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JULHO DE 2013
MESTRADO INTEGRADO EM ENGENHARIA CIVIL 2012/2013
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
miec@fe.up.pt
Editado por
4200-465 PORTO
Portugal
http://www.fe.up.pt
Este documento foi produzido a partir de versão eletrónica fornecida pelo respetivo Autor.
À memória do meu amigo e colega de faculdade Ricardo Filipe da Silva Correia falecido
num trágico acidente de viação no IC1 a 17 de Agosto de 2013
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente à minha mãe, ao meu pai e aos meus irmãos Nuno e Gonçalo, por todo o
apoio que sempre me deram.
Agradeço ao meu orientador, Professor Doutor António Fidalgo do Couto, por toda a disponibilidade e
ajuda que deu na elaboração desta dissertação.
Agradeço ao Professor Doutor Rui Calçada por toda a gentileza e simpatia com que me cedeu os
dados necessários para o desenvolvimento desta dissertação.
A todos os Professores do curso de Mestrado Integrado em Engenharia Civil em especial da secção de
Vias de Comunicação pelos conhecimentos que me transmitiram ao longo deste percurso como
estudante.
Ao doutorando António Lobo pelo apoio prestado.
E por fim a todos os meus amigos e colegas de curso que me acompanharam ao longo da minha vida
académica.
i
Modelo Probabilístico para Análise da Qualidade dos Parâmetros Geométricos da Via-férrea
RESUMO
Os caminhos de ferro desde de cedo se revelaram num meio de transporte de grande utilidade para
toda a humanidade. Nos dias de hoje, embora com menor utilização, continua a ser um meio de
elevada importância.
Com este trabalho pretende-se fazer um estudo generalizado da manutenção de vias-férreas, expondo
alguns dos equipamentos atualmente utilizados na manutenção e renovação da via. Serão referidos os
parâmetros envolvidos na avaliação da qualidade geométrica da via assim como os limites impostos,
pela norma Europeia, que deverão ser garantidos.
Será feita uma análise estatística, com recurso ao modelo Provit, dos parâmetros geométricos de vias-
férreas tendo por base dados dos parâmetros geométricos da linha do Norte. Com esta análise
pretende-se estudar um modelo de análise de parâmetros geométricos das vias assim como retirar
algumas conclusões sobre os parâmetros que afetam a via.
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Modelo Probabilístico para Análise da Qualidade dos Parâmetros Geométricos da Via-férrea
ABSTRACT
The railways since the early ages proved to be a transporting system with large utility for all mankind.
Nowadays, although with less use, continues to be a system of high importance.
With this work we intend to make a general study of the maintenance of railways, exposing some of
the equipment currently used in the maintenance and renewal of the track. Will be referred to the
parameters involved in evaluating the quality of track geometry as well as the limits imposed by the
European standard, which must be guaranteed.
There will be a statistical analysis, using the Probit model, of the deformations of railways based on
data from the geometric parameters of the Northern Line (Linha do Norte). With this analysis we
intend to study a model of railway deformation analysis as well as draw some conclusions about the
parameters that affect the line.
v
Modelo Probabilístico para Análise da Qualidade dos Parâmetros Geométricos da Via-férrea
ÍNDICE GERAL
AGRADECIMENTOS ............................................................................................................. I
RESUMO .............................................................................................................................. III
ABSTRACT ........................................................................................................................... V
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 1
1.1. ENQUADRAMENTO E OBJETIVOS PROPOSTOS ........................................................... 1
1.2. ORGANIZAÇÃO GERAL ............................................................................................. 1
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Modelo Probabilístico para Análise da Qualidade dos Parâmetros Geométricos da Via-férrea
2.8.4. ESMERILHADORAS.......................................................................................................................... 23
5 CONCLUSÕES................................................................................................................. 57
5.1. RESUMO DOS RESULTADOS OBTIDOS ..................................................................... 57
5.2. CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................... 58
viii
Modelo Probabilístico para Análise da Qualidade dos Parâmetros Geométricos da Via-férrea
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................. 59
ANEXOS ............................................................................................................................. 61
ix
Modelo Probabilístico para Análise da Qualidade dos Parâmetros Geométricos da Via-férrea
x
Modelo Probabilístico para Análise da Qualidade dos Parâmetros Geométricos da Via-férrea
ÍNDICE DE FIGURAS
Fig. 2.6 - Linha de dupla bitola assente em travessas metálicas [10] .................................................... 9
Fig. 2.19 - Regularizadora de balastro seguida de uma estabilizadora dinâmica [27] ......................... 22
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Modelo Probabilístico para Análise da Qualidade dos Parâmetros Geométricos da Via-férrea
Fig. 4.6 - Variação da probabilidade em função do número de veículos de passageiros para o empeno
nas retas ................................................................................................................................................ 49
Fig. 4.7 - Variação da probabilidade em função do tráfego de mercadorias para a bitola nas retas.... 49
Fig. 4.8 - Variação da probabilidade em função do tráfego de passageiros para a bitola nas retas .... 50
Fig. 4.9- Variação da probabilidade em função da velocidade de circulação para o empeno nas retas
............................................................................................................................................................... 51
Fig. 4.10 - Variação da probabilidade em função da velocidade de circulação para a bitola nas retas 51
Fig. 4.11 – Variação da probabilidade de ser excedido o limite do empeno nas curvas circulares em
função da velocidade de circulação e do raio da curva ........................................................................ 52
Fig. 4.12 - Variação da probabilidade de ser excedido o limite da bitola nas curvas circulares em
função da velocidade de circulação e do raio da curva ........................................................................ 53
Fig. 4.13 - Variação da probabilidade de ser excedido o limite do empeno nas curvas de transição em
função da posição relativa e do comprimento do elemento .................................................................. 54
Fig. 4.14 - Variação da probabilidade de ser excedido o limite da bitola nas curvas de transição em
função da posição relativa e do comprimento do elemento .................................................................. 54
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Modelo Probabilístico para Análise da Qualidade dos Parâmetros Geométricos da Via-férrea
ÍNDICE DE QUADROS
Quadro 4.4 - Variáveis utilizadas para aplicação do modelo no programa SPSS ................................ 39
Quadro 4.5 - Estimação dos parâmetros das variáveis para o empeno nas retas ............................... 40
Quadro 4.6 - Sumário da base de dados analisada para o empeno nas retas .................................... 41
Quadro 4.10 - Sumário da base de dados analisada para o empeno nas curvas circulares ............... 43
Quadro 4.11 - Teste de Chi-quadrado para o empeno nas curvas circulares ...................................... 43
Quadro 4.12 - Testes de hipóteses para o empeno nas curvas circulares .......................................... 43
Quadro 4.13 - Estimação dos parâmetros das variáveis para o empeno nas curvas de transição ..... 44
Quadro 4.14 - Sumário da base de dados analisada para o empeno nas curvas de transição ........... 44
Quadro 4.15 - Teste de Chi-quadrado para o empeno nas curvas de transição .................................. 44
Quadro 4.16 - Testes de hipóteses para o empeno nas curvas de transição ...................................... 44
Quadro 4.17 - Estimação dos parâmetros das variáveis para a bitola nas retas ................................. 45
Quadro 4.18 - Sumário da base de dados analisada para a bitola nas retas ....................................... 45
Quadro 4.22 - Sumário da base de dados analisada para a bitola nas curvas circulares.................... 46
Quadro 4.23 - Teste de Chi-quadrado para a bitola nas curvas circulares .......................................... 46
Quadro 4.24 - Teste de hipóteses para a bitola nas curvas circulares ................................................. 46
Quadro 4.25 - Estimação dos parâmetros das variáveis para a bitola nas curvas de transição .......... 47
Quadro 4.26 - Sumário da base de dados analisada para a bitola nas curvas de transição ............... 47
Quadro 4.27 - Teste de Chi-quadrado para a bitola nas curvas de transição ...................................... 47
Quadro 4.28 - Teste de hipóteses para a bitola nas curvas de transição ............................................ 47
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Modelo Probabilístico para Análise da Qualidade dos Parâmetros Geométricos da Via-férrea
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Modelo Probabilístico para Análise da Qualidade dos Parâmetros Geométricos da Via-férrea
EN – European Standard
ENV – European Pre-Standard
NP – Norma Portuguesa
CP – Comboios de Portugal
REFER – Rede Ferroviária Nacional
Fig. – Figura
AMV – Aparelhos de mudança de vias
AC – Aparelho carrilador
β- Coeficiente de regressão
X- Variável independente
pk – ponto quilométrico
BIT – Bitola
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Modelo Probabilístico para Análise da Qualidade dos Parâmetros Geométricos da Via-férrea
– Valor da escala
R, – Raio da curva
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Modelo Probabilístico para Análise da Qualidade dos Parâmetros Geométricos da Via-férrea
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Modelo Probabilístico para Análise da Qualidade dos Parâmetros Geométricos da Via-férrea
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INTRODUÇÃO
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Modelo Probabilístico para Análise da Qualidade dos Parâmetros Geométricos da Via-férrea
- Capitulo 4 – Aplicação prática do modelo de análise probabilística, será feito um estudo dos
parâmetros geométricos com recurso a uma base de dados real existente com as medições dos
diferentes parâmetros avaliadores da geometria de um troço de via-férrea nacional assim como a
metodologia utilizada para a aplicação do modelo probabilístico;
- capitulo 5 – Conclusões, serão resumidas as conclusões gerais deste trabalho sendo
adicionadas sugestões para trabalhos futuros.
