fita dupla, o número de As e Ts (portanto, suas


porcentagens) é igual, pois eles sempre formam par entre si. O mesmo ocorre
entre Gs e Cs. Um resultado como esse foi considerado estranho em uma época
anterior à estrutura do DNA ser conhecida. Atualmente, está claro que, embora
todo DNA celular seja composto por uma fita dupla, alguns vírus contêm DNA de
fita simples. O DNA genômico do vírus M13, por exemplo, é composto por uma
fita simples. Em DNA de fita simples, o A não forma par com T, nem o C com G,
portanto a regra A=T e C=G não se aplica.

4-7 O segmento de DNA na Figura Q4-1 representa, de cima para baixo, 5-ACT-3. Os
carbonos no açúcar ribose são numerados no sentido horário em volta do anel,
sendo que inicia em C1, o carbono ao qual a base está ligada, e termina em C5,
o carbono que fica por fora do anel de ribose.

4-8 Como o C sempre forma par com G na fita dupla de DNA, suas porcentagens mola-
res devem ser iguais. Então, a porcentagem molar de G, que é igual a C, é 20%. A por-
centagem molar de A e T completam os 60% restantes. Como A e T sempre formam
par, cada um corresponde à metade do valor em porcentagem molar: 30% cada.

4-9 O cromossomo intermediário e os sítios das inversões estão indicados na Figura


R4-1.

Primeira Segunda
inversão inversão

Figura R4-1  Inversões e cromossomo


intermediário na evolução do cromos-
somo 3 em orangotangos e humanos.
Orangotango Intermediário Humano
Respostas das questões da obra Biologia molecular da célula, 6.ed.   13

4-10 Com base nas informações dadas, o DNA está compactado 27 vezes nas fibras de
30 nm em relação ao DNA estendido. O comprimento total da dupla-hélice de
DNA em 50 nm da fibra é 1.360 nm ([20 nucleossomos] × [200 pb/nucleossomo]
× [0,34 nm/pb] = 1.360 nm); 1.360 nm de dupla fita reduzidos a 50 nm de fibra de
cromatina representa uma condensação de 27 vezes ([1.360 nm/50 nm] = 27,2).
Esse nível de compactação representa 0,27% (27/10.000) da condensação total
que ocorre na mitose, ainda bem além do necessário.

4-11 O resultado biológico associado à metilação das histonas depende do sítio modi-
ficado. Cada sítio de metilação tem um contexto envolvendo o aminoácido, que
permite a ligação de complexos de leitura diferentes. É a ligação dessas diferentes
proteínas efetoras que produz os diferentes efeitos biológicos.

4-12 Um cromossomo dicêntrico é instável porque os dois cinetocoros podem inter-


ferir entre si. Normalmente, os microtúbulos dos dois polos do aparato do fuso
ligam-se às faces opostas de um único cinetocoro para separar as cromátides
individuais na mitose. Se um cromossomo contiver dois centrômeros, na metade
das vezes, os microtúbulos de um dos polos se ligarão aos dois cinetocoros asso-
ciados a uma cromátide, enquanto os microtúbulos do outro polo se ligarão aos
dois cinetocoros associados a outra cromátide. Nesse caso, a divisão pode ocor-
rer de forma satisfatória. Mas, na outra metade, os microtúbulos de cada polo se
ligarão aos cinetocoros associados às diferentes cromátides. Quando isso ocorre,
cada cromátide será puxada para os polos opostos com força suficiente para que-
brá-la. Portanto, dois centrômeros são ruins para um cromossomo, provocando
quebras – tornando-o instável.

4-13 As colônias são agregados de células originadas a partir de uma única célula fun-
dadora e crescem expandindo-se para fora à medida que as células dividem-se
repetidamente. Na colônia vermelha da Figura Q4-3, o gene Ade2 foi inativado
por estar localizado próximo ao telômero. A inativação é herdada, porém o gene
é reativado a uma frequência muito baixa. Isso origina as células brancas, cujos
descendentes também são brancos (produzindo os setores brancos), mesmo que
o gene não tenha trocado de posição. Esse padrão demonstra que a inativação
de um gene próximo ao telômero é passado às células-filhas de um modo não
completamente estável, e que os dois estados, ativo e inativo, são herdados. Um
mecanismo epigenético parece estar envolvido, com base na tendência de o esta-
do condensado da cromatina ser herdado logo após a replicação do DNA.

4-14 O bloco de genes Hox é compactado com complexas sequências de intensa re-
gulação que asseguram a expressão adequada de determinados genes Hox nos
momentos e locais corretos durante o desenvolvimento. A inserção de elementos
transponíveis nos blocos Hox é eliminada pela seleção de purificação, provavel-
mente porque estes interrompem a regulação adequada dos genes Hox. Compa-
rações das sequências de blocos Hox em camundongos, ratos e babuínos reve-
lam a alta densidade de segmentos não codificadores conservados, confirmando
a presença da alta densidade de elementos reguladores.
Referência: Lander ES, Linton L, Birren B et al. (2001) Initial sequencing and
analysis of the human genome. Nature 409, 860–921.

CAPÍTULO 5
5–1 Verdadeiro. Cada vez que o genoma é copiado antes da divisão celular, há o risco
de que erros (mutações) sejam introduzidos. A taxa de mutação em humanos é
10
estimada em 1 alteração nucleotídica a cada 10 nucleotídeos por evento de re-
9
plicação do DNA. Como existem 6,4 × 10 nucleotídeos por célula diploide, uma
média de 0,64 mutação aleatória é introduzida no genoma cada vez que este é co-
14   Respostas das questões da obra Biologia molecular da célula, 6.ed.

piado. Então, as duas células-filhas de uma mesma divisão celular normalmente


apresentam diferenças entre si e diferem também da célula-mãe que as originou.
Mesmo genomas copiados com perfeição, que produzem células idênticas, so-
frerão alterações nos ciclos de replicação subsequentes. A proporção de células
idênticas depende da taxa de mutação exata.

5-2 Verdadeiro. Se a forquilha de replicação se desloca a 500 pares de nucleotídeos


por segundo, o DNA à frente deve sofrer uma rotação com velocidade de 48 re-
voluções por segundo (500 nucleotídeos por segundo/10,5 nucleotídeos por vol-
ta da hélice) ou 2.880 revoluções por minuto. O caos que esse desenrolamento
causaria no cromossomo é evitado por uma DNA-topoisomerase que introduz
quebras temporárias bem na frente da forquilha de replicação. Essa ação limita a
rotação a um pequeno segmento de DNA de fita simples.

5-3 Verdadeiro. As duas extremidades de uma única fita de DNA parental serão co-
piadas na mesma direção. Em uma das forquilhas da bolha de replicação, ela
corresponderá à fita-líder; na forquilha do outro lado, ela corresponderá à fita
retardada.

5-4 Verdadeiro. Considere uma única fita-molde, com a extremidade 5 à esquerda


e a extremidade 3 à direita. Não interessa qual a origem, a síntese na fita da es-
querda será contínua (fita-líder) e a síntese da fita à direita será descontínua (fita
retardada). Assim, quando forquilhas de replicação oriundas de origens adjacen-
tes colidirem, uma fita que se desloca pela direita (retardada) sempre encontrará
uma fita que se desloca à esquerda (líder).

5-5 Falso. O reparo de lesões de uma única fita pelo reparo de excisão de bases ou
excisão de nucleotídeos, por exemplo, depende somente das duas cópias de in-
formação genética contida nas duas fitas da dupla-hélice de DNA. Por outro lado,
o reparo correto de lesões nas duas fitas da hélice – uma quebra de fita dupla, por
exemplo – necessita de informação de uma segunda hélice dupla, ou seja, uma
cromátide-irmã ou um homólogo.

5-6 A variação na frequência de mutantes em culturas diferentes reflete os diferentes


períodos em que as mutações surgiram. Por exemplo, culturas com apenas uma
bactéria mutante devem ter adquirido a mutação na última geração; culturas
com duas mutantes provavelmente adquiriram a mutação na penúltima geração
e produziram duas células-filhas mutantes; culturas com quatro mutações pro-
vavelmente adquiriram a mutação na antepenúltima geração e a célula mutante
se dividiu duas vezes. As culturas com um número maior de mutantes adquiri-
ram a mutação mais cedo durante o cultivo, e essas células mutantes se dividiram
várias vezes. Para entender essa variabilidade, é melhor pensar em taxa de mu-
9
tação (1 mutação por 10 pb por geração) como uma probabilidade: uma chance
–9
de 10 de produzir uma mutação cada vez que um par de nucleotídeos é copiado.
9
Dessa forma, algumas vezes uma mutação ocorrerá antes ou depois que os 10
nucleotídeos tenham sido copiados.
Análises da variação das frequências entre culturas cultivadas dessa forma
(conhecida como análise de flutuação) são um método comum para determinar
as taxas de mutação. Luria e Delbrück desenvolveram originalmente o método que
demonstra que as mutações preexistem nas populações de bactérias; isto é, elas
não surgem como resultado de métodos seletivos usados para revelar sua presença.
Referência: Luria SE & Delbrück M (1943) Mutations of bacteria from virus sen-
sitivity to virus resistance. Genetics 28, 491–511.

5-7 O reparo de pareamento incorreto normalmente corrige o erro na fita recém-


-sintetizada (fita nova) usando a informação na fita-mãe original. Caso a fita-mãe
Respostas das questões da obra Biologia molecular da célula, 6.ed.   15

fosse “corrigida” usando a fita nova contendo o erro como molde, o erro se torna-
ria uma mutação permanente no genoma, e a informação “correta” seria perdida
no processo. Portanto, se as enzimas de reparo não distinguirem as duas fitas,
teriam apenas 50% de chance de corrigir um determinado erro.
No final, um reparo assim, indiscriminado, introduziria o mesmo número
de mutações, que seriam inseridas se o sistema de reparo não existisse. Na au-
sência do reparo, o pareamento incorreto permaneceria até a próxima replica-
ção. Quando a forquilha de replicação passar por malpareamento e as fitas esti-
verem separadas, os nucleotídeos serão pareados corretamente na fita oposta ao
pareamento incorreto. Um duplex normal não mutante será produzido a partir
da fita contendo a informação original, e um duplex mutante será produzido a
partir da fita que continha o erro. Dessa forma, o evento original de pareamento
incorreto produziria uma progênie 50% mutante e 50% não mutante. Esse resul-
tado é igual ao caso do reparo indiscriminado: em média todos os eventos de
malpareamento, o reparo indiscriminado também produziria uma progênie 50%
mutante e 50% não mutante.

5-8 Apesar de parecer um desperdício, esse processo fornece uma solução harmônica
à dificuldade de correção de erro durante a formação do iniciador. Para começar
um novo iniciador em um segmento de DNA de fita simples, um nucleotídeo deve
ser colocado na posição e ligado a um segundo nucleotídeo, e este, a um terceiro
e assim por diante. Mesmo se esses primeiros nucleotídeos forem perfeitamen-
te complementares à fita-molde, um oligonucleotídeo tão curto seria ligado com
uma afinidade muito baixa e seria difícil de diferenciar as bases corretas das in-
corretas durante a correção. O objetivo da primase é “apenas fixar um segmento
que se ligue razoavelmente bem, sem se importar com a precisão”. Mais tarde, es-
sas sequências serão removidas e substituídas pela DNA-polimerase, que utiliza
iniciadores de DNA sintetizados com precisão a partir dos fragmentos de Okazaki
adjacentes. A DNA-polimerase possui a vantagem – que falta na primase – de in-
serir um novo nucleotídeo ao final de um segmento de uma fita que já existe. O
nucleotídeo recém-adicionado é mantido firmemente na posição, e a precisão
do pareamento de bases ao próximo nucleotídeo na fita-molde pode ser avaliado
corretamente. Conforme a DNA-polimerase preenche o intervalo, ela pode fazer a
correção de erros desde o início da fita que sintetiza. O que parece, à primeira vista,
um desperdício de energia é, na verdade, um preço a ser pago pela precisão.

5-9 Obviamente, as DNA-polimerases devem ser capazes de alongar um iniciador


mal pareado de vez em quando; caso contrário, não haveria malpareamento no
DNA recém-sintetizado. A maior parte dos pareamentos incorretos é removida
pela exonuclease 3’-5’ de correção de erro associada à DNA-polimerase. Quando
a exonuclease não remove o erro, a polimerase pode alongar a cadeia crescente.
De fato, a DNA-polimerase e a exonuclease de correção competem entre si. No
caso da DNA-polimerase do bacteriófago T7, existem dados que ilustram essa
competição. Normalmente, a DNA-polimerase de T7 sintetiza DNA a 300 nucleo-
tídeos por segundo, enquanto a exonuclease remove os nucleotídeos terminais
a 0,2 nucleotídeo por segundo, sugerindo que 1 a cada 1.500 (0,2/300) nucleotí-
deos corretos é removido pela exonuclease. Quando um nucleotídeo incorreto
é incorporado, a taxa de remoção aumenta 10 vezes até 2,3 nucleotídeos por se-
gundo e a taxa de polimerização diminui de 3 × 104 vezes até 0,01 nucleotídeo por
segundo. A comparação dessas taxas para um iniciador mal pareado sugere que
cerca de 1 em 200 (0,01/2,3) iniciadores mal pareados será estendido pela DNA-
-polimerase de T7.
Referência: Johnson KA (1993) Conformational coupling in DNA polymerase fi-
delity. Annu. Rev. Biochem. 62, 685–713.

5-10 Como sempre, você obtém sucesso. Embora inicialmente tenha ficado perplexo
pela variedade de estruturas, você rapidamente percebe que as formas “H” são
16   Respostas das questões da obra Biologia molecular da célula, 6.ed.

exatamente como as bolhas, exceto que a clivagem ocorre dentro da bolha em


vez de ser por fora. Após, você identifica que, ordenando as moléculas de acordo
com o aumento do tamanho da bolha (e virando algumas estruturas de ponta a
ponta), poderia apresentar um caso visualmente convincente de replicação bi-
direcional que se distancia a partir de uma única origem de replicação (Figura
R5-1). A replicação bidirecional é clara, porque uma replicação unidirecional
produziria um conjunto de bolhas com um lado em comum. A replicação a par-
tir de uma única origem é provável, mas não é certa, porque não se pode excluir
a possibilidade de haver duas origens, uma de cada lado e equidistantes do sítio
de restrição usado para linearizar o DNA. A repetição do experimento com uma
nuclease de restrição diferente resolve essa questão e define a posição exata da
origem, ou origens, no DNA viral. Seu supervisor estará satisfeito.

Figura R5-1  Replicação bidirecional a


5-11
partir de uma única origem. A. As regiões de rastros densas com grãos de prata correspondem aos segmentos
de DNA que estavam sendo replicados quando a concentração de 3H-timidina
estava alta. As regiões menos densas marcam os segmentos de DNA que estavam
sendo replicados quando a concentração de 3H-timidina estava baixa.
B. A diferença na disposição das seções claras e escuras dos rastros refletem a di-
ferença na estratégia de marcação dos dois experimentos. No primeiro experi-
mento (ver Figura Q5-2A), a 3H-timidina foi adicionada imediatamente após a
liberação do bloqueador de sincronização. Dessa forma, a replicação foi inicia-
da nas origens já com a presença de 3H-timidina, produzindo uma seção escura
contínua em ambos os lados da origem. Quando a concentração do marcador foi
reduzida, a replicação continuou em ambas direções se distanciando da origem,
criando seções mais claras nos dois lados das seções escuras. No segundo experi-
mento (ver Figura Q5-2B), a replicação foi iniciada nas origens sem a presença de
3
H-timidina, então a origem não foi marcada. A adição de uma alta concentração
de marcador seguida pela baixa concentração originou a seção escura com a se-
ção clara em uma extremidade. As seções escuras adjacentes são parte da mesma
molécula de DNA replicante; elas estão unidas por um segmento não marcado
(portanto invisível) que contém as origens de replicação.
C. A velocidade aproximada do movimento da forquilha pode ser estimada a par-
tir dos tempos de marcação e do comprimento das seções marcadas. No pri-
meiro experimento, segmentos com cerca de 100 μm de comprimento foram
marcados durante os 45 minutos de marcação. Como há duas forquilhas de re-
plicação envolvidas na síntese de cada segmento marcado, cada forquilha de
replicação sintetiza cerca de 50 μm de DNA em 45 minutos. Assim, a velocidade
de deslocamento de cada forquilha é cerca de 1,1 μm/min (50 μm/45 min). No
segundo experimento, segmentos com cerca de 50 μm de comprimento foram
marcados; porém cada um foi sintetizado por apenas uma forquilha de replica-
ção. Então, a taxa de deslocamento foi também de 1,1 μm/min.
Essa informação não é suficiente para estimar o tempo necessário para
replicar todo o genoma. A informação que falta é o número de origens de repli-
cação ativas e sua distribuição. Supondo que todas as origens sejam ativadas ao
mesmo tempo e todas as forquilhas se movam com a mesma velocidade, o tempo
mínimo necessário para replicar o genoma (independentemente do seu tama-
nho) é dado pela distância entre as duas origens mais distantes entre si.
Referência: Huberman JA & Riggs AD (1968) On the mechanism of DNA replica-
tion in mammalian chromosomes. J. Mol. Biol. 32, 327–341.

5-12 Nas células de vertebrados, muitos sítios na sequência 5-CG-3 são seletivamen-
te metilados na base citosina. A desaminação espontânea de metil C produz T.
Uma DNA-glicosilase especial reconhece esse par de base incorreto envolvendo
o T na sequência TG e o remove. Esse mecanismo de reparo de DNA não é 100%
eficiente, e os nucleotídeos com C metilado são sítios comuns de mutação no
Respostas das questões da obra Biologia molecular da célula, 6.ed.   17

DNA de vertebrados. Com o tempo, essa taxa aumentada de mutações nos dinu- 5 3
cleotídeos CG resultou na sua perda preferencial, causando, portanto, sua sub-
-representação no genoma humano. 5 3

5-13 Caso as quebras corrigidas de forma incorreta estivessem distribuídas pelo ge-
noma, seria esperado que 2% delas afetassem informações codificadoras ou re-
guladoras essenciais. Dessa forma, as funções de cerca de 40 genes (0,02 × 2.000)
seriam comprometidas em cada célula, embora os genes específicos sejam di- 5 3
ferentes em cada célula. Como nem todos os genes são expressos em todas as
células, mutações gênicas em algumas células não trariam consequências. Além
disso, como o genoma humano é diploide, o efeito das mutações na função ce-
5 3
lular dos genes expressos seria minimizado pelo outro alelo. Para a maioria dos
lócus, um alelo funcional (50% da proteína normal) é adequado para a função ce- ou

lular normal; porém, para outros lócus, 50% não são suficientes. Seria esperado, 5 3
portanto, que as mutações comprometessem as funções de algumas células.
Referência: Lieber MR, Ma Y, Pannicke U & Schwarz K (2003) Mechanism and 5 3
regulation of human non-homologous DNA end-joining. Nat. Rev. Mol. Cell Biol.
4, 712–720. Figura R5-2  Junção de Holliday dupla.
A síntese de DNA novo é indicada por linhas
onduladas em azul.
5-14 A junção de Holliday dupla resultante da invasão de fitas está ilustrada na Figura
R5-2. Duas representações são mostradas, ambas corretas. A de cima parece mais
simples porque o duplex invasor sofreu uma rotação, e a extremidade 5’ marcada
está na parte inferior. Essa disposição minimiza o número de linhas que devem
atravessar, por isso a maioria dos diagramas é mostrada dessa forma. A represen-
tação na parte de baixo está perfeitamente correta, mas aparenta ser mais compli-
cada. Observe que os dois diagramas representam exatamente a mesma estrutura
molecular. A síntese de DNA usa a extremidade 3’ do duplex invasor como um
iniciador e preenche a lacuna de fita simples pela síntese 5’-3’ como indicado.

5-15 Uma enorme porcentagem do genoma humano é formado por elementos re-
petitivos, como as sequências Alu, que estão distribuídas pelos cromossomos.
Se, por exemplo, a recombinação fosse ocorrer entre duas dessas sequências
em diferentes cromossomos, produziria uma translocação. A recombinação
irrestrita entre tais elementos repetitivos rapidamente provocaria rearranjos
no genoma que impediriam seu reconhecimento. Rearranjos diferentes em
indivíduos diferentes resultariam em um alto número de progênies inviáveis,
ameaçando a espécie.
a b c d a b c d
Essa calamidade é evitada pela ação do sistema de reparo de pareamento
incorreto. As sequências repetidas no genoma apresentam uma pequena por-
centagem de diferença entre suas sequências. Quando intermediários da recom-
binação são formados entre essas sequências, diversos pareamentos incorretos
a a
estão presentes nas regiões de heteroduplex. E, quando o sistema de reparo de b b

pareamento incorreto detecta uma frequência muito alta de malpareamento, o c d


processo de recombinação é abortado. Esse mecanismo de vigilância assegura
d c
que as sequências que sofrem a recombinação sejam praticamente idênticas,
como é esperado para sequências localizadas em um mesmo lócus em cromos-
somos homólogos.
a c b d a d

5-16 A recombinação mediada por Cre entre dois sítios LoxP com orientação oposta +
inverte a sequência entre os sítios, enquanto a recombinação entre sítios LoxP na
mesma orientação remove a sequência do genoma, liberando-a como um círculo c b

(Figura R5-3). Como o círculo não tem uma origem de replicação, ele será per-
Figura R5-3  Produtos da recombinação
dido quando a célula se dividir. A maneira mais fácil de trabalhar os produtos é mediada por Cre entre sítios LoxP com
alinhar os sítios LoxP e acompanhar a permuta entre eles. orientação oposta e repetição direta.
18   Respostas das questões da obra Biologia molecular da célula, 6.ed.

CAPÍTULO 6
6-1 Verdadeiro. Os erros na replicação do DNA têm o potencial de afetar as gera-
ções futuras de células, enquanto os erros na transcrição não levam a qualquer
consequência genética. Os erros na transcrição levam a falhas em uma pequena
fração de moléculas de RNA, cujo funcionamento ainda será monitorado por ou-
tros mecanismos de controle de qualidade. Eles não são repassados para células-
-filhas. Em contrapartida, os erros na replicação do DNA alteram o gene e, desse
modo, afetam todas as cópias de RNA (e proteína) produzidas na célula original e
em todas as células descendentes.
Essas considerações se refletem nas taxas intrínsecas de erro das RNA-po-
limerases e DNA-polimerases: RNA-polimerases normalmente cometem 1 erro a
cada 104 nucleotídeos copiados, enquanto DNA-polimerases cometem cerca de
1 erro a cada 107 nucleotídeos. Tais diferenças significativas nas taxas de erro su-
gerem que a seleção natural é mais forte contra erros na replicação do que contra
erros na transcrição.

6-2 Falso. Embora sequências de íntrons sejam majoritariamente dispensáveis, elas


devem ser removidas com precisão. Um erro de um único nucleotídeo duran-
te a remoção mudaria a fase de leitura na molécula de mRNA e produziria uma
proteína aberrante.

6-3 Falso. O pareamento oscilante ocorre entre a terceira posição no códon e a pri-
meira posição no anticódon.

6-4 Falso. O pareamento correto de bases é apenas cerca de 10 a 100 vezes mais está-
vel do que pareamentos incorretos. Assim, mecanismos adicionais, além da sim-
ples termodinâmica do pareamento de bases, devem ser utilizados para alcançar
a precisão da síntese proteica que é rotineiramente alcançada nas células. Dois
desses mecanismos são o ajuste induzido, onde o ribossomo se enovela em torno
dos pares de bases corretos, e a revisão cinética, que introduz intervalos que per-
mitem a dissociação de bases inadequadamente pareadas.

6-5 Falso. Apesar de apenas alguns tipos de reações estarem representados entre as
ribozimas nas células atuais, as ribozimas que foram selecionadas em laborató-
rio podem catalisar uma ampla variedade de reações bioquímicas, com taxas de
reação que se aproximam daquelas das proteínas. Diante desses resultados, não
está clara a razão das ribozimas serem tão pouco representadas nas células mo-
dernas. No entanto, parece lógico que a disponibilidade de 20 aminoácidos con-
tra 4 bases permita às proteínas um maior número de estratégias catalíticas em
relação às ribozimas, além de dar-lhes uma capacidade de se ligarem de forma
produtiva a uma gama mais ampla de substratos (p. ex., substratos hidrofóbicos,
com os quais as ribozimas têm dificuldade de interação).

6-6 A RNA-polimerase deve mover-se da direita para a esquerda na Figura Q6-1. Se a


RNA-polimerase não gira em torno do molde enquanto se move, ela vai induzir
uma supertorção no DNA à sua frente, provocando supertorções positivas, e vai
desenrolar o DNA na sua região posterior, provocando supertorções negativas. Se
a RNA-polimerase estiver livre para girar em torno do molde enquanto se move
ao longo do DNA, não ocorrerá pressão ou desenrolamento do DNA, e não serão
geradas supertorções.
Referência: Liu LF & Wang JC (1987) Supercoiling of the DNA template during
transcription. Proc. Natl Acad. Sci. USA 84, 7024–7027.
Respostas das questões da obra Biologia molecular da célula, 6.ed.   19

(A) (B) Figura R6-1  Rotação da fita dupla de


DNA devido ao movimento relativo da
Ímã
RNA-polimerase. (A) Sentido da rotação
da microesfera magnética. (B) Direção da
rotação da fita dupla de DNA.
Direção Microesfera
da rotação magnética

DNA

RNA
RNA-polimerase
RNA
Lâmina de vidro

6-7 A microesfera giraria no sentido horário a partir da perspectiva do ímã, como


mostrado na Figura R6-1A. Como mostrado na Figura R6-1B, o movimento da
hélice em relação a uma RNA-polimerase fixa provoca uma rotação na hélice.
Referência: Harada Y, Ohara O, Takatsuki A, Itoh H, Shimamoto N & Kinosita
K (2001) Direct observation of DNA rotation during transcription by Escherichia
coli RNA polymerase. Nature 409, 113–115.

