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O Evangelho Segundo
MARCOS
O Autor Nenhum dos quatro Evangelhos decla- membros da igreja de Roma (15.21; cf. Rm 16.13). A tradução de
ra seu autor. Juntos. fornecem à Igreja um testemu- termos semíticos (3.17; 5.41; 15.22) e a cuidadosa explicação dos
nho autorizado e coletivo da pessoa e da obra de costumes judeus (7.2-4; 15.42) sugere que o autor tinha em mente
Jesus através dos apóstolos - um tema freqüente- os leitores gentios. sem. no entanto. excluir gentios convertidos ao
mente enfatizado em Marcos (3.14; 4.10; 5.37; 8.32 e notas) Não judaísmo.
há nada de incoerente no fato dos apóstolos se utilizarem de coo-
peradores tais como João Marcos. cujo nome aparece no alto des- .,1 Características e Temas
te Evangelho. para transformar este testemunho individual e 1. O Propósito do Evangelho. O primei-
coletivo em texto escrito. Quanto ao relacionamento entre João • , ro propósito de Marcos é apresentar por escrito o
Marcos e os apóstolos. ver At 12.12,25; 13.5, 13; CI 4.10; 2Tm -~ testemunho dos apóstolos a respeito dos fatos da
4.11; Fm 24. vida. morte e ressurreição de Jesus. Marcos não pretende escre-
A autoria de Marcos é estabelecida por certas considerações ver uma biografia completa ou mesmo um relato completo do mi-
externas. Apesar do título "Segundo Marcos" não ser original, ele nistério público de Jesus. O registro histórico é simplificado.
aparece em todas as antigas listas canônicas e em muitos manus- adaptando-se à estrutura básica da proclamação do Evangelho: o
critos arcaicos e acredita-se que tenha sido incluído bem no início início do ministério de Jesus com João Batista; o ministério públi-
da história do texto. Em segundo lugar. todos os primeiros pais da co de Jesus na Galiléia e nas regiões circunvizinhas; e sua jornada
Igreja, tais como Papias (140 d.C.). Justino Mártir (150 d.C.). lrineu final a Jerusalém para o sacrifício na cruz. Segundo o Evangelho
(185 d.C.) e Clemente de Alexandria (195 d.C.). afirmam que Mar- de João, Jesus fez pelo menos cinco visitas a Jerusalém (Me
cos escreveu o segundo Evangelho. Papias refere-se a Marcos 1.14. nota). Mateus e Lucas registram mais dos ensinamentos de
como o "intérprete de Pedro". Outra razão para se aceitar a autenti- Jesus do que Marcos, mas o objetivo de Marcos é diferente.
cidade da autoria de Marcos é que, no segundo e terceiro séculos Usando detalhes históricos. apresenta uma narrativa ampla do
da Igreja, livros que falsamente reivindicavam autoria apostólica que os apóstolos pregavam a respeito da cruz de Cristo (At
para si. em geral, atribuíam sua autoria a apóstolos bem conheci- 1.21-22; 2.22-24; 1Co 2.2).
dos em vez de a figuras secundárias como João Marcos.
No próprio texto, uma indicação velada da ligação de Marcos 2. Jesus como o Verdadeiro Israelita. Marcos re-
com este Evangelho pode ser observada em outra nota aparente- trata Jesus como o verdadeiro israelita cuja vida como um todo de-
mente irrelevante a respeito de um "certo rapaz" que fugiu quando monstra a necessidade de submissão à Palavra escrita de Deus
Jesus foi preso. Alguns intérpretes sugeriram que esta é a forma (1.13, nota; 12.35-37). Neste aspecto. e mais genericamente no
de Marcos referir-se a si próprio na ocasião (14.51, nota). A possí- serviço e no sofrimento (8.34-9.1). Jesus é apresentado e apre-
vel evidência da posição de Marcos como "intérprete" de Pedro senta a si próprio como o modelo para os seus discípulos.
(acima) é a ordem cronológica simplificada dos acontecimentos re-
gistrados em Marcos. que reflete a narração dos mesmos fatos por 3. Jesus como o Filho de Deus. Marcos apresenta
Pedro no Livro de Atos dos Apóstolos (At 3.13-14; 10.36-43) a divindade de Jesus como Filho de Deus e Filho do Homem (1.11 ;
2.10,28; 3.11; 5.7; 9.7; 14.62; 15.39) brilhando através do estado
~
Data e Ocasião Se Marcos foi usado por ambíguo de humilhação necessário para seu chamado messiânico
Mateus e Lucas. ele é o mais antigo dos Evangelhos terreno. Marcos também chama a atenção para o desejo de Jesus
e não pode ser datado muito depois do ano 70 d.C. de esconder sua verdadeira identidade como Messias e Filho de
~"'~- Admite-se. geralmente, que os Evangelhos de Mate- Deus (o assim chamado "segredo messiânico") daqueles que ine-
us e Lucas foram escritos por volta de 80 a 90 d.C. No entanto. se vitavelmente não o entenderiam (1.34.44; 3.12; 5.43; 7.36-37;
os livros de Lucas e Atos foram concluídos em torno de 62 d.C .. 8.26,30; 9.9).
quando termina a narrativa de Atos, o evangelho de Marcos seria
ainda anterior. Além dessas considerações. há base para argumen- 4. O Evangelho como o Poder de Deus. Marcos
tar que todos os livros do Novo Testamento foram escritos antes de enfatiza a importância da pregação e do ensino da mensagem do
70 d.C .. a data da destruição do templo em Jerusalém e. portanto. Evangelho não apenas como uma verdade teológica. mas como o
procedem da primeira geração apostólica. "poder de Deus" (12.24; cf. Rm 1.16) sobre o mal e a doença (1.27;
Os pais da Igreja sustentavam que Marcos foi dirigido à igreja cf. 16.15-18).
de Roma ou. genericamente. à Itália. Esta tese é apoiada pela as-
sociação de Marcos com Pedro, que em 1Pe 5.13 dirige-se aos 5. A Missão aos Gentios. Marcos mostra o interesse
cristãos na "Babilônia" (uma provável referência a Roma). pela in- de Jesus para com os gentios e a validade da missão da Igreja
fluência do latim no texto grego e pela provável referência aos para com eles. Esta ênfase aparece no esboço básico do livro. no
,.
MARCOS 1146
cuidado tomado para explicar os termos e os costumes judaicos, foi dito, e com propriedade, que os Evangelhos são narrativas da
na declaração de que o templo era uma "casa de oração para todas Paixão com longas introduções.
as nações" (11.17). e na confissão final de Cristo pela boca de um Marcos mesmo situa o começo de seu Evangelho no Antigo
gentio (15.39) Testamento (1.1-4, notas). e seu ponto de referência básico deve
ser encontrado lá, especialmente no Livro de Êxodo. Êxodo é um
Dificuldades de Interpretação documento pactuai cujo enfoque é o registro de como a aliança foi
A questão do gênero literário do Evangelho de iniciada sob a liderança de Moisés. Este enfoque corresponde, nos
Marcos tem ocupado estudiosos continuamente, Evangelhos, ao significado da morte de Jesus, na qual ele derra-
especialmente nos últimos dois séculos. A questão mou o sangue da nova aliança (14.24 e nota). Oresto de Êxodo diz
é importante porque determina o contexto para se interpretar os respeito à carreira de Moisés, o mediador da aliança; um registro
elementos individuais do Evangelho. Alguns acreditam que os dos sinais que Deus realizou através dele para estabelecer a fé en-
Evangelhos têm um único gênero literário, correspondente à singu- tre o povo de Deus no meio de um Egito incrédulo; e um registro da
laridade da mensagem Cristã. Outros acham que os Evangelhos legislação da aliança. Da mesma forma, Jesus chamou para si um
deveriam ser comparados às biografias gregas e romanas que novo povo, demonstrando sua autoridade através de milagres e si-
combinam em uma obra literária feitos extraordinários e ensina- nais, e outorgou seu ensinamento como o "novo mandamento" (Jo
mentos memoráveis. Os Evangelhos diferem de tais biografias, es- 13.34) da nova aliança. Como um registro da vida e dos ensina-
pecialmente na ênfase que colocam nos últimos dias e na morte de mentos de Jesus, Marcos assume seu lugar na história da reden-
Jesus, e no seu silêncio sobre a maior parte de sua vida adulta. Já ção como um documento canônico do Novo Testamento.
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Esboço de Marcos
1. Prólogo: o início do ministério de Jesus (1.1-13) Ili. Ministério às regiões gentias (6.45-9.32)
A. Otestemunho de João Batista a respeito de Jesus A. Visita a Genesaré (6.45-7.23)
(1.1-8) B. Ministério em Tiro, Sidom e Decápolis
B. Obatismo de Jesus e o testemunho do Pai (1.9-11) (7.24-8.9)
C. A tentação de Jesus (1.12-13) C. Ministério às regiões de Cesaréia de Felipe
li. Oministério público de Jesus na Galiléia (1.14-6.44) (8.10-9.32)
A. O ministério inicial (1.14-3.12) IV. Retorno a Cafarnaum; conclusão do ministério na
1. A chegada à Galiléia (1.14-15) Galiléia (9.33-50)
2. O chamamento dos primeiros discípulos (1.16-20) V. Viagem final para a Judéia e Jerusalém (cap. 10)
3. Exorcismos e curas em Cafarnaum (1.21-34) A. Ensinamento a caminho de Jerusalém (10.1-45)
4. Ministério em toda a Galiléia (1.35-45) B. Uma cura em Jericó (10.46-52)
5. Uma cura em Cafarnaum (2.1-12) VI. A paixão (caps. 11-15)
6. O chamamento de Levi (2.13-17) A. Entrada triunfal em Jerusalém (11.1-11)
7. Controvérsias com as autoridades (2.18-3.12) B. Purificação do templo (11.12-26)
B. O ministério posterior (3.13-6.44) C. Controvérsias no pátio do templo (11.27-12.44)
1. O chamamento dos doze (3.13-19) D. Profecias no monte das Oliveiras (cap. 13)
2. Controvérsias em Cafarnaum (3.20-35) E. Ungido em Betânia (14.1-11)
3. As parábolas do reino (4.1-34) F. Refeição pascal em Jerusalém (14.12-31)
4. A jornada em Decápolis (4.35-5.20) G. Prisão e julgamento de Jesus (14.32-15.20)
5. Retorno à Galiléia (5.21-6.6) H. Morte e sepultamento de Jesus (15.21-47)
6. Missão dos doze na Galiléia (6.7-30) VII. Aparições de Jesus ressurreto em Jerusalém
7. Alimento para cinco mil na Galiléia (6.31-44) (cap. 16)
1147 MARCOS 1
O BATISMO DE JESUS
Me 1.9
Há continuidade entre o batismo de João para o arrependimento (Me 1.4) e o batismo trirlitário instituído por Jesus (Mt
28. 19l. Ambos eram simbolos de purificação e visavam à remissão de pecados (Me 1.4; At 2.38). Porém não eram idênticos.
Os que foram batizados por João necessitavam também do batismo cristão (At 19.5). Obatismo cristão é limsiílai de inicia-
ção que indica o relacionamento com Cristo, que já veio; o batismo de João foi um rito preparatório, significando preparação
para a vinda de Cristo e seu juízo (Mt 3.7-12; Lc 3.7-18; At 19.4).
Jesus insistiu com João, seu primo, que o batizasse, passando por cima dos protestos de João (Mt 3.13-15). Em seu papel
de Messias, ·nascido sob a ler (GI 4.4), Jesus tinha de submeter-se a todas as exigências da lei de Deus para Israel e identifi-
car-se com aqueles cujos pecados ele tinha vindo carregar. Seu batismo anunciou que ele viera para tomar o lagft 'P8çador
sujeito ao juízo de Detis. Nesse sentido é que ele foi batizado por João para "cumprir tode a justiça" (Mt 3;15; cf. Is 53.11 ).
No batismo de Cristo houve uma manifestação da Trindade: o Pai falou do céu, e uma pomba desceu cOmó um sinal da unção
do Espírito. A significação da pomba descendo e parrnanecendo não foi que Jesus estava sendo enchido com o Espfrito pela pri-
meira vez. porém significava que ele estava sendo marcado como Aquele que tinha o Espírito e que batizaria c0m o Espírito (Jo
1.32-33) e, desse modo, estava inaugurando a era do Espírito, que foi ocumprimento das esperanças de Israel (Lc 4.1, 14, 18-21 ).
} ªPrincípio do evangelho de Jesus Cristo, bfiJho de Deus. los de camelo; ele trazia um cinto de couro e se alimentava
de gafanhotos e mel silvestre.
João Batista
2 Conforme está escrito 1na profecia de Isaías: João dá testemunho de Jesus
e Eis aí envio diante da tua face o meu mensageiro, o qual 7 E pregava, dizendo: h Após mim vem aquele que é mais
preparará o teu caminho; poderoso do que eu, do qual não sou digno de, curvando-
3 dvoz do que clama no deserto: Preparai o caminho do me, desatar-lhe as correias das sandálias. 8 iEu vos tenho ba-
Senhor, endireitai as suas veredas; tizado com água; ele, porém, vos batizará icom o Espírito
4 e apareceu João Batista no deserto, pregando batismo de Santo.
arrependimento 2 para remissão de pecados. S!Saíam a ter
com ele toda a província da Judéia e todos os habitantes de O batismo de Jesus
Jerusalém; e, confessando os seus pecados, eram batizados 9 'Naqueles dias, veio Jesus de Nazaré da Galiléia e por
por ele no rio Jordão. ó g As vestes de João eram feitas de pê- João foi batizado no rio Jordão. to mLogo ao sair da água, viu
• n;t 10; 11 ºMt 31;,1218 12 PMt 4.1-11 3enviou-oparafora ~qM~-;-1-14 'Mt 4. ;;-;Mt 4.23 4Cf. NU; TR e M acres-
centam do reino; NU omite 1S l[GI 4.4] u Mt3.2; 4.17 16 Vlc 5.2-11 17 XMt 13.47-48 18 z [Lc 14.26] 21 Lc 4.31-37 bMt 4.23 ª
22 e Mt 7.28-29; 13.54 23 d [Mt 12.43] 24 e Mt 8 28-29/Tg 2.19 g SI 16.10 25 h [Lc 4 39] 5 Lit Amordaça-te 26 i Me 9.20
27 ô Cf. NU; TR e M Oue é isto? Oue nova doutrina é esta? Pois com autoridade ordena 7 ensino 28 /Mt 4.24; 9.31
característica de Marcos !doze vezes no restante do Novo Testamento e quarenta e lei em João, Jesus tem o seu primeiro ministério na Judéia ao mesmo tempo
duas vezes em Marcos). A palavra sugere. talvez, não rapidez, mas a certeza e a que João Batista (Jo 3.22-24). enquanto nos Sinóticos Jesus começa o seu minis-
inevitabilidade do soberano plano de Deus. recordando os caminhos direitos (a tério na Galiléia. Contudo. ao dizer que um ministério na Galiléia começa só depois
mesma raiz grega) divinamente preparados para avinda de Jesus e seu ministério. que João Batista é preso. Marcos não está negando que houve um ministério ante-
Espírito descendo. A descida do Espírito é um sinal da Messianidade de Jesus lv. rior na Judéia; esse ministério simplesmente não faz parte de sua narrativa.
8, nota). No batismo de Jesus. como mais tarde no batismo cristão IMt 28.19). to- •1.15 O tempo está cumprido. Os tempos passados. especialmente os atos
das as três pessoas da Trindade estão envolvidas. A iniciativa do Pai, a obra vicária de salvação de Deus em favor de seu povo Israel. atingiram seu clímax no atual
do Filho e glória e o poder capacitador do Espírito estão todos presentes tempo de salvação, através de Jesus.
•1.11 Tu és o meu filho amado. O mistério da pessoa de Jesus encontra ex- o reino de Deus está próximo. Oreino de Deus é aquele estado final de acon-
pressão na divina declaração. Ele. a Segunda Pessoa da Trindade, é, ao mesmo tecimentos onde o supremo reinado de Deus é plenamente reconhecido sobre o
tempo, o representante do crente, o verdadeiro e fiel "filho" de Israel (Êx 4 23). universo transformado. e nos corações do seu povo redimido e glorificado. Este
em quem o Pai se compraz e a quem o Pai reconhece como Filho, tanto no sentido reino "está próximo" no sentido de que a vinda de Jesus põe em movimento tudo
pessoal como no sentido oficial (SI 2. 7; Is 42.1 J. Ver nota no v. 1. aquilo que contribui para a sua realização. Deus exige arrependimento e crença
•1.12 o Espírito o impeliu. O verbo grego traduzido por "impelir" é forte e dá a como respostas a estas novas. Ver nota no v. 4.
idéia de necessidade divina e escriturística. O Espírito está impelindo Jesus para o •1.16 mar da Galiléia. Éum lago interior de aproximadamente 21 km de com-
"deserto", exatamente como Israel - chamado "filho" (Êx 4 23) e batizado em primento por treze de largura. Éconhecido no Novo Testamento como Lago de
Moisés no mar (1Co 10.2; cf. Êx 14.13-31 J - foi conduzido pelo Espírito nas colu- Genesaré (Lc 5.1) ou mar de Tiberíades (Jo 5.1).
nas de nuvem e fogo (Êx 14 19-20). ao longo do caminho da provação. no deserto. •1.17 Vinde após mim... pescadores de homens. Marcos, imediatamente.
•1.13 quarenta dias. Possivelmente uma referência simbólica aos quarenta mostra Jesus chamando discípulos para segui-lo e chamarem outros para ele.
anos da experiência de Israel, no deserto IDt 1.3; cf. v. 12. nota). Este primeiro ministério estabelecido na Igreja nascente tem como seu objetivo
feras. Este detalhe dá ênfase ao fato de que o deserto é um lugar de maldição, principal buscar os perdidos. Esta ênfase sobre a evangelização foi bem percebida
onde o diabo manda IMt 12.43; cf. Ef 2.2). Jesus entra neste domínio e amarra o por Paulo, que disse "Ai de mim se não pregar o evangelho" (1 Co 9.16)
valente !ver nota em 3.23-27). Esta é uma espécie de reconstituição da prova a •1.19 Tiago ... João. Note-se que Jesus não recruta seus apóstolos e "pesca-
que Adão foi submetido. Ainda que Adão tenha sido provado num jardim e não te- dores de homens" dentre os da cúpula religiosa, mas dentre as pessoas simples.
nha sido ameaçado por feras, ele sucumbiu à tentação de Satanás. No deserto, de atividades comuns.
Jesus, o segundo Adão, começa a derrotar Satanás e inicia sua obra de reden- •1.20 empregados. Este pormenor sugere um pequeno e próspero negócio.
ção, sendo aprovado no teste de obediência filial. •1.22 como quem tem autoridade. O ensino de Jesus é diferente do ensino
mas os anjos o serviam. An1os acompanharam Israel no deserto (Êx 14.19; dos escribas, porque está ligado à sua pessoa 12.10) e à sua interpretação das
23.20; 32.34; 33.2). A experiência de Jesus no deserto é um tipo da que o cristão Escrituras 112 35-40) Seu conteúdo é novo, anunciando a vinda do reino (v. 15) e
tem no mundo, que é experimentada por causa do domínio de Satanás (Ef 6.12). a derrota de Satanás (v 27)
Ver nota em 10.30. •1.24 Que temos nós contigo. Esta expressão distancia a pessoa que fala da-
•1.14 Depois de João... para a Galiléia. Alega-se freqüentemente que a cro- quela a quem se dirige. Ocorre em outro lugar no Novo Testamento (Jo 2.4).
nologia dos três Evangelhos Sinóticos é irreconciliável com a de João, por três Nazareno, Nazaré ficava ao ocidente do mar da Galiléia e era a cidade natal de
principais razões: Jesus.
(ai a purificação do templo é colocada em d~erentes períodos do ministério de Santo de Deus. Jesus é descrito deste modo só neste incidente (Lc 4.34). Os
Jesus (11.15. nota); demônios tremem na presença da santidade divina.
