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Mecânica dos Sólidos

Brasília-DF.
Elaboração

Tatiana Conceição Machado Barretto

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário
APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 4

ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA..................................................................... 5

INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7

UNIDADE I
COMPORTAMENTO MECÂNICO DOS MATERIAIS SÓLIDOS....................................................................... 9

CAPÍTULO 1
CLASSIFICAÇÃO DOS ESFORÇOS E TENSÕES............................................................................ 9

CAPÍTULO 2
PROPRIEDADES MECÂNICAS DOS MATERIAIS........................................................................... 14

UNIDADE II
TRAÇÃO E COMPRESSÃO SIMPLES........................................................................................................ 30

CAPÍTULO 1
TENSÕES EM VIGAS................................................................................................................. 30

CAPÍTULO 2
DEFLEXÃO EM VIGAS.............................................................................................................. 37

UNIDADE III
CORTE E CISALHAMENTO PURO............................................................................................................ 41

CAPÍTULO 1
FORÇA DE CORTE E TENSÃO DE CISALHAMENTO..................................................................... 41

CAPÍTULO 2
MÓDULO DE ELASTICIDADE TRANSVERSAL .............................................................................. 48

UNIDADE IV
TORÇÃO SIMPLES E FLEXÃO PURA......................................................................................................... 55

CAPÍTULO 1
MOMENTO DE TORÇÃO.......................................................................................................... 55

CAPÍTULO 2
MOMENTO FLETOR.................................................................................................................. 60

UNIDADE V
FLAMBAGEM EM COLUNAS.................................................................................................................. 65

CAPÍTULO 1
FLAMBAGEM EM COLUNAS..................................................................................................... 65

REFERÊNCIAS................................................................................................................................... 77

ANEXOS........................................................................................................................................... 80
Apresentação

Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se


entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade.
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da
Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos


conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da
área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que
busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica
impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo


a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

4
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em


capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para
aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de
Estudos e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

5
Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem


ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.

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Introdução
Segundo Hibbeler (2004), a resistência dos materiais é o ramo da mecânica que estuda
as relações entre cargas externas aplicadas a um corpo deformável e a intensidade
das forças internas que atuam dentro do corpo, abrangendo também o cálculo das
deformações do corpo e o estudo da sua estabilidade, quando submetido a solicitações
externas.

Resistência dos Materiais é uma disciplina que tem por objetivo estudar o comportamento
dos sólidos, ou seja, os esforços e deformações nos corpos sólidos, elásticos ou plásticos,
visando ao dimensionamento de uma estrutura.

Nesta disciplina, iremos ampliar o nosso conhecimento sobre a mecânica dos sólidos.
Deseja-se aqui fornecer os conhecimentos básicos da mecânica das estruturas, do
comportamento mecânico dos materiais e da análise das tensões, deformações em
diversos elementos estruturais.

Este caderno de estudo foi baseado no livro “Resistência dos materiais”, de R. C.


Hibbeler, publicado pela editora Pearson Prentice Hall. Esse é um material de apoio,
utilize sempre outras bibliografias para complementar os estudos.

Objetivos
»» Continuar a desenvolver no estudante de Engenharia a habilidade de
analisar um dado problema de maneira simples e lógica e aplicar em sua
solução alguns princípios básicos e fundamentais.

»» Fornecer os conhecimentos básicos da mecânica das estruturas, do


comportamento mecânico dos materiais e da análise das tensões,
deformações em diversos elementos estruturais.

»» Estudar o comportamento de sólidos sob esforços.

»» Determinar dos esforços.

»» Determinar as tensões e as deformações a que estão sujeitos os corpos


sólidos devido à ação dos esforços atuantes.

»» Definir o que são deformações e tensões em materiais.

»» Saber diferenciar entre tensão e deformação.

7
»» Observar gráficos de tensão versus deformação e obter várias propriedades
mecânicas dos materiais.

»» Entender os conceitos de dureza, fluência, resistência ao choque e fadiga.

»» Identificar quais são os melhores tratamentos para a obtenção do


melhoramento de cada propriedade e/ou para cada material.

»» Estudar as reações, diagramas de esforço cortante e momento fletor em


vigas isostáticas, posteriormente, estudar as tensões normais provocadas
e métodos de cálculo para analisar os deslocamentos verticais em vigas.

»» Estudar o cisalhamento em barras fletidas.

»» Determinar o centro de torção das forças em ligações de barras fletidas.

»» Estudar flambagem de barras comprimidas.

8
COMPORTAMENTO
MECÂNICO DOS UNIDADE I
MATERIAIS SÓLIDOS
Sabemos que as peças são submetidas a cargas ou esforços. Logo, é preciso conhecer as
características que o material que os constitui possuem. Características essas que são
fundamentais quando se vai projetar o elemento estrutural, para que ele seja construído
de forma que quando submetido a um esforço, sua deformação não seja muito grande
e com isso haja uma fratura.

O comportamento mecânico do material pode ser entendido como a resposta do


material a uma carga ou força aplicada. As propriedades mecânicas de materiais são
determinadas por ensaios, que tentam ser os mais parecidos possível com as condições
de trabalho. Nesses ensaios, algumas condições importantes são consideradas, a
natureza da carga aplicada, condições ambientais e a duração em que a carga é aplicada.

CAPÍTULO 1
Classificação dos esforços e tensões

Tipos de esforços
Como as forças podem ser aplicadas num corpo de maneiras distintas, elas produziram
diferentes tipos de solicitações. Esses esforços podem ser de: tração, compressão,
cisalhamento, flexão e torção.

Se cada um desses tipos atua de forma isolada, é denominado de solicitação simples.


Mas, em diversas situações reais, acontece a combinação de dois ou mais tipos de
esforços. Nesses casos, onde dois ou mais tipos de esforços aparecem combinados,
diz-se que a solicitação é composta. Existem aplicações em que há um tipo predominante
e os outros podem ser desprezados, mas há momentos em que é necessário que sejam
considerados conjuntamente.

»» Tração: solicitação caracterizada pela tendência a alongar o elemento na


direção da força aplicada.
9
UNIDADE I │ COMPORTAMENTO MECÂNICO DOS MATERIAIS SÓLIDOS

»» Compressão: solicitação que tende a encurtar, ou reduzir, o elemento


na direção da força de compressão.

»» Cisalhamento: o esforço tende a deslocar paralelamente, em sentido


oposto, duas seções de uma peça. Ou seja, as forças aplicadas tendem a
originar um efeito de corte, isto é, um deslocamento linear entre seções.

»» Flexão: solicitação que provoca a mudança do eixo geométrico de uma


peça. O que acontece é uma deformação na direção perpendicular à da
força aplicada.

»» Torção: solicitação tem tendência a girar as seções de uma peça, uma em


relação às demais. Ou seja, as forças atuam em um plano perpendicular
ao eixo e cada seção transversal tende a girar em relação às outras.

»» Flambagem: é um esforço de compressão que ocorre em barras de seção


transversal muito pequena quando comparada ao seu comprimento, essa
solicitação tende a originar uma curvatura na barra.

As figuras 1 e 2 dão formas gráficas aproximadas aos tipos de esforços mais comuns a
que são submetidos os elementos construtivos:

Figura 1. (a) Tração, (b) Compressão, (c) Flexão, (d) Torção, (e) Flambagem, (f) Cisalhamento.

Fonte: MPSC, 2016.

10
COMPORTAMENTO MECÂNICO DOS MATERIAIS SÓLIDOS │ UNIDADE I

Figura 2. Tipos de esforços.

Fonte: Costa, 2000.

Classificação das tensões


Sabemos que a tensão é a grandeza física definida pela razão entre a força que atua em
uma superfície e a sua área. Se possuirmos uma barra de seção transversal A submetida a
uma força de tração F, e outra de seção transversal maior, submetida à mesma força F, é
obvio que a primeira estará sujeita a condições mais severas do que última. Por esse fato,
surge a necessidade de se definir uma grandeza que relacione força e área, de maneira
que se possa compará-las e caracterizá-las para os mais distintos materiais.

Figura 3.

Fonte: MPSC, 2016.

11
UNIDADE I │ COMPORTAMENTO MECÂNICO DOS MATERIAIS SÓLIDOS

Unidades de tensão

A tensão é medida pela razão de força por unidade de área. No Sistema


Internacional de Unidades, a unidade destinada à tensão é o Pascal (Newtom/
metro quadrado), que também é uma unidade de pressão.

»» 1 Pa = 1 N/m2

»» 1 Pa = 0,1 kgf/m2 (0,10197 kilograma-força por metro quadrado)

Para resistência dos materiais, normalmente, as unidades utilizadas são o MPa e


o Kgf/cm2 .

Por exemplo, na Figura 3(a) uma barra é submetida a um esforço de tração F. Na Figura
3(b) é representado o seccionamento transversal hipotético da mesma barra. Logo,
supondo que as tensões estão igualmente distribuídas ao longo da seção, a tensão σ,
normal ao corte, é dada por:

�= (Eq.1.1)

Tensões podem apresentar componentes de modo análogo às forças. Na Figura 3(c),


a força F forma um ângulo α com uma seção hipotética, na vertical. E a força atuante
nessa seção é a soma vetorial da força normal (F cos α) com a força transversal (F sen
α). Logo, a tensão nessa superfície é a soma dos componentes: tensão normal (σ) e
tensão transversal (ou de cisalhamento) (τ).

As tensões podem ser classificadas como: como de tração, de compressão (tensões


normais) ou de cisalhamento (tensão tangencial ou transversal ou de corte).

O esforço de flexão ou momento fletor é um caso particular de tração e compressão,


quando as essas atuam em conjunto na seção, provocando deformações que predominam
nas faces opostas do elemento. Provocam ainda deformações menores e resultantes
tensões na parte central, sendo anuladas no eixo de inércia. Como veremos ao longo do
curso, é importante saber que o conjunto de pontos de tensão nula dentro do corpo é
chamado de linha neutra.

Já para o esforço de torção, há maior predominância da tensão de cisalhamento


angular, que ocasiona deformações e consequentes tensões nas faces ou bordas
externas do elemento. Ocorrendo também redução das tensões na parte central
onde as deformações são menores, se são anuladas no centro de inércia onde não
existe deformação.

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COMPORTAMENTO MECÂNICO DOS MATERIAIS SÓLIDOS │ UNIDADE I

Figura 4. Alguns tipos de tensões, equações e módulos de elasticidade.

Fonte: Correa, 2016.

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CAPÍTULO 2
Propriedades mecânicas dos materiais

Conceitos de tensão e deformação


Se uma força segue as Leis de Newton e um corpo é submetido a ela de forma uniforme
em sua secção reta ou superfície, o seu comportamento mecânico pode ser mensurado
por simples teste de tensão-deformação. As principais formas de se aplicar uma carga
são, tração, compressão, cisalhamento e torção, na figura 5 é ilustrada a deformação
produzida por cada tipo de carga. (DUTRA, 2016)

Figura 5. Ilustração esquemática de como uma carga produz deformação em (a).

Fonte: Dutra, 2016.

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COMPORTAMENTO MECÂNICO DOS MATERIAIS SÓLIDOS │ UNIDADE I

Figura 6. Gráfico Tensão-Deformação.

Fonte: Dalcin, 2007.

Ensaio de tração

É um dos ensaios mecânicos mais comuns de tensão-deformação, pois pode ser


usado para determinar varias propriedades mecânicas dos materiais. O ensaio de
tração é realizado utilizando-se uma amostra padrão (Figura 7), que são presas pelas
extremidades na máquina de ensaio. No aparelho de teste o corpo é alongado de forma
constante e a carga aplicada é medida de forma simultânea e continua junto com suas
elongações. A carga é aplicada ao longo do eixo do corpo de prova e o esse é deformado
até a fratura, trata-se de um ensaio destrutivo.

Ao final do ensaio, é construída uma curva de tensão-deformação, onde é possível


identificar a deformação para cada carga aplicada (Figura 7).

Figura 7. Ensaio de tração: medida do Módulo de Elasticidade.

Fonte: Dalcin, 2007.

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UNIDADE I │ COMPORTAMENTO MECÂNICO DOS MATERIAIS SÓLIDOS

Ensaio de compressão

Tipo de ensaio utilizado quando forças em serviço são de compressão. Realizado de


maneira parecida com o ensaio de tração, diferindo pelo tipo de força e que o corpo de
prova se contrai ao longo da direção da tensão.

Elasticidade
Trata-se da capacidade que um material tem de se deformar quando submetido a ações
externas, como uma força aplicada por outro corpo ou a ação da gravidade, e retornar a
sua forma primitiva sem alteração quando essa força é retirada.

A elasticidade do material depende de alguns fatores importantes: ligações químicas e


intermoleculares do material, e a estrutura cristalina.

