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SAMUEL VIDAL
Videoeconomia: Como os vídeos, a educação e os
chips podem gerar crescimento econômico
Nas últimas décadas têm ocorrido grandes avanços tecnológicos na
área de informática. Os computadores possuem chips com capacidade de
armazenamento 1000 vezes maior do que os computadores de 20 anos atrás e
a velocidade da Internet aumentou em média 20 vezes no mundo nos últimos
10 anos. Esses avanços também proporcionaram um grande aumento na
disseminação de vídeos. Por outro lado o uso das ferramentas digitais tem
apresentado pouco impacto na melhoria da qualidade da educação. Uma
melhor educação gera cidadãos mais produtivos, aumentando as taxas de
crescimento econômico dos países e reduzindo a pobreza. No Brasil, o
resultado de provas nacionais como o IDEB 1 tem mostrado notas
baixíssimas, principalmente no Ensino Médio, onde a nota média dos alunos
em 2009 foi 3,6 numa escala de 0 a 10, mesmo com o grande aumento do uso
de ferramentas como o computador na última década. O que também chama
a atenção é a presença de escolas “analógicas” nas primeiras colocações.
Essas escolas com poucos recursos financeiros e precária infra-estrutura
digital utilizam predominantemente estratégias tradicionais de ensino como o
uso do quadro negro e a aplicação de ditados. Os computadores não são
aproveitados ou no mínimo utilizados apenas em último caso. Se algumas
escolas não digitais conseguiram resultados excelentes nos exames nacionais,
imaginem o que seria possível fazer se os computadores, os softwares
educacionais, a Internet, os DVDs e as lousas digitais, soluções que
privilegiam a comunicação visual com o estudante, fossem usadas com alto
grau de eficiência. Essa discussão não acontece apenas no Brasil. No mundo
inteiro, os especialistas em educação procuram formas de melhorar o ensino
e encontram-se angustiados diante da ausência de avaliações que indiquem
os impactos das chamadas tecnologias da informação e comunicação (TICs)
na sala de aula. Então temos o seguinte questionamento: Como capitanear o
progresso tecnológico das ferramentas digitais nas últimas décadas para que
se obtenha um grande avanço na qualidade da educação e consequentemente
se tenha um maior crescimento econômico? A utilização dos vídeos na
educação pode ser uma grande solução para superar esse desafio. O potencial
é tão grande, alavancado pela crescente diminuição dos custos de
armazenamento e transmissão de dados, que se ele for bem aproveitado
acabará gerando um aumento expressivo da taxa de crescimento econômico
nos países ou regiões. Esse avanço econômico pode ser denominado de
VIDEOECONOMIA.
Antes de avaliar o potencial dos vídeos na educação é importante
explicar a teoria do crescimento econômico para entender porque a educação
é tão vital na melhoria do padrão de vida das pessoas. Na economia de um
país o Produto Interno Bruto (PIB) é a renda total de todas as pessoas e
depende da capacidade do país de produzir bens e serviços. O PIB representa
a melhor medida de bem-estar econômico de uma sociedade 2. O crescimento
econômico representa o aumento do PIB de um país através do aumento da
produtividade. A produtividade se refere à quantidade de bens e serviços que
um trabalhador pode produzir por cada hora de trabalho. Os principais
fatores que determinam o aumento da produtividade são o capital humano, o
capital físico, os recursos naturais e o conhecimento tecnológico. Vamos
focar apenas no fator capital humano, que se refere diretamente a educação.
O capital humano é o conhecimento e as habilidades que os trabalhadores
adquirem por meio da educação, treinamento e experiência. O capital
humano de um país depende da qualidade da educação. Uma população com
maior escolaridade e melhor rendimento escolar atinge uma maior
capacidade de raciocínio e síntese. Essa capacidade eleva a produtividade dos
trabalhadores e consequentemente aumenta a produção de bens e serviços do
país, gerando crescimento econômico. O pesquisador americano Eric
Hanushek, que estuda a influência do rendimento escolar nas taxas de
crescimento econômico ao redor do mundo, afirmou que se as notas dos
estudantes brasileiros aumentassem em apenas 15%, em testes padronizados
de avaliação como o IDEB, o Brasil somaria a cada ano meio ponto
percentual as suas taxas de crescimento 3. O PIB do Brasil cresceu em média
3% ao ano nas últimas duas décadas, sendo que devido ao aumento anual de
1% na população, isso gerou um aumento médio de 2% ao ano na renda per
capita brasileira. Se as notas médias dos alunos brasileiros passarem da nota
4 atual (considerando o ensino fundamental e médio juntos) para 4,6,
configurando um aumento de 15%, isso elevará a taxa de crescimento
econômico de 3% para 3,5% ao ano, considerando evidentemente que as
taxas de crescimento econômico futuras serão similares as taxas das duas
últimas décadas. Nesse caso, ao invés de a renda per capita crescer 2% ao
ano, ela crescerá 2,5% ao ano, representando um aumento de 25%. Após 20
anos, ao invés de a população do Brasil ter uma renda média 48% superior ao
valor atual, ele terá uma renda média 64% superior.