(b) nos Evangelhos Sinóticos. Jesus vai a Jerusalém só uma vez, na última se- •1.25 Cala-te. Esta forte expressão dá ênfase ao poder de Jesus para estabele-
mana do seu ministério. enquanto no de João ele esteve Já cinco vezes; cer o seu reino em face da presença do mal.
1149 MARCOS 1, 2
fama de Jesus em todas as direções, por toda a circunvizi- Se quiseres, podes purificar-me. 41 Jesus, profundamente
nhança da Galiléia. ªcompadecido, estendeu a mão, tocou-o e disse-lhe: Quero,
fica limpo! 42 bNo mesmo instante, lhe desapareceu a lepra, e
A cura da sogra de Pedro ficou limpo. 43 Fazendo-lhe, então, veemente advertência,
29 1E,
saindo eles da sinagoga, foram, com Tiago e João, di- logo o despediu 44 e lhe disse: Oiha, não digas nada a ninguém;
retamente para a casa de Simão e André. 30 A sogra de Simão mas vai, mostra-te ao sacerdote e oferece pela tua purificação
achava-se acamada, com febre; e logo lhe falaram a respeito co que Moisés determinou, para servir de testemunho ao
dela. 31 Então, aproximando-se, tomou-a pela mão; e a febre a povo. 45 d Mas, tendo ele saído, entrou a propalar muitas coisas
deixou, passando ela a servi-los. e a divulgar a noticia, a ponto de não mais poder Jesus entrar
publicamente em qualquer cidade, mas permanecia fora, em
Muitas outras curas lugares ermos; •e de toda parte vinham ter com ele.
32 mA tarde, ao cair do sol, trouxeram a Jesus todos os en-
fermos e endemoninhados. 33 Toda a cidade estava reunida à A cura de um paralítico em Cajamaum
porta. 34 E ele curou muitos doentes de toda sorte de enfer- Dias depois, Jesus de novo em Cafarnaum, e
ªentrou
midades; também nexpeliu muitos demônios, ºnão lhes per-
mitindo que falassem, porque sabiam quem ele era.
2 logo correu que ele estava em casa. 2 / Muitos afluíram
para ali, tantos que nem mesmo junto à porta eles achavam
lugar; e anunciava-lhes a palavra. 3 Alguns foram ter com ele,
Jesus se retira para orar conduzindo um bparalítico, levado por quatro homens. 4 E,
35 PTendo-se levantado alta madrugada, saiu, foi para um não podendo aproximar-se dele, por causa da multidão, des-
lugar deserto e ali q orava. 36 Procuravam-no diligentemente cobriram o eirado no ponto correspondente ao em que ele es-
Simão e os que com ele estavam. 37Tendo-o encontrado, lhe tava e, fazendo uma abertura, baixaram o leito em que jaiia o
disseram: 'Todos 5 te buscam. 38 Jesus, porém, lhes disse: 1Va- doente. s Vendo-lhes a fé, Jesus disse ao paralítico: Filho, os
mos a outros lugares, às povoações vizinhas, a fim de que eu teus pecados estão perdoados. 6 Mas alguns dos escribas es-
pregue também ali, pois ªpara isso é que eu vim. 39 vEntão, tavam assentados ali e arrazoavam em seu coração: 7 Por
foi por toda a Galiléia, pregando nas sinagogas deles e xexpe- que fala ele deste modo? Isto é blasfêmia! couem pode per-
lindo os demônios. doar pecados, senão um, que é Deus? 8 E Jesus, percebendo
logo por seu espírito que eles assim arraioavam, disse-lhes:
A cura de um leproso Por que arrazoais sobre estas coisas em vosso coração?
40 z Aproximou-se dele um leproso rogando-lhe, de joeihos: 9 d Qual é mais fácil? Dizer ao paralítico: Estão perdoados os
• 29 ILc 4.38-39 32 mMt 8.16-17 34 nMt 9.33; Lc 13.32 ºMe 3.12; Lc 4.41; At 16.17-18 35 Plc 4.42-43 QMt 26.39,44; Me 6.46; Lc
5.16; 6.12; 9.28-29; Hb 5.7 37 r Mt 4.25; Jo 3.26; 12.19 s [Hb 11.6] 38 t Lc 4.43 u [Is 61.1-2; Me 10.45; Jo 16.28; 17.4,8] 39 v SI
ª
22.22; Mt 4.23; 9.35; Me 1.21; 3.1; Lc 4.44 x Me 5.8, 13; 7.29-30 40 ZMt 8.2-4; Lc 5.12-14 41 Lc 7.13 42 b Mt 15.28; Me 5.29
44Clv14.1-32 45 dMt 28.15; Lc 5.15 e Me 2.2,13; 3.7; Lc 5.17; Jo 6.2
CAPITULO 2 1 a Mt 9.1 2 1 Cf. NU; TR e M acrescentam imediatamente; NU omite 3 b Mt 4.24; 8.6; At 8.7; 9.33 7 e Jó 14.4; Is
43.25; Dn 9.9 9 dMt 9.5
•1.29 Tiago e João. Ver v. 19. •1.44 servir de testemunho. Jesus respeita a lei mosaica como o grande
•1.30 A sogra de Simão. Pedro era casado (ver também 1Co 9.5). mostrando sumo sacerdote de outra linhagem (Hb 7.11-8.13). mas não está preso e nem
que o casamento é normal entre os líderes cristãos. Ao mesmo tempo, o celibato limitado por ela. Ainda que tocar um leproso fosse uma violação às leis da pureza
permanece como uma possibilidade legítima (Mt 19.12; 1Co 7.7-8,32). ritual (Lv 5.3). Jesus o tocou quando o curou.
•1.32 ao cair do sol. Jesus já tinha curado no dia de sábado (v. 25). Nesta oca- •1.45 entrou a propalar muitas coisas. Este não é o tempo para a proclama-
sião, o povo esperava ainda o pôr-do-sol, quando o sábado terminava, para levar ção desenfreada (v. 34, nota), ainda que devesse chegar o tempo, na história da
seus doentes a Jesus. redenção (depois da ressurreição). quando a pregação aberta seria adequada (Mt
•1.34 muitos demônios. A quantidade de possessão demoníaca na população 10.27; Lc 12 2-3).
judaica da Galiléia (v. 32, nota) é surpreendente, ainda que a influência pagã ou •2.1 casa. Jesus era de Nazaré, cerca de 32 km de distância, e a casa de Simão
gentílica, na Galiléia, não deva ser esquecida. Pedro (1.29) podia estar servindo como morada em Cafarnaum, uma cidade mais
não lhes permitindo que falassem. Este é o primeiro exemplo daquilo que tem centralmente localizada e com direto acesso ao mar da Galiléia.
sido chamado o "segredo Messiânico" (v. 43; 3.12; 4.10-11; 5.19; 8.30; 9.9). A
revelação de Jesus como o Messias tinha de começar discretamente e avançar •2.4 descobriram o eirado. As casas tinham o teto plano feito de ramos e bar-
por estágios, de modo que o plano de Deus, para a morte de seu servo, não fosse ro seco, sustentado por vigas de madeira.
comprometido por qualquer excesso de entusiasmo popular. •2.5 os teus pecados estão perdoados. A resposta de Jesus é extraordiná-
•1.35 lugar deserto. Lit., "lugar desabitado", onde Jesus trava sua luta espiritu- ria por duas razões: primeiro, o homem tinha vindo em busca de cura física, mas
al (v. 12; cf. v. 3) e que é também, como o antigo Israel, um tipo da presente cami- Jesus lhe fala a respeito da doença mais profunda do pecado. da qual geral-
nhada cristã (1Co 10.1-11; Hb 13.12-13). mente a doença física é conseqüência, e a respeito da cura radical do perdão,
•1.38 para isso é que eu vim. Jesus ~firma seu programa de pregação evan- da qual esta cura física específica era um sinal. Segundo, Jesus reivindica para
gelística com firme clareza. Em Lc 19.1 O, ele diz: "porque o Filho do Homem veio si o poder de perdoar pecados que, em toda a Bíblia, é atribuído só a Deus (Êx
buscar e salvar o perdido". Eassim ele se move, percorrendo a Galiléia várias ve- 34.7; Is 1.18). Os mestres da lei, imediatamente, acusaram a Jesus de "blasfê-
zes (v. 39; 6.6; Lc 8.1 ). mias" (v. 7; 3.29, nota). no que estariam certos se Jesus fosse um mero ho-
•1.40 um leproso. Sob a lei mosaica, certas doenças de pele tornavam a pes- mem.
soa cerimonialmente impura, excluindo-a do convívio da sociedade (Lv 13.46). •2.9 Oual é mais fácil. Jesus pede aos escribas que reconsiderem o seu julga-
•1.43 veemente advertência. Ver nota no v. 34. Overbo grego expressa pro- mento à luz do seu poder de curar (cf. Jo 5.36; 10.25,38). poder que, em última
funda emoção, como no caso de Jesus diante do túmulo de Lázaro (Jo 11.33,38). análise. é poder divino (SI 41.1; Jr 3.22; Os 14.4).
MARCOS 2 1150
teus pecados, ou dizer: Levanta-te, toma o teu leito e anda? Do jejum
to Ora, para que saibais que o Filho do Homem tem sobre a 18 Ora, mos discípulos de João e os fariseus estavam je-
terra 2 autoridade para perdoar pecados - disse ao paralítico: juando. Vieram alguns e lhe perguntaram: Por que motivo
11 Eu te mando: Levanta-te, toma o teu leito e vai para tua jejuam os discípulos de João e os dos fariseus, mas os teus
casa. 12 Então, ele se levantou e, no mesmo instante, tomando discípulos não jejuam? 19 Respondeu-lhes Jesus: Podem, por-
o Jeito, retirou-se à vista de todos, a ponto de se admirarem to- ventura, jejuar os 5 convidados para o casamento, enquanto o
dos e e darem glória a Deus, dizendo: Jamais vimos coisa assim! noivo está com eles? Durante o tempo em que estiver presen-
te o noivo, não podem jejuar. 20 Dias virão, contudo, em que
A vocação de Levi lhes será ntirado o noivo; e, nesse tempo, jejuarão. 21 Nin-
13/De novo, saiu Jesus para junto do mar, e toda a multi- guém costura remendo de pano novo em veste velha; porque
dão vinha ao seu encontro, e ele os ensinava. 14 gOuando ia o remendo novo tira parte da veste velha, e fica maior a rotu-
passando, viu a Levi, filho de Alfeu, sentado na coletoria e ra. 22 Ninguém põe vinho novo em odres velhos; do contrá-
disse-lhe: hSegue-me! Ele se levantou e io seguiu. rio, o vinho romperá os odres; e tanto se perde o vinho como
os odres. Mas põe-se vinho novo em odres novos.
Jesus come com pecadores
15 i Achando-se Jesus à mesa na casa de Levi, estavam jun- Jesus é senhor do sábado
tamente com ele e com seus discípulos muitos publicanos e 23 ºOra, aconteceu atravessar Jesus, em dia de sábado, as
pecadores; porque estes eram em grande número e também searas, e os discípulos, ao passarem, Pcolhiam espigas.
o seguiam. 16 Os escribas 3 dos fariseus, vendo-o comer em 24 Advertiram-no os fariseus: Vê! Por que fazem o que qnão é
companhia dos pecadores e publicanos, perguntavam aos dis- lícito aos sábados? 25 Mas ele lhes respondeu: Nunca lestes 'o
cípulos dele: Por que come [e bebe] ele com os publicanos e que fez Davi, quando se viu em necessidade e teve fome, ele
pecadores? 17 Tendo Jesus ouvido isto, respondeu-lhes: 10s e os seus companheiros? 26 Como entrou na Casa de Deus,
sãos não precisam de médico, e sim os doentes; não vim cha- no tempo do sumo sacerdote Abiatar, e comeu os pães da pro-
mar justos, e sim pecadores. 4 posição, 5 os quais não é lícito comer, senão aos sacerdotes, e
• 10 ;P~~~r 12~~t1531:-[F~--;-11
-- 13fMt ~~ ~~Mt
99-13; Lc-;-27~32
hMt 4 19: 822; 1921, ~-;43; ~226;
21 2;'Lc
15 i Mt 9.10 16 3 Cf. NU; TA e Me; NU omite 171Mt912-13; 18.11; Lc 5.31-32; 19.10 4 Cf. NU; TA e M acrescentam para
1~2~---~
arrependimento, NU omite )B mMt 9.14-17; Lc 5.33-38 19 5Ljt.filhos do quarto nupcial 20 nAt 1.9; 13.2-3; 14.23 23ªMt12.1-8;
Lc6.1-5PDt23.25 24QEx20.10;3115 25'1Sm21.1-6 26Slv245-9
•2.10 Filho do Homem. Jesus empregou esta frase regularmente para designar- •2.18 jejuando. A lei Mosaica exigia só um jejum por ano, no Dia da Expiação (Lv
se a si mesmo, associando-se, no seu ministério, com o "filho do Homem" celes- 16.29-31; cf. At 27.9, que o chama de "Dia do Jejum"). Não obstante, como um
tial, de Dn 7.13-14 (v 28; 8.31; 9.31; 10.33,45; 13.26). Ver nota em Mt 820. sinal de contrição e penitência e associado à oração, o jejum era uma parte da
•2.14 Levi. filho de AHeu. Na narrativa paralela de Mt 9.9-13, esta pessoa é piedade, no Antigo Testamento, desde o tempo dos juízes (Jz 20.26; 1As 21.27)
chamada Mateus. Uma vez que Mateus aparece na lista de apóstolos de Marcos e, muitas vezes, tornava-se um ritual vazio (Is 58.3). Os fariseus e seus seguido-
(3.18) - e não há menção de Levi - parece-nos que Levi tinha por sobrenome res, aparentemente, jejuavam duas vezes por semana (Lc 18.12). Uma vez que a
Mateus e era por esse nome que foi mais conhecido na Igreja Primitiva. mensagem de João Batista centrava-se no arrependimento (Mt 3.11). o jejum
coletoria. As cabinas de coletor ficavam nas estradas, pontes e canais para cobrar era apropriado para os discípulos dele. Jesus, porém, cuja própria mensagem in-
tributos e à beira dos lagos para impostos sobre o pescado. Ver nota em Lc 3.12. cluía o arrependimento, não insistiu sobre o jejum.
Ele se levantou. A exigência radical do chamado de Jesus e a incondicional obe- •2. 19 Respondeu-lhes Jesus. A razão oferecida por Jesus destaca-o de tudo
diência daquele que ouve são mostradas de maneira relevante ao leitor. aquilo que era antes, porque o "noivo"" agora chegou e o "novo" (vs. 21-22) está
•2.15 estavam juntamente com ele. Ocontato com os pecadores faria de Je- presente. Ao comparar-se com o "noivo", Jesus afrrma a presença do reino como
sus também um pecador, uma vez que os regulamentos rabínicos proibiam espe- um tempo de celebração, como as bodas. Jesus come e bebe com publicanos e
cificamente uma tal comunhão à mesa. Por outro lado, os "pecadores" veriam pecadores, trazendo alegria e salvação a eles (Lc 19 6,9).
nisto um gesto de amizade e aceitação 114 20, nota) •2.20 jejuarão. Para Jesus a presente celebração é provisória (v. 19), pois ele
pecadores. Um termo de desdém usado pelos fariseus para todos os judeus que tem que sofrer e morrer, e "lhes será tirado o noivo" (ver f\t 13.2; 1413).
não seguiam suas tradições de pureza legal.
•2.21-22 As figuras da veste nova e dos odres velhos continuam a dar ênfase à
•2.16 fariseus. Descendentes teológicos dos Hasidim - um movimento de de- nova situação criada pela vinda do reino e de seu Rei, e procuram mostrar, através
voção, cultura e lealdade à lei de Moisés do século li a.C., contra a influência gre- desses símbolos da ação insensata, a impropriedade do jejum nesta nova s·1tuação.
ga pagã. Nos tempos de Jesus, a estrita observância da lei - especialmente a
•2.23 dia de sábado. O problema com o raciocínio legalista de certos fariseus é
pureza ritual - era regulada por um conjunto de ensinos éticos conhecidos como
ilustrado neste incidente. Os discípulos não estavam furtando nem trabalhando no
"a tradição dos anciãos" (7.3). desenvolvidos pelos rabinos como uma aplicação
campo (Ot 23.25). Seus acusadores consideraram mesmo o "'colher espigas" (para
da lei a situações específicas A dificuldade de conhecimento desta tradição e to-
alimentar-se) como ceifa, o que era proibido pela lei no dia de sábado (Êx 34.21)
das suas muitas interpretações sutis, criaram uma lacuna social e religiosa entre
uma elite hipócrita - "os 1ustos" - e a população geral, os "pecadores". •2.25 ele lhes respondeu: Nunca lestes. A pergunta de Jesus sugere uma
•2.17 respondeu-lhes ... não vim chamar. Notemos a enfática declaração de crítica irônica ao conhecimento que os fariseus tinham das Escrituras (Jo 3.1 O;
prioridade da sua missão (cf. 1.38). Nas palavras de Jesus, há tanto verdade 5.39,47). Jesus não se justifica deixando as Escrituras de lado, mas revela conhe-
quanto ironia severa. Os publicanos (coletores de impostos). as prostitutas e ou- cer sua profundidade e sua adequada aplicação às necessidades humanas.
tros semelhantes são espiritualmente "doentes", mas Jesus não pretende que os Davi. Executando uma missão divina (1 Sm 21.5) como ungido do Senhor, Davi
fariseus pensem em si mesmos como "sãos" (cf. Lc 18.9-14). Jesus põe abaixo comeu o pão consagrado, normalmente reservado aos sacerdotes. Cristo, como
as categorias artificiais de toda religião legalista, baseada na justiça própria. Filho de Davi, permite a seus discípulos satisfazerem suas necessidades físicas,
Como o Antigo Testamento (SI 14.1-3), Jesus ensina que todos são pecadores de modo a poderem continuar sua missão de redenção, uma obra que é sempre
(71-8) e que a justiça é o primeiro e mais importante dom de Deus para os peca- lícita realizar.
dores arrependidos (SI 51.1-18; Lc 19.9; Rm 3.22) •2.26 Abiatar. De acordo com 1Sm 21.1-6, foi Aimeleque. pai de Abiatar, que deu
deu também aos que estavam com ele? 27 E acrescentou: O
sábado foi estabelecido por causa do homem, e não o homem
por causa do 1sábado; 28 de sorte que "o Filho do Homem é
1151
mendou a seus discípulos que sempre lhe tivessem pronto
MARCOS 2, 3
fim de 1 o acusarem. 3 E disse Jesus ao homem da mão resse- A escolha dos doze apóstolos. Os seus nomes
quida: 2 Vem para o meio! 4 Então, lhes perguntou: É lícito 13 ºDepois, subiu ao monte e chamou os que ele mesmo
nos sábados fazer o bem ou fazer o mal? Salvar a vida ou tirá- quis, e vieram para junto dele. 14 Então, designou doze 4 para
la? Mas eles ficaram em silêncio. 5 Olhando-os ao redor, in- estarem com ele e para os enviar a pregar 15 e a exercer a 5 au-
dignado e condoído com da dureza do seu coração, disse ao toridade 6 de expelir demônios. 16 7Eis os doze que designou:
homem: Estende a mão. Estendeu-a, e a mão lhe foi restaura- PSimão, a quem acrescentou o nome de Pedro; 17Tiago, filho
da. 3 6 e Retirando-se os fariseus, conspiravam logo com / os de Zebedeu, e João, seu irmão, aos quais deu o nome de Boa-
herodianos, contra ele, em como lhe tirariam a vida. nerges, que quer dizer: filhos do trovão; 18 André, Filipe, Bar-
tolomeu, Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu, Tadeu, Simão,
jesus se retira. A cura de muitos à beira-mar o Zelote, 19 e Judas Iscariotes, que foi quem o traiu.