Plasticidade
Diferentemente da elasticidade, a plasticidade é a capacidade de um material adquirir
uma forma qualquer quando submetido a um esforço; e conservar essa nova forma
mesmo que esse esforço seja retirado. Saiba que a plasticidade pode ser vista como
maleabilidade e ductilidade.

Figura 8. Elasticidade e Plasticidade.

Fonte: Estrutura, 2008.

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COMPORTAMENTO MECÂNICO DOS MATERIAIS SÓLIDOS │ UNIDADE I

Maleabilidade
Quando se deseja laminar, forjar, estampar, repuxar ou entortar um material, a
maleabilidade é uma propriedade muito importante. Logo, a maleabilidade é a propriedade
mecânica de alguns metais que os permite sofrer deformação tanto a quente, quanto a frio,
possibilitando a sua transformação em chapas com fina espessura, sem sofrer ruptura.

É muito importante que você saiba que a maleabilidade de um metal é diretamente


proporcional à temperatura que ele é trabalhado. Por esse motivo, os metais são mais
fáceis de serem transformados em chapas quando trabalhados a quente.

Propriedades de tração

Limite de escoamento

É desejável, na maioria das vezes, quando se projeta uma estrutura, que o material
que a compõe, quando aplicado uma tensão, só sofrerá deformação elástica. Logo, é
importante conhecer a magnitude da tensão em que se inicia o regime plástico, pois é aí
que se inicia o fenômeno do escoamento.

O limite de escoamento é a tensão máxima suportada pelo material em que ele ainda
esteja no regime elástico. Se a tensão aplicada for maior, o material não seguirá a Lei de
Hooke, deformando-se plasticamente.

O escoamento acontece quando elementos de liga ou impurezas impedem que hajam


deslocamentos na rede cristalina, daí não ocorre o deslizamento e com isso o material
se deforma plasticamente. O escoamento ocorre um pouco acima do limite elástico, a
deformação e o alongamento são produzidos de maneira muito rápida, sem variação do
esforço aplicado.
Figura 9. Limite de escoamento.

Fonte: Dalcin, 2007.

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UNIDADE I │ COMPORTAMENTO MECÂNICO DOS MATERIAIS SÓLIDOS

Em metais, o ponto de escoamento pode ser determinado analisando-se a curva


tensão-deformação. Trata-se da região onde se inicia o desvio da linearidade da
curva.

Em termos quantitativos, o limite convencional de escoamento para um metal é


dado pela medida da resistência à deformação plástica.

Módulo de Young ou Módulo de Elasticidade


Nos materiais, dependendo do material e da temperatura, quando são aplicadas tensões,
suas deformações ocorrem de forma proporcional. A constante de proporcionalidade
entre elas é chamada módulo de elasticidade ou módulo de Young. Quanto maior esse
módulo, maior a tensão necessária para o mesmo grau de deformação, e portanto, mais
rígido é o material.

O módulo de elasticidade é um parâmetro mecânico fundamental para a engenharia e


aplicação de materiais, que proporciona uma medida da rigidez de um material sólido.
O módulo de elasticidade é importante na descrição de várias outras propriedades
mecânicas, como a tensão de ruptura. É uma propriedade intrínseca dos materiais,
dependente da composição química, microestrutura e defeitos.

A relação linear entre essas grandezas é conhecida como Lei de Hooke.

Figura 10. Lei de Hooke.

Fonte: Estrutura, 2008.

Segundo a Lei de Hooke a deformação é dada por:


σ
ε= (Eq. 1.2)
E

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COMPORTAMENTO MECÂNICO DOS MATERIAIS SÓLIDOS │ UNIDADE I

Sendo a tensão de flexão dada por:

− My (Eq. 1.3)
σ=
I

Considerando:

ε : Deformação σ : Tensão deFlexão


E : Módulo de Elasticidade
I : Mome nto de Inércia
́ y : Centróide

Figura 11. Variação da Deformação Normal (Vista Lateral).

Fonte: Hibbeler, 2004.

Baseado na Lei de Hooke é possível observar que o módulo de elasticidade (E) é a razão
entre a tensão e a deformação na direção da carga aplicada, sendo a máxima tensão que
o material suporta sem sofrer deformação permanente.

A elasticidade linear é uma aproximação, na realidade os materiais apresentam


algum grau de comportamento não linear. A teoria da elasticidade estuda
como determinar as tensões, deformações e a relação entre elas para um sólido
tridimensional.

Limite de Resistência à Tração

Você já observou atentamente que a curva tensão-deformação é formada por uma região
linear, onde ocorre a deformação elástica, e uma região de curva que ocorre a deformação
plástica. Depois do escoamento, o material começa a deformar plasticamente até
que aconteça a ruptura, dentro dessa região plástica a tensão cresce até um ponto de
máximo e em seguida perde intensidade, até a fratura. Essa tensão máxima é conhecida
como limite de resistência à tração, que é a tensão máxima que uma estrutura suporta
em tração. A fratura só ocorrerá se a tensão correspondente ao limite de resistência à
tração continuar sendo aplicada.
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UNIDADE I │ COMPORTAMENTO MECÂNICO DOS MATERIAIS SÓLIDOS

É importante saber que o limite de resistência à tração é um divisor de águas quando se


refere à deformação do material, até ele a deformação é uniforme, na região mais estreita
da amostra de tração. Na tensão máxima, uma pequena constrição ou pescoço começa a
se formar e toda subsequente deformação e a fratura irá ocorrer nele (empescoçamento).

A resistência à fratura corresponde à tensão aplicada quando ocorre a


fratura. Ordinariamente, quando a resistência mecânica de um metal é
citada para propósitos de projeto, o limite convencional de elasticidade
e usado. Isto é devido ao fato de que no tempo em que uma tensão
correspondente ao limite de resistência à tração tenha sido aplicada, às
vezes a estrutura terá experimentado tão grande deformação plástica
que ela e inútil. Além disto, resistências à fratura não são normalmente
especificadas para propósitos de projetos.
Fonte: Dutra, 2016

Figura 12. Limite de Resistência à Tração.

Fonte: Dalcin, 2007.

Ductilidade

Os materiais de construção mecânica, na maioria das vezes, são submetidos a esforços.


Muitos deles passam por processos de conformação mecânica, como a laminação, logo
são deformados de tal maneira que não voltam a sua forma original. A ductilidade é a
capacidade que um material tem em se deformar plasticamente ao sofrer a ação de uma
força, deformam-se plasticamente sem se romperem.

Os aços dúcteis, quando sujeitos às tensões locais elevadas, sofrem


deformações plásticas capazes de redistribuir os esforços. Esse
comportamento plástico permite, por exemplo, que se considere,
numa ligação rebitada, distribuição uniforme da carga entre os rebites.

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COMPORTAMENTO MECÂNICO DOS MATERIAIS SÓLIDOS │ UNIDADE I

Além desse efeito local, a ductilidade tem importância porque conduz


a mecanismos de ruptura acompanhados de grandes deformações que
fornecem avisos da atuação de cargas elevadas.
Fonte: Padilha, 2000.

Figura 13. Ductibilidade.

Fonte: Estrutura, 2008.

Dureza

É uma propriedade que permite apenas que se conheça uma característica superficial
do corpo de prova. Trata-se da grandeza que mede a resistência ao risco ou abrasão, ou
seja, é medida a dureza pela resistência que a superfície do material oferece à penetração
de uma ponta de maior dureza.

É uma propriedade bastante interessante, pois a partir dela pode-se medir outras
características de forma indireta. Geralmente, a relação dureza e fragilidade são
diretamente proporcionais, quanto mais duro o material mais frágil ele será. É possível
também avaliar a resistência ao desgaste do material, quanto maior a dureza maior
a resistência será, essa relação pode ser feita pois a resistência ao desgaste é uma
propriedade dependente da superfície do corpo, assim como a dureza.

Sabendo-se a medida de dureza do material, ainda é possível identificar o grau de


endurecimento superficial por tratamento térmico e estimar a resistência mecânica, já
que na maioria das vezes as características internas são as mesmas da superfície do metal.

As principais formas de se medir a dureza do material são os ensaios: Brinell, Rockwell,


Shore, Vickers e Knoop.

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UNIDADE I │ COMPORTAMENTO MECÂNICO DOS MATERIAIS SÓLIDOS

Fragilidade

Como já sabemos, a fragilidade de um material está intimamente relacionada a sua


dureza. Materiais mais duros tendem a ser mais frágeis e quebradiços logo, tem baixa
resistência aos choques, ou seja, tendem a quebrar quando submetidos a eles.

Tenacidade
Entende-se por tenacidade a resistência que o material tem a choques, pancadas, vibrações,
golpes, impactos, ou seja, a capacidade que se tem de absorver energia mecânica que
provocarão deformações elásticas e plásticas.

Quando se realiza um ensaio de tração, é possível determinar a tenacidade por meio da


medida da área total do diagrama tensão-deformação. Então, é possível definir também
a tenacidade como a energia total por unidade de volume de material necessária para
provocar a sua fratura.

Resiliência
A resiliência é uma propriedade que cabe só a situações dentro da região elástica
do material. Definida como a capacidade do material de absorver muita energia por
unidade de volume dentro do regime elástico. É importante saber que quando o esforço
é retirado, essa energia é liberada.

Resistência à fadiga
A principal responsável por falhas em componentes metálicos em serviço é a fadiga.
Esse tipo de falha é muito comum quando as peças metálicas trabalham sob o efeito de
solicitações cíclicas em grande quantidade. Devido aos esforços repetitivos, a ruptura
pode ocorrer em tensões inferiores às estudadas em ensaios de elasticidade.

Alguns fatores contribuem para que ocorra a fratura por fadiga, principalmente pelo
fato de se tratar de uma fratura com características frágeis. Alguns desses fatores são:
temperatura, concentração de tensões, meio corrosivo e tensões residuais.

A resistência à fadiga é a resistência à ruptura dos materiais. Na maioria das vezes, ela
é medida em ensaios elásticos e é fundamental quando se dimensiona uma peça que
passará por esforços cíclicos e dinâmicos.

Os resultados dos ensaios de fadiga realizados em corpo de prova


constituem apenas uma indicação do comportamento em serviço
do material desse corpo que depende também de muitos fatores

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COMPORTAMENTO MECÂNICO DOS MATERIAIS SÓLIDOS │ UNIDADE I

não representados nos ensaios deflexão-rotativa, flexão alternada e


tração-compressão.
Fonte: Padilha, 2000.

Resistência ao impacto
Um esforço de choque ou esforço de impacto é de natureza dinâmica. Os materiais
quando são submetidos a esforços dinâmicos se comportam de forma diferente de
quando estão sujeitos a cargas estáticas

Muitas propriedades têm muita influência sobre outras. Quando falamos de resistência
ao impacto, temos que pensar na capacidade de um determinado material absorver
energia do impacto, propriedade está ligada diretamente à sua tenacidade. E essa
última ligada à sua resistência e ductilidade.

O comportamento dúctil-frágil dos materiais pode ser mais amplamente caracterizado


por ensaio de impacto.

O ensaio de resistência é realizado para que se possa determinar a capacidade do material


de absorver e dissipar essa energia. Ao final de cada ensaio de impacto, obtém-se a
energia absorvida pelo material até sua fratura, podendo determinar o comportamento
dúctil-frágil do material.

Hoje, existem vários ensaios de impacto para distintas situações, que vão desde um
impacto de baixas velocidades até impactos de velocidades hipersônicas (USP).
Os mais utilizados, e mais antigos também, são os ensaios Charpy e Izod. A Figura 14 é
a representação de uma máquina de testes utilizada para os dois ensaios citados.

Figura 14. Máquina de ensaio de impacto.

Fonte: Scheid, 2016.

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UNIDADE I │ COMPORTAMENTO MECÂNICO DOS MATERIAIS SÓLIDOS

Ensaio Charpy

O ensaio Charpy, um dos tipos de teste de baixa velocidade, trata-se de um ensaio


simples, onde um martelo pendular colide com o corpo de prova.

Figura 15. Ensaio Charpy.

Fonte: Scheid, 2016.

O corpo de prova possui uma seção transversal quadrada, entalhada no centro e


biapoiado horizontalmente na máquina de ensaio (USP). Existem três tipos de corpos
de prova utilizados no ensaio Charpy, eles possuem o mesmo comprimento (55mm) e
seção quadrada (10mm) e são classificados de acordo com o seu entalhe. São eles: tipo
A, tipo B e tipo C (Figura 16).

Figura 16. Dimensões no ensaio Charpy.

Fonte: CIMM, 2016.

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COMPORTAMENTO MECÂNICO DOS MATERIAIS SÓLIDOS │ UNIDADE I

Em todos os três tipos de corpo de prova o entalhe é feito no centro. No tipo A, ele é
em forma de V, o do tipo B tem um formato que lembra uma fechadura e o tipo C é no
formato de U invertido.