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Modelo Probabilístico para Análise da Qualidade dos Parâmetros Geométricos da Via-férrea
2
Intervenções em vias-férreas
2.1. ENQUADRAMENTO
Neste capítulo começa-se por abordar o conceito de manutenção de vias-férreas, seguindo-se breve
descrição dos elementos que compõem a via, dos parâmetros geométricos utilizados na avaliação da
qualidade da via e meios utlizados nessa avaliação.
Estabelecem-se conceitos, definições, meios e normativa que se afiguram operacionais para refletir
sobre procedimentos de intervenção em vias-férreas.
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Modelo Probabilístico para Análise da Qualidade dos Parâmetros Geométricos da Via-férrea
Devido ao facto de a via balastrada degradar-se facilmente, e de a circulação normal dos veículos ser
grandemente afetada durante as manutenções, e também porque as obras de arte, devido à colocação
de balastro, necessitarem de ser mais espessas e resistentes, levou a que se criasse a necessidade de
desenvolver novas soluções em substituição do balastro.
Surgiram essencialmente dois tipos de vias não-balastradas, as vias com apoio discreto dos carris e as
vias com suporte contínuo dos carris.
Existem diversas opções de apoios discretos, podendo subdividi-los em vias com travessas ou blocos
embebidos ou vias sem travessas. As travessas ou blocos podem ser embebidas em betão ou apoiadas
sobre uma camada de betuminoso (ver anexo 1). As vias sem travessas podem ser executadas in situ
ou, em alternativa, serem constituídas por elementos de betão pré-fabricados colocado depois em obra.
Na execução in situ da via é necessário posicionar placas monolíticas com os sistemas de fixação dos
carris antes de betonar, sendo esta posição inalterada após a cura do betão.
Embora as vias não-balastradas impliquem um grande investimento inicial, o facto da sua manutenção,
ao longo de toda a sua vida útil ser bastante reduzida leva a que estudos recentes refiram que, sendo
feita uma avaliação global dos custos envolvidos, a via não-balastrada é bastante competitiva [2].
Neste trabalho, iremos insidir sobre a via balastrada já que esta é cobre a maior parte dos caminhos de
ferro em Portugal.
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Modelo Probabilístico para Análise da Qualidade dos Parâmetros Geométricos da Via-férrea
2.3.1 CARRIL
O elemento da superestrutura de uma via-férrea que fornece suporte à circulação de veículos,
transmitindo as suas cargas para os restantes elemento da via (travessas e balastro no caso da via
balastrada), e que garante o seu guiamento, é o carril.
Os carris servem, igualmente, para a condução de corrente eléctrica nas linhas electrificadas e, devido
às característiscas da sua superfície, permitem a distribuição gradual das forças de aceleração e
travagem [2].
A secção dos carris foi evoluindo ao longo da sua história. O primeiro carril a ser criado foi o carril de
dupla cabeça, tendo os seus criadores em mente a ideia de reutilização do carril quando a parte
superior já estivesse demasiado desgastada. Esta ideia revelou-se um fracasso, já que não era viável a
fixação dos carris devido ao desgaste sofrido, resultando no gradual abandono da sua utilização. Um
dos carris mais antigos, sendo talvez o com maior utilização ainda nos dias de hoje, é o carril tipo
Vignole (Fig. 2.2).
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Modelo Probabilístico para Análise da Qualidade dos Parâmetros Geométricos da Via-férrea
Num primeiro momento, o aço é inserido num forno e aquecido até fundir-se por completo. Após a
fundição são adicionados os suplementos que irão modificar as características finais do carril, sendo
que habitualmente estas características são a requisito do encomendante em função do fim a que o
carril se destina.
Após esta fase, o aço fundido é vazado em lingotes contínuos que são cortados nos comprimentos
desejados com recurso a maçaricos. O vazamento ocorre sem contacto com oxigénio, para evitar a
oxidação do metal, que poderia resultar em possiveis defeitos. Nesta fase os lingotes têm ainda uma
forma rectangular bruta e um comprimento curto, seguindo-se um processo de reaquecimento. Este
reaquecimento suaviza o aço, permitindo uma melhor trabalhabilidade para efectuar a laminagem. Os
carris são reaquecidos e forçados a passar por cilindros com dimensões cada vez mais reduzidas até
uma última série de cilindros que lhes irá conferir a forma final do carril (Fig. 2.3). Estes serão ainda
marcados permanentemente com informações que identifiquem o carril, nomeadamente com a
aplicação da marca de identificação do fabricante, o ano de fabrico, a qualidade do metal, o tipo de
perfil e ainda o tipo de fabrico.
Seguidamente procede-se ao corte dos carris, ainda quentes, nos comprimentos desejados pelo cliente.
Estes irão repousar até arrefecerem, seguindo-se uma nova passagem por 2 conjuntos de cilindros, um
dos quais irá corrigir deformações verticais, enquanto o outro irá corrigir deformações horizontais;
deste modo, no final deste processo, o carril estará perfeitamente alinhado.
Após a conclusão do carril, este segue para uma zona de inspeção onde são feitos ensaios ultrasónicos,
que visam procurar defeitos internos. Com recurso a um equipamento de laser, é ainda avaliado o seu
alinhamento, sendo também efectuada uma inspeção visual em busca de defeitos visíveis.
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Modelo Probabilístico para Análise da Qualidade dos Parâmetros Geométricos da Via-férrea
2.3.2. TRAVESSAS
Em vias balastradas a transmissão das cargas, transferidas pelos carris para o balastro, é feita através
das travessas. Existem diversas tipologias de travessas: travessas de madeira (Fig. 2.4), de betão,
metálicas e de polímeros. As travessas de maior utilização até ao século XX foram as travessas de
madeira, atualmente têm vindo a ser gradualmente substituídas por travessas de betão pré-esforçado.