7 Retirou-se Jesus com os seus discípulos para os lados do
mar. Seguia-o da Galiléia uma grande multidão. gTambém da A blasfêmia dos escribas
Judéia, B de Jerusalém, da Iduméia, dalém do Jordão e dos ar- 20 Então, ele foi para casa. Não obstante, a multidão
redores de Tiro e de Sidom uma grande multidão, sabendo afluiu de novo, qde tal modo que nem podiam comer. 21 E,
hquantas coisas Jesus fazia, veio ter com ele. 9 Então, reco- quando 'os parentes de Jesus ouviram isto, saíram para o
e~2;1Dt5~- 28UMt128--~-~~~--~ --~- ~~-~- - ~-~-~ ~-~- ~ ~~-~~~
CAPÍTULO 3 1 ªLc 6.6-11 2 bLc 14.1; 20.20 cLc 13.14 ltrazeremacusaç6es contra ele 3 2Lit.Levanta para o meio 5 dZc 7.12 3Cf.
NU; TR e M acrescentam são como a outra, NU omite 6 eMe 12.13 /Mt 22.16 7 8Lc 6.17 8 h Me 5.19 10 iLc 7.21iMt9.21; 14.36
11 ILc 4.41 mMt 8.29; 14.33 12 n Me 1.25.34 13 o Lc 9.1 14 4NU acrescenta a quem ele também chamou apóstolos 15 5 poder
6 Cf. NU; TR e M acrescentam para curar enfermidades e, NU omite 16 P Jo 1.42 1 Cf. NU; TR e M omitem Eis os doze que designou
20 qMc 6.31 21'Me6.3
a Davi pão consagrado. Contudo, Abiatar certamente estava vivo e, talvez. pre- fugiar-se num pequeno barco (v 9). O povo, de toda parte, vem à Galiléia para
sente quando ocorreu o incidente referido. Portanto. "no tempo do sumo sacerdo- ouvir a Jesus.
te Abiatar" é frase rigorosamente certa. É provável que Jesus tenha referido a •3.11 quando o viam. Ainda que as multidões sejam constituídas de judeus (cf.
Abiatar porque ele era bem conhecido como um dos principais defensores de 7.26-29). Jesus está se defrontando constantemente com pessoas possuídas
Davi. por espíritos malignos. Na presença de Jesus, a verdadeira natureza do combate
•2.28 senhor... do sábado. Outra vez (cf. v. 1O) Jesus declara sua autoridade torna-se evidente (Ef 6.12). Os demônios são desmascarados e revelam a verda-
como Filho do Homem que traz bênçãos, esta vez como Mediador da lei do Anti- deira identidade de Jesus, o Filho de Deus (1.1, 1539. notas).
go Testamento referente ao sábado. Esta reivindicação é feita contra tradiçõ~s •3.12 advertia severamente. Ver 1.34,43.
que tinham tornado em peso o quarto mandamento que é estimulador da vida (Ex
•3.13 os que ele mesmo quis. Marcos dá ênfase ao fato de que a escolha dos
20.8-11) Desde que o sábado foi instituído na criação e não apenas sob Moisés,
apóstolos tem origem no determinado propósito de Jesus.
o senhor do sábado é também Senhor da criação.
•3.14 designou doze. Num tal contexto, a significação do número "doze" dificil-
•3.1 ressequida uma das mãos. Esta não era uma doença de vida ou morte, mente pode passar despercebida. Jesus estava estabelecendo a constituição do
cuja cura era permitida no dia de sábado, segundo as regras dos fariseus (v. 4,
novo Israel (Mt 19 28). Ver "Os Apóstolos", em At 1.26.
nota). A ação de Jesus pareceria uma provocação deliberada tanto quanto um
ato de misericórdia. para estarem com ele. Um sinal que aponta para a singularidade dos "doze" é o
tempo que eles passam com o Jesus terreno, um tempo de preparação.
•3.2 estavam observando a Jesus. Os fariseus (v. 6) fizeram da ação de Je-
sus uma prova, como evidentemente Jesus queria que eles fizessem. pregar. Outra vez (1.14, 17) é prioridade da missão a pregação, juntamente com
o exorcismo. O tempo de preparação tem um ênfase marcantemente prática.
•3.4 Élícito. Jesus antecipa a crítica deles. reiterando o ensino a respeito dosá-
bado, ensino que ele começou em 2.25-28. Os fariseus sustentavam que só a •3.18 Tadeu. Marcos e Mt 10.2-4 listam nomes idênticos para os doze. A lista
ajuda essencial ao doente era lícita no sábado. Jesus mostra que a interpretação paralela de Lc 6.12-16 (cf. At 1.13) tinha "Judas" ao invés de "Tadeu" Uma pos-
deles era contra o espírito do mandamento. que existia para promover o "bem" sível explicação desta diferença é que Tadeu pode ter tido um segundo nome,
(2.27). O bem que Jesus faz, trazendo a redenção, é exigido -e não proibido- Judas.
pela lei divina. Zelote. Ver nota em Mt 10.4.
•3.6 herodianos. Um grupo político. não religioso. que apoiava a dinastia de He- •3.19 lscariotes. Alguns crêem que Judas era um revolucionário político, por-
rodes. Apoiavam a aliança com Roma e dependiam dela. Ao colaborarem com os que "lscariotes" pode ter sido uma derivação do latim sicarius, "assassinos"
herodianos, os fariseus tinham se afastado para bem longe do ideal do Antigo Mais provavelmente, no entanto, a palavra deve ter uma origem semítica -ish.
Testamento para o povo de Deus (cf. Dt 17.15). Para mais informações sobre essa que significa "homem (de)" e Queriote. uma cidade, em Israel, perto de Hebrom
conspiração, ver Me 8.15; 12.13. (Js 15.25).
•3.8 grande multidão. A frase é repetida duas vezes (vs 8-9). O ministério pú- •3.21 parentes de Jesus. Alguns intérpretes identificam estes como a família
blico de Jesus, apesar da oposição da elite governante, (v. 6). está se tornando de Jesus; outros propõem companheiros ou amigos. Contudo, o grupo está pos-
um movimento de massa. Jesus é tão pressionado pela multidão que precisa re- sivelmente identificado no v. 31, como "seus irmãos e sua mãe"
MARCOS 3 1152
O PECADO IMPERDOÁVEL
Mc3.29
A solene advertência de Jesus a respeito de um pecado que nãO será perdoado, nem neste mundo nem no vindouro, é re-
gistrada pelos três Evangelhos Sinóticos (Mt 12.31-32; Me 3.28-30; lc 12.1 O). Especificamente, esse pecado é a "blasfêmia
contra o Espírito Santo". Essa blasfêmia é um ato consumado pela palavra, entendida como L!fll'&>fPressão dos penn~os
do coração (Mt 12.33-37; cf. Rm 10.9-10). No contexto específico, os opositores de Jesus estavam dizendo que o.Poder que
estava operando boas obras entre eles não era Deus, mas o diabo. Jesus faz distinção entre essa blasfêmia e outros pecados,
tanto pecados da língua como outros pecados em geral. Como a Bíblia ensina, Deus perdoou pecados de incesto, assassi-
natos, mentira e, mesmo, os pecados de Paulo como perseguidor da Igreja, pecados que Paulo cometeu quando respirava
"ameaças e morte contra os discípulos do Senhor" (At 9.1 ).
Oque toma diferente dos outros o pecado imperdoável é a sua relação com o Espírito Santo. A obra do Espirita Santo é ilu-
minar a mente dos pecadores (Ef 1.17-18), revelar e ensinar o evangelho (Jo 14.26), persuadir as almas a arrepender-se e a
crer na verdade (cf. At 7.51 ). OEspírito não só explica a Palavra de Deus, mas também abre a mente do modo que ela possa
ser entendida (2Co 3.16-17). Quando a influência do Espírito é deliberada e conscientemente recusada, em oposição à luz, en-
tão o pecado irreversível pode ser cometido como um ato voluntário e deliberado de malícia. Em resposta a essa atitude, há
um endurecimento do coração, vindo da parte de Deus, que impede o arrependimento e a fé (Hb 3.12-13). Nesse caso, Deus
permite que a decisão da vontade humana seja permanente. Deus não faz isto levianamente e sem causa, mas em resposta a
um ultraje cometido contra seu amor.
Uma pessoa que quer arrepender-se, isto é, que quer desfazer-se dos pecados que tenha cometido, não sofreu esse endu-
recimento e não cometeu o profundo ato de ódio que Deus determinou não será perdoado. Qualquer pessoa que nasceu de
novo não cometerá esse pecado, porque o Espírito vive nela e Deus não está dividido contra si mesmo (1Jo 3.9).
Os outros versículos que tratam do pecado imperdoável são Hb 6.4-6; 10.26-29; 1Jo 5.16-17. Esses versículos mostram
que a possibilidade de esse pecado ser cometido depende de ter havido iluminação e entendimento específicos da parte de
Deus e que isso não é matéria comum de todo dia. Jesus disse que todos os "pecados" e "blasfêmias" serão perdoados, ex-
ceto esse um pecado.
prender; 5 porque diziam: Está fora de si. 22 Os escribas, que rito Santo não tem perdão para sempre, visto que é réu de
haviam descido de Jerusalém, diziam: 1Ele está possesso de pecado eterno. 30 Isto, porque ªdiziam: Está possesso de um
Belzebu. E: É pelo "maioral dos demônios que expele os de- espírito imundo.
mônios. 23 vEntão, convocando-os Jesus, lhes disse, por
meio de parábolas: Como pode Satanás expelir a Satanás? Afamília de jesus
24 Se um reino estiver dividido contra si mesmo, tal reino 31 bNisto, chegaram sua mãe e seus irmãos e, tendo fica-
não pode subsistir; 25 se uma casa estiver dividida contra si do do lado de fora, mandaram chamá-lo. 32 Muita gente es-
mesma, tal casa não poderá subsistir. 26 Se, pois, Satanás se tava assentada ao redor dele e lhe disseram: Olha, tua mãe,
levantou contra si mesmo e está dividido, não pode subsis- teus irmãos 8 e irmãs estão lá fora à tua procura. 33 Então,
tir, mas perece. 27 xNinguém pode entrar na casa do valente ele lhes respondeu, dizendo: Quem é minha mãe e meus ir-
para roubar-lhe os bens, sem primeiro amarrá-lo; e só então mãos? 34 E, correndo o olhar pelos que estavam assentados
lhe saqueará a casa. 28 zEm verdade vos digo que tudo será ao redor, disse: Eis minha mãe e meus irmãos. 35 Portanto,
perdoado aos filhos dos homens: os pecados e as blasfêmias qualquer que fizer ca vontade de Deus, esse é meu irmão,
que proferirem. 29 Mas aquele que blasfemar contra o Espf- irmã e mãe .
• ~~~ÍTULO--; -;-ª ~ 8.4-1O-2 ~e; ;; 4 1 c;-N~ M~~R ~re~~n~do ~U ~~ omit~ ~ a~-C-e acr~scenta
céu, 2 M; TR para
eles; NU e M omitem 10 CMt 13.10; Lc 8.9 11 d[Mt 11 25; 1Co 2 10-16; 2Co 4.6] e [1 Co 5.12-13; CI 4.5; 1Ts 4.12; 1Tm 3.7] 3verdades
secretas ou ocultas 12/ls 6.9-10; 43.8; Jr 5.21; Ez 12.2; Mt 13.14; Lc 8.10; Jo 12.40; Rm 11.8 14gMt13.18-23; Lc 8.11-15 19 h Lc
21.34 ipy 23.5; Ec 5.13; Lc 18.24; 1Tm 6.9-10, 17 20 i[Jo 152,5; Rm 7.4] 21 IMt 5.15; Lc 8.16; 11.33 22 mEc 12.14; Mt 10.26-27; Lc
°
12.3; [1 Co 4 5] 23 n Mt 11.15; 13 9,43; Me 4.9; Lc 8.8; 14.35; Ap 3.6, 13,22; 13.9 24 Mt 7.2; Lc 6.38; 2Co 9.6 25 PMt 13.12; 25.29;
Lc8.18;19.26 26q[Mt1324-30,36-43];Lc8.1 27T[2Co3.18;2Pe3.18] 28 5 [Jo12.24] 29t[Mc13.30];Ap14.15 30UMt
12 31-32; Lc 13.18-19; [At 241; 4.4; 5.14; 19.20]
•4.2 parábolas. Ver Mt 13.3, nota. •4.13 todas as parábolas. Esta explicação a respeito da função das parábolas
•4.3-8 semeador a semear. Na Palestina do século I, o semear precedia o arar. aplica-se a todas as parábolas. Ver nota em Mt 13.13.
Nos caminhos feitos pelos aldeães e nas áreas espinhosas, as sementes eram •4.14-20 O "mistério" da parábola não é o seu ensino moral a respeito da dureza
enterradas pelo arado. Lugares rochosos. cobertos por uma fina camada de terra, dos corações humanos. O "mistério" está no paradoxo que a vinda do reino de
só se tomavam visíveis depois de arados. Deus deve ser comparada com uma frágil semente. OFilho do Homem, que exer-
•4.9 Quem tem ouvidos. Ver também v. 23; Mt 11.15; 13.9,43; Lc 8.8; 14.35; ce toda autoridade na terra (2.11,27), aparece como Jesus de Nazaré. A vinda do
Ap 2.7; cf. SI 115.6. Esta frase é uma chamada para ficar atento. reino não é igualmente visível a cada um, embora seja um reino de poder. Os que
estão fora têm corações não receptivos. Para aqueles que têm ouvidos para ouvir,
•4.10 Quando Jesus ficou só. Jesus estava só com os seus discípulos, em
a parábola revela o "mistério" da redenção encoberto na pessoa e obra do próprio
particular com os doze (3.14, nota), dando-lhes instruções especiais. Este aspec-
Cristo (1.34, nota)
to do ministério terreno de Jesus está em todos os Evangelhos.
•4,11 mistério... parábolas. Ver nota textual. O"mistério" se refere à revelação •4.19 fascinação da riqueza. Cf. Ef 4.22.
divina especial (Rm 16.25; Ef 1.9; 3.3,9), a noção do Antigo Testamento de que o •4.22 nada está oculto .•• senão para ser revelado. Durante o ministério ter-
profeta. pelo Espírito, está presente no conselho deliberativo de Deus. Aquilo q~e reno de Cristo, coisas estão encobertas; mas virá o dia, da ressurreição em dian-
ele ouve torna-se sua mensagem autorizada, divinamente inspirada para o povo (Ex te, quando tudo será revelado (Mt 10.26-27; Lc 12.2-3).
24. 15-18; Dt 33.2; 1Fls 22 19; Is 6.1-13; Jr23.18; Am 3.7). Tal revelação se cumpre •4.24 Com a medida com que tiverdes medido. A futura disseminação do
plenamente no evangelho, que Paulo, mais tarde, chamará o "mistério de Cristo" (Ef mistério do reino será recompensada na medida direta da fidelidade da pessoa à
3.4; CI 4.3) ou "o mistério do evangelho" (Ef 6.19). Aqui, o mistério do reino é que o esta obra.
reino vem com Jesus, porque ele é o Rei. Esse "mistério" revelado aos discípulos é
contrastado com "parábolas" contadas "aos de fora". Para "os de fora", a parábola •4.25 ao que tem se lhe dará. Este princípio é ilustrado nas parábolas dos ta-
é um enigma (contrastar Jo 16.29), obscurecendo o seu entendimento, como as lentos (Mt 2514-30) e das minas (Lc 19.11-27).
Escrituras tinham profetizado (v. 12, citando Is 6 9-10). Para "os de fora", Jesus per- •4.30-32. A parábola do grão de mostarda é outra vez relacionada com a presen-
manece um enigma provocativo, como será através de todo o seu ministério. te manifestação do reino, na pessoa de Jesus.
MARCOS 4, 5 1154
de mostarda, que, quando semeado, é amenor de todas as se- cros, ao seu encontro, um homem possesso de bespírito
mentes sobre a terra; 32 mas, uma vez semeada, cresce e se imundo, 3 o qual vivia nos sepulcros, e nem mesmo com ca-
torna maior do que todas as hortaliças e deita grandes ramos, deias alguém podia 2 prendê-lo; 4porque, tendo sido muitas
a ponto de as aves do céu poderem aninhar-se à sua sombra. vezes preso com grilhões e cadeias, as cadeias !oram quebra-
das por ele, e os grilhões, despedaçados. E ninguém podia
Por que jesus falou por parábolas subjugá-lo. s Andava sempre, de noite e de dia, clamando por
33 vE com muitas parábolas semelhantes lhes expunha a entre os sepulcros e pelos montes, ferindo-se com pedras.
palavra, conforme o permitia a capacidade dos ouvintes. 34 E ó Quando, de longe, viu Jesus, correu e o adorou, 7 excla-
sem parábolas não lhes falava; tudo, porém, xexplicava em mando com alta voz: Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do
particular aos seus próprios discípulos. Deus Altíssimo? cconjuro-te3 por Deus que não me atormen-
tes! 8 Porque Jesus lhe dissera: dEspírito imundo, sai desse
Jesus acalma uma tempestade homem! 9 E perguntou-lhe: Qual é o teu nome? Respondeu
35 zNaquele dia, sendo já tarde, disse-lhes Jesus: Passemos ele: Legião é o meu nome, porque somos muitos. to E rogou-
para a outra margem. 36 E eles, despedindo a multidão, o le- lhe encarecidamente que os não mandasse para fora do país.
varam assim como estava, no barco; e outros barcos o segui- 11 Ora, pastava ali pelo monte uma grande manada de epor-
am. 37 Ora, levantou-se grande temporal de vento, e as ondas cos. 12 E os espíritos imundos rogaram a Jesus, dizendo:
se arremessavam contra o barco, de modo que o mesmo já es- Manda-nos para os porcos, para que entremos neles. 13 4 Je-
tava a encher-se de água. 38 EJesus estava na popa, dormindo sus o permitiu. Então, saindo os espíritos imundos, entraram
sobre o travesseiro; eles o despertaram e lhe disseram: ªMes- nos porcos; e a manada, que era cerca de dois mil, precipi-
tre, bnão te importa que pereçamos? 39 E ele, despertando, tou-se despenhadeiro abaixo, para dentro do mar, onde se
e repreendeu o vento e disse ao mar: d Acalma-te, 4 emudece! afogaram. 14 Os porqueiros fugiram e o anunciaram na cida-
O vento se aquietou, e fez-se grande bonança. 40 Então, lhes de e pelos campos.
disse: Por que sois assim tímidos?! ecomo 5 é que não tendes
fé? 41 E eles, possuídos de grande temor, diziam uns aos ou- Os gerasenos rejeitam a jesus
tros: Quem é este que até o vento e o mar lhe obedecem? Então, saiu o povo para ver o que sucedera. IS Indo ter com
Jesus, viram/o endemoninhado, o que tivera a legião, gassen-
A cura do endemoninhado geraseno tado, hvestido, em perfeito juízo; e temeram. 16 Os que haviam
5 Entrementes, ªchegaram à outra margem do mar, à terra presenciado os fatos contaram-lhes o que acontecera ao ende·
dos 1 gerasenos. 2 Ao desembarcar, logo veio dos sepul- moninhado e acerca dos porcos. 17 E i entraram a rogar-lhe que
• 33 v Mt 13.34-35; [Jo 16.12] 34 x Lc 24.27.45 35 z Mt 8.18,23-27; Lc 8.22.25 38 a [Mt 23.8-1 O] b SI 44.23 39 e Me 9.25; Lc
4.39 d SI 65.7; 89.9; 93.4; 104.6-7; Mt 8.26; Lc 8.24 4 Lit. Fique qweto 40 e Mt 14.31-32; Lc 8.25 5NUAinda não tendes fé?
CAPiTuLO 5 1 ªMt8.28-34; Lc 8.26-37 1 Cf. NU; TR e Mgadarenos 2 bMc 1.23; 7.25; [Ap 16.13-14] 3 2NU acrescenta mais 7 CMt
26.63; Me 1.24; At 19.133fu te exijo 8 d Me 1.25; 9.25; [At 16.18] 11 eLv 11.7-8; Dt 14.8; Lc 15.15-16 13 4NU Ele IS!Mt 4.24;
8.16; Me 1.32 glc 10.39 h [Is 61.10] 17 iMt 8.34; At 16.39
•4.32 avas do céu. Em Dn 4.21, a mesma metáfora se refere ao domínio mundi- tura missão da Igreja aos gentios. Ocaráter gentílico da população se torna claro,
al de Nabucodonosor. uma vez que os judeus não criavam porcos, porque a lei mosaica os considerava
•4.33-34 Ver vs. 10-12. animais imundos.
