Você está na página 1de 43

www.harmonianet.

org

O TRABALHADOR DO UMBRAL
(espírito do “Trabalhador do Umbral”)

2a Edição – 2012
Revisada conforme o novo Acordo Ortográfico

PABLO DE SALAMANCA
(médium)
2007
SOBRE O MÉDIUM
Pablo de Salamanca nasceu no Rio de Janeiro em 1968. Possui formação de nível superior em
engenharia, graduando-se em 1991. Realizou mestrado a partir de 1992, defendendo sua tese em
1994. Ainda na sua área original de atuação profissional, iniciou doutoramento em 1995,
finalizando sua tese no ano de 2000. Começou seu desenvolvimento mediúnico em 1993,
psicografando a partir de 1994. Este presente livro, de autoria espiritual do “Trabalhador do
Umbral”, foi iniciado em outubro de 2003 e levado a termo em abril de 2007. Atualmente, no início
de 2012, dez livros já foram concretizados pelas mãos de Pablo: Sabedoria em versos (2001),
Depoimentos do Além (2005), Vidas em versos (2005), O Trabalhador do Umbral (2007),
Experiências extrafísicas (2008), Fundamentos de Psicoterapia Reencarnacionista e um estudo
de caso (2009), Reflexões (2009), Experiências extrafísicas II (2010), Percepções (2011) e
Sonetos para refletir (2011).

AGRADECIMENTOS
Agradeço, primeiramente, aos bons mentores espirituais pelo amparo e proteção. Pai e mãe, muito
obrigado pelo amor e sacrifício desinteressados. Sou profundamente grato, também, aos muitos
amigos materiais que de forma indireta contribuíram para a execução desta obra. Estes são tantos,
que prefiro não citá-los, para evitar cometer injustiça com alguém. Agradeço especialmente a
Terezinha S. do Carmo, pois colaborou diretamente para o término deste livro.

CAPA
A capa é a fotografia “Dusk in the desert”, retirada dos arquivos do site
http://www.freerangestock.com (acesso em 03/07/2009), e, conforme o mesmo, de uso inteiramente
livre para usuários registrados no referido site.

DIREITOS AUTORAIS
Atenção!
Esta obra possui direitos autorais devidamente registrados, e não será comercializada de forma
alguma. Embora o livro seja oferecido gratuitamente, através de download, pelo site
www.harmonianet.org, ele só poderá ser reproduzido com a autorização do “autor” (médium),
após contato através do e-mail contato@harmonianet.org, quando será permitido citá-lo em parte
ou no todo, desde que denominando o “autor” e a home page responsável pela sua manutenção na
internet.
ÍNDICE

Introdução 1

Apresentação do Trabalhador do Umbral 3

Poesias 5

1- A primeira manifestação 6
2- Uma vida passada 7
3- Primeira tarefa 8
4- Luta contra o suicídio 10
5- O alcoólatra 12
6- Desencarne 14
7- Acidente fatal 15
8- Limpeza espiritual 17
9- Trabalhando no carnaval 20
10- Resgate difícil 22
11- Dália 24
12- O pai de santo 26
13- A transformação 28
14- Maria dos farrapos 31
15- Um trabalho em andamento 35
16- Ananias 37
17- Até breve! 40
INTRODUÇÃO

Gostaria de contar, aqui, um pouco de minha trajetória mediúnica até a realização do


presente livro, “O Trabalhador do Umbral”.
Nasci em 1968, numa família católica apostólica romana, tendo estudado o catecismo e
feito a primeira comunhão em tenra idade. Com a chegada da adolescência, passei a questionar
alguns ensinamentos oriundos da Igreja Católica e a buscar respostas melhores para as minhas
dúvidas. Conheci o Espiritismo Cristão e os livros básicos de Allan Kardec, tendo encontrado
esclarecimentos profundos para os questionamentos que povoavam minha mente até então. Passei a
frequentar casas espíritas com cerca de 18 anos de idade, com um sentimento misto de curiosidade e
de ser útil de alguma forma, quando fui avisado que tinha uma missão mediúnica a cumprir. Nos
anos subsequentes, estudei muito as obras espíritas e alguns livros de outras vertentes religiosas, nos
períodos de descanso das tarefas universitárias. Em setembro de 1993, passei a uma fase de
desenvolvimento da mediunidade. Em poucos meses, já estava atuando como médium psicofônico
(“incorporante”), auxiliando entidades sofredoras e permitindo que mentores passassem instruções
úteis aos trabalhos. A partir de 1994, eclodiu a psicografia. De início era tarefa um tanto difícil, pois
o braço chegava a doer após a escrita, já que a atuação do conjunto médium/entidade era um tanto
rudimentar, provavelmente devido a minha falta de costume com o fenômeno. Com o tempo,
percebi que a psicografia semimecânica era mais adequada a minha constituição psíquico-orgânica.
Relaxando melhor a minha mente, a escrita fluía com maior facilidade e com um esforço menor.
Entre abril de 1995 e julho de 2000, recebi mensagens (em prosa) variadas, de diversos espíritos,
que ficaram guardadas por um bom tempo.
No dia 29 de abril de 1999, eu chegava em casa cansado, após um dia de trabalho
estafante. Sentia-me até um pouco tonto, resolvendo tomar um banho imediatamente. Em seguida,
senti-me melhor e comecei a arrumar algumas coisas de meu quarto. Enquanto arrumava, comecei a
ouvir alguém que recitava versos. Procurei prestar atenção e percebi que aquela voz provinha de
dentro de minha cabeça. Eu estava realmente surpreso, pois embora já tivesse psicografado muitas
mensagens anteriormente, nunca havia imaginado receber poesias através da via mediúnica. Sentei-
me e busquei uma folha de papel para escrever a poesia, o que fiz com certa dificuldade, por causa
da ansiedade. Procurei relaxar alguns momentos e passei a ouvir uma história: “Apenas um menino.
Pés descalços. Felicidade de graça. Luz. Caminhando pelo mundo vivia a rimar. Observando as
flores, insetos, gotas d’água sob o sol, tudo era motivo para rimar. Na harmonia da natureza,
procurava espelhar suas palavras. Deviam elas refletir a alegria que vem do Pai Maior. Aquela

1
alegria que os homens, os adultos, haviam perdido. Ele esperava nunca perder o dom de ser feliz.
Por isso, vivia a rimar. Perdera seus pais muito cedo e uma família de fazendeiros o acolhera, dando
em troca um pouco de carinho, muito trabalho e um teto.” Após a breve narrativa, que pude anotar
numa folha, tive uma visão de um menino de cabelos claros, que trajava roupas humildes. Sua vida
começou a se desenrolar, como um filme acelerado, na minha mente. O garoto tornou-se
adolescente e começou a ser segregado dentro de sua comunidade, pois era analfabeto, órfão e
sempre se comunicava através de rimas. Tornou-se homem e era considerado anormal. Seu sustento
provinha de tarefas braçais que realizava na região onde nascera, e, pela incompreensão da maioria,
acabou por preferir manter-se um tanto afastado das pessoas, embora eu tenha percebido que ele
possuía grande paz interior, sempre apresentando um semblante feliz. Solicitei à entidade que desse
seu nome. Após um curto tempo, pude ouvir apenas a palavra “Poetinha”. Entendi que ele não
desejava se identificar, ficando com uma forte impressão de que voltaria muitas vezes,
provavelmente passando-me mensagens em forma de poesia, o que de fato ocorreu ao longo de um
período de mais de um ano. Depois deste período, percebi que as suas mensagens poderiam ser úteis
às pessoas no seu dia a dia, pois a mim elas trouxeram estímulos para realizar modificações
interiores, de forma a me tornar um ser humano mais solidário e compreensivo. Então, passei a
pensar fortemente em publicá-las na forma de um pequeno livro (“Sabedoria em versos”), o que se
concretizou em 2001.
O segundo livro, que veio a público em 2005, “Depoimentos do Além”, foi uma
coletânea daquelas referidas mensagens em prosa recebidas entre abril de 1995 e julho de 2000. Este
livro é formado por um conjunto de narrativas, as quais foram chamadas “depoimentos”, por
assemelharem-se aos testemunhos dados em juízo. Contudo, neste caso, os “depoimentos” foram
apresentados diante do tribunal da própria consciência, que é o juiz do qual não se pode fugir. Estes
espíritos testemunharam suas vidas passadas, de forma a compartilharem suas experiências com os
irmãos encarnados, visando, em termos gerais, serem úteis àqueles que ainda estão no plano denso
da matéria. As mensagens foram agrupadas em três níveis de evolução ou estado espiritual, de
forma a facilitar a compreensão do leitor, quanto ao grau de entendimento dos “depoentes” com
relação às leis evolutivas. Assim, o primeiro grupo de mensagens foi denominado “Espíritos
sofredores”, porque o conteúdo de suas narrativas são carregados de erros, lamentações e
arrependimentos pelos atos passados. Em suas consciências predomina a necessidade de corrigir as
faltas pretéritas. No segundo grupo de mensagens, observa-se que os “depoentes” já expressam ter
compreendido bem onde erraram. Além disso, tiveram a oportunidade de resgatarem parte
significativa de suas faltas, mostrando um satisfatório êxito sobre suas fraquezas. Então, a este

2
grupo, denominou-se “Espíritos em regeneração”. Quanto ao terceiro conjunto de mensagens, dos
“Espíritos superiores”, foram aquelas narrativas onde predominaram os sentimentos mais elevados e
um alto grau de compreensão da vida.
Voltando a 1999, notara que algumas poucas poesias de Poetinha tinham conteúdo
diferente da maioria. Esta maioria era mais ligada a um processo de estímulo à autotransformação.
As outras, consistiam em narrativas de vidas de pessoas diversas, mas que, por conterem erros
muito humanos e acertos advindos do bom uso do livre-arbítrio, bem como demonstrações práticas
da Lei do Karma, também despertaram o meu interesse em publicá-las na forma de um livro, já que
o teor destas poesias seria bastante instrutivo no geral. Foi somente em 2001, que estas poesias
sobre a vida de pessoas cresceram muito em número, confirmando que havia uma programação
espiritual para publicá-las. Desta maneira, passei a uma organização das poesias recebidas, tendo
como base a cronologia de ordem de chegada. Em determinado dia, percebi intuitivamente que o
montante de poesias que deveria compor a obra estava completo. O título do trabalho, eu já sabia
desde muitos meses atrás, “Vidas em versos”, que surgiu em minha mente como um “estalo”
repentino. Este terceiro livro veio à tona em 2005, alguns meses depois da publicação de
“Depoimentos do Além”.
Quanto ao atual livro, “O Trabalhador do Umbral”, sua história começou em outubro de
2003, com duas mensagens em forma poética. A princípio, eu não entendi claramente que haveria
uma sequência de poesias do espírito comunicante. No entanto, com a continuidade do processo,
logo percebi que era mais um livro em formação. Achei muito interessante o conteúdo das
mensagens, que eram narrativas de trabalhos realizados em áreas inferiores do Plano Astral, mais
comumente conhecidas por “Umbral”. Também percebi que, como no caso do espírito “Poetinha”, a
entidade “Trabalhador do Umbral” não tinha intenção de revelar sua identidade. Isto, para mim, é
questão secundária. O que realmente vale é o conteúdo comunicado. Contudo, em 14 de novembro
de 2005, o “Trabalhador do Umbral” manifestou-se através da psicografia para se apresentar de
forma um pouco mais detalhada, o que transcrevo a seguir.

