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Existem vários estudos a respeito de torres de transmissão que utilizam perfis cantoneira.
ROY et al. (1984) estudou o efeito da rigidez das ligações e o efeito das grandes deformações
em torres altas de alta-tensão submetidas a cargas mais elevadas e concluiu que estas torres
são mais flexíveis e os efeitos de segunda ordem mais pronunciados.
CHUENMEI (1984) e SHAN (1998) usaram elementos de placa para modelar todos os
membros, o que é pouco prático para uma análise de uma torre completa devido ao número
excessivo de graus de liberdade gerados. RAJMANE (1992) usou elementos de viga-coluna
com sete graus de liberdade por nó, incluindo o efeito do empenamento, para analisar os
módulos de contraventamentos considerando a excentricidade.
2. METODOLOGIA
3. MODELO ESTRUTURAL
A torre analisada é uma torre autoportante do tipo delta, que tem função estrutural de
estrutura de sustentação, possui circuito simples horizontal e tem 33,5 metros de altura e base
quadrada de 6,8 metros. Esta torre é originalmente uma torre em perfis-cantoneira que faz
parte de uma linha de transmissão de 230 KV. O dimensionamento da torre em perfis-
cantoneira foi realizado utilizando as hipóteses de carga e os valores das cargas fornecidos
pelo projeto original.
As torres de transmissão são consideradas na prática como suportes treliçados, ou seja,
possuem ligações rotuladas e seus elementos estão sujeitos apenas a esforços axiais. Na
modelagem realizada, os elementos não foram modelados como elementos de treliça. Porém,
o uso de elementos de viga-coluna não acarreta erros, pelo fato de os momentos gerados nas
ligações serem pequenos, além de que alguns elementos como, por exemplo, as pernas
principais realmente trabalharem como viga-coluna. Para os dimensionamentos realizados
foram considerados apenas os esforços axiais destes elementos.
A torre estudada possui 846 elementos, sendo que 352 são contraventamentos
secundários. A modelagem em elementos finitos foi realizada sem os contraventamentos
secundários, com 209 nós, 494 barras e usando um elemento por barra. O elemento utilizado
para todos os membros da torre, incluindo os contraventamentos primários, foi o beam 44,
que é um elemento de pórtico com seis graus de liberdade por nó. Usou-se o software
comercial Ansys 6.0 e foi realizada uma análise elástica linear. A figura 1 apresenta uma vista
em perspectiva da torre completa (fig. 1a) e da torre sem os contraventamentos secundários
(fig. 1b).
4. DIMENSIONAMENTO
5. CONTRAVENTAMENTOS
Figura 3 – Modelos 3 e 4.
Figura 4 – Modelos 5 e 6.
Figura 5 – Modelos 7 e 8.
MODELO 7 E 8
MODELO 8
MODELO 9
Figura 6 – Modelo 9.
Uma outra forma menos conservadora de tratar a barra após o colapso é substituir a barra
que entrou em colapso por forças residuais equivalentes à resistência pós-crítica da barra.
Pode-se também considerar uma perda de resistência da barra que entrou em colapso,
obrigando assim as barras próximas a suportar cargas maiores, e repetindo-se o processo até
caracterizar um colapso interrompido ou um colapso generalizado.
O estudo do colapso de uma estrutura tem como objetivo achar o caminho de colapso da
estrutura, ou seja, os elementos que entram em colapso sucessivamente, quando aplicada
carga. No estudo realizado considerou-se apenas o colapso das barras comprimidas e utilizou-
se como carga de colapso, a carga de “Euler”, dada pela equação 1.
π 2 ⋅E⋅I
Pe = (1)
L2
De posse dos dados do quadro I, nota-se que a torre em perfil tubular gera uma estrutura
mais leve que a mesma torre em perfil cantoneira.
Quadro I - Quadro resumo dos valores obtidos para o dimensionamento em termos dos pesos
dos elementos constituintes da torre (kg)
Esperava-se que Tubo 2 fosse mais leve que Tubo 1, fato este que não aconteceu, já que a
diferença de peso entre elas é de apenas 1,02%. Este diferença mínima se deve ao fato de que
para esta geometria de torres alguns contraventamentos são necessários até quando se usa
perfil tubular. Alguns membros têm comprimentos muito grandes e por isto é preciso usar
alguns contraventamentos para não gerar perfis muito pesados. No estudo da Torre 2, os
contraventamentos foram tirados aleatoriamente apenas para realizar uma comparação. Estes
detalhes são mais aparentes no estudo dos contraventamentos.