•4.35 a outra margem. De acordo com 3.7, Jesus está na Galiléia. A "outra •5.2 vaio dos sepulcros. Este homem endemoninhado estava afastado do seu
margem" do lago é a região dos gadarenos, em Decápolis 15.1, nota). contato humano normal, separado de sua aldeia e de sua família lv. 19).
•4.37 grande temporal. Omar da Galiléia fica a cerca de 213 m abaixo do nível •5.3 nem ... alguém podia prendi-lo. Violência e força física incomum, que o
do mar, tem cerca de 21 km de comprimento por cerca de 13 km de largura. Na levam a uma lenta autodestruição (v. 5; 9.22). parece freqüentemente caracteri-
sua extremidade meridional, há um vale profundo cercado por rochas escarpa- zar o endemoninhado lv. 13; 1.26; 9.18,20,22,26); porém, ante a força espiritual
das. Ovento, afunilando-se através de colinas que o cercam e através deste vale, de Jesus, os demônios se acovardam e fogem.
pode açoitar o lago, provocando repentinas e violentas tempestades. •5. 7 Que tenho au contigo. Ver 1.24.
•4.38 donnindo. Jesus tinha estado ensinando o dia todo e, sem dúvida, estava •5.9 Qual é o tau nome. Entendia-se que chamar pelo nome era ganhar poder
exausto. Marcos, assim como João IJo 4.6; 11.35,38). dá ênfase à plena huma- sobre eles. Os demônios já tinham identificado a Jesus (v. 7; cl. 1.24-34\. mas.
nidade de Jesus. por meio desta pergunta, Jesus revela o seu poder superior.
•4.39 Acalma-te, amudaca. Lit. "seja amordaçada". Jesus tem autoridade Legião. Jesus força o demônio a se desmascarar. Ele não é apenas um, mas mui-
sobre a terra para perdoar pecados 12.10), é Senhor do sábado 12.28). tem au- tos. Uma legião romana compunha-se de seis mil homens.
toridade no seu ensino 11.22) e sobre os demônios 11.27) e agora demonstra •5.1 OErogou-lha. Odemônio acovarda-se diante de Jesus. mesmo invocando
sua autoridade sobre a natureza. O ato de acalmar a tempestade parece-se o nome de Deus como uma forma de proteção (v. 7). e reconhece que Jesus tem
com o seu poder de exorcizar: há a expressão demoníaca de violência 11.26; poder absoluto sobre ele.
5.4, 13). a ordem para a natureza aquietar-se 11.25, nota) e a calma resultante •5.13 Jesus o permitiu. Jesus permite que os demônios entrem nos porcos
15.15). Jesus amarra "o valente" 13.23-27) e corrige com seu poder a criação fí- que, então. se precipitam despenhadeiro abaixo. Este exorcismo é uma demons-
sica. tração dramática do poder de Jesus sobre o mal (vs. 14,16) e da presença do rei-
•5.1 terra dos garasanos. Gerasa ficava a uns 48 km a sudeste do lago. Gadara no em seu ministério llc 11.20). Ver "Demônios", em Dt 32.17.
estava cerca de 10 km ao sul do lago !Mt 8.28, nota), e ocorre em outros manus- •5.15 assentado. Em comparação com o seu violento comportamento anterior
critos gregos. Há também uma aldeia chamada Kersa, à margem oriental, com a e com a recente destruição dos porcos, o homem "assentado, vestido, em perfei-
mesma espécie de despenhadeiros e sepulcros descritos na história. Jesus entra to juízo" expressa com eloqüência a paz e a restauração vivificante, que provêem
em Decápolis, uma associação de dez cidades-estados gregas. antecipando afu- do poder de Jesus 14.39; 9.26-27).
se retirasse da terra deles. 18 Ao entrar Jesus no barco, isupli-
1155
33 Então, 1
MARCOS 5, 6
a mulher, atemorizada e tremendo, cônscia do que
l
cava-\he o que fora endemoninhado que o deixasse estar com nela se operara, veio, prostrou-se diante dele e declarou-lhe
ele. 19 Jesus, porém, não lho permitiu, mas ordenou-lhe: Vai toda a verdade. 34 E ele lhe disse: Filha, "a tua fé te salvou;
para tua casa, para os teus. Anuncia-lhes tudo o que o Senhor vvai-te em paz e fica livre do teu mal.
te fez e como teve compaixão de ti. 20 Então, ele foi e começou
1a proclamar em 5 Decápolis tudo o que Jesus lhe fizera; e todos A ressurreição da filha de ]airo
m se admiravam. 35 xFalava ele ainda, quando chegaram alguns da casa do
chefe da sinagoga, a quem disseram: Tua filha já morreu; por
O pedido de ]airo que ainda incomodas o Mestre? 36 Mas Jesus, sem acudir a tais
21 nTendo Jesus voltado no barco, para o outro lado, afluiu palavras, disse ao chefe da sinagoga: Não temas, 2 crê somente.
para ele grande multidão; e ele estava junto do mar. 22 ºEis que 37 Contudo, não permitiu que alguém o acompanhasse, senão
se chegou a ele um dos principais da sinagoga, chamado Jairo, Pedro e os irmãos Tiago e João. 38 Chegando à casa do chefe da
e, vendo-o, prostrou-se a seus pés 23 e insistentemente lhe su- sinagoga, viu Jesus o 7 alvoroço, os que ªchoravam e os que
plicou: Minha filhinha está à morte; vem, Pimpõe as mãos so- pranteavam muito. 39 Ao entrar, lhes disse: Por que estais em
bre ela, para que seja salva, e viverá. 24 Jesus foi com ele. alvoroço e chorais? A criança não está morta, mas bdorme.
40 E riam-se dele. crendo ele, porém, mandado sair a todos, to-
A cura de uma mulher eriferma mou o pai e a mãe da criança e os que vieram com ele e entrou
Grande multidão o seguia, comprimindo-o. onde ela estava. 41 Tomando-a pela mão, disse: Talitá cumi!,
25 Aconteceu que certa mulher, que, qhavia doze anos, vi- que quer dizer: Menina, eu te mando, levanta-te! 42 Imediata-
nha sofrendo de uma hemorragia 26 e muito padecera à mão mente, a menina se levantou e pôs-se a andar; pois tinha doze
de vários médicos, tendo despendido tudo quanto possuía, anos. Então, ficaram todos dsobremaneira admirados. 43 Mas
sem, contudo, nada aproveitar, antes, pelo contrário, indo a eJesus ordenou-lhes expressamente que ninguém o soubesse;
pior, 27 tendo ouvido a fama de Jesus, vindo por trás dele, por e mandou que dessem de comer à menina.
entre a multidão, rtocou-lhe a veste. 28 Porque, dizia: Se eu
apenas lhe tocar as vestes, ficarei curada. 29 E logo se lhe es- jesus prega em Nazaré. É rejeitado pelos seus
tancou a hemorragia, e sentiu no corpo estar curada do seu Ó ªTendo Jesus partido dali, foi para a sua terra, e os seus
ó flagelo. 30 Jesus, reconhecendo imediatamente que 5 dele discípulos o acompanharam. 2 Chegando o sábado, pas-
saíra poder, virando-se no meio da multidão, perguntou: sou a ensinar na sinagoga; e muitos, ouvindo-o, bse maravi-
Quem me tocou nas vestes? 31 Responderam-lhe seus discí- lhavam, dizendo: coonde vêm a este estas coisas? Que
pulos: Vês que a multidão te aperta e dizes: Quem me tocou? sabedoria é esta que lhe foi dada? E como se fazem tais ma-
32 Ele, porém, olhava ao redor para ver quem fizera isto. ravilhas por suas mãos? 3 Não é este o carpinteiro, filho de
·~8-~;;;38-39 20~~~ ;~I ~ 1-;mM~ ;;;~3;~Jo~2;7 ;-;t 12; ~ ~~~s:i-;~~idad-:S -=; 1-:-M~~l~-Lc -;~O~~:~~
9.18-26; Lc 8.41-56; At 13.15 23 P Mt 8.15; Me 6.5; 7.32; 8 23.25; 16.18; Lc 4.40; At 9.17; 28.8 25 q Lv 15.19,25; Mt 9.20 27 rMt
1435-36; Me 3.1 O; 6.56 29 6 sofrimento 30 s Lc 6.19; 8.46 33 l[SI 89 7] 34 u Mt 9.22; Me 10.52; At 14.9 v 1Sm 1.17; 20.42; 2Rs
5.19; Lc 7.50; 8.48; At 1636; [Tg 216] 35 Xlc 8.49 36 z[Mc 9.23; Jo 11.40] 38 ªMe 16.10; At 9.39 ?tumulto 39bJo11.4,11
40 e At 9.40 42 d Me 1.27; 7.37 43 e [Mt 8.4; 12.16-19; 17 9]; Me 3.12
CAPÍTULO& lªMt13.54;Lc4.16 2bMt7.28CJo6.42
•5.19 Vai para tua casa. Este homem se torna o primeiro missionário gentio. •5.38 pranteavam. Nas culturas do Oriente Médio, prantear era uma expressão
Jesus geralmente exige silêncio (1.34, nota). porém neste caso ele permite a pre- habitual de luto e. às vezes, apelava-se para pranteadores profissionais.
paração para futura missão da Igreja a começar. Jesus. posteriormente. ordenará •5.40 mandado sair a todos. Jesus não está interessado num grande espetá-
silêncio com relação a outra cura realizada em Decápolis, mas não obtém resulta- culo de cura. Ao invés disso, ele está preocupado com o sofrimento da menina,
do 17 .31-37) com a fé que tinham os pais dela e com o objetivo último de sua missão (v. 43).
•5.22 principais da sinagoga. Ainda que fosse um leigo, as responsabilidades •5.41 Talitá cumi. Oaramaico era a língua popular falada na Palestina. Marcos
de um chefe eram social e religiosamente importantes. incluindo não só a conser- dá a tradução para outros termos aramaicos 13.17; 7.11,34; 10.46; 14.36). de
vação do edifício. mas, também, a condução própria do serviço e a escolha das modo a tornar sua narrativa mais clara para os que não tinham familiaridade com
leituras da Torá essa língua.
•5.25 uma b~morragia. A condição da mulher era não só fisicamente debilitan- •5.43 ordenou-lhes expressamente. Ver notas no v. 19 e 134.
te. mas também a desqualificava tanto para o casamento (Lv 20.18) quanto para
•6.1 foi para a sua terra. Nazaré. cerca de 32 km a sudoeste de Cafarnaum e
a vida religiosa em geral (Lv 15.25-33)
do mar da Galiléia.
•5.29 logo. Ver 1.1 O, nota.
•5.30 Quem me tocou nas vestes. Um toque de fé é sentido por Jesus. mes- seus discípulos. Os Doze (v 7).
mo no meio de uma multidão numerosa. onde muitos o estavam tocando. A frase •6.2 sábado. Ainda que fosse o Senhor do sábado (2.28), Jesus observa sema-
"que dele saíra poder" ocorre somente aqui. nalmente o culto sabático 11 21; 31. Lc 4 16-30).
•5.32 olhava ao redor. Para uma mulher que tinha sido uma rejeitada social por se maravilhavam. Ver 1.22; 737; 10.26; 11.18.
muitos anos, a cura só se completa quando Jesus a identifica publicamente, elo- •6.3 carpinteiro. Poderia também significar "pedreiro" O trabalho de Jesus.
giando sua fé. declarando a todos que ela está curada (v. 34) e purificada. antes de seu ministério. pode explicar o emprego de metáforas sobre constru-
•5.37 Pedro ... Tiago e João. Jesus construiu ao redor dele uma hierarquia de ções, especialmente ao descrever seu próprio ministério essencial
intimidade. Há numerosos discípulos 1410). dos quais doze são designados após- (1458.15 29; Mt 7.24; 16.18; 21.33; Lc 12.18; 17 28) A observação con-
tolos (3.13-19) e dentre os doze. alguns (Pedro, Tiago e João e. às vezes, André) cernente ao trabalho manual talvez não seia depreciativa como tal. pois espe-
desfrutam da mais plena intimidade de Jesus, mais notavelmente na Transfigura- rava-se que todos os Rabis tivessem uma ocupação. Paulo fora educado como
ção 19 2-13) e no Getsêmani 11432-33). um Rabi e fazia tendas ou toldos (At 183; 22.3; 26.5; Fp 3.5-6) A acusação é
MARCOS 6 1156
Maria, dirmão de Tiago, José, Judas e Simão? E não vivem E Herodias 4 o odiava, querendo matá-lo, e não podia.
19
aqui entre nós suas irmãs? E e escandalizavam-se nele. 4 Je- 20 Porque
Herodes ztemia a João, sabendo que era homem
sus, porém, lhes disse: !Não há profeta sem honra, senão na justo e santo, e o tinha em segurança. E, 5 quando o ouvia, fi-
cava perplexo, escutando-o de boa mente. 21 ªE, chegando
sua terra, entre os seus parentes e na sua casa. 5 gNão pôde fa-
zer ali nenhum milagre, senão curar uns poucos enfermos, um dia favorável, em que Herodes bno seu aniversário natalí-
impondo-lhes as mãos. 6 h Admirou-se da incredulidade de- cio dera um banquete aos seus dignitários, aos oficiais milita-
les. ;Contudo, percorria as aldeias circunvizinhas, a ensinar. res e aos principais da Galiléia, 22 entrou a filha de Herodias e,
dançando, agradou a Herodes e aos seus convivas. Então, dis-
As instruções para os doze se o rei à jovem: Pede-me o que quiseres, e eu to darei. 23 E
7 iChamou Jesus os doze e passou a enviá-los de 1dois a jurou-lhe: cse pedires mesmo que seja a metade do meu rei-
dois, dando-lhes autoridade sobre os espíritos imundos. no, eu ta darei. 24 Saindo ela, perguntou a sua mãe: Que pedi-
8 Ordenou-lhes que nada levassem para o caminho, exceto rei? Esta respondeu: A cabeça de João Batista. 25 No mesmo
um bordão; nem pão, nem alforje, nem dinheiro; 9 que mfos- instante, voltando apressadamente para junto do rei, disse:
sem calçados de sandálias e não usassem duas túnicas. 10 n E Quero que, sem demora, me dês num prato a cabeça de João
recomendou-lhes: Quando entrardes nalguma casa, perma- Batista. 26 dEntristeceu-se profundamente o rei; mas, por
necei ai até vos retirardes do lugar. 11 °Se 1nalgum lugar não causa do juramento e dos que estavam com ele à mesa, não
vos receberem nem vos ouvirem, ao sairdes dali, Psacudi o pó lha quis negar. 27 E, enviando logo o executor, mandou que
dos pés, em testemunho contra eles. 2 12 Então, saindo eles, lhe trouxessem a cabeça de João. Ele foi, e o decapitou no cár-
pregavam ao povo que se arrependesse; 13 expeliam muitos cere, 28 e, trazendo a cabeça num prato, a entregou à jovem,
demônios e curavam numerosos enfermos, qungindo-os com e esta, por sua vez, a sua mãe. 29 Os discípulos de João, logo
óleo. que souberam disto, vieram, elevaram-lhe o corpo e o deposi-
taram no túmulo.
A morte de joão Batista
14 rchegou isto aos ouvidos do rei Herodes, porque o A primeira multiplicação de pães e peixes
nome de Jesus já se tornara notório; e alguns diziam: João Ba- 30fVoltaram os apóstolos à presença de Jesus e lhe relata-
tista ressuscitou dentre os mortos, e, por isso, 5 nele operam ram tudo quanto haviam feito e ensinado. 31 8E ele lhes disse:
forças miraculosas. 15 10utros diziam: É Elias; ainda outros: É Vinde repousar um pouco, à parte, num lugar deserto; por-
3 profeta ucomo um dos profetas. 16 vHerodes, porém, ouvin- que eles não tinham tempo nem para comer, visto nserem nu-
do isto, disse: É João, a quem eu mandei decapitar, que ressur- merosos os que iam e vinham. 32 ;Então, foram sós no barco
giu. 17 Porque o mesmo Herodes, por causa de Herodias, para um lugar solitário. 33 6 Muitos, porém, os viram partir e,
mulher de seu irmão Filipe (porquanto Herodes se casara !reconhecendo-os, correram para lá, a pé, de todas as cidades,
com ela), mandara prender a João e atá-lo no cárcere. 18 Pois e chegaram antes deles. 34 1Ao desembarcar, viu Jesus uma
João lhe dizia: xNão te é lícito possuir a mulher de teu irmão. grande multidão e compadeceu-se deles, porque eram como
e=~
3dMt12.46e[Mt11.6] 4/Jo4.44 5iGn19.22;32.25 6hls59.16iMt9.35 7iMc3.13-14i[Ec4.9-10] 9m[Ef615J 1onMt
10.11 11 °Mt 10.14PAt13.51; 18.6 1 Cf. NU; TA e Malguém 2Cf. NU; TA e M acrescentam Em verdade vosdigoquehaverámaistolerância
no dia do juízo para Sodoma e Gomorra, do que os daquela cidade; NU omite 13 q [Tg 5.14] 14 r Lc 9. 7-9 s Lc 19 .3 7 15 t Me 8.28 u Mt
21.11 3 Cf. NU e M; TA o Profeta, ou como um dos profetas 16 Vlc 3.19 18 Xlv 18.16; 20.21 19 4guardava-lhe ódio 20 ZMt 14.5;
21.26 5NUmesmoassimo escutava 21 ªMt 14.6 bGn 40.20 23 cEt 5.3,6; 7.2 26dMt14.9 29e1As 13.29-30; Mt 27.58-61; At 8.2
30/Lc 9.10 31 gMt 14.13 hMc 3.20 32iMt14.13-21; Lc 9.10-17; Jo 6.5-13 33 i[CI 1.6] ô NU e MEies 34 IMt 9.36; 14 14; [Hb 5.2]
que Jesus (que ensina "sabedoria", no v. 2), é um operário comum, sem cre- •6.14 aos ouvidos do rei Herodes. Herodes Antipas, filho de Herodes, o Gran-
denciais religiosas ou acadêmicas. de, era tetrarca (governador de um estado dependente) da Galiléia e Peréia.
filho de Maria. Ver 3.31. •6.15 um dos profetas. Especulação a respeito da identidade de Jesus condu-
•6.4 na sua casa. Jesus não só é rejeitado pelo povo da cidade e pelo mais am- zirá às narrativas da multiplicação de pães e peixes (vs. 30-44; 8.1-9) e da cami-
plo círculo de parentes ali, como também por sua própria família (3.31 ). nhada sobre a água (vs. 47-52), que apontam para a divindade pessoal de Jesus.
Porém primeiro Marcos relata as circunstâncias da morte de João Batista, com
•6.7 os doze. Tendo já sido designados para estarem com Jesus (3.14, nota), e
quem Herodes e outros tinham identificado Jesus.
tendo já recebido instruções especiais concernentes ao mistério da pessoa e do
papel de Cristo (4.10-11, notas), aos Doze agora é permitido compartilhar do mi- •6.17 mulher de seu irmão Filipe. Herodias era filha de Aristóbulo, um dos fi-
nistério e da autoridade de Jesus. lhos de Herodes, o Grande. Outros filhos de Herodes, o Grande, incluíam Herodes
Antipas e Herodes Filipe (filhos de diferentes esposas). Depois de casar-se com
enviá-los. Overbo "enviar" tem a mesma raiz do substantivo "apóstolo" e ressal-
seu meio-tio Herodes Filipe, Herodias o de'1xou para manter uma relação adúltera
ta os laços com Jesus, como representantes pessoais dele (3.14, nota).
com o irmão dele, Herodes Antipas. Tal era o comportamento moral licencioso da
dois a dois. Oprincípio bíblico de que o testemunho deveria ser firmado por, pelo dinastia de Herodes, contra o qual João Batista pregava (cf. Lv 18.16,20).
menos, duas testemunhas (Nm 35.30; Dt 17.6; 19.15; Mt 18.16; Jo 8.17; 2Co •6.31 à parte. Estar sozinhos com Jesus - que então os instruía no mistério do
13.1; 1Tm 5.19; Hb 10.28) foi também aplicado na atividade missionária da Igreja reino (4.10-11) - era parte da preparação deles para o futuro ministério (4.34;
Primitiva, nos ministérios de Pedro e João (At 3.1; 4.1), de Paulo e Barnabé (At 9.2,28; 13.3; cf. Jo 13.1, 16.29).