APRESENTAÇÃO DO “TRABALHADOR DO UMBRAL”

Boa noite a todos! Sim, dou boa noite porque estou acostumado a permanecer em locais
onde os raios solares não penetram plenamente. Eu sou o Trabalhador do Umbral. Realizo minhas
tarefas em ambientes quase sempre francamente hostis. Isto é fruto do meu passado espiritual,
quando tive boas oportunidades de fazer o bem, mas preferi dar vazão aos instintos, ao egoísmo e ao

3
orgulho. Hoje, e já há muitos anos terrestres, procuro reequilibrar as ações negativas do passado,
com a execução de trabalhos positivos, onde espíritos plenamente regenerados não merecem estar
por longos períodos. Eu ainda suporto bem as vibrações de ódio, angústia e revolta que predominam
nos planos astrais inferiores. De tempo em tempo preciso subir a determinada cidade espiritual, para
refazimento das minhas energias e retornar à tarefa com força e equilíbrio. Estou em processo de
regeneração, necessitando ainda burilar certas arestas do meu ser, muito embora, posso afirmar que
não me entregaria mais às forças da estagnação. Tenho o firme propósito de servir ao Pai Maior,
sem novas capitulações.
Mais à frente, o teor dos trabalhos que realizo ficará exposto com maior detalhamento,
porém não tenho autorização para explicar certos mecanismos de ação no presente momento. O
objetivo desta obra é mais para despertar e alertar aos encarnados sobre a Lei de Causa e Efeito, do
que esmiuçar tecnicamente formas de atuação no Umbral.
Algumas pessoas poderiam perguntar porque transmiti as mensagens poeticamente, e
não de maneira mais direta, através da prosa. Eu, de antemão, respondo que para traçar um conteúdo
muitas vezes obscuro e doloroso, nada melhor que a poesia para demonstrar que, mesmo errando,
estamos aprendendo, e que não há pecado mortal ou penalizações eternas. Sempre haverá um novo
porvir, uma nova chance para resgatar falhas e encontrar o caminho da evolução, mesmo que
estejamos aprendendo ao cair, ou caindo durante o aprendizado. A dor física ou moral são
excelentes remédios para a regeneração de nossos espíritos. Por mais que sejam amargas, quando
desejamos prová-las, uma boa lição podemos colher delas. Portanto, a forma poética que utilizei, é
para destacar que, mesmo do amargo de experiências desastrosas, se extrai o doce do aprendizado.
Além disso, caros companheiros de jornada, já fui um menestrel numa de minhas
andanças pelo plano terreno. Aprendi a usar rimas com objetivos galantes e menos sóbrios. Hoje,
utilizo esta capacidade que adquiri, para ajudar a conquistar a meta de um mundo melhor, mesmo
entendendo que a parcela relativa aos meus esforços seja de ordem ínfima. Ao Pai Celestial cabe,
verdadeiramente, o mérito do equilíbrio universal e da evolução. Neste momento, desejo ainda
agradecer ao meu guia espiritual por esta oportunidade de compartilhar o que tenho aprendido,
através do trabalho de servir a Deus em meio às trevas. Despeço-me, desejando ser útil.

4
POESIAS

5
1- A PRIMEIRA MANIFESTAÇÃO

I VIII
Em meio às trevas Mas, aguardo esperançoso
Trabalho, oculto, eu. O momento da libertação,
Mas tenho acesa a lanterna, Quando serei muito ditoso
Luz interna de Deus. Em ver o mundo em redenção.

II IX
Ouço extremos gemidos. Trabalho com dobrada energia,
São sofrimentos lancinantes, atrozes. Na mente e no coração,
Saem de peitos oprimidos Sabendo que o grande dia
Por dores profundas, algozes. Se aproxima, com veloz aceleração.

III X
Desejo ajudar, A sorte já foi lançada
Mas conheço a Lei e a disciplina. E sou um obreiro da última hora.
Muitas vezes apenas posso orar, A Terra será descontaminada.
Esperando a Providência Divina. Minha alma, de alegria, chora.

IV XI
Ora há frio cortante, De todos me despeço,
Ora há calor causticante. Exortando ao combate do interno mal.
Porém, a nota constante Deseja a vocês muito sucesso,
É o lamento ignorante. O Trabalhador do Umbral.

V
Como eu gostaria
De ver sanadas as dores,
As almas em alegria,
Num ambiente perfumado por flores. 13 de outubro de 2003.

VI
Como eu gostaria
De uma Terra purificada,
Onde reinasse a doce euforia
Das almas santificadas.

VII
Como eu gostaria,
Que neste solo seco,
Não houvessem tantas ervas daninhas
E as misérias que não esqueço.

6
2- UMA VIDA PASSADA

I VIII
Minha vida em Salamanca Conduzo irmãos ignorantes,
Foi um grande tempo “perdido”. Violentos como eu fui.
Era homem orgulhoso e cheio de banca. Em verdade, são espíritos infantes,
Caminhava, louco, por uma vida sem sentido. Com pobres mentes beligerantes.

II IX
Minha tarefa era combater. Realizo com alguma alegria
Seguia as ordens de um mestre instintivo, Este meu resgate espiritual.
Cujo objetivo era vencer e vencer Despeço-me, esperando votos de simpatia.
Qualquer um que lhe fosse inimigo. Sou o Trabalhador do Umbral.

III
Eu era apenas um capataz,
Ligado a castelo antigo.
Nos reduzidos períodos de paz,
Ficava angustiado ou deprimido. 20 de outubro de 2003.

IV
Preferia a guerra
E as emoções do perigo.
Gostava de ver o sangue manchar a terra
E os adversários com olhos mortiços.

V
Eu era pobre besta humana,
Conduzido como gado iníquo.
Fazia coisas insanas,
Frutos de um raciocínio oblíquo.

VI
Hoje, sou um trabalhador feroz!
Feroz na luta pelo Bem!
Sou contra toda injustiça atroz
E me solidarizo com os que nada tem.

VII
Caminho ainda na escuridão,
Que reina no submundo astral.
Porém, trago luz em meu coração .
E muita vontade de transformar o mal.

7
3- PRIMEIRA TAREFA

I VIII
Encostei-me em uma árvore, em pleno Astral. Seu nome, ou melhor, alcunha,
Tinha uma tarefa a cumprir: Era nome de tubarão.
Recolher um pobre marginal, Espelho de sua alma ainda impura,
Esgotado pelo seu próprio mal. Ele era chamado “Cação”.

II IX
A princípio, precisava a ele localizar Onde estaria “Cação”?
Em obscura região de desassossego. Ali era o lugar provável:
Mas, primordial era me disfarçar, Lugar de bêbado, assassino e ladrão;
Para evitar qualquer confusão ou tropeço. Lugar muito pouco louvável.

III X
Seu nome era original. Sabia que ele estava esgotado,
Não constava em meu dicionário. Enojado de seus próprios sentimentos.
Onde estaria o marginal, Estaria ele prostrado
Ao Bem tão refratário? Em algum beco ignorado?

IV XI
Eu sabia de gerais coordenadas É o que latejava em minha consciência,
E precisava ser astuto. Pensamento enviado pelo meu mentor.
A minha volta, almas revoltadas, “Cação”, há pouco, entrara na indigência
Preparadas para tudo. Como se desmaiado, em profundo torpor.

V XII
Minha forma estava densa Ele mesmo se acusava,
E eu até poderia usar o recurso da força. Revendo seus erros insistentemente.
Mas, bom trabalhador é o que pensa, Há muito que lutava
Buscando a solução com eficiência. Para esquecer seu passado deprimente.

VI XIII
Fingi ser bêbado comum. Porém não resistiu,
Andando a esmo, no caminho, Desfalecendo com horror.
Eu era apenas mais um Sua consciência o puniu.
Com roupas sujas, em desalinho. O mundo de seus sonhos era só terror.

VII XIV
Dirigi-me a estabelecimento imundo, Saí do bar imundo
Provável pousada do marginal. Para encontrar o Cação.
O bar estava cheio de vagabundos. Eu mantinha o disfarce de bêbado vagabundo,
Não vi o homem de nome original. Para evitar qualquer confusão.

8
XV XXIII
Segui minha intuição, Esta foi a minha primeira tarefa
Estando praticamente teleguiado. No infeliz submundo astral.
Atrás do boteco, no imundo chão, Despede-se, de quem se interessa,
Estava o Cação derrotado. O Trabalhador do Umbral.

XVI
Seus olhos esbugalhados
Não viam nada ao redor.
Ele estava, totalmente, mergulhado
Em seus pesadelos agitados. Março de 2004.