Independentemente do material que compõem as travessas, estas têm como principais funções:
- Dar suporte aos carris, encaminhando as cargas por eles transmitidas para o balastro;
- Permitir a fixação dos carris mantendo a bitola e o tombo dos carris (inclinação
transversal do carril);
- Garantir resistência mecânica vertical e horizontal;
- Garantir o isolamento elétrico entre carris;
- Manter uma resistência mecânica adequada ao longo do tempo [2, 6].
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Modelo Probabilístico para Análise da Qualidade dos Parâmetros Geométricos da Via-férrea
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Modelo Probabilístico para Análise da Qualidade dos Parâmetros Geométricos da Via-férrea
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Modelo Probabilístico para Análise da Qualidade dos Parâmetros Geométricos da Via-férrea
Nos primórdios dos caminhos de-ferro eram utilizados sistemas de fixação rígidos, mas devido às suas
características não conseguiam garantir o aperto permanente, pelo que o seu uso foi praticamente
abandonado, subsistindo hoje, em utilização expressiva, apenas em algumas linhas secundárias.
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Modelo Probabilístico para Análise da Qualidade dos Parâmetros Geométricos da Via-férrea
Os sistemas de fixação de maior utilização nos nossos dias são os sistemas elásticos, já que permitem
uma maior elasticidade nos movimentos. Em travessas de betão apenas este tipo de fixação é
permitido, pois os pequenos impactos podem danificar as travessas, embora possam ser, na sua
generalidade, utilizadas igualmente em travessas de madeira.
Atualmente existem diversos tipos de sistemas elásticos: produzem-se sistemas que são fixos através
de aparafusamento podendo, deste modo, ser ajustada a rigidez do sistema. Por outro lado, existem
sistemas que não requerem qualquer tipo de aperto não sendo necessário, por isso, qualquer
manutenção, mas trazendo como inconveniente a impossibilidade de ajustar a sua rigidez, estando
neste caso dependente do cumprimento das tolerâncias durante o seu fabrico.
Existem várias soluções de mercado para sistemas elásticos. Para sistemas elásticos aparafusados
existem os tipos Vossloh (Fig. 2.9), Nabla, RN, entre outros. Para os sistemas elásticos sem aperto
pode-se referir o sistema Pandrol (Fig. 2.10), Lineloc, Hambo, etc. Em todas as opções é normalmente
colocada uma palmilha de material resiliente entre o carril e a travessa, permitindo assim a dissipação
das vibrações transmitidas pelos rodados do comboio.
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Modelo Probabilístico para Análise da Qualidade dos Parâmetros Geométricos da Via-férrea
2.3.4. PALMILHAS
De modo a reduzir a vibração transmitida pelos carris às travessas foram desenvolvidas palmilhas
resilientes. Estas permitem o isolamento elétrico dos carris e uma distribuição correta das cargas,
adaptar-se às irregularidades dos carris e das travessas.
Vários materiais têm sido utilizados como palmilhas, existindo palmilhas de borracha, plástico,
compósito de borracha e cortiça e de neopren. Estas podem ter várias texturas de modo a conferir-lhes
diferentes características dinâmicas
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Modelo Probabilístico para Análise da Qualidade dos Parâmetros Geométricos da Via-férrea
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Modelo Probabilístico para Análise da Qualidade dos Parâmetros Geométricos da Via-férrea
1 – Plano de rolamento
1 – Nivelamento transversal
2 – Plano de rolamento
3 – Plano horizontal de referência
4 – Distância entre eixos dos carris
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Modelo Probabilístico para Análise da Qualidade dos Parâmetros Geométricos da Via-férrea
2.5.4. ALINHAMENTO
O alinhamento (Fig. 2.14) é obtido através de sucessivas medições na direção paralela ao plano de
rolamento da posição do carril em relação a uma linha intermédia de referência, sendo esta medição
efetuada para cada um dos carris em separado.
1 – Plano de rolamento
2 – Linha de referência
3 – Linha central da mesa de
rolamento
2.5.5. EMPENO
O empeno (Fig. 2.15) corresponde à variação do perfil entre duas secções da via, num determinado
comprimento. Este comprimento é denominado de base de medição, tendo esta o valor de 3 m. O
método consiste em supor um plano retangular apoiado com dois extremos em cada um dos carris
sendo o empeno obtido pela diferença entre a cota de um ponto e a cota do ponto mais alto do plano
formado pelos outros três pontos ( ).
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Modelo Probabilístico para Análise da Qualidade dos Parâmetros Geométricos da Via-férrea
Classe VI V IV III II I
Velocidade [Km/h] 40 < V ≤ 80 < V ≤ 120 < V ≤ 160 < V ≤ 230 < V ≤
V ≤ 40
80 120 160 230 300
Mín. Máx. Mín. Máx. Mín. Máx. Mín. Máx. Mín. Máx. Mín. Máx.
Parâmetro [mm]
Bitola N/A N/A -7 + 25 -7 + 25 -6 + 25 -4 + 20 -3 + 20
Bitola média N/A + 25 -6 + 25 -5 + 22 -3 + 16 -3 + 16 -1 + 16
Nivelamento Longitudinal 12 a 12 a 10 a 8a 7a 6a
N/A N/A N/A N/A N/A N/A
D1 18 18 16 15 12 10
Nivelamento Longitudinal 14 a 12 a
N/A N/A N/A N/A N/A N/A N/A N/A N/A N/A
D2 20 18
12 a 12 a 8a 6a 5a 4a
Alinhamento D1 N/A N/A N/A N/A N/A N/A
15 15 11 9 8 7
10 a 8a
Alinhamento D2 N/A N/A N/A N/A N/A N/A N/A N/A N/A N/A
15 13
Empeno (base 3 metros) N/A 12 N/A 12 N/A 12 N/A 12 N/A 12 N/A 9
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Modelo Probabilístico para Análise da Qualidade dos Parâmetros Geométricos da Via-férrea
Classe VI V IV III II I
Velocidade [Km/h] 40 < V ≤ 80 < V ≤ 120 < V ≤ 160 < V ≤ 230 < V ≤
V ≤ 40
80 120 160 230 300
Máx Máx Máx Máx Máx Máx
Mín. Mín. Mín. Mín. Mín. Mín.
Parâmetro [mm] . . . . . .
Bitola N/A N/A -9 + 30 -8 + 30 -8 + 30 -5 + 23 -4 + 23
Bitola média N/A + 28 -7 + 28 -6 + 25 -4 + 18 -4 + 18 -2 + 18
Nivelamento 17 a 17 a 13 a 10 a 9a 8a
N/A N/A N/A N/A N/A N/A
Longitudinal D1 21 21 19 17 14 12
Nivelamento 18 a 16 a
N/A N/A N/A N/A N/A N/A N/A N/A N/A N/A
Longitudinal D2 23 20
15 a 15 a 11 a 8a 7a 6a
Alinhamento D1 N/A N/A N/A N/A N/A N/A
17 17 13 10 9 8
14 a 12 a
Alinhamento D2 N/A N/A N/A N/A N/A N/A N/A N/A N/A N/A
17 14
Empeno (base 3
N/A 15 N/A 15 N/A 15 N/A 15 N/A 15 N/A 12
metros)
Classe VI V IV III II I
Velocidade [Km/h] 40 < V ≤ 80 < V ≤ 120 < V ≤ 160 < V ≤ 230 < V ≤
V ≤ 40
80 120 160 230 300
Máx Máx Máx Máx Máx
Mín. Mín. Mín. Mín. Mín. Mín. Máx.
Parâmetro [mm] . . . . .