13.2) e de Paulo e Silas (At 15.40).
•6.34 e compadeceu-se deles. Jesus faz aquilo que Deus prometeu fazer em
•6.8 nem pão. Mt 1D. 1Ddá arazão "porque digno é o trabalhador do seu alimento". Ez 34.11, 14: "Eis que eu mesmo procurarei as minhas ovelhas e as buscarei ...
•6.11 sacudi o pó dos pés. Os judeus rigorosos sacudiam o pó de seus pés de- Apascentá-las-ei de bons pastos". Jesus age como o Pastor do povo de Deus, do
pois de atravessarem territórios pagãos. A recusa do evangelho convida à mesma mesmo modo que Moisés (Nm 27.15-17; SI 77.20), Davi (SI 78.70-72) ou Deus
reação. mesmo (SI 23.1; 74.1; 78 52-53; 80.1; Ez 34.15).
l
1157 MARCOS 6, 7
movelhas que não têm pastor. E npassou a ensinar-lhes mui- da quarta vigi1ia da noite, veio ter com eles, andando por so-
tas coisas. 35 ºEm declinando a tarde, vieram os discípulos a bre o mar; e xqueria tomar-lhes a dianteira. 49 Eles, porém,
Jesus e lhe disseram: É deserto este lugar, e já avançada a vendo-o andar sobre o mar, pensaram tratar-se de zum fantas-
hora; 36 despede-os para que, passando pelos campos ao re- ma e gritaram. 50 Pois todos ficaram aterrados à vista dele.
dor e pelas aldeias, comprem 7 para si o que comer. 37 Porém Mas logo lhes falou e disse: ªTende' bom ânimo! Sou eu.
ele lhes respondeu: Dai-lhes vós mesmos de comer. Disse- bNão temais! 51 E subiu para o barco para estar com eles, e o
ram-lhe: Piremos comprar duzentos denários de pão para vento e cessou. Ficaram entre si d atônitos, 52 porque •não ha-
lhes dar de comer? 38 E ele lhes disse: Quantos pães tendes? viam compreendido o milagre dos pães; antes, f o seu coração
Ide ver! E, sabendo-o eles, responderam: qCinco pães e dois estava endurecido.
peixes. 39 Então, Jesus 'lhes ordenou que todos se assentas-
sem, em grupos, sobre a relva verde. 40 E o fizeram, repar- Jesus em Genesaré
tindo-se em grupos de cem em cem e de cinqüenta em 53 &Estando já no outro lado, chegaram a terra, em Gene-
cinqüenta. 41 Tomando ele os cinco pães e os dois peixes, 5 er- saré, onde aportaram. 54 Saindo eles do barco, logo 2 o povo
guendo os olhos ao céu, 1os abençoou; e, partindo os pães, reconheceu Jesus; 55 e, percorrendo toda aquela região, trazi-
deu-os aos discípulos para que os distribuíssem; e por todos am em leitos os enfermos, para onde ouviam que ele estava.
repartiu também os dois peixes. 42 Todos comeram e se farta- 56 Onde quer que ele entrasse nas aldeias, cidades ou
ram; 43 e ainda recolheram doze cestos cheios de pedaços de campos, punham os enfermos nas praças, rogando-lhe que
pão e de peixe. 44 Os que comeram dos pães eram 8 cinco mil hos deixasse tocar ao menos ina orla da sua veste; e quantos a
homens. tocavam saíam curados.
• 5 dMt 15.2 ó eMt 2313-29/ls 29.13 8 3Cf. NU; TR e M acrescentam como o lavar dos jarros e dos copos, e fareis muitas outras coisas
semelhantes a estas, no final deste versículo; NU omite 9 gPv 1.25; Is 24.5; Jr 7.23-24 4colocais de lado
•7 ,5 Por que não andam os teus discípulos. Os fariseus e os escribas não es- •7,8 Negligenciando o mandamento de Deus. Overbo "negligenciar" pode
tão genuinamente interessados na prática da refeição dos discípulos de Jesus, significar também "cancelar" ou "abandonar" Jesus não é um antinomiano.
mas na razão por que Jesus, como Mestre deles, não exige que eles observem "a Como o salmista, ele se consumia por desejar incessantemente a lei de Deus ISI
tradição dos anciãos", de modo geral. 119.20). que ele cumpre, protege IMt 5.17-20) e detende. Ele não é nem mesmo
contra a tradição, mas é contra aquilo que nela anula as Escrituras.
•7,6 Isaías, Oobjetivo de Jesus é trazer o povo de volta à conformidade com as
Escrituras.
As cidades do ministério
na Galiléia
Jesus iniciou seu ministério público em Caná, onde
honrou uma festa de casamento com a sua presença e "'\
transformou água em vinho (Jo 2.1-11 ). Na sinagoga de Nezeré. Monte Tabor
Nazaré, Jesus anunciou que ele é o cumprimento da \. \.
profecia do Livro de Isaías (Lc 4.16-22). Mas sua cidade -.\.... ... , 0 Nalm
de origem o rejeitou. Por isso, ele foi a Cafarnaum, uma
próspera cidade pesqueira situada junto a uma rota
comercial internacional. Ali estabeleceu a base do '"'-·
ministério. \
Em Cafarnaum, chamou Mateus para ser seu dis-
cípulo (Me 2.14) e curou o servo paralítico de um cen- \.
.. ............;;;i.J.
turião (Mt 8.5-13), bem como a sogra de Pedro (Mt
8.14-15). O mar da Galiléia, com sua indústria pes-
SAMARIA
queira, foi palco de muitos milagres. Em Naim, Jesus
ressuscitou misericordiosamente o único filho de uma
viúva (Lc 7.11-17).
,.
Corazim e Betsaida foram cidades que Jesus ·· '\ ? Locelização in~rta
acusou por causa da incredulidade (Mt 11.21 ). Gera- "··.
sa foi provavelmente o local onde Jesus curou os de-
moníacos (Mt 8.28-34).
"--·,-.,,. PERÉIA
e:
hHonra a teu pai e a tua mãe;
A TRANSFIGURAÇÃO DE JESUS
Mc9.2
Registrada em três Evangelhos (Mt 17 .1-8; Me 9.2-8; Lc 9.28-36) e atestada por Pedro e João (cf. 2Pe 1.16-1 B; Jo 1.14), a
Transfiguração foi uma revelação da divindade de Jesus. Atransformação na aparência de Jesus, quando ele orava (Lc 9.29),
foi uma transição momentânea do ocultamento da sua glória divina, que marcou seus dias sobre a terra, para a manifasta~ã\)
da glória que será revelada quando ele voltar.
A resplandecente luz que brilhou de Jesus, quando seu rosto foi transfigurado (Lc 9.29), era a glória intrínseca a ele como o Fi-
lho divino, o "resplendor da glória" (Hb 1.3). Avoz que veio da nuvem confirmou a identificação que a visão já havia fornecido.
A Transfiguração foi também um acontecimento significativo na revelação do Reino de Deus. Moisés e Elias representaram
a Lei e os Profetas dando testemunho de Jesus e sendo suplantados por ele. A "partida" (do grego exodos), a respeito da qual
eles e Jesus conversaram (Lc 9.31 ), referia-se à morte, ressurreição e ascensão de Jesus. Esses acontecimentos não eram
\ apenas um modo de deixar este mundo, mas também de redimir seu povo, exatamente como o êxodo do Egito, conduzido por
L Moisés, foi a libertação de Israel da escravidão.
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Elias. 6 Pois não sabia o que dizer, por estarem eles aterra- com eles. 15 E logo toda a multidão, ao ver Jesus, tomada de
dos. 7 A seguir, veio e uma nuvem que os envolveu; e dela surpresa, correu para ele e o saudava. 16 Então, ele interpe-
uma voz dizia: Este é f o meu Filho amado; g a ele ouvi. BE, lou os escribas: Que é que discutíeis com eles? 17 E Pum,
de relance, olhando ao redor, a ninguém mais viram com dentre a multidão, respondeu: Mestre, trouxe-te o meu fi-
eles, senão Jesus. lho, possesso de um espírito mudo; 18 e este, onde quer que
o apanha, lança-o por terra, e ele espuma, rilha os dentes e
A \linda de Elias vai definhando. Roguei a teus discípulos que o expelissem, e
9 h Ao descerem do monte, ordenou-lhes Jesus que não di- eles não puderam. 19 Então, Jesus lhes disse: ó qgeração
vulgassem as coisas que tinham visto, até o dia em que o Filho 1 incrédula, até quando estarei convosco? Até quando vos
do Homem ressuscitasse dentre os mortos. to Eles guardaram a 2 sofrerei? Trazei-mo. 20 E trouxeram-lho; rquando ele viu a
recomendação, perguntando uns aos outros ique seria ores- Jesus, o espírito imediatamente o agitou com violência, e,
suscitar dentre os mortos. 11 E interrogaram-no, dizendo: Por caindo ele por terra, revolvia-se espumando. 21 Perguntou
que dizem os escribas ser necessário ique Elias venha primei- Jesus ao pai do menino: Há quanto tempo isto lhe sucede?
ro? 12 Então, ele lhes disse: Elias, vindo primeiro, restaurará to· Desde a infância, respondeu; 22 e muitas vezes o tem lança-
das as coisas; 1como, pois, está escrito sobre o Filho do Homem do no fogo e na água, para o matar; mas, se tu podes alguma
que sofrerá muito e m será aviltado? 13 Eu, porém, vos digo que coisa, tem compaixão de nós e ajuda-nos. 23 Ao que lhe res-
nEJias já veio, e fizeram com ele tudo o que quiseram, como a pondeu Jesus: 5 Se 3 podes! Tudo é possível ao que crê. 24 E
seu respeito está escrito. imediatamente o pai do menino exclamou [com lágrimas]:
Eu creio! 1Ajuda-me na minha falta de fé! 25Vendo Jesus
A cura de umjol'em possesso que a multidão concorria, "repreendeu o espírito imundo,
14 ºQuando eles se aproximaram dos discípulos, viram dizendo-lhe: Espírito mudo e surdo, eu te ordeno: Sai deste
numerosa multidão ao redor e que os escribas discutiam jovem e nunca mais tornes a ele. 26 E ele, clamando e agi-
0-; ;034,~Rs~~;
eÊx At 19; ;p 1; /SI 2~7;
[Is 421]; Mt3.17; Me 1.11; Lc 1.35; 322; ;Pe 1.1UAt 3.22 9 h Mt 17.9-13; Lc
24.6-7,46 10 i Jo 2.19-22 11/MI45; Mt 17.10 12 ISI 22.6; Is 53.3; Dn 9.26 m Lc 23.11; Fp 2.7 13 n MI 45; Mt 11.14; 17.12; Lc
M~ 16~;
1.17 14°Mt17.14-19;Lc9.37-42 17PMt17.14;Lc9.38 19qJo4.481semfé2suportarei 20TMc1.26 23SJo11.403Cf.
NU; TR e M Se tu podes crer, tudo 24 t Lc 17.5 25 u Me 1.25
•9. 7 Este é o meu Filho amado. A declaração celestial é um ponto alto da divi- foi, ern verdade, o tipo no Antigo Testamento que prefigurava o ministério de
na revelação concernente à identidade de Jesus. Exatamente como Deus tinha João Batista (cf. Lc 1.17).
se revelado na teofania do Sinai, como "o SENHOR o.eus compassivo, clemente e •9.13 e fizeram com ele. Exatamente como EY1as so\reu nas mãos de Acabe e
longânirno e grande em misericórdia e fidelidade" (Ex 34.6), assim, agora, ele se Jezabel (1Rs 19.1-10), assim João Batista sofreria nas mãos de Herodes e Hero-
revela como quem fala através do seu amado Filho (Jo 1.17; 3.16; Hb 1 2).
dias (6.18, nota). Se João-que restaurou todas as coisas por chamar o povo ao
a ele ouvi. Esta frase representa uma repreensão a Pedro bem como uma decla· arrependimento e à piedade- foi posto à morte, deveria ser surpresa (v. 12) se o
ração concernente à autoridade do Filho, corno revelador e profeta da nova alian- Filho do Homem sofresse a mesma sorte?
ça. Estas palavras ecoam Dt 18.15, e identificam Jesus como o grande profeta
semelhante a Moisés. •9.17 possesso de um espírito mudo. A possessão demoníaca é claramente
•9.9 ordenou-lhes ... que não divulgassem. Ver nota em 1.34 e 8.30. distinta de uma doença comum (7 .31-37), ainda que em ambos os casos a pes-
soa não possa falar. Compare 1.24-25; 5.2-15.
até o dia em que o Filho do Homem ressuscitasse dentre os mortos. O
testemunho público e aberto à glória de Jesus é para ser reservado para depois •9.19 Ógeração incrédula. A impaciência de Jesus com a falta de fé nos discí-
da plena realização da redenção. pulos e a frustração com a cena geral de descrença e incapacidade, quando ele re-
•9.1 Oque seria o ressuscitar dentre os mortos. A confusão dos discípulos torna do monte da Transfiguração, é uma reminiscência da descida de Moisés do
surge da expectação judaica, de uma ressurreição geral, nos últimos dias, mas Monte Sinai, ao encontrar descrença e infidelidade no arraial dos israelitas (Êx 32).
não de uma ressurreição individual, no meio da história. •9.25 a multidão concorria. A situação é ainda volátil. O cego entusiasmo da
•9.12 Elias, vindo primeiro. Ainda que João Batista não seja Elias pessoalmen- multidão coloca Jesus num dilema: quer ministrar compassivamente ao sofri-
te ressuscitado dentre os mortos (6 14-16; cf. Jo 121), Jesus ensina que Elias mento do povo, sem comprometer o plano global da redenção.
1163 MARCOS 9
tando-o muito, saiu, deixando-o como se estivesse morto, a Jesus ensina a tolerância e a caridade
ponto de muitos dizerem: Morreu. 27 Mas Jesus, tomando-o 38/Disse-lhe João: Mestre, vimos um homem que, em teu
pela mão, o ergueu, e ele se levantou. nome, expelia demônios, o qual não nos segue; e nós lho proibi-
28 vouando entrou em casa, os seus discípulos lhe pergun- mos, porque não seguia conosco. 39 Mas Jesus respondeu: Não
taram em particular: Por que não pudemos nós expulsá-lo? lho proibais; 'porque ninguém há que faça milagre em meu
29 Respondeu-lhes: Esta casta não pode sair senão por meio nome e, logo a seguir, possa falar mal de mim. 40Pois mquem
de xoração 4 [e jejum]. não é contra 6nós é por 7nós. 41 nporquanto, aquele que vos
der de beber um copo de água, em meu nome, porque sois de
De n01'o Jesus prediz a sua morte e ressurreição Cristo, em verdade vos digo que de modo algum perderá o seu
30 E, tendo partido dali, passavam pela Galiléia, e não que- galardão.
ria que ninguém o soubesse; 31 zporque ensinava os seus dis-
cípulos e lhes dizia: O Filho do Homem será entregue nas Os tropeços
mãos dos homens, e ªo matarão; mas, btrês dias depois da sua 42 ºE quem fizer 8 tropeçar a um destes pequeninos cren-
morte, ressuscitará. 32 Eles, contudo, cnão compreendiam tes, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma
isto e temiam interrogá-lo. grande pedra de moinho, e fosse lançado no mar. 43 E, Pse tua
mão te faz tropeçar, corta-a; pois é melhor entrares 9 maneta
O maior no reino dos céus na vida do que, tendo as duas mãos, ires para o 1 inferno, para
33 dTendo eles partido para Cafarnaum, estando ele em o fogo inextinguível 44 2 [onde qnão lhes morre o verme, nem
casa, interrogou os discípulos: De que é que 5 discorrfeis o fogo se apaga]. 45 E, se teu pé te faz tropeçar, corta-o; é me-
pelo caminho? 34 Mas eles guardaram silêncio; porque, lhor entrares na vida aleijado do que, tendo os dois pés, seres
pelo caminho, e haviam discutido entre si sobre quem era f o lançado no 3 inferno 4 46 5 [onde 'não lhes morre o verme,
maior. 35 E ele, assentando-se, chamou os doze e lhes disse: nem o fogo se apaga]. 47 E, se um dos teus olhos te faz trope-
gSe alguém quer ser o primeiro, será o último e servo de to- çar, arranca-o; é melhor entrares no reino de Deus com um só
dos. 36 hTrazendo uma criança, colocou-a no meio deles e, dos teus olhos do que, tendo os dois seres lançado no 6 infer-
tomando-a nos braços, disse-lhes: 37 Qualquer que receber no, 48 onde snão lhes morre o verme, 1nem o fogo se apaga.
uma criança, tal como esta, em meu nome, a mim me rece-
be; e iqualquer que a mim me receber, não recebe a mim, Os discípulos, o sal da terra
mas ao que me enviou. 49 Porque cada um será salgado u com fogo. 7 so vBom é o
~~~~~~~~~~~~
~ ª
28 VMt 17.19 29 x [Tg 5.16] 4 Cf. NU; conteúdo dos colchetes conforme TR e M; NU omite 31 z Lc 9.44 Mt 16.21; 27.50b1Co 15.4
32 Clc 2.50; 18.34 33dMt18.1-5 5discutíeis 34e[Pv13.10] /Lc 22.24; 23.46; 24.46 35 gLc 22.26-27 36hMc10.13-16 37 IMt
10.40 38iNm11.27-29 3911Co12.3 40m[Mt12.30];Lc11.23óMvós1Mvós 4tnMt10.42 42ºMt18.6;Lc17.1-2;[1Co
8.12] 8 Cair em pecado 43 P [Dt 13.6]; Mt 5.29-30; 18.8-9 9aleijado 1 Gr. Gehenna 44 q Is 66.24 2 Conteúdo dos colchetes confonme TR e
M; NU omite 45 3Gr. Gehenna 4Cf. NU; TR e M acrescentamnofogoquenuncaseapaga, no final deste versículo; NU omite 46 'Is 66.24
5944 Conteúdo dos colchetes conforme TR e M; NU omite 47 óGr. Gehenna 48 s1s 66.24 tJr 7.20; [Ap 21.8] 49 ª[Mt3.11J 7Cf. NU;
TR e M acrescentam e cada sacrifício será salgado com sal, no final deste versículo; NU omite 50 v Mt 5.13; Lc 14.34
eu te ordeno. Opoder espiritual de Jesus leva o demônio a gritar (v. 26). Ver "De- guidor de Jesus; ele estava expulsando demônios em nome de Jesus. Provavel-
mônios", em Dt 32.17. mente. a frase signifique que esse homem não reconhecia a autoridade dos
•9.28 em particular. Ver nota em 8.32. Doze. Sem tirar a prerrogativa dos Doze, porém e percebendo o orgulho e exclu-
sivismo deles (9.35, nota; 10.35-45), Jesus se recusa a condenar aquele de
•9.31 ensinava os seus discípulos. Freqüentemente, Jesus dá prioridade ao
quem os discípulos estão falando. Ao invés disso, ele ensina que o apoio e a co-
treino dos Doze. Jesus repete, visando dar ênfase e por causa da lição ainda não
munhão de todos os que defendem sua causa devem ser gratamente reconhe-
aprendida, aquilo que ele tinha ensinado anteriormente em 8.31.
cidos.
•9.33 em casa. Ver nota em 2.1.