XVII
O remorso o vencera!
Era digno de compaixão!
À frente do infeliz “Cação”,
Quase terminada estava a minha missão.

XVIII
Pus o homem em meus ombros.
Concentrei-me em uma oração.
Senti a Força Divina em ação,
Alimentando o meu coração.

XIX
Já sabia o que fazer,
Pois sentia-me muito mais forte.
Precisava, então, correr
E ter um pouco de sorte.

XX
Atravessei o lugar como louco,
Carregando o fardo pesado.
À frente, via pouco a pouco
Abrir-se um portal dourado.

XXI
Muitos gritaram, revoltados,
Pela retirada do “Cação”.
Quiseram dar-me sopapos,
Mas suas tentativas foram em vão.

XXII
Passei por aquela “porta”,
Que logo fechou-se atrás de mim.
Resgatei uma alma torta.
A missão chegava ao fim.

9
4- LUTA CONTRA O SUICÍDIO

I VIII
Estava no plano terra, Sim, pois se tivesse força e coragem
Acompanhando um infeliz em desespero. De acabar com a própria vida,
Quem no mundo não erra, Se livraria do mundo vil e de toda a bobagem
Em parte ou por inteiro? Dessa lei do karma, que o Espiritismo ensina.

II IX
Ele já falseara bastante Romualdo se afastava do grupo,
Na sua vida incerta. Que havia lhe ajudado até então.
Estava prestes a cometer uma falta gigante. Cedera, mal influenciado, duvidando de tudo.
Pensava em pôr fim a sua vida modesta. O suicídio parecia a solução.

III X
O pobre Romualdo estava desempregado. Mas, eu estava ao seu lado.
Se acumulavam diversas dívidas. Tinha a difícil missão
Tinha corpo e mente cansados. De impedir que Romualdo fosse derrotado,
Parecia uma ave abatida. Soprando em sua mente uma melhor sugestão.

IV XI
Além de tudo, tinha companhia: Aníbal não me enxergava,
Má companhia espiritual, Pois minha vibração era mais sutil.
Que mais sofrer lhe fazia, Mas sempre sentia a minha chegada,
Numa luta desigual. Porque, em sua mente, eu também trabalhava.

V XII
Era cobrador antigo, Precisava ajudar Romualdo
Que em outra vida fora seu parceiro, Que, de Aníbal, era devedor.
Em negócio de grandes risco e perigo, Neste caso, para curar o obsidiado incauto,
Que faliu, deixando-os em desespero. Indispensável era transformar o obsessor.

VI XIII
Romualdo, diante do problema, Após semanas de batalha mental,
Abandonara o barco em ruína. Encontrei melhor estratégia.
Levou as moedas de ouro: uma centena. Ajudado por superior entidade espiritual,
Deixou o sócio em situação maltrapilha. Poderia evitar a tragédia.

VII XIV
Agora, Aníbal lhe insuflava A luminosa mãe de Aníbal
Poderosa ideia de morte. Me ajudaria na difícil missão.
Gritava em seu ouvido que isto lhe bastava, Ela resgataria seu filho do coração,
E que teria sossego se fosse o bastante forte. Evitando pior desfecho para a perseguição.

10
XV XXIII
Em determinada noite bendita, Meus argumentos não eram mais necessários,
Retirei Romualdo do corpo enquanto dormia. Perante à certeza do amor.
Aníbal o seguiu, buscando a vindita, Nós, os três, estávamos de joelhos dobrados.
Prosseguindo com a hipnose maldita. Desfazia-se um caminho de dor.

XVI XXIV
Atraí a ambos, imperceptivelmente, Após breve e maravilhosa preleção,
Para uma região a beira-mar, O filho pródigo aceitara partir,
Onde é mais limpo o ambiente Sob a luz materna de redenção,
E melhor para um bom espírito trabalhar. Buscando um melhor porvir.

XVII XXV
Romualdo estava semiconsciente. Levei Romualdo de volta ao corpo carnal,
Seu inimigo lançava-lhe dardos mentais. Onde despertou com profunda emoção.
Chegara a hora: densifiquei-me prontamente. Achava ter visto Maria: a Mãe Espiritual!
Passei a falar, para Aníbal, das leis espirituais. Acreditou na vida e na sua recuperação.

XVIII XXVI
Ele nada gostou A missão foi cumprida,
Daquela minha interferência. Mas julguei meu papel como ínfimo.
A tudo que falei, desaprovou. Minha alma estava agradecida,
Em seu coração não havia clemência. Bem no fundo do seu íntimo!

XIX XXVII
Eu já sabia que não teria sucesso, Reconheci ser só pequeno operário,
Se agisse solitário naquela empreitada. Diante das difíceis tarefas do Plano Astral.
Apenas ganhava tempo, eu confesso, Jesus é o real dispensário
Para a chegada da criatura iluminada. Das forças deste Trabalhador do Umbral.

XX
Primeiro, um pequeno foco de luz
Sobre as ondas do mar.
Era a mãe de Aníbal, sob bênçãos de Jesus,
Que vinha para lhe resgatar. Março de 2004.

XXI
Logo ela estava bem visível
A nossa frente, na praia,
Com docilidade indizível,
Fruto do Amor Puro que nunca falha.

XXII
Romualdo saía do torpor,
Atingindo a plena consciência.
Já o infeliz obsessor,
Quedou-se ante à Divina Providência.

11
5- O ALCOÓLATRA

I VIII
Era uma tardia madrugada, Concentrei o meu pensamento.
E eu fora chamado. Densifiquei meu corpo espiritual.
Estava na Terra, em noite enluarada, Fiquei visível, após um momento,
Atendendo a um desesperado. Para falar ao ser meio homem, meio animal.

II IX
Bebera muito. Sim! Ele tinha graves deformidades,
Estava acocorado. Adquiridas há muito tempo,
Entre o soluço e o insulto, Pelas diversas maldades
Tentava rezar, o pobre coitado. Que espalhara aos ventos.

III X
Clamava por ajuda. Quem semeia vento,
Queria a recuperação. Colhe tempestade.
Dizia: - Deus! Me acuda! Sendo uma unidade ou sendo um cento,
- Eu peço de coração! Isto é uma grande verdade!

IV XI
- Quero largar a bebida, Verdade quase santa,
Que me derrota como a um cão, A qual reafirmo com sinceridade:
Que vai de esquina em esquina, Quem o mal planta,
Sem rumo e sem razão. Recebe colheita de adversidade.

V XII
- Meu corpo se corrói! Miseráveis seres eram eles,
- Já não tenho mais família! Estando severamente acorrentados.
- Afasta de mim a cachaça que destrói! Se adiantara um pouco o encarnado,
- Afasta de mim esta triste sina! Mas, logo atrás, vinha o espírito dementado.

VI XIII
Me acerquei do pobre infeliz, Um não permitia ao outro prosseguir,
Observando a já conhecida situação: Através do vício do alcoolismo.
O problema tinha como força motriz, Porém o destino é o eterno evoluir,
Uma terrível obsessão. Deixando-se para trás dolorosos abismos.

VII XIV
Procurei travar uma mental conversa, Chegara o momento da libertação.
Com o algoz que lhe acompanhava. O Juiz Divino batera o martelo.
O desencarnado não me enxergava, Agora, de joelhos em terra, em funda oração,
Pois sua vibração era muito pesada. A misericórdia cairia sobre Marcelo.

12
XV
Há tempos sonhava com a regeneração,
Mas precisava de um forte auxílio.
Seu pedido provinha do âmago do coração.
Em breve, terminaria o seu martírio.

XVI
Eu queria evitar confusão.
Minhas palavras não eram ouvidas.
O obsessor também quase não tinha visão.
Mal percebera as minhas investidas.

XVII
Recorri ao passe magnético,
Para agir sobre o pobre miserável.
Agora dormia ele, antes tão frenético,
E aparentemente incansável.

XVIII
Foi encaminhado para uma instituição,
Onde repousaria e seria tratado.
Esta boa casa de recuperação
Era um recurso abençoado.

XIX
Após alguns meses de luta,
Marcelo, livre da obsessão, vencera a bebida.
Não mais voltara às esquinas da vida.
Ele era uma alma renovada e agradecida.

XX
Eu acompanhei toda a sua recuperação.
Fiquei satisfeito, afinal.
Cumprida estava a missão
Do Trabalhador do Umbral.

28 de maio de 2004.

13
6- DESENCARNE

I VIII
O pobre homem estava deitado. Entendia, com alegria,
Deixaria, em breve, o corpo material. Que o Bem era superior ao Mal.
Suor abundante no corpo prostrado. Sabia que a inveja e toda malícia
Terminava seu resgate espiritual. Eram apenas uma fase do homem-animal.

II IX
Ainda tinha forças para rezar. Tivera as bênçãos do Espiritismo
Pedia a proteção de Santo Antônio. A lhe conduzirem a vida.
Sabia que a sua hora estava para chegar. Enxergava tudo com otimismo,
Por isso, acreditava que devia orar e orar. Ignorando as mais pungentes feridas.

III X
Eu permanecia ao seu lado, Agora, não seria diferente.
Aguardando o seu passamento. Lutava por manter a força moral.
Estava a consolá-lo, Não seria incoerente,
Ajudando-o no desligamento. Na frente dos filhos, naquele leito de hospital.

IV XI
Não podia me enxergar, Apliquei-lhe um passe de efeito anestésico,
Naquele difícil momento. Induzindo a um sono profundo.
No fundo, desejava repousar O estado de seu corpo era péssimo.
Longe de todo sofrimento. Em pouco, deixaria o mundo.

V XII
Uma boa alma ali estava, Logo em seguida, chegou o doutor.
Sentindo os últimos tormentos. Ele era um bom médico do Plano Astral.
Em seu ouvido eu sussurrava, Fiz a alma do doente flutuar, em torpor.
Que em breve findariam seus lamentos. Ele cortou os laços da prisão ao corpo carnal.