O ensaio consiste em se elevar o martelo pendular a certa altura na máquina de ensaio,


para que ele adquira energia potencial gravitacional. O pendulo é solto, colide no corpo
de prova e a fratura ocorre justamente no entalhe, já que esse ele é o local de concentração
de tensões. O pendulo continua sua trajetória e vai até uma nova altura menor, já que
perdeu energia durante o impacto, logo a nova energia potencial gravitacional e bem
menor que a inicial.

A medição das energias potenciais gravitacionais iniciais e finais são importantes, pois
é a diferença entre elas que diz qual a energia absorvida pelo corpo de prova, energia
essa necessária para a ruptura do corpo de prova.

Ensaio Izod

Esse ensaio é muito parecido como o ensaio Charpy, a principal diferença entre os dois
são as dimensões do corpo de prova e o posicionamento desse. No ensaio Izod o corpo
de prova é muito parecido com o do ensaio Charpy do tipo A, a maior diferença é que
nesse caso o entalhe não está no centro. O corpo de prova está numa posição engastada
verticalmente na máquina de ensaio.

Figura 17. Ensaio Izod.

Fonte: Scheid, 2016.

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UNIDADE I │ COMPORTAMENTO MECÂNICO DOS MATERIAIS SÓLIDOS

Figura 18. Dimensões no ensaio Izod.

Fonte: CIMM, 2016.

O tamanho e o formato do corpo de prova e o formato e dimensão do entalhe tem


grande influência sobre os resultados do teste, logo os resultados encontrados no ensaio
Izod são utilizados para comparar com os do ensaio Charpy, já que não se encontrarão
resultados exatamente iguais devido aos diversos fatores.

Resistência à fluência
É a deformação plástica que ocorre num material, sob tensão constante ou quase constante,
em função do tempo, e a temperatura tem um papel muito importante nesse fenômeno.

A fluência é a capacidade que um metal tem de alterar o seu tamanho e a sua resistência
mecânica ao longo do tempo quando apenas sujeito a uma força constante, em função
do tempo, e uma temperatura de 40% da sua temperatura de fusão (Tf).

Trata-se de uma deformação permanente de materiais. Esse tipo de deformação é


observada em todos os tipos de materiais.

Para o Alumínio,
Tf = 660°C+273K= 933K
933K x 0,4 = 373,2K – 273K = 100,2°C

A faixa de temperatura a partir da qual o alumínio estará sujeito a fluência, inicia


em 100,2ºC

Ensaio de fluência

O objetivo do ensaio de fluência é o de determinar a vida útil do material nas condições de


carga constante, durante um período de tempo e sob temperaturas elevadas. Utiliza-se de
técnicas de extrapolação dos resultados, devido ao longo tempo de ensaio.
26
COMPORTAMENTO MECÂNICO DOS MATERIAIS SÓLIDOS │ UNIDADE I

Figura 19. Máquina de ensaio de fluência.

Fonte: Araujo, 2010.

A máquina de ensaio é composta de:

»» carga de tração constante;

»» forno elétrico a temperatura constante e controlável;

»» extensômetro para medir deformação em função do tempo.

O tempo de aplicação de carga é estabelecido em função da vida útil esperada do componente.

Ensaio pode ser dividido em 3 categorias:

1. ensaio de fluência propriamente dito,

2. ensaio de ruptura por fluência,

3. ensaio de relaxação

Ensaio de fluência propriamente dito

Consiste em aplicar uma determinada carga em um corpo de prova, a uma dada


temperatura, e avaliar a deformação que ocorre durante a realização do ensaio. A duração
do ensaio é muito variável. Em geral, o tempo é superior a 1.000 horas. O normal é o
tempo de ensaio ter a mesma duração esperada para a vida útil do produto. Quando o
ensaio é realizado durante um tempo mais curto é chamado de extrapolação.

Na região de encruamento a velocidade de fluência é rápida e ocorre nas primeiras


horas. Velocidade de deformação (dε/dt) é decrescente e com isso há o aumento da
resistência ao encruamento (Figura 20).

27
UNIDADE I │ COMPORTAMENTO MECÂNICO DOS MATERIAIS SÓLIDOS

Figura 20. Curva de fluência – Região de encruamento.

Fonte: Araujo, 2010.

Na região de taxa de deformação constante, a taxa de fluência (de /dt) é constante,


ou seja, linear. Esse é o estágio de maior duração. Há equilíbrio entre os processos de
encruamento e recuperação. Já na região de ruptura a aceleração da taxa de fluência,
há estricção seguida de ruptura.

Ensaio de ruptura por fluência

Muito parecido com o ensaio de fluência propriamente dito, mas aqui os corpos de
prova são sempre levados até à ruptura. Os principais resultados obtidos no ensaio são
o tempo para a ruptura do corpo de prova, a medida da deformação, e em alguns casos
a medida da estricção. O ensaio dura aproximadamente 1.000 horas.

Figura 21. Limite de ruptura.

Fonte: Araujo, 2010.

28
COMPORTAMENTO MECÂNICO DOS MATERIAIS SÓLIDOS │ UNIDADE I

Ensaio de relaxação

É por meio desse ensaio que são conseguidas informações sobre a redução da tensão
aplicada ao corpo de prova quando a deformação em função do tempo é constante a
determinada temperatura. O ensaio dura entre 1.000 a 2.000 horas.

29
TRAÇÃO E COMPRESSÃO UNIDADE II
SIMPLES

CAPÍTULO 1
Tensões em vigas

Equilíbrio de um corpo deformável


Os fundamentos da estática são de grande importância para o estudo de resistência
dos materiais. Por esse motivo, nesse tópico estudaremos alguns conceitos de estática
que serão importantes para o estudo. Estudaremos as relações entre cargas externas
aplicadas a um corpo deformável e a intensidade das forças internas que atuam dentro
do corpo.

»» Forças externas: cargas externas que um corpo é submetido, dividida


em: força de superfície e força do corpo (Figura 22).

Figura 22. Força externa.

Fonte: adaptado de Hibbeler, 2004.

30
TRAÇÃO E COMPRESSÃO SIMPLES │ UNIDADE II

»» Forças de superfície: forças ocasionadas pelo contato direto de um


corpo com a superfície de outro, são distribuídas pela superfície de
contato entre eles.

›› Força concentrada: força aplicada num ponto do corpo ocorre quando


a superfície de contato entre os corpos é muito pequena em relação ao
volume total dos corpos.

›› Carga linear distribuída: carga distribuída ao longo da superfície do


corpo.

»» Força de corpo: força que ocorre quando um corpo exerce uma força
sobre outro, sem que haja contato direto entre eles. Embora não haja
contato, as forças são representadas como uma força concentrada sobre
o corpo.

»» Reações de apoio: forças externas que ocorrem nos apoios ou nos


pontos de contato entre os corpos. Na figura 23, são apresentados alguns
apoios e as forças que eles originam. Saber o tipo de apoio é importante
pelo fato de que além de cada um deles originar forças com sentidos e
direções diferentes, também serve para escolha certa para cada elemento
que será a ele acoplado.

Figura 23. Reações de apoio.

Fonte: Hibbeler, 2004.

»» Equação de equilíbrio: para que haja equilíbrio de corpos, é necessário


que haja também o equilíbrio das forças e dos momentos.

31
UNIDADE II │ TRAÇÃO E COMPRESSÃO SIMPLES

›› Equilíbrio das forças: evita translação ou movimento acelerado do


corpo ao longo da trajetória.

›› Equilíbrio dos momentos: evita rotação do corpo.

Pode ser observada pelas seguintes equações:

ΣF=0. Soma de todas as forças igual a zero.

ΣMo=0. Soma de todos os momentos das forças em relação a um ponto é zero.

Para o sistema de coordenadas x, y, z e origem no ponto O.

ΣFx=0 e ΣMx=0, ΣFy=0 e ΣMy=0 e ΣFz=0 e ΣMz=0 (Eq.2.1)

»» Diagrama de corpo livre: por meio dele é possível observar todas as


forças conhecidas e desconhecidas que agem sobre o corpo. Um diagrama
bem feito, completo, permite com que as equações de equilíbrio sejam
aplicadas corretamente.

»» Força normal, N: são esforços no sentido perpendicular ao objetivo.


Surge quando forças externas tendem comprimir ou tracionar duas partes
do corpo. A tração tende a “esticar” o objeto, o de compressão tende a
comprimir as fibras dos objetos.

»» Força de cisalhamento, V: é um tipo de tensão que surge devido às


forças aplicadas no mesmo sentido ou em sentidos opostos, na mesma
direção, porém com intensidades diferentes do material analisado que
essa tensão age tangencialmente à superfície do mesmo.

»» Momento de torção ou torque, T: esse tipo de momento ocorre quando


as cargas externas provocam torção em um objeto em relação a outro.

»» Momento fletor, M: o momento fletor é um esforço ao qual tende a


fletir, ou seja, “curvar” uma viga ou eixo. Esse momento é provocado
por forças externas e provoca esforços de tração nas fibras externas e
compressão nas internas.

Tensão
A força e o momento atuam em certo ponto da área secionada de um corpo. Eles representam
os efeitos resultantes da distribuição de forças que agem sobre a área secionada. Conhecer
a distribuição de carga interna é de grande importância no estudo de resistência dos

32
TRAÇÃO E COMPRESSÃO SIMPLES │ UNIDADE II

materiais, para resolver o problema em relação a ela é preciso conhecer a definição


de tensão. A tensão descreve a intensidade da força interna sobre um plano específico
(área) que passa por um ponto.

Estudaremos nesse capítulo alguns tipos de tensão em vigas, a tensão normal, a tensão
de cisalhamento e a tensão admissível.

Tensão normal média em um barra com carga axial

Quando a força por unidade de área atua de forma normal, perpendicular, sobre
o corpo, é conhecida como tensão normal (σ). Se a força normal tende a empurrar
(Figura 24a) a diferencial de área, a tensão é denominada de tração, caso contrario,
há a tensão de compressão.
Figura 24.

Fonte: Hibbeler, 2004.

Alguns elementos estruturais e mecânicos são compridos e finos e submetidos a cargas


axias, que em geral são aplicadas em sua extremidade. Na Figura 24, é possível
observar uma barra sujeita a uma carga axial. Iremos estudar, nesse tópico, como
determinar a distribuição média de tensão sobre a seção transversal de barras desse
tipo. Caso todas as seções transversais sejam iguais, a barra é conhecida como
prismática. Desprezando-se o peso e dividindo a barra para que haja equilíbrio no
segmento inferior (Figura 24), “a resultante da força interna que atua sobre na seção
transversal deverá ser igual em intensidade, oposta em direção e colinear à força
externa que atua na extremidade inferior da barra”.
33
UNIDADE II │ TRAÇÃO E COMPRESSÃO SIMPLES

»» Hipóteses: elas são estabelecidas com o objetivo de simplificar


questões sobre o material e a aplicação de carga. Estabelecidas antes
de se determinar a distribuição média de tensão que age sobre a seção
transversal da barra. São elas:

›› É preciso que a barra esteja todo o tempo reta, antes e depois de a


carga ser aplicada, e a seção transversal deve estar plana durante
a deformação. Esses fatos irão garantir que a barra se deforme
uniformemente quando sujeita a uma carga (não considerando as
extremidades, ocorre nelas uma distorção localizada).

›› Com o objetivo de que a barra sofra deformação uniforme, é preciso


que a carga seja aplicada ao longo do eixo do centroide da seção
transversal e o material deve ser homogêneo e isotrópico.

Figura 25.

Fonte: Hibbeler, 2004.

Distribuição da tensão normal média

Uma barra sendo submetida a uma deformação uniforme e constante, logo, a deformação
surgirá de uma tensão normal constante. Por esse motivo, cada unidade de área da
seção transversal será sujeita a uma força:

34
TRAÇÃO E COMPRESSÃO SIMPLES │ UNIDADE II

Figura 26.

Fonte: Hibbeler, 2004.

O somatório de forças deve ser equivalente à força interna resultante P na seção transversal.

Então:

‫ ܨ݀ ׬‬ൌ ‫׬‬஺ ߪ݀‫ܣ‬ (Eq.2.2)

ܲ ൌ ߪǤ ‫ܣ‬ (Eq.2.3)

ߪൌ (Eq.2.4)

onde:

σ = Tensão normal média em qualquer ponto da área da seção transversal.

P = resultante da força normal interna, aplicada no centroide da área da seção transversal.

A = área da seção transversal da barra.

Tensão admissível

No dimensionamento dos elementos de máquinas, as peças a serem calculadas deverão


suportar as cargas com segurança. Por esse fato, são consideradas apenas deformações
elásticas, por isso, a tensão de trabalho utilizada deve ser menor que a tensão de
escoamento do material. A essa tensão dá-se o nome de tensão admissível.

35
UNIDADE II │ TRAÇÃO E COMPRESSÃO SIMPLES

A tensão admissível trata-se do valor máximo da tensão a que um determinado material


poderá estar sujeito, utilizada para o dimensionamento das suas secções resistentes.
Para que seja determinada, são consideradas as propriedades mecânicas do material
escolhido e o tipo de solicitações a que estará sujeito, e deve-se ter em conta alguns
fatores aleatórios ou imprevistos por meio da adoção de um coeficiente de segurança.

A relação entre a resistência mecânica do material e a tensão admissível para o cálculo


deve ser tanto maior quanto mais complexo ou indefinido for o estado de tensão ou
quanto mais imprevisível for o comportamento do material.

A tensão admissível é determinada dividindo-se a tensão de resistência do material


(σ r ou r por um coeficiente “S” chamado de coeficiente de segurança. A tensão admissível
é dada por:
ߪ௥
ߪത ൌ (Eq.2.5)
ܵ
ou
��
�̅ = (Eq.2.6)

O coeficiente de segurança é uma relação entre as tensões de resistência e admissível


do material. Ele pode ser determinado devido a muitos fatores parciais, como: fator em
função da homogeneidade do material, fator em função do tipo de carga a ser aplicado,
fator em função de causas desconhecidas etc.

36
CAPÍTULO 2
Deflexão em vigas

O projeto da estrutura de um prédio, uma ponte ou uma máquina é baseado nas suas
condições de uso. Esses são dimensionados de forma que possuam resistência suficiente
para suportar os esforços aos quais serão submetidos. Os principais aspectos de resistência
utilizados para a construção de um elemento são as propriedades mecânicas do material
e as análises de esforços e tensões a que eles serão submetidos. Quando a força externa
que atua no corpo vai sendo aumentada gradativamente, em um determinado momento
a força será de tal magnitude que haverá a sua ruptura. Quando essa força ocorre
perpendicularmente, o esforço físico que provoca uma deformação paralela a essa força
é denominado flexão.

A ação de forças aplicadas ainda pode provocar a deflexão do eixo de uma viga ou de
um elemento de máquina em relação a sua posição inicial. Por esse motivo, deve-se
conhecer os valores de deflexão para as cargas que o corpo será submetido com o
objetivo de encontrar meios de limitar ou impedir desalinhamentos em elementos de
máquinas e deflexões excessivas de vigas em prédios, por exemplo.

A linha elástica
Quando se deseja determinar a inclinação ou deslocamento em um ponto de uma viga
ou eixo, é necessário antes de tudo traçar um esboço da forma defletida da viga quando
carregada com o objetivo de visualizar os resultados calculados, logo, deve-se traçar a
linha elástica. Ela é o diagrama da deflexão do eixo longitudinal que passa pelo centroide
de cada área da seção transversal da viga.

Para que a linha elástica seja traçada, é necessário conhecer como a inclinação ou o
deslocamento da viga são restringidos pelos diversos tipos de apoio. Alguns exemplos
de informações importantes são listados abaixo:

»» Os apoios que resistem a uma força, como os pinos, restringem o


deslocamento.

»» Os apoios que resistem a um momento, como parede fixa, restringem a


inclinação bem como o deslocamento.

Quando há dificuldade de se determinar a linha elástica de uma viga, uma sugestão é


traçar o diagrama de momento fletor da viga. Na curva elástica, o momento positivo

37
UNIDADE II │ TRAÇÃO E COMPRESSÃO SIMPLES

interno tende a curvar a viga com a concavidade para cima, e vice versa. Sempre deve
existir um ponto de inflexão, ponto esse onde a curva passa de côncava para cima a
côncava para baixo, visto que o momento nesse ponto é nulo. Logo, se o diagrama de
momento for conhecido, ficará mais fácil representar a linha elástica.

Deflexão de vigas: método da integração


Para que as equações de cortante, momento, inclinação e deflexão de uma viga sejam
encontradas mais facilmente, deve-se conhecer alguns fatores: as funções de carga
(Apêndice A) e as condições de contorno (Apêndice B).

Um método utilizado para se determinar a inclinação e a deflexão de uma viga é o


Método da Integração Direta, que permite que se chegue às seguintes equações:

d� y
= −w(x) (Eq.2.7)
dx �
d� y
= V(x) (Eq.2.8)
dx �

d� y
= M(x) (Eq.2.9)
dx �

Condições de contorno

As condições de contorno são as condições iniciais, no caso de vigas elas são dadas de
acordo com o tipo de viga a ser utilizada, por exemplo: as condições de contorno de uma
viga engastada são bem diferentes da viga biapoiada. Para se encontrar as condições
de contorno, também é importante conhecer as funções de Macaulay, que em deflexão de
vigas são usadas para descrever cargas distribuídas. Sendo escritas de maneira geral como:

0, x<0
(x − a)� � � (Eq.2.10)
(x − a)� , x≥0
n≥0

Princípio de Saint-Venant
As tensões e deformações em um corpo em pontos que sejam suficientemente
distantes dos pontos de aplicação de carga dependem apenas da resultante
das cargas estáticas, e não da distribuição dessas cargas.

38
TRAÇÃO E COMPRESSÃO SIMPLES │ UNIDADE II

Esse princípio permite analisar diferentes formas de carregamento de uma mesma


maneira, desde que, em uma situação de cargas concentradas, se desconsidere a
distribuição das tensões nas regiões próximas ao ponto de aplicação. Nessas condições,
o perfil de tensão nas proximidades do ponto de aplicação da força é de difícil análise,
o que exige a utilização de métodos matemáticos avançados para que essas tensões
sejam determinadas. Mas à medida que vai se afastando dessa região, considera-se a
distribuição uniforme de tensões.

Segundo Teorema de Castigliano


A derivada parcial da energia de deformação de uma estrutura com relação
a qualquer carregamento é igual ao deslocamento correspondente àquele
carregamento.

O Segundo Teorema de Castigliano é um método utilizado para determinar o deslocamento


e a inclinação de um ponto em um corpo. Esse teorema aplica-se em corpos que tenham
material com comportamento linear-elástico e temperatura constante.

Se a energia de deformação de uma estrutura linear elástica pode ser expressa como
uma função da força generalizada Pi, então a derivada parcial de energia de deformação
em relação à força generalizada fornece o deslocamento generalizado na direção de Pi.

∂U�
∆� = (Eq.2.11)
∂P�

Em vigas, a energia interna de deformação é provocada pelo cisalhamento e pela


flexão. Mas, quando se trata de uma viga esbelta (onde o comprimento é muito maior
que a secção transversal) e longa, a energia de deformação devido ao cisalhamento é
desprezível em relação à de flexão. Como:

M � dx
U� = � (Eq.2.12)
2EI
e,

∂U�
∆� = (Eq.2.13)
∂P�
Logo,

∂ � M � dx
∆= � (Eq.2.14)
∂P � 2EI

39
UNIDADE II │ TRAÇÃO E COMPRESSÃO SIMPLES

Deflexão de vigas: método da superposição


A deflexão de uma viga que suporta simultaneamente diversas cargas
diferentes pode ser obtida por superposição linear, ou seja, pela adição
dos efeitos das cargas que atuam separadamente.

Para uma viga submetida a vários carregamentos distribuídos, torna-se conveniente


calcular separadamente as flechas provocadas por cada um dos carregamentos e
aplicar o princípio da superposição. A flecha provocada pelo carregamento total é então
determinada pela soma dos valores encontrados para cada carregamento, isoladamente.

Consiste na resolução do efeito de carregamentos combinados em uma estrutura,


determinando, separadamente, cada resultado e somando algebricamente ao final. São
impostas algumas condições para o seu uso:

»» Cada efeito seja relacionado à carga que produz.

»» A carga não crie uma condição que afete o resultado de outra carga.

»» As deformações resultantes de qualquer carga específica não sejam


grandes o bastante para alterar apreciavelmente as relações geométricas
das partes do sistema estrutural.

40
CORTE E CISALHAMENTO UNIDADE III
PURO

CAPÍTULO 1
Força de corte e tensão
de cisalhamento

O cisalhamento é um fenômeno muito presente em nosso dia a dia, ao se cortar uma


folha, por exemplo. Para materiais, como os metais, o cisalhamento pode ser provocado
com tesouras, prensas de corte, dispositivos especiais ou aplicando-se esforços que
originem forças cortantes.

O esforço cortante é produzido pelo movimento descendente da parte superior da


tesoura, por exemplo, que, ao entrar em contato com o material a ser cortado, cria uma
zona de deformação e ocorre o corte por cisalhamento. Quando há o corte, as partes se
movimentam paralelamente, por escorregamento, uma sobre a outra, separando-se, o
que chamamos de cisalhamento.

O denominado cisalhamento puro é o esforço cortante simples onde se despreza a flexão.


Acontece quando uma peça é submetida a uma força F, que atua transversalmente ao
seu eixo, originando um cisalhamento.

Tensão de cisalhamento
Tensão de cisalhamento ou tensão de corte ou ainda tensão tangencial é um tipo de
tensão originada por forças aplicadas em sentidos opostos, mas em direções parecidas
no material observado.

Estudar o cisalhamento é de grande importância, devido ao fato de envolver a segurança


de estruturas. Observe a imagem abaixo, existe aqui o surgimento de forças internas
atuando na seção T, as forças cortantes. Aqui, a tensão de cisalhamento não é distribuída
de forma homogênea, pois essa distribuição varia de zero, na superfície da barra, até
um valor máximo, no centro do corpo.
41
UNIDADE III │ CORTE E CISALHAMENTO PURO

Figura 27.

Fonte: Efeito Joule, 2013.

Tensão de cisalhamento média

Tensão de cisalhamento é um tipo de tensão que surge devido a forças aplicadas no mesmo
sentido ou em sentidos opostos, na mesma direção, porém com intensidades diferentes
no material analisado, essa tensão age tangencialmente à superfície do material.

Figura 28. Conexão parafusada em que o parafuso é carregado por cisalhamento duplo.

Fonte: Hibbeler, 2004.

Na Figura 28, observamos uma conexão parafusada que está sujeita a ação de forças
de tração P, a pressão cortante contra o parafuso é exercida pela barra e a junta. Daí
surge às tensões de contato ou tensões cortantes. A barra e a junta tendem a cisalhar o
parafuso, ou seja, cortá-lo. Essa tendência é resistida por tensões de cisalhamento no
parafuso (BUFONI, s/d).
42
CORTE E CISALHAMENTO PURO │ UNIDADE III

Figura 29.

Fonte: Hibbeler, 2004.

Na figura 29a, vimos uma barra sujeita a uma força F. Caso esteja sobre apoios rígidos
e para um F alto, essa força irá provocar deformação e falha no plano indicado por
AB e CD. Na 29b, observamos o diagrama de corpo livre da mesma barra, para que o
equilíbrio seja mantido, deve-se aplicar uma tensão de cisalhamento (V) de intensidade
igual a V=F/A. Logo, a tensão de cisalhamento média, que deve ser aplicada por toda a
área secionada, é dada por:

���� = (Eq.3.1)

τmed tensão cortante média na seção.

V = resultante interna da força de cisalhamento na seção.


A = área cortante - é a área projetada da superfície cortante.

Na Figura 29c, se pode observar que a tensão de cisalhamento média e V têm mesma
direção, já que a tensão de cisalhamento faz surgir forças associadas, que juntas irão
contribuir para a formação da resultante interna V.

A aplicação da equação é válida para a maioria dos componentes, embora de forma


aproximada. Mas ela é aceitável em muitos casos, principalmente para elementos de
43
UNIDADE III │ CORTE E CISALHAMENTO PURO

fixação. Existem, na realidade, dois tipos de cisalhamento: cisalhamento simples ou


direto e cisalhamento duplo. A diferença entre eles está no número de partes que o
pino/parafuso pode romper-se. A seguir serão apresentadas ilustrações de cada um dos
dois tipos de cisalhamento.

Cisalhamento simples ou direto

O cisalhamento é provocado pela ação direta da carga aplicada F. Ocorre frequentemente


em vários tipos de acoplamentos simples que usam parafusos, pinos ou material de solda.

Figura 30. Juntas de aço e madeira (juntas sobrepostas).

Fonte: Hibbeler, 2004.

Cisalhamento duplo (juntas de dupla sobreposição)

Figura 31. Juntas de dupla sobreposição.

Fonte: Hibbeler, 2004.

Existem dois planos de cisalhamento, e V é dado por:


�� (Eq.3.2)
2

Equilíbrio

É uma propriedade complementar do cisalhamento. As quatro tensões de cisalhamento


devem ter intensidades iguais e serem direcionadas no mesmo sentido ou em sentido
contrário uma da outra nas bordas opostas do elemento (Figura 32).
44
CORTE E CISALHAMENTO PURO │ UNIDADE III

Figura 32. Elemento de volume do material removido em um ponto localizado sobre a.