•9.41 que vos der... em meu nome. Todos os atos de misericórdia. de cuidado
•9.34 quem era o maior. Dada a importância de honra naquela sociedade, uma
ede cura feitos em nome de Jesus (isto é, com o entendimento, ação e propósito
tal preocupação desempenhava um significativo papel na mente do povo (cf.
de servi-lo) são eternamente reconhecidos como evidência de verdadeiro disci-
10.35-45). Jesus está introduzindo uma revolução neste modo de pensar, sem
pulado.
destruir a noção de hierarquia funcional. Ver nota em 5.37.
•9.42 quem fizer tropeçar. "Pequeninos" pode referir-se às crianças (v. 36) ou
•9.35 chamou os doze. Outra vez. os Doze são chamados à parte (3.14), e a
posição de liderança deles é explicitamente reconhecida. aos crentes considerados insignificantes (v. 39). Comprometer a confiança da-
queles de pequena importância para o mundo, por exemplo, através do uso ego-
Se alguém quer ser o primeiro. Jesus não está atacando a posição de lideran- ísta e inconsiderado de poder (v. 35, nota), exige a mais severa punição (v. 43).
ça, mas está mostrando o modo de essa liderança ser exercida (isto é, como "úl-
timo e servo de todos"). Este princípio é exemplificado pelo próprio Jesus, que •9.43 corta-a. Esta admoestação deve ser entendida como uma espécie de
"não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por mui- exagero empregado na linguagem para atingir um objetivo (cf. vs. 45-47). Jesus
tos" (10.45). A maneira abnegada de Jesus cumprir o seu papel messiânico, que está falando das difíceis renúncias de hábitos pecaminosos. Ver nota teológica "O
é o primeiro e mais importante no reino, oferece o padrão para seus discípulos em Inferno".
todos aqueles papéis secundários, que eles podem desempenhar no reino de •9.44-46 Ver nota textual. Os versículos 44.46 não aparecem em alguns dos
Deus. mais antigos manuscritos, mas a frase é encontrada também no v. 48.
•9.36 uma criança. Lit. "infante". A dignidade concedida por Deus a todo ser •9.49 salgado com fogo. O sal é associado com o sacrifício em Lv 2.13; Ez
humano é exemplificada pela criança. Este mais fraco dos seres humanos deve 43.24. Odito pode significar que, em contraste com o fogo da destruição - de
ser servido do mesmo modo como são servidos os maiores (9.35, nota). que acabara de falar - os crentes perseverarão através do fogo e serão purifica-
•9.38 o qual não nos segue. Esta frase não nega que o homem fosse um se- dos por ele.
MARCOS 10 1164
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O INFERNO
Mc9.43
O Novo Testamento consi~era o inferiío como o lugar de habitação final dos condenados à punição eterna, no Juízo Final
(Mt 25.41-46; Ap 20.11-15). Edescrito como um lugar de "fogo" e "trevas" (Jd 7,13), de "choro e rangerde dentes" (Mt 8.12;
13.42,50; 22.13; 24.51; 25.30), de "destruição" (2Ts 1.7-9; 2Pe 3.7; 1Ts 5.3), de "tor_mento" (Ap 20.10; Lc 16.23). Esses ter-
mos são, provavelmente, simbólicos ao invés de literais, porém, de qualquer modo, a realidade será mais terrível do que o
símbolo. Oensino do Novo Testamento a respeito do inferno visa mais a nos alarmar e encher-nos de horror, persuadindo~nos
de que, embora o céu será melhor do que podemos sonhar, assim o inferno será pior do que podemos imaginar. Estas são as
conseqüências da eternidade que precisam ser realisticamente enfrentadas.
Oinferno não é tanto a ausência de Deus, quanto a conseqüência da sua ira e indignação. Deus é um fogo consumidor (Hb
12.29), e a justa condenação daqueles que o desafiam apegando-se aos pecados que ele detesta será experimentada no in-
ferno (Rm 2.6,8-9, 12). Segundo as Escrituras, o inferno nunca terá fim (Jd 13; Ap 20.1 O). Não há fundamento bíblico para es-
peculações acerca de uma "segunda oportunidade" depois da morte ou da aniquilação dos ímpios em alguma ocasião futura.
Os que estão no inferno compreenderão que se condenaram a si mesmos para estarem ali, porque amaram mais as trevas
do que a luz, recusando-se a terem o seu Criador como seu Senhor. Preferiam a autogratificação do pecado ao altruísmo da
justiça, rejeitando ao Deus que os criou (Jo 3.18-21; Rm 1.18,24,26,28,32; 2.8; 2Ts 2.9-11 ). A revelação geral coloca cada um
diante da incontestável evidência de Deus, e, desse ponto de vista, o inferno tem sua base no respeito de Deus pela escolha
humana. Todos recebem o que escolheram, seja estar com Deus para sempre ou estar sem ele. Os que estão no inferno sabe-
rão não só que seus feitos mereceram a sua punição, mas também saberão que escolheram isso em seu coração.
Opropósito do ensino bíblico sobre o inferno é fazer-nos aceitar com gratidão a graça de Deus em Cristo, que nos salva dele
(Mt 5.29-30; 13.48-50). Por essa razão, a advertência de Deus para nós é misericordiosa: Ele não tem prazer "na morte do per-
verso, mas em que o perverso se converta do seu mau caminho e viva" (Ez 33.11 ).
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_J
sal; mas, se o sal vier a tornar-se insípido, como lhe restaurar ele vos deixou escrito esse mandamento; 6 porém, desde o
o sabor? xTende sal em vós mesmos e zpaz uns com os ou- princípio da criação, Deus dos fez homem e mulher. 7 epor
tros. isso, deixará o homem a seu pai e mãe [e unir-se-á a sua mu-
lher], 8 e, com sua mulher, serão os dois urna só carne. De
Jesus atravessa o Jordão modo que já não são dois, mas uma só carne. 9 Portanto, o
• 15 i Mt 18.3-4; 19.14; Lc 18.17 i Lc 13.28 17 1Mt 19.16-30; Lc 18.18-30 m Jo 6.28; At 2.37 18 n 1Sm 2.2 19 ° Êx 20.12-16; Dt
5.16-20 20 P Fp 3.6 21 q [Lc 12.33; 16 9]
verdadeiros crentes, que sabem que nada têm para trazer, mas tudo para receber que farei para herdar. Os dois verbos "fazer" e "herdar", colocados juntos, a lis-
(v. 15). ta de realizações morais e o modo de o jovem entender o que é bom (v. 18, nota)
•10.16 as abençoava. Receber a bênção de Deus significa ser chamado pelo revelam o ponto de vista religioso baseado nas obras de justiça.
nome de Deus (Gn 48.16; Nm 6.22-27) e ser incluído nas bênçãos da aliança (Gn • 10.18 Por que me chamas bom. A resposta de Jesus não significa que ele não
22.16-18; Dt 7.13). se considerasse bom. Seu desejo é mostrar ao homem que "ninguém é bom senão
•10.17 um homem. Este homem tinha grandes riquezas (v. 22); era um homem um, que é Deus", de modo que o homem possa perceber que todas as suas obras
de posição (Lc 18.18) e era jovem (Mt 19.22). Ele tinha tudo, mas faltava-lhe a coi- não podem fazê-lo bom, e que ele não é capaz de merecer a vida eterna.
sa mais importante - a vida eterna. •10.21 uma coisa te falta. Oamor desse jovem pelas riquezas (v. 22) e a recusa
Mar Nazar•.
\ • Monte
Mediterrâneo Tabor
\ '-1
~"ª·!IG oeç'AP~LIS \ .
SAMARIA ~
• rMt 61;20; 1;;; 23 5 Mt1923; [M~4~9]~182,;-Z4 ;~ó 31;4;;~527;-6210; [Pv 1128; 1Tm ~J
I Conteúdo dos
conforme TR e M; NU omite 25 u [Mt 13.22; 19.241 27 v Jó 42.2; Jr 32.17; Mt 19.26; Lc 1.37 28 XMt 19.27; Lc 18.28 29 2Cf. NU;
colchete~~~
TReMacrescentamoumu/her 30 z2Cr25.9; Lc 18.29-30 ª1Ts 3.3; 2Tm3.12; [1Pe412-13J 31bMt19.30; 20.16; Lc 13.30 32 cMt
20.17-19; Lc 18.31-33 d Me 8.31; 9.31; Lc 9.22; 18.31 343fustigá-lo, usando um açoite romano 35 e [Tg 4.3] 38fMt 26.39-42; Me
14.36; Lc 22.42; Jo 18.11 glc 12.50 39 h Mt 1O17-18,21-22; 24 9; Jo 16.33; At 12.2; Ap 1.9 40 i[Mt 25.34; Jo 17.2,6,24; Rm 8.30; Hb
11.16] 41 i Mt 20.24 42 1Lc 2225 43 m Mt 20.26,28; Me 9.35; Lc 9.48 45 n Lc 22.27; Jo 13.14; [Fp 2 7-8]
dele em distribuí-las e seguir a Jesus mostram que ele quebrou o maior manda- gentios. Onovo elemento nesta terceira predição da Paixão é a menção dos genti-
mento de todos: "Amarás. pois, o SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração, de toda os listo é, os romanos). Os açoites e as zombarias que ele predisse são detalhes de
a tua alma e de toda a tua força" iDt 6.5; cf. Mt 22.37). Faltando-lhe a total justiça sua morte profetizada nas Escrituras ISI 22). e eram práticas romanas normais.
que Deus exige, ele permanece condenado.
•10.35 Tiago e João. Ver 1.19; 3.17. Em Mt 20.20, é a mãe deles que faz o pe-
•10.23 Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas.
dido; assim, aparentemente, toda a família estava envolvida.
A dificuldade não é porque as riquezas sejam um mal em si mesmas e desqualifi-
quem aqueles que as possuem, mas é porque os ricos são tentados a depender •10.37 nos assentemos ... à tua direita. O ensino de Jesus sobre grandeza
de suas riquezas e podem ser incapazes de admitir que necessitam de Deus. 19.34-35 e notas) ainda tinha de mudar essas atitudes deles.
•10.25 camelo ..• fundo de uma agulha. Um excelente exemplo da linguagem
•10.38 beber o cálice. Um símbolo do Antigo Testamento para expressar sofri-
proverbial e vívida de Jesus, aqui expressando a idéia de impossibilidade lv. 27). A mento e ira ISI 75.8; Is 51.17-22; Jr 25.15; Ez 23.31-34).
sugestão de que havia um pequeno portão chamado de "fundo da agulha", atra-
vés do qual os camelos podiam passar sem carga, não tem apoio e minimiza a fi- batismo. Aqui, a palavra é uma metáfora para a experiência de ameaça de morte
gura usada por Jesus. e julgamento. com a esperança de livramento definitivo IRm 6.3-7; 1Co 10.2; CI
•10.26 Então, quem pode ser salvo. Os discípulos entenderam o significado 2 11-13)
do que Jesus disse. Ninguém pode ser salvo por boas obras. •10.40 não me compete concedê-lo. Jesus reconhece áreas onde só o Pai
•10.27 Para os homens é impossível. A salvação vem do Senhor através da tem autoridade l 13.32). A concessão de tais lugares é decidida de acordo com o
soberana iniciativa divina ISI 3.8; 68.19-20). e não por esforço humano. princípio que Jesus estabeleceu concernente a serviço 19.35).
•10.28 nós tudo deixamos. Enquanto a salvação não pode ser merecida, ela
impõe esta radical condição. •10.41 indignaram-se. Talvez os outros se tenham indignado não pelo fato de
•10.30 o cêntuplo. A frase "já no presente", com sua contrapartida "e. no mun- João e Tiago terem falhado em pôr em prática o ensino de Jesus 19.35, nota),
do porvir". reflete o ensino dos rabinos a respeito de duas ordens de realidade: a mas porque queriam os mesmos lugares de proeminência. Jesus deseja eliminar
presente era má e a futura era do Messias. A ressurreição de Jesus alterou signi- - nos Doze e, por extensão, em todos os seus discípulos - uma tal noção de
ficativamente esse conceito. No período entre a ressurreição de Jesus e a de to- poder e autoridade.
dos os crentes, as duas eras existem lado a lado. A velha era está passando e a •10.45 o próprio Filho do Homem não veio para ser servido. O que. lina\-
nova era está presente. mas não em sua plenitude. Daí pode haver tanto o "cên- mente, quebrou os corações de pedra dos discípulos de Jesus é o exemplo que
tuplo" de bênçãos quanto as perseguições. ele mesmo dá. Jesus, o Filho do Homem, que herdará "domínio, e glória, e o rei-
•10.33 o filho do Homem será entregue. Ver nota em 8.31 no" IDn 7.14). veio como um servo, cumprindo a profecia de Is 52.13-53.12.
1167 MARCOS 10, 11
ser servido, mas para servir e ºdar a sua vida em resgate por 4 Então, foram e acharam 2 o jumentinho preso, junto ao por-
muitos. tão, do lado de fora, na rua, e o desprenderam. 5 Alguns dos
que ali estavam reclamaram: Que fazeis, soltando o jumenti-
A cura do cego de Jericó nho? 6 Eles, porém, responderam conforme as instruções de
46 PE foram para Jericó. Quando ele saía de Jericó, junta- Jesus; então, os deixaram ir. 7 Levaram o jumentinho, sobre o
mente com os discípulos e numerosa multidão, Bartimeu, cego qual puseram as suas vestes, e Jesus o montou. 8 bE muitos
mendigo, filho de Timeu, estava assentado à beira do caminho estendiam as suas vestes no caminho, e outros, ramos que ha-
47 e, ouvindo que era Jesus, o Nazareno, pôs-se a clamar: Jesus, viam cortado dos campos. 9 Tanto os que iam adiante dele
qFilho de Davi, rtem compaixão de mim! 48 E muitos o repre- como os que vinham depois clamavam: Hosana! cBendito o
endiam, para que se calasse; mas ele cada vez gritava mais: Fi- que vem em nome do Senhor! 10 Bendito o reino que vem, 3
lho de Davi, tem misericórdia de mim! 49 Parou Jesus e disse: o reino de Davi, nosso pai! dHosana, nas maiores alturas!
Chamai-o. Chamaram, então, o cego, dizendo-lhe: Tem bom 11 e E, quando entrou em Jerusalém, no templo, tendo ob-
ânimo; levanta-te, ele te chama. 50 Lançando de si a capa, le- servado tudo, como fosse já tarde, saiu para Betânia com os
vantou-se de um salto e foi ter com Jesus. 51 Perguntou-lhe Je- doze.
sus: Que queres que eu te faça? Respondeu o cego: 4 Mestre,
que eu tome a ver. 52 Então, Jesus lhe disse: Vai, s a tua fé te sai- A.figueira semfruto
vou. E imediatamente tomou a ver e seguia a Jesus estrada 12 fNo dia seguinte, quando saíram de Betânia, teve fome.
fora. 13 gE, vendo de longe uma figueira com folhas, foi ver se nela,
porventura, acharia alguma coisa. Aproximando-se dela,
A entrada triunfal de jesus emferusalém nada achou, senão folhas; porque não era tempo de figos.
ªQuando se aproximavam de Jerusalém, de / Betfagé 14 Então, lhe disse Jesus: Nunca jamais coma alguém fruto de
11 e Betânia, junto ao monte das Oliveiras, enviou Jesus
dois dos seus discípulos 2 e disse-lhes: Ide à aldeia que aí está
ti! E seus discípulos ouviram isto.
• o M~20
17. 13
28; [2Co 5.21; 1Tm 2~-6;
Tt 2.14] 46 PMt 2~~~34;
Lc 18.35-43 47 q Jr 235;
S1 4 Hebr. Rabboni, lit meu grande ou ilustre [senhor, mestre) 52 5 Mt 9.22; Me 534
~t224;~~;3-4;
Ap 22.16 'Mt 15.22; Lc
.~
17 ils 56.7 1Jr7.11 18 ms1 2.2; Mt 21.45-46; Lc 19.47 nMt 728; Me 1.22; 6.2; Lc 4.32 20 ºMt 21.19-22 23PMt17.20; 21.21, Lc
17.6 24 q Mt 7.7; Lc 11.9; [Jo 14.13; 15.7; 16.24; Tg 1.5-6] 25 rMt 6.14; 18 23-35; Ef 4.32; [CI 3.13] 26 s Mt 6.15; 18.35 4 Conteúdo
dos colchetes conforme TR e M; NU omite 27 t Mt 21.23-27; Lc 20.1-8 28 u Jo 5.27 30 v [Me 1.4-5,8]; Lc 7.29-30 32 x Mt 3.5;
14.5;,Mc 6.20
CAPITULO 12 l ªMt 21.33-46; Lc 20.9-19 1contratou-a a uns arrendatários 4 2Cf. NU; TR e M acrescentam e atiraram-lhe pedras; NU
omite S b 2Cr 36.16 7 3 arrendatários 8 e [At 2.23]
passou a expulsar. Jo 2.12-22 descreve a purificação do templo como tendo •11.27 principais sacerdotes. Vernota em 11.18.
ocorrido no começo do ministério de Jesus, enquanto os três Sinóticos registram •11.28 Com que autoridade. As "autoridades" de Jerusalém procuram expor
uma tendo ocorrido no fim. Éprovável que Jesus tenha purificado o templo duas Jesus como um arrogante, sem nenhum status oficial para agir dentro do tem-
vezes. A narrativa de João é cuidadosamente datada (Jo 2.20; Me 1.9, nota) e as plo.
narrativas não são de modo algum idênticas. Em João, Jesus vem com os seus
•11.30 era do céu. A resposta de Jesus silencia os teólogos profissionais de-
discípulos e suas ações trazem à memória deles o SI 69.9. Na narrativa dos Sinó-
tentores do poder, cortando pela raiz a pretensão de uma tal autoridade "oficial"
ticos, Jesus vem em triunfal glória messiânica e justifica suas ações citando Is
absoluta. A autoridade profética, por definição, não pode ter uma fonte humana
56.7 e Jr 7.11. Jesus, sem dúvida, está ciente de que Jeremias amaldiçoou o
(GI 1.11-12). Ela é atestada por Deus e exige submissão. Com a resposta de Je-
templo duas vezes (Jr 7.1-14 e 26.2-6).
sus constata-se uma última pergunta implícita: "Reconheceis e vos submeteis à
cambistas. Este serviço era necessário porque os impostos e as ofertas do tem- minha autoridade?"
plo tinham de ser pagas em moeda corrente. mas essa prática tinha se tornado
tão corrupta que Jesus a descreveu como "covil de salteadores" (v. 17; Lc •12.1 lhes. Este pronome, aparentemente, se refere aos principais sacerdotes e
19.45-46, nota). Jesus está também julgando as famílias sumo sacerdotais dos escribas, uma vez que concorda com a terceira pessoa do plural ("eles"), no v. 12
saduceus, que não se harmonizavam com o caráter do Pai, de quem era a casa (os que buscavam um meio de prendê-lo). Esta parábola era também uma provo-
lcf. 12.18-27) cação 111.18, nota).
•11.16 Não permitia que alguém conduzisse. Não somente o átrio tinha se parábola. Ver notas em 4.2, 11. Ainda que seja incorreto procurar um sentido
tornado um mercado, mas estava também sendo usado como atalho pelos mer- simbólico e especial para cada detalhe da parábola, o ponto essencial é claro.
cadores de toda espécie. Marcos vê, no gesto de Jesus, a defesa dos direitos dos vinha. A parábola é baseada no "cântico da vinha" (Is 5.1-5). que descreve Israel
gentios e, talvez. uma indicação da futura missão aos gentios. e sua infidelidade.
•f f. f 8 principais sacerdotes e escribas. Jesus agiu sob os olhares daqueles •12.2 servo. Freqüentemente, um termo para designar os profetas (Êx 14.31;
que sabia que iriam matá-lo (8.31) 2Cr 1.3; Is 20.3; Am 3.7). a quem Jesus vê como os enviados de Deus para cha-
se maravilhava de sua doutrina. Ver nota em 1.22. mar Israel à fidelidade e que, com freqüência, eram mortos IMt 23.37).
•11.20 secara desde a raiz. Esta frase indica a completa destruição da figueira lavradores. Para aqueles que tinham autoridade "oficial" sobre o povo de Deus.
lv. 14, nota). em particular aqueles para quem a parábola foi contada.