VI XIII
Bom filho tinha sido. Levamos o homem liberto
Bom pai fora também. Para o repouso merecido:
Pobre havia nascido. Para longe da Terra, e de Deus mais perto,
Rico, em espírito, chegaria no Além. Onde estaria bem protegido.

VII XIV
Uma doença lhe corroía, Estava plenamente encerrada,
Resultante de um pretérito erro fatal. Aquela tarefa fraternal.
Agora, renovado, quase sorria. Retornava, feliz, para a sua estrada,
Pressentia a liberdade espiritual. O Trabalhador do Umbral.

Junho de 2004.

14
7- ACIDENTE FATAL

I VIII
Muito sangue derramado Enviei-lhe energias calmantes.
À beira da estrada vazia. Sua alma estava arrependida,
Um corpo estava estirado, Mas os obsessores eram beligerantes
Ausente, por completo, de energia. E cobravam antiga dívida.

II IX
A alma imortal estava do lado, Tive que me afastar,
Impactada, em letargia. Esperando um melhor momento.
Eu, então, fora chamado. Seus inimigos o levavam para um bar,
Encaminhá-la eu deveria. Para lhe aumentar o sofrimento.

III X
Foi um acidente isolado. Queriam chafurdá-lo mais
Agora, já amanhecia. Na lama do profundo vício,
O espírito que estava deitado, Tornando-o muito incapaz
Despertava em agonia. De buscar a verdadeira paz.

IV XI
Seu nome era Alceu. A beberragem anestesiaria
Eu, muito bem, já o conhecia. A sua memória do acidente.
Um alcoólatra inveterado! Em breve seria um indigente,
Naquele momento, desencarnado. Após a aplicação de uma hipnose potente.

V XII
Seu corpo espiritual Se esqueceria até de si mesmo.
Estava bastante macerado. Tornaria-se um andarilho inconsciente.
Sentia, ele, todo o mal Perderia anos e anos a esmo.
De um viver desregrado. A vingança seria inclemente.

VI XIII
Balbuciava um pedido de socorro. Alceu tinha ficha kármica pesada,
Eu tentava lhe ajudar, Mas eu poderia evitar o pior.
Mas estava cercado por corvos. Fiz uma oração concentrada,
Eram os obsessores, ali para lhe subjugar. Pedindo auxílio ao Mundo Maior.

VII XIV
Eu permanecia invisível, Apresentaram-se dois conhecidos tarefeiros.
Em outra faixa vibratória. Traçamos rapidamente um plano.
Deveria fazer o possível Materializamo-nos, ligeiros,
Para abrandar aquela triste história. Vestidos em “rotos panos”.

15
XV
Entramos, no imundo bar do Astral,
Como três pobres mendigos.
O momento era crucial,
Naquele ambiente de desatinos.

XVI
Queriam forçar Alceu a beber.
Ele estava muito confuso.
Nós sabíamos o que fazer
E agimos como seres obscuros.

XVII
Simulamos uma briga entre nós,
Chamando, de todos, a atenção.
A balbúrdia se espalhou pelo salão,
Como o fogo no mato seco do sertão.

XVIII
Retiramos o miserável infeliz
Com muita dificuldade.
A misericórdia, para ele, Deus quis.
Mas confesso, que o sucesso foi por um triz.

XIX
Alceu foi para um hospital
E está em regeneração.
Espera por futura reencarnação,
Com dores e muita provação.

XX
Cumprida foi mais uma missão,
Em pleno submundo astral.
Satisfeito, fiquei eu:
O Trabalhador do Umbral.

23 de julho de 2004.

16
8- LIMPEZA ESPIRITUAL

I VIII
Estava em visita à Terra, Fazia algum tempo, que houvera pedido ajuda
Para realizar uma missão. Em centro espírita das redondezas.
Ia por uma avenida, em busca de rua singela, Godofredo soube e foi um “deus nos acuda”!
Onde residia um rapaz pouco são. Dissera que era lugar de enganos e espertezas.

II IX
Godofredo era o seu nome, Dominado por seus “amigos espirituais”,
Estando, à época, na adolescência. Ficou mais rebelde ainda.
Sua casa era humilde, mas não sentiam fome. Declarou-se ateu e disse odiar rituais,
O problema era desequilíbrio e inconsciência. Pois a religião e seus ensinos eram banais.

III X
O jovem era dado a vícios. Mas, todas as preces e rogativas
Já fumava e bebia às escondidas. Quando nascem de um puro coração,
Não pesava seus atos, nem os malefícios São ouvidas e atendidas,
Das farras e noites mal dormidas. Principalmente se há mérito na questão.

IV XI
Ignorava a mãe e seus conselhos. Encontrei a casa do rapaz,
Quanto ao pai, havia caído no mundo. Espantando-me com a balbúrdia de seu quarto.
Aos irmãos menores, chamava de “pentelhos”. Entendi que ele não seria capaz
O rapaz estava se tornando um vagabundo! De se equilibrar naquele vil espaço.

V XII
Ajudava em poucas tarefas, Sujo era o ambiente material,
Sempre resmungando muito. Recheado de fotos sensuais e de guerra.
Era bom médium de forças das trevas, Mas pior era o lado espiritual,
Que se alojaram em seu quarto imundo. Onde se alojavam os espíritos terra a terra.

VI XIII
Dormia e acordava, acompanhado Ainda não era hora de agir,
De três comparsas de vida pretérita, Mas a Divina Providência vinha a caminho.
Que o induziam a atos desregrados, Godofredo estava para cair.
Perturbando a vida doméstica. Ficaria doente ele e seus irmãozinhos.

VII XIV
Sua mãe, Maria da Consolação, Grande trabalho sua mãe teria,
Procurava ajuda através da prece. Mas nisto residia a solução.
Era mulher de trabalho e muita ação, Godofredo não rapidamente melhoraria,
Mas não encontrava, para o filho, uma solução. Apesar dos esforços de Maria da Consolação.

17
XV XXIII
Passaram-se semanas Ele via seu corpo na cama,
E os menores já estavam bem. Inerte, magro e abatido:
Porém, Godofredo quase não saía da cama, Vestindo um velho pijama,
Acompanhado pelos seus “amigos” do Além. Era, de fato, um quadro sofrido.

XVI XXIV
Eles não sabiam como ajudá-lo! Então, gritou por socorro!
Já estavam aborrecidos com a situação! Seus “amigos” tentaram acudir.
Queriam que o rapaz levantasse são, Disseram-lhe que não estava morto,
Para vampirizá-lo nas farras de ocasião. Mas que precisava reagir.

XVII XXV
Então entrei em ação, Desfalecendo o rapaz,
Tornando-me visível aos obsessores. Retornou ao corpo estirado.
Transformá-los era a minha intenção, Cada obsessor percebeu que era incapaz
Através de uma boa conversação. De devolver a saúde ao pobre coitado.

XVIII XXVI
Expliquei-lhes que o rapaz morreria, Densifiquei-me novamente,
Se não me deixassem ajudar. Prometendo encontrar uma solução.
Sabia que, nenhum deles, isto queria. Se os baderneiros se retirassem imediatamente,
Assim deveriam, no momento, se afastar. Eu higienizaria aquele ambiente pouco são.

XIX XXVII
Um dos três era mais empedernido. Então poderia tratar Godofredo,
Não aceitava a minha interferência. Fazendo a sua saúde retornar.
Era o líder, um ser muito endurecido. Eles aceitaram, dizendo que retornariam cedo
Não lhe doía quase nada a consciência. Para poder verificar.

XX XXVIII
Deixei o lugar por três dias. Assim que saíram eles,
Lançara entre eles uma semente. Concentrei-me em oração.
Sabia que tentariam usar as suas energias, Invoquei a presença de três seres,
Para levantar o jovem doente. Cujas luzes seriam empregadas em irradiação.

XXI XXIX
Retornei e o quadro piorara. O local foi saneado
Godofredo dormia muito agora. E o rapaz já respirava melhor.
Não havia a menor chance de alegria e farra. Com o tempo, ficaria curado.
Uma das entidades já pensava em ir embora. Fora evitado o mal maior.

XXII XXX
À noite retirei Godofredo, Pela manhã retornaram os zombeteiros,
Através de um desdobramento provocado. Pensando em se alojarem no quarto do jovem.
O rapaz teve muito medo, Surpreenderam-se os espíritos matreiros,
Acreditando ter desencarnado. Pois não entravam na casa por qualquer meio!

18
XXXI XXXIX
Haviam barreiras magnéticas Mas isto é uma outra história,
Para evitar a invasão. Que não me cabe contá-la até o final.
Suas energias “morféticas” Apenas posso dizer que houve uma vitória,
Atrapalhariam Godofredo em sua recuperação. Com a breve ajuda do Trabalhador do Umbral.

XXXII
O tempo passou
E os obsessores haviam debandado.
Somente um sobrou, 05 de janeiro de 2005.
Esperando para ver o resultado.

XXXIII
Após três meses,
O rapaz pôde ir à rua.
Queixara-se muitas vezes
De não poder ver o sol, as estrelas e a lua.

XXXIV
Estava muito emagrecido,
Mas de alma quase renovada.
Agora, tinha percebido
O quanto a saúde fora minada pelas noitadas.

XXXV
Os bons conselhos de um médico amigo,
A presença constante de sua mãe amorosa
E a sua vida, que correra real perigo,
Melhoraram o raciocínio de sua cabeça teimosa!

XXXVI
Durante o breve passeio,
Pela rua ensolarada,
O obsessor avistando-o, logo veio,
Sondar-lhe a mente encarnada.

XXXVII
Percebeu que estava diferente,
Pois Godofredo pensava em trabalho.
Queria ajudar a sua gente:
A boa mãe e seus irmãos “pirralhos”.

XXXVIII
O rapaz teria que lutar
Para não sintonizar-se com o obsessor.
A sua transformação deveria continuar!
Precisava adquirir mérito e real valor!

19
9- TRABALHANDO NO CARNAVAL

I VIII
A caridade não tem hora nem lugar. Felizmente ele não gostava de beber.
Por isso estava eu ali presente, Porém alguém, agora, lhe oferecia uma droga.
Pronto para trabalhar, Hesitou, mas preferiu não ceder.
Em meio àquela festa incoerente. Queria, mesmo, uma namorada de última hora.