Fonte: Hibbeler, 2004.

∑ �� = 0; ��� ������ � ��� ������ = 0 � ��� = ��� (Eq.3.3)

෍ ‫ܨ‬௭ ൌ Ͳ ՜ ߬௬௭ ൌ ߬௬௭ (Eq.3.4)

Momento sobre o eixo x,

∑ �� = 0, ���� �∆�∆��∆� � ��� �∆� ∆� �∆� = 0 � ��� = ��� (Eq.3.5)

Portanto,

߬௭௬ ൌ ߬௭௬ ൌ ߬௬௭ ൌ ߬௬௭ ൌ ߬ (Eq.3.6)

Ensaio de cisalhamento
A forma do produto final afeta sua resistência ao cisalhamento. É por essa
razão que o ensaio de cisalhamento é mais frequentemente feito em produtos
acabados, tais como pinos, rebites, parafusos, cordões de solda, barras e chapas.
É também por isso que não existem normas para especificação dos corpos de
prova. Quando é o caso, cada empresa desenvolve seus próprios modelos, em
função das necessidades.

Do mesmo modo que nos ensaios de tração e de compressão, a velocidade


de aplicação da carga deve ser lenta, para não afetar os resultados do ensaio.
Normalmente, o ensaio é realizado na máquina universal de ensaios, à qual se
adaptam alguns dispositivos, dependendo do tipo de produto a ser ensaiado.
Para ensaios de pinos, rebites e parafusos, utiliza-se um dispositivo como o que
está representado simplificadamente na figura a seguir.

45
UNIDADE III │ CORTE E CISALHAMENTO PURO

Figura 33. Dispositivo de ensaio tipo gaveta.

Fonte: <http://s3.amazonaws.com/magoo/ABAAABv0sAI-1.png>.

O dispositivo é fixado na máquina de ensaio e os rebites, parafusos ou pinos são


inseridos entre as duas partes móveis. Ao se aplicar uma tensão de tração ou
compressão no dispositivo, transmite-se uma força cortante à seção transversal
do produto ensaiado. No decorrer do ensaio, essa força será elevada até que
ocorra a ruptura do corpo.

No caso de ensaio de solda, utilizam-se corpos de prova semelhantes aos empregados


em ensaios de pinos. Só que, em vez dos pinos, utilizam-se junções soldadas.

Para ensaiar barras presas ao longo de seu comprimento com uma extremidade
livre utiliza-se o dispositivo a seguir.

Figura 34. Dispositivo para ensaio de barras.

Fonte: <http://s3.amazonaws.com/magoo/ABAAAAIBgAL-8.jpg>.

46
CORTE E CISALHAMENTO PURO │ UNIDADE III

No caso de ensaio de chapas, emprega-se um estampo para corte, como o que


é mostrado a seguir.

Figura 35. Dispositivo de ensaio de chapas.

Fonte: <http://s3.amazonaws.com/magoo/ABAAAemeEAI-14.jpg>.

Nesse ensaio, normalmente se determina somente a tensão de cisalhamento,


isto é, o valor da força que provoca a ruptura da seção transversal do corpo
ensaiado.

Fonte: Costa, 2000.

47
CAPÍTULO 2
Módulo de elasticidade transversal

Parâmetros elásticos e de escoamento


Os parâmetros elásticos e de escoamento são utilizados para o estudo da conformação
plástica, mas também, possibilitam que sejam realizados o cálculo e o dimensionamento
das cargas que irão provocar a deformação plástica dos materiais. Como as medidas em
termos quantitativos são muito pequenas, é possível considerar que as deformações
reais e de projeto são praticamente iguais. Os principais parâmetros elásticos são:
módulo de elasticidade, coeficiente de poisson, limite de escoamento e módulo de
elasticidade transversal. Devido ao estudo do cisalhamento, nesse capítulo daremos
ênfase ao estudo do módulo de elasticidade transversal.

Módulo de elasticidade (E)

Como já estudamos na Unidade 1, o módulo de elasticidade indica a rigidez do material,


tendo influência da temperatura e pouco da composição química. Baseada na Lei de
Hooke, o módulo de elasticidade pode ser expresso como sendo:

σ
E= (Eq.3.7)
ε
Onde;

σ = é a tensão na qual se obtém a deformação real ε

ε = deformação real

Coeficiente de Poisson ou Razão de Poisson (µ)

O coeficiente de Poisson mede a deformação transversal, em relação à direção


longitudinal de aplicação da carga, de um material homogêneo e isotrópico. Ou
seja, mede a rigidez do material na direção normal a que a carga está sendo aplicada
(Figura 36).

48
CORTE E CISALHAMENTO PURO │ UNIDADE III

Figura 36.

Fonte: próprio autor.

A relação se estabelece, a razão de Poisson não ocorre entre tensão e deformação, há


sim uma relação entre as deformações ortogonais, que origina a equação a seguir:
ε� ε�
μ=− =− (Eq.3.8)
ε� ε�
Onde,

»» µ = razão de Poisson (adimensional);

»» εx = deformação na direção x, que é transversal;

»» εy = deformação na direção y, que é transversal;

»» εz = deformação na direção z, que é a longitudinal;

»» εy, εy e εz são também grandezas adimensionais, já que são deformações.

Para a figura 36, a razão de Poisson é determinada pela relação entre as deformações
na direção de aplicação de carga (ε1) e a deformação medida na direção perpendicular
(ε2 ou ε3):
�� ��
�=− =− (Eq.3.9)
�� ��
49
UNIDADE III │ CORTE E CISALHAMENTO PURO

O sinal negativo na equação da razão de Poisson é adotado porque as


deformações transversais e longitudinais possuem sinais contrários.
Materiais convencionais contraem-se transversalmente quando
esticados longitudinalmente e se encolhem transversalmente quando
comprimidos longitudinalmente. A contração transversal em resposta
à extensão longitudinal devido a uma tensão mecânica de tração
corresponde a um coeficiente de Poisson positivo. Ao se esticar uma
borracha, por exemplo, você notará que ela se contrairá na direção
perpendicular àquela que você a esticou inicialmente. Por outro lado,
quando o material possui um coeficiente de Poisson negativo (que são
casos muitíssimo especiais) ele se expande transversalmente quando
tracionado. Materiais que apresentam coeficiente de Poisson negativo
são denominados auxéticos e também conhecidos como anti-borrachas.

Para materiais isotrópicos, o módulo de cisalhamento, o módulo de


Young e a razão de Poisson são relacionados pela equação E= 2G(1+µ).
Para a maioria dos metais que possui razão de Poisson de 0,25, G
equivale a aproximadamente 0,4E; dessa forma, se o valor de um dos
módulos for conhecido, o outro pode ser estimado.

Muitos materiais são elasticamente anisotrópicos; isto é, o comportamento


elástico (por exemplo, a magnitude de E) varia de acordo com a direção
cristalográfica. Para esses materiais, as propriedades elásticas são
completamente caracterizadas somente com a especificação de diversas
constantes elásticas, o número dessas dependendo das características
estruturais do cristal. Mesmo para os materiais isotrópicos, pelo menos
duas constantes devem ser dadas para que se tenha a caracterização
completa das propriedades elásticas. Uma vez que a orientação do
grão é aleatória na maioria dos materiais policristalinos sem textura,
esses podem ser considerados isotrópicos. Vidros inorgânicos também
são isotrópicos.
Fonte: Rodrigues, 2016.

Limite de escoamento

A partir dos estudos realizados na Unidade 1, é, talvez, o principal parâmetro conseguido


com o ensaio de tração. É utilizado tanto para cálculos de projeto estrutural quanto
para conformação plástica. Em geral, materiais que possuem propriedades mecânicas
fixas, ditadas por uma norma de qualidade, o parâmetro mais observado é o limite
de escoamento.

50
CORTE E CISALHAMENTO PURO │ UNIDADE III

Ao se realizar um ensaio de tração, é possivel identificar dois comportamentos em


relação à determinação do limite de escoamento: materiais que apresentam um ponto
descontínuo na curva tensão vs. deformação e materiais que apresentam escoamento
contínuo (alteram o comportamento elástico para o plástico continuamente).

Para materiais que apresentam escoamento continuo, é mais difícil determinar o exato
limite de escoamento. As normas de realização dos ensaios propõem indicá-lo como
sendo a tensão para uma deformação entre e = 0,2% a até e = 0,5% para materiais
extremamente dúcteis.

Para os dois tipos de comportamento, a deformação elástica do corpo de prova é


praticamente desprezível e,

A�� ≅ A�

Sendo,

Ays = área real do material

A0 = área inicial

Logo, o limite de escoamento é definido pela equação:

F�� F��
σ�� = ≅ (Eq.3.10)
A�� A�
Onde,

Fys é a força exercida pelo sistema de testes sobre o corpo de prova de área inicial .

Módulo de elasticidade transversal (G)

Das propriedades necessárias para o dimensionamento de uma estrutura, a mais


estudada é o módulo de elasticidade. Em um projeto de vigas, por exemplo, e em muitos
outros elementos estruturais, o conhecimento dos módulos de elasticidade longitudinal
(E) e transversal (G) é de fundamental importância.

O módulo de elasticidade transversal (G) ou módulo de cisalhamento indica a


rigidez do material quando submetido a um carregamento de cisalhamento. Caso o
material sofra um esforço de cisalhamento puro (Figura 37a), ele se deforma como na
figura 37b.

51
UNIDADE III │ CORTE E CISALHAMENTO PURO

Figura 37.

Fonte: MPSC, 2016.

Na região elástica, o ângulo de distorção γ e a tensão τ são proporcionais

߬ ൌ ‫ߛܩ‬ (Eq.3.11)

O coeficiente G é denominado módulo de elasticidade transversal.

A tensão de cisalhamento relaciona-se com uma força aplicada paralelamente a uma


superfície, com o objetivo de causar o deslizamento de planos paralelos uns em relação
aos outros. No caso, a deformação de cisalhamento (Υ) pode ser calculada pela tangente
do ângulo γ.

Observe a figura 38, ela representa um cubo com algumas tensões de cisalhamento. No
lado direito temos o cubo deformado de um ângulo γxy (deformação de cisalhamento)
pela tensão de cisalhamento (τ).

Figura 38. Cubo com algumas tensões de cisalhamento. No lado direito temos o cubo deformado de um ângulo
γxy (deformação de cisalhamento) pela tensão de cisalhamento.

Fonte: Pinto; Luiz; Baron, 2014.

52
CORTE E CISALHAMENTO PURO │ UNIDADE III

Considerando agora tensões e deformações de cisalhamento para as três componentes,


a relação da Lei de Hooke torna-se:

߬௫௬ ൌ ‫ߛܩ‬௫௬

߬௬௭ ൌ ‫ߛܩ‬௬௭

߬௭௫ ൌ ‫ߛܩ‬௭௫
Relação entre E, G e n:

�� (Eq.3.12)
2�� � ��

A seguir, são vistos valores dos coeficientes elásticos de alguns materiais.

Quadro 1. Valores dos coeficientes elásticos de alguns materiais.

Módulo de Elasticidade, E Módulo transversal, G Coeficiente de


Material
(Mpa) (MPa) Poisson, v
Alumínio e ligas de alumínio 6,93x104-7,98x104 2,59x104-2,7x104 0,32-0,34
Latão 1,02x10 -1,11x10
5 5
3,71x10 -4,2x10
4 4
0,33-0,36
Cobre 1,19x105-1,26x105 4,06x104-4,69x104 0,33-0,36
Ferro fundido 9,1x10 -1,47x10
4 5
3,64x10 -5,74x10
4 4
0,21-0,30
Aço ao carbono e de baixa liga 1,96x105-2,24x105 7,59x104-8,21x104 0,26-0,29
Aço inox (18-8) 1,96x105-2,07x105 7,31x104 0,3
Titânio 1,06x105-1,15x105 4,14x104 0,31-0,34
Tungstênio 4,0x105 1,57x105 0,27
Vidro 4,97x104-7,94x105 2,62x104-3,24x104 0,21-0,27
PMMA 2,41x103-3,45x103 1,04x103 0,35
Polietileno 1,38x10 -3,8x10
2 2
1,17x10 2
0,45
Borracha 0,76-4,14 0,345-1,38 0,5

Fonte: Moura Branco, 1994.

A maioria dos materiais resiste menos ao cisalhamento do que à tração. Em geral,


resistem 25% menos ao cisalhamento que à tração.

Quadro 2. Tensão de ruptura.