•11.25 alguma coisa contra alguém. Ver Mt 5.23-24. •12.6 filho amado. Nos três Evangelhos Sinóticos, o tema de Jesus. como o Fi-
•11.26 Este versículo não existe em alguns dos mais antigos manuscritos (Ver lho amado de Deus, é raro (Me 1.11; 9.7; cf. Mt 16.16). mas está inequivocamen-
nota textual). Um dito semelhante é encontrado em Mt 6.14-15. te presente.
1
1
1169 MARCOS 12
Virá, exterminará aqueles lavradores e passará a vinha a ou- mão de alguém e deixar mulher sem filhos, seu irmão a tome
tros. 10 Ainda não lestes esta Escritura: como esposa e suscite descendência a seu irmão. 20Qra, ha-
d A pedra que os construtores rejeitaram, essa veio a ser a via sete irmãos; o primeiro casou e morreu sem deixar des-
principal pedra, angular; cendência; 21 o segundo desposou a viúva e morreu, também
11 isto procede do Senhor, e é maravilhoso aos nossos sem deixar descendência; e o terceiro, da mesma forma. 22 E,
olhos? assim, os sete não deixaram descendência. Por fim, depois de
12 eE procuravam prendê-lo, mas temiam o povo; porque todos, morreu também a mulher. 23 Na ressurreição, quando
compreenderam que contra eles proferira esta parábola. eles ressuscitarem, de qual deles será ela a esposa? Porque os
Então, desistindo, retiraram-se. sete a desposaram. 24 Respondeu-lhes Jesus: Não provém o
vosso 7 erro de não conhecerdes as Escrituras, nem o poder
A questão do tributo de Deus? 25 Pois, quando ressuscitarem de entre os mortos,
13/E enviaram-lhe alguns dos fariseus e dos herodianos, nem casarão, nem se darão em casamento; porém, nsão
para que o apanhassem em alguma palavra. 14 Chegando, dis- como os anjos nos céus. 26Quanto ºà ressurreição dos mor-
seram-lhe: Mestre, sabemos que és verdadeiro e 4 não te im- tos, não tendes lido no Livro de Moisés, no trecho referente à
portas com quem quer que seja, porque não olhas 5 a sarça, como Deus lhe falou:
aparência dos homens; antes, segundo a verdade, ensinas go P Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de !saque e o Deus de
caminho de Deus; é lícito pagar tributo a César ou não? Deve- Jacó?
mos ou não devemos pagar? 15 Mas Jesus, percebendo-lhes 27 Ora, ele não é Deus de mortos, e sim de vivos. Laborais
ha hipocrisia, respondeu: Por que me experimentais? Tra- em grande 8 erro.
zei-me um denário para que eu o veja. 16 E eles lho trouxe-
ram. Perguntou-lhes: De quem é esta efígie e inscrição? O grande mandamento
Responderam: De César. 17 Disse-lhes, então, Jesus: 6Dai a 28 qChegando um dos escribas, tendo ouvido a discussão
César o que é de César e ia Deus o que é de Deus. E muito se entre eles, 9 vendo como Jesus lhes houvera respondido bem,
admiraram dele. perguntou-lhe: Qual é o principal de todos os mandamentos?
29 Respondeu Jesus: O principal é:
Os saduceus e a ressurreição rouve, ó Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor!.
18 'Então, os saduceus, 1que dizem não haver ressurrei- 30 s Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu cora-
ção, aproximaram-se dele e lhe perguntaram, dizendo: ção, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de
19 Mestre, m Moisés nos deixou escrito que, se morrer o ir- toda a tua força.'
1542,49.52] 26 o [Ap 20.12-13] PÊx 3.6, 15 27 Bou engano 28 qMt 22.34-40 9Cf NU; TR e Mpercebendo 29 rDt 64-5 30 s[Dt
10.12; 30.6] I Cf. NU; TR e M acrescentam Esse é o primeiro mandamento; NU omite
•12.9 e passará a vinha a outros. Mt 2143 lê: "Será entregue a um povo que membros deste grupo. Os saduceus negavam a ressurreição, a existência de
lhe produza os respectivos frutos". sugerindo tanto a comunidade dos discípulos anjos e rejeitavam a tradição oral dos fariseus. Onome deles se deriva. provavel-
que estavam em torno de Jesus (Lc 2229-30) quanto a missão aos gentios (Mt mente. de Zadoque, sumo sacerdote de Davi (2Sm 8.17; 1Cr15.11; 29.22) e es-
8 11-12; Rrn 9.22-26). colhido oficial sobre a linha sacerdotal de Arão 11 Cr 27.17). a quem foi dado o
•12.10 A pedra que os construtores rejeitaram. Jesus cita o SI 118.22-23. direito exclusivo para ser sumo sacerdote (Ez 4046; 43 19)
Este salmo celebra a vitória que Deus dá a seu Messias, estabelecendo-o em seu •12.19 Moisés nos deixou escrito. A história que eles contam a Jesus (vs.
trono. Tal é a fé que Jesus tern em seu Pai e nas Escrituras que. em face da morte 19-23) está baseada na lei do levirato ("parente resgatador") de Dt 25.5-10. lei
que ele acaba de predizer para si mesmo l"E. agarrando-o. mataram-no". v. 8). que estipula que a linha familiar seja perpetuada pelo parente mais próximo. no
ele pode regozijar-se na vitória prometida. caso de morte prematura (Rt 2.20, nota)
•12.13 fariseus e dos herodianos. A aliança entre os fariseus e os herodianos •12.24 poder de Deus. Provavelmente. Jesus se refira às obras contínuas de
ressurge (3.6). Esta aliança era possível porque ambos os partidos aceitavam a Deus e suas poderosas manifestações futuras (incluindo a ressurreição). através
ocupação romana, aqueles corno punição divina. estes por vantagens políticas. de seu Messias (Lc 22.69; Rm 1.16; 1Co 1.18-24).
•12.14 tributo a César. Corno acréscimo a numerosos direitos alfandegários. •12.25 nem casarão. A ressurreição final é a transformação do universo físico
impostos, pedágios e outros encargos 12.14, notai. cada província romana era (Rm 8.21, 1Co15.52-53). e o mandato da criação do casamento e procriação (Gn
obrigada a pagar o tributo imperial. A mesma soma ou importância era arrecada- 1.27-28; 224) não mais será apropriado.
da (ou extorquida) de todos. ricos e pobres igualmente. Esta tributação era muito •12.26 no trecho referente à sarça. Ver Êx 3.1-6. O Deus que aparece com
impopular entre o povo. poder miraculoso na teofania da sarça ardente "não é Deus de mortos. e sim de
•12.15 Por que me experimentais. A pergunta de seus opositores. aparente- vivos"; é o Deus daqueles que estão unidos a ele pela eterna aliança da graça. O
mente. era uma tentativa para estigmatizar Jesus como um revolucionário político. ensino a respeito da ressurreição - Jesus dá a entender - não está limitado a
denário. Numerosas moedas estavam em circulação na Palestina. Jesus pede certos textos-provas do Antigo Testamento (p. ex., Jó 19.25-27; SI 16.9-11;
um denário romano. que valia o salário de um dia de trabalho e que. de um lado, 17.15; 73.24-26; Is 26.19; 53.11; Ez 37.1-14; Dn 12.2; Os 6.2; 13.14). mas está
trazia impressa a efígie de César e. de outro, uma cena que glorificava o seu reino. baseado na pessoa do Deus vivo e doador da vida.
•12.17 Dai a César. Jesus aproveita a ocasião para afirmar que o poder político •12.27 Laborais em grande erro. Esta frase forte lembra a acusação condena-
de Roma é legítimo. como ele declara em seu julgamento que esse poder vem de tória de Jesus contra aqueles cujo pai não é Deus. mas o diabo (Jo 8.42-47)
Deus (Jo 19111 A Igreja Primitiva seguiu este ensino de Jesus (Rm 13.1-7; CI •12.29 Ouve, ó Israel. Outra vez o debate se trava em torno das Escrituras. Jesus
1.16; 1Tm 2.1-6; Tt 3.1-2; 1Pe 213-17) c~a Dt 64. conhecido como o "Shema" (do hebraico. que significa "ouve") que é
•12.18 saduceus. As famílias sumo sacerdotais dos tempos de Jesus eram a confissão central da fé monoteísta de Israel.
MARCOS 12, 13 1170
31O segundo é: A oferta da \liÚtla pobre
1Amarás o teu próximo como a ti mesmo. 41 IAssentado diante do 1gazofilácio, observava Jesus
Não há outro mandamento maior do que "estes. 32 Disse·lhe como o povo lançava ali o dinheiro. Ora, muitos ricos depo-
o escriba: Muito bem, Mestre, e com verdade disseste que ele sitavam grandes quantias. 42 Vindo, porém, uma viúva po-
é o único, ve não há outro senão ele, 33 e que amar a Deus de bre, depositou duas pequenas 4 moedas correspondentes a
todo o coração e de todo o entendimento 2 e de toda a força, e um squadrante. 43 E, chamando os seus discípulos, disse-
amar ao próximo como a si mesmo xexcede a todos os halo· lhes: Em verdade vos digo que m esta viúva pobre depositou
caustos e sacrifícios. 34 Vendo Jesus que ele havia respondido no gazofilácio mais do que o fizeram todos os ofertantes.
sabiamente, declarou-lhe: Não estás longe do reino de Deus. 44 Porque todos eles ofertaram do que lhes sobrava; ela, po-
zE já ninguém mais ousava interrogá-lo. rém, da sua pobreza deu tudo quanto possuía, ntodo o seu
sustento.
O Cristo, filho de Davi
35 ªJesus, ensinando no templo, perguntou: Como dizem O se1111Ao profético
os escribas que o Cristo é filho de Davi? 36 O próprio Davi fa·
Jou, bpelo Espírito Santo: A destruição do templo
e Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, ªAo salr Jesus do templo, disse-lhe um de seus discí-
até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés.
37 O mesmo Davi chama-lhe Senhor; como, pois, é ele
13 pulos: Mestre! Que pedras, que construções! 2 Mas
Jesus lhe disse: Vês estas grandes construções? bNão ficará
dseu filho? E a grande multidão o ouvia com prazer. pedra sobre pedra, que não seja derribada.
· -8 iAg-;_22jMt2~.c8
1Cf NU; T-;~ Macresc~nt~metribula~ões
2Lit.doresdeparto 9IMt10.17-18; 24.9 3NU eMestareisna -10 mMt -
24.14 11 "Lc 12.11; 21.12-17 °At 2.4; 4.8,31 4Cf. NU; TR e M acrescentam ou premediteis, NU omite 12 PMq 7.6 13 Qlc 21.17
rMt 10.22; 24.13 5suportar pacientemente 14 SMt 24.15 IOn 9.27; 1131, 12.11 Ulc 21.21 6Cf. NU; TR e M acrescentam de que falou o
profetaDanie/;NUomite t7Vlc21.23 19X0n9.26;12.1 21Zlc17.23;21.8 22ªAp13.13-141esco/hidos 2Jb/2Pe3.17]
24csf115 25 dls 1310; 34.4 26 e [Dn 713-14]
lv 26; cf. Mt 24.3). Os eventos em torno da destruição do templo parecem ante- desejo de Jesus de que seus ouvintes, como leitores do Antigo Testamento, per-
cipar e tipificar aqueles momentos associados à segunda vinda. cebessem que ele estava citando Dn 9 25-27; 11.31 (cf. 2.25; 12.10,26).
•13.6 Muitos virão. No ano 130 d.C., Bar Kochba-líderde uma rebelião judai- fujam para os montes, Quando os romanos, em sua marcha para Jerusalém,
ca contra os romanos - reivindicava ser o Messias e era aceito como tal por no ano 69 d.C., saquearam Qumran, os membros desta comunidade esconderam
seus seguidores, e a lista Ide supostos messias) tem crescido desde então. seus manuscritos em cavernas, no alto das montanhas, acima do mar Morto. Eu-
Sou eu. Esta expressão é também o nome de Deus (Êx 3.14) e é o título escolhi- sébio, historiador da Igreja, no século IV, afirma que os cristãos deixaram Jerusa-
do por Jesus (Jo 828,58). lém, naquele tempo, e fundaram a igreja em Pella, a leste do Jordão, cerca de 78
•13.7 o fim. De acordo com o texto paralelo (Mt 24.3), "o fim" é a "consumação km ao norte de Jerusalém.
do século" •13.19 tribulação como nunca houve. D historiador romano Tácito e o his-
•13.8 dores. Ver nota textual. Os judeus esperavam um período de sofrimento an- toriador judeu Josefa descrevem a destruição do templo como uma catástrofe
tes da vinda do Messias e o descreviam deste modo, como Paulo faz em Rm 8.22. de dimensões sobrenaturais, com exércitos aparecendo no céu e uma voz so-
brenatural. Segundo Josefa, o sofrimento foi sem paralelo.
•13.9 sinagogas. Os tribunais da sinagoga tinham o direito de ordenar açoites,
limitados a quarenta golpes IDt 25.1-3). Os apóstolos sofreram prisões e açortes •13.20 por causa dos eleitos. D povo de Deus (vs. 22,27).
!At 4 21; 5 18,40; 2Co 6.9; 11,23-24). abreviou. Esta expressão pode referir-se ao período limitado que durou a destrui-
•13.1 Opregado a todas as nações. D tempo entre a ressurreição de Cristo e ção do templo, ou a um período semelhante antes da segunda vinda, ou a ambos
sua segunda vinda não é simplesmente um tempo de sofrimento e perseguição, os períodos \v 4, nota).
mas um tempo de graça e evangelização por toda terra, em cumprimento da pro- •13.21 Eis aqui o Cristo, Ver nota no v. 6.
fecia de Is 49.6. •13.22 sinais e prodígios. Jesus associa estes sinais a manifestações messiâ-
•13.11 com o que haveis de dizer. Esta é uma promessa de assistência espe- nicas, mesmo reconhecendo que tais manifestações são fraudulentas.
cial em tempo de necessidade, mais do que uma referência ao ministério do Espí- •13.24 naqueles dias. Uma vez que este é um termo técnico do Antigo Testa-
rito entre os Doze, ao estabelecer a sua proclamação de Jesus IJo 14.25-26; mento para designar os "últimos dias" (Jr 3.16; JI 3.1; Zc 8.23), Jesus pode estar
15.26-27; 16.12-15). começando a falar do fim (cf. v. 7). Segundo alguns intérpretes, no v. 26 a referên-
•13.13 perseverar até ao fim. Ver nota no v. 7. Esta afirmação pode também cia é à segunda vinda.
significar o fim da vida de cada pessoa. Uma tal perseverança é, freqüentemente, o sol escurecerá. Ainda que esta frase, freqüentemente, se refira ao tempo do
associada ao sofrimento (Rm 8.18-25; 12.12; Hb 10.32; 12.2; 1Pe 2.20). julgamento cósmico e final de Deus (Is 13.1 O; 34.4; JI 2.10,31 ), aqui pode signifi-
será salvo. Esta perseverança não é para merecer a salvação, mas é a prova de car outro evento tão grave que, depois dele, o mundo não será mais o mesmo.
que a verdadeira salvação, em certo sentido, já aconteceu (Rm 8.24). Pedro interpreta JI 2.31 em At 2.16-21 como uma profecia do derramamento do
•13.14 o abominável da desolação. Dn 11.31 prediz a vinda do rei do Norte, Espírito, no Pentecostes.
que profanará o templo. Esta predição foi primeiro cumprida em 168 a.C., quando •13.26 vir nas nuvens. As nuvens, às vezes, significam a presença divina (Êx
Antíoco Epifânio edificou um altar pagão e sacrificou um porco no Santo dos San- 19.9; 24.15-18). Se a primeira vinda do Filho do Homem foi caracterizada por so-
tos. Em 70 d.C., o texto do Antigo Testamento foi definitivamente cumprido, frimento e humilhação (8.31, nota), sua futura vinda, no fim, será uma declaração
quando Tito, general romano !depois imperador) saqueou o templo. aberta de sua glória divina. Essa vinda recorda as manifestações visíveis de Deus
quem lê entenda. Esta frase pode ser uma observação de Marcos (indicando (teofanias) no Antigo Testamento (Êx 19.16; 34.5; Ez 1.4; 10.3-4), com a diferen-
que ele sabia que a destruição do templo já havia ocorrido) ou pode expressar o ça que esta manifestação será universal. Porém os vs. 24-27 podem apontar não
MARCOS 13, 14 1172
seus 8 escolhidos dos quatro ventos, da extremidade da terra O plano para tirar a Ilida de Jesus
até à extremidade do céu. Dali a ªdois dias, era a Páscoa e Festa dos Pães ba
• 27 Be/eitos ;8/Lc 21 29
e ;~~-0-;emp~ Filho~o
25.14 m [Mt 16.19] 35 n Mt 24.42,44
ou o h-a--:n:m 31gls408 32 h Mt 25.13 iAt 1.7 33 i1Ts 5.6 34 IMt 24~~~--
CAPÍTULO 14 1 •Lc 22.1-2 bÊx 12.1-27 3 CM\ 26.6; Lc 7.37; Jo 12.1,3 5 dMt 18 28; Me 12 15 eMt 20.11, Jo 6 61 1a censuravam
7 !Dt 15.11, Mt 26.11, Jo 128 g [Jo 733; 8.21, 14.2, 12, 16 10, 17,28/
para o aparecimento de Cristo no julgamento universal, mas para o reconheci- como "A Festa dos Pães Asmos" (14.12; Êx 1215-20). e estava estreitamente
mento humano que Jesus está reinando no reino de Deus (Dn 7.13). um reconhe- associada com a Páscoa.
cimento desencadeado pela queda de Jerusalém (o juízo final de Deus sobre a principais sacerdotes. Ver nota em 8.31.
cidade). Nesse caso, o v. 27 se referiria à disseminação do evangelho no mundo, escribas. Ver nota em 7.1.
que se seguirá àquele evento. Os "anjos" seriam os mensageiros do evangelho
•14.2 Não durante a festa. Sendo uma das festas de peregrinação dos judeus,
(angelos é a palavra grega ~ara "mensageiro", quer sejam humanos ou angelica- a Páscoa levava grande número de pessoas a Jerusalém. Josefa calculou que a
is). Sob este ponto de vista, a primeira referência de Jesus ao fim (sua segunda população de cinqüenta mil pessoas aumentava para três milhões de pessoas.
vinda) não ocorre senão no v. 32 ("daquele dia")
Ainda que esses números sejam considerados muito exagerados (duzentos e cin-
•13.27 dos quatro ventos. Uma forma poética de afirmar a universalidade do qüenta mil é o número mais provável), havia razão para as autoridades temerem.
novo povo de Deus. •14.3 Betânia. Ver nota em 11.1.
•13.28 figueira. Não parece haver qualquer sentido simbólico específico nesta reclinado. As pessoas se reclinavam ao invés de sentar-se à mesa (Lc 22.14,
"figueira" (sentido tal como o ressurgimento da nação de Israel), uma vez que a nota).
passagem paralela de Lc 21.29 acrescenta "e todas as árvores". Jesus está sim-
Simão, o leproso. Sem dúvida, ele não era mais leproso, pois pode ter sido cura-
plesmente dizendo que, exatamente como há sinais daquilo que ocorre no campo
do por Jesus. Ele era claramente um importante membro do círculo mais amplo
natural, assim será no campo espiritual.
dos discípulos de Jesus, uma vez que Jesus escolheu visitar sua casa nesta oca-
•13.30 esta geração. Para o evento da destruição do templo, a frase se refere à sião.
geração da época do próprio Jesus.
uma mulher. De acordo com Jo 12.3, esta mulher era Maria, irmã de Lázaro e
•13.31 Passará o céu e a terra. Jesus torna suas palavras iguais às palavras Marta. João também indica que essa refeição ocorreu "seis dias antes da Pás-
das Escrituras, com valor eterno (cf. Mt 5.18). Ver "O Ensino de Jesus", em Mt coa" (Jo 12.1). antes de Jesus ter entrado em Jerusalém. Marcos pode ter colo-
7.28. cado aqui a narrativa, para associar esta pré-unção com vistas à sepultura (v. 8,
•13.32 nem o Filho. Jesus tinha consciência de seu relacionamento único com nota) com a trama para matar Jesus (v. 1) e foi, subseqüentemente, seguido por
o Pai, como Filho eterno, contudo, havia uma limitação no seu conhecimento, du- Mateus (Mt 263-13).
rante sua encarnação. Aquilo que o Pai não lhe revelou quanto ao futuro, ele não vaso de alabastro. Alabastro é um tipo de gesso em sua forma pura ou translú-
sabia. Nesse sentido, o homem Jesus (o Filho considerado em sua natureza hu- cida, encontrado em depósitos de calcário, em cavernas e em saldas de corren-
mana) não era onisciente. tes de água. Era usado freqüentemente para se fazer vasos de ungüento e era
•13.35 se à tarde. Ver 6.48, nota. considerado um item de luxo.