II IX
Cantorias, bebidas e dança sensual! O obsessor atuava na sua mente,
Esta era a ordem para toda gente! Intensificando o desejo sensual.
Estava num baile de carnaval, Eu, invisível à entidade insistente,
Para cumprir missão diferente. Lembrava ao rapaz a sua prática espiritual.

III X
Deveria ajudar um rapaz, Roberto frequentava um centro,
Não acostumado com aquele tipo de ambiente. Juntamente com os pais.
Era de boa família e era de paz, Já era seu intento,
Mas, à energia sexual, não estava indiferente. Dedicar-se a boas causas sociais.

IV XI
Fora levado por amigos, Recordei-lhe a nobre luta,
Todos ainda adolescentes. Que deve se travar no íntimo,
Contudo, Roberto devia ser bem protegido, Para que, nesta dura disputa,
Através de meus esforços ingentes. O Cristo Interno vencesse o ser humano ínfimo.

V XII
Em outra vida, eu o havia prejudicado, O jovem, agora, dava sinais de remorso.
Tornando-me seu devedor. No fundo, sabia do iminente desvio.
Agora, o Jesus abençoado Num arroubo pensou: resistir eu posso!
Proporcionava-me um momento redentor. Este lugar não é um bom caminho!

VI XIII
Deveria bem inspirá-lo, Naquele momento, grande confusão se formou.
Superando a presença de um obsessor. Uma briga estava configurada.
No entanto, como poderia ajudá-lo O sangue de Roberto gelou,
Num lugar tão perturbador? Frente aos socos, pontapés e garrafadas.

VII XIV
Tudo estimulava aos sentidos! A refrega começara no Plano Astral,
O baile era um teste para Roberto. Devido aos choques de falanges contrárias.
Seguiria os ensinos de seus pais queridos, Logo se refletiu no mundo material,
Ou se entregaria a rumo incerto? Por entre aquelas quase-crianças alcoolizadas.

20
XV
Para mim, foi ótima oportunidade.
A Providência Divina se fazia presente,
Naquele momento de insanidade.
Inspirei uma rápida retirada a sua mente.

XVI
Roberto desvinculara-se do obsessor
De forma abrupta, de repente.
Saiu da festa com horror,
Entendendo que ali não era bom ambiente.

XVII
Vencida estava uma batalha,
Mas não toda a guerra.
Hoje Roberto trabalha,
Na boa seara fraterna.

XVIII
Ainda luta interiormente,
Contra vícios de outrora.
Porém, sua alma já sente
Grande e real melhora.

XIX
De vez em quando o visito
Na escola do mundo material,
Que é um jardim com espinhos, mas bendito,
Para este Trabalhador do Umbral.

30 de abril de 2005.

21
10- RESGATE DIFÍCIL

I VIII
Estava eu sobre grande penedo, Elevei meu pensamento
Enquanto observava larga planície. Em profunda e silenciosa oração!
Divisava uma cidade de medo, Meu corpo espiritual fez-se menos denso.
Em plano astral de farta imundície. Fui invisível até lá e atravessei grande portão.

II IX
Pobres criaturas, que do homem eram arremedo. Dentro do lugar já estavam três tarefeiros,
Desequilibradas em duro martírio, Esperando o meu auxílio.
Vivendo sob terror e silício, Interpretavam o papel de encrenqueiros,
Formavam retrato do puro desespero. Comuns naquele astral domicílio.

III X
Meu trabalho seria duro. Após algum tempo de observação,
Retiraria um doente mental, Fiz-me mais denso pela força da mente.
Por intercessão da Luz naquele monturo: Encontrara meus companheiros de missão,
Sua mãe, elevada entidade espiritual! Que haviam localizado o pobre indigente.

IV XI
Após prolongadas e agudas dores, Laureano babava muito
Enfim chegava a misericórdia, E havia ficado cego.
Para aquele que semeara horrores, Falava mal, grunhindo assuntos
Cultivando guerras e profundas discórdias. Que saíam pelas narinas do nariz adunco.

V XII
Laureano estava dementado, Meus amigos tarefeiros
Pelas torturas que recebera após a morte. Fingiam zombar de Laureano.
Seu corpo perispiritual havia se desfigurado. Era o disfarce naquele hostil meio,
Ele se arrastava sem direção, sem norte. Para bem cumprir o traçado plano.

VI XIII
Fora colocado naquela cidade, As forças trevosas não deviam desconfiar
De energias muito negativas, Da nossa presença, naquele lugar.
Para que lhe piorasse a imbecilidade, Por isso, tornamo-nos maltrapilhos.
Junto a outras entidades assassinas. “Agíamos mal”, como era de se esperar.

VII XIV
Parecia um grande manicômio, Porém, tínhamos que aguardar a hora certa,
Cercado por muros elevadíssimos. Para o resgate se realizar.
Em seus portões: “homens-demônios”! Haveria uma porta aberta,
Eu só entraria ali, com a ajuda do Altíssimo. Por onde iríamos atravessar.

22
XV
A porta iria se abrir
Em direção a plano superior.
Dependia da luminosa mãe do sofredor
E de uns médiuns na Terra, orando com fervor.

XVI
Aguardamos a mediúnica sessão
E um sinal do Alto.
Quando chegou a hora da ação,
Agarramos Laureano e saímos do chão.

XVII
Subimos por um foco de luz,
Guiados pela mãe do infeliz!
Através da força dos médiuns, focados em Jesus,
Nossa missão teve um final feliz.

XVIII
Laureano fora conduzido
A um hospital de recuperação,
Onde doentes mentais, em grande desequilíbrio,
Permaneciam para posterior reencarnação.

XIX
Fiquei muito agradecido
Em poder participar desta missão,
Pois ajudei um antigo amigo esquecido,
Que precisava de renovação.

XX
Após o resgate, fui abençoado
Pela bondosa mãe espiritual,
Que deu novas forças a este servo apagado:
O Trabalhador do Umbral.

Maio de 2005.

23
11- DÁLIA

I VIII
A moça era um encanto Para se aproximar mais,
E tinha nome de flor. O pretendente passou a frequentar o templo.
Dália era filha de Jorge, um “pai de santo” Tinha esperança, o rapaz,
Muito arrogante, que tinha por ela grande amor. De que chamar-lhe a atenção seria capaz.

II IX
Moçoila vaidosa, mas com boas virtudes, No entanto, Jorge percebera a manobra.
Dália vivia a sonhar, Sempre via o jovem nos cultos,
Com futuro sem vicissitudes Observando Dália em diversas horas.
E bom homem para levá-la ao altar. Era o primeiro a chegar e o último a ir embora.

III X
Seu pai era ciumento Jorge conhecia, de Roberto, a procedência.
E dava-lhe rígida educação. Não era o melhor para a sua filha,
Vigiava-a em todos os momentos, Ainda pura e cheia de inocência.
Com cuidadosa e grande atenção. Pensava isto, Jorge, com impaciência.

IV XI
Mesmo em dia de sessão, Ele tinha preconceito
No seu templo umbandista, E corroía-lhe o ciúme.
Jorge a tinha sob sua visão, Planejou realizar um “trabalho” bem feito,
Protegendo-a com toda a força do seu coração. Como era de costume.

V XII
Dália possuía dezoito anos Apelaria à magia negra
E era bastante estudiosa. Para afastar mais aquele rapaz.
Já fazia muitos planos. Não dormiria em paz,
Seria professora e escreveria em verso e prosa. Antes de entregá-lo ao seu feroz capataz.

VI XIII
Um moço gostava dela Iria ao cemitério
E ela nem desconfiava. Chamar a entidade voltada ao mal,
Era Roberto, rapaz de vida singela, Através de nefando ritual,
Que sempre quando possível a admirava. Evocando-o do Umbral.

VII XIV
Roberto era trabalhador braçal Dália não tinha noção
E tinha boa roça em sítio formoso. Do desequilíbrio de seu pai.
Sua ligação com ela era espiritual. Amava-o com respeito e devoção.
Ele esperava ter, com Dália, um futuro ditoso. Nunca lhe dissera um não.

24
XV XXIII
A moça mal percebera Roberto, Recorreu até a famosos doutores,
O jovem de boa aparência Acreditando na ajuda da medicina.
E semblante também esperto, Ineficazes eram seus favores!
Que no templo a vigiava com insistência. Jorge estava perdendo a sua menina.

XVI XXIV
Jorge então selara o negativo pacto. Eu nada podia fazer.
Tinha confiança no pleno sucesso. Se cumpria um resgate espiritual.
O resultado seria de impacto. A moça já estava prestes a perecer.
O rapaz sumiria. Isto era certo! Eu apenas esperava no Plano Astral.

XVII XXV
Porém, o resultado não foi o esperado. Quando veio o desenlace,
Roberto, de fato, sumira. Ficaram os dois em desequilíbrio,
Soube-se que fora fatalmente vitimado. Unidos como gêmeos que nascem
Sofrera grave acidente e já fora sepultado. Grudados, de forma sofrível.

XVIII XXVI
Jorge ficou muito surpreso Tarefeiros encaminharam o casal
E lamentou o terrível desfecho. Para um hospital espiritual.
Não era isso que desejava. Dentre eles estava eu,
Ficou quase em desespero. O Trabalhador do Umbral.

XIX
Procurou esquecer o fato,
Imaginando que não seria culpado, Junho de 2005.
Embora sua consciência
O acusasse com veemência.

XX
Em breve, notou diferença
No comportamento da filha.
Também a sua saudável aparência
Tornou-se, pouco a pouco, doentia.

XXI
Era a presença de Roberto
Junto ao seu objeto de amor.
A morte súbita o deixara em torpor.
Apenas queria amá-la com fervor.

XXII
Jorge tudo tentou
Para salvar sua filha amada:
Orações, remédios, gemadas
E invocações no cemitério e nas encruzilhadas.

25
12- O PAI DE SANTO

I VIII
- Saravá, meu filho! Deixa o seu guia descer! O rapaz formava um quadro estranho,
Dizia Agenor, o “pai de santo”, Com a cabeça ainda no solo.
Ao ingênuo rapaz em pranto, Agenor disse: - Vou lhe receitar uns banhos!
Pois achava que ia morrer. E ele já calculava, em pensamento, os ganhos.

II IX
Eu apenas observava Logo a seguir, interferi
A cena lamentável: Naquela péssima manifestação.
O jovem se curvava Irradiei, com decisão,
Ao obsessor deplorável. Uma energia para a separação.

III X
Estávamos num Centro Umbandista, Se incomodou, embora não me visse, o obsessor.
Onde predominava a perturbação. Ele era poderoso vampiro espiritual.
O dirigente, nada realista, Então afastou-se do pupilo de Agenor,
Não percebia a quase possessão. Que ainda se sentia mal.

IV XI
Cobrava muito dinheiro, Minha tarefa naquele lugar
Esquecendo-se da caridade. Era semelhante a de um bombeiro,
Por isso, afastara-se o caboclo guerreiro, Que corre para incêndios apagar,
Seu guia na Espiritualidade. Não sabendo a que horas poderá descansar.

V XII
Acreditava ter digna assistência Eu estava ali há meses,
Dos bons espíritos de luz. Tentando alertar o Agenor
Mas, estava quase na indigência Para desistir de seus infelizes interesses,
Devido ao vil metal, que tanto seduz. Antes que lhe atingisse terrível dor.

VI XIII
Prosseguia o “desenvolvimento mediúnico”. O rapaz, agora desperto,
O jovem, agora, estava com o rosto no chão. Cansado muito estava.
Enquanto isso, o “pai de santo” se julgava único O pai de santo, muito esperto,
Em força, sabedoria e persuasão. Somente o estimulava:

VII XIV
Ele, então, ordenou com confiança: - Que beleza meu filho!
- Apruma o seu aparelho! - Você tem um excelente guia!
Mas a entidade acoplada, apenas lhe balança Em verdade, sua saúde estava por um fio,
O tórax, os quadris e os joelhos. Devido à proximidade da terrível energia.

26
XV XXIII
Era uma sexta-feira. Depois de longa conversação,
Aquilo não continuaria mais. Disse a ele que não recebera castigo.
As orientações sem eira nem beira Apenas funcionara a Lei de Ação e Reação,
Terminariam, com muita gente alcançando paz. Em resposta a seus muitos desatinos.

XVI XXIV
Na manhã de domingo Agenor viverá por anos nesta situação,
Agenor acordou, passando mal. Para entender a verdadeira humildade.
Aneurismas na cabeça, em número de cinco, Na próxima reencarnação,
Davam-lhe um doloroso sinal. Renascerá com muitas dificuldades.

XVII XXV
Estava em andamento um derrame cerebral. Ajudei vários de seus pupilos
O homem, agora, muito sofria. A encontrar segura orientação.
Ele se perguntava o que ocorria afinal, Quase todos sofriam a ação de vampiros,
Enquanto a sua força se esvaía. Que sugavam suas energias e a boa razão.

XVIII XXVI
Só despertou no hospital, Foi uma tarefa muito difícil,
Com uma parte do corpo paralisado. Mas cheguei a bom termo no final,
Ele se questionou: o que havia feito de mal, Evitando piores malefícios.
Para ficar naquele estado? Aqui se despede, o Trabalhador do Umbral.

XIX
Finalmente fazia uma autocrítica.
Tentava entender a situação,
Do porquê da sua limitação física.
Seria um castigo pela sua má atuação? 12 de setembro de 2005.

XX
Enfim, recordava suas espertezas.
Quanta gente havia enganado!
Em vez de alegrias, espalhara tristezas,
Em troca dos lucros embolsados.

XXI
Após longo tempo internado,
Voltaria para sua casa.
Estava praticamente aleijado
E também perdera a fala.

XXII
Na primeira noite em sua residência,
Ajudei-lhe num desprendimento espiritual.
Fui clarear a sua consciência,
Fazendo-o discernir o que fizera de bom ou de mal.

27
13- A TRANSFORMAÇÃO

I VIII
Estava em pleno Umbral, Sabia atuar em grupo
Conversando com uma entidade, E tinha sua própria falange.
Que fazia o bem ou o mal, Fazia um plano, através de detalhados estudos,
Desde que fosse “pago” pela atividade. Quando o “trabalho” era muito grande.

II IX
Há tempo que eu o observava, Contudo não pedia, o seu coração,
Já sabendo da oculta verdade: Que continuasse em tão dura refrega.
Estava se enojando da maldade, Desejava respirar em ar mais puro e são,
Aspirando a uma nova liberdade. Onde a verdadeira lealdade impera.

III X
Tinha dificuldade em admitir, Já o tinha, outras vezes, abordado.
Pois sua fama era antiga. Ele compreendera a minha intenção.
Barreiras deveriam cair, Eu queria apenas ajudá-lo
Para que deixasse a sua rotina. A encontrar roteiro de redenção.

IV XI
“Trabalhava” em um local, Disse-lhe que, à frente, receberia novo trabalho
Onde, num médium, incorporava. Nos meandros do submundo astral.
Recebia “presentes” para que o seu punhal Atuaria bem disfarçado,
Fosse utilizado, nas sombrias madrugadas. Desfazendo os caminhos que havia traçado.

V XII
Provocava disputas, Expliquei que eu era da “banda” do Cordeiro,
Discussões ou resolvia problemas, De onde provinha mais energia e luz.
Quase sempre em meio a duras lutas. Mas ele, entre esperançoso e matreiro,
A satisfação do “cliente” era o seu lema. Ainda queria testar a força que vinha de Jesus.

VI XIII
Às vezes, era chamado para levantar um doente Pediu-me que o acompanhasse
Ou recuperar o movimento de uma loja. Até o mundo material.
Ajudava do seu jeito inclemente, Visitaríamos uma doente mental,
Mesmo quando sob dura prova. Que ele amava, mas não podia curar o mal.

VII XIV
Era espírito endurecido. Eu já sabia de sua “oculta” intenção.
Quando diante de difícil tarefa, Queria ajudar a moça obsidiada,
Não aceitava ser vencido. Alma muito querida, agora reencarnada.
Nesta situação, convocava obscurecidos colegas. Era um ser precioso para o seu coração.

28
XV XXIII
A bela criatura era bastante endividada. Adentramos a humilde casa,
Na carne, ainda em tenra idade, Onde se postavam dois médicos espirituais.
Estava sendo duramente assediada Há dias esperavam a minha chegada,
Por entidade deformada. Para executar a tarefa previamente marcada.

XVI XXIV
Antes, ele tentara libertá-la em vão. Minha participação seria como a de um enfermeiro,
Mesmo com a ajuda de seus parceiros, Naquela delicada situação.
Fracassara, com grande decepção, Oramos, com fervor, primeiro.
Em libertá-la da obsessão. Em seguida, começaríamos a ação.

XVII XXV
O espírito, com estranha deformidade, Meu acompanhante estava algo espantado,
Estava acoplado firmemente Com a luz que desceu sobre nós.
Ao corpo da jovem beldade, Contudo, ficou mesmo estupefato,
Que, ao mundo, era indiferente. Quando percebeu que já não estávamos a sós.

XVIII XXVI
Expliquei-lhe sobre a Justiça Divina, Parecia pura mágica!
Que permitia tal associação Do aparente nada, surgiu uma grande equipe
Entre o disforme e a moça-menina, Para resolver aquela situação quase trágica.
Resultante da Lei de Ação e Reação. E quantos técnicos de alta estirpe!

XIX XXVII
Prometi-lhe o auxílio da Providência, Então, a moça fora induzida a se deitar.
Pois, disso, eu já estava informado. Agia sua mãe material, por nós inspirada.
Era o momento do socorro, com diligência, Uma cirurgia iria se realizar,
Para aqueles espíritos serem desacorrentados. Para que uma boa meta fosse alcançada.

XX XXVIII
Partimos, em silêncio, através do Umbral. Após um tempo, não pequeno,
Pedi-lhe para apenas observar Tudo estava terminado.
Como o bem transformaria o aparente mal. A moça tornara-se livre no plano terreno.
Assim, talvez ele se convencesse a se renovar. No Plano Astral, havia um espírito transformado.

XXI XXIX
Chegando em jardim de casa singela, Enquanto o deformado, inconsciente, era levado
De família com recursos limitados, Para um hospital espiritual,
Já podíamos vê-la, sentada próximo a uma janela. O candidato à luz, em lágrimas, estava ajoelhado.
Tinha os olhos no vazio, meio esbugalhados. Dizia que nunca mais faria o mal.

XXII XXX
Diagnosticaram, os médicos da terra, Amparei-lhe com energia,
Uma espécie de autismo. Explicando o futuro da jovem.
Mas, a verdade era Ela, vagarosamente, melhoraria.
Que tinham dúvidas e não havia otimismo. Seria acompanhada de perto, até segunda ordem.

29
XXXI
Ao longo do tempo, despertaria
De seu mundo tão pessoal.
Para a convivência terrena desabrocharia,
Com boas chances de uma vida normal.

XXXII
Então levei Fausto (este era o seu nome)
A uma grande jornada, para ele, sem igual.
A partir daquele momento, seria novo homem,
Com a ajuda do Trabalhador do Umbral.

05 de outubro de 2005.

30
14- MARIA DOS FARRAPOS

I VIII
Eu estava sob a luz da lua Não sabia de onde vinham aqueles pensamentos.
Em baixa cidade do Astral. Pareciam não pertencer a si.
Lá havia uma mulher praticamente nua, A moça da favela, em quase todos momentos,
Em profundo desequilíbrio espiritual. Passava por tentações e tormentos.

II IX
Cobriam, seu corpo sutil, frangalhos. Flora tinha treze anos de idade.
Sorria de forma anormal. Em vida passada, perdera-se na prostituição.
Seus olhos eram esbugalhados. Tentava agora, sem falsidade,
Este era o resultado da sementeira no mal. Encontrar o caminho da recuperação.