Tensão de Ruptura
kgf/cm2
Material
Tração Compressão Cisalhamento
Tr Tr-c Tr-s
Aço estrutural A-36 40 40 30

53
UNIDADE III │ CORTE E CISALHAMENTO PURO

Tensão de Ruptura
kgf/cm2
Material
Tração Compressão Cisalhamento
Tr Tr-c Tr-s
SAE 1020 42 42 32
SAE 4140 76 76 57
SAE 4340 86 86 65
AISI 316 60 60 45
Cobre 22,5 22,5 16,8
Latão 34,2 34 25,5
Bronze 28 28 21
Br fosforoso 52,5 52,2 39,5
Alumínio 18 18 13,5
Metal Patente 7,9 7,9 5,9

Fonte: Correa, 2016.

54
TORÇÃO SIMPLES E UNIDADE IV
FLEXÃO PURA

CAPÍTULO 1
Momento de torção

Deformação por torção de um eixo circular


O termo torção faz referência ao giro de uma barra retilínea que está sujeita a momentos
conhecidos como torques, que irão gerar rotação sobre o eixo longitudinal da barra.
Logo, o torque é definido como o momento que tende a torcer um elemento em torno
de seu eixo longitudinal.

O estudo da torção é interessante, principalmente, para o projeto de eixos, por exemplo.


O que ocorre quando um torque é aplicado em um eixo circular (considerado constituído
de um material altamente deformável), os círculos e as retas longitudinais da grelha
tendem a se deformar, Figura 39b.

A torção faz os círculos permanecerem como círculos e cada reta


longitudinal da grelha deforma-se em hélice que intercepta os círculos em
ângulos iguais. Além disso, as seções transversais do eixo permanecem
planas e as retas radiais dessas seções permanecem retas durante a
deformação (Figura 39b). A partir dessas observações, podemos supor
que, se o ângulo de rotação for pequeno, o comprimento do eixo e seu
raio permanecerão inalterados.
Fonte: Hibbeler, 2004.

Figura 39. Deformação do elemento retangular quando a barra é submetida a um torque.

Fonte: Hibbeler, 2004.

55
UNIDADE IV │ TORÇÃO SIMPLES E FLEXÃO PURA

Para um eixo travado em uma extremidade e que se aplica um torque na extremidade


oposta, como mostrado na Figura 39c, a região sombreada sofrerá distorção e passará
a ter uma forma oblíqua. Segundo Hibbeler, forma-se então, na seção transversal, uma
linha radial localizada a uma distância x da extremidade fixa do eixo e girará por meio
de um ângulo φ(x), ou ângulo de torção. E depende da posição x e varia ao longo do eixo.

Fórmula da torção
A reação, quando um torque externo é aplicado a um eixo, é o surgimento de outro
torque (interno) de mesma intensidade. Conheceremos agora a equação associada ao
torque interno com a distribuição de tensões de cisalhamento na seção transversal de
um eixo ou tubo circular.

Caso o material seja linear-elástico, há uma variação linear tanto na deformação por
cisalhamento, quanto na tensão de cisalhamento por toda extensão da reta radial na
seção transversal.
Assim, como a variação tensão-deformação, para um eixo maciço, τ
varia de zero na linha de centro longitudinal do eixo a um valor máximo,
τmáx , em seu limite externo. Tal variação é mostrada na figura 40, para
as faces de um número selecionado de elementos, localizados em uma
posição radial intermediária ρ e na extremidade do raio c.
Fonte: Hibbeler, 2004.

Figura 40.

Fonte: Hibbeler, 2004.

56
TORÇÃO SIMPLES E FLEXÃO PURA │ UNIDADE IV

A tensão de cisalhamento é determinada na distância intermediária ρ e na extremidade


do raio do elemento a partir das equações abaixo, que são geralmente chamadas de
fórmulas de torção:
ߩ
߬ ൌ ቀ ቁ ߬௠௔௫ (Eq.4.1)
ܿ

��
���� = (Eq.4.2)

ܶߩ
߬ൌ (Eq.4.3)
‫ܬ‬
Onde:

τmax = tensão de cisalhamento máximo no eixo, que ocorre na superfície externa do


elemento;

Tb= torque interno resultante que atua na seção transversal;

J = momento de inércia polar da seção transversal;

ρ = medida intermediária entre o centro do eixo e a extremidade do raio;

c = raio externo do eixo.


� �
Momento de inércia polar para um eixo sólido: � � �
2
Momento de inércia polar para um eixo tubular de raio interno ci e raio externo

ce: ‫ ܬ‬ൌ ሺܿ௘ െ ܿ௜ ሻସ

Quando um eixo que tem seção transversal circular é submetido a um
torque, a seção transversal permanece plana enquanto as retas radiais
giram. Isso provoca uma deformação por cisalhamento no interior
do material que varia linearmente ao longo de qualquer reta radial,
indo desde zero na linha de centro do eixo até o máximo no seu limite
externo.
(HIBBELER, 2004)

Ângulo de torção
Para o projeto de eixos há limitações em relação à quantidade de rotação ou torção que
acontece quando esse é submetido ao torque. É importante calcular o ângulo de torção
do eixo quando se analisam as reações em eixos estaticamente indeterminados.
57
UNIDADE IV │ TORÇÃO SIMPLES E FLEXÃO PURA

Mostraremos agora como determinar o ângulo de torção φ de uma extremidade do eixo


em relação à outra. Imaginando que o material se comporte de forma linear-elástica
quando o torque é aplicado e desprezando as deformações localizadas que ocorrem em
pontos de aplicação dos torques e onde a seção transversal muda abruptamente suas
dimensões, temos a seguinte expressão para calcular o ângulo de torção φ. Se o ângulo
de rotação for pequeno, o comprimento e o raio do eixo permanecerão inalterados.


ࢀሺ࢞ሻǤ ࢊ࢞
࣐ൌන (Eq.4.4)
૙ ࡶሺ࢞ሻǤ ࡳ

Figura 41.

Fonte: Hibbeler, 2004.

Em geral, o material é homogêneo, de modo que G, a área da seção transversal e o


torque aplicado são constantes, portanto, a equação que determina o ângulo de torção
pode ser expressa do seguinte modo:
�� �
�� (Eq.4.5)
�� �

φ = ângulo de torção de uma extremidade do eixo em relação à outra;

T (x) = torque interno na posição arbitrária x;

J (x) = momento de inércia polar do eixo expresso em função de x;

G = módulo de elasticidade ao cisalhamento do material.

Se o eixo estiver sujeito a diversos torques diferentes, ou a área da seção transversal ou


ainda o módulo de elasticidade ao cisalhamento mudar abruptamente de uma região
para outra, a equação para calcular o ângulo de torção será aplicada a cada segmento
58
TORÇÃO SIMPLES E FLEXÃO PURA │ UNIDADE IV

do eixo em que essas quantidades sejam constantes. O ângulo de torção de uma


extremidade do eixo em relação à outra será, então, determinado pela adição de vetores
dos ângulos de torção de cada segmento. Neste caso temos:

ܶǤ ‫ܮ‬
߮ൌ෍ (Eq.4.6)
‫ܬ‬Ǥ ‫ܩ‬

A convenção de sinais a fim de aplicarmos a equação anterior, segue a regra da mão


direita, pela qual o torque e o ângulo serão positivos se a direção indicada pelo polegar
for no sentido de afastar-se do elemento considerado quando os dedos são fechados
para indicar a tendência da rotação.

Figura 42.

Fonte: Hibbeler, 2004.

59
CAPÍTULO 2
Momento fletor

Flexão pura
As peças longas, quando submetidas à flexão, apresentam tensões
normais elevadas (por exemplo, para se quebrar um lápis, com as mãos,
jamais se cogitaria tracioná-lo, comprimi-lo, torcê-lo ou cisalhá-lo; um
momento fletor de pequeno valor seria suficiente para produzir tensões
de ruptura no material). Daí a importância do presente estudo.
Fonte: UFF, 2016.

A flexão de uma barra pode ser classificada em três tipos: flexão pura, simples e composta.
A flexão pura é um caso particular da flexão simples onde corpos flexionados somente
estão solicitados por um momento fletor, não existindo assim o carregamento transversal,
ou seja, na seção de uma barra onde ocorre a flexão pura o esforço cortante e esforço
normal são nulos. É uma condição considerada idealizada, mas com a consideração das
hipóteses simplificadoras, essa condição pode ser acoplada, posteriormente, aos efeitos
das cargas transversais para se definir a deformada e as tensões na flexão simples.

Como exemplo, temos a figura 43, onde a viga mostrada, no seu trecho central entre
as cargas concentradas, o esforço cortante é nulo e a flexão é pura. Nos trechos das
extremidades, entre os apoios e as cargas aplicadas, a flexão é simples.

Figura 43.

Fonte: UFF, 2016.

60
TORÇÃO SIMPLES E FLEXÃO PURA │ UNIDADE IV

As condições de equilíbrio requerem que os esforços internos sejam equivalentes


às solicitações externas. Como a solicitação na barra, no caso da flexão pura, é um
momento constante M, em qualquer seção da barra a distribuição de tensões deve ser
igual ao momento M.
Figura 44.

Fonte: UFPR, 2016.

Figura 45. Tensões na seção transversal no ponto central durante a flexão.

Fonte: UFPR, 2016.

Chamando de xz as componentes da tensão de τxy e τx a tensão normal em um ponto


da seção transversal e s cisalhamento é possível expressar o sistema de forças internas
equivalentes ao momento M. Como o momento M consiste de duas forças de igual
intensidade, mas sentidos opostos (Figura 44b) a soma dessas componentes é sempre
igual a zero. Além disso, o momento fletor M é o mesmo em relação a qualquer eixo
perpendicular ao seu plano e é zero em relação a qualquer eixo contido no seu plano.
Aplicando-se as equações da estática, somatório de forças e somatório de momento, em
função das resultantes, função das tensões nos elementos infinitesimais da seção em C,
ilustrados na figura 45, chega-se respectivamente a:

(Eq.4.7)
� σ� dA = 0

61
UNIDADE IV │ TORÇÃO SIMPLES E FLEXÃO PURA

Somatório dos momentos em torno do eixo y, é:

� −yσ� dA = M (Eq.4.8)

As demais componentes normais e de cisalhamento, em uma barra submetida à flexão


pura, não precisam ser consideradas.

Tensões e deformações no regime elástico


Imagine que o momento M aplicado provoca tensões na barra por flexão, em que a
barra fletida está dentro do seu limite elástico linear, validando a Lei de Hooke para a
tensão uniaxial.

Sabendo-se que é E o módulo de elasticidade do material, o esforço normal simples, é


permitido que se escreva que:

ߪ௫ ൌ ‫ߝܧ‬௫ ou ߪ௠ž௫ ൌ ‫ߝܧ‬௫௠ž௫ (Eq.4.9)


�� = − ���� (Eq.4.10)

Sendo:
ߪ௫ ǣ ‫ݏ݊݁ݐ‬ ‫݋‬

ߝ௫ǣௗ௘௙௢௥௠௔­ ௢

Multiplicando-se ambos os membros da Equação 4.10 pelo módulo de elasticidade:



��� = − ����� (Eq.4.11)

Utilizando-se a Equação 4.9 na Equação 4.11:



�� = − ���� (Eq.4.12)

Onde,

ߪ௠௔௫ = o máximo valor absoluto da tensão.

A tensão normal também varia linearmente com a distância em relação à linha neutra.
Substituindo a equação 4.7 na equação 4.11:
� ����
� �� �� � � − ���� �� � − � ��� ��������� � ��� � �� (Eq.4.13)
� �

62
TORÇÃO SIMPLES E FLEXÃO PURA │ UNIDADE IV

Na equação 4.13 é possível observar o primeiro momento estático da seção transversal


em relação à linha neutra que deve ser igual a zero. Ou seja, uma barra submetida a
flexão pura, desde que as tensões continuam no regime elástico linear, apresenta linha
neutra passando pelo centro geométrico da seção transversal.

A outra equação de equilíbrio a equação 4.8, momento em torno do eixo z, o qual


deverá ser perpendicular a x internas, e substituindo nessa s linha neutra, nos mostra o
equilíbrio do momento M aplicado com as tensões equação a equação 4.11, chega-se a:
‫ݕ‬
න െ‫ ݕ‬ቀെ ߪ௠௔௫ ቁ ݀‫ ܣ‬ൌ ‫ܯ‬ (Eq.4.14)
ܿ
ߪ௠௔௫
න ‫ ݕ‬ଶ ݀‫ ܣ‬ൌ ‫ܯ‬
ܿ

��
���� =

Na qual o segundo momento estático da seção transversal é conhecido como momento
de inércia, I em torno do eixo z contido na superfície neutra.

Substituindo-se a equação 4.11 na equação 4.14, chega-se ao valor das tensões na direção
x em função do momento fletor aplicado para qualquer altura y.

��
�� = − (Eq. 4.15)

A equação 4.15 é conhecida como equação da flexão para o regime elástico, e a tensão
flexão. Observe que se y é positivo, ou seja, acima da linha neutra, o valor das tensões é
negativo, ou seja, compressão. Caso y seja negativo, abaixo da linha neutra, o valor das
tensões é positivo indicando tração. Isso é, considerando-se o momento aplicado como
positivo, no qual a concavidade da barra fletida é voltada para cima.

Retornando a equação 4.14, observa-se que a relação I/c depende somente da


geometria da seção transversal. Essa relação é conhecida como módulo de resistência e
é representada por W. Substituindo W na Equação 4.14, chega-se a:


���� = (Eq. 4.16)

A deformação em uma barra fletida por um momento positivo M é medida pela curvatura
da linha neutra. Essa curvatura é definida como o inverso do raio de curvatura ρe pode
ser obtida através de:

1 ���� (Eq. 4.17)


=
� �

63
UNIDADE IV │ TORÇÃO SIMPLES E FLEXÃO PURA

Substituindo-se a equação 4.9 na equação 4.17, chega-se a:

1 ���� 1 ��
= = (Eq.4.18)
� � �� �
Ou seja:

1 �
= (Eq.4.19)
� �����
Fonte: UFPR, 2016

64
FLAMBAGEM EM UNIDADE V
COLUNAS

A Resistência dos Materiais é uma área da Engenharia que se dedica ao estudo do


comportamento de estruturas que são sujeitas a diferentes condições. Entre os diversos
ramos pesquisados por essa ciência, o fenômeno da flambagem, ou encurvadura, trata-se
de uma condição de instabilidade elástica, ou seja, ao sofrer uma solicitação a peça em
análise sofrerá mudança na sua configuração.

CAPÍTULO 1
Flambagem em colunas

Introdução
Desde seus primórdios, a Engenharia está associada à técnica de aliar conhecimentos
científicos e matemáticos com a viabilidade técnico-econômica a fim de produzir
novas utilidades ou melhorá-las, sempre buscando a estabilidade dos sistemas. A essa
estabilidade, associam-se resistência e comportamento adequados durante a vida útil
de uma estrutura. Segundo Reis (1996), para que isso aconteça, é necessário que não
sejam atingidos os chamados estados limites, ou seja, que as respostas da estrutura não
ultrapassem determinados valores além dos quais ela deixa de atender as funções para
as quais foi projetada.

O ramo da Engenharia voltado ao estudo do comportamento ideal das estruturas sujeitas


a diversas condições de uso e solicitações é a Resistência dos Materiais. Um importante
capítulo nesse ramo é a flambagem de colunas, que consiste na deflexão lateral da
coluna consequente da compressão axial. Leonardo da Vinci investigou algo sobre
resistência de colunas, afirmando que essa varia inversamente com seus comprimentos,
mas diretamente com o raio de suas secções transversais. Os estudos de Leonardo
comprovam a primeira provável tentativa de aplicar a estática para determinar as forças
atuantes em elementos de estruturas.

65
UNIDADE V │ FLAMBAGEM EM COLUNAS

Sendo um fenômeno físico, a flambagem pode ser representada de maneira aproximada,


e seguindo considerações específicas, por equações diferenciais relativas ao tempo e/
ou espaço. A determinação dos carregamentos correspondentes às formas de deflexão
para uma coluna real apoiada requer o emprego das equações diferenciais da curva de
deflexão de uma viga.

Flambagem em colunas

O fenômeno da flambagem, também denominado encurvadura, é uma condição de


instabilidade elástica, ou seja, é uma situação na qual a estrutura não apresenta capacidade
em suportar determinada carga sem sofrer súbita mudança em sua configuração.
Genericamente, a flambagem é um fenômeno no qual a estrutura foge da condição
de equilíbrio.

Figura 46. Estados de equilíbrio.

Fonte: próprio autor.

Segundo Ricardo (1977), existem três estados de equilíbrio genéricos tais qual estável,
indiferente e instável (Figura 46). Supondo que em cada estado de equilíbrio seja
aplicada, momentaneamente, uma força perturbadora infinitesimal que afaste o
corpo do equilíbrio e que essa seja retirada. Na condição de equilíbrio estável (Figura
46a) o corpo muda de posição com a força, mas volta ao estado inicial. No equilíbrio
indiferente (Figura 46b) o corpo muda de posição e permanece equilibrado em sua
nova posição. No equilíbrio instável (Figura 46c) o corpo se afasta cada vez mais da
posição inicial.

Já sabemos que elementos longos e esbeltos, quando sujeitos a compressão, podem fletir
lateralmente e falhar por flexão. Em uma estrutura, a estabilidade é dita como a capacidade
dessa suportar uma carga sem que ocorram grandes mudanças no seu formato.

Considere um mecanismo formado por duas barras sem peso, rígidas e acopladas por
pinos nas duas extremidades (Figura 47) imaginar esse sistema irá fazer com que você
compreenda melhor a instabilidade e o fenômeno da flambagem.

66
FLAMBAGEM EM COLUNAS │ UNIDADE V

Figura 47. (a) Mola com rigidez k sem deformação (b) Deslocamento do pino em A de uma posição.

Fonte: Hibbeler, 2004.

O carregamento P age como no eixo horizontal das barras provocando somente a


compressão. Caso a estrutura seja perturbada de maneira que o ponto A se desloque
lateralmente, as barras irão girar em pequenos ângulos e um momento surge na mola.
Esse momento tende a fazer com que a estrutura retorne a sua posição inicial, no
entanto, a força tende a provocar o aumento do deslocamento lateral.

Se a estrutura for estável, quando a força for retirada, ela retornará a sua posição reta,
isso significa que a ação do momento restaurador predominará sobre a ação da força
axial P. Já se a estrutura for instável, quando a força axial for grande, o deslocamento
no ponto A aumentará até que ela entre em colapso, provocando falha por flambagem
lateral.

Carga crítica

A carga crítica (Pcr) é a carga axial máxima que uma coluna pode ser submetida para
chegar ao limite de flambagem. Caso a carga adicionada seja maior que a carga crítica,
a coluna flamba, ou seja, ocorre a deflexão lateral Figuras 48 e 49.

67
UNIDADE V │ FLAMBAGEM EM COLUNAS

Figura 48.

Fonte: Hibbeler, 2004.

Figura 49. Tipos de engastes.

Fonte: próprio Autor.

O carregamento crítico também pode ser dito como o módulo da força axial que indica
a transição entre as condições estável e instável.

Figura 50.

Fonte: próprio autor.

68
FLAMBAGEM EM COLUNAS │ UNIDADE V

‫ܯ‬஻ ൌ ݇ ሺʹߠሻ (Eq.5.1)


�� � � ��� � (Eq.5.2)
2

�� � �� (Eq.5.3)
2
Sendo:

k-constante da mola e •‹ ߠ ൌ ߠ

O valor da carga para o qual os dois momentos se equilibram é chamado de carga crítica,
designado por Pcr.
‫ܯ‬஻ ൌ ‫ܯ‬௉ (Eq.5.4)


�� 2� � ���� � (Eq.5.5)
2
��
��� = (Eq.5.6)

Os equilíbrios podem ser:

P < kL/4: equilíbrio estável


P > kL/4: equilíbrio instável (*)
P = kL /4: equilíbrio neutro - carga crítica

Os estados de equilíbrio apresentados na expressão (*) estão mostrados na figura 51.

Figura 51.

Fonte: Hibbeler, 2004.

69
UNIDADE V │ FLAMBAGEM EM COLUNAS

Coluna Ideal com apoios de pino

Na figura 52, a coluna é carregada por uma força vertical P que é aplicada através
do centroide da seção transversal da extremidade. A coluna é perfeitamente reta
e é constituída de um material elástico linear que segue a Lei de Hooke. Quando se
considera que a coluna não apresenta imperfeições, ela é denominada de coluna ideal.

Figura 52. Coluna com extremidades apoiadas por pinos: (a) coluna ideal, (b) forma em flambagem.

Fonte: Hibbeler, 2004.

Uma coluna ideal segue o seguinte comportamento:

»» Se P < Pcr, a coluna está em equilíbrio estável na posição reta.

»» Se P = Pcr, a coluna está em equilíbrio neutro tanto na posição reta quanto


na posição levemente flexionada.

»» Se P > Pcr, a coluna está em equilíbrio instável na posição retilínea e irá


flambar sobre a menor perturbação.

Em uma coluna real apoiada por pinos, o carregamento crítico é determinado utilizando-
se as equações diferenciais da curva de deflexão de uma viga. Elas podem ser aplicadas
a uma coluna flambada, pois a coluna flete como se fosse uma viga. A equação:

���" � � (Eq.5.7)

Onde,

‫ ܯ‬ൌ െܲɋ (Eq.5.8)

70
FLAMBAGEM EM COLUNAS │ UNIDADE V

Figura 53. Coluna com extremidades apoiadas por pinos (direção alternativa de flambagem).

Fonte: Hibbeler, 2004.

A equação diferencial da curva de deflexão se torna

���" � ��� (Eq.5.9)

A equação 5.9 é uma equação diferencial linear homogênea de segunda ordem com
coeficientes constantes. A solução da equação diferencial é dada por:


�� = (Eq.5.10)
��

Já a solução geral da equação 5.9 é:

ν = C� sin kx + C� cos kx (Eq.5.11)

As condições de contorno consideradas são as das extremidades da coluna. Como = 0


em x = 0, então C2 = 0.E como ν = 0 em x = L, então:

‫ܥ‬ଵ •‹ ݇‫ ܮ‬ൌ Ͳ (Eq.5.12)

A equação 5.12 é satisfeita se:

√�� � �� (Eq.5.13)

Ou

݊ଶ ߨ ଶ ‫ܫܧ‬
ܲൌ n = 1,2,3,... (Eq.5.14)
‫ܮ‬ଶ
71
UNIDADE V │ FLAMBAGEM EM COLUNAS

O menor valor de P é obtido quando n = 1, e a carga crítica para a coluna, é portanto:

� � ��
��� = � (Eq.5.15)

E = módulo de elasticidade do material;

I = o menor momento de inércia da área da seção transversal;

L = comprimento da coluna sem apoio, cujas extremidades são apoiadas por pinos;

Pcr = carga de Euler.

A equação 5.15 em função do raio de giração, com o momento de inércia é:

‫ ܫ‬ൌ ‫ ݎܣ‬ଶ (Eq.5.16)

Onde A e a área da seção transversal e r o raio de giração da área da seção transversal.

Dessa forma tem-se:

� � � ��� � � ��� ���


��� = →� �= (Eq.5.17)
�� � ������

Logo, a tensão crítica é escrita dessa forma:

���
��� = (Eq.5.18)
������
Onde

ો‫ =ܚ܋‬tensão crítica que é a tensão média na coluna imediatamente antes de a coluna


flambar, essa tensão é uma tensão elástica e, portanto, σ�� ≤ σ� ;

E = módulo de elasticidade do material;

L = comprimento da coluna sem apoio, cujas extremidades são presas por pinos;

R = o menor raio de giração da coluna, determinado por r = �I⁄A , onde I e o menor


momento de inércia da área da seção transversal A da coluna.

A forma fletida correspondente é definida pela equação.

πx
ν = C� sin (Eq.5.19)
L
C1 = deflexão máxima, νmax,

72
FLAMBAGEM EM COLUNAS │ UNIDADE V

A deflexão máxima acontece no ponto médio da coluna, Figura 54.

Valores para C1 não podem ser obtidos, pois se desconhece a forma fletida exata
da coluna. Por exemplo, se n = 2 aparecerão duas ondas na forma flambada
como na Figura 54c.

Figura 54. (a) Modo de flambagem para n = 1 (c) Modo de flambagem para n = 2.

Fonte: Hibbeler, 2004.

O comportamento carga-deflexão da coluna ideal pode ser visto pelo gráfico mostrado
na Figura 55.
Figura 55. Comportamento carga deflexão para a coluna ideal.

Fonte: Hibbeler, 2004.

73
UNIDADE V │ FLAMBAGEM EM COLUNAS

A carga crítica expressa na equação 5.15 independe da resistência do material,


dependendo apenas das dimensões da seção e comprimento da coluna (I e L) e módulo
de elasticidade E do material que compõe a coluna.

À medida que o momento de inércia sobe, a capacidade de carga da coluna também. As


colunas eficientes são projetadas de tal forma que a quantidade de material fique mais
distante possível dos eixos principais.

Nota-se também que a coluna sofrerá flambagem em torno do eixo principal da seção
transversal de menor momento de inércia (o eixo mais fraco), por exemplo, uma coluna
de seção retangular sofre flambagem em torno do eixo a-a como apresenta a Figura 56.

Figura 56. Flambagem da coluna em torno do eixo com menor momento de inércia.

Fonte: Hibbeler, 2004.

Colunas de Vários Tipos de Apoios

Considerando uma coluna com comprimento L, sujeita a uma força P. Há dois aspectos
principais no projeto de estruturas, tais que a resistência da estrutura – capacidade em
suportar certos carregamentos sem que ocorram tensões excessivas – e a capacidade
da estrutura em suportar determinado carregamento sem apresentar deformações
inaceitáveis. A estrutura está bem dimensionada se atender essas condições qualitativas,
quantificadas na equação 5.20.
� ��
�� � ���� ; �� ; (Eq.5.20)
� ��

onde σ é a tensão, σadm é a tensão admissível, A é a área da seção transversal da coluna


e E o módulo de Young.

74
FLAMBAGEM EM COLUNAS │ UNIDADE V

Mas, quando P é aplicada, pode ocorrer o fenômeno da flambagem e ao invés da


coluna permanecer em seu eixo retilíneo, a coluna torna-se subitamente encurvada.
A flambagem está relacionada aos momentos fletor e interno da peça. Utilizando o
Método do Equilíbrio a fim de deduzir a equação representativa da encurvadura, tem-
se, pela equação 5.21,
�� � ��� ν (Eq.5.21)

onde Me representa o momento fletor, Pc a carga crítica e a deflexão.

Segundo Ricardo (1977), as tensões internas devidas ao encurvamento têm como


resultante a equação 5.22,
��
�� = (Eq.5.22)

onde Mi representa o momento interno, I o momento de inércia e R o raio da coluna.

Se as deflexões forem pequenas, pode-se considerar a aproximação da equação 5.23


verdadeira.
� �� �
≅ (Eq.5.23)
� �� �

e a equação 5.22, torna-se equação 5.24.

�� ν
�� � �� (Eq.5.24)
�� �
Em uma condição de equilíbrio, os momentos interno e externo são iguais, equação
5.25. Que rearranjada algebricamente torna-se equação 5.26.

�� ν
�� � � ��� ν (Eq.5.25)
��

�� � �� �
+ =0 (Eq.5.26)
�� � ��

Reorganizando a equação 5.26 pelo parâmetro p2 = P/EI obtém-se a equação 5.27.

�� ν

� �� ν = 0 (Eq.5.27)
��

Resolvendo a equação diferencial (5.27), essa é a mesma que descreve o movimento


harmônico simples, exceto pela variável independente espacial x e não o tempo t,
(equação 5.28), conforme Beer e Johnston (1989).

75
UNIDADE V │ FLAMBAGEM EM COLUNAS

ν = A sin px + B cos px (Eq.5.28)

A equação da flambagem é representativa de um tipo de equação matemática denominada


equação de valor característico. Isso faz com que ela tenha valor específico caracterizado,
condições de contorno. Fazendo x = 0 e v = 0 na equação 5.29, encontramos B = 0. Mas,
para x = L, sendo L o comprimento total da barra ou viga, e = 0, tem-se, equação 5.29.

A sin pL = 0 (Eq.5.29)

Considerando sin pL = 0, tem-se que pL = nπ ou substituindo o valor de p dado e


resolvendo a equação. 5.29 em Pc tem-se a equação 5.30.

�� � � ��
�� = (Eq.5.30)
��

Se n = 1, a equação 5.30 é conhecida como Fórmula de Euler. Levando o valor encontrado


Pcr, equação 5.30 juntamente ao valor de p para a equação 5.27, encontra-se para B = 0
a equação 5.31 denominada equação da linha elástica aproximada depois que a coluna
flamba. O valor A representa a deflexão máxima m da coluna.

nπx
ν = A sin (Eq.5.31)
L

A solução dada pela Equação 5.31 não pode ser utilizada para condições de carregamento
P menor que Pcr, pois nesse caso não há flambagem.

Outra forma de se escrever o Pcr é:

� � � ��� � �
��� = (Eq.5.32)
��
A tensão crítica é dada por:

���
��� = (Eq.5.33)
������

76
Referências

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Rio de Janeiro: Campus, 2007a.

______. Engenharia de Materiais. Volume II. 3a ed. Rio de Janeiro: Campus,


2007b.

BEER, Ferdinand P. Resistência dos Materiais. 3a ed. São Paulo: Makron Books,
1995.

CALLISTER JÚNIOR, William. D. Ciência e Engenharia de Materiais. 5a ed. Rio


de Janeiro: LTC, 2002.

CHIAVERINI, Vicente. Aços e Ferro Fundidos. 6a ed. São Paulo: Associação


Brasileira de Metais, 1988.

CHIAVERINI, Vicente. Tecnologia Mecânica. Volume I. 2a ed. São Paulo: Pearson


Education do Brasil, 1986a.

______. Tecnologia Mecânica. Volume II. 2a ed. São Paulo: Pearson Education do
Brasil, 1986b.

______. Tecnologia Mecânica. Volume III. 2a ed. São Paulo: Pearson Education do
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slideplayer.com.br/slide/1567341/>. Acesso em: 17 nov. 2016.

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<http://www.etepiracicaba.org.br/cursos/apostilas/mecanica/3_ciclo/ensaios_
tecnologicos.pdf>. Acesso em: 15 nov. 2016.

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PUC-RS, 2010.

COLLINS, Jack A. Projeto Mecânico de Elementos de Máquinas. Rio de Janeiro:


LTC, 2006.

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São Paulo: Edgard Blücher, 1974.

77
REFERÊNCIAS

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www.efeitojoule.com/2013/03/tensao-e-tensao-de-cisalhamento.html>. Acesso em:
12 nov. 2016.

HIBBELER, R. C. Resistência dos Materiais. 5a ed. São Paulo: Pearson Prentice


Hall, 2004.

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ARAÚJO, Tereza Denyse de. Propriedades dos Materiais. 2010. Disponível em:
<http://www.deecc.ufc.br/Download/TB793_Resistencia_dos_Materiais/resmatI_
aula04a.pdf>. Acesso em: 20 maio 2016.

CIMM. Teste Charpy. 2016. Disponível em: <http://www.cimm.com.br/portal/


material_didatico/6582-teste-charpy>. Acesso em: 20 maio 2016.

DALCIN, Gabrieli Bortoli. Ensaios dos materiais. Santo Angelo: Uri, 2007.

DUTRA, Kaio; FREITAS, Valter. Tecnologia dos materiais. Salvador: Cepep, 2016.

ESTRUTURA E PROPRIEDADE DOS MATERIAIS. 2008. Disponível em: <http://


corro4v072.blogspot.com.br/2008/03/propriedades-mecnicas_27.html>. Acesso em:
20 maio 2016.

MSPC. Deformação por cisalhamento. Disponível em: <http://www.mspc.eng.


br/matr/resmat0160.shtml>. Acesso em: 20 nov. 2016.

______. Introdução - Esforços comuns. Disponível em: <http://www.mspc.eng.


br/matr/resmat0110.shtml>. Acesso em: 20 nov. 2016.

PADILHA, Ângelo Fernando. Materiais de engenharia: microestrutura e


propriedades. Curitiba - Pr: Hemus, 2000.

RODRIGUES, José de Anchieta. Módulos Elásticos. 2016. Disponível em: <http://


www.atcp.com.br/pt/produtos/caracterizacao-materiais/propriedades-materiais/
modulos-elasticos/definicoes.html>. Acesso em: 15 nov. 2016.

SCHEID, Adriano. Técnicas Experimentais em Metalurgia: ensaios mecânicos.


2016. Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAgbUAAE/ensaios-
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com/fisica/ensaio-de-tracao/>. Acesso em: 20 maio 2016.

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REFERÊNCIAS

UFF. Flexão Pura. 2016. Disponível em: <http://www.uff.br/petmec/downloads/


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UFPR. Esforço de flexão simples. Disponível em: <http://www.estruturas.ufpr.br/


wp-content/uploads/resistencia/Apostila/Capitulo4.pdf>. Acesso em: 20 nov. 2016.

ZOLIN, I. Materiais de construção mecânica. 3a ed. Santa Maria: Universidade


Federal de Santa Maria – Colégio Técnico Industrial de Santa Maria, 2010.

79
Anexos

Anexo I

Material de apoio

Deformação em vigas

Segundo a Lei de Hooke a deformação é dada por:

ߪ
ߝൌ
‫ܧ‬
Sendo a tensão de flexão dada por:

‫ݕܯ‬ത
ߪൌെ
‫ܫ‬
Considerando:

»
»
»
»
»

Figura 1. Variação da deformação normal (vista lateral).

Fonte: Hibbeler, 2004.

80
ANEXOS

Momento interno

Viga biapoiada (carregamento pontual)

��� � ��
���� � ���� � ��� + �

Viga em balaço em uma extremidade e


engastada na outra (carregamento pontual)
�(�) � ��(� � �) � �(� � �)

Viga engastada em uma extremidade e apoiada


na outra (carregamento pontual)

�(� � �)� (�� + �)



�(�) � ��(� � �) + �
���

Viga biengastada (carregamento pontual)


�(� � �)� (� + ��) �(� � �)� �
�(�) � ��(� � �) + � �
�� ��

Viga biengastada (carregamento distribuído)


� � � ���
���� � � � + �� �
2 2 12

Viga biapoiados (carregamento distribuído)


� �
���� � � �� � ��� + �� � ��� �
2 2�

Viga engastada em uma extremidade e em


balaço na outra (carregamento distribuído)

� �
�(� � �)�
�(�) � � (� � �) � �(� � �)� � � � (� � �)�
2 2

81
ANEXOS

Momento de inércia

Perfil retangular

�� �
��
12

Perfil I

௕௔య ௖ௗ య ௗ ଶ
‫ܫ‬ൌ ൅ ൅ ܾܽሾʹ‫ݕ‬ത െ ሺʹܽ ൅ ݀ሻሿଶ ൅ ܿ݀ ቂ‫ݕ‬ത െ ሺܽ ൅ ሻቃ
଺ ଵଶ ଶ

Perfil U

�� � �� � � � � �
�� + + �� ��� � �� + �� + 2�� ��� � �
6 12 2 2

Perfil L


��� ��� �
�� + + ���2�� � �2� + ���� + �� ��� � �� + ��
6 12 2

Perfil T

�� � �� � � � � �
�� + + �� ��� � � + �� ��� � �� + ��
12 12 2 2

Perfil H

��� ��� � �
�� + + �� ��� � �� + �� + ����� � �2� + ����
12 12 2

82
ANEXOS

Perfil C


�� � ��� �� � � � � � �
�� + + + �� ��� � � + � + ��� + 2�� ��� � �� + �� + 2�� ��� � �
12 6 6 2 2 2

Centroide
Perfil retangular

�� �
2

Perfil I

�� � �� ��
��� � �� � �� �� � �
�� � 2 2
2�� � ��

Perfil U

� �
�� �� � � � 2�� � �
�� � 2 2
�� � 2��

Perfil L

�� � �
� �� �� � �
�� � 2 2
�� � ��

Perfil T

��� �
� �� �� � �
�� � 2 2
�� � ��

83
ANEXOS

Perfil H

�� � �
� ��
�� � 2 2
�� � ��

Perfil C

� �
�� � � 2�� �� � � � �� �� � � � �
�� � 2 2
2�� � 2�� � ��

Equações para vigas


Para que as equações de cortante, momento, inclinação e deflexão de uma viga sejam
encontradas mais facilmente, deve-se conhecer alguns fatores: as funções de carga,
Apêndice A, e as condições de contorno, Apêndice B.

Um método utilizado para se determinar a inclinação e a deflexão de uma viga é o


Método da Integração Direta, que permite que se chegue às seguintes equações:

݀ସ ‫ݕ‬
ൌ െ‫ݓ‬ሺ‫ݔ‬ሻ
݀‫ ݔ‬ସ

݀ଷ ‫ݕ‬
ൌ ܸሺ‫ݔ‬ሻ
݀‫ ݔ‬ଷ

݀ଶ ‫ݕ‬
ൌ ‫ܯ‬ሺ‫ݔ‬ሻ
݀‫ ݔ‬ଶ

Para se encontrar as condições de contorno, também é importante se conhecer as funções


de Macaulay, que em deflexão de vigas são usadas para descrever cargas distribuídas.
Sendo escritas de maneira geral como:

�� ���
(� � �)� � �
(� � �)� � ���
���
Considerando:

»» P = Carga Concentrada

84
ANEXOS

»» w = Carga Distribuída

»» x = Ponto de Análise

»» a = Ponto de aplicação da carga ou ponto de início da aplicação da carga


distribuída

»» V = Cortante

»» M = Momento

»» θ = Inclinação

»» y = Deflexão

»» C1, C2, C3 e C4 = Constantes

85
ANEXOS

Apêndice A

Tabela 1. Funções de carga.

Fonte: Hibbeler, 2004.

86
ANEXOS

Apêndice B
Figura 2. Condições de contorno.

Fonte: Hibbeler, 2004.

87

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