Bitola N/A N/A -11 + 35 -11 + 35 -10 + 35 -7 + 28 -5 + 28
Bitola média N/A + 32 -8 + 32 -7 + 27 -5 + 20 -5 + 20 -3 + 20
Nivelamento
N/A 31 N/A 28 N/A 26 N/A 23 N/A 20 N/A 16
Longitudinal D1
Nivelamento
N/A N/A N/A N/A N/A N/A N/A N/A N/A 33 N/A 28
Longitudinal D2
Alinhamento D1 N/A 25 N/A 22 N/A 17 N/A 14 N/A 12 N/A 10
Alinhamento D2 N/A N/A N/A N/A N/A N/A N/A N/A N/A 24 N/A 20
Empeno * * * * * * * * * * * *
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Modelo Probabilístico para Análise da Qualidade dos Parâmetros Geométricos da Via-férrea
* Nota: Para o limite de ação imediata os valores limites para o empeno são função do comprimento
base de medição ( ):
1)
(3.1)
Com um valor máximo de:
7 mm/m para velocidades de projecto
5 mm/m para velocidades de projecto
2)
(3.2)
Com um valor máximo de 6 mm/m e um valor mínimo de 3 mm/m
Em ambos os casos:
- é o comprimento base de medição do empeno, com valores (em m);
- é o valor da escala (em mm);
- é o raio da curva (em m).
Os limites establecidos para o valor da escala são referentes a vias-férreas de bitola normal (1435
mm), para vias com valores superiores de bitola será necessário utilizar valores diferentes destes. [23]
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Modelo Probabilístico para Análise da Qualidade dos Parâmetros Geométricos da Via-férrea
As entidades gestoras de redes ferroviárias recorrem habitualmente a veículos de inspeção de via; estes
permitem uma medição com maior precisão, já que, pelo facto de haver pouca intervenção humana no
processo de medição, ocorrem menos erros.
Atualmente, em Portugal, o veículo utilizado pela REFER para efetuar inspeções e medições na via é a
automotora EM-120 (Fig. 2.17), fabricada pela empresa Plasser & Theurer. Este veículo permite a
medição de todos os parametros geométricos necessários à avaliação do estado da via, com elevada
precisão, e permite fazê-lo a velocidades altas (até 120 km/h). A medição é feita por três eixos
telescópicos, transdutores horizontais e verticais, dois giroscópios e um inclinómetro, sendo toda a
informação recolhida armazenada digitalmente e em papel. Um esquema do sistema de medição está
presente no anexo 1.
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Modelo Probabilístico para Análise da Qualidade dos Parâmetros Geométricos da Via-férrea
2.8.1. ATACADEIRAS
No período anterior ao aparecimento da primeira atacadeira hidráulica, no ano de 1953, todo o
trabalho de geometria da via era executado manualmente.
As atacadeiras atualmente utilizadas não só permitem a consolidação do balastro por debaixo das
travessas, como também permitem a correção do alinhamento, do nivelamento transversal e da cota.
Para tal, os carris são levantados e ripados até à posição desejada, sendo de seguida inseridos, no
balastro, os “pioches”, os quais vibrando vão permitir condensar o balastro por baixo das travessas
(Figura 2.18).
21
Modelo Probabilístico para Análise da Qualidade dos Parâmetros Geométricos da Via-férrea
22
Modelo Probabilístico para Análise da Qualidade dos Parâmetros Geométricos da Via-férrea
2.8.4. ESMERILHADORAS
A circulação de comboios leva, por vezes, ao aparecimento de defeitos nos carris. Alguns desses
defeitos podem, ocasionalmente, ser solucionados com uma simples manutenção, sem ser necessária a
substituição do carril ou do troço de carril. Um exemplo de defeito é o desgaste ondulatório da cabeça
de carril, que se origina na passagem de tráfego e pode ser solucionado através de esmerilhagem numa
fase precoce.
23
Modelo Probabilístico para Análise da Qualidade dos Parâmetros Geométricos da Via-férrea
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Modelo Probabilístico para Análise da Qualidade dos Parâmetros Geométricos da Via-férrea
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Modelo Probabilístico para Análise da Qualidade dos Parâmetros Geométricos da Via-férrea
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MODELO PROBABILISTICO
3.1. INTRODUÇÃO
Com a crise económica mundial o investimento na construção de novas vias-férreas diminuiu,
verificando-se, e.g., a suspensão da construção da rede de alta velocidade em Portugal. Surge assim
um importante papel da gestão eficaz na manutenção dos caminhos de ferro. Uma correta seleção das
intervenções a serem feitas assim como a localização destas permite uma redução dos custos
possibilitando uma melhor afetação da mão-de-obra e dos equipamentos.
A utilização de modelos probabilísticos na análise do risco de ocorrência de determinadas
deformações nas vias, em função das suas características, pode tornar-se uma ferramenta útil.
Os modelos de regressão permitem-nos estabelecer uma relação entre, pelo menos, duas variáveis.
Estabelecendo qual o efeito, da alteração em uma unidade, de uma variável sobre a outra,
possibilitando assim prever, com mais ou menos erro, valores para uma variável conhecendo os
valores da outra.
A análise regressiva é a de maior utilização na área das ciências e engenharias podendo ajudar em
problemas de otimização ou em previsões comportamentais [32].
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Modelo Probabilístico para Análise da Qualidade dos Parâmetros Geométricos da Via-férrea
No modelo de regressão linear é utilizada uma função dos coeficientes estimados, esta é composta por
um conjunto de coeficientes que permitem estabelecer a ligação entre a variável dependente e a
variável independente (ou variáveis independentes), obtendo a sua função a seguinte forma:
(3.1)
βi - Coeficientes de regressão i
xip- Variável independente da função F(x, β)
(3.2 a)
(3.2 b)
Em que,
F x, β x xβ (3.3)
A utilização de coeficientes estimados na regressão linear dá origem à expressão 4.4, a qual enuncia o
modelo de regressão linear.
(3.4)
β- Coeficiente de regressão
X- Variável independente
ε- Erro aleatório da função
Assim, considerando um modelo binário, cujo resultado pode apenas obter o valor 0 ou 1, a função
linear não se adequa à sua resolução e previsão de dados. Sendo esta linear não é possível garantir o
intervalo de previsão de valores 0 e 1. Se a relação entre a variável dependente e a variável
independente é linear uma variação na variável independente irá ter sempre o mesmo efeito na variável
dependente, quer o intervalo de variação seja de 2 para 3 quer seja de 507 para 508, não havendo por
isso limitações na probabilidade. Não obstante, o modelo de regressão linear ao estabelecer uma
relação constante entre as variáveis pode levar a que a aproximação em amostras dispersas poderá ser
bastante grosseira e, como tal, uma má escolha de especificação do modelo [33, 34] (Fig. 3.1).
28
Modelo Probabilístico para Análise da Qualidade dos Parâmetros Geométricos da Via-férrea
1
0.9
0.8
0.7
0.6
0.5
0.4
0.3
0.2
0.1
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40
(3.5 a)
(3.5 b)
A função logística (Fig. 3.2) recorre à exponencial da função dos coeficientes estimados por forma a
cumprir os critérios impostos em 3.5 a e 3.5 b, assim obteve-se a função de probabilidade 3.6.
(3.6)
29
Modelo Probabilístico para Análise da Qualidade dos Parâmetros Geométricos da Via-férrea
(3.7)
Em que,
(3.8) [36]
(3.9)
y 0 se y* ≤ 0
y 1 se 0 < y* ≤ μ1
y 2 se μ1 < y* ≤ μ2
.
.
.
y N se μ n-1 < y* (3.10)
30
Modelo Probabilístico para Análise da Qualidade dos Parâmetros Geométricos da Via-férrea
Para que as probabilidades obtidas tenham valores positivos deverá ser garantido que [37]:
31
Modelo Probabilístico para Análise da Qualidade dos Parâmetros Geométricos da Via-férrea
32
Modelo Probabilístico para Análise da Qualidade dos Parâmetros Geométricos da Via-férrea
4
APLICAÇÃO PRÁTICA DO MODELO DE ANÁLISE
PROBABILÍSTICA
4.1. INTRODUÇÃO
Neste capítulo será feita uma descrição da aplicação da metodologia de análise probabilística a uma
base de dados real existente assim como os ajustes necessários e adaptação do modelo à base dados. O
objetivo será no final do estudo tentar obter algumas conclusões quanto à evolução dos parâmetros
geométricos nos elementos que compõem o traçado da via-férrea.
33
Modelo Probabilístico para Análise da Qualidade dos Parâmetros Geométricos da Via-férrea
34
Modelo Probabilístico para Análise da Qualidade dos Parâmetros Geométricos da Via-férrea
nesse mesmo gráfico o limite de alerta para o empeno imposto pelas normas. Na figura 4.2 o gráfico
traçado é referente à bitola para esse mesmo elemento nesses anos.
14.00
12.00
10.00
8.00
6.00
4.00
Empeno (mm)
2.00
0.00
-2.000.000 0.200 0.400 0.600 0.800 1.000 Ano 2
Posição relativa
-4.00
Ano 5
-6.00
-8.00
Ano 7
-10.00
-12.00
Emp. Lim.
-14.00 Alerta
30.00
25.00
20.00
15.00
Bitola (mm)
10.00
Ano 2
5.00
Ano 5
0.00
Ano 7
0.000 0.200 0.400 0.600 0.800 1.000
-5.00 Posição relativa
Bit. Lim.
-10.00 Alerta
35
Modelo Probabilístico para Análise da Qualidade dos Parâmetros Geométricos da Via-férrea
10.00
8.00
6.00
4.00
Empeno (mm)
2.00
C. Transição 1
0.00 Saída
0.000 0.200 0.400 0.600 0.800 1.000
-2.00 Posição relativa C. Transição 2
Entrada
-4.00
-6.00
25.00
20.00
15.00
Bitola (mm)
10.00
C.Transição 1
5.00 Saída
C.Transição 2
0.00 entrada
0.000 0.200 0.400 0.600 0.800 1.000
Posição relativa
-5.00
Por análise dos gráficos do empeno e da bitola para uma curva de transição é notável uma tendência
para a ocorrência das mesmas variações num mesmo elemento. Comparando duas curvas de transição
diferentes, com diferentes comprimentos, tratando-se de uma curva de transição de entrada e uma
36
Modelo Probabilístico para Análise da Qualidade dos Parâmetros Geométricos da Via-férrea
curva de transição de saída, é igualmente observável uma tendência tanto para o empeno como para a
bitola.
Mínimo Máximo
Curva de Empeno -3.5 3.5
Transição Bitola -2 10
Curva Empeno -2 2
Circular Bitola -2 10
Empeno -2 2
Retas
Bitola -2 10
Tal como anteriormente referido a opção de não recorrer aos valores impostos pelas normas provém
do facto de, tratando-se esta da principal linha de caminho de ferro em Portugal unindo os dois
maiores polos populacionais do País, sofre recorrentemente manutenções de modo a garantir a sua
operabilidade.
A grande manutenção a que a linha está sujeita levaria à existência de valores quase exclusivamente na
primeira categoria (categoria 0), e como tal não seria possível retirar conclusões.
A escolha do valor superior, em comparação com os restantes elementos, mínimo e máximo do
empeno para as curvas de transição advém do facto de este elemento servir igualmente para disfarce
da escala e como tal supõem-se sujeita a maiores empenos.
Por simplificação os parâmetros geométricos analisados para todos os elementos foram apenas o
empeno e a bitola. Quanto às variáveis a considerar foram tidas em conta as seguintes:
37
Modelo Probabilístico para Análise da Qualidade dos Parâmetros Geométricos da Via-férrea
38
Modelo Probabilístico para Análise da Qualidade dos Parâmetros Geométricos da Via-férrea
Não havendo registo das intervenções efetuadas, quer relativamente à data quer relativamente ao tipo
de intervenção, na via tomou-se a seguinte consideração: para situações em que a média do valor da
bitola e do empeno, para um mesmo elemento, em anos consecutivos, variasse, diminuindo a bitola e
diminuindo o módulo do empeno, foi considerado que havia a ocorrência de intervenção na via. A
contagem do tempo após intervenção inicia no primeiro ano partindo-se do princípio que houve
intervenção no ano anterior já que não existe qualquer registo de esta não ter ocorrido, voltando a
iniciar cada vez que ocorre uma intervenção no elemento.
Por fim, as variáveis consideradas para cada elemento estão expressas no quadro 4.4.
39
Modelo Probabilístico para Análise da Qualidade dos Parâmetros Geométricos da Via-férrea
As variáveis independentes escolhidas para os testes finais foram obtidas através de sucessivas
iterações onde foram ensaiadas diversas combinações de variáveis. Por vezes, sucedia que numa
conjunção de variáveis existia uma variável que não apresentava significado estatístico relevante
(significância estatística elevada) tal como pode ser observado no quadro 1 presente no anexo 2. Este
problema podia ser solucionado removendo uma outra variável, levando a que esta tivesse um
significado estatístico maior. Para a combinação final de variáveis considerou-se aquelas com maior
significado estatístico sendo esta combinação resultado de sucessivas iterações de combinações de
variáveis independentes.
O modelo probabilístico utilizado para aplicação desta metodologia foi o modelo Probit, pois tratava-
se da existência de apenas duas categorias para as variáveis dependentes (0 e 1). A utilização do
modelo Probit em detrimento do modelo Logit ocorre por mero acaso, não afetando significativamente
os resultado já que a aproximação de resultados entre estes dois modelo é grande [34].
Quadro 4.5 - Estimação dos parâmetros das variáveis para o empeno nas retas
95% Intervalo de
Std. Confiança
Estimate Wald df Sig.
Error Limite Limite
Inferior Superior
Threshold [EMP = 0] ,435 ,109 15,999 1 ,000 ,222 ,648
Location X -,986 ,086 131,590 1 ,000 -1,155 -,818
X2 1,263 ,083 228,805 1 ,000 1,099 1,426
TAI ,010 ,003 10,613 1 ,001 ,004 ,016
40
Modelo Probabilístico para Análise da Qualidade dos Parâmetros Geométricos da Via-férrea
V – Velocidade de projeto;
L’ – Comprimento do elemento dividido por 100;
P’ – Número de veículos de passageiros dividido por 1000;
M’ – Número de veículos de mercadorias dividido por 1000;
X, X2, X3 – Posição relativa do ponto em análise, simples, ao quadrado e ao cubo, respetivamente;
TAI – Tempo após intervenção;
AMV – Existência de aparelhos de mudança de via (0 não existe, 1 existe);
Pontes – Existência de pontes (0 não existe, 1 existe);
df – Graus de liberdade;
Sig. – Significância.
Quadro 4.6 - Sumário da base de dados analisada para o empeno nas retas
Percentagem
N
Marginal
EMP 0 37311 74,5%
1 12787 25,5%
Valid 50098 100,0%
Missing 0
Total 50098
Chi-Square df Sig.
Pseudo R2
Cox and Snell ,051
Nagelkerke ,075
McFadden ,046
41
Modelo Probabilístico para Análise da Qualidade dos Parâmetros Geométricos da Via-férrea
Os valores obtidos para o pseudo R quadrado (quadro 4.8) são reduzidos, tal poderá ser explicável
pelo número elevado de zeros totalizando estes 74,5 % de toda a amostra (quadro 4.6). Tal como
anteriormente referido, tratando-se esta da linha de maior importância em Portugal, é uma linha
bastante controlada e como tal é compreensível que grande parte destes valores não excedam os
limites considerados, embora se tenha utilizado valores mais limitativos. Este facto não inviabiliza a
utilização dos valores obtidos para as variáveis independentes já que estas apresentam um significado
estatístico considerável, tal pode é indicar que existem outras variáveis relevantes que deveriam ser
consideradas.