7.2 Contraventamentos
Colapso
140
120
100
Carga (%)
80
60 Ux
40 Uy
20 Uz
0
0 20 40 60 80 100
Deslocamentos (cm)
É importante notar que a carga necessária para induzir colapso na primeira barra,
correspondente à carga crítica, é superior à carga de projeto. Porém, depois que a primeira
barra entra em colapso, a carga necessária para levar outras barras ao colapso é inferior à
carga de projeto. Depois desta redução da carga que causa colapso, parece que a estrutura
encontra uma nova forma de equilíbrio, resistindo assim a cargas superiores sem que
nenhuma barra entre em colapso. Porém, este equilíbrio não parecer ser muito estável, pois
uma vez que a estrutura sai deste equilíbrio não consegue mais retornar, causando colapso em
vários membros.
É importante observar que a carga que começa a causar flambagem nas barras da
estrutura é 1,25 vezes a carga de projeto da hipótese 1, ou seja, a estrutura começa a ter
problemas de instabilidade a partir de um acréscimo de carga de 25%. Já na análise de
flambagem elástica, a carga crítica obtida para a pior hipótese é a de carregamento da hipótese
1 com um acréscimo de 30%. Com base nestas duas análises, pode-se crê que a estrutura tem
uma reserva de resistência de ± 25%.
8. CONCLUSÕES
Este trabalho teve como principal objetivo estudar a viabilidade do uso de torres de
transmissão de energia em perfis tubulares. Para afirmar que este tipo de estrutura é viável,
precisa ser levando em conta a eficácia estrutural, as facilidades de montagem e o custo final
da estrutura. Este trabalho se ateve principalmente ao comportamento estrutural do sistema,
estudando seu comportamento e propondo um método de dimensionamento, já que não existe
norma específica para o dimensionamento deste tipo de estrutura.
Foram realizadas várias comparações entre a torre em perfis-cantoneira e a torre em
perfis tubulares, a fim de demonstrar as vantagens dos perfis tubulares em relação aos perfis-
cantoneira. A partir dos resultados das análises e das comparações realizadas pode-se fazer as
seguintes considerações:
• Deve-se ao fato de o perfil tubular possuir um coeficiente de arrasto menor que o perfil
cantoneira e conseqüentemente carga de vento inferior, que a torre em perfil tubular esteja
sujeita a menores esforços e deslocamentos, como visto nos resultados apresentados.
Com os resultados do estudo dos contraventamentos, pode ser notado que mesmo o perfil
tubular possui um comprimento ótimo, em que não há a necessidade de contraventamentos e
ao mesmo tempo não gera perfis tão robustos.
• Pode se ver pelos resultados da análise de colapso progressivo que esta estrutura, da
maneira como foi dimensionada, possui uma reserva de resistência de cerca de 25% do valor
da carga de projeto.
• Vale frisar que a identificação da seqüência do colapso progressivo de uma forma mais
realista deveria levar em consideração as não-linearidades geométrica e física, para grandes
deslocamentos e deformações, com a respectiva localização da formação das rótulas plásticas,
além da inclusão do efeito dinâmico devido ao rompimento das barras.
• A torre estuda é uma torre que teve a geometria projetada para perfis cantoneira, isto leva
a crê que se fosse projetada com a geometria de uma torre especificamente para perfil tubular,
levando em conta a superioridade deste perfil, provavelmente as vantagens sobre torres com
perfil cantoneira seriam ainda maiores.
REFÊRENCIAS
Ansys 6.0 – User’s Manual, version 6.0, SAP IP Inc., Canonburg, PA, (2001)
Chuenmei G. (1984), Elasto Plastic Buckling of Single Angle Columns, Journal Engineering
Structural; Vol 98, No 6.
Hui,Y., Liu Y e Zhao D. (1996), “Geometric nonlinear analysis of transmission tower with
continuous legs”. Proceedings of International Conference on Advances in Steel
Structures, Vol. 1, pp. 339-344, Hong Kong.
NBR 8850 (1985) – Execução de Suportes Metálicos Treliçados pra Linhas de Transmissão,
ABNT, Rio de Janeiro.
Roy S; Fang S.J e Rossow E.C.(1984). Secondary Stresses on Transmission Tower Structures,
Journal Energy Engrg; Vol. 110, No 2.
Shan L, Peyrot A. H (1988), Plate Element Modeling of Steel Angle Members, Journal Struct.
Engrg., Vol. 114, No 4.