•14.1 Dali a dois dias. Isto é, no "segundo (ou 'próximo') dia"; compare 8.31. nardo puro. Um raro perfume feito da raiz de uma planta que cresce rio Himalaia.
Marcos parece colocar a trama dos principais sacerdotes e escribas na quarta- Seu valor de "trezentos denários" (v. 5) era equivalente aproximadamente ao sa-
feira da semana da Paixão. lário de um ano de trabalho.
a Páscoa. A Páscoa era uma das mais importantes das festas judaicas, pois ce- quebrando o alabastro. Para evitar perdas, uma quantidade adequada para ser
lebrava a libertação do povo da escravidão do ,,Egito, quando o anjo da morte "pas- aplicada de uma só vez era colocada em frascos, que eram quebrados pelo garga-
sou por cima" das casas do povo de Israel (Ex 12.1-30). No tempo de Jesus, a lo na hora de usar. De acordo com Jo 12.3, o frasco continha aproximadamente
Páscoa era celebrada no décimo quinto dia do primeiro mês do calendário judeu trezentos e quarenta gramas de perfume.
(Nisan, que corresponde ao fim de março ou começo de abril). Era observada no •14.6 boa ação. Jesus aprova o que outros vêem como desperdício porque, por
último dia antes da primeira lua cheia, depois do equinócio da primavera. Desde este gesto, ela mostra o inestimável valor de Jesus, da sua morte (v. 8), e da pro-
aquele dia, quando os cordeiros pascais eram sacrificados e comidos, todo ler - funda comunhão que seu sacrifício na cruz estabelecerá. Este gesto recorda a
menta (que simbolizava o pecado) era removido da casa e só pão sem fermento preciosa unção ferta sobre Arão, o sumo sacerdote, que o salmista compara com
(asma) devia ser comido, durante sete dias. Esta observância era conhecida a bênção inestimável da comunhão entre irmãos (SI 133).
1173 MARCOS 14
sepultura. 9 Em verdade vos digo: onde hfor pregado em todo dentre vós, o que come comigo, me trairá. 19 E eles começa-
o mundo o evangelho, será também contado o que ela fez, ram a entristecer-se e a dizer-lhe, um após outro: Porventura,
para memória sua. sou eu? 2 20 Respondeu-lhes: É um dos doze, o que mete co-
migo a mão no prato. 21 Pois no Filho do Homem vai, como
O pacto da traição está escrito a seu respeito; mas ai daquele por intermédio de
10 iE Judas lscariotes, um dos doze, foi ter com os princi- quem o Filho do Homem está sendo traído! Melhor lhe fora
pais sacerdotes, para lhes entregar Jesus. 11 Eles, ouvindo-o, não haver nascido!
alegraram-se e lhe prometeram dinheiro; nesse meio tempo,
buscava ele uma boa ocasião para o entregar. A Ceia do Senhor
22 ºE, enquanto comiam, tomou Jesus um pão e, abençoan-
Os discípulos preparam a Páscoa do-o, o partiu e lhes deu, dizendo: Tomai, 3 isto é o meu Pcor-
12 iE, no primeiro dia da Festa dos Pães Asmos, quando se po. 23 A seguir, tomou Jesus um cálice e, tendo dado graças, o
fazia o sacrifício do cordeiro pascal, disseram-lhe seus discípu- deu aos seus discípulos; e todos beberam dele. 24 Então, lhes
los: Onde queres que vamos fazer os preparativos para come- disse: Isto é o meu sangue, o sangue da 4 [nova] aliança, derra-
res a Páscoa? 13 Então, enviou dois dos seus discípulos, mado em favor de muitos. 25 Em verdade vos digo que jamais
dizendo-lhes: Ide à cidade, e vos sairá ao encontro um ho- beberei do fruto da videira, até àquele dia em que o hei de be-
mem trazendo um cântaro de água; 14 segui-o e dizei ao dono ber, novo, no reino de Deus. 26 qTendo cantado 5 um hino, saí-
da casa onde ele entrar que o Mestre pergunta: Onde é o meu ram para o monte das Oliveiras.
aposento no qual hei de comer a Páscoa com os meus discípu-
los? 15 E ele vos mostrará um espaçoso cenáculo mobilado e Pedro é avisado
pronto; ali fazei os preparativos. 16 Saíram, pois, os discípulos, 27 'Então, lhes disse Jesus: Todos vós vos escandalizareis,
6
foram à cidade e, achando tudo como Jesus lhes tinha dito, porque está escrito:
prepararam a Páscoa. s Ferirei o pastor, e as ovelhas ficarão dispersas.
28 Mas, 1depois da minha ressurreição, irei adiante de vós
O traidor é indicado para a Galiléia. 29 "Disse-lhe Pedro: Ainda que todos 7 se escan-
17 IAo cair da tarde, foi com os doze.
18 Quando estavam à dalizem, eu, jamais! 30 Respondeu-lhe Jesus: Em verdade te
mesa e comiam, disse Jesus: Em verdade vos digo que mum digo que hoje, nesta noite, antes que duas vezes cante o galo,
• 9h M~ 1~20;
28 Mc16.15; Lc ;~7 10 iSl41:;: 55-12-~~;
Mt 10-2--4- 12 i~~28; ~2~ 17-19; Lc 22.7-13 17 IMt 2620-24,
22 14,21-23 18 ms141.9; Mt 26.46; Me 14.42; Jo 6.70-71; 13.18 19 2Cf. NU; TR e M acrescentam Eoutro disse. Sou eu?, no final deste
Lc~
versículo; NU omite 21 n Mt 26.24; Lc 22.22; At 1.16-20 22 o Mt 26.26-29; Lc 22.17-20; 1Co 11.23-25 P [1 Pe 2.24] 3 Ct. NU; TR e M
acrescentam comei; NU omite 24 4 Conteúdo dos colchetes conforme TR e M; NU omite 26 q Mt 26.30 5 Ou hinos 27 'Mt 26.31-35;
Me 14.50; Jo 16.32 5 [Is 53.5, 1O]; Zc 13.7 6 Ct. NU; TR e M acrescentam por causa de mim esta noite 28 t Mt 28.16; Me 16.7; Jo 21.1
29 u Mt 26.33-34; Lc 22.33-34; Jo 13.37-38 7 desertem
•14.8 ungir-me para a sepultura. Jesus se refere à unção de cadáveres, com mete comigo a mão no prato. Pão ou carne eram mergulhados numa tigela
especiarias e perfumes, amplamente praticada na Palestina naqueles dias. central cheia de molho. Odetalhe dá ênfase à profunda traição pessoal, uma vez
•14.1 OJudas lscariotes. Judas ia receber trinta moedas de prata lnem mes- que a comunhão à mesa era uma prova de genuína amizade (ct. 2.16).
mo a metade do valor do perfume) para trair Jesus (v. 11 ). •14.21 como está escrito. Ver 8.31, nota.
um dos doze. Ver nota em 3.14. •14.22 enquanto comiam. A refeição sacramental da nova aliança está intrin-
secamente relacionada com a antiga e desenvolve-se a partir dela (notar o para-
•14.12 Pães Asmos. Esta festa simbolizava a remoção do pecado na vida dos
crentes israelitas IÊx 12.14-20) A refeição da Páscoa caía no primeiro dia desta lelismo com Êx 24.9-11 ). Jesus toma dois elementos da refeição pascal -o pão
sem fermento e o vinho - para expressar sua nova obra de redenção. Ver "A
festa (v. 1, nota; Êx 12.14-15). o décimo quarto dia depois do começo do ano ju-
Ceia do Senhor", ern 1Co 11.23.
daico (Êx 12.6)
•14.24 meu sangue. Na Páscoa original, o sangue do cordeiro protegeu da mor-
sacrifício do cordeiro pascal. Jesus morreu na Páscoa, a testa que celebra o
te os israelitas (Êx 12 23-30). A frase "sangue da aliança" vem de Êx 24.8 e reco!-
modo como o sangue de um cordeiro protegeu os israelitas do juízo de Deus no
da que as alianças bíblicas são seladas com sangue (Gn 15.9-21; 17.9-14; Ex
Egito. A morte de Jesus mostra a profunda continuidade no plano divino da reden-
24.4-8)
ção ld 1Co 5. 7) Na ordem destas festas é afirmada a prioridade do ato salvífico
de Deus (Páscoa e redenção) contra todas as nossas obras de justiça (testa dos derramado em favor de muitos. Jesus está aludindo a Is 53.12, onde o Servo do
"Pães Asmos" e o abandono dos pecados pelos crentes). Senhor "derramou a sua alma na morte" e "levou sobre si o pecado de muitos"
•14.13 homem trazendo um cântaro de água. Eram as mulheres que nor- •14.25 jamais beberei. Jesus está predizendo aqui a iminência de sua morte
malmente carregavam os cântaros de água. Para o conhecimento de Jesus ares- o hei de beber, novo. Jesus está expressando aqui a sua fé em Deus. que não o
peito do futuro e de eventos distantes, ver 11.1-2 e Jo 1.48. Jesus podia exercer abandonará na sua morte.
e exerceu. na terra, seus poderes divinos de conhecimento (13.32, nota). •14.26 Tendo cantado um hino. Esta menção ao cântico é uma referência à li-
•14.17 com os doze. Os Evangelhos registram que os que estavam presentes, turgia da Páscoa. Jesus e seus discípulos cantaram os SI 115-118, que era o
nesta época do ministério de Jesus, eram os doze que ele tinha escolhido no co- encerramento tradicional da refeição da Páscoa.
meço ld 3.14). De acordo com Lc 22.30, neste tempo Jesus anunciou o futuro •14.28 para a Galiléia. Oanjo, no túmulo, lembra esta promessa e alude à ne-
ministério deles. como juízes do novo povo de Deus. Eles foram testemunhas da gação por parte de Pedro 116.7).
inauguração do novo concerto. •14.30 antes que duas vezes cante o galo. Para outros exemplos de conheci-
•14.20 um dos doze. A predição de Jesus a respeito da traição procede de seu mento que Jesus tinha de eventos futuros. ver nota no v. 13. A referência aparen-
íntimo conhecimento de Judas e. também, do seu entendimento das Escrituras temente específica poderia ser também um modo poético de dizer "antes da
(v 21; SI 41 9). aurora".
MARCOS 14 1174
tu me negarás três vezes. 31 Mas ele insistia com mais veemên- cribas e anciãos, uma turba com espadas e porretes. 44 Ora, o
cia: Ainda que me seja necessário morrer contigo, de nenhum traidor tinha-lhes dado esta senha: Aquele a quem eu ;beijar,
modo te negarei. Assim disseram todos. é esse; prendei-o e levai-o com segurança. 45 E, logo que che-
gou, aproximando-se, disse-lhe: Mestre! Eo beijou. 4ó Então,
Jesus no Getsêma.ni lhe deitaram as mãos e o prenderam. 47 Nisto, um dos cir-
32 vEntão, foram a um lugar chamado Getsêmani; ali che- cunstantes, sacando da espada, feriu o servo do sumo sacer-
gados, disse Jesus a seus discípulos: Assentai-vos aqui, en- dote e cortou-lhe a orelha. 48 iDisse-lhes Jesus: Saístes com
quanto eu vou orar. 33 E, x1evando consigo a Pedro, Tiago e espadas e porretes para prender-me, como a um salteador?
João, começou a sentir-se tomado de pavor e de angústia. 34 E 49 Todos os dias eu estava convosco no templo, 1ensinando, e
lhes disse: z A minha alma está profundamente triste até à não me prendestes; contudo, mé para que se cumpram as
morte; ficai aqui e vigiai. 35 E, adiantando-se um pouco, pros- Escrituras. 50 n Então, deixando-o, todos fugiram.
trou-se em terra; e orava para que, se possível, lhe fosse pou-
pada aquela hora. 36 E dizia: ªAba, Pai, btudo te é possível; Jesus seguido por um jo11em
passa de mim este cálice; e contudo, não seja o que eu quero, 51 Seguia-o um jovem, coberto unicamente com um len-
e sim o que tu queres. 37 Voltando, achou-os dormindo; edis- çol, e lançaram-lhe a mão. 52 Mas ele, largando o lençol, fu.
se a Pedro: Simão, tu dormes? Não pudeste vigiar nem uma giu desnudo.
hora? 38 dVJgiai e orai, para que não entreis em tentação; eo
espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca. 39 Reti- Jesus perante o Sinédrio
rando-se de novo, orou repetindo as mesmas palavras. 40Vol- 53 ªE levaram Jesus ao sumo sacerdote, e Preuniram-se
tando, achou-os outra vez dormindo, porque os seus olhos todos q os principais sacerdotes, os anciãos e os escribas.
estavam pesados; e não sabiam o que lhe responder. 41 E veio 54 rpedro seguira-o de longe até ao interior do pátio do
pela terceira vez e disse-lhes: Ainda dormis e repousais! Bas- sumo sacerdote e estava assentado entre os serventuários,
ta! !Chegou a hora; o Filho do Homem está sendo entregue aquentando-se ao fogo. 55 5 E os principais sacerdotes e todo
nas mãos dos pecadores. 42gLevantai-vos, vamos! Eis que o o Sinédrio procuravam algum testemunho contra Jesus para
traidor se aproxima. o condenar à morte e não achavam. 56 Pois muitos testemu-
nhavam 1falsamente contra Jesus, mas os depoimentos não
Jesus é preso eram coerentes. 57 E, levantando-se alguns, testificavam fal-
43 hE logo, falava ele ainda, quando chegou Judas, um dos sarnente, dizendo: 58 Nós o ouvimos declarar: "Eu destrui-
doze, e com ele, vinda da parte dos principais sacerdotes, es- rei este santuário edificado por mãos humanas e, em três
o~tsi~2;6
27.32 22
,;53~1 ~~6--;;,~;;7;30o~~a~el-g;ner~o;ver~ado;
19.17-24 23 Mt 27.34 24 SI 22.18 25
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~ n[~50-;;;;-1;~3; ;o o7c2263,;
19.14 26 Mt 27.37 o
s t Jo
1~ 21 ~~t~
27 Lc 22.37 28 Is u 4 seu crime v x
53.12 5 Conteúdo dos colchetes conforme TR e M; NU omite 29 zs1 22.6-7; 69.7 a SI 109 25 b Jo 2.19-21 31 e Lc 18.32 d Jo 11.43-44
32eMt27.44ôMcre1amosnele 33/Lc23.44-49 34&Sl22.1 36hJo1929iSl69.21 37iMt27.50
•15.15 açoitar. Segundo o costume romano, o açoite precedia a crucificação. •15.25 hora terceira. Nove horas da manhã.
•15.16 pretório. Originalmente, a palavra designava a sede do comando militar •15.26 sua acusação. Chamada "titulus", em latim, era uma placa levada dian-
ou quartéis, em geral. Nos Evangelhos, refere-se a uma residência oficial (cf At te do prisioneiro a caminho da execução, e afixada na cruz sobre sua cabeça.
23.35) •15.27 dois ladrões. Ainda que a palavra grega signifique freqüentemente "la-
todo o destacamento. Lit., "corte" ou a décima parte de uma legião romana, drão", pode também significar insurreicíonista (14.48, nota) ou mais geralmente
que seriam e11tão seiscentos homens. "criminoso" Uma vez que o roubo não era punido com crucificação (v. 13, nota).
•15.17 Vestiram-no de púrpura. A púrpura era cara e difícil de produzir e, por um dos dois últimos significados é preferível aqui.
esta razão, era indício de alta classe (Et 1.6; Pv 31.22; Lc 16.19; Ap 17.4). especi- •15.28 Este versículo está faltando nos mais antigos manuscritos gregos, ainda
almente da realeza (2Cr 2.7, 14; 3.14; Ct 3.1 O). que conste da vasta maioria dos manuscritos existentes. Épossível que os prime-
coroa de espinhos. Jesus suportou a maldição divina (v. 13, nota) na terra, que iros copistas tenham inserido a citação de Is 53.12, valendo-se da passagem pa-
produziu espinhos depois do pecado de Adão (Gn 3.17-18). Os soldados usaram ralela de Lc 22.37.
essa coroa para ridicularizar a idéia de que Jesus era um rei. •15.29 Ver nota em 14.58.
•15.18 Salve. Esta saudação e homenagem prestadas (v. 19) são zombarias do •15.30 descendo. Estas palavras são tanto um insulto como uma tentação dia-
respeito devido à realeza. bólica, semelhante àquela que foi proposta a Jesus no começo do seu ministério
•15.21 Cireneu. Cirene era uma importante cidade na região da Líbia atual. Ha- (Mt 4.2-6). Odiabo está procurando ainda subverter a obra da redenção, exata-
via uma grande colonização judaica em Cirene, que remontava a centenas de mente no momento de sua consumação, quando Jesus está enfrentando sua
anos atrás (At 6 9). maior fraqueza física 114.38).
Alexandre e de Rufo. Os filhos de Simão podiam ter sido membros de uma co- •15.33 hora sexta. Meio-dia.
munidade cristã, provavelmente em Roma, à qual Marcos escreveu (Rm 16.13). trevas. Isto recorda as trevas no Egito, que se estenderam por três dias, antes da
a carregar-lhe a cruz. Normalmente o condenado devia carregar a cruz, que morte dos primogênitos (Êx 10.22). Ver também a profecia de Am 8.9-1 O, onde o
pesava de treze a vinte quilos Simão, ao tomar a cruz de Jesus, tornou-se um Senhor promete "entenebrecerei a terra em dia claro", em um tempo "como luto
quadro visível do verdadeiro discipulado que Jesus exige (8.34). por filho único"
•15.22 Lugar da Caveira. Um nome sinistro, provavelmente referindo-se à for- hora nona. Cerca de três horas da tarde.
ma da colina onde as execuções eram levadas a cabo. •15.34 Eloí... sabactâni. Esse é o primeiro versículo de SI 22 em aramaico.
•15.23 vinho com mirra. Uma primitiva forma de analgésico. Mirra era uma es- Mesmo nas garras da morte, a vida de Jesus é determinada por aquilo que está
peciaria cara usada como cosmético. Foi oferecida a Jesus por ocasião de seu nas Escrituras.
nascimento, como dádiva para um rei (Mt 2.11) e usada em seu sepultamento •15.35 Elias. Alguns entenderam mal a palavra "Eloí", tomando-a por "Elias",
por Nicodemos (Jo 19.39-40). talvez porque, em alguns círculos, acreditava-se que Elias voltaria (6.15; 8.28).
•15.24 repartiram ... as vestes dele. Estes eram os espólios reservados ao es- •15.36 vinagre. Diferente do vinho e mirra oferecidos (v. 23). aqui não há o de-
quadrão da execução. Este detalhe, aparentemente sem importância, cumpre o sejo humanitário de abrandar o sofrimento, mas, antes, a intenção cruel de pro-
SI 22.18, um salmo que descreve a agonia de uma morte violenta e imerecida (SI longá-lo, mantendo Jesus vivo, para verem se "Elias" viria ao ser chamado por
2216) ele.
1177 MARCOS 15, 16
brado, expirou. 38 E 1o véu do santuário rasgou-se em duas sido aberto numa rocