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Breve Análise
1. Acção dramática
Frei Luís de Sousa contém o drama que se abate sobre a família de Manuel de
Sousa Coutinho e D. Madalena de Vilhena. As apreensões e pressentimentos de
Madalena de que a paz e a felicidade familiar possam estar em perigo tornam-se
gradualmente numa realidade. O incêndio no final do Acto I permite uma mutação
dos acontecimentos e precipita a tensão dramática. E no palácio que fora de D.
João de Portugal, a acção atinge o seu clímax, quer pelas recordações de
imagens e de vivências, quer pela possibilidade que dá ao Romeiro de reconhecer
a sua antiga casa e de se identificar a Frei Jorge.
3. Tempo
"A que se apega esta vossa credulidade de sete… e hoje mais catorze… vinte e
un anos?", pergunta D. Madalena a Telmo (Acto I, cena 11).
"Faz hoje anos que… que casei a primeira vez, faz anos que se perdeu el-rei D.
Sebastião, e faz anos também que… vi pela primeira vez a Manuel de Sousa",
afirma D. Madalena (Il. cena X).
"Morei lá vinte anos cumpridos" (…) "faz hoje um ano… quando me libertaram",
diz o Romeiro (Il. cena XIV).
Maria de Noronha tem 13 anos, é uma menina bela, mas frágil, com tuberculose,
e acredita com fervor que D. Sebastião regressará. Tem uma grande curiosidade e
espírito idealista. Ao pressentir a hipótese de ser filha ilegítima sofre moralmente.
Será ela a vítima sacrificada no drama.
5. Cenário
O Acto I passa-se numa "câmara antiga, ornada com todo o luxo e caprichosa
elegancia dos principios do século XVII", no palácio de Manuel de Sousa
Coutinho, em Almada. Neste espaço elegante parece brilhar uma felicidade, que
será, apenas, aparente.
O Acto II acontece "no palácio que fora de D João de Portugal, em Almada, salão
antigo, de gosto melancólico e pesado, com grandes retratos de familia…". As
evocações do passado e a melancolia prenunciam a desgraça fatal.
O Acto lll passa-se na capela, que se situa na "parte baixa do palácio de D. João
de Portugal". "É um casarão vasto sem ornato algum". O espaço denuncia o fim
das preocupações materiais. Os bens do mundo são abandonados.
6. A Atmosfera
7. Simbologia
8. Acção Trágica
9. Estrutura dramática
Conflito Acto II
Informações sobre o
passado das personagens
cenas I-IV
Preparação da acção -
decisão dos governadores e
Acto I cenas V-VIII
decisão de incendiar o
palácio
cenas IX-XII
Acção: incêndio do palácio
Informações sobre o que se
passou depois do incêndio
cenas I-III
Preparação da acção: ida de
Acto II cenas IV-VIII
Manuel de Sousa Coutinho a
Lisboa
cenas IX-XV
Acção: chegada do Romeiro
Informações sobre a solução
cena I
adoptada
Acto III cenas II-IX
Preparação do desenlace
cenas X-XII
Desenlace
Frei Luís de Sousa, uma obra do Romantismo
Frei Luís de Sousa, uma obra do Romantismo Português
Frei Luís de Sousa é uma obra típica do Romantismo Português, não só pela linguagem que
apresenta (exclamações, reticências, interrogações)
como também pelos comportamentos emocionais das personagens.
A presença, sistemática, do Amor desencadeia a tragédia e sobretudo o pecado, duas
grandes características do Romantismo Português.
O confronto entre o indivíduo e a sociedade (Individualismo) é particularmente visível em
D. Madalena, quando esta se indigna com a atitude arrogante dos governadores quererem
habitar o seu palácio.
A religião aparece para suavizar o sofrimento trágico (tomada de hábito de D Madalena e
Manuel Coutinho) e é, também, uma referência de todas as personagens.
O Patriotismo e o Nacionalismo, também presentes na obra, são características do
comportamento de algumas personagens e situações, nomeadamente o acto patriótico de
Manuel Coutinho ao incendiar o seu palácio e o Sebastianismo alimentado por Telmo e
Maria.
Por fim, a morte, um dos temas mais característicos do Romantismo, surge como solução
aos conflitos desencadeados no decorrer da obra: morte física de Maria; morte espiritual
de D Madalena e Manuel Coutinho; morte psicológica de Telmo.
É de referir, também, que Garrett tentou “introduzir-se” na obra e para tal, utilizou Maria.
Esta, como voz do autor, opunha-se ao destino a que os pais se propuseram.
No entanto, apesar de romântica, esta obra tem traços da Tragédia Clássica, pois
podemos interpretar as diferentes situações com os elementos da tragédia: o Pathos
(aflição de D Madalena quando interrogada por Maria); a Peripécia (as opções que
Manuel Coutinho e D. Madalena tomam, a mudança que Telmo tem em ralação ao
Sebastianismo); o Reconhecimento (a chegada do Romeiro); o Clímax (a decisão tomada
por Manuel Coutinho em se suicidar para o Mundo) e, por fim, a Catástrofe (a morte, com
diferentes sentidos, das personagens). Como se vê é uma obra multifacetada com traços
muito específicos, mas que podem ser interpretados como um “Trágico Romantismo”.