A relação entre crescimento econômico e educação foi bem estabelecida
no parágrafo anterior. Agora nos atentaremos as formas de melhorar a
qualidade da educação. O Ministro Fernando Haddad afirmou em uma
entrevista recente que não existe uma bala de prata para resolver os
problemas estruturais da educação brasileira 4. Como alguns especialistas
explicam, a educação é um processo e depende de uma série de fatores para
ter uma boa qualidade. Ela depende de uma boa gestão escolar, da
qualificação de professores, de um aprendizado adequado nas séries iniciais,
de uma boa grade curricular, de bons salários para os profissionais do setor,
de avaliações para verificação da qualidade do aprendizado, enfim um grupo
extenso de boas iniciativas que demandam elevados investimentos. No
entanto esse texto não pretende discutir cada aspecto do processo
educacional. A idéia central que se deseja transmitir é a seguinte: Se todas as
etapas do processo educacional forem mantidas, o acréscimo em massa de
vídeos a disposição dos alunos gerará uma melhoria no rendimento escolar. E
esse acréscimo terá um custo muito baixo devido aos avanços tecnológicos
presentes e futuros na área de armazenamento e transmissão de dados. Como
foi citado anteriormente, um aumento de apenas 15% nas notas dos alunos
brasileiros pode acrescentar 0,5% de crescimento ao PIB nacional todos os
anos. Um pequeno avanço gerará um grande impacto econômico e esse
avanço pode ser capitaneado pelo uso dos vídeos na educação. Um grande
impacto através de uma política de baixo custo significa um investimento de
elevado custo-benefício. Esse investimento pode ser feito tanto pelo Governo
Federal quanto pelas grandes fundações educacionais (Itaú, Bradesco).
A disponibilização em grande escala de vídeos com alta qualidade para
os alunos aumentará o aprendizado. No entanto será mesmo que esse impacto
pode ser tão expressivo a ponto de melhorar significativamente as notas das
avaliações de aprendizado? Será que o custo para massificar os vídeos é tão
baixo? O impacto e os custos dependerão da arquitetura de implementação.
Precisamos desenvolver conteúdos diferentes e usar as ferramentas
tecnológicas de uma forma diferente. Vamos fazer uma abordagem histórica
da participação dos vídeos na educação. Eles foram utilizados em sua grande
maioria no Brasil nas experiências educacionais de ensino a distância. A
educação a distância apresenta características específicas, rompendo com a
concepção da presencialidade no processo de ensino-aprendizagem. Para a
EAD, o ato pedagógico não é mais centrado na figura do professor, e não
parte mais do pressuposto de que a aprendizagem só acontece a partir de uma
aula realizada com a presença deste e do aluno. Podemos afirmar que a EAD
no Brasil, de 1994 até os dias de hoje, se desenvolveu a partir de cinco
modelos5, que são:
1- http://www.khanacademy.org/
O site em inglês do professor Salman Khan possui uma biblioteca de mais de
2400 de vídeos cobrindo tudo, desde a aritmética à física, finanças e história
e125 exercícios práticos.
2 -http://www.manualdomundo.com.br/
O site brasileiro é produzido pelo jornalista Iberê Thenório. Ele é uma
espécie de “Manual dos Escoteiros Mirins” em vídeo, na Internet. A idéia,
segundo o site, é ensinar desde coisas simples, mas muito legais que são úteis
no dia-a-dia, até coisas completamente inúteis, mais legais ainda.
1
http://portalideb.inep.gov.br/
2
N. Gregory Mankiw, Introdução à Economia. Página 500, 2008.
3
http://veja.abril.com.br/170908/entrevista.shtml
4
http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/o_povo.pdf
5
Eloísa Maia Vidal e José Everardo Maia, Introdução à Educação a
Distância. Página 16, 2010.
6
Eloísa Maia Vidal e José Everardo Maia, Introdução à Educação a
Distância. Página 15, 2010.
7
www.kazaa.com
8
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12324&Itemid=656
9
http://www.dominiopublico.gov.br/
10
www.portaldoprofessor.mec.gov.br/
11
www.educopedia.com.br
12
http://veja.abril.com.br/290502/ponto_de_vista.html
13
http://www.cineplayers.com/filme.php?id=7094
14
http://www.p3d.com.br/
15
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Lei_de_moore_2006.svg.png
16
Ver preço: www.americanas.com.br
17
Ver preço: www.amazon.com
18
http://www.swinburne.edu.au/engineering/cmp/publications/thesis/pzijlstra_2009.pdf
19
http://idgnow.uol.com.br/internet/2011/06/28/menos-de-40-das-casas-no-
brasil-tem-computador
20
http://blog.nielsen.com/nielsenwire/global/swiss-lead-in-speed-
comparing-global-internet-connections/
21
http://www.gvt.com.br/portal/residencial/servicosinternet/power/index.jsp
22
http://www.skyhdtv.com.br/