III X
Seus pensamentos eram fixos Mas a mulher vestida de trapos,
Em imagens de teor sensual. Antiga companheira de sofreguidão,
Não se lembrava do Cristo. Queria reduzir a frangalhos
Transformação interior não era sua meta final. A sua atual resolução de transformação.

IV XI
Vivera para as sensações, Portanto, minha missão era difícil.
Em função do seu corpo material. Com certeza, havia grande ligação
Precisava sempre de pesadas emoções Entre a jovem e a alma cheia de vício,
Para preencher seu vazio mental. Que tanto desejava o prazer e a sensação.

V XII
Não aceitara estudar, Flora, às vezes, buscava a religião.
Embora boa chance houvera. Tentava, em vão, amortecer
Tivera bons pai e mãe para lhe ajudar. A turbulência em seu coração,
Contudo, nunca respeitá-los quisera. Através de momentos de oração.

VI XIII
Infeliz mulher enlouquecida! Sentia que devia se afastar
Agora, era tenaz espírito obsessor. Do caminho que se apresentava.
Acompanhava, na Terra, jovem semi-enceguecida, Mas, até mesmo faltava
Que ainda não entendia a vida e o seu real valor. Bom ar para respirar.

VII XIV
Flora, assim, era perseguida. O ambiente de sua vida
Estava despertando muito cedo a sua libido. Era muito pouco são.
A pobre moça-menina tinha vida sofrida Sua mãe era alma sofrida
E estava correndo real, mas oculto, perigo. E, seu pai, um alcoólatra folgazão.

31
XV XXIII
Eu necessitava de boa estratégia Sentira que uma nova vida se abria
Para encontrar uma solução. À visão da sua mente.
Precisava evitar uma tragédia, Os doces ensinamentos que ouvira,
Naquela família em dissolução. Tornaram-se uma boa semente.

XVI XXIV
Seu pai ficou gravemente doente. Mas, uma parte difícil me cabia.
O fígado quase não mais trabalhava. Era encaminhar o espírito doente,
Aquele homem, tão descrente, Que acompanhava a Flora moça-menina,
Estava muito próximo da derrocada. E que, agora, estava muito descontente.

XVII XXV
A mãe não sabia o que fazer, Ela se autodenominava Maria,
Sem os trocados que o marido amealhava. “A poderosa Maria dos Farrapos”!
Não podia mais, o ofício de pedreiro, exercer. Então, prometera que transformaria
Assim, ela estava quase desesperada. A vida da jovem em frangalhos.

XVIII XXVI
Então atuei em sua mente, Em noite de lua cheia,
Sugerindo-lhe uma solução: Fui à casa de Flora,
Deveria empregar sua filha adolescente, Que dormira logo após a uma breve ceia.
Para ajudar a ganhar o bendito pão. Eu deveria agir sem demora.

XIX XXVII
Eu conhecia luminosa pessoa, Próximo a seu vaso físico, em repouso,
Que poderia bem ajudar. Estava a entidade obsessora.
Era alma realmente muito boa, Gritava para que o seu espírito saísse do corpo.
Prestativa e sempre pronta a amparar. Queria intimidar e, à prova, pô-la.

XX XXVIII
Consegui, sem muita demora, Eu intervi rapidamente,
Que a mãe de Flora fosse lhe procurar, Materializando-me de supetão.
Num centro espírita consagrado à “Nossa Senhora”, Surgi bem em sua frente,
Que dirigia com amor e força para disciplinar. Causando surpresa e irritação.

XXI XXIX
Através de breves acertos, Disse-lhe que representava
Decidiu-se que Flora ficaria ali para faxinar. Uma força de mais alto,
Embora a menina tivesse alguns receios, Estando ali para ajudá-la,
Logo percebeu que era um bom lugar. Naquele momento incauto.

XXII XXX
Passou a ganhar o pão material, Perguntou-me se eu era juiz,
Mas benefícios maiores estavam por chegar. Se sabia da real situação.
A dirigente convidou-a para um culto espiritual, A jovem, segundo ela, sempre fez o que quis
Onde cresceram suas esperanças em melhorar. E lhe era devedora, desde outra encarnação.

32
XXXI XXXIX
Então dirigi-me, resoluto, à infeliz. Maria já havia retornado,
Utilizei forte argumentação, Desejosa de continuar a obsessão.
Demonstrando que os erros têm como matriz Mas, seu espírito estava ressabiado.
A falta de amor e a ausência do perdão. Sentia que havia uma nova situação.

XXXII XL
Apontei fatos de sua última vida, Não era tão fácil influenciar Flora,
Que caracterizavam a sua má conduta. Que, agora, buscava mais forças na oração.
Remexi antigas feridas, A moça estava esperançosa com a nova porta,
Que amorteceram o seu vigor naquela disputa. Que se abria para o seu coração.

XXXIII XLI
Ela não quis admitir seus erros, O centro lhe dava a esperança,
Preferindo fugir da situação. Através de seus positivos ensinamentos.
Escondeu-se no baixo Astral, em feios becos, Aos poucos, retornava uma alegria de criança,
Sem compreender a melhor solução. Que crê no futuro, deixando de lado os medos.

XXXIV XLII
Eu havia lhe oferecido Haveria, em breve, uma nova sessão.
Nova vida, em menos denso plano espiritual. Nela, ocorreria um trabalho especial.
Trabalharia, sem se expor a maior perigo, Era a tarefa de desobsessão,
Se preparando para uma nova encarnação, afinal. Muito bem feita naquela casa espiritual.

XXXV XLIII
Para aquele espírito empedernido, Flora fora convidada,
Não era fácil decidir. Mas surgiu-lhe um aperto no peito.
Vivera em dissolução por tempo indefinido Era Maria, muito transtornada,
E os velhos apegos não permitiam melhor porvir. Não sabendo bem o que seria feito.

XXXVI XLIV
Contudo, senti que a havia atingido. Faltando poucas horas para a reunião,
Percebi, nela, uma nesga de esperança. A adolescente sentira-se mal.
Em minha mente surgiu um plano conciso, Eu, invisível à Maria, sustentei-lhe a resolução
Que, mais à frente, resultaria em bonança. De comparecer ao culto espiritual.

XXXVII XLV
No entanto, sabia que ela iria retornar Chegando ao centro,
À procura de Flora. A jovem vomitou.
Esperaria eu me afastar, Mas, haviam muitos médiuns atentos,
Para assediar a menina em outra hora. Que logo perceberam a entidade e seu intento.

XXXVIII XLVI
Após três dias de afastamento, Ajudaram à moça-menina,
Voltei a buscar a adolescente. Com passes de limpeza e de sustentação.
Neste período, houve bom planejamento Maria, vestida em farrapos, estava ressentida,
Para encaminhar a entidade doente. Pois uma rede de energia já lhe tolhia a ação.

33
XLVII LV
Com os trabalhos iniciados, Em breve seria recebida,
Após bela e profunda oração, Com carinho e emoção,
O ambiente ficou todo magnetizado Nos braços de Flora, já não moça e nem menina,
Por poderosa vibração. Em busca de sua redenção.

XLVIII LVI
Até Maria se aquietou Minha tarefa estava terminada.
Para ouvir esclarecedora explicação, Agradeci profundamente ao Pai Celestial.
Oriunda do Evangelho que Jesus deixou, Retornei, feliz, à humilde caminhada
Através dos seus atos de amor e de perdão. De um trabalhador do Umbral.

XLXIX
Mais à frente, numa médium incorporada,
Maria apresentou-se em longo choro de mágoas. Novembro de 2005.
Desfiava pérolas de uma angústia cansada,
Por meio de palavras muito amargas.

L
Depois do desabafo, sem calma,
Ouviu assertivas de esperança.
Contudo ainda existiam, em sua alma,
Muitas dúvidas e destemperanças.

LI
Foi necessário um tratamento magnético
À entidade ainda acoplada.
Retiraram miasmas extremamente maléficos,
Que embotavam o raciocínio de sua mente viciada.

LII
Após o impacto da irradiação,
Maria sentiu-se muito cansada.
Mas, ainda pôde manter uma conversação.
Logo aceitou, para um hospital espiritual, ser levada.

LIII
Depois de um período de recuperação,
Maria estava renovada.
Queria seguir um caminho de evolução,
Mas sua intenção deveria ser provada.

LIV
Então, entendeu que a reencarnação
Era meta fundamental na sua estrada.
Para isso recebeu boa e segura orientação,
Facilitando a sua nova jornada.

34
15- UM TRABALHO EM ANDAMENTO

I VIII
Em uma vida passada, Ela sentiu-se muito humilhada.
Magoava corações sem perceber. Contudo, não tinha alternativa,
Enganava mulheres mal amadas, Pois era uma grávida extenuada.
Incompreendendo que não era bom proceder. A vida lhe impunha ser meramente passiva.

II IX
Era muito egoísta, No entanto, manteve acesa uma esperança
Para poder entender o porquê De reconquistar o seu marido.
De haver frustração feminina, após cada conquista. Logo depois de parida a criança,
Ele não pensava, a ninguém, se prender. Ele, de seu coração, seria novamente cativo.

III X
Passaram alguns anos, Mas tal sonho não aconteceu,
Ocorrendo repetição desses erros. Perdurando a libertinagem
Então, os seus planos Do homem que, um dia, fora só seu.
Mudaram de direção e relevo. Então ela, muito triste, iniciou a grande viagem.

IV XI
Conhecera bela moça, Sua vida não duraria muito.
Por quem se apaixonou A jovem definhava a olhos vistos.
Com grande e profunda força. Adoeceu num momento fortuito,
Em breve, a ela desposou. Desencarnando num dia imprevisto.

V XII
Ele viveu algum tempo Ali ficara uma menina,
Uma caminhada honesta e regrada. Com um pai desnorteado.
Mas, a intensidade de seu intento Só então, percebeu quão grande era a sua estima,
Arrefeceu, desviando-se da boa jornada. Pela mulher com quem havia casado.

VI XIII
Rapidamente vazou a notícia O homem, ainda jovem, sentiu-se inútil.
De que ele tinha uma amante. Faltou-lhe até coragem para viver.
Sua esposa, muito boa e sem malícia, Mergulhou mais ainda numa vida fútil,
Desacreditou, pois esperava um infante. Só desejando beber para esquecer.

VII XIV
Mas, não se tampa o sol com a peneira! Entregou sua filha a um parente,
A jovem, depois de curto tempo, percebia Para que tivesse uma vida digna.
Mudanças grandes em suas maneiras. Não encarou suas fraquezas de frente.
Inclusive, fora de casa, às vezes, já dormia. A covardia era o seu paradigma.

35
XV XXIII
Tornou-se alcoólatra indigente. Também sei que o protegerei por longo período,
Morreu doente e abandonado. Até que esteja bem encaminhado,
O mundo era indiferente Com força interna para vencer qualquer perigo
Ao seu coração despedaçado. E mais fé no Jesus abençoado.

XVI XXIV
No Plano Espiritual, Acredito que, bem cumprida, será esta missão.
Procurou pela sua esposa querida. Luiz deverá ter uma família equilibrada, afinal.
Queria perdão pelo que praticou de mal, É o que deseja, de coração,
Para que se lhe curasse a íntima ferida. O Trabalhador do Umbral.

XVII
Então, se passaram longos anos.
O espírito, que muito vagou, está reencarnado. 18 de janeiro de 2006.
Agora existem novos planos,
De forma que os erros antigos sejam reparados.

XVIII
Seu nome é Luiz.
Ele tem pouco mais que vinte primaveras.
Contudo, caminha ainda infeliz,
Devido à tormentosa espera.

XIX
Gostaria logo de reencontrar
O seu verdadeiro amor.
No entanto, isto ainda vai demorar,
Para que mais lhe amadureça o bom pendor.

XX
Ele está prestes a se formar
E ter um emprego de valor.
Sua amada, já reencarnada, está a lhe aguardar.
Ela o perdoou, deixando de lado o rancor.

XXI
Luiz tem quase constante depressão,
Que dificulta o seu caminhar,
Abrindo portas à obsessão.
Por isso, com frequência, me aproximo para ajudar.

XXII
Tenho, com ele, uma ligação espiritual.
Em passado longínquo, lhe prejudiquei.
Hoje, ajudo-o a lutar contra o mal,
Que ainda alimenta dentro de si. Isto, bem o sei!

36
16- ANANIAS

I VIII
Estava no baixo Plano Astral, Analisei o ambiente, detalhadamente,
Vigiando um setor, Com minha visão espiritual.
Quando se aproximou um anão espiritual, Não poderia ser imprevidente,
Que se dirigiu a mim com temor: Pois, muitas vezes, se oculta muito bem o mal.

II IX
- Senhor, ajuda-me a sair daqui! Nada percebendo de errado,
- Não pertenço a este lugar! Disse-lhe para se aproximar.
- Eu sei que já morri, Ele achegou-se a mim ajoelhado.
Mas mereço melhor região para repousar. Toquei a sua fronte, para melhor poder analisar.

III X
Eu, de pronto, com uma pergunta, lhe respondi: Concentrei-me em seus pensamentos,
- O que te faz crer que és injustiçado? Absorvendo a sua história.
- O mundo é perfeito em si. Antes, fora ambicioso demais em seus sentimentos,
- O Código Divino nunca é burlado! Só desejando um mundo de glória.

IV XI
Então, o anão retrucou: Nos tempos recentes, teve o justo retorno.
- Nobre porta-voz do Cordeiro, Fora duramente escravizado
Perseguido quase sempre sou. E tratado como inútil estorvo.
- Meu arrependimento é verdadeiro! Estava, agora, realmente arrependido e derrotado.

V XII
- Dá-me uma chance Perguntei-lhe o seu nome,
De ser, deste lugar, retirado! Ao que me respondeu em pranto: - Ananias!
- Minha gratidão será grande Disse a ele que eu era apenas um homem,
E serei seu escravo. Que procurava seguir as normas divinas.

VI XIII
- Para fazer tarefas obrigatórias, Expliquei que não tinha o poder
Prefiro fazê-las para ti. De conduzi-lo para minha cidade espiritual.
- Minha alma, simplória, O que apenas eu poderia fazer,
Implora para sair daqui! Seria levar seu pedido para um julgamento final.

VII XIV
Sensibilizado pelo tom de sua voz, Como ali eu cumpria tarefa de guardião,
Pensei em lhe dar uma ajuda. Disse-lhe para se acomodar em minha guarita.
Percebi que a dor dele era atroz, Teria que esperar a ocasião
Mas precisava testar se sua intenção era pura. Da troca do meu plantão.

37
XV XXIII
Assim, ele aquietou-se esperançoso, Mais tarde veio a surpresa,
Sentado em pleno chão. Após uma avaliação extensa de seu passado.
Mais tarde, chegou um irmão operoso Agora, as cartas estavam abertas na mesa.
Para fazer a aguardada substituição. Ananias havia sido, para mim, um amigo dedicado.

XVI XXIV
Deixei Ananias em repouso, Na Roma antiga nos conhecemos.
Sob um sono magnético, Ambos éramos soldados.
Enquanto eu ia a encontro Companheiros inseparáveis, juntos morremos.
De meu superior, um espírito muito enérgico. Nossos destinos estavam entrelaçados.

XVII XXV
Expliquei-lhe que, no meu posto de observação, Mais recentemente, há cerca de 500 anos,
Ficara o infeliz Ananias. Havíamos sido irmãos.
Pedi a adequada orientação, Foi onde mudaram os nossos planos.
Para saber o que eu faria. Ananias estagnou e eu segui caminhos mais sãos.

XVIII XXVI
Meu chefe, que se chamava Augusto, Desde então, embora eu tomasse uns rumos errados,
E fora romano em antigas eras, Ananias permanecera muito parado,
Tinha fama de ser muito justo. Nas encruzilhadas da ilusão,
Ele desejou resolver o problema, sem espera. Perdendo um melhor roteiro de evolução.

XIX XXVII
Confessou-me que já sabia do caso, Augusto mirava em meus olhos francamente,
Informado por entidades mais elevadas. Como se dentro da minha alma.
Ananias não perambulava por acaso, Perguntou se eu estava contente
Próximo de áreas por nós guardadas. E preparado para tarefa, deveras, diferente.

XX XXVIII
Chegara o dia de seu resgate! O esclarecido Augusto
E deveríamos, eu e Augusto, Percebeu, em mim, a dúvida.
Retirá-lo daquela situação de desgaste, Como no meu rosto havia uma expressão de susto,
Mesmo que fosse a muito custo. Tratou de tornar a minha consciência mais lúcida.

XXI XXIX
Mas, felizmente o esforço não foi grande. Explicou-me que forças superiores
O pobre anão jazia dormindo, Haviam conduzido o anão,
Junto ao guardião Alexandre, Carregado de pesares e dores,
Que nos recebeu sorrindo. Para perto de seu antigo irmão.

XXII XXX
Trouxemos Ananias para a nossa cidade, Ele me disse que, agora,
Ainda em repouso profundo. Eu tinha boa condição
Alojamos a ele em hospital de nossa irmandade, De dar-lhe correta orientação
Para que se recuperasse dos desgastes do mundo. E esperança nova ao coração.

38
XXXI
Então, declarou: - esta é uma tarefa sua,
Se assim o desejares!
Olhei para cima e vi a lua.
Sua luz prateava os ares.

XXXII
Seria uma dura responsabilidade,
Pois eu orientaria alguém.
Após um momento, respondi com lealdade:
- Se o Alto o trouxe aqui, não vou agir com desdém!

XXXIII
Augusto sorriu abertamente,
Dizendo saber que eu não iria falhar.
Avisou para que me preparasse brevemente,
Pois Ananias não demoraria a ter alta hospitalar.

XXXIV
O problema do anão era, sobretudo, moral.
Depois de alguns tratos, repouso
E energização perispiritual,
Eu o treinaria para ser um trabalhador do Umbral.

20 de janeiro de 2006.

39
17- ATÉ BREVE!

I VIII
Eu estava tranquilamente sentado, Contudo, o que predominava era um sentimento
Debaixo de frondosa árvore, no Plano Astral. De vitória e autorrealização.
Por longo tempo, permanecia num estado Aos poucos, eu alcançava o intento
De meditação espiritual. De conseguir uma expressiva renovação.

II IX
Sabia que findava uma boa missão, Esperarei, deveras, confiante
Que havia me dado funda alegria. O que a vida me oferecerá como novo serviço,
Passara aos encarnados, com satisfação, Em futuro breve ou distante.
Meus trabalhos na lida umbralina. Não posso muito escolher. Ainda sou um noviço!

III X
Chegara, para mim, um momento de reflexão. Com certeza, permanecerei por bom tempo
O que a vida, em seguida, me ofereceria? Fazendo tarefas como as que aqui narrei,
Havia um pouco de curiosidade em meu coração, Em ambientes de pouco alento.
Embora a serenidade me dominasse naquele dia. Isso, eu bem o sei!

IV XI
Quantas vidas já tinha vivido! Por ora, me despeço.
E quantas tarefas, agora, no submundo astral! Finalizo essa missão espiritual.
O espírito tem um viver infinito, Deseja a todos, muito sucesso,
Mas para onde vamos afinal? O Trabalhador do Umbral.

V
Pela via da intuição,
Sentia um futuro bonito.
Mais entendimento e mais evolução.
Sobretudo, grande paz de espírito. 18 de agosto de 2006.

VI
Paz que outrora eu não cultivara,
Mas que, agora, dava-lhe grande valor.
Por isso, estava na seara
Do bom Cristo Redentor.

VII
Muitos dizem que Exu não chora!
Mas, ali estava eu com lágrimas no rosto,
Naquela aparente solitária hora,
Lembrando um antigo erro, com algum desgosto.

40

Você também pode gostar