Tal como seria esperado a velocidade tem um efeito negativo para o empeno da via enquanto que o
aumento de tráfego leva a uma maior variação desta. O efeito negativo para o empeno na presença de
pontes pode ser explicado pelo facto de estas garantirem maior estabilidade, já a presença de aparelhos
de mudança de via tem uma influência positiva ou seja leva a um aumento da probabilidade de
empeno da via.
Nos quadros seguintes (4.9, 4.10, 4.11e 4.12) estão dispostos os resultados obtidos na análise dos
dados das curvas circulares através da aplicação do mesmo método aplicado às retas.
Quadro 4.9 - Estimação dos parâmetros das variáveis para o empeno nas curvas circulares
95% Intervalo de
Std. Confiança
Estimate Wald df Sig.
Error Limite Limite
Inferior Superior
Threshold [EMP = 0] 2,978 ,372 63,976 1 ,000 2,248 3,707
Location V -,005 ,001 71,191 1 ,000 -,006 -,004
L' -,115 ,012 90,742 1 ,000 -,139 -,091
R' -,004 ,001 9,709 1 ,002 -,006 -,001
M' ,224 ,037 35,764 1 ,000 ,150 ,297
P' ,080 ,006 195,407 1 ,000 ,069 ,092
AMD ,270 ,062 18,798 1 ,000 ,148 ,392
Pontes ,188 ,095 3,920 1 ,048 ,002 ,373
TAI ,038 ,006 34,529 1 ,000 ,025 ,051
X 1,994 ,563 12,541 1 ,000 ,890 3,097
X2 3,294 ,944 12,168 1 ,000 1,443 5,145
X3 -2,308 ,622 13,762 1 ,000 -3,528 -1,089
V – Velocidade de projeto;
L’ – Comprimento do elemento dividido por 100;
R’ – Raio do elemento dividido por 100;
P’ – Número de veículos de passageiros dividido por 1000;
M’ – Número de veículos de mercadorias dividido por 1000;
X, X2, X3 – Posição relativa do ponto em análise, simples, ao quadrado e ao cubo, respetivamente;
TAI – Tempo após intervenção;
42
Modelo Probabilístico para Análise da Qualidade dos Parâmetros Geométricos da Via-férrea
Quadro 4.10 - Sumário da base de dados analisada para o empeno nas curvas circulares
Percentagem
N
Marginal
EMP 0 9299 71,2%
1 3761 28,8%
Valid 13060 100,0%
Missing 0
Total 13060
Pseudo
R2
Cox and
,049
Snell
Nagelkerke ,070
McFadden ,042
Tal como seria de prever o raio tem um efeito negativo no empeno levando a menor probabilidade de
deformações quando este é aumentado. O comprimento do elemento também tem um efeito negativo
sobre o empeno da via e tal como o observado para os elementos retos a velocidade tem um efeito
negativo sobre o empeno (menores deformações).
Contrariamente aos resultados obtidos para as retas a presença de pontes revelou ter um efeito positivo
nas curvas circulares, ou seja, levando a maiores deformações. Já os aparelhos de mudança de via, o
tempo após a última intervenção na via e o tráfego de veículos de mercadorias e de passageiros têm
efeito positivo no empeno tal como seria de esperar e como se verificou para as retas.
Análise semelhante foi feita igualmente para as curvas de transição obtendo-se os seguintes resultado
(Quadro 4.13, 4.14, 4.15, e 4.16):
43
Modelo Probabilístico para Análise da Qualidade dos Parâmetros Geométricos da Via-férrea
Quadro 4.13 - Estimação dos parâmetros das variáveis para o empeno nas curvas de transição
95% Intervalo de
Std. Confiança
Estimate Wald df Sig.
Error Limite Limite
Inferior Superior
Threshold [EMP = 0] ,820 ,170 23,219 1 ,000 ,486 1,153
Location Tipo -,122 ,020 37,799 1 ,000 -,160 -,083
AMV -,150 ,071 4,475 1 ,034 -,290 -,011
M’ ,207 ,020 104,890 1 ,000 ,167 ,246
P’ -,033 ,005 48,936 1 ,000 -,043 -,024
V ,002 ,000 14,985 1 ,000 ,001 ,002
TAI -,007 ,006 1,291 1 ,256 -,019 ,005
L' ,621 ,062 101,303 1 ,000 ,500 ,742
X ,165 ,033 25,449 1 ,000 ,101 ,229
X2 -3,420 ,128 717,800 1 ,000 -3,670 -3,169
Quadro 4.14 - Sumário da base de dados analisada para o empeno nas curvas de transição
Percentagem
N
Marginal
EMP 0 6921 38,4%
1 11102 61,6%
Valid 18023 100,0%
Missing 0
Total 18023
Chi-Square df Sig.
Pearson 13567,666 12771 ,000
Deviance 17280,734 12771 ,000
Pseudo R2
Cox and Snell ,065
Nagelkerke ,088
McFadden ,050
Na análise das curvas de transição, contrariamente ao obtido anteriormente para as retas e curvas
circulares, e também em relação ao espectável os aparelhos de mudança de via, o tempo após
intervenção e o trafego de passageiros têm um efeito negativo (redutor do empeno). Já o comprimento
do elemento nas curvas de transição contribuem para o aumento da probabilidade de deformação,
situação que não se verificava nas curvas circulares já que nestas o seu efeito era negativo.
44
Modelo Probabilístico para Análise da Qualidade dos Parâmetros Geométricos da Via-férrea
4.6.2. BITOLA
Nos quadros seguintes (Quadro 4.17, 4.18, 4.19 e 4.20) estão presentes os resultados obtidos por
aplicação do modelo probit à bitola das retas.
Quadro 4.17 - Estimação dos parâmetros das variáveis para a bitola nas retas
95% Intervalo de
Std. Confiança
Estimate Wald df Sig.
Error Limite Limite
Inferior Superior
Threshold [BIT = 0] 2,463 ,105 555,142 1 ,000 2,258 2,668
Location TAI ,094 ,003 964,349 1 ,000 ,088 ,100
V -,009 ,000 1385,248 1 ,000 -,009 -,008
M' ,426 ,012 1180,575 1 ,000 ,401 ,450
P' ,054 ,002 733,586 1 ,000 ,050 ,058
AMD -,925 ,036 655,558 1 ,000 -,995 -,854
Pontes -,704 ,051 192,273 1 ,000 -,804 -,605
Quadro 4.18 - Sumário da base de dados analisada para a bitola nas retas
Percentagem
N
Marginal
0 30328 60,5%
BIT
1 19770 39,5%
Valid 50098 100,0%
Missing 0
Total 50098
Chi-Square df Sig.
Pearson 5216,905 115 ,000
Deviance 5457,695 115 ,000
Pseudo R2
Cox and Snell ,112
Nagelkerke ,152
McFadden ,089
A bitola nos elementos retos é afetada por poucos parâmetros, verificando-se que apenas os fatores
inerentes à geometria do elemento não revelaram qualquer significância estatística. A existência de
aparelhos de mudança de vias e de pontes demonstrou um efeito negativo (menores deformações)
assim como o aumento da velocidade.
45
Modelo Probabilístico para Análise da Qualidade dos Parâmetros Geométricos da Via-férrea
Quadro 4.21 - Estimação dos parâmetros das variáveis para a bitola nas curvas circulares
95% Intervalo de
Std. Confiança
Estimate Wald df Sig.
Error Limite Limite
Inferior Superior
Threshold [BIT = 0] -12,330 ,397 966,804 1 ,000 -13,108 -11,553
Location V -,031 ,001 796,586 1 ,000 -,033 -,029
L' ,071 ,013 30,044 1 ,000 ,046 ,097
R' -,050 ,002 914,342 1 ,000 -,054 -,047
M' -,784 ,045 298,329 1 ,000 -,872 -,695
P' -,196 ,007 813,346 1 ,000 -,209 -,182
AMD -1,031 ,077 177,386 1 ,000 -1,183 -,879
Pontes -,132 ,094 1,961 1 ,161 -,317 ,053
TAI -,097 ,007 204,358 1 ,000 -,110 -,084
X2 -3,782 ,187 408,628 1 ,000 -4,149 -3,415
X3 ,859 ,049 308,966 1 ,000 ,763 ,955
Quadro 4.22 - Sumário da base de dados analisada para a bitola nas curvas circulares
Percentagem
N
Marginal
BIT 0 7134 54,6%
1 5926 45,4%
Valid 13060 100,0%
Missing 0
Total 13060
Pseudo R2
Cox and Snell ,268
Nagelkerke ,359
McFadden ,227
Para as curvas circulares verificou-se que a circulação de veículos de passageiros e de mercadorias tem
uma influência negativa (levando a menores deformações) contrariamente ao que seria de esperar. De
igual modo o tempo após manutenção tem uma influência negativa levando a menor probabilidade de
deformação, algo igualmente inesperado. O raio tem uma influência negativa, contribuindo para a
46
Modelo Probabilístico para Análise da Qualidade dos Parâmetros Geométricos da Via-férrea
Quadro 4.25 - Estimação dos parâmetros das variáveis para a bitola nas curvas de transição
95% Intervalo de
Std. Confiança
Estimate Wald df Sig.
Error Limite Limite
Inferior Superior
Threshold [BIT = 0] -1,209 ,273 19,568 1 ,000 -1,745 -,674
Location Tipo -,481 ,023 420,975 1 ,000 -,527 -,435
AMV ,237 ,083 8,237 1 ,004 ,075 ,399
M’ -,386 ,027 211,747 1 ,000 -,438 -,334
P’ ,094 ,006 281,792 1 ,000 ,083 ,105
V -,020 ,001 1034,800 1 ,000 -,021 -,019
TAI -,086 ,008 131,825 1 ,000 -,101 -,072
L' ,089 ,071 1,540 1 ,215 -,051 ,229
X 2,911 ,528 30,458 1 ,000 1,877 3,945
X2 7,132 ,889 64,414 1 ,000 5,391 8,874
X3 -2,560 ,579 19,541 1 ,000 -3,695 -1,425
Quadro 4.26 - Sumário da base de dados analisada para a bitola nas curvas de transição
Percentagem
N
Marginal
BIT 0 13380 74,2%
1 4643 25,8%
Valid 18023 100,0%
Missing 0
Total 18023
Chi-Square df Sig.
Pearson 12764,562 12770 ,512
Deviance 12482,202 12770 ,965
Pseudo R2
Cox and Snell ,237
Nagelkerke ,348
McFadden ,237
Nas curvas de transição verificou-se que os aparelhos de mudança de via tinham uma influência
positiva levando a um aumento das variações, enquanto que o tipo (de entrada ou saída) de curva de
47
Modelo Probabilístico para Análise da Qualidade dos Parâmetros Geométricos da Via-férrea
transição, o tempo após manutenção e os veículos de mercadorias têm uma influência negativa
levando o seu aumento a uma redução de probabilidade de deformação ao nível da bitola. Tal como
para as curvas circulares o comprimento do elemento tem um efeito positivo influenciando um
aumento da deformação da bitola. Embora este tenha apresentado um valor com significância
estatística relativamente baixo (com valores no teste t-student acima dos 10% de probabilidade), este
foi considerado nas análises que se seguem atendendo à importância da variável.
2 3
4.6.3. ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DOS PARÂMETROS X, X , X , M, P E V NOS PARÂMETROS GEOMÉTRICOS DA VIA
Através das equações obtida é possível traçar gráficos que permitem analisar a evolução da
probabilidade da necessidade de manutenção, P(Y=1), em função de qualquer uma das variáveis.
As expressões obtidas para o empeno e para a bitola em retas foram as seguintes:
(4.1)
(4.2)
Considere-se o cenário em que o valor de x igual a 0,5, um tempo após manutenção (TAI) de um ano,
uma velocidade de circulação de 100 km/h, a não existência de aparelhos de mudança de via nem de
pontes. Considere-se também o tráfego de mercadorias de 4000 veículos por ano e o de passageiros
variando e ainda um segundo cenário em que o tráfego de passageiros de 10000 veículos por ano com
o tráfego de mercadorias variando. Substituindo “x β” da equação 3.8 pela equação 4.1 para análise do
empeno e a equação 4.2 para a análise da bitola, obtém-se os seguintes gráficos.
Empeno
1
0.9
0.8
0.7
P( Emp = 1
0.6
0.5
0.4
0.3
0.2
0.1
0
0 10000 20000 30000 40000 50000
Veiculos de Mercadorias
Fig. 4.5 - Variação da probabilidade em função do número de veículos de mercadorias para o empeno nas retas
48
Modelo Probabilístico para Análise da Qualidade dos Parâmetros Geométricos da Via-férrea
Empeno
1
0.9
0.8
0.7
P( Emp = 1)
0.6
0.5
0.4
0.3
0.2
0.1
0
0 10000 20000 30000 40000 50000
Veículos de Passageiros
Fig. 4.6 - Variação da probabilidade em função do número de veículos de passageiros para o empeno nas retas
Por análise das figuras 4.5 e 4.6 é notório que o aumento da circulação de veículos de mercadorias tem
uma maior influência no empeno da via, tal como seria de esperar.
Bitola
1
0.9
0.8
0.7
P( Bit = 1)
0.6
0.5
0.4
0.3
0.2
0.1
0
0 10000 20000 30000 40000 50000
Veículos de Mercadorias
Fig. 4.7 - Variação da probabilidade em função do tráfego de mercadorias para a bitola nas retas
49
Modelo Probabilístico para Análise da Qualidade dos Parâmetros Geométricos da Via-férrea
Bitola
1
0.9
0.8
P( Bit = 1)
0.7
0.6
0.5
0.4
0.3
0.2
0.1
0
0 10000 20000 30000 40000 50000
Veículos de Passageiros
Fig. 4.8 - Variação da probabilidade em função do tráfego de passageiros para a bitola nas retas
Pela análise da figura 4.7 é possível observar uma variação abrupta da probabilidade de exceder o
limite considerado para a bitola, como tal é possível afirmar que tráfego de mercadorias tem uma forte
influência na variação da bitola em alinhamentos retos. Os valores de tráfego utilizados são apenas
demonstrativos, para o caso dos veículos de mercadorias o intervalo utilizado deveria ser
significativamente mais pequeno, em torno dos valores com os quais o modelo foi construído,
podendo o gráfico não ser representativo da realidade para valores elevados de tráfego. De modo a
poder ser feita uma mais fácil leitura e comparação entre os dois modelos optou-se por aumentar a
amplitude do intervalo.
Fez-se igualmente uma análise da evolução da probabilidade de serem excedidos os limites adotados
em função da velocidade de circulação. (Fig. 4.9 e Fig. 4.10).
50
Modelo Probabilístico para Análise da Qualidade dos Parâmetros Geométricos da Via-férrea
Empeno
1
0.9
0.8
P (Emp = 1)
0.7
0.6
0.5
0.4
0.3
0.2
0.1
0
0 50 100 150 200 250
Velocidade de Circulação
Fig. 4.9- Variação da probabilidade em função da velocidade de circulação para o empeno nas retas
Bitola
1
0.9
0.8
P (Bit = 1)
0.7
0.6
0.5
0.4
0.3
0.2
0.1
0
0 50 100 150 200 250
Velocidade de Circulação
Fig. 4.10 - Variação da probabilidade em função da velocidade de circulação para a bitola nas retas
Observando as figuras 4.9 e 4.10 é possível verificar que tanto para o empeno como para a bitola a
probabilidade de serem excedidos os limites considerados diminui com o aumento da velocidade de
circulação. Tal facto seria de esperar, já que uma redução da velocidade implica um aumento do tempo
de aplicação da carga sobre a via que está habitualmente relacionado com uma redução da rigidez da
estrutura de suporte o que leva a maiores deformações na via.
51
Modelo Probabilístico para Análise da Qualidade dos Parâmetros Geométricos da Via-férrea
– (4.3)
(4.4)
Através dos resultados obtidos para as curvas circulares é possível fazer uma análise análoga à
efetuada para as retas. Considerando o mesmo cenário anteriormente descrito para as retas supondo
ainda que se trata de uma curva circular com raios adotando os valores de 100, 1000 e 10000 m. é
possível assim analisar a influência da velocidade no aumento da probabilidade de serem excedidos os
limites considerados analisando em simultâneo a influência do raio nessas mesmas probabilidades.
Empeno
1
0.9
0.8
0.7
P (Emp =1)
0.6
0.5 R = 100
0.4 R = 1000
0.3 R = 10000
0.2
0.1
0
80 105 130 155 180 205 230
V (km/h)
Fig. 4.11 – Variação da probabilidade de ser excedido o limite do empeno nas curvas circulares em função da
velocidade de circulação e do raio da curva
52
Modelo Probabilístico para Análise da Qualidade dos Parâmetros Geométricos da Via-férrea
Bitola
1
0.9
0.8
0.7
0.6
P (Bit =1)
0.5 R = 100
0.4 R = 1000
0.3 R = 10000
0.2
0.1
0
80 105 130 155 180 205 230
V (km/h)
Fig. 4.12 - Variação da probabilidade de ser excedido o limite da bitola nas curvas circulares em função da
velocidade de circulação e do raio da curva
Pela análise da figura 4.11 é possível constatar que o raio tem pouca influência no empeno da curva
circular embora a probabilidade de ser excedido o limite considerado para este diminua com o
aumento do raio. A influência que a velocidade tem sobre o empeno é reduzida, verificando facilmente
pela variação que as linhas têm conforme se aumenta a velocidade.
Já em relação à variação da bitola o mesmo não se pode constatar, o raio tem uma grande influência na
probabilidade de serem excedidos os limites, assim como a velocidade influência a probabilidade o
que é passível de ser observado pela elevada inclinação que a curva adota.
Por aplicação do modelo Probit as equações obtidas para as curvas de transição foram as seguintes
(4.5)
(4.6)
Considerando os mesmos valores anteriormente utilizados nos restantes elementos geométricos para as
diferentes variáveis à exceção da posição relativa e do comprimento do elemento em que foi
considerado como variando obteve-se os seguintes gráficos:
53
Modelo Probabilístico para Análise da Qualidade dos Parâmetros Geométricos da Via-férrea
Empeno
1
0.9
0.8
0.7
P (Emp =1)
0.6
0.5 L = 20
0.4 L = 100
0.3 L = 200
0.2
0.1
0
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1
Posição relativa x
Fig. 4.13 - Variação da probabilidade de ser excedido o limite do empeno nas curvas de transição em função da
posição relativa e do comprimento do elemento
Bitola
1
0.9
0.8
0.7
0.6
P (Bit=1)
0.5 L = 20
0.4 L = 100
0.3 L = 200
0.2
0.1
0
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1
Posição relativa x
Fig. 4.14 - Variação da probabilidade de ser excedido o limite da bitola nas curvas de transição em função da
posição relativa e do comprimento do elemento
Pela análise das figuras 4.13 e 4.14 observa-se que tanto as deformações da bitola como as do empeno
não acorrem linearmente ao longo das curvas de transição. O que se observa é um pico de empeno a
meio da curva de transição enquanto que para a bitola verificam-se picos de deformação nas
extremidades do elemento geométrico.
As curvas de transição utilizadas na rede de caminhos de ferro Portugueses são as clotóides, estas,
devido às suas características, provocam picos de aceleração lateral não-compensada à entrada e saída
54
Modelo Probabilístico para Análise da Qualidade dos Parâmetros Geométricos da Via-férrea
da curva. A existência dessa aceleração não-compensada poderá ser uma explicação possível para a
existência de picos de probabilidade de deformação da bitola nas extremidades das curvas de
transição.
O empeno da via sofre influência do comprimento do elemento verificando-se um aumento da
probabilidade de deformação com o aumento do comprimento da curva de transição. Já relativamente
à bitola a influência do comprimento do elemento é reduzida não existindo oscilações significativas da
probabilidade de serem excedidos os valores limite considerados para a bitola. Tal facto pode ser
explicado pela existência de um valor considerável de significância o que leva a crer que para a bitola
nas curvas de transição o comprimento do elemento poderia não ter sido considerado.
55
Modelo Probabilístico para Análise da Qualidade dos Parâmetros Geométricos da Via-férrea
56
Modelo Probabilístico para Análise da Qualidade dos Parâmetros Geométricos da Via-férrea
5
CONCLUSÕES
57
Modelo Probabilístico para Análise da Qualidade dos Parâmetros Geométricos da Via-férrea
- O estudo estatístico de deformações de vias-férreas pode ser uma ferramenta útil como
forma de localizar zonas de maior suscetibilidade a determinadas deformações, embora necessite para
poder ser aplicado de um histórico de deformações da linha que se pretenda estudar.
58
Modelo Probabilístico para Análise da Qualidade dos Parâmetros Geométricos da Via-férrea
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60
Modelo Probabilístico para Análise da Qualidade dos Parâmetros Geométricos da Via-férrea
ANEXOS
61
Modelo Probabilístico para Análise da Qualidade dos Parâmetros Geométricos da Via-férrea
ANEXO 1
62
Modelo Probabilístico para Análise da Qualidade dos Parâmetros Geométricos da Via-férrea
63
Modelo Probabilístico para Análise da Qualidade dos Parâmetros Geométricos da Via-férrea
64
Modelo Probabilístico para Análise da Qualidade dos Parâmetros Geométricos da Via-férrea
65
Modelo Probabilístico para Análise da Qualidade dos Parâmetros Geométricos da Via-férrea
ANEXO 2
Quadro A29 - Estimação dos parâmetros do modelo para o empeno nas retas
95% Intervalo de
Std. Confiança
Estimate Wald df Sig.
Error Limite Limite
Superior Inferior
Threshold [EMP = 0] ,439 ,109 16,278 1 ,000 ,226 ,652
Location X -,987 ,086 131,710 1 ,000 -1,155 -,818
X2 1,264 ,083 229,079 1 ,000 1,100 1,427
TAI ,010 ,003 10,550 1 ,001 ,004 ,016
V -,008 ,000 1073,327 1 ,000 -,008 -,007
L’ -,001 ,001 ,610 1 ,435 -,003 ,001
M’ ,055 ,013 17,678 1 ,000 ,029 ,080
P’ ,033 ,002 263,779 1 ,000 ,029 ,037
AMV ,181 ,032 32,843 1 ,000 ,119 ,242
Pontes -,432 ,052 68,342 1 ,000 -,535 -,330
Quadro A30 - Sumário da base de dados analisada para o empeno nas retas
Marginal
N
Percentage
EMP 0 37311 74,5%
1 12787 25,5%
Valid 50098 100,0%
Missing 0
Total 50098
Chi-Square df Sig.
Pseudo R2
Cox and
,051
Snell
Nagelkerke ,075
McFadden ,046
66