6-8 A afirmativa C é a única que é necessariamente verdadeira para os éxons 2 e 3. Ela


é também a única verdadeira para os éxons 7 e 8. Embora as condições dadas em
A e B possam ocorrer, elas não são obrigatórias. No entanto, visto que a sequência
da proteína codificada é a mesma em segmentos de mRNA que correspondem
aos éxons 1 e 10, nenhuma escolha de éxons alternativos (2 versus 3, ou 7 versus
8) pode permitir que haja uma alteração na fase de leitura. Para manter a fase de
leitura normal – seja ela qual for –, os éxons alternativos devem ter um número
de nucleotídeos que, quando dividido por 3 (o número de nucleotídeos de um
códon), gere o mesmo resultado.
Uma vez que a sequência do gene da α-tropomiosina é conhecida, pode-
mos verificar a veracidade desta questão. Ambos os éxons 2 e 3 contêm o mes-
mo número de nucleotídeos, 126, que é divisível por 3. Os éxons 7 e 8 também
contêm o mesmo número de nucleotídeos, 76, que, quando dividido por 3, deixa
uma sobra de 1.

6-9 As únicas atribuições de códon consistentes com as mudanças observadas e com


o pressuposto de que apenas mudanças de nucleotídeo único foram envolvidas
são GUG para valina, GCG para alanina, AUG para metionina e ACG para tre-
onina. É pouco provável que você fosse capaz de isolar um mutante de valina
para treonina em um único passo, pois seriam necessárias duas alterações de
nucleotídeos. Normalmente, é esperado que duas mudanças ocorram com uma
frequência igual ao produto das frequências de cada uma das alterações indivi-
duais; consequentemente, o mutante duplo seria muito raro.

6-10 Deleções de um único nucleotídeo perto do início do gene (2) seriam mais pre-
judiciais, visto que alterariam a fase de leitura no início da sequência de codifi-
cação. Como resultado, a proteína codificada conteria uma sequência de ami-
noácidos distinta da original e provavelmente truncada. Em contrapartida, uma
mudança da fase de leitura que ocorre próximo à extremidade final da sequência
de codificação, como descrito em 1, resultará em uma proteína majoritariamente
correta, que poderá ser funcional.
Uma deleção de três nucleotídeos consecutivos, como no cenário 3, leva à
deleção de um aminoácido, caso elimine um códon completo, ou à deleção de
20   Respostas das questões da obra Biologia molecular da célula, 6.ed.

um aminoácido e a substituição de outro, caso a deleção sobreponha dois có-


dons adjacentes. É importante salientar que a deleção de três nucleotídeos não
alteraria a fase de leitura. O aminoácido eliminado (ou alterado) pode ou não
ser importante para o enovelamento ou para a atividade da proteína. Em muitos
casos, essas mutações são silenciosas; ou seja, elas apresentam consequências
insignificantes para o organismo.
A substituição de um nucleotídeo por outro, como no cenário 4, em geral é
completamente inofensiva, desde que não seja alterado o aminoácido codificado.
Em outros casos, pode ocorrer a troca de um aminoácido, e as consequências
podem ser deletérias ou benignas, dependendo da localização e da significância
funcional daquele aminoácido em particular. Muitas vezes, o tipo de alteração
mais deletério, em se tratando de alteração de um único nucleotídeo, cria um
novo códon de terminação, o que dá origem a uma proteína truncada.

6-11 Um mRNA quebrado, quando traduzido, produziria uma proteína truncada que
poderia ser prejudicial à célula. Um fragmento de proteína pode reter algumas
das funções da proteína, o que permitiria, por exemplo, ligar-se a uma proteína-
-alvo, mas prendendo-a em um complexo improdutivo. Alternativamente, um
fragmento de proteína pode exibir superfícies de ligação novas, aberrantes, que
lhes permitam ligar-se a novos parceiros, interferindo na sua função. Finalmente,
a deleção poderia remover a porção da proteína que normalmente controla a sua
atividade. Nesse caso, a proteína truncada poderia estar bloqueada em seu esta-
do ativo, com consequências desastrosas para a célula.

6-12 Em uma proteína adequadamente enovelada, a maioria dos aminoácidos hidro-


fóbicos estará sequestrada no interior, longe da água. Assim, porções hidrofóbi-
cas expostas indicam que uma proteína é, de alguma forma, anormal. Algumas
proteínas possuem um enovelamento inicial com porções hidrofóbicas expostas
que são, então, usadas para se ligarem a outras proteínas, em última instância
protegendo os aminoácidos hidrofóbicos. Como resultado, aminoácidos hidro-
fóbicos geralmente não são expostos na superfície de uma proteína, e qualquer
porção significativa deles é um bom indicador de que algo errado ocorreu. A
proteína pode não ter conseguido enovelar-se corretamente após deixar o ri-
bossomo, pode ter sofrido um acidente que a desenovelou parcialmente em um
momento posterior, ou pode não ter conseguido encontrar uma subunidade par-
ceira normal em um complexo proteico maior.

6-13 Chaperonas moleculares passam pelo processo de enovelamento como qual-


quer outra proteína. Durante a síntese nos ribossomos, essas moléculas são liga-
das a chaperonas hsp70. Além disso, moléculas enoveladas de forma incorreta
são auxiliadas por chaperonas semelhantes à hsp60. O fato de atuarem como
chaperonas quando maduras e adequadamente enoveladas em nada interfere
na forma como são tratadas antes de atingirem sua conformação funcional final.
Obviamente, chaperonas semelhantes à hsp60 e hsp70 funcionais já devem
estar presentes para ajudar a enovelar as chaperonas recém-produzidas. Na
divisão celular, cada célula-filha herda da célula parental um conjunto inicial
dessas chaperonas.

6-14 O RNA tem a capacidade de armazenar a informação genética como o DNA e a


capacidade para catalisar reações químicas, como as proteínas. Ao identificar-
mos um único tipo de molécula que apresenta ambas as características essen-
ciais para a “vida” é mais fácil entender como a vida pode ter surgido a partir de
matéria inanimada. A utilização de moléculas de RNA como catalisadores em vá-
rias reações fundamentais pelas células atuais apoia essa ideia. No entanto, ainda
não é possível delimitar um caminho plausível que leve da sopa “primordial” até
um mundo de RNA. Visto que moléculas de RNA são altamente suscetíveis a que-
bras de cadeia (ver adiante), muitos têm especulado que pode ter existido uma
Respostas das questões da obra Biologia molecular da célula, 6.ed.   21

molécula precursora “semelhante ao RNA” – essa molécula teria as propriedades C-U


catalíticas e de armazenamento de informações, mas teria sido mais estável. 5’ -G-C-A C-C-G
U
O açúcar desoxirribose do DNA torna a molécula muito menos suscetível à 3’ -C-G-U G-G-C
A-C
ruptura. O grupo hidroxila no carbono 2 do açúcar ribose é um agente para a catáli-
se da ligação fosfodiéster 3-5 adjacente que une os nucleotídeos no RNA. Sua au-
sência no DNA elimina esse mecanismo de quebra de cadeia. Além disso, a estrutu-
ra de dupla-hélice do DNA fornece duas cadeias complementares, permitindo que
danos em um dos filamentos sejam reparados com precisão utilizando a sequência 5’-GCACUCCGUCGGCAUGC- 3’
3’-CGUGAGGCAGCCGUACG- 5’
da segunda fita como referência. Finalmente, a utilização de T no DNA em vez de
U, como no RNA, protege contra os efeitos da desaminação – uma forma comum
de dano. A desaminação de T produz uma base aberrante (metil C), ao passo que
a desaminação de U gera C, uma base normal. O trabalho da célula em reconhecer G
bases danificadas é facilitado quando o dano produz uma base anormal. 5’ -G-C-A-U C-C-G
A
3’ -C-G-U-G G-G-C
A
6-15 O complemento desse RNA em grampo também pode formar um grampo simi-
lar, como mostrado na Figura R6-2. As duas estruturas seriam idênticas em rela- Figura R6-2  Grampos formados por
uma fita de RNA e pelo segmento com-
ção às regiões de cadeia dupla que envolvem pares G-C e A-U padrão. Elas seriam plementar da cadeia. Um RNA (preto) e
diferentes nas sequências das regiões de fita simples. Como pares de bases G-U sua fita complementar (azul) são mostra-
podem se formar no RNA, o que não ocorre para pares de bases C-A, poderíamos dos sob a forma de RNA de fita dupla no
prever a existência de um par de bases adicional no grampo, como ilustrado. centro. As estruturas formadas pelo parea-
mento de cada fita são mostradas acima e
abaixo do duplex. O pareamento de bases
6-16 A molécula de RNA não será capaz de catalisar sua própria replicação. Como mo- não convencional G-U no grampo inferior
lécula individual com um único sítio catalítico, não poderá atuar simultaneamente está realçado pela linha tracejada.
como molde e catalisador. (Para visualizar a dificuldade inerente à situação, tente
imaginar como o sítio ativo da molécula de RNA poderia copiar a si mesmo.) Se
uma segunda molécula, seja ela molde ou catalisador, for gerada, a replicação po-
derá ter início.
Referência: Bartel DP & Szostak JW (1993) Isolation of new ribozymes from a
large pool of random sequences. Science 261, 1411–1418.

CAPÍTULO 7
7-1 Verdadeiro. Tanto o motivo hélice-alça-hélice quanto o motivo zíper de leucina
são motivos estruturais que possibilitam que reguladores transcricionais dimeri-
zem, de modo que cada membro do par pode posicionar uma α-hélice no sulco
maior do DNA.

7-2 Falso. Mesmo células especializadas devem responder constantemente a mu-


danças no seu ambiente, o que elas fazem, em muitos casos, alterando o padrão
de transcrição dos genes.

7-3 Verdadeiro. Em regiões não metiladas do genoma, a desaminação espontânea de C


(um evento muito comum) dá origem a uma nova base no DNA, uracila, que pode
ser precisamente reconhecida e reparada. Em contraste, desaminação de 5-metil
C dá origem a T, uma base normal de DNA, que é mais difícil para a maquinaria de
reparo celular de ser reconhecida como incorreta. Como consequência, dinucleo-
tídeos CG metilados na linhagem germinativa tenderam a ser perdidos durante a
evolução, deixando as ilhas de CG encontradas nos genomas modernos.

7-4 Verdadeiro. Existem vários mecanismos epigenéticos de herança que possibi-


litam às células reter uma memória dos padrões de expressão gênica das suas
células parentais, incluindo reguladores transcricionais que ativam sua própria
transcrição, metilação de DNA e estrutura da cromatina, entre outros.

7-5 Cada fosfato adicionado altera a carga em uma unidade, mas tem relativamente
pouco efeito na massa molecular. Como consequência, proteínas que diferem
22   Respostas das questões da obra Biologia molecular da célula, 6.ed.

Figura R7-1  Manchas (spots) de

Maior
proteínas em um gel bidimensional
que podem diferir pelo número de
fosfatos associados. Uns poucos conjun-
tos de manchas horizontais que poderiam
estar relacionadas por fosforilação estão
indicados. (Imagem original cortesia de
Tim Myers e Leigh Anderson, Large Scale
Biology Corporation).

Menor
Ácido Básico

somente no número de fosfatos associados aparecerão como se tivessem o mes-


mo tamanho, mas terão diferentes pontos isoelétricos, formando um conjunto de
manchas horizontais, como mostrado para algumas poucas proteínas na Figura
R7-1. É importante considerar que um arranjo horizontal de manchas não prova
que as proteínas sejam relacionadas por fosforilação; elas poderiam ser proteínas
diferentes com a mesma massa molecular e pontos isoelétricos ligeiramente di-
ferentes, ou poderiam representar a mesma proteína com um tipo diferente de
modificação que afete a carga da proteína. O tratamento das proteínas com uma
proteína-fosfatase antes da separação por eletroforese em gel poderia ser usado
para resolver esse problema.

7-6 Ainda que seja verdade que as células cancerosas se diferenciam das suas pre-
cursoras normais, elas normalmente diferem na sua expressão em relativamen-
te poucos genes (oncogenes e genes supressores de tumor). Quando os padrões
globais de mRNAs em células cancerosas são comparados aos padrões de mR-
NAs em tecidos normais, eles se correspondem para a vasta maioria dos mRNAs.
Essa assinatura de RNA possibilita que um tumor seja definitivamente assinalado
a um tipo de tecido em particular.

7-7 Os dois componentes básicos de comutadores genéticos são as sequências de DNA


regulador cis-atuantes e os reguladores transcricionais que se ligam a elas.

7-8 Sob condições especificadas (concentrações equivalentes de DNA e regulador


transcricional), uma proteína iria ocupar seu sítio de reconhecimento igualmen-
te bem no núcleo eucariótico e em uma bactéria. Uma maneira não matemática
Proteína
ativadora
de pensar sobre isso seria imaginar um pequeno volume do núcleo eucariótico,
igual em tamanho a aquele da bactéria e contendo o sítio de ligação. Esse pe-
queno volume no núcleo eucariótico é diretamente comparável ao interior da
bactéria. Nesses volumes equivalentes, a capacidade do regulador transcricional
de encontrar seu sítio de ligação é equivalente. Desde que as concentrações do
DNA e do regulador transcricional sejam as mesmas, o volume total não exerce
RNA-polimerase influência alguma. Isso significa, obviamente, que o número total de moléculas
do regulador transcricional é 500 vezes superior em um único núcleo do que em
uma única bactéria.

Proteína de curvatura Referência: Ptashne M (1986) A Genetic Switch: Gene Control and Phage λ, p.
de DNA 114. Oxford, UK: Blackwell Scientific Press.

7-9 Proteínas que promovem curvatura podem ajudar a aproximar regiões dis-
tantes do DNA que raramente entram em contato em uma situação normal
(Figura R7-2). A atividade de tais proteínas resulta em um aumento da concen-
Figura R7-2  Função de uma proteína de
tração local de reguladores transcricionais na vizinhança da RNA-polimerase. As
curvatura em aproximar reguladores trans- proteínas de curvatura são encontradas em procariotos e em eucariotos e estão
cricionais distantes. envolvidas em muitos exemplos de regulação transcricional.
Respostas das questões da obra Biologia molecular da célula, 6.ed.   23

7-10 Em um certo sentido, o DNA atua como uma corrente, mantendo as proteínas
próximas umas às outras, de modo que interações inerentemente fracas entre
elas possam prontamente ocorrer.

7-11 A indução de um ativador transcricional que estimula sua própria síntese cria
uma alça de retroalimentação positiva que pode, dependendo da estabilidade
da proteína A, da sua afinidade pela sua sequência reguladora cis-atuante e de
outros parâmetros, levar à memória celular. A síntese autoestimulada continuada
do ativador A pode, em princípio, perdurar por muitas gerações celulares, servin-
do como um constante lembrete de um evento no passado distante. Em contras-
te, a indução de um repressor transcricional que inibe sua própria síntese cria
uma alça de retroalimentação negativa que garante uma resposta transitória a
um estímulo passageiro. Como o repressor R desliga sua própria síntese, a célula
irá rapidamente retornar ao estado existente antes do sinal transitório.

7-12 Os indivíduos afetados possuem um gene deletado e um gene inativo devido ao


imprinting. Os indivíduos que portam a deleção irão produzir uma prole afetada
somente se eles cruzarem com indivíduos cujo sexo corresponda a aquele em
que o imprinting ocorre. Portanto, fêmeas que carregam a deleção estão sob risco
de ter uma prole afetada somente se o gene sofrer imprinting paterno. Similar-
mente, machos que carregam a deleção estão sob o risco de ter uma prole afeta-
da somente se o gene sofrer imprinting materno. No heredograma mostrado na
Figura Q7-3A, somente as fêmeas que carregam a deleção têm filhos afetados.
Portanto, o heredograma A deve envolver imprinting paterno. Similarmente, no
heredograma B, somente os machos que carregam a deleção têm filhos afetados;
portanto, esse heredograma deve envolver imprinting materno.
Referência: Hartwell LH, Hood L, Goldberg ML, Reynolds AE, Silver LM & Veres
RC (2000) Genetics: From Genes to Genomes, pp. 408–410. Boston: McGraw-Hill
Companies.

7-13 A hipótese mais razoável é a de que o gene da b-galactosidase defeituoso esteja


sendo transcrito e processado em piRNAs. Agrupamentos de piRNAs são transcri-
tos em um único grande RNA a partir do qual muitos piRNAs individuais são pro-
cessados por clivagem e “poda”. De acordo com essa hipótese, algumas sequências
de b-galactosidase, que seriam transcritas juntamente com os piRNAs, são proces-
sadas do mesmo modo que piRNAs normais. Os piRNAs da β-galactosidase iriam,
então, silenciar a expressão do gene da b-galactosidase normal do mesmo modo
que piRNAs silenciam a expressão de genes de elementos transponíveis. Se essa
hipótese estiver correta, então você deveria ser capaz de encontrar sequências de
b-galactosidase na população de piRNAs. Isso é o que de fato se observa.
Referência: Ronsseray S, Josse T, Boivin A, Anxolabéhère D (2003) Telomeric
transgenes and trans-silencing in Drosophila. Genetica 117, 327–335.

CAPÍTULO 8
8-1 Falso. Um anticorpo monoclonal reconhece um sítio antigênico específico, mas
isso não significa que ele se ligará apenas a uma proteína específica. Existem dois
fatores complicadores. Em primeiro lugar, os sítios antigênicos que são similares,
mas não idênticos, podem ligar o anticorpo com afinidades diferentes. Se mui-
to anticorpo for utilizado em um experimento, o anticorpo pode se ligar a uma
proteína com alta afinidade e a outras com baixa afinidade. Em segundo lugar,
não é incomum que diferentes proteínas tenham o mesmo sítio antigênico; ou
seja, o mesmo conjunto de cinco ou seis cadeias laterais de aminoácidos na sua
superfície. Isso é especialmente verdadeiro para membros de famílias proteicas,
24   Respostas das questões da obra Biologia molecular da célula, 6.ed.

que possuem sequências de aminoácidos similares e muitas vezes são idênticas


nas regiões funcionais conservadas.

23
8-2 Falso. Existem 6 × 10 moléculas por mol; portanto, apenas 0,6 molécula em um
yoctomole. O limite de detecção é uma molécula, ou 1,7 yoctomole. Nenhum ins-
trumento pode detectar menos do que 1 molécula (ela está, ou não, presente no
instrumento).
Referência: Castagnola M (1998) Sensitive to the yoctomole limit. Trends Biochem.
Sci. 23, 283.

8-3 Verdadeiro. Se cada ciclo duplica a quantidade de DNA, então 10 ciclos equivalem
10 20 6
a 2 amplificações (que são 1.024), 20 ciclos a 2 (que são 1,05 × 10 ) e 30 ciclos a
30 9 10 3
2 (que são 1,07 × 10 ). (É bom relembrar que 2 é praticamente 10 ou 1.000. Essa
simples relação nos permite estimar a resposta a este problema rapidamente sem
recorrer à calculadora. Se torna útil em uma variedade de contextos.)

8–4 Verdadeiro. Sem os detalhes quantitativos, seria impossível saber se as intera-


ções iriam ocorrer nas células em geral, e, se ocorrerem, saber se é uma interação
estável com uma meia-vida longa ou uma interação dinâmica com uma rápida
ligação e dissociação.

8–5 Verdadeiro. É uma premissa fundamental na análise das reações bioquímicas. Se


aplica da mesma forma a complexos moleculares (como A:B, que se forma quan-
do as proteínas A e B se ligam uma a outra, e desaparece quando A:B dissociam)
e reações metabólicas (p. ex., quando o metabólito B se forma por modificação
química do metabólito A, e desaparece quando é convertido no metabólito C).

8–6 Falso. Uma proteína com uma taxa rápida de degradação alcançará sua con-
centração do novo estado estacionário mais rapidamente. A taxa para chegar ao
novo estado estacionário é inversamente relacionada à meia-vida da proteína.

8–7 As células em um tecido estão unidas umas às outras por ligações mediadas por
proteínas e a uma matriz extracelular contendo colágeno. O tratamento com
tripsina, colagenase e EDTA rompe essas ligações. A tripsina é uma protease que
cliva a maioria das proteínas, mas geralmente apenas aquelas porções de uma
proteína nativa que não estão estruturadas. A estrutura em tripla-hélice do colá-
geno, por exemplo, é um substrato pobre para tripsina. A colagenase, que é uma
protease específica para o colágeno, digere o principal componente da matriz
21
extracelular. O EDTA quela Ca que é necessário para as proteínas da superfície
21
celular, conhecidas como caderinas, ligarem-se. A remoção do Ca previne esta
ligação e assim diminui a afinidade das ligações entre as células.
O tratamento não mata as células, pois os danos ocorrem nos componentes
extracelulares que as células podem restabelecer. Enquanto a membrana plas-
mática não for rompida, as células sobrevivem.

8-8 A velocidade de sedimentação depende do tamanho e da forma da proteína. A


hemoglobina quase esférica sedimentará mais rápido do que a forma mais alon-
gada da tropomiosina, mesmo que a tropomiosina seja a proteína maior. A forma
tem importância, pois as moléculas que passam por uma solução por força cen-
trífuga experimentam o equivalente a de resistência à fricção. Uma proteína esfé-
rica, com sua menor proporção entre superfície e volume, experimentará menos
resistência do que uma com forma bastão e, portanto, sedimentará mais rápido.
Você pode demonstrar essa diferença usando duas folhas de papel. Amasse uma
na forma de uma esfera e enrole a outra como um tubo. Deixe-as cair. A folha
amassada atingirá mais rapidamente o chão do que a enrolada. Nessa demons-
Respostas das questões da obra Biologia molecular da célula, 6.ed.   25

tração, a força centrífuga é substituída pela gravidade, e a resistência na solução é


substituída pela resistência do ar. Os princípios fundamentais são os mesmos.

8–9 Embora tenha valor inestimável, a tecnologia do hibridoma é bastante trabalho-


sa e demorada requerendo alguns meses para isolar uma linhagem celular de
hibridoma que produz um anticorpo monoclonal de interesse. Além disso, não
existe garantia de que a linhagem celular produzirá um anticorpo monoclonal
com as propriedades específicas que você está procurando. É muito mais simples
– apenas alguns dias de trabalho – adicionar um epítopo-alvo na proteína, usan-
do tecnologia de DNA recombinante, e utilizar um anticorpo comercialmente
disponível bem testado contra esse epítopo. A possibilidade do epítopo alterar a
função da proteína é uma questão crucial, mas você pode adicioná-lo facilmen-
te à extremidade N ou C-terminal da proteína e testar seu efeito sobre a função
proteica. Na maioria dos casos, um marcador em uma ou outra extremidade da
molécula será compatível com sua função.

5
8-10 Você precisaria 10 cópias de uma proteína de 120 kD em uma célula de mamífero
(e 100 cópias em uma célula bacteriana) para poder detectá-la em um gel. O
cálculo tem duas partes: quantos equivalentes a células podem ser aplicados
em um gel e quantas cópias de uma proteína podem ser detectadas na banda.
Como mostrado abaixo para células de mamíferos, 100 µg correspondem a 5 ×
5 8
10 células de mamíferos e 5 × 10 células bacterianas.

Existem 5 × 1010 proteínas de 120 kDa em uma banda de 10 ng.

Portanto, se você pode detectar 5 × 1010 proteínas em uma banda e pode aplicar o
5 5
equivalente a 5 × 10 células de mamíferos por gel, então deve haver 10 cópias da
10 5
proteína por célula (5 × 10 /5 × 10 ) para que ela seja detectada como uma banda
em um gel corado com prata. Para uma célula bacteriana, deve haver 100 cópias
10 8
da proteína por célula (5 × 10 /5 × 10 ).

8-11 Uma diferença na m/z de 80 corresponde a um fosfato. A adição de um fosfato à


hidroxila de uma serina, treonina ou tirosina acrescentaria 3 átomos de O (48),
1 átomo de P (31) e 2 átomos de H, no lugar de um átomo de H do grupamento
hidroxila para uma adição de 80. Sob condições utilizadas na análise por espec-
trometria de massa, não existe carga no fosfato.

8-12 Os iniciadores corretos são o 1 (5-GACCTGTGGAAGC) e o 8 (5-TCAATCCCGTATG).


O primeiro hibridizará com a fita inferior e realizará a síntese para a direita. O segun-
do hibridizará com a fita superior e realizará a síntese para a esquerda. (Lembre-se
que fitas complementares no DNA são antiparalelas).
Os dois iniciadores do meio de cada lista (2, 3, 6 e 7) não hibridizariam com
nenhuma fita. O par restante (4 e 5) hibridizaria, mas realizariam a síntese para
direção incorreta, ou seja, para fora, para longe do segmento central de DNA. Es-
colhas incorretas como estas foram feitas uma ou outra vez na maioria dos labo-
ratórios que utilizam PCR. A confusão geralmente surge porque as convenções
para escrever as sequências de nucleotídeos foram ignoradas. Por convenção, as
sequências nucleotídicas são escritas da extremidade 5 para 3, com a extremi-
dade 5 à esquerda. Para DNA de fita dupla, a extremidade 5 da fita superior fica
à esquerda.
26   Respostas das questões da obra Biologia molecular da célula, 6.ed.

Figura R8-1  Os produtos de PCR gera-


PRIMEIRO CICLO DE PCR
dos durante os três primeiros ciclos. O
DNA que foi sintetizado durante um ciclo 5
está mostrado nas linhas laranjas. As posi-
ções dos iniciadores nos produtos novos e
velhos estão mostradas como setas azuis. 3
Os primeiros produtos de tamanho correto
estão marcados no ciclo 3. SEGUNDO CICLO

5

3

TERCEIRO CICLO

5

3

8-13 Na amplificação por PCR, um fragmento de fita dupla do tamanho correto é gera-
do no terceiro ciclo (Figura R8-1).

8-14 Uma mutação de ganho de função aumenta a atividade do produto proteico do


gene, tornando-o ativo em circunstâncias inapropriadas ou originando uma
nova atividade. A mudança na atividade muitas vezes tem uma consequência
fenotípica mesmo quando a proteína normal estiver presente. Por isso tais mu-
tações normalmente são dominantes. Uma mutação dominante negativa dá ori-
gem a um produto gênico mutante que interfere com a função do produto gênico
normal, causando um fenótipo de perda de função mesmo na presença de uma
cópia normal do gene. Essa habilidade de um único alelo defeituoso determinar
o fenótipo é a razão pela qual tal alelo é dito dominante.

8-15 Essa sentença é verdadeira. O diabetes é uma das doenças mais antigas descritas
em humanos, datando no mínimo do tempo da Grécia Antiga. O próprio termo
“diabetes” vem da palavra grega para “sifão”, que era usada para descrever um
dos principais sintomas – produção aumentada de urina: “A doença foi chamada
diabetes por parecer um sifão, uma vez que converte o corpo humano em um
cano para o fluxo dos humores líquidos.” Se não existisse a doença humana, o
papel da insulina não nos chamaria atenção tão cedo, como aconteceu. Não é
exagero salientar a importância das doenças em concentrar nossos esforços na
compreensão molecular. Mesmo hoje, a missão para entender e aliviar a doença
humana é o principal estímulo na pesquisa biomédica.
Respostas das questões da obra Biologia molecular da célula, 6.ed.   27

8-16 Esses resultados são o esperado caso o mRNA sofra splicing alternativo. O núme-
ro de leituras para o éxon 4 versus o restante do mRNA sugere que cerca da meta-
de do mRNA foi processada para incluir os cinco éxons, enquanto o restante foi
processado para omitir o éxon 4. Assim, o mRNA produzido a partir desse gene
inclui duas espécies relativamente abundantes.

8-17 Dos motivos de rede na Figura Q8-5, A, B e C são ciclos de retroalimentação po-
sitiva, enquanto o motivo em D é um ciclo de retroalimentação negativa. Você
pode analisar esses motivos etapa por etapa. Para o motivo A, quando a expres-
são do gene X é ativada, o repressor X inativa o gene Y, que elimina a expressão
do repressor Y, ativando, assim, o gene Z, que ativa a expressão do ativador Z,
que estimula a expressão do gene X, completando o ciclo de retroalimentação
positiva. Para o motivo B, quando a expressão do gene X está ativada, o repressor
X inativa o gene Y, que elimina a expressão do ativador Y, inativando, dessa for-
ma, o gene Z, que elimina a expressão do repressor Z, que estimula a expressão
do gene X, completando o ciclo de retroalimentação positiva. Os outros motivos
podem ser analisados da mesma forma.
Ao completar essa análise, um padrão deve ser reconhecido. Nos motivos
de rede, dois negativos originam um positivo, mas um número ímpar de negati-
vos ainda origina um negativo. Ao aplicar essa regra simples, vemos que os moti-
vos A, B e C contêm duas etapas inibitórias; assim, eles são ciclos de retroalimen-
tação positiva. O motivo D contém uma única etapa negativa; assim, é um ciclo
de retroalimentação negativa.

8-18 Se o sistema perturbado estivesse exatamente no limite entre as duas regiões de


atração – os dois estados estacionários –, seu equilíbrio seria facilmente pertur-
bado. Uma flutuação aleatória mínima direcionaria o sistema para um ou outro
dos dois estados estacionários.

8-19
A. Comparação dos níveis de repressão com cada operador individual (Figura Q8-7,
construções 4, 6 e 7) mostra que apenas O1 dá origem a um nível significativo de
repressão. O2 e O3 produzem o mesmo nível de expressão (sem repressão) como
uma construção sem operadores (construção 8).
B. Enquanto as combinações dos operadores contiverem O1, o operador dimérico
causa repressão significativa; entretanto a repressão está apenas levemente aumen-
tada (menos que 2 vezes) em relação à construção 4, que contém apenas o ope-
rador O1. Assim, com um repressor dimérico, a atividade de O1 não é aumentada
substancialmente pela presença de O2 ou O3. Em contraste, operadores adicionais
aumentam bastante a repressão pelo repressor tetramérico em 10 vezes (construção
3 vs. construção 4) para 50 vezes (construção 1 vs. construção 4). Esses resultados
sugerem que a presença de múltiplos sítios de ligação permite que o repressor te-
tramérico, mas não o repressor dimérico, ligue-se a dois sítios ao mesmo tempo,
criando uma alça no DNA. Essa alça pode ser um meio mais eficiente para excluir a
RNA polimerase do promotor, aumentando, assim, a repressão.
C. A capacidade do repressor tetramérico de se ligar a O3 quando está na presença
de O1 é um exemplo de ligação cooperativa. A ligação forte do repressor a O1 au-
menta a concentração local na vizinhança de O3, o que aumenta a eficiência com
a qual o repressor pode se ligar a O3.
Referência: Oehler S & Müller-Hill B (2010) High local concentration: a funda-
mental strategy of life. J. Mol. Biol. 395, 242–253.

CAPÍTULO 9
9-1 Falso. Embora não seja possível ver o DNA por microscopia óptica na ausência
de um corante, os cromossomos são claramente visíveis por microscopia de con-
traste de fase ou por contraste de interferência diferencial de Nomarski quando
28   Respostas das questões da obra Biologia molecular da célula, 6.ed.

eles se condensam durante a mitose. Os cromossomos humanos condensados


têm mais de 1 µm de largura, bem acima do limite de resolução de 0,2 µm.

9-2 Verdadeiro. Comprimentos de onda mais longos correspondem a energias mais


baixas. Como parte da energia é perdida durante a absorção e reemissão, o fóton
emitido é sempre de baixa energia (comprimento de onda mais longo) do que o
fóton absorvido.

9-3 Na lente seca, a porção da luz que ilumina é refletida internamente na interface
entre a lâmina de cobertura e o ar. Em contraste, na lente de imersão no óleo, não
existe interface pois o vidro e o óleo de imersão têm o mesmo índice de refração;
ainda, nenhuma luz é perdida na reflexão interna. Em essência, a lente de imer-
são no óleo aumenta a largura do cone de luz que alcança a objetiva, o que é uma
limitação-chave na resolução.

9-4 A principal refração no olho humano ocorre na interface entre o ar (índice de re-
fração 1,00) e a córnea (índice de refração 1,38). Por causa das pequenas diferen-
ças no índice de refração entre a córnea e a lente e entre a lente e o humor vítreo,
a lente serve como um ajuste fino para o foco no olho humano.

9-5 Os humanos enxergam pouco embaixo da água porque o índice de refração da água
(1,33) é muito próximo ao da córnea (1,38), eliminando, assim, a principal força re-
fratária da córnea. Óculos melhoram a visão embaixo da água, pois colocam ar em
frente à córnea, restaurando a diferença normal nos índices refratários nessa inter-
face. A imagem ainda é distorcida pelas mudanças no índice de difração nas interfa-
ces água-vidro e vidro-ar dos óculos, mas a distorção é pequena o bastante para que
a imagem ainda possa ser focada na retina, permitindo-nos ver corretamente.

9-6 Resolução se refere à habilidade de ver dois objetos pequenos como entidades
separadas, que é limitada pelo comprimento de onda da luz utilizada para ver os
objetos. Magnificação se refere ao tamanho da imagem em relação ao tamanho
do objeto. É possível magnificar uma imagem para um tamanho maior arbitrário.
É importante lembrar que a magnificação não altera o limite da resolução.

9-7 Anticorpos marcados fluorescentemente e anticorpos marcados com enzimas pos-


suem a vantagem de amplificar o sinal inicial fornecido pela ligação do anticorpo
primário. Para os anticorpos secundários marcados fluorescentemente, a amplifica-
ção normalmente é de algumas vezes; para os anticorpos ligados a enzimas, a am-
plificação pode ser de mais de mil vezes. Embora a amplificação extensiva torne os
métodos ligados a enzimas muito sensíveis, a difusão do produto da reação (muitas
vezes um precipitado colorido) para longe da enzima limita a resolução espacial.

9-8 Os comprimentos de onda nos quais o cromóforo é excitado e nos quais ele emite
luz fluorescente depende bastante do seu ambiente molecular. Utilizando uma
variedade de procedimentos de mutagênese e seletivos, os investigadores ge-
raram proteínas fluorescentes mutantes que fluorescem na faixa visível. Essas
proteínas fluorescentes modificadas possuem uma variedade de aminoácidos
diferentes em torno do cromóforo, que sutilmente influenciam sua capacidade
de interagir com a luz.
Referência: Service RF (2004) Immune cells speed the evolution of novel pro-
teins. Science 306, 1457.

9-9 O aumento na FRET depende da fosforilação da proteína, uma vez que nenhum
aumento ocorre na ausência da proteína Abl ou ATP, ou quando o fosfato é re-
movido por uma tirosina-fosfatase (ver Figura Q9-4B). Assim, a fosforilação deve
fazer CFP e YFP se aproximarem. Uma possível explicação é que a adição de um
Respostas das questões da obra Biologia molecular da célula, 6.ed.   29

(A) NÃO FOSFORILADA (B) FOSFORILADA Figura R9-1  Alteração conformacional


na proteína-repórter FRET após fosfori-
434 nm
lação da tirosina.
476 nm 434 nm
CF

ET
P

FR
Cinase + ATP
CF
P
Peptídeo
substrato Fosfatase
YF
P
526 nm
YFP
P
Proteína de ligação
à fosfotirosina

fosfato à tirosina no substrato permite que o segmento da proteína altere sua


conformação para se ligar ao domínio adjacente de ligação da fosfotirosina, di-
minuindo a separação dos domínios CFP e YFP (Figura R9-1).

CAPÍTULO 10
10-1 Verdadeiro. O interior hidrofóbico da bicamada lipídica atua como uma barreira
contra a passagem dos grupos das cabeças lipídicas hidrofílicas que devem ocor-
rer durante o flip-flop. O custo energético desse movimento efetivamente impede
o flip-flop dos lipídeos e raramente ocorre na ausência de catalisadores específi-
cos, conhecidos como translocadores fosfolipídicos.

10-2 Falso. O carboidrato na membrana interna é direcionado para longe do citosol


em direção ao lúmen de um compartimento ligado à membrana interna. Lem-
bre-se que o lúmen de um compartimento interno é topologicamente equivalen-
te ao lado externo da célula.

10-3 Falso. Além das balsas lipídicas, que são microdomínios com composição lipí-
dica distinta, as superfícies apicais e basolateral das células epiteliais, que são
separadas por meio das junções compactas intercelulares, também possuem
composição lipídica distinta.

10-4 As mesmas forças que ditam que determinados lipídeos irão formar bicamadas,
em vez de micelas, atuam no reparo do desgaste da bicamada. O desgaste irá re-
generar de forma espontânea, porque a bicamada possui uma organização mais
favorável energeticamente. Os lipídeos que formam a bicamada têm forma ci-
líndrica e, portanto, não formam micelas (ou uma hemimicela) facilmente, que
requerem lipídeos em forma de cone.

10-5 O óleo vegetal é convertido em margarina por meio da redução das ligações
duplas (pela hidrogenação), que converte os ácidos graxos insaturados em sa-
turados. Essa alteração permite que as cadeias de ácidos graxos nas moléculas
lipídicas se arranjem mais compactamente uma contra a outra, aumentando a
viscosidade, transformando o óleo em margarina.

10-6 Uma balsa de 70 nm de diâmetro terá uma área de 3,8 × 103 nm2 (3,14 × 352), e uma
molécula lipídica de 0,5 nm de diâmetro terá uma área de 0,20 nm2 (3,14 × 0,252).
Portanto, haverá cerca de 19 mil moléculas lipídicas por monocamada de balsa
(3,8 × 103/0,20 = 19.000) e cerca de 38 mil moléculas na bicamada da balsa. A uma
taxa de 50 lipídeos por proteína, a balsa acomodaria cerca de 760 moléculas de pro-
teína. A verdadeira proporção de lipídeo e proteína em uma balsa não é conhecida.

10-7
A. A sequência A é o segmento de a-hélice que atravessa a membrana da glicopori-
na, uma proteína transmembrana dos eritrócitos. Ela é composta, predominan-
30   Respostas das questões da obra Biologia molecular da célula, 6.ed.

temente, por aminoácidos hidrofóbicos, embora não contenha os aminoácidos


polares não carregados treonina (T) e serina (S), os quais não são comuns em
a-hélices que atravessam a membrana.
Não é provável que a sequência B seja um segmento que atravesse a mem-
brana porque contém três prolinas (P), as quais perturbariam uma α-hélice e,
portanto, exporiam os grupos polares ao ambiente hidrofílico da bicamada li-
pídica.
A sequência C também não deve ser um segmento transmembrana porque
contém três aminoácidos carregados, o ácido glutâmico (E), a arginina (R) e o
ácido aspártico (D), cuja presença na bicamada lipídica hidrofóbica seria ener-
geticamente desfavorável.

10-8 A sugestão de seu amigo é baseada em uma importante diferença entre o avesso
e o direito (externo) das vesículas. Vesículas com contaminação no lado externo
terão um carboidrato exposto e, portanto, devem ser retidas na coluna de afini-
dade com lectina. Por outro lado, as vesículas do avesso não terão carboidratos
expostos e deverão passar pela coluna.

10-9 Os domínios transmembrana que são compostos somente por cadeias laterais de
aminoácidos hidrofóbicos obviamente não podem interagir por meio de ligações
de hidrogênio ou atrações eletrostáticas, as duas maneiras mais importantes de
ligar proteína de modo não covalente. Mesmo assim, elas podem interagir espe-
cificamente por meio de atrações de van der Waals. Se suas superfícies são com-
plementares, elas podem se encaixar suficientemente bem para fazer inúmeros
contatos de van der Waals, que podem mantê-las unidas. Entretanto, deve-se ob-
servar que o segmento transmembrana da glicoporina contém poucos aminoá-
cidos polares que podem participar no processo de dimerização.

10-10 As proteínas citosólicas que se ligam à membrana podem induzir protrusões


na membrana de várias maneiras. Por exemplo, uma proteína que se liga a
uma superfície côncava da membrana, em vez de uma superfície convexa,
apresentada na Figura Q10-2B, iriam flexionar a membrana induzindo a pro-
trusão. Alternativamente, uma proteína que liga fosfolipídeos com grupos de
cabeças pequenas na camada citosólica da membrana, em vez de grupos de
cabeças grandes como apresentado na Figura Q10-2C, ou que removem os
grupos de cabeças dos fosfolipídeos, induzirão uma curvatura côncava na
membrana, originando a protrusão. Quanto ao terceiro método de curvatu-
ra da membrana apresentado na Figura Q10-2A – inserindo um segmento
de proteína na camada citosólica –, é difícil visualizar como esse mecanismo
pode ser usado para induzir uma protrusão.
Referência: Prinz WA & Hinshaw JE (2009) Membrane-bending proteins. Crit.
Ver. Biochem. Mol. Biol. 44:278-291.

CAPÍTULO 11
11-1 Verdadeiro. Os transportadores ligam moléculas específicas e sofrem uma série
de mudanças conformacionais para mover a molécula ligada através de uma
membrana. Eles podem transportar passivamente a favor do gradiente eletroquí-
mico ou podem associar as mudanças conformacionais a uma fonte de energia
metabólica, como a hidrólise de ATP, para realizar o transporte ativo. Por outro
lado, canais formam poros aquosos que podem ser abertos ou fechados, mas
sempre transportam a favor do gradiente, ou seja, passivamente. Canais intera-
gem muito mais fracamente com o soluto a ser transportado, e eles não sofrem
mudanças conformacionais para realizar o transporte. Como consequência, o
transporte através de canais não pode ser associado a uma fonte de energia e é
sempre passivo.
Respostas das questões da obra Biologia molecular da célula, 6.ed.   31

11-2 Falso. Transportadores e canais saturam. Acredita-se que os íons permeáveis de-
vam perder a maioria de suas moléculas de água associadas a fim de passar, em
fila única, através do filtro de seletividade, a parte mais estreita do canal. Esse
requisito limita sua velocidade e taxa de passagem. Assim, conforme as concen-
trações de íons aumentam, o fluxo de íons através de um canal aumenta propor-
cionalmente, mas então os níveis saturam em uma taxa máxima.

11-3 Verdadeiro. Uma diferença de apenas um pequeno número de íons é suficiente


para o estabelecimento de um potencial de membrana.

11-4 A ordem é: CO2 (pequena e não polar) > etanol (pequena e levemente polar) >
21
H2O (pequena e polar) > glicose (grande e polar) > Ca (pequena e com carga) >
RNA (muito grande e altamente carregado). Esta lista ilustra muito bem as duas
propriedades básicas que regem a capacidade de difusão das moléculas através
de uma bicamada lipídica: tamanho (pequena > grande) e polaridade (apolar >
polar > carregada).

11-5 A distribuição de equilíbrio de uma molécula através de uma membrana depen-


de do gradiente químico (concentração) e do gradiente elétrico (potencial de
membrana). Uma molécula não carregada não sofrerá a ação do gradiente elé-
trico e, portanto, estará em equilíbrio quando sua concentração estiver igual em
ambos os lados da membrana. Uma molécula carregada responde a ambos os
componentes do gradiente eletroquímico e sua distribuição ocorrerá de acordo
1
com esses princípios. Os íons de K , por exemplo, estão próximos à sua distribui-
ção de equilíbrio através da membrana plasmática, mesmo se considerando que
eles são aproximadamente 30 vezes mais concentrados no interior da célula. A
diferença de concentração é balanceada pelo potencial de membrana (negativo
no interior), que se opõe ao movimento de cátions para o exterior da célula.

11-6
1 1
A. Sim, eles podem normalizar tanto a concentração de H quanto de Na . Para
1 1 1 1
cada três ciclos do antiportador Na -H , que importa um Na e exporta um H , a
1 1 1
bomba de Na -K cicla uma vez, exportando três íons Na em cada operação.
(Você pode ter se perguntado como lidar com a hidrólise de ATP que ocor-
1 1
re a cada ciclo da bomba de Na -K . Quando o ATP é hidrolisado pela H2O, os
– –
produtos são ADP e H2PO4 . H2PO4 tem um pK de 6,86, o que significa que apro-
2– 1
ximadamente 70% dele será ionizado em HPO4 e H no pH intracelular de 7,2.
1
Acontece que você não precisa se preocupar com esse H , pois, em outros pontos
na célula, outros processos reconvertem os produtos da hidrólise novamente em
ATP para manter uma concentração em equilíbrio).
1 1
B. A ação associada dessas duas bombas movimenta 3H para fora para cada 2K
que são trazidos para dentro da célula, aumentando, dessa forma, tanto a con-
1
centração interna de K quanto o potencial de membrana.

11-7 De acordo com as barras de escala da Figura Q11–1, cada microvilosidade equi-
vale a um cilindro de aproximadamente 0,1 μm de diâmetro e 1,0 μm de altura.
A proporção da área dos lados de um cilindro, que representa a nova membrana
(nova área de superfície), em relação à parte superior de um cilindro (que é equi-
valente à membrana plasmática que estaria presente de qualquer forma, caso
não tivessem sido formadas as microvilosidades), fornece o aumento da área de
superfície devido a uma microvilosidade individual. A área das laterais de um
2
cilindro (2πra, onde r é o raio e a é a altura) é de 0,31 μm (2 × 3,14 × 0,05 μm × 1,0
2 2 2
μm); a área do topo do cilindro (πr ) é igual a 0,0079 μm (3,14 × [0,05] ). Assim,
2
o aumento na área de superfície para uma microvilosidade é 0,31 μm /0,0079
2
μm ou 40 vezes. Esse valor é uma superestimativa do aumento para a membrana
plasmática inteira, no entanto, as microvilosidades ocupam apenas uma parte
32   Respostas das questões da obra Biologia molecular da célula, 6.ed.

da superfície. A fração da membrana plasmática ocupada por microvilosidades


pode ser estimada a partir do corte transversal da Figura Q11-1. Uma estimativa
conservadora é que cerca de metade da membrana plasmática seja recoberta por
microvilosidades. Assim, as microvilosidades aumentam a área da superfície em
contato com o lúmen do intestino em aproximadamente 40/2 ou 20 vezes.
Referência: Adaptado de Krstic′ RV (1997) Ultrastructure of the Mammalian Cell,
p. 207. Berlin, Germany: Springer-Verlag.

11-8 Assim como um corpo em queda livre atinge uma velocidade final dependente
do atrito, um íon em água também atinge uma velocidade final dependente do
atrito com as moléculas de água. Um íon na água irá acelerar por menos de 10
nanossegundos antes que atinja a velocidade final.

4 3
11-9 O volume da semiesfera (ou hemisfério) explorado pela bola é de 2,05 × 10 nm
3 –20
([2/3] × 3,14 × [21,4 nm] ). Este volume corresponde a 2,05 × 10 litros ([2,05 ×
4 3 7 3 3
10 nm ] × [cm/10 nm] × [litro/1.000 cm ]). Uma bola neste volume corresponde
–5 –20 23
a 8,13 × 10 M ou 81,3 μM ([1 molécula/2,05 × 10 litros] × [mol/6 × 10 molécu-
las]). Assim, a concentração local de uma bola amarrada é aproximadamente a
mesma concentração de peptídeo livre necessária para inativar o canal.
Referência: Zagotta WN, Hoshi T & Aldrich RW (1990) Restoration of inactiva-
tion in mutants of shaker potassium channels by a peptide derived from ShB.
Science 250, 568–570.

1
11-10 O potencial de membrana esperado devido a diferenças na concentração de K
através da membrana em repouso é

Para o Na1, um cálculo equivalente dá um valor de 148 mV.


A suposição de que o potencial de membrana deve-se exclusivamente ao
1
K leva a um valor próximo ao do potencial de repouso. A suposição de que o
1
potencial de membrana deve-se exclusivamente ao Na leva a um valor próximo
ao do potencial de ação.
Esses pressupostos aproximam-se aos potenciais de repouso e de ação por-
1 1
que o K é principalmente responsável pelo potencial de repouso e o Na é res-
ponsável pelo potencial de ação. Uma membrana em repouso é cem vezes mais
1 1 1
permeável ao K do que é ao Na devido à presença de canais de escape de K
1
(ou canais de vazamento). Os canais de escape permitem que K saia da célula
até que o potencial de membrana suba o suficiente para se opor ao gradiente de
1
concentração de K . O gradiente máximo teórico (com base em cálculos como os
1
apresentados anteriormente) é relativamente reduzido pela entrada de Na , que
carrega cargas positivas para a célula (compensando a perda das cargas positivas
1 1 1 1
pela saída de K ). Se não fosse a bomba de Na -K , que remove Na continua-
mente, o potencial de repouso da membrana seria completamente dissipado.
1
O potencial de ação é devido a um canal diferente, um canal de Na contro-
lado por voltagem. Esses canais são abertos quando a membrana é estimulada,
1
permitindo que os íons de Na penetrem na célula. A magnitude do potencial de
1
membrana resultante é limitada pela diferença nas concentrações de Na através
1
da membrana. O influxo de Na reverte o potencial de membrana localmente, o
1
que abre canais de Na adjacentes e, em última instância, faz um potencial de
ação propagar a partir do sítio original de estímulo.
Referência: Hille B (1992) Ionic Channels of Excitable Membranes, 2nd ed., pp.
23–58. Sunderland, MA: Sinauer.
Respostas das questões da obra Biologia molecular da célula, 6.ed.   33

11-11
A. Existem dois tipos de canais de cátion na membrana das células musculares de
ratos – um canal de 4 pA e um canal de 6 pA. É possível afirmar isso devido às
quantidades características de corrente que eles carreiam. Observe que um canal
de 6 pA não pode ser confundido com a abertura simultânea de dois canais de 4
pA, pois isso geraria uma corrente de 8 pA.
1
B. O número de íons Na que flui através de um canal de 4 pA a cada milissegundo
4 4 1
é de 2,5 × 10 . O canal de 6 pA carrega 1,5 vezes este valor (3,8 × 10 íons de Na ) a
cada milissegundo.

Referência: Sakmann B (1992) Elementary steps in synaptic transmission re-


vealed by currents through single ion channels. Science 256, 503–512.

CAPÍTULO 12
12-1 Falso. O interior do núcleo e do citosol comunicam-se por meio de complexos
do poro nuclear, que permitem a passagem de íons e de pequenas moléculas. O
citoplasma e o núcleo são ditos topologicamente equivalentes porque as mem-
branas interna e externa do núcleo são contíguas uma com a outra, então o fluxo
do material entre o núcleo e citosol ocorre sem passagem pela bicamada lipídica.
Em contrapartida, o lúmen do RE e o exterior da célula são cada um separados
do citosol por uma camada de membrana. Portanto, eles são topologicamente
diferentes do citosol, mas topologicamente equivalentes um ao outro.

12-2 Verdade. Todos os ribossomos começam a tradução dos mRNAs no citosol. Os


mRNAs para certas proteínas codificam uma sequência-sinal para a membrana do
RE. Tão logo essa sequência-sinal tenha sido sintetizada, ela dirige a proteína nas-
cente, juntamente com ribossomos e mRNA, para a membrana do RE. Ribossomos
traduzindo mRNAs que não possuem tal sequência permanecem livres no citosol.

12-3 Falso. Poros nucleares individuais medeiam o transporte em ambas as direções. Não
está claro como os poros coordenam essas duas vias de tráfego para evitar colisões.

12-4 Falso. Todas as células eucarióticas contêm peroxissomos.

12-5 Na ausência de sinal de endereçamento, uma proteína permanecerá no citosol.

12-6 Se o equivalente a 1 membrana plasmática transita o RE a cada 24 horas e proteínas


de membrana individuais permanecem no RE a cada 30 minutos (0,5 hora), então a
qualquer momento, 0,021 (0,5 h/24 h) equivalentes de membrana plasmática estão
presentes no RE. Uma vez que a área da membrana do RE é 20 vezes maior que a
área da membrana plasmática, a fração de proteínas da membrana plasmática no
RE é 0,021/20 = 0,001. Assim, a razão de proteínas da membrana plasmática para
outras proteínas de membrana no RE é de 1 para 1.000. A cada 1.000 proteínas da
membrana do RE apenas 1 está sendo dirigida para a membrana plasmática.
Como esse cálculo ilustra, o endereçamento de proteínas para a membrana
plasmática representa uma purificação substancial da mistura de proteínas do RE.

12-7
A. A porção de nucleoplasmina responsável pela localização no núcleo deve es-
tar localizada na cauda. A cabeça de nucleoplasmina não se localiza no núcleo
34   Respostas das questões da obra Biologia molecular da célula, 6.ed.

quando injetada no citoplasma, sendo o único componente injetável em que está


faltando uma cauda.
B. Esses experimentos sugerem que a cauda da nucleoplasmina carrega um sinal
de localização nuclear e que seu acúmulo no núcleo não é resultado de difusão
passiva. Observações envolvendo nucleoplasminas completas ou caudas de nu-
cleoplasminas não fazem distinção entre difusão passiva e importação ativa; elas
apenas dizem que a cauda carrega a parte importante da nucleoplasmina – seja
isso um sinal de localização ou um sítio de ligação. As observações-chave que
argumentam contra a difusão passiva estão nos resultados com as cabeças de nu-
cleoplasminas. Elas não difundem para o citoplasma quando são injetadas no
núcleo, nem difundem para o núcleo quando injetadas no citoplasma, sugerindo
que cabeças são muito grandes para passar através de poros nucleares. Uma vez
que a forma de maior massa da nucleoplasmina, contendo a cauda, passa através
de poros, a difusão passiva foi descartada.
Referência: Dingwall C, Sharnick SV & Laskey RA (1982) A polypeptide domain
that specifies migration of nucleoplasmin into the nucleus. Cell 30, 449-458.

12-8 Cada complexo do poro nuclear deve transportar cerca de 1 molécula de histona
a cada segundo, em média, ao longo de um dia:

Porque as histonas são sintetizadas e importadas para o núcleo apenas durante


a fase S, o que dura normalmente cerca de 8 horas, a taxa de transporte está por
volta de 3 histonas a cada segundo por poro, durante a fase S (e nada durante o
resto do ciclo celular).

12-9
A. A concentração das repetições FG nos poros nucleares de levedura está em torno
de 289 mM, quase 6 vezes mais alta que concentrações usadas in vitro. Assim, a
concentração dentro do poro certamente é suficiente para permitir a formação
do gel. O volume de um poro nuclear de levedura (v = πr2a) é 28,8 × 103 nm3 (3,14
× [35 nm/2]2 [30 nm] = 28,849 nm3); 5.000 repetições de FG nesse volume corres-
ponde a uma concentração de 289 mM.

B. Com um coeficiente de difusão de 0,1 μm2/s, demoraria cerca de 4,5 ms para a


fusão importina-MBP-GFP atravessar o poro nuclear da levedura.

Essa taxa de difusão parece rápida o bastante para satisfazer as necessidades bio-
lógicas e corresponde razoavelmente bem com taxas de 5 a 10 ms medidas para a
importação de várias proteínas através de poros nucleares.
Referências: Frey S & Görlich D (2007) A saturated FG-repeat hydrogel can repro-
duce the permeability properties of nuclear pore complexes. Cell 130, 512–523.
Respostas das questões da obra Biologia molecular da célula, 6.ed.   35

Frey S & Görlich D (2009) FG/FxFG as well as GLFG repeats form a selective per-
meability barrier with self-healing properties EMBO J. 28, 2554–2567.

12-10 Células normais que carregam o gene Ura3 modificado produzem uma forma da
proteína Ura3 que é importada para a mitocôndria. Por consequência, ela não
está disponível para realizar uma reação essencial na via metabólica da síntese
da uracila. Essas células se comportam como se não tivessem a enzima em ne-
nhuma forma, e irão crescer apenas quando o meio for suplementado com ura-
cila. Em contraste, em células que são defectivas para importação mitocondrial,
Ura3 é impedida de entrar na mitocôndria e permanece no citosol onde pode
funcionar normalmente na via da síntese da uracila. Assim, células com defeitos
em importação para a matriz mitocondrial podem crescer na ausência de uracila,
pois podem sintetizá-la.
Referência: Maarse AC, Blom J, Grivell LA & Meijer M (1992) MPI1, an essential
gene encoding a mitochondrial membrane protein, is possibly involved in pro-
tein import into yeast mitochondria. EMBO J. 11, 3619–3628.

12-11 A ligação de metotrexato ao sítio ativo impede a enzima de se desenovelar, o que


é necessário para a importação para a mitocôndria. Evidentemente, o metotrexa-
to liga-se tão firmemente que bloqueia a enzima em sua conformação dobrada e
impede proteínas chaperonas de desenovelá-las.
Referência: Eilers M & Schatz G (1986) Binding of a specific ligand inhibits im-
port of a purified precursor protein into mitochondria. Nature 322, 228–232.

12-12 Os poros formados por porinas são grandes o suficiente para todos os íons e in-
termediários metabólicos, mas não o são para muitas proteínas. O ponto de corte
para passagem livre através dos poros de porinas mitocondriais é de mais ou me-
nos 10 quilodáltons.

12-13 Como mostrado na Figura R12-1, seria de se esperar que a eliminação do primeiro
segmento transmembrana (tornando-o hidrofílico) desse origem a uma proteína
com o segmento N-terminal no citosol (não glicosilado), mas com todos os outros
segmentos transmembrana, na sua orientação original. Na proteína não modifica-
da, o primeiro segmento transmembrana serve como um sinal de início de transfe-
rência, orientado de modo a fazer o segmento N-terminal passar através da mem-
brana do RE. O próximo segmento transmembrana também é um sinal de início
de transferência, mas orientada de modo que ele passe o fragmento C-terminal da
proteína através da membrana até alcançar o próximo segmento transmembrana,
que serve como um sinal de parada de transferência. Dois pares a mais de sinais de
início e parada similarmente orientados, originam a disposição final.
A eliminação do primeiro sinal de início de transferência permitiria que o
segundo sinal de início de transferência iniciasse a transferência. A disposição

DISPOSIÇÃO ORIGINAL NOVA DISPOSIÇÃO


NH 2

COOH COOH
1 3 5 1 3 5

CITOSOL CITOSOL

Figura R12-1  Disposição da proteína


LÚMEN DO RE LÚMEN DO RE transmembrana de passagem múltipla
original e a nova proteína após o pri-
2 4 6 2 4 6
meiro segmento hidrofóbico ser con-
NH 2 vertido em um segmento hidrofílico.
36   Respostas das questões da obra Biologia molecular da célula, 6.ed.

dos aminoácidos carregados que flanqueiam o sinal poderia orientá-lo na mem-


brana, assim, sua terminação positivamente carregada fica para o citosol, justa-
mente como na proteína inicial. Começaria, então, a transferência do segmento
C-terminal, tal como acontece na proteína original não modificada.

12-14 A simetria dos fosfolipídeos nos dois folhetos da membrana do RE é gerada por
um translocador de fosfolipídeos, chamado scramblase, que rapidamente inverte
fosfolipídeos de todos os tipos de um lado para o outro entre as monocamadas
da bicamada. Como ele inverte fosfolipídeos indiscriminadamente, os diferentes
tipos de fosfolipídeos tornam-se igualmente representados na membrana inter-
na e externa da bicamada; assim, eles se tornam simetricamente distribuídos. A
membrana plasmática contém um tipo diferente de fosfolipídeo translocador,
que é específico para fosfolipídeos que contém grupos amino livres (fosfatidilse-
rina e fosfatidiletanolamina). Essas enzimas removem esses fosfolipídeos espe-
cíficos do folheto externo e transferem para o interno da membrana plasmática,
gerando, assim, uma distribuição assimétrica.

CAPÍTULO 13
13-1 Verdadeiro. Os folhetos citosólicos das duas bicamadas da membrana são os
primeiros a entrarem em contato e fundirem-se, seguidos pelos folhetos não ci-
tosólicos. É esse padrão de fusão de folhetos que mantém a topologia das proteí-
nas de membrana, de forma que os domínios proteicos que estão face ao citosol
permanecem sempre dessa forma, independentemente do compartimento que
ocupam.

13-2 Verdadeiro. Uma proteína mal enovelada é seletivamente retida no RE pela liga-
ção de proteínas chaperonas como a BiP e a calnexina. Somente depois de ser
liberada desta proteína chaperona – e assim aprovada como propriamente eno-
velada – é que a proteína se torna substrato de saída do RE.

13-3 Verdadeiro. As cadeias de oligossacarídeos são adicionadas nos lúmens do RE e


do aparelho de Golgi, que são topologicamente equivalentes ao exterior da célu-
la. Essa topologia básica é conservada em todos os eventos de brotamento e de
fusão de membrana. Assim, as cadeias de oligossacarídeos estão sempre topo-
logicamente fora da célula, seja por estarem em um lúmen ou na superfície da
célula.

13-4 Se o fluxo de membranas entre os compartimentos celulares não fosse balancea-


do em uma célula hepática que não está em divisão, alguns compartimentos
cresceriam em tamanho e outros encolheriam (na ausência de síntese de nova
membrana). Manter todos os compartimentos relativamente do mesmo tama-
nho é essencial para o funcionamento adequado de uma célula hepática. A si-
tuação é diferente em uma célula em crescimento como uma célula do epitélio
intestinal. No curso de um único ciclo celular, todos os compartimentos devem
duplicar o tamanho para gerar duas células-filhas. Assim, haverá um desequilí-
brio em favor do fluxo para o exterior, que será suportado pela síntese de nova
membrana em quantidade igual à soma total de toda a membrana celular.

13-5 As SNAREs celulares são todas ligadas à superfície citosólica em qualquer


membrana que estejam. Elas funcionam por justaposição às superfícies citosó-
licas de duas membranas a serem fundidas. Em contraste, um vírus envelopado
precisa se fundir com a membrana celular trazendo sua superfície externa para
junto da superfície externa da membrana da célula. Assim, os vírus envelopa-
dos não podem usar as SNAREs de uma célula porque elas estão localizadas no
lado errado da membrana. É por essa razão que os vírus envelopados possuem
suas próprias proteínas de fusão, que estão situadas apropriadamente na sua
superfície externa.
Respostas das questões da obra Biologia molecular da célula, 6.ed.   37

13-6 O volume de um cilindro de 1,5 nm de diâmetro e 1,5 nm de altura é 2,65 nm3


2 –24 3 7 3
(3,14 × [0,75 nm] × 1,5 nm), que é igual a 2,65 × 10 L × (2,65 nm × [cm/10 nm]
3 3
× [L/10 cm ]). Há cerca de 88 moléculas de água nesse volume.

Em cada monocamada em um círculo de membrana de 1,5 nm de diâmetro, há


2 2
cerca de 9 fosfolipídeos (PL) (3,14 × [0,75 nm] × [PL/0,2 nm ] = 8,8 PL).
Assim, há cerca de 5 moléculas de água por fosfolipídeo na área de aproxi-
mação íntima das duas membranas. Esse número é um pouco menos do que a
metade do número (10-12) estimado que esteja associado a grupos de cabeças de
fosfolipídeos em circunstâncias normais. Isso significa que quando uma vesícula
e sua membrana-alvo são unidas em preparação para a fusão, algo em torno de
um pouco mais da metade das moléculas de água que normalmente se ligam às
membranas devem ser espremidas para fora.
Referência: Meuse CW, Krueger S, Majkrzak CF, Dura JA, Fu J, Connor JT & Plant
AL (1998) Hybrid bilayer membranes in air and water: infrared spectroscopy and
neutron reflectivity studies. Biophys. J. 74, 1388–1398.

13-7 Para gerar a atividade máxima da fosfatase alcalina, vesículas de cada linhagem
devem portar tanto t-SNAREs como v-SNAREs (ver Figura Q13-2B, experimen-
to 1). Se cada vesícula não tiver v-SNAREs ou t-SNAREs, a atividade da fosfatase
alcalina é reduzida a 30 a 60% do máximo (ver experimentos 3, 4, 6, 7, 8 e 9). Se
em ambas as vesículas está faltando v-SNAREs (ver experimento 2) ou t-SNAREs
(ver experimento 5), a atividade da fosfatase alcalina é muito baixa, assim como
quando ambas as SNAREs não estão presentes em uma vesícula (ver experimen-
tos 10 e 11). Para um nível de fusão razoáveis, SNAREs complementares devem
estar presentes nas vesículas. Não importa que tipo de SNARE esteja em vesículas
da linhagem A, desde que as vesículas da linhagem B tenham a SNARE comple-
mentar (compare os experimentos 3 e 4, experimentos 6 e 7 e experimentos 8 e 9).
Você pode ter pensado por que há uma atividade basal baixa de fosfatase,
mesmo onde não é esperada a fusão (ver experimentos 2, 5, 10 e 11). Se novas
vesículas devem quebrar, liberando pequenas quantidades de pró-Pase e pro-
tease, então uma pequena quantidade de fosfatase alcalina pode ser gerada na
ausência de fusão de vesículas.
Referência: Nichols BJ, Ungermann C, Pelham HRB, Wickner WT & Haas A
(1997) Homotypic vacuolar fusion mediated by t- and v-SNAREs. Nature 387,
199–202.

13-8 A PDI modificada estaria localizada fora da célula. Se a PDI estivesse perdendo
o sinal para recuperação do RE, seu fluxo gradual para fora do RE ao aparelho
de Golgi não seria contraposto pela sua captura e retorno ao RE, como normal-
mente ocorre. Semelhantemente, seria esperado que ela saísse do aparelho de
Golgi pela via padrão, misturada com outras proteínas que a célula estivesse se-
cretando. Não seria esperado que fosse retida em nenhum outro lugar ao longo
da via secretora porque, presumivelmente, ela não tem sinais que promovam sua
localização.
Referência: Munro S & Pelham HR (1987) A C-terminal signal prevents secretion
of luminal ER proteins. Cell 48, 899–907.

13-9 O receptor de KDEL se liga aos seus ligantes mais fortemente no aparelho de Gol-
gi, onde ele captura proteínas que escaparam do RE, para que ele possa retorná-
-las. O receptor se liga aos ligantes mais fracamente no RE, de forma que aquelas
proteínas que foram capturadas no aparelho de Golgi possam ser liberadas à me-
38   Respostas das questões da obra Biologia molecular da célula, 6.ed.

dida que retornam ao RE. Acredita-se que a base para as diferentes afinidades de
ligação são as leves diferenças de pH; o lúmen do aparelho de Golgi é levemente
mais ácido do que o do RE, que é neutro.
Uma vez que o trabalho primário do receptor de KDEL é capturar proteínas
que escaparam do RE, seria razoável projetar um sistema de forma que os recep-
tores se encontrassem em maior concentração no aparelho de Golgi. Isso é, de
fato, a forma como ocorre na célula. Você estaria correto se previu que o receptor
de KDEL não tem um sinal clássico de recuperação para o RE; além de tudo, o
receptor é designado a passar a maior parte do seu tempo no aparelho de Golgi,
e um sinal clássico garantiria seu retorno eficiente ao RE. Ele tem, entretanto, um
sinal de recuperação “condicional”; com a ligação de uma proteína do RE no apa-
relho de Golgi, sua conformação é alterada para que um sítio de ligação para as
subunidades de COPI fique exposto. Esse sinal permite que ele seja incorporado
em vesículas revestidas por COPI, que são destinadas a retornar ao RE.
Referência: Teasdale RD & Jackson MR (1996) Signal-mediated sorting of mem-
brane proteins between the endoplasmic reticulum and the Golgi apparatus.
Annu. Rev. Cell Dev. Biol. 12, 27–54.

13-10 As enzimas lisossômicas são todas hidrolases ácidas, que têm atividade ótima em
pH baixo (cerca de 5,0) no interior dos lisossomos. Se um lisossomo se partisse,
as hidrolases ácidas se encontrariam em pH 7,2, o pH do citosol, e, portanto, fa-
riam pouco dano aos constituintes celulares.

13-11 As proteínas adaptadoras, em geral, medeiam a incorporação de proteínas-carga


específicas em vesículas revestidas por clatrina pela ligação do revestimento de
clatrina aos receptores de carga específicos. Como os melanossomos são lisos-
somos especializados, é razoável que o defeito na AP3 afete a via para entrega de
grânulos de pigmento da rede trans de Golgi, que envolve as vesículas revestidas
por clatrina. A AP3 se localiza para as vesículas revestidas brotando da rede trans
de Golgi, o que é consistente com uma função em transporte do Golgi para os
lisossomos. Interessantemente, humanos com o distúrbio genético síndrome de
Hermansky-Pudlak apresentam mudanças semelhantes na pigmentação, e eles
também têm problemas de sangramento e fibrose pulmonar. Acredita-se que to-
dos esses sintomas reflitam deficiências na produção de lisossomos especializa-
dos, que resultam de um único defeito bioquímico.
References: Kantheti P, Qiao X, Diaz ME, Peden AA, Meyer GE, Carskadon SI,
Kapfhamer D, Sufalko D, Robinson MS, Noebels JL & Burmeister M (1998) Mu-
tation in AP-3 delta in the mocha mouse links endosomal transport to storage
deficiency in platelets, melanosomes, and synaptic vesicles. Neuron 21, 111–122.
Zhen L, Jiang S, Feng L, Bright NA, Peden AA, Seymour AB, Novak EK, Elliott R,
Gorin MB, Robinson MS & Swank RT (1999) Abnormal expression and subcellu-
lar distribution of subunit proteins of the AP-3 adaptor complex lead to platelet
storage pool deficiency in the pearl mouse. Blood 94, 146–155.

CAPÍTULO 14

14-1 Verdadeiro. Embora os três complexos enzimáticos respiratórios possam existir


como entidades independentes na membrana mitocondrial interna, as transferên-
cias de elétrons entre os três complexos mediada pelos dois carreadores móveis
– ubiquinona e citocromo c – são facilitadas pela formação de uma estrutura maior.

14-2 Verdadeiro. As subunidades c agem como dentes em uma roda de engrenagem.


Quando o suprimento de prótons é limitado, como nas mitocôndrias, há menos
subunidades do que quando o gradiente de próton é alto, como nos cloroplastos.
Respostas das questões da obra Biologia molecular da célula, 6.ed.   39

14-3 Verdadeiro. A herança de genomas organelares é muito diferente da herança de


genes nucleares, que é governada pelas regras mendelianas. É improvável que
um padrão de herança que não siga as regras mendelianas seja devido a um gene
nuclear, que deixa os genomas organelares – os únicos outros genomas da célula.

14-4 Na presença do oxigênio, a levedura pode gerar cerca de 15 vezes mais ATP a
partir de cada molécula de glicose na ausência de oxigênio. Assim, para alcançar
suas necessidades energéticas, elas precisam processar cerca de 15 vezes menos
moléculas de glicose; por isso a queda dramática no consumo de glicose quando
o O2 é introduzido.

14-5 O coração levaria 6 segundos para consumir seus níveis basais de ATP. Como
cada par de elétrons reduz um átomo de oxigênio, os 12 pares de elétrons gerados
pela oxidação de uma molécula de glicose reduziriam seis O2. Assim, 30 ATPs são
gerados para cada seis O2 consumidos. No estado basal, a taxa de produção de
ATP se iguala à taxa de consumo. O tempo em segundos necessário para consu-
mir o nível de ATP basal é

14-6 Os íons H1 se movem muito mais rápido que os íons Ca21através de uma solu-
1
ção aquosa porque seu “movimento” é virtual; o íon H que aparece em um lado
1
da célula não é o mesmo que começou no outro lado. O movimento do íon H ,
em vez disso, depende de trocas das ligações de hidrogênio por ligações cova-
21
lentes em uma cadeia de moléculas de água. Em contraste, os íon Ca devem
realmente se difundir através do meio.
A diferença na natureza dos movimentos desses dois íons não pode ser
mais bem ilustrada do que pelo seu comportamento no gelo. Como esperado,
21
a taxa de difusão dos íons Ca diminui de forma considerável. Surpreendente-
1
mente, os íons H se movem ainda mais rápido. Isso ocorre porque o movimento
1
do H depende das cadeias das moléculas de água. No gelo, a maioria das mo-
1
léculas de água estão ligadas em cadeias, permitindo que os íons H se movam
muito rapidamente por longas distâncias. Na água líquida, as cadeias envolvem
apenas poucas moléculas de água, o que significa que há atrasos periódicos con-
1
forme os íons H3O se conectam com uma nova cadeia.

14-7 As taxas de oxidação dos carreadores de elétrons, se medidas suficientemente


rápido, revelam sua ordem na cadeia respiratória. Os carreadores mais próximos
do oxigênio serão oxidados primeiro, e aqueles mais longe do oxigênio serão
oxidados por último. Essa lógica permite que você deduza a ordem do fluxo de
elétrons através dos carreadores. Os citocromos b e c1 são parte da citocromo c
redutase, e os citocromos a e a3 são parte da citocromo oxidase.

14-8 Apenas nas quantidades certas um desacoplador, como o dinitrofenol, promo-


veria a perda de peso por desacoplar parcialmente o fluxo de elétrons da sínte-
se de ATP, diminuindo, dessa forma, a eficiência da fosforilação oxidativa. Por
exemplo, se desacoplador suficiente for ingerido para reduzir a eficiência da
fosforilação oxidativa em 50%, o dobro de calorias (da comida ou de reservas
internas, principalmente gordura) teriam que ser queimadas para gerar a mes-
ma quantidade de ATP. O dinitrofenol não é mais prescrito porque seu uso levou
a diversas mortes; se a cadeia fosforilativa for comprometida demais, não será
gerado ATP suficiente para suprir as funções celulares essenciais, e a morte é o
resultado.
40   Respostas das questões da obra Biologia molecular da célula, 6.ed.

14-9 O número de prótons na matriz de uma mitocôndria de fígado em respiração ati-


va em pH 7,5 (3,16 × 10–8 M H1) é cerca de 10.

Se a matriz da mitocôndria começou em pH 7 (10–7 M H1), ela originalmente ti-


nha cerca de 31 prótons (31,4). Assim, para alcançar o pH de 7,5, seria necessário
bombear cerca de 21 prótons para fora. Esses são resultados notáveis. Indepen-
dentemente das características de tamanho e valores exatos de pH das mitocôn-
drias, está claro que somente algumas dezenas de prótons estão normalmente
envolvidas em estabelecer a força motriz protônica. Mais do que qualquer coisa,
esses resultados enfatizam a natureza dinâmica do bombeamento de prótons e
a síntese de ATP.

4-10
1
A. Presumivelmente, a hidrólise de uma molécula de ATP individual proporciona a
força motriz para a rotação de 120° da subunidade γ, consequentemente, a revo-
lução correspondente ao filamento de actina. Uma vez que uma baixa concentra-
ção de ATP foi utilizada nestes experimentos, as pausas representam os tempos
variáveis com que a molécula de ATP seguinte se liga. A rotação através de 120°
corresponde a um dímero αβ, a unidade de hidrólise do ATP (ou de síntese na
direção normal da ATP sintase).
B. Se três moléculas de ATP devem ser hidrolisadas para direcionar uma rotação
completa da subunidade γ, então, na sua operação normal, a ATP sintase deve
sintetizar três moléculas de ATP por rotação da subunidade γ.
Referência: Masaike T, Mitome N, Noji H, Muneyuki E, Yasuda R, Kinosita K &
Yoshida M (2000) Rotation of F1-ATPase and the hinge residues of the β subunit.
J. Exp. Biol. 203, 1–8.

4-11
1
A. A energia de um mol de fótons em qualquer comprimento de onda em particu-
lar é a energia de um fóton multiplicado pelo número de Avogadro (N). Assim, a
energia de um mol de fótons no comprimento de onda de 400 nm é

Esse cálculo, para os comprimentos de onda de 680 nm e 800 nm, resulta em

E = 175 kJ/mol para luz a 680 nm


E = 149 kJ/mol para luz a 800 nm

B. Se 1 metro quadrado recebe 1,3 kJ/s de luz a 680 nm, que equivale a 175 kJ/mol
de fótons, então o tempo que levará para que 1 metro quadrado receba um mol
de fótons é

C. Se leva 135 segundos para que 1 metro quadrado de folhas de tomateiro receba
1 mol de fótons, e oito fótons são necessários para fixar uma molécula de CO2,
levará quase 2 horas para sintetizar 1 mol de glicose.
Respostas das questões da obra Biologia molecular da célula, 6.ed.   41

A eficiência real da captura de fótons é consideravelmente menor que


100%. Sob condições ideais, para algumas plantas de crescimento rápido, a efi-
ciência de utilização dos fótons que alcançam as folhas é cerca de 5%. Entretanto,
mesmo este valor exagera bastante a eficiência verdadeira de utilização da ener-
gia da luz solar. Por exemplo, um campo de beterrabas converte apenas cerca de
0,02% da energia que chega a ele durante a temporada de crescimento. Muitos
fatores limitam a eficiência total, incluindo a saturação dos fotossistemas muito
abaixo da luz solar máxima, disponibilidade de água e baixas temperaturas.
D. Em contraste à eficiência muito baixa da utilização da luz solar, a eficiência de
conversão da energia luminosa em energia química após a captação dos fótons é
de 33%.

14-12 Os prótons bombeados através da membrana da crista para dentro do espaço da


crista podem sair para o espaço intermembranas, que se equilibra com o citosol,
1
um grande reservatório de H . Ambos a matriz mitocondrial (pH 8) e o citosol
(pH 7,4) sediam várias reações metabólicas que requerem um pH ao redor da
1
neutralidade. A maior diferença na concentração de H entre a matriz mitocon-
drial e o citosol que é compatível com o funcionamento é, então, relativamente
pequena (menos que 1 unidade de pH). Muito da energia armazenada no gra-
diente eletroquímico mitocondrial é, em vez disso, devida ao potencial de mem-
brana (cerca de 140 mV dos 200 mV da diferença de potencial é devido ao poten-
cial de membrana).
Em contraste, os cloroplastos possuem um compartimento dedicado me-
1
nor – o espaço tilacoide – para o qual os íons H são bombeados. Diferenças de
concentração muito maiores são alcançadas (mais de três unidades de pH), e
quase toda a energia armazenada no gradiente eletroquímico tilacoide é devido
à diferença entre o estroma e o espaço tilacoide.

14-13 A variegação ocorre porque as plantas possuem uma mistura de cloroplastos


normais e defeituosos. Eles se separaram pela segregação mitótica para formar
regiões verdes e amarelas nas folhas. Muitas das regiões verdes possuem células
que ainda mantêm os cloroplastos defeituosos em adição aos normais. À medida
que tais regiões crescem, elas podem segregar células adicionais que possuem
somente cloroplastos defeituosos, originando, com a divisão celular, uma ilha de
células amarelas em um mar de verdes. Em contraste, as regiões amarelas são de-
vido a células que mantiveram apenas cloroplastos defeituosos. Assim, as células
amarelas não podem originar células verdes pela segregação mitótica; por isso,
não há ilhas verdes cercadas de amarelas.

CAPÍTULO 15
15-1 Falso. A maioria dos segundos mensageiros, incluindo o AMP cíclico, Ca21 e IP3,
são hidrossolúveis e se difundem livremente pelo citosol; contudo segundos
mensageiros como o diacilglicerol são lipossolúveis e se difundem no plano da
membrana.

15-2 Falso. As proteínas que se ligam a GTP estão ativas quando ligadas ao GTP e ina-
tivas quando o GDP está ligado a elas; assim, as GEFs as ativam e as GAPs as
42   Respostas das questões da obra Biologia molecular da célula, 6.ed.

inativam. O mesmo não é verdade para proteínas-cinase e fosfatase. A ligação de


um fosfato ativará algumas proteínas-alvo e inativará outras. De fato, a ligação de
um fosfato a um determinado local na proteína pode ativá-la, enquanto a fosfori-
lação em um local diferente pode inativar a mesma proteína. Assim, enquanto as
proteínas-cinase acionam o comutador molecular, não o fazem sempre no mes-
mo sentido.

15-3 Verdadeiro. As vias de sinalização intracelular que envolvem enzimas ou canais


iônicos podem amplificar significativamente o sinal. Uma vez ativada, uma pro-
teína-cinase, por exemplo, pode fosforilar centenas de proteínas-alvo. De modo
similar, a ativação de um canal iônico aumenta, em muitas vezes, a concentração
de um íon crítico.

15-4 Falso. A interação com o ligante normalmente faz o receptor tirosina-cinase se


organizar em dímeros, os quais, devido à sua proximidade, ativam os domínios
cinase. Os receptores então fosforilam a si mesmos e iniciam a cascata de sina-
lização intracelular. Em alguns casos, o receptor da insulina, por exemplo, existe
na forma de dímero e acredita-se que a interação com o ligante rearranje suas
cadeias, promovendo a aproximação dos domínios cinase.

15-5 Verdadeiro. As tirosinas-fosfatase, ao contrário das serinas-treoninas-fosfatase,


removem os grupos fosfato somente de fosfotirosinas selecionadas em um sub-
grupo de proteínas fosforiladas nas tirosinas.

15-6 Falso. Embora exista alguma sobreposição nas moléculas de comunicação cé-
lula-célula em animais e plantas, existem muitas diferenças significativas. Por
exemplo, as plantas não usam as proteínas da família dos receptores nucleares,
Ras, JAK, STAT, TGFβ, Notch, Wnt ou Hedgehog.

15-7 A uma concentração circulante de hormônio igual a 10–10 M, 1% dos receptores


–10 –10 –8
terá uma molécula de hormônio ligada {[R-H]/[R]total = 10 M/(10 M 1 10 M)
= 0,0099}. Metade dos receptores terá uma molécula do hormônio ligada quando a
–8 –8
concentração do hormônio for igual ao Kd; ou seja, a 10 M {[R-H]/[R]total = 10 M/
–8 –8
(10 M 1 10 M) = 0,5}. Assim, a concentração do hormônio tem que aumentar cem
vezes para provocar uma resposta.

15-8
A. Uma conversa telefônica é análoga à sinalização sináptica no sentido de ser uma
comunicação privada entre duas pessoas, normalmente a alguma distância e al-
gumas vezes a uma grande distância. Ela difere da sinalização sináptica porque
é (geralmente) uma troca de duas vias, enquanto a sinalização sináptica é uma
comunicação unilateral.
B. Uma conversa em um coquetel é análoga à sinalização parácrina, que ocorre en-
tre células (indivíduos) diferentes e é localmente restrita.
C. Um anúncio na rádio é análogo a um sinal endócrino, que é enviado para todo o
corpo (a audiência), e somente células-alvo (indivíduos que estão sintonizando a
estação de rádio específica) são afetadas por ele.
D. Falar consigo mesmo é análogo a um sinal autócrino, que é um sinal enviado e
recebido pela mesma célula.

15-9 Em ambos os casos, as próprias via de sinalização são rápidas. Se a via modifica
uma proteína que já está presente na célula, sua atividade é alterada imediata-
mente, conduzindo a uma resposta rápida. Se a via modifica a expressão de um
gene, contudo, existe um retardo correspondente ao intervalo de tempo para que
Respostas das questões da obra Biologia molecular da célula, 6.ed.   43

o mRNA e a proteína sejam sintetizados e para que os níveis celulares da proteína


sejam suficientemente alterados para evocar uma resposta, o que pode demorar
1 hora ou mais.

15-10 Células com receptores idênticos podem responder de maneira diferente à mes-
ma molécula de sinalização devido a diferenças na maquinaria interna à qual os
receptores estão acoplados. Mesmo quando toda a via de sinalização for a mes-
ma, as células apresentam respostas diferentes se expressarem proteínas efetoras
diferentes no ponto final das vias.

15-11 A fosforilação/desfosforilação oferece uma solução, simples e universal, ao proble-


ma do controle da atividade proteica. Em uma via de sinalização, as atividades de
várias proteínas devem ser modificadas rapidamente do estado ativo para inativo, e
vice-versa. A ligação de um fosfato carregado negativamente a uma proteína é uma
maneira efetiva de alterar sua conformação e atividade. E, é uma modificação facil-
mente reversível. É uma solução universal no sentido de que uma atividade – a da
proteína-cinase – pode ser usada para ligar um fosfato, e uma segunda atividade
– a da proteína-fosfatase – pode ser usada para removê-lo. Cerca de 2% dos genes
do genoma humano que codificam proteínas codificam proteínas-cinase, que pre-
sumivelmente surgem por duplicação e modificação gênicas para criar a especifi-
cidade adequada. Uma vez que as serinas, treoninas e tirosinas são aminoácidos
comuns na superfície das proteínas, as proteínas-alvo podem evoluir para possuir
sítios de fosforilação em locais que alterarão sua conformação. Finalmente, fosfori-
lação/desfosforilação proporciona uma resposta flexível que pode ser ajustada para
promover respostas rápidas do tipo liga-desliga ou mudanças de duração mais lon-
ga.
Todos esses atributos da fosforilação/desfosforilação são perdidos com os
reguladores alostéricos. Embora seja possível, em princípio, que pequenas molé-
culas ativem e inativem proteínas, isto não é uma solução universal. Moléculas es-
pecíficas têm que ser “projetadas” para cada proteína-alvo, o que requer o desen-
volvimento de uma via metabólica para a síntese e degradação de cada molécula
reguladora. Mesmo que tal sistema seja desenvolvido para uma proteína-alvo, esta
solução específica não será útil no desenvolvimento de um sistema para outras
proteínas-alvo. Além disso, a regulação por interação com moléculas pequenas é
muito sensível à concentração do regulador. Para uma proteína-alvo monomérica,
a concentração da molécula pequena deveria aumentar em cem vezes para ir de
9% de ligação a 91% – um comutador molecular mínimo. Poucos metabólitos na
célula variam em quantidade de forma tão ampla.

15-12 O uso de uma proteína de suporte para ligação das três cinases em um complexo
de sinalização aumenta a velocidade de transmissão do sinal e elimina interferên-
cias em outras vias; contudo existe uma chance relativamente pequena de ampli-
ficação do sinal do receptor para a terceira cinase. As cinases difusíveis livremente
oferecem a chance de maior amplificação do sinal uma vez que a primeira cinase
pode fosforilar muitas moléculas da segunda cinase, que, por sua vez, pode fos-
forilar muitas moléculas da terceira cinase. É provável que a velocidade de trans-
missão do sinal seja mais lenta, a menos que a concentração das cinases seja sufi-
cientemente alta para compensar a distância entre elas. Finalmente, três cinases
oferecem o potencial para disseminar o sinal para outras vias de sinalização e para
outras partes da célula. A organização utilizada por uma célula para uma via de
sinalização específica depende da atividade que essa via deve executar.

15-13
1. Se mais de uma molécula efetora precisa se ligar para ativar a molécula-alvo,
a resposta estará na dependência do número de moléculas efetoras neces-
sárias. Em baixas concentrações do efetor, a maioria das proteínas-alvo pos-
44   Respostas das questões da obra Biologia molecular da célula, 6.ed.

RESPOSTA GRADUAL suem um único efetor ligado (estando, por isso, inativas). Em concentrações
aumentadas do efetor, as proteínas-alvo com o número necessário de efeto-
res ligados aumenta bruscamente, produzindo um aumento abrupto corres-
pondente na resposta celular.
RESPOSTA “TUDO OU NADA”
2. Se o efetor ativa uma enzima e inibe outra que catalisa a reação inversa, a
reação direta responde abruptamente a um aumento gradual na concentra-
ção do efetor. Essa é uma estratégia comum utilizada em vias metabólicas
100 envolvidas na produção e no consumo de energia.
3. Os mecanismos anteriormente citados geram respostas abruptas, mas a
MAP-cinase ativa (%)

resposta “tudo ou nada” verdadeira pode ser gerada se a molécula efetora de-
50 sencadear um circuito de retroalimentação positiva no qual uma molécula-
-alvo ativada contribui para sua própria ativação adicional. Por exemplo, se o
produto de uma enzima ativada se liga à enzima para ativá-la, será produzida
0
uma resposta “tudo ou nada” autoaceleradora.
0,001 0,01 0,1 1 10
Progesterona ( µ M)
15-14 A análise de ovócitos individuais de rã mostra claramente que a resposta à pro-
Figura R15-1  Resposta gradual ou
gesterona é do tipo “tudo ou nada”, sem nenhuma ativação parcial da MAP-ci-
resposta “tudo ou nada” em ovócitos
individuais que geram, na população, nase. Assim, a resposta gradual na população resulta de uma resposta “tudo ou
uma resposta gradual. nada” nos ovócitos individuais, com diferentes misturas de ovócitos imaturos
com totalmente maduros, com a geração de níveis intermediários de ativação da
MAP-cinase. (Figura R15-1). Não está muito claro porque os ovócitos individuais
respondem de modo diferente a diferentes concentrações de progesterona, em-
bora exista uma variabilidade significativa em termos de idade e tamanho en-
tre os ovócitos (e provavelmente no número de receptores de progesterona, nas
concentrações dos componentes do módulo de sinalização da MAP-cinase e nos
alvos).
Se uma resposta gradual em uma população de células indica uma respos-
ta gradual em cada célula ou uma mistura de respostas “tudo ou nada” é uma
questão que surge em muitos contextos na biologia.
Referência: Ferrell JE & Machleder EM (1998) The biochemical basis of an all-or-
none cell fate switch in Xenopus oocytes. Science 280, 895–898.

15-15 Qualquer mutação que gere uma subunidade reguladora incapaz de se ligar à
subunidade catalítica produzirá uma PKA permanentemente ativa. Quando a su-
bunidade catalítica não está ligada à subunidade reguladora, ela é ativa.
Dois tipos gerais de mutação na subunidade reguladora podem produzir
uma PKA permanentemente inativa. Uma subunidade reguladora que tenha sido
alterada de forma que possa se ligar à subunidade catalítica, mas não possa se
ligar ao AMP cíclico, não liberará a subunidade catalítica, produzindo uma PKA
permanentemente inativa. De modo semelhante, uma subunidade reguladora
mutante que possa se ligar ao AMP cíclico, mas não sofre a mudança de con-
formação necessária para liberar a subunidade catalítica, inativará permanen-
temente a PKA.

15-16 O tempo que a subunidade catalítica da cinase permanece na sua conformação


ativa depende da extensão das modificações nas suas subunidades reguladoras.
Cada modificação por fosforilação ou por ligação ao Ca21 desloca o equilíbrio
para a conformação ativa da subunidade; isto é, cada modificação aumenta o
tempo de permanência no estado ativo. Pela soma das informações de múltiplas
vias dessa forma, a fosforilase-cinase integra o sinal que controla a degradação
do glicogênio.

5-17 As células das moscas com o genótipo heterozigoto DshΔ/1 provavelmente


1
produz a metade da quantidade normal de Dishevelled. Assim, uma superex-
pressão dessa proteína corrige o fenótipo multi-hair gerado pela superexpres-
são de Frizzled. Essa relação sugere que Frizzled age em uma etapa anterior a
Respostas das questões da obra Biologia molecular da célula, 6.ed.   45

Dishevelled; é fácil imaginar como a subexpressão de um componente que age


em uma etapa posterior pode corrigir a superexpressão de um que age em uma
etapa anterior. Tudo isso faz sentido, já que Frizzled é um receptor de Wnt e Di-
shevelled é uma proteína de sinalização intracelular. Entretanto, se você não sabe
nada sobre a função de Dishevelled e de Frizzled, será possível, somente com a
interação genética como guia, imaginar relações mais complexas (que envolvam
outros componentes desconhecidos) com Dishevelled agindo em uma etapa an-
terior a Frizzled que podem explicar os fenótipos apresentados neste problema.
Veja se você pode esquematizar semelhante via.
Referência: Winter CG, Wang B, Ballew A, Royou A, Karess R, Axelrod JD & Luo
L (2001) Drosophila Rho-associated kinase (Drok) links Frizzled mediated planar
cell polarity signaling to the actin cytoskeleton. Cell 105, 81–91.

CAPÍTULO 16
16-1 Verdadeiro. Quando o ATP nos filamentos de actina (ou o GTP nos microtúbu-
los) é hidrolisado, grande parte da energia livre liberada pela clivagem da ligação
de alta energia é armazenada na estrutura do polímero, fazendo a energia livre
do polímero que contém ADP ser maior do que a do polímero contendo ATP.
Isso desloca o equilíbrio rumo à despolimerização, e os filamentos de actina que
contém ADP se dissociam mais facilmente do que os filamentos de actina que
contém ATP.

21 21
16-2 Falso. A entrada de Ca através dos canais de Ca sensíveis à voltagem em tú-
bulos T não é suficiente, por si só, para provocar a rápida contração do músculo.
21 21
Em vez disso, essa explosão inicial de Ca abre canais de liberação de Ca do re-
21
tículo sarcoplasmático, que inundam o citoplasma com Ca , iniciando a rápida
contração muscular através da ligação à troponina C.

16-3 Falso. O centrossomo, que estabelece o principal arranjo de microtúbulos na


maior parte das células animais, controla a nucleação do crescimento de micro-
3,6
túbulos na extremidade menos (-). Assim, as extremidades mais (+) dos micro-
túbulos estão próximas da membrana plasmática e as extremidades menos (-)
estão ligadas ao centrossomo, no centro da célula. Essa orientação do arranjo 1,0 1,6 1,0

requer que motores direcionados para as extremidades mais (+) sejam utilizados I
Disco Z
para o transporte de carga para a periferia da célula e que motores direcionados 2,2
para a extremidade menos (-) sejam utilizados para a entrega de cargas no centro
da célula.

16-4 Nas células, a maior parte das subunidades de actina está ligada à timosina, o que II
2,0
bloqueia a actina em uma forma que não pode hidrolisar seu ATP ligado e não
pode ser adicionada a qualquer das extremidades de um filamento. A timosina
reduz a concentração das subunidades de actina livres para próximo da concen-
tração crítica. As subunidades de actina são recrutadas a partir desse conjunto
III
inativo pela profilina, cuja atividade é regulada de modo que a polimerização da 1,6
actina ocorre quando e onde é necessário. A vantagem de tal disposição é que a
célula pode manter um grande conjunto de subunidades disponíveis para um
crescimento explosivo no local e momento de sua escolha.
IV
16-5 Esquemas representando os sarcômeros referentes a cada uma das setas da Figu- 1,3

ra Q16-1 são mostrados na Figura R16-1. Como ilustrado nestas imagens, o au-
mento na tensão com a diminuição do comprimento do sarcômero no segmen-
to I é devido ao aumento do número de interações entre as cabeças da miosina Figura R16-1  Diagramas esquemáticos de
sarcômeros nos pontos indicados pelas
e a actina. No segmento II, a actina começa a sobrepor-se à zona sem miosina, setas da Figura Q16-1. 
atingindo um patamar em que o número de cabeças de miosina que interagem Os números referem-se ao comprimento em
permanece constante. No segmento III, os filamentos de actina começam a se so- micrômetros.
46   Respostas das questões da obra Biologia molecular da célula, 6.ed.

brepor uns aos outros, interferindo na excelente interação da actina e da miosina


e provocando uma diminuição na tensão. No segmento IV, o espaçamento entre
os discos Z é menor do que o comprimento dos filamentos espessos da miosina,
causando sua deformação e uma queda abrupta da tensão muscular.
Referência: Gordon AM, Huxley AF & Julian FJ (1966) The variation in isometric
tension with sarcomere length in vertebrate muscle fibres. J. Physiol. 184, 170–192.

16-6 A velocidade de crescimento de 2 mm/min (2.000 nm/60 s = 33 nm/s) correspon-


de à adição de 4,2 dímeros de αβ-tubulina ([33 nm/s] × [αβ-tubulina/8 nm] =
4,17 dímeros/s) para cada um dos 13 protofilamentos, ou cerca de 54 dímeros de
αβ-tubulina/s às extremidades de um microtúbulo.
Referência: Detrich HW, Parker SK, Williams RC, Nogales E & Downing KH
(2000) Cold adaptation of microtubule assembly and dynamics. J. Biol. Chem.
275, 37038–37047.

16-7 Uma vez que a primeira associação lateral tenha ocorrido, o próximo dímero αβ
pode se ligar muito mais facilmente porque é estabilizado por contatos tanto la-
terais quanto longitudinais (Figura R16-2). A formação de um segundo protofila-
mento estabiliza ambos os protofilamentos, permitindo a rápida adição de novos
dímeros de αβ-tubulina para formar protofilamentos adjacentes e para estender
os protofilamentos já existentes. Em um dado momento, o conjunto de tubulina
se recurvará em tubo para formar o microtúbulo.
Referência: Leguy R, Melki R, Pantaloni D & Carlier M-F (2000) Monomeric
g-tubulin nucleates microtubules. J. Biol. Chem. 275, 21975–21980.

16-8 O centrossomo nucleia um arranjo tridimensional estrelado de microtúbulos que


cresce até encontrar um obstáculo, em última análise, a membrana plasmática. A
instabilidade dinâmica dos microtúbulos, acoplada à exigência de igualdade de
força entre microtúbulos em oposição, leva como resultado, ao posicionamento
do centrossomo no meio da célula. Uma forma de imaginar a questão de forças
iguais e opostas é lembrar que os microtúbulos não são estruturas absolutamente
rígidas. Imagine-se empurrando um objeto com uma haste de aço curta ou com
uma haste muito longa; a haste curta transmite a força de forma eficaz, mas a
haste longa irá se curvar, transmitindo menos força. O mesmo princípio opera
na célula, com microtúbulos de igual comprimento transmitindo a mesma força.
Quando todos os microtúbulos em direções opostas provenientes de um centros-
somo tiverem o mesmo comprimento, o centrossomo estará no centro da célula.

16-9
A. O movimento unidirecional da cinesina sobre um microtúbulo é conduzido pela
energia livre da hidrólise do ATP. A ligação e a hidrólise do ATP são acopladas a uma

CRESCIMENTO LINEAR ASSOCIAÇÃO LATERAL

Figura R16-2  Adição rápida de dímeros


de αβ-tubulina à estrutura em nuclea-
ção (Resposta 16-7).
Respostas das questões da obra Biologia molecular da célula, 6.ed.   47

série de alterações conformacionais na cabeça da cinesina que resultam no deslo-


camento unidirecional dos domínios motores da cinesina sobre o microtúbulo.
B. No traçado, a cinesina percorre 80 nm em 9 segundos, uma velocidade média de
cerca de 9 nm/s. Essa velocidade é cerca de cem vezes mais lenta do que a veloci-
dade in vivo, pois as condições experimentais (concentração de ATP e força exer-
cida pelo padrão de interferência) foram ajustadas para retardar os movimentos
da cinesina para que passos individuais pudessem ser observados.
C. Como pode ser visto na Figura Q16-3B, foram necessários 10 passos para a molé-
cula de cinesina percorrer 80 nm, o que indica que o comprimento de um passo
individual é de cerca de 8 nm.
D. Visto que o comprimento do passo e o intervalo entre as subunidades de
β-tubulina sobre um protofilamento de microtúbulos são ambos de aproximada-
mente 8 nm, uma cinesina parece se mover saltando de uma β-tubulina para a
próxima ao longo do protofilamento. Considerando que a cinesina tem dois do-
mínios que podem se ligar à β-tubulina, ela provavelmente mantém um domínio
ancorado enquanto lança o outro domínio para a próxima β-tubulina – como uma
pessoa que percorre um caminho pavimentado, saltando de pedra em pedra.
E. Os dados da Figura Q16-3B não contêm informação sobre o número de molé-
culas de ATP hidrolisadas. Outros experimentos realizados por esses mesmos
pesquisadores sugerem que a hidrólise de um ATP não provoca múltiplos pas-
sos. Ao diminuir as concentrações de ATP para retardar o movimento sobre o
microtúbulos, os pesquisadores mostraram o mesmo tipo de padrão de movi-
mento ilustrado na Figura Q16-3B, embora em uma escala de tempo mais longa.
Se a hidrólise de um único ATP pudesse causar vários passos, seria esperado um
agrupamento de passos nestas condições experimentais. Nenhum desses experi-
mentos exclui a possibilidade de necessidade de hidrólise de mais de uma molé-
cula de ATP para cada passo.
Referência: Svoboda K, Schmidt CF, Schnapp BJ & Block SM (1993) Direct ob-
servation of kinesin stepping by optical trapping interferometry. Nature 365,
721–727.

16-10 A mitocôndria é cerca de 12 vezes mais rápida. Ela se move a 106 comprimentos
corporais por dia. O nadador se move a 100 comprimentos corporais/1,75 min,
ou seja, 8,2 × 104 comprimentos de corpo por dia.

16-11 A cofilina liga-se preferencialmente à actina-ADP. Quando a cofilina se liga a fi-


lamentos de actina contendo ADP, ela introduz tensão no filamento pela torção
desse filamento, o que torna o filamento mais fácil de ser quebrado e torna mais
fácil a dissociação das subunidades actina-ADP. Visto que a polimerização é mais
rápida do que a hidrólise de ATP, as subunidades recentemente adicionadas são
resistentes à despolimerização por cofilina. Assim, a cofilina dissocia de maneira
eficiente os filamentos mais velhos na célula, pois eles contêm mais subunidades
de actina-ADP.

16-12 As unidades fundamentais – as subunidades solúveis – dos três tipos de fila-


mentos são a base para as suas diferenças de polaridade. As unidades funda-
mentais para os filamentos de actina (um monômero de actina) e para os mi-
crotúbulos (ab-tubulina) apresentam polaridade – têm extremidades distintas
– e, assim, formam um polímero com extremidades diferentes quando estão
ligados. Por outro lado, a unidade fundamental dos filamentos intermediários
é um tetrâmero simétrico com extremidades idênticas. Assim, quando essas
subunidades estão ligadas entre si, as extremidades do filamento resultante
também são idênticas.

16-13 O movimento unidirecional de um lamelipódio é resultado da nucleação e do cres-


cimento dos filamentos de actina na borda anterior da célula e da despolimerização
48   Respostas das questões da obra Biologia molecular da célula, 6.ed.

da rede de actina antiga mais distal. A cofilina desempenha um papel fundamental


na diferenciação entre os filamentos de actina novos e os antigos. Visto que a cofili-
na se liga cooperativa e preferencialmente a filamentos de actina contendo ADP, os
filamentos mais recentes na borda anterior, que contém actina-ATP, são resistentes
à despolimerização mediada por cofilina. Conforme os filamentos envelhecem e
a hidrólise de ATP prossegue, a cofilina pode, de maneira eficiente, dissociar os fi-
lamentos mais velhos. Assim, a hidrólise de ATP é a base para um mecanismo que
mantém um processo de rolamento unidirecional e eficiente no lamelipódio.

CAPÍTULO 17

17-1 Falso. Embora um número de células equivalentes em um ser humano adulto


seja substituído a cada três anos, nem todas as células são substituídas na mesma
taxa. As células do sangue e células que revestem o intestino são substituídas a
uma taxa elevada, enquanto as células na maioria dos órgãos são substituídas
mais lentamente, e neurônios são raramente substituídos.

17-2 Verdadeiro. Se o comprimento do ciclo celular fosse mais curto do que é preciso
para a célula dobrar de tamanho, a célula ficaria progressivamente menor com
cada divisão; se fosse mais longo, as células ficariam cada vez maiores.

17-3 Verdadeiro. O complexo de reconhecimento da origem tem função de organi-


zação estrutural na origem da replicação em células eucarióticas, em torno das
quais outras proteínas são agrupadas e ativadas para iniciar a replicação de DNA.

17-4 Falso. Forças iguais e opostas que puxam os cromossomos em direção aos dois po-
los do fuso tenderiam a posicioná-los em localizações aleatórias entre os polos. A
força em direção aos polos em cada cromossomo se opõe por uma força de ejeção
polar que empurra a partir do cromossomo para fora dos polos. A força de ejeção
é mediada por motores de cinesinas controlados por extremidades mais (1) nos
braços de cromossomos que interagem com microtúbulos interpolares e transpor-
tam os cromossomos para longe dos polos do fuso. Esse equilíbrio de forças tende
a posicionar os cromossomos no ponto médio entre polos à placa metafásica.

17-5 Falso. No início da meiose, cada célula diploide contém dois conjuntos de ho-
mólogos: um da mãe e outro do pai. Durante a meiose, esses dois conjuntos de
homólogos são variados aleatoriamente para que os espermatozóides e óvulos
tenham um conjunto de homólogos, mas cada um deles vai ser uma mistura de
homólogos paternos e maternos.

17-6 Falso. A senescência (envelhecimento) do organismo é distinta da senescência


de células replicativas, que ocorre na ausência da telomerase. Acredita-se que o
envelhecimento dependa em grande parte do dano oxidativo progressivo a ma-
cromoléculas. Estratégias para reduzir o metabolismo, por exemplo, restrição ca-
lórica, diminuem a produção de espécies reativas de oxigênio, e pode estender o
tempo de vida dos animais em experimentos.

17-7 As enzimas, na maioria das reações metabólicas, funcionam isoladamente; isto


é, a sua competência enzimática não depende de interações críticas com outras
proteínas. Assim, desde que a enzima se enovele adequadamente e a sua peque-
na molécula substrato esteja presente, a reação prosseguirá. Por outro lado, as
proteínas do ciclo celular devem interagir com muitas outras proteínas para for-
mar os complexos que são críticos para a progressão coordenada do ciclo celu-
lar. A capacidade de várias proteínas do ciclo celular humano de interagir com
componentes de levedura implica que as superfícies de ligação responsáveis por
Respostas das questões da obra Biologia molecular da célula, 6.ed.   49

essas interações foram preservadas através de mais de um bilhão de anos de evo- (A)
lução. Isso é notável. G1

Número de células
17-8
A. As relações entre a fluorescência e a posição de células no ciclo celular estão indi- G2 + M
cadas na Figura R17-1A. Como a Hoechst 33342 liga-se ao DNA, a fluorescência S
celular é proporcional ao conteúdo de DNA. O pico com a menor fluorescência
corresponde a células em G1, que são diploides. O pico com a maior fluorescên-
0 1 2
cia corresponde a células em G2 e M, que tenham terminado a replicação e são
(B)
tetraploides (e, portanto, têm o dobro da fluorescência das células G1). As células
na fase S, que estão replicando seu DNA, estão entre diploides e tetraploides e,

Número de células
portanto, têm níveis intermediários de fluorescência.
B. As distribuições de fluorescência para células tratadas com agentes que blo-
queiam o ciclo celular em G1, as fases S e M são mostradas na Figura R17-1B, C,
e D. As células bloqueadas tanto em G1 ou em M formam distribuições concen-
tradas porque todos as células têm a mesma quantidade de DNA (diploide para
G1 e para tetraploide para M). As células tratadas com um inibidor que bloqueia
0 1 2
em fase S dá origem a uma distribuição bifásica. As células que se encontravam
em fase S no momento em que o inibidor foi adicionado, mostraram uma dis- (C)

tribuição ampla porque as células são distribuídas através de todas as fases de

Número de células
replicação. As células que estavam em outras fases do ciclo celular, no entanto,
acumularam-se no início da fase S, gerando um pico individual com um teor de
DNA muito próximo daquele de células G1.

17-9 Coesinas devem estar presentes durante a fase S somente enquanto o DNA está
sendo replicado para que cromátides-irmãs possam ser identificadas de maneira
0 1 2
confiável pela maquinaria celular que os une. Uma vez que as cromátides-irmãs
(D)
estejam separadas, é impossível para uma proteína não específica de ligação a
DNA, como a coesina, identificar quais cromossomos são irmãos. E seria prati-
camente impossível para qualquer proteína distinguir cromátides-irmãs de cro- Número de células
mossomos homólogos. Se cromátides-irmãs não forem mantidas ligadas após a
sua formação, elas podem não ser precisamente segregadas para duas células-
-filhas durante a mitose.
Referência: Uhlmann F & Nasmyth K (1998) Cohesion between sister chromatids
must be established during DNA replication. Curr. Biol. 8, 1095–1101. 0 1 2
Fluorescência relativa por célula

17-10 A dose de cafeína necessária para interferir com o mecanismo do ponto de verifi- Figura R17-1  Relações entre fluores-
cação da replicação do DNA é muito maior do que o montante absorvido mesmo cência e ciclo celular. 
(A) Distribuição de células fluorescentes
para os bebedores mais excessivos de cafés e colas. A concentração de cafeína em
entre as fases do ciclo celular para uma
uma xícara de café é de cerca de 3,4 mM. população normal de células em divisão.
(B) Uma população de células bloqueadas
em G1.
(C) Uma população de células bloqueadas
em S.
(D) Uma população de células bloqueadas
em M.
Uma vez que a concentração em uma xícara é menor do que os 10 mM neces-
sários para interferir no mecanismo do ponto de verificação de replicação do
DNA, você não pode obter uma maior concentração bebendo-a e diluindo-a no
volume de água do corpo. Se você assumir, para efeitos de cálculo, que a cafeína
não é metabolizada ou excretada (mas que todo o líquido é), então você pode
perguntar quantas xícaras de café que você precisaria beber (a 100 mg de cafeína
por copo) para atingir uma concentração de 10 mM em 40 L de água do corpo. A
resposta é: você precisaria beber 784 xícaras de café!

17-11 Há 46 cromossomos humanos, cada um com dois cinetocoros, um para cada


cromátide-irmã; assim, há 92 cinetocoros em uma célula humana em mitose.
50   Respostas das questões da obra Biologia molecular da célula, 6.ed.

17-12 Prófase (Figura Q17-2E), prometáfase (Figura Q17-2D), metáfase (Figura Q17-
-2C), anáfase (Figura Q17-2A), telófase (Figura Q17-2F) e citocinese (Figura Q17-
-2B).

17-13 A alta frequência de trissomia não significa que os cromossomos sejam difíceis
de serem segregados. Para uma criança apresentar uma trissomia, duas condi-
ções devem ser atendidas. Em primeiro lugar, os cromossomos devem sofrer não
disjunção durante a meiose. Em segundo lugar, o complemento do cromossomo
do óvulo fertilizado tem que ser suficiente para permitir o desenvolvimento em-
brionário. A síndrome de Down, que ocorre em uma frequência de 1 indivíduo
afetado por 700 nascidos vivos, e a síndrome de Edwards, que ocorre com uma
frequência de 1 por 3 mil nascidos vivos, são as trissomias autossômicas mais
comuns que satisfazem ambas as condições. A trissomia mais comum envolve
o cromossomo 16, que ocorre em mais do que 1% das gestações, mas não é
compatível com um desenvolvimento normal.

17-14 Uma vez que a variedade de homólogos é uma escolha binária para cada cromos-
somo, o número de combinações possíveis é 223, que é 8,4 × 106. Se na recombina-
ção foram permitidas quaisquer posições possíveis entre homólogos, como é, na
realidade, o número de combinações possíveis aumentaria imensamente.

CAPÍTULO 18
18-1 Verdadeiro. Tecidos de adultos são mantidos em tamanho constante, desse modo
deve haver um balanço entre morte e divisão celular. Se não fosse assim, o tecido
iria crescer ou encolher.

18-2 Verdadeiro. O citocromo c medeia sinais da apoptose dentro de células de ma-


mífero – a via intrínseca da apoptose. Isso tem se confirmado diretamente pela
geração de fibroblastos de embriões de camundongos (MEFs) deficientes em
citocromo c por meio de genética reversa. Embora camundongos nocaute de
genes do citocromo c morram aproximadamente na metade da gestação devido
a problemas com função mitocondrial, fibroblastos vindos desses embriões po-
dem ser cultivados sob condições especiais e testados para sensibilidade a vários
sinais apoptóticos. Eles são resistentes a uma variedade de agentes que induzem
a via intrínseca da apoptose.
Referência: Li K, Li Y, Shelton JM, Richardson JA, Spencer E, Chen ZJ, Wang X
& Williams RS (2000) Cytochrome c deficiency causes embryonic lethality and
attenuates stress-induced apoptosis. Cell 101, 389–399.

18-3 A superexpressão de uma proteína secretada que se liga ao ligante Fas poderia
proteger células tumorais do ataque de linfócitos matadores. Por meio da liga-
ção ao ligante Fas na superfície de linfócitos matadores, a proteína secretada
impediria o ligante Fas de se ligar ao receptor de morte Fas na superfície de
células tumorais, isolando-o assim de interações de indução de morte com lin-
fócitos matadores. As proteínas secretadas que ligam ao ligante Fas são comu-
mente conhecidas como receptores de engodo. Elas desempenham um papel
normal na modulação da morte induzida pelas interações entre ligante Fas e
Fas. Quando células tumorais produzem demasiadamente tais receptores de
engodo, elas subvertem seu mecanismo normal em uma defesa contra morte
celular mediada por Fas.
Referência: Pitti RM, Marsters SA, Lawrence DA, Roy M, Kischkel FC, Dowd P,
Huang A, Donahue CJ, Sherwood SW, Baldwin DT, Godowski PJ, Wood WI, Gur-
ney AL, Hillan KJ, Cohen RL, Goddard AD, Botstein D & Ashkenazi A (1998) Ge-
nomic amplification of a decoy receptor for Fas ligand in lung and colon cancer.
Nature 396, 699–703.
Respostas das questões da obra Biologia molecular da célula, 6.ed.   51

18-4 Surpreendentemente, o citocromo c não parece ser necessário para a apoptose


em C. elegans. No entanto, mesmo se fosse requerido, mutantes de C. elegans de-
feituosos para o citocromo c não teriam sido isolados porque não seriam viáveis.
O citocromo c é um componente essencial da cadeia transportadora de elétrons
na mitocôndria. Sem ele, não seria possível a produção de ATP por fosforilação
oxidativa, e tal organismo mutante não poderia sobreviver.
Referência: Ellis HM & Horvitz HR (1986) Genetic control of programmed cell
death in the nematode C. elegans. Cell 44, 817–829.

18-5 Após microinjeção de citocromo c, ambos os tipos celulares entram em apoptose.


A presença do citocromo c no citosol é um sinal para a montagem dos apoptosso-
mos e eventos posteriores que levam à apoptose. As células que são defeituosas
para Bax e Bak não podem liberar citocromo c da mitocôndria em resposta a si-
nais a montante (upstream), mas não há defeito na parte a jusante (downstream)
da via que é disparada por citocromo c no citosol. Assim, a microinjeção sobre-
põe os defeitos nas células duplamente deficientes, disparando a apoptose.
Referência: Wei MC, Zong W-X, Cheng EH-Y, Lindsten T, Panoutsakopoulou V,
Ross AJ, Roth KA, MacGregor GR, Thompson CB & Korsmeyer SJ (2001) Proapop-
totic BAX and BAK: a requisite gateway to mitochondrial dysfunction and death.
Science 292, 727–730.

-/-
18-6 A retenção de células dos tecidos interdigitais de camundongos Apaf1 indi-
ca que Apaf1 é essencial para a apoptose dessas células, presumivelmente em
conjunto com citocromo c. A ausência de células interdigitais em camundongos
-/-
Casp9 indica que caspase-9 não é necessária para a apoptose de células de teci-
dos interdigitais. Essas observações sugerem que Apaf1 poderia ativar uma cas-
pase diferente nessas células além ou invés da caspase-9.
Referência: Earnshaw WC, Martins LM & Kaufmann SH (1999) Mammalian
caspases: structure, activation, substrates, and functions during apoptosis. Annu.
Rev. Biochem. 68, 383–424.

18-7 As duas células na Figura Q18-2 liberaram citocromo-c-GFP de todas as suas


mitocôndrias dentro de poucos minutos: em 6 minutos para a célula na Figura
Q18-2A e em 8 minutos para a célula na Figura 18-2B. O tempo após a exposição
da luz UV na qual a liberação ocorreu variou drasticamente para as duas células:
após 10 horas para a célula na Figura Q18-2A e após 17 horas para a célula na
Figura Q18-2B. Essas observações indicam que células individuais liberam cito-
cromo c de todas as suas mitocôndrias rapidamente, mas essa liberação é dispa-
rada em diferentes células em tempos amplamente variados após a exposição
aos níveis de luz UV necessários para induzir apoptose.
Referência: Goldstein JC, Waterhouse NJ, Juin P, Evan GI & Green DR (2000) The
coordinate release of cytochrome c during apoptosis is rapid, complete and ki-
netically invariant. Nat. Cell Biol. 2, 156–162.

18-8
A. Seria esperado que um oitavo dos complexos Fas-ligante Fas nos linfócitos de um
indivíduo com SLPA fosse composto inteiramente por subunidades Fas normais.
Uma vez que metade das proteínas Fas nos linfócitos é normal e existem três su-
bunidades Fas por complexo, a probabilidade de três subunidades Fas normais
3
estarem juntas em um complexo é ( ) .
B. Em um indivíduo heterozigoto para uma mutação que elimina a expressão de
Fas, toda a proteína Fas expressa seria normal; assim, 100% dos complexos Fas-
-ligantes Fas seria composto inteiramente por subunidades Fas normais. O nú-
mero total de moléculas Fas, no entanto, seria metade do número presente em
um indivíduo com dois genes normais para Fas.
52   Respostas das questões da obra Biologia molecular da célula, 6.ed.

C. Mutações Fas associadas com SLPA são dominantes porque reduzem o número
de complexos normais de Fas-ligantes Fas por um fator de oito em heterozigotos.
As mutações que eliminam a expressão de Fas são recessivas porque reduzem o
número de complexos Fas-ligantes Fas por apenas um fator de dois.
Referência: Siegel RM, Chan FK-M, Chun HJ & Lenardo MJ (2000) The multifac-
eted role of Fas signaling in immune cell homeostasis and autoimmunity. Nat.
Immunol. 1, 469–474.

CAPÍTULO 19
19-1 Falso. Embora as células possam ser facilmente dissociadas pela remoção do Ca21
do meio externo, é pouco provável que a adesão célula-célula dependente de Ca21
seja regulada por alterações na concentração de Ca21 do ambiente. As células não
possuem uma forma de controlar a concentração de Ca21 do seu ambiente.

19-2 Verdadeiro. As barreiras formadas pelas proteínas das junções compactas restrin-
gem o fluxo de moléculas entre as células e a difusão das proteínas (e lipídeos) da
porção apical até a porção basolateral e vice-versa.

19-3 Falso. A elasticidade das fibras de elastina deve-se à ausência de estrutura secun-
dária. A elastina forma torções aleatórias que são facilmente esticadas. A série de
ligações de hidrogênio que estabiliza uma α-hélice é muito forte, no agregado,
para que seja rompida pelos tipos de foças que deformam a elastina.

19-4 Verdadeiro. A tensão, um sinal mecânico, aplicada a uma integrina, faz ela se pren-
der ainda mais às estruturas extra e intracelulares, incluindo não somente o citoes-
queleto e os componentes da matriz, mas também complexos de sinalização mole-
cular intracelulares. Igualmente, a perda da tensão pode afrouxar a ligação de modo
que complexos de sinalização moleculares se separem dos dois lados da membrana.
Portanto, a tensão sobre a integrina pode ativar ou inibir a sinalização molecular.

19-5 Essa citação está correta no geral, mas incorreta nos detalhes. Warren Lewis estava
tentando chamar a atenção para a importância das propriedades de adesão das cé-
lulas nos tecidos em uma época em que o problema era absolutamente ignorado pe-
los biólogos. A citação está incorreta porque grande parte do nosso corpo é formada
por tecido conectivo, como os ossos e tendões, cuja integridade depende da própria
matriz e não das células ali localizadas. Não é fácil dissociar as células de um tecido,
como qualquer um pode perceber quando come um pedaço de carne dura.

19-6 Anticorpos IgG contém dois sítios de ligação idênticos, portanto são capazes de
ligar duas moléculas que eles reconhecem de forma cruzada (esse é o princípio bá-
sico da imunoprecipitação). Se anticorpos inteiros forem usados para bloquear a
agregação, eles podem estabelecer ligações cruzadas entre as células, e não inibir a
agregação. Por outro lado, fragmentos Fab monovalentes não podem realizar liga-
ções cruzadas entre as células. Eles se ligam às moléculas de adesão, impedindo-as
de se ligarem às suas parceiras, prevenindo a agregação celular (Figura R19-1).

TRIPSINA, LAVAR,
EDTA ADICIONAR Fab

Figura R19-1.  Os fragmentos dos anti-


corpos Fab boqueiam a adesão celular.
Respostas das questões da obra Biologia molecular da célula, 6.ed.   53

Referência: Beug H, Katz, FE & Gerisch G (1973) Dynamics of antigenic mem-


brane sites relating to cell aggregation in Dictyostelium discoideum. J. Cell. Biol.
56, 647-658.

19-7
A. Mesmo que toda a claudina-4 tenha desaparecido, as células ainda expressam
a claudina-1, que não é afetada pela toxina. Usando anticorpos específicos para
a claudina-1, os autores mostraram que essa proteína permaneceu intacta nos
locais das junções compactas na presença da toxina.
B. Como as junções compactas impedem a penetração das moléculas, a toxina
terá acesso somente a um lado da junção. Essa incapacidade de atuar na porção
apical sugere que os sítios de ligação da molécula de claudina-4 estão acessíveis
somente na porção basolateral. Se a toxina se liga a monômeros, como sugerido
anteriormente, então pode ser que os monômeros sejam levados para o domí-
nio basolateral da membrana e, portanto, acessíveis somente naquele local da
camada epitelial. Alternativamente, se todas as fitas das moléculas de claudina
estiverem orientadas na mesma direção, isto é, com suas superfícies “superiores”
voltadas para o lado apical e suas superfícies “anteriores” voltadas para a porção
basolateral, como esperado pelo princípio da simetria, então o sítio de ligação da
toxina na superfície inferior estará acessível somente pelo lado basolateral.
Referência: Sonoda N, Furuse M, Sasaki H, Yonemura S. Katahira J, Horiguchi Y
& Tsukita S (1999) Clostridium perfringens enterotoxina fragment removes speci-
fic claudins from tight junction strands: evidence for direct involvement of clau-
dins in tight junction barrier. J. Cell. Biol. 147, 194-204.

19-8 Camundongos homozigotos nocaute do gene do nidogênio-1 ou do nidogênio-2


provavelmente não possuem o fenótipo porque as duas formas do nidogênio po-
dem substituir uma a outra. Camundongos homozigotos para a forma mutante
da laminina γ-1, que não se liga ao nidogênio, possuem um fenótipo mais grave
do que com qualquer um dos nocautes dos genes do nidogênio porque a muta-
ção elimina a capacidade dos dois nidogênios se ligarem à laminina. Assim, esses
camundongos não formam uma lâmina basal adequada e morrem ao nascer com
graves defeitos renais e nos pulmões. Se essa explicação estiver correta em relação
às observações genéticas, então você poderá prever que camundongos homozi-
gotos para os nocautes dos dois genes dos nidogênios apresentarão um fenótipo
extremamente grave quando comparado com o mutante da laminina γ-1. Esses
camundongos já foram produzidos e realmente apresentaram fenótipos graves.
Referência: Sasaki T, Fassler R & Hohenester E (2004) Laminina: the crux of the
basement membrane assembly. J. Cell. Biol. 164, 959-963.

19-9 Essa afirmação engloba nosso crescente reconhecimento das diversas funções
desempenhadas pela lâmina basal. Embora ela forneça um suporte estrutural
para as células que se apoiam sobre ela, a estabilidade mecânica é somente uma
das várias funções desempenhadas pela lâmina basal. Por exemplo, durante a
regeneração dos músculos ou neurônios motores, a junção neuromuscular é res-
tabelecida baseada na informação contida na lâmina basal. Moléculas especiais
presas na lâmina basal, como mensagens em um quadro de avisos, marcam o
local das junções e permitem que elas sejam reconstituídas com exatidão. Muitas
evidências indicam que processos similares ocorrem durante o desenvolvimento
original dos músculos e das junções neuromusculares.
Referência: Sanes JR (2003) The basement membrane/basal lamina of skeletal
muscle. J. Biol. Chem. 278, 12601-12604.

9-10 O alto nível de ativação quando a alanina foi substituída por D723 na cadeia β,
1
ou por R995 na cadeia α, indica que aqueles resíduos são, de alguma forma, im-
54   Respostas das questões da obra Biologia molecular da célula, 6.ed.

portantes para manter as integrinas αIIbβ3 em um estado inativo. O experimento


de “troca de carga”, que mostrou que a D723R pareada com R995D era tão inativa
quanto a forma selvagem, sugere que esses dois resíduos formam uma atração
eletrostática, uma ponte salina, que auxilia a manter a integrina αIIbβ3 na sua con-
figuração inativa. Depreende-se disso que a sinalização de dentro para fora, pro-
vavelmente é desencadeada pela quebra dessa ponte salina.
Referência: Hughes PE, Diaz-Gonzalez F, Leong L, Wu C, McDonald JA, Shattil
SJ & Ginsberg MH (1996). Breaking the integrin hinge: A defined structural con-
straint regulates integrin signaling. J. Biol. Chem. 271, 6571-6574.

1
9-11 A alta densidade de cargas negativas nos componentes polissacarídicos dos
proteoglicanos faz as cadeias de açúcares serem estendidas, ocupando um gran-
de volume. As cargas negativas nos proteoglicanos aprisionam uma quantidade
equivalente de cátions para manter a neutralidade elétrica. As forças eletrostá-
ticas restringem estas cargas, tanto as cargas negativas fixas dos polissacarídeos
quanto os cátions móveis, ao volume ocupado pelo proteoglicano. A concentra-
ção das partículas no volume do proteoglicano é maior do que na solução circun-
dante, portanto a água flui para o interior na tentativa de equilibrar as concentra-
ções do interior e do exterior. Assim, os proteoglicanos aprisionam a água para
formar um gel hidratado, extraindo moléculas de água por osmose. Na ausência
de cargas negativas, as cadeias de açúcar irão ruir em fibras ou grânulos, alteran-
do drasticamente as propriedades da matriz extracelular.

19-12 Como a racemização do l-aspartato para d-aspartato ocorre lentamente, as


proteínas de rápida renovação terão baixos níveis de d-aspartato – se é que terão
algum. As proteínas que são degradadas e substituídas mais lentamente devem
conter alto percentual de d-aspartato, com o nível absoluto dependendo da sua
taxa de renovação. O que torna extraordinária as observações sobre a elastina é o
modo como os níveis de d-aspartato dependem da idade. Essas observações têm
sido interpretadas como um indicativo de que nosso suprimento de elastina para
toda a vida é produzido muito cedo e nunca degradado. Além disso, estudos com
seres humanos que usaram inadvertidamente marcação metabólica com 14C devi-
do aos testes atmosféricos de armas nucleares, levou à conclusão de que a síntese
da elastina ocorre quase exclusivamente na vida fetal e no período pós-natal do
desenvolvimento. Experimentos com camundongos comprovaram essa teoria.
Referência: Shapiro SD, Endicott SK, Province MA, Pierce JA & Campbell EJ
(1991) Marked longevity of human lung parenchymal elastic fibers deduced from
prevalence of D-aspartate and nuclear weapons-related radiocarbon. J. Clin. In-
vest. 87, 1828-1834.

19-13 Se você mergulhar uma alface em água da torneira, ela absorverá a água por os-
mose e ficará tenra. Se você mergulhar a alface em água salgada ou em água com
açúcar sofrerá um efeito contrário, a água sairá da alface ficando ainda mais mur-
cha. A alface de um dia já passou do ponto no qual a fotossíntese poderia auxiliar
e a luz irá secá-la ainda mais.

19-14 A 0,1 MPa, a condutividade hidráulica de um único canal de aquaporina é de


4,4 × 10–23 m3/s ([4,4 × 10–22 m3/s Mpa] × 0,1 Mpa = 4,4 × 10–23 m3/s). Portanto, a
questão passa a ser quantas moléculas de água estão presentes em 4,4 × 10-23 m3.
Há 3,33 × 1028 moléculas de água/m3 ([55,5 mols/L] [103 L/m3] [6 × 1023 moléculas
de água/ mol]). Portanto, 1,5 × 106 moléculas de água flui, em um canal de água,
a cada segundo com 1 atmosfera de pressão ([4,4 × 10–23 m3/s] [3,33 × 1028 molé-
culas de água/m3]).
Referência: Tyerman Sd, Bohnert HJ, Maurel C, Steudle S & Smith JAC (1999)
plant aquaporins: their molecular biology, biophysics and significance for plant
water relations. J. Exp. Bot. 50, 1055-1071.
Respostas das questões da obra Biologia molecular da célula, 6.ed.   55

CAPÍTULO 20
20-1 Falso. Não é que DMBA seja um mutagênico específico, mas sim o gene Ras que
é convertido em sua forma ativada, gerando um câncer por uma alteração parti-
cular de A para T que leva a uma mudança específica de aminoácido. O DMBA
gera mutações ao longo do genoma, mas apenas aquelas no local específico do
gene Ras dão origem a células que possuem propriedades cancerosas e, assim,
são identificadas no ensaio.

20-2 Verdadeiro. Esse é o motivo pelo qual oncogenes mutados superativos tendem
a conduzir ao crescimento celular e à proliferação, e porque a perda de genes
supressores de tumor remove paradas reguladoras nessas vias, o que também
promove o crescimento celular e a proliferação.

20-3 Verdadeiro. Muitos cânceres aparentam ser mantidos por uma pequena popula-
ção de células-tronco. Normalmente, essas células se dividem mais lentamente
do que células da massa tumoral, e elas são menos sensíveis aos tratamentos que
atingem células em rápida divisão. Caso as células-tronco não sejam mortas, o
câncer provavelmente retornará.

20-4 Falso. Embora seja comum se pensar dessa forma, existem poucas evidências
para apoiar essa ideia, com exceção de casos bem específicos, como os da 2-naf-
tilamina e do amianto.

20-5 A principal diferença nas incidências de câncer de cólon e osteossarcomas é o


tamanho da população de células sob risco de desenvolver doença. O câncer de
cólon surge de uma população de células em proliferação no cólon, que estão
presentes praticamente na mesma quantidade ao longo da vida. Essa população
acumula mutações ao longo do tempo, dando origem ao aumento dependen-
te da idade na incidência desse câncer. Por outro lado, as células sob risco de
desenvolverem um osteossarcoma estão presentes em um número muito maior
durante a adolescência, quando a proliferação celular é necessária para aumen-
tar o tamanho dos ossos, do que quando são crianças ou adultos. É nessa grande
população em proliferação que é mais provável ocorrer uma linhagem anormal
de células cancerosas. Nesse caso, é o número de células sob risco que é o fator
determinante mais importante para a frequência do câncer.
Referência: Knudson AG (2001) Two genetic hits (more or less) to cancer. Nat.
Rev. Cancer 1, 157-162.

20-6 O desenvolvimento da maioria dos cânceres necessita uma acumulação gradual


de mutações em alguns genes diferentes. Na presença contínua de fumaça de
cigarro, essas mutações evidentemente acumulam-se a uma taxa elevada (maior
do que na ausência do cigarro). Ao parar de fumar, um indivíduo retoma a taxa
lenta normal de acumulação de mutações. Assim, quaisquer que sejam as muta-
ções que continuem a ser geradas em um fumante que parou, elas são geradas a
uma taxa mais lenta do que em um fumante contínuo. A taxa lenta de acumula-
ção de mutações se traduz em um baixo risco cumulativo.
Referência: Peto R, Darby S, Deo H, Silcocks P, Whitley E & Doll R (2000) Smok-
ing, smoking cessation, and lung cancer in the UK since 1950: com- bination of
national statistics with two case-control studies. Br. Med. J. 321, 323–329.

20-7
A. A observação principal a respeito desses rearranjos múltiplos localizados é que
eles geram um número de cópias de 0 ou 1. Como pode ser visto por análise do
cromossomo rearranjado no modelo de rearranjo progressivo, segmentos dife-
rentes estão presentes em 0 cópias (I), 1 cópia (A, E, G, H, J), 2 cópias (B, D, F) e 3
56   Respostas das questões da obra Biologia molecular da célula, 6.ed.

Figura R20-1  Variação do número de Modelo de rearranjo progressivo


cópias associada aos cromossomos
A B C B C D E F C D J
H G F
rearranjados gerados por rearranjo
progressivo ou por catástrofe cromos-

Número de cópias
sômica. 3

1
0
A B C D E F G H I J

Modelo de catástrofe cromossômica

I F C B D H

Número de cópias
3

1
0
A B C D E F G H I J

cópias (C) (Figura R20-1). Por outro lado, no modelo de catástrofe cromôssica,
os segmentos estão presentes em 0 cópias (A, E, G, J) ou em 1 cópia (B, C, D,
F, H, I) (Figura R20-1). Simulações computacionais indicam que é praticamente
impossível para uma sequência de rearranjos produzir um cromossomo no qual
cada segmento está presente uma vez ou nenhuma vez.
B. Os autores do artigo sugerem duas explicações possíveis para como tais cro-
mossomos quebrados podem surgir. Uma possibilidade é a radiação ionizante,
a qual normalmente gera quebras na fita dupla. Um pulso de radiação ionizan-
te passando através de um cromossomo mitótico condensado poderia quebrá-
-lo em múltiplos lugares próximos, dando origem a terminações que podem ser
reunidas de forma aleatória. Uma segunda possibilidade é que o dano seja de-
sencadeado pela fusão de dois cromossomos que perderam suas telomerases.
Quando os dois centrômeros de tais cromossomos dicêntricos são puxados para
células-filhas opostas durante a anáfase, eles formam um elemento chamado de
ponte de anáfase. Não está claro como essas pontes são resolvidas, porém elas
aparentam induzir a formação de micronúcleos contendo DNA fragmentado nas
células-filhas. Essa fragmentação pode contribuir para os rearranjos cromossô-
micos múltiplos localizados que observamos. Precisaremos aguardar por novos
experimentos para sabermos qual (se alguma) das duas explicações é a correta.
C. Esses rearranjos certamente possuem a capacidade de serem eventos conduto-
res. Rearranjos podem inativar uma cópia de um gene supressor de tumor por
meio de deleção completa ou parcial, ou ainda dividindo-a em dois pedaços. De
forma semelhante, rearranjos podem ativar um oncogene acrescentando na sua
proximidade um promotor mais ativo ou fusionando-o com outro gene para ge-
rar uma proteína híbrida com propriedades oncogênicas. Exemplos desses dois
tipos de eventos foram encontrados ao longo de conjuntos de cânceres examina-
dos pelos autores do trabalho.
Referência: Stephens PJ, Greenman CD, Fu B et al. (2011) Massive genomic re-
arrangement acquired in a single catastrophic event during cancer development.
Cell 144, 27–40.

20-8 Os pró-mielócitos da LPA são bloqueados em uma fase intermediária no seu de-
senvolvimento, em um ponto onde eles ainda se dividem e aumentam em nú-
mero. É esse aumento não verificado que causa problemas para o paciente com
câncer. Normalmente, tais células precursoras dividem-se apenas algumas pou-
cas vezes antes de se diferenciarem por completo em uma célula sanguínea que
não se divide. Por desencadear a diferenciação dos pró-mielócitos em neutrófilos
Respostas das questões da obra Biologia molecular da célula, 6.ed.   57

diferenciados, que não se dividem mais, o tratamento com ácido trans-retinoico


elimina o problema gerado pela proliferação não verificada.
A LPA surge como um dos poucos tipos de translocação que fusiona o gene
do receptor do ácido retinoico (RAR) no cromossomo 17 com um gene em um
outro cromossomo que gera uma proteína híbrida que interfere com o programa
normal de desenvolvimento. Ainda não está claro como a proteína fusionada blo-
queia o desenvolvimento, embora ela provavelmente faça isso interferindo com a
função normal do RAR. De algum modo, o tratamento com ácido trans-retinoico
permite que as células da LPA atravessem o bloqueio.
Referência: Warrell RP Jr, de Thé H, Wang Z-Y & Degos L (1993) Acute promye-
locytic leukemia. N. Engl. J. Med. 329, 177–189.

20-9 Os produtos de oncogenes são os únicos alvos viáveis para moléculas pequenas
desse tipo. O produto de um oncogene tem um efeito dominante de promoção do
crescimento na célula. Assim, caso o produto promotor de crescimento do onco-
gene tenha sido inibido, a célula deve retornar a um estado mais normal. Esse é o
racional para a busca por novos fármacos que inibem oncoproteínas.
Em contraste, os produtos de genes supressores de tumor não são alvos
para o desenvolvimento de fármacos anticâncer. Os genes supressores de tumor
causam o câncer por não gerarem seus produtos. Dessa forma, não há produto
anormal para ser inibido nas células cancerosas que surgem por mutação de ge-
nes supressores de tumor.

20-10 Indivíduos que são heterozigotos para mutações no gene Brca1 são suscetíveis
ao câncer de mama e ovário porque Brca1 é um importante supressor de tumor
nesses tecidos. A perda da cópia funcional remanescente do gene Brca1 – por
mutação, perda cromossômica ou silenciamento genético – conduz as células
afetadas para o fenótipo cancerígeno. Como consequência, as células cancero-
sas que surgem nesses tecidos não podem realizar recombinação homóloga pois
elas não possuem a Brca1. Em contraste, a cópia boa do gene que está presente
nas células normais dos pacientes produz Brca1 suficiente para tornar as célu-
las eficientes para recombinação homóloga. Assim, quando esses pacientes são
tratados com olaparibe, as células cancerosas morrem porque são incapazes de
fazer recombinação homóloga para reparar as quebras de fita dupla que surgem
com a inibição de PARP. As células normais dos pacientes, por outro lado, que
possuem a cópia boa do Brca1, reparam suas quebras muito bem.
Referência: Fong PC, Boss DS, Yap TA et al. (2009) Inhibition of poly(ADP- ri-
bose) polymerase in tumors from BRCA mutation carriers. N. Engl. J. Med. 361,
123–134.

20-11 Os cariótipos altamente rearranjados e suas similaridades de tumor para tumor


sugerem que as próprias células cancerosas sejam transmitidas de um diabo-
-da-tasmânia para outro. É extremamente improvável que um agente infeccioso,
como um vírus ou um microrganismo, possa induzir o mesmo conjunto de rear-
ranjos complexos em diferentes animais. Mais importante, a existência de uma
inversão do cromossomo 5 em um diabo-da-tasmânia, que não está presente
no cromossomo 5 de suas células tumorais, defende fortemente que os tumores
não são gerados das próprias células do animal. Parece que esse câncer surgiu de
uma linhagem nociva de células cancerosas, de um tumor de origem desconhe-
cida, que tem adquirido a capacidade para existência parasitária. Esse é um dos
apenas dois exemplos conhecidos de transmissão natural do câncer por células
tumorais, o outro é uma doença venérea em cães. Um caso especial de tal trans-
missão ocorre ocasionalmente durante o transplante de órgãos humanos. Porém
os requisitos para o transplante de órgãos – combinando tecido e supressão imu-
ne – destaca apenas o quão pouco comum é a transmissão natural. As células
cancerosas responsáveis por tumores faciais em diabos-da-tasmânia devem de
alguma forma invadir as defesas imunes do hospedeiro.
58   Respostas das questões da obra Biologia molecular da célula, 6.ed.

Referência: Pearse A-M & Swift K (2006) Allograft theory: Transmission of devil
facial-tumour disease. Nature 439, 549.

CAPÍTULO 21
21-1 Verdadeiro. Os mRNAs e proteínas maternas depositados no ovo são responsá-
veis pelas etapas iniciais do desenvolvimento, até que – em determinado mo-
mento no estágio de blástula – o mRNA e as proteínas maternas são degradados e
o genoma do embrião é ativado.

21-2 Falso. O plano corporal básico e os eixos estabelecidos em versão miniaturizada


durante a gastrulação são preservados na vida adulta, apesar dos complexos re-
arranjos de desenvolvimento que ocorrem durante esse processo.

21-3 Verdadeiro. Durante o estágio de blástula, as células têm potencial de dar origem
a todos, ou quase todos, os tipos celulares do organismo adulto; no entanto as
opções de desenvolvimento de cada célula são progressivamente restritas quan-
do se tornam comprometidas com uma das camadas germinativas, um órgão e
um tipo celular. A determinação das células tem início nas etapas iniciais do de-
senvolvimento e as opções de desenvolvimento se tornam mais restritas confor-
me a célula progride por uma série de etapas intermediárias, formando, por fim,
tipos celulares altamente especializados no organismo adulto. Embora alguns
tipos celulares no organismo adulto mantenham algum grau de pluripotência, a
sua gama de opções é geralmente pequena.

21-4 Verdadeiro. Um número pequeno de vias de sinalização altamente especializa-


das, incluindo as vias do fator de crescimento transformador  (TGF), receptor
de tirosina-cinase (RTK), Wnt, Hedgehog e Notch, controlam a maior parte dos
eventos indutores do desenvolvimento animal.

21-5 Falso. O DNA codificador dos genes envolvidos no desenvolvimento é bastante


conservado entre as espécies. São as alterações nas sequências reguladoras não
codificadoras que parecem ser mais importantes para as diferenças no proces-
so de desenvolvimento entre espécies. Os elementos de regulação determinam
quando, onde e com qual intensidade um gene é expresso; portanto, essas se-
quências podem alteram o funcionamento das redes de regulação dos genes e
alterar o resultado do desenvolvimento.

21-6 Falso. Embora existam exemplos de onde as células alteram seu estado de ma-
turação de modo dependente da divisão celular, esta não é uma regra geral. Por
exemplo, os neuroblastos no embrião de Drosophila em desenvolvimento man-
têm sua cronologia normal de desenvolvimento e diferenciação mesmo quando
as divisões celulares são interrompidas artificialmente. A maioria das células em
desenvolvimento é capaz de alterar sua condição sem requerer divisões celulares.

21-7
1. Proliferação celular, que dá origem a diversas células a partir de uma.
2. Interações célula-célula, que coordenam o comportamento de cada célula
com o de suas vizinhas.
3. Especialização celular, ou diferenciação, que dá origem a células com carac-
terísticas distintas em locais diferentes.
4. Movimento celular, que reorganiza as células formando tecidos organizados
e órgãos.
Respostas das questões da obra Biologia molecular da célula, 6.ed.   59

21-8 As três camadas germinativas são ectoderme, endoderme e mesoderme. A ectoder-


me dá origem à epiderme e ao sistema nervoso. A endoderme dá origem ao tubo
digestório, pulmões, pâncreas e fígado. A mesoderme dá origem a músculos, tecido
conectivo, sangue, rins e diversos outros componentes.

21-9 Nas etapas iniciais do embrião de Drosophila, uma série rápida de divisões nu-
cleares ocorre sem que ocorram divisões celulares, dando origem a um sincício
que contém diversos núcleos em um mesmo citoplasma. A organização inicial do
embrião de Drosophila ocorre nesse sincício através da difusão direta de regula-
dores da transcrição e de moléculas de mRNA.

21-10 Os padrões representados pelas bandeiras do Japão e França podem ser estabele-
cidos pelo gradiente de um simples morfógeno, enquanto o padrão da bandeira
da Noruega requer o gradiente de dois morfógenos.
O padrão da bandeira japonesa é compreendido facilmente. Se as células
no centro do círculo vermelho secretarem o morfógeno, sua concentração irá di-
minuir em um padrão circular conforme ele se difunde a partir da sua fonte. Cé-
lulas próximas à fonte, expostas à concentração acima de um determinado limiar,
se tornarão vermelhas; aquelas mais distantes, exposta à concentração abaixo do
limiar, permanecerão brancas. O padrão para a bandeira francesa pode ser gera-
do por um morfógeno secretado por uma faixa de células em uma das extremi-
dades da bandeira, onde a alta concentração de morfógeno dá origem às células
vermelhas, uma concentração intermediária dá origem às células brancas, e a
baixa concentração dá origem às células azuis. O padrão mais complexo da ban-
deira da Noruega pode ser estabelecido com o gradiente de dois morfógenos se-
cretados por faixas de células localizadas em ângulo reto entre si.
Padrões mais complexos podem ser gerados pela combinação de outros
morfógenos ou por morfógenos que interagem entre si. O famoso matemático
Alan Turing modela o comportamento que pode ser gerado pela interação de
dois morfógenos que interagem entre si, revelando como complexos padrões
biológicos relevantes podem ser gerados.
Referência: Kondo S & Miura T (2010) Reaction-diffusion model as a framework
for understanding biological pattern formation. Science 329, 1616–1620.

21-11 O comportamento das duas células precursoras revela que a interação entre elas
requer contato celular e que Lin12 é essencial para a comunicação entre as duas.
Na ausência de Lin12, a célula não recebe o sinal necessário para alterar seu des-
tino de uma célula AC para VU e permanece na forma AC. Para se tornar uma
célula VU, e célula requer um sinal que envolve Lin12, e, necessariamente o sinal
deve vir de uma célula AC. O mosaico genético fornece a evidência mais conclu-
siva: na ausência de Lin12, as células se tornam AC, e células com Lin12 hipera-
tiva se tornam VU. Se Lin12 fosse necessária como molécula de sinalização para
alterar o destino celular de AC para VU, as células sem Lin12 no mosaico genético
se tornariam VU, sendo capazes de receber o sinal, mas não de enviá-lo. Esses
experimentos não abordam o papel específico de Lin12, mas Lin12 compartilha
características estruturais com Notch, sugerindo que Lin12 é também um recep-
tor de superfície celular.
Em vermes do tipo selvagem, as duas células precursoras trocam sinais,
com pequenas diferenças iniciais na proporção entre sinal e receptores sendo
magnificadas até que a sinalização seja apenas unidirecional: da célula precurso-
ra que se tornará AC para a célula precursora que se tornará VU através do recep-
tor Lin12. Esse é um exemplo clássico de inibição lateral.
Referência: Seydoux G & Greenwald I (1989) Cell autonomy of lin-12 function in
a cell fate decision in C. elegans. Cell 57, 1237–1245.
60   Respostas das questões da obra Biologia molecular da célula, 6.ed.

21-12 Os resultados desses experimentos são consistentes com a substância morfoge-


nética ser o mRNA materno codificador de fosfatase alcalina. Espera-se que pu-
romicina, um inibidor da tradução, bloqueie a expressão, o que de fato ocorre.
Não se espera que actinomicina-D, um inibidor da transcrição, iniba a expressão,
e isso não ocorre. Uma vez que o tratamento com actinomicina-D teve resultado
negativo, o autor do estudo testou outros inibidores da transcrição: todos com o
mesmo resultado. Além disso, estes inibidores bloquearam a transcrição de ou-
tros genes. Os resultados com citocalasina B mostram que a expressão da fosfa-
tase alcalina foi programada para ocorrer de modo independente das divisões
celulares nas etapas iniciais do desenvolvimento do embrião.
Referência: Whittaker JR (1977) Segregation during cleavage of a factor determi-
ning endodermal alkaline phosphatase development in ascidian embryos. J. Exp.
Zool. 202, 139–153.

21-13 Essas observações indicam o papel dominante das sequências reguladoras


cis-atuantes na diversificação dos genes Hox. Como HoxA3 e HoxD3 podem subs-
tituir um ao outro, as duas proteínas Hox devem ser funcionalmente equivalen-
tes. No entanto, essa equivalência só se manifesta quando os genes se encontram
no mesmo contexto de sequências reguladoras. São as sequências reguladoras
cis-atuantes do lócus HoxA3 que permitem que o gene translocado HoxD3 seja
expresso em quantidades adequadas nas células adequadas para a organização
correta das estruturas da faringe. De modo similar, as sequências reguladoras
cis-atuantes do lócus HoxD3 permitem que o gene HoxA3 translocado estabeleça
o esqueleto axial normal. São essas mesmas sequências reguladoras que impedem
que os genes translocados HoxA3 e HoxD3 desempenhem suas funções “normais”.
Referência: Greer JM, Puetz J, Thomas K & Capecchi M (2000) Maintenance of
functional equivalence during paralogous Hox gene evolution. Nature 403, 661–665.

21-14 Espera-se que a remoção dos íntrons reduza o tempo de retardo, pois reduz o
tempo necessário para transcrição do gene, um dos componentes do tempo de
retardo da expressão de Hes7. Se o modelo for correto, espera-se que a remoção
dos íntrons reduza o retardo, acelerando o intervalo de oscilações da expressão
de Hes7. Se as demais variáveis forem mantidas constantes, as oscilações mais
rápidas darão origem a somitos com menor espaçamento.
Os resultados do experimento são ainda mais informativos. A remoção de
um íntron não tem muito efeito, provavelmente por não alterar o tempo de retardo
significativamente. A remoção de dois íntrons, no entanto, leva ao resultado espe-
rado: a formação de somitos ocorre de modo mais rápido que o normal, e os so-
mitos apresentam espaçamento menor. O camundongo apresenta mais vértebras
do que o normal! A remoção dos três íntrons interrompe a cronologia do processo,
pois as oscilações da expressão de Hes7 foram abolidas. Evidentemente, o tempo
de retardo deve estar entre limites específicos para que o sistema funcione.
Referência: Harima Y, Takashima Y, Ueda Y, Ohtsuka T & Kageyama R (2013)
Accelerating the tempo of the segmentation clock by reducing the number of in-
trons in the Hes7 gene. Cell Rep. 3, 1–7.

21-15 Na ausência de Delta, cada célula continua a oscilar devido à retroalimentação


negativa mediada por Her7 na sua própria transcrição e devido ao intervalo ine-
rente nos processos de transcrição e tradução. No entanto, as oscilações nas cé-
lulas adjacentes não são mais acopladas. Mesmo que iniciem no mesmo interva-
lo de tempo, conforme ilustrado pelos somitos inicialmente formados de modo
adequado (Figura Q21-2B), elas eventualmente se tornam fora de fase devido às
diferenças estocásticas aleatórias entre as células. Na presença de Delta, no en-
tanto, um padrão de via de sinalização recíproca é estabelecido entre as células
adjacentes, mantendo as células em sincronia (Figura Q21-2C). Na realidade,
esse diagrama relativamente simples (Figura Q21-2D) é difícil de ser analisado
Respostas das questões da obra Biologia molecular da célula, 6.ed.   61

de modo intuitivo, não sendo óbvio que o sistema atue para manter as células
adjacentes em oscilações sincronizadas. No entanto, o modelo matemático do
sistema é convincente.
Referência: Soza-Ried C, Öztürk E, Ish-Horowicz D & Lewis J (2014) Pulses of
Notch activation synchronise oscillating somite cells and entrain the zebrafish
segmentation clock. Development 141, 1780–1788.

21-16 Como a massa extra de tecido das asas é composta por células de aparência nor-
mal, Dpp deve estimular tanto a divisão celular, para aumentar o número de cé-
lulas, quanto o crescimento celular, para que as células extras tenham o tamanho
normal.
Referências: Edgar BA & Lehner CF (1996) Developmental control of cell cycle
regulators: a fly’s perspective. Science 274, 1646–1652.
Prober DA & Edgar BA (2001) Growth regulation by oncogenes–new insights from
model organisms. Curr. Opin. Genet. Dev. 11, 19–26.
Zecca M, Basler K & Struhl G (1995) Sequential organizing activities of engrai-
led, hedgehog and decapentaplegic in the Drosophila wing. Development 121,
2265–2278.

21-17 Nos vertebrados, os neurônios controlam a discriminação do próprio e não pró-


prio utilizando proteínas transmembrana semelhantes às caderinas, que são
expressas em diferentes combinações a partir do lócus Protocaderina, e que
codifica 58 proteínas relacionadas semelhantes à caderina. O reconhecimento
homofílico resulta na repulsão dos próprios dendritos oriundos de um mesmo
neurônio. Dendritos oriundos de neurônios diferentes expressam protocaderi-
nas distintas e evitam a repulsão.

CAPÍTULO 22
22-1 Falso. As células-filhas de uma divisão de célula-tronco na cripta tomam de modo
independente a decisão de permanecer como células-tronco ou de comprome-
ter-se com a diferenciação definitiva. Em média, cerca de 50% das células-filhas
permanecem como células-tronco, enquanto as restantes se diferenciam.

22-2 Falso. Há muitos tipos diferentes de células-tronco, cada um especializado na ge-


ração de diferentes classes de células diferenciadas terminalmente.

22-3 Falso. Os hepatócitos do fígado e as células β do pâncreas são células diferencia-


das que podem se dividir para substituir as células perdidas. A renovação ocorre
predominantemente pela divisão dessas células diferenciadas, mesmo que am-
bos, fígado e pâncreas, mantenham pequenas populações de células-tronco.

22-4 Verdade. A ação excessiva de osteoclastos, que degradam a matriz óssea, ou a


ação deficiente de osteoblastos, que produzem e acumulam matriz óssea, pode
enfraquecer os ossos, fazendo com que se tornem quebradiços.

22-5 O padrão de marcação esperado para as células-tronco seria o aumento súbi-


to de células com núcleos marcados, que aumentariam em número ao longo de
períodos curtos e depois desapareceriam com o tempo. Esse padrão de marcação
foi observado não só em células do epitélio pavimentoso, mas também nas crip-
tas do intestino delgado e grosso. Os outros dois padrões de marcação não são
consistentes com as expectativas de células-tronco. Isso é óbvio para o padrão
caracterizado pela não marcação em tudo, mas o que acontece com as raras cé-
lulas marcadas que persistem? A renovação pela diferenciação de células-tronco
implica um fluxo através de uma via, como ocorre no intestino, na pele e no siste-
62   Respostas das questões da obra Biologia molecular da célula, 6.ed.

ma sanguíneo: células nascem e morrem e devem ser substituídas. Uma célula-


-tronco marcada perderá progressivamente a sua marcação enquanto se divide
para produzir células descendentes.
Referência: Messier B & Leblond CP (1960) Cell proliferation and migration as
revealed by radioautography after injection of thymidine-H3 into male rats and
mice. Am. J. Anat. 106, 247–285.

22-6 É evidente, a partir das imagens na Figura Q22-1, que a maioria das criptas torna-
se monoclonal – expressa apenas uma proteína fluorescente – ao longo do tempo.
O pequeno número de células-tronco e a competição constante por contato com
as células de Paneth quase garante que criptas se tornarão monoclonais. Em mé-
dia, leva cerca de três meses para uma cripta intestinal em camundongos tornar-
-se monoclonal.
Referência: Snippert HJ, van der Flier LG, Sato T, van Es JH, van den Born M,
Kroon-Veenboer C, Barker N, Klein AM, van Rheenen J, Simons BD & Clevers H
(2010) Intestinal crypt homeostasis results from neutral competition between
symmetrically dividing Lgr5 stem cells. Cell 143, 134–144.

22-7 Esses resultados corroboram a hipótese de que a maioria, se não todas, as novas
células β são geradas a partir de células β preexistentes. Se todas as novas células
β fossem geradas a partir de células-tronco, seria esperado que a frequência de
células que expressam HPAP diminuísse de 30% para menos de 5% (30%/6,5) em
12 meses, uma vez que da mesma forma que suas ancestrais células-tronco, ne-
nhuma das células β recém-formadas deveria expressar HPAP. Essa diminuição
não encontra apoio nos dados na Figura Q22-2. Por outro lado, se todas as novas
células β fossem derivadas de células β preexistentes, a porcentagem de células
que expressam HPAP deveria, então, permanecer relativamente constante em
cerca de 30 %, um resultado que corresponde melhor aos dados da Figura Q22-2.
Referências: Dor Y, Brown J, Martinez OI & Melton DA (2004) Adult pancreatic
β-cells are formed by self-duplication rather than stem-cell differentiation. Na-
ture 429, 41–46.
Rais Y, Zviran A, Geula S et al. (2013) Deterministic direct reprogramming of so-
matic cells to pluripotency. Nature 502, 65–70.

22-8 Se as colônias do baço surgiram a partir do transplante de células individuais,


então todas as células de uma colônia deveriam mostrar o mesmo rearranjo do
genoma. Por outro lado, se as colônias surgiram a partir de várias células, então
apenas uma porção das células na colônia teria um rearranjo ou outro. A proba-
bilidade de que várias células em um agregado tenham todas o mesmo rearranjo
é muito pequena. Os resultados desses experimentos mostram claramente que
células individuais dão origem a colônias do baço.
Referência: Becker AJ, McCulloch EA & Till JE (1963) Cytological demonstration
of the clonal nature of spleen colonies derived from transplanted mouse marrow
cells. Nature 197, 452–454.

22-9 Uma vez que foram necessárias 10 células na população enriquecida para gerar
uma colônia no baço, como mostrado pela intercepção para as células enrique-
cidas na Figura Q22-3, e apenas 1 em 10 células transplantadas se aloja no baço,
é provável que a população enriquecida consista quase inteiramente de células-
-tronco. Para ter certeza de que as células enriquecidas eram células-tronco ver-
dadeiras, você precisaria saber se as prováveis células-tronco, poderiam repovoar
todos os vários tipos de células do sangue. Os autores desse estudo demonstra-
ram esse ponto em experimentos adicionais. As curvas na Figura Q22-3 são sepa-
radas por um fator de cerca de 1.000, sugerindo que cerca de 1 em 1.000 células
da medula óssea é uma célula-tronco hematopoiética.
Respostas das questões da obra Biologia molecular da célula, 6.ed.   63

Referência: Spangrude GJ, Heimfeld S & Weissman IL (1988) Purification and


characterization of mouse hematopoietic stem cells. Science 241, 58–62.

22-10 Em geral, existem três maneiras diferentes para transferir os reguladores de


transcrição OSKM: como DNA, RNA ou proteína. Cada método tem seus desa-
fios. Vários métodos baseados em DNA incluem vetores de integração, que po-
dem subsequentemente ser excisados do genoma, e vetores como DNA de plas-
mídeo e vetores adenovirais, que não se integram no genoma. Transfecções de
mRNAs que codificam os reguladores de transcrição OSKM também provaram
ser um sucesso; no entanto transfecções de RNA tendem a desencadear respos-
tas antivirais, que diminuem a eficiência de reprogramação. Várias modificações
– assegurando que todos os mRNAs têm quepes de guanina, substituindo 5-me-
tilcitidina por citidina e pseudouridina por uridina, e atenuando a resposta do
interferon – aumentaram significativamente reprogramação, de modo que até
2% de fibroblastos foram convertidos em células iPS. A introdução de proteínas
também funciona, mas o desafio consiste em gerar e purificar as proteínas nas
quantidades necessárias.
Referência: Warren L, Manos PD, Ahfeldt T et al. (2010) Highly efficient repro-
gramming to pluripotency and directed differentiation of human cells with syn-
thetic modified RNA. Cell Stem Cell 7, 618–630.

CAPÍTULO 23
23-1 Verdadeiro. Existem cerca de 1014 células de bactérias, fungos e protozoários no
corpo humano e, aproximadamente, 1013 células humanas.

23-2 Falso. Os microbiomas – os genomas combinados da microbiota – variam consi-


deravelmente entre os indivíduos, até mesmo entre parentes próximos e gêmeos
idênticos.

23-3 Falso. Ainda que muitos patógenos causem doença somente após entrarem nas
células hospedeiras, patógenos extracelulares não necessitam disso; eles causam
seus efeitos deletérios secretando toxinas ou ejetando proteínas efetoras direta-
mente nas células hospedeiras.

23-4 Falso. A maior parte dos vírus de DNA replicam seus genomas no núcleo, mas
a maioria dos vírus de RNA replicam-se no citosol. (O influenzavírus é um dos
vírus de RNA que replicam no núcleo, onde ele realiza o seu processo incomum
de apropriação do quepe 5’ para iniciar a síntese de mRNA.)

23-5 Verdadeiro. Antibióticos não são efetivos contra infecções virais. Eles são dire-
cionados a componentes das bactérias, para interferir na sua proliferação ou
matá-las. O uso de antibióticos para tratar doenças virais pode contribuir para
o problema crescente de resistência a antibióticos e pode modificar o perfil da
microbiota. Existe uma classe de fármacos conhecidos como antirretrovirais que
são efetivos contra infecções virais. Esses fármacos atuam com o mesmo princí-
pio dos antibióticos, atacando componentes exclusivos dos vírus. Por exemplo,
os antivirais usados para tratar pacientes com Aids atuam na transcriptase re-
versa, que copia o genoma de RNA do HIV em DNA, e na protease do HIV, que é
necessária para processar componentes do vírion.

23-6 Os patógenos devem ser capazes de: (1) colonizar o hospedeiro; (2) encontrar
um nicho nutricionalmente compatível no corpo do hospedeiro; (3) evitar,
subverter ou lograr a resposta imune adaptativa do hospedeiro; (4) replicar-se,
usando os recursos do hospedeiro; e (5) sair de um hospedeiro e espalhar-se
para outros.
64   Respostas das questões da obra Biologia molecular da célula, 6.ed.

23-7 O transplante de microbiota é efetivo porque restaura a composição adequada de


espécies microbianas que normalmente habitam o intestino e protegem contra
a colonização por Clostridium difficile. Tratamentos com antibióticos afetam a
microbiota do intestino, reduzindo a diversidade de espécies normalmente pre-
sentes. Análises de genes de RNA ribossômico 16S em amostras de intestino de-
monstraram que pacientes com infecções recorrentes tratados com antibióticos
diminuíram a diversidade e o número de filos, e perderam os dois filos predomi-
nantes: Bacteroidetes e Firmicutes. Não está claro como a microbiota normal do
intestino protege contra a germinação de esporos de C. difficile e a recolonização
(reinfecção), mas ela o faz muito efetivamente.
Referência: Austin M, Mellow M & Tierney WM (2014) Fecal microbiota trans-
plantation in the treatment of Clostridium difficile infections. Am. J. Med. 127,
479–483.

23-8 Os três mecanismos de transferência horizontal de genes são a transformação na-


tural por DNA liberado, transdução por bacteriófago e troca sexual por conjugação.

23-9 YopJ bloqueia a via de sinalização de TAK1 impedindo a fosforilação de TAK1


(Figura Q23-1, canaleta 3). A YopJ inativa não impede a fosforilação (canaleta 2).
Como YopJ impede a fosforilação da TAK1 não foi definida por esses experimen-
tos. Entretanto, já que YopJ é uma serina-treonina acetilase, faz sentido supor que
YopJ interfere na fosforilação da TAK1 pela acetilação de serinas ou treoninas da
TAK1. Em princípio, tal acetilação poderia alterar a conformação da TAK1, impe-
dindo a sua fosforilação. De fato, YopJ é muito mais precisa: ela acetila os muitos
resíduos que estão normalmente fosforilados, bloqueando quimicamente, assim,
a ativação da TAK1.
Referência: Paquette N, Conlon J, Sweet C, Rus F, Wilson L, Pereira A, Rosadi-
ni CV, Goutagny N, Weber ANR, Lane WS, Shaffer SA, Maniatis S, Fitzgerald KA,
Stuart L & Silverman N (2012) Serine/threonine acetylation of TGFβ-activated ki-
nase (TAK1) by Yersinia pestis YopJ inhibits innate immune signaling. Proc. Natl
Acad. Sci. USA 109, 12710–12715.

23-10 Já que SopE e SptP atuam sobre a GTPase monomérica Rac, é razoável predizer
que SopE deveria atuar como uma GEF (fator de conversão de nucleotídeos de
guanina) para ativar a Rac promovendo a liberação de GDP e a captação de GTP,
e que a SptP deveria atuar como uma GAP (proteína ativadora de GTPase) para
inativar a Rac promovendo a hidrólise de GTP a GDP. A ação sequencial de duas
proteínas injetadas simultaneamente deveria ser contabilizada de duas maneiras
gerais. A proteína que age mais tarde (SptP) deve necessitar ser ativada por um
processo celular, atrasando o início da sua função. Alternativamente, a proteína
que atua inicialmente (SopE) deveria ser inativada de alguma forma com o passar
do tempo, permitindo a atividade da SptP predominar em momentos posteriores.
Como os autores desse estudo demonstraram, SopE é inativada ao longo do tem-
po por degradação no proteassomo, permitindo que SptP retorne à sua forma ina-
tiva contendo 6DP mais tarde, assim suprimindo o pregueamento da membrana.
Referência: Kubori T & Galán JE (2003) Temporal regulation of Salmonella viru-
lence effector function by proteasome-dependent protein degradation. Cell 115,
333-342.

23-11 O que Snow mostrou muito claramente foi que os casos estavam agrupados em
torno de uma única bomba de água pública. Ele sugeriu uma hipótese razoável de
que a água da bomba central fosse a fonte da cólera, mas ele não conseguiu encon-
trar nada que parecesse suspeito na água. A maioria dos cientistas permaneceram
céticos, pois Snow apresentou nada mais que uma correlação entre a localização
da doença e a bomba de água; ele não fez mais experimentos para testar sua con-
clusão. Alguém que acreditasse no “ar ruim” deveria procurar na distribuição das
Respostas das questões da obra Biologia molecular da célula, 6.ed.   65

vítimas e concluir que havia uma fonte centralizada de “ar ruim”, uma enorme fossa,
talvez. Eles poderiam, também, argumentar que as vítimas próximo às periferias da
distribuição provavelmente obtiveram sua água de bombas de água públicas próxi-
mas, e não da central; assim, não se esperava que eles contraíssem a doença.
É importante lembrar que, em 1854, Louis Pasteur ainda não tinha formu-
lado a teoria do germe da doença, e Robert Koch ainda estava por observar bac-
térias no microscópio, crescê-las em cultura e reinoculá-las em um hospedeiro
para provar sua capacidade de causar doença. Assim, a impossibilidade de Snow
convencer os céticos é compreendida. De fato, foi Koch que resolveu o quebra-
-cabeça da cólera nos anos 1880. Ele identificou um bacilo em forma de vírgula
associado a uma doença e demonstrou que ele conseguia infectar porquinhos-
-da-índia com ele e causar cólera. Ele encontrou essas bactérias em abastecimen-
tos de água usadas pelos pacientes infectados, assim como Snow havia predito.

23-12 Ainda não está claro quais mecanismos explicam a variabilidade sazonal das epi-
demias de influenza. Muitas suposições são feitas, embora nenhuma seja com-
pletamente satisfatória. Explicações têm sido propostas em três categorias, como
sintetizado abaixo.
Variações sazonais das taxas de contato. As taxas de contato entre indivíduos
1.
infectados e suscetíveis aumentam durante as estações chuvosas e o inver-
no, pois aumenta o tempo de permanência dentro de casa. Mas o aumento é
notavelmente pequeno – 1 a 2 horas a mais no inverno e 0,5 hora na estação
chuvosa – se comparado ao tempo – das 21 às 22 horas – que passamos, nor-
malmente, dentro de casa. Ainda, no sudoeste dos Estados Unidos, tempera-
turas altas levam as pessoas para ambientes fechados no verão, sem aumento
nos níveis de gripes. Entretanto, existe forte relação entre a transmissão da
influenza e aglomerações – em aeronaves, em festivais, entre soldados –, su-
gerindo que as taxas de contato são um fator importante.
Variações sazonais na sobrevivência do vírus. A transmissão da influenza
2.
por aerossóis e contato direto significa que o vírus deve sobreviver exposto
a condições ambientais. A sobrevivência viral aumenta com o declínio da
temperatura, com a diminuição da umidade absoluta e com a diminuição
da radiação ultravioleta. Considerando que esses três fatores variam
conjuntamente, com menores condições suportáveis no verão, elas oferecem
uma explicação para os picos de influenza no inverno nas zonas temperadas,
mas são menos satisfatórias para os trópicos, onde a temperatura não varia
muito e a umidade mais elevada – a condição menos favorável – coincide
com o pico de gripe na estação chuvosa.
Variações sazonais na resistência humana. Mudanças sazonais nas funções
3.
fisiológicas que permitem um indivíduo evitar ou atenuar infecções após
exposição ao vírus poderiam estar relacionadas aos picos de influenza. Por
exemplo, a temperatura e a umidade podem afetar a passagem nasal e a sua
suscetibilidade à infecção. De modo semelhante, em zonas temperadas, exis-
tem variações sazonais nos níveis de vitamina D, que é importante para a fun-
ção imune humana. Baixos níveis de vitamina D coincidem com o inverno
nas zonas temperadas, e com estações chuvosas nos trópicos.
Quais dessas possíveis explicações, ou combinações delas, na verdade
contribuem para as variações sazonais de infecções com influenza é algo que
não está definido. Distinguir as relações causais das associações causais, tem
sido, até agora, um desafio imenso.
Referência: Tamerius J, Nelson MI, Zhou SZ, Viboud C, Miller MA & Alonso WJ
(2011) Global influenza seasonality: reconciling patterns across temperate and
tropical regions. Environ. Health Perspect. 119, 439–445.

23-13 A segmentação genômica permite um rápido teste das mutações geradas por di-
ferentes vírus. Por exemplo, quando dois influenzavírus diferentes – com dife-
66   Respostas das questões da obra Biologia molecular da célula, 6.ed.

rentes histórias mutacionais – infectam a mesma célula, eles podem gerar uma
progênie viral híbrida que carrega 28 diferentes combinações de segmentos de
RNA. Mutações independentes de segmentos após seleções aleatórias em infec-
ções mistas na mesma célula oferecem uma maneira fácil de explorar novas ca-
pacidades. Em 2009, a cepa H1N1 do influenzavírus surgiu com genes derivados
(segmentos de RNA) de influenzavírus de porcos, aves e de humanos.
Referência: Weber M & Weber F (2014) Segmented negative-strand RNA viruses
and RIG-I: divide (your genome) and rule. Curr. Opin. Microbiol. 20, 96–102.

3-14 Já que as células de suínos possuem cadeias de carboidratos na superfície ce-


2
lular com ambos os tipos de ligações ácido siálico-galactose, os influenzavírus
aviários, humanos e suínos conseguem infectá-las. Se influenzavírus diferentes
infectarem simultaneamente a mesma célula suína, seus diferentes segmentos
de RNA podem ser rearranjados e gerar novas combinações com propriedades
a que a população humana ainda não tenha sido exposta – uma situação poten-
cialmente perigosa.

2
3-15 Os microrganismos produzem compostos antimicrobianos como armas e pro-
teção na sua competição com outros microrganismos. Pesquisas com bactérias
do solo que nunca foram expostas aos antibióticos usados na medicina moderna
revelam que as bactérias geralmente são resistentes a muitos dos antibióticos em
uso atualmente. No desenvolvimento de compostos de origem natural clinica-
mente úteis, nós simplesmente aproveitamos a “pesquisa” evolutiva das bacté-
rias para nosso próprio benefício.

3-16 Muitas bactérias de ocorrência natural secretam uma enzima que hidrolisa anti-
2
bióticos com uma estrutura semelhante à penicilina. Essas enzimas, conhecidas
como β-lactamases, são muito difundidas na natureza, e acredita-se que tenham
surgido em resposta a lutas biológicas entre microrganismos.
Referência: Florey HW (1944) Penicillin: a survey. Br. Med. J. 2, 169–171.

2
3-17 A ideia principal dos antibióticos é combater o microrganismo sem afetar o hos-
pedeiro. De fato, muitas substâncias que mataram bactérias em cultura foram
descobertas antes da penicilina, porém elas foram muito tóxicas para células hu-
manas. Desse modo, o controle de Chain foi fundamental. Se a penicilina fosse
inofensiva aos camundongos, seria muito provável que ela fosse inofensiva aos
seres humanos também. Agora, sabe-se que a penicilina interfere na síntese de
parede celular bacteriana, um processo que não está relacionado a nenhum pro-
cesso nas células humanas.
Referência: Florey HW (1944) Penicillin: a survey. Br. Med. J. 2, 169–171.

CAPÍTULO 24
24-1 Falso. As células T em desenvolvimento, cujos receptores de células T interagem
fortemente com o complexo peptídeo MHC próprio são induzidas a morrer no
timo, no processo de seleção negativa, embora algumas sejam selecionadas po-
sitivamente para tornarem-se células T reguladoras naturais, as quais deixarão o
timo juntamente com outras células T selecionadas positivamente.

24-2 Falso. Uma subpopulação de células epiteliais no timo expressa o regulador de


transcrição AIRE, que induz pequenas quantidades de transcrição de muitos ge-
nes que codificam proteínas que não são normalmente expressas no timo.

24-3 Verdadeiro. No homem, a união combinatória dos segmentos gênicos das ca-
6
deias pesadas e leves das imunoglobulinas podem produzir cerca de 1,5 × 10
Respostas das questões da obra Biologia molecular da célula, 6.ed.   67

diferentes sítios de ligação do antígeno. Diferentemente, a perda ou ganho alea-


tório de nucleotídeos, que ocorre quando um segmento gênico é unido, aumenta
essa diversidade em até 108 vezes.

24-4 As árvores, como todos os outros organismos, mantêm um sistema de defesa ati-
vo contra invasores, uma forma de imunidade inata que permite que elas cres-
çam e floresçam no solo que contém os micróbios que, por sua vez, causarão sua
decomposição quando morrerem. Elas possuem uma série de receptores seme-
lhantes ao Toll que atuam como receptores de reconhecimento de padrões nas
respostas imunes inatas contra diversos patógenos. As plantas também secretam
defensinas que rompem as membranas de muitos patógenos. Bruce Beutler, na
sua palestra do Prêmio Nobel, relembrou uma conversa com seu pai:
“Eu lembro quando caminhava com meu pai no bosque de sequoias no Parque
Nacional das Sequoias. Eu tinha uns 10 ou 12 anos de idade. ‘Por que é que as
árvores simplesmente não apodrecem?’, perguntei a ele, sabendo que as plantas
não possuíam as células linfoides ou mieloide que conferem a imunidade aos
vertebrados. Ele explicou que havia tanino e talvez outras moléculas nas árvores
que as tornavam resistentes ao apodrecimento. ‘Mas elas apodrecem depois que
morrem, e o tanino continua presente’, eu retruquei. A conversa continuou, e nos
aventuramos a respeito da infecção de plantas vivas, como a batata e o trigo, e eu
concluí que as plantas deveriam ter alguma forma de imunidade que era mantida
ativamente de maneira dependente de sua vitalidade. Mas, pelo menos para nós
dois, não se sabia muito a esse respeito.”
Referência: Bruce A. Beutler. Nobel Lecture, Physiology or Medicine, 2011.

24-5 Em cada clivagem proteolítica que produz dois produtos ativos, o pequeno pro-
duto de difusão livre, atua como uma atração para os neutrófilos, que fagocitam
os patógenos revestidos pelo complemento. Os produtos grandes, que podem
realizar as clivagens seguintes da sequência, permanecem ligados à superfí-
cie dos patógenos onde se iniciou a reação. Assim, os componentes tardios do
complexo de ataque à membrana permanecem ligados à membrana onde se
iniciou a reação. Em ambos os casos, as moléculas ativadas normalmente pos-
suem um tempo de vida curto, garantindo que o ataque não atinja as células
hospedeiras.

24-6 No primeiro ciclo de replicação, o erro G:U será convertido em G-C (um par de
bases normais) em uma das fitas duplas filhas e em um par de bases anormais
A-U na outra fita dupla filha. No próximo ciclo de replicação, o par de bases A-U
dará origem a um par de base A-T e a um par de base A-U. Finalmente, o A-U,
se não corrigido por outros processos, será diluído e desaparecerá. Na progênie
bacteriana final analisada, o original G-C se tornará A-T ou, como descrito na
questão, G→A e C→T. Assim, o resultado dos experimentos bacterianos são con-
sistentes com a ideia de que as mutações induzidas pela AID surgem pela desa-
minação de uma base C para uma base U no DNA.
Referência: Petersen-Mahrt SK, Harris RS & Neuberger MS (2002) AID mutates
E. coli suggesting a DNA deamination mechanism for antibody diversification.
Nature 418, 99-103.

24-7
A. O único peptídeo que sensibilizou as células-alvo para a lise pela incubação com
as células T citotóxicas inclui os resíduos 365-380 da cepa 1968 do influenzavírus.
O peptídeo correspondente à cepa 1934 não sensibilizou a célula-alvo, indican-
do que as duas trocas de aminoácidos, DA para ET, nas posições 372 e 373 são
críticas. A observação de que o peptídeo 369-382 da cepa 1968 não sensibilizou
as células-alvo sugere que os aminoácidos 365-368 provavelmente também são
críticos para a sensibilização. Esses experimentos foram uma clara demonstração
68   Respostas das questões da obra Biologia molecular da célula, 6.ed.

da importância dos fragmentos peptídicos de um antígeno proteico no reconhe-


cimento das células T.
Somente esse peptídeo, e nenhum outro, funcionou nesse experimento,
porque esse experimento usa um clone específico de células T citotóxicas, que
expressa um receptor de célula T específico. Esse receptor possui uma especifici-
dade de ligação: o peptídeo identificado no sulco de ligação de uma determinada
molécula do MHC de classe I. Se você pudesse isolar todas as diferentes células
T citotóxicas que são estimuladas durante uma infecção por influenzavírus, você
esperaria encontrar, entre elas, células que respondem a diferentes peptídeos vi-
rais nos sulcos das diferentes proteínas do MHC de classe I.
B. O transporte das proteínas do MHC de classe I e de classe II para a superfície ce-
lular depende da sua associação com o peptídeo, normalmente derivado de pro-
teínas citosólicas celulares com as moléculas do MHC de classe I e proteínas ex-
tracelulares endocitadas com as moléculas do MHC de classe II. Assim, todas as
moléculas do MHC na superfície celular já devem ter um peptídeo em seu sulco
de ligação ao peptídeo. Acredita-se que o experimento funcionou porque alguns
peptídeos ligados inicialmente foram substituídos por peptídeos extracelulares,
que se encontravam em altas concentrações e porque somente um pequeno nú-
mero de complexos peptídeo-MHC específicos eram necessários na superfície da
célula-alvo para que a célula T citotóxica reconheça e mate a célula-alvo.
Referência: Townsend ARM, Rothbard J, Gotch FM, Bahadur G, Wraith D & Mc-
Michael AJ (1986) The epitopes of influenza nucleoprotein recognized by cytotox-
ic T lymphocytes can be defined with short synthetic peptides. Cell 44:959-968.

24-8
A. As células T se desenvolvem no timo, passando por uma série de estágios que
levam à formação dos diferentes tipos de células T. Somente as células T que so-
frem seleção positiva é que amadurecem e deixam o timo, as restantes morrem. A
seleção positiva depende de uma interação fraca entre o receptor de células T e as
moléculas do MHC próprio ligadas com os peptídeos próprios que são apresen-
tados pelas células apresentadoras de antígenos (APCs) no timo. No timo de um
camundongo heterozigoto tipo-d/tipo-k, as APCs terão as moléculas do MHC de
classe I ligadas ao tipo-d e o tipo-k em sua superfície, ambas apresentando os
peptídeos próprios. Elas irão desencadear a maturação das células T citotóxicas
que poderão interagir com qualquer uma das moléculas do MHC de classe I. Al-
gumas irão interagir fortemente se peptídeos estranhos estiverem ligados à pro-
teína do MHC. Portanto, as células T citotóxicas de camundongos heterozigotos
infectados devem ser capazes de lisar os dois tipos de células, as infectadas com
o tipo-d e as infectadas com o tipo-k.
B. Novamente, como as células T em desenvolvimento aprendem a reconhecer os
peptídeos em associação com as proteínas do MHC próprio no timo, espera-se
que as células T citotóxicas que se desenvolvem no timo transplantado tipo-d
reconheçam os peptídeos somente em associação ao MHC de classe I do tipo-d,
mesmo se as células no restante do camundongo expressarem ambos os tipos de
MHC, d e k. Assim, espera-se que as células T citotóxicas lisem as células tipo-d
infectadas mas não as células tipo-k.
Referência: Rolf M. Zinkernagel. Nobel Lecture, Physiology or Medicine, 1996.

24-9 Conforme a Figura Q24-3B, parece que as células dendríticas fazem contato nas
vizinhanças de 100 células T a cada 10 minutos, ou cerca de 600 por hora. Com
essa taxa, levará 100 minutos para que 100 células dendríticas avaliem 105 célu-
las T, ou 1.000 minutos para avaliar 106 células T. Os autores mostraram que sua
metodologia poderia subestimar a verdadeira taxa de encontros entre as células
T e as células dendríticas porque elas são incapazes de detectar contatos com
os finos processos dendríticos, os quais são invisíveis por meio dessa técnica.
Outros estudos estimaram que as células dendríticas poderiam avaliar as células
Respostas das questões da obra Biologia molecular da célula, 6.ed.   69

T até 10 vezes essa taxa, o que reduziria o tempo médio para encontrar as célu-
las T específicas para 10 a 100 minutos. De qualquer maneira, é evidente que as
células dendríticas nos linfonodos são capazes de avaliar de maneira eficiente
o repertório de células T e iniciar uma resposta mediada por células T de forma
relativamente rápida.
Referências: Bousso P & Robey E (2003) Dynamics of CD81 T cell priming by
dendritic cells in intact lymph nodes. Nat. Immunol. 4, 579-585.
Miller MJ, Hejazi AS, Wei SH, Cahalan MD & Parker I (2004) T cell repertoire scan-
ning is promoted by dynamic dendritic cell behavior and random T cell motility
in the lymph node. Proc. Natl Acad. Sci. USA 101, 998-1003.

24-10 A seleção positiva para células T que se ligam fracamente tem uma função essen-
cial: elas identificam as células T cujos receptores podem se ligar às moléculas do
MHC próprias. Como os antígenos estranhos são apresentados para as células T
como peptídeos ligados às moléculas do MHC próprio, somente aquelas células
T que podem reconhecer tais complexos serão imunologicamente úteis. As célu-
las T em desenvolvimento que não podem reconhecer os complexos peptídeo-
-MHC próprio serão inúteis. O timo se livra de células T potencialmente perigo-
sas, aquelas que podem ativar uma resposta autoimune, induzindo as células T
que se ligam fortemente aos complexos peptídeo MHC próprio para, ou se suici-
darem, ou se tornarem células T reguladoras.

24-11 Os resultados mostram claramente que as proteínas CD4 promovem uma res-
posta de células T aos complexos peptídeo-MHC nas APCs. Na presença de um
CD4 funcional, as células T respondem até mesmo a um ou a dois complexos
peptídeo-MHC por meio da captura do Ca21. Quando o anticorpo se liga ao CD4,
impedindo-o de se ligar à molécula do MHC, as células T não respondem até que
haja 25 a 30 complexos peptídeo-MHC na interface. Assim, o CD4 aumenta dras-
ticamente a sensibilidade das células T em responder ao seu antígeno específico
na superfície de uma APC.
Referência: Irvine DJ, PurBhoo MA, Krogsgaard M & Davis MM (2002) Direct ob-
servation of ligand recognition by T cells. Nature 419, 845-849.

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