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CONVULSÃO FEBRIL – CF

DEFINIÇÃO

A CF ocorre na infância, geralmente entre os 3 meses e 5 anos de idade, associada à febre, na


ausência de infecção intracraniana ou de outra causa neurológica definida, excluindo-se as
crianças que tenham tido previamente convulsões afebris. A CF possui fase tônico-clônica
rápida (convulsão com perda de consciência e contrações musculares violentas), seguida de
hipotonia (pode demorar mais de 60 min – importante avaliação neurológica).
*Sem presença de doenças neurológica de base.

TIPOS

-Simples: < 15 min de duração, sem características focais (sintoma envolvendo pares de NCs).
-Complexa: > 15 min de duração, com ou sem pausas, com características focais.

COMPLICAÇÕES

Recorrência e desenvolvimento de epilepsia.

FISIOPATOLOGIA

-Alta susceptibilidade da criança a infecções.


-Propensão a ter febre (córtex cerebral em desenvolvimento).
-Componente genético.
-Reação imune a vacinas.

INCIDÊNCIA

-4% das crianças até 6 anos tem CF.


-80% das CF são do tipo simples.
-1ª CF ocorre entre o 18º e 22º mês de vida.

RECORRÊNCIA

-1/3 dos pacientes terão a 2ª CF, e apenas 9% a terceira ou mais.

FATORES DE RISCO

-Idade na 1ª CF: se < 15 meses, então maior risco de recorrência.


-Histórico Familiar (HF): se positivo para parente de 1º grau, então maior risco de recorrência.
-Duração da 1ª CF: se febre durou < 1h, então maior risco de recorrência.
*Quanto mais fatores de risco, maior chance de recorrência, se tiver os 3 fatores = 100%
chance.

DESENVOLVIMENTO DE EPILEPSIA

Composto por 3 fatores: HF de epilepsia, ocorrência de CF complexa e alterações


neurológicas.

-1 fator presente: 2% de chance.


-2 fatores presentes: 17% de chance.
-3 fatores presentes: 50% de chance.
AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA

-Anamnese: descartar outras crises epilépticas de origem neurológica, traumáticas (choque),


metabólicas, intoxicação, por distúrbios hidroeletrolíticos (desidratação).
-Exame físico: procurar por focos infecciosos, que podem ter originado a febre.
-Exame neurológico: há par de NCs afetado? Se sim, então tem característica focal. Fazer
neuroimagem.

EXAMES COMPLEMENTARES

-HMG completo (leucocitose: infecção);


-Dosagem eletrólitos (desidratação? Outra causa?);
-Função renal, função hepática e urinálise (intoxicação?).
-LCR: se criança < 1 ano de idade, ou está tratando, ou tratou recentemente com AB, então
faz. Senão, fazer apenas se houver sinais de infecção do SNC (letargia, irritação meníngea,
fontanela abaulada, vômitos incoercíveis).
-EEC: não faz na 1ª CF simples se criança for neurologicamente saudável. Faz se houver
suspeita de doença cerebral subjacente, atraso no desenvolvimento psicomotor, ou presença
de déficit neurológico.
-Neuroimagem: feito apenas no caso de exame neurológico alterado.

PROGNÓSTICO

-É em geral bom! Não há comprometimento do desenvolvimento psicomotor, nem déficits


cognitivos (só se a criança tiver problemas neurológicos prévios), a mortalidade é baixa.

TRATAMENTO

Na crise:
-Abertura das vias aéreas e oxigenoterapia;
-Antitérmicos e AB (se houver infecção);
-Anticonvulsivantes: diazepam I.V., se persistir usar fenobarbital;
-Manter tratamento sintomático após crise.

Profilático: se houver 1 ou mais fatores de risco presentes para recorrência.


-Intermitente: benzodiazepínicos, usar ao sinal de febre, 2x/dia, e interromper
24hrs após último pico febril.
-Contínuo: usado na ineficácia do tratamento intermitente, é indicado
fenobarbital, mantendo por 1 ano, em crianças > 2 anos de idade pode usar
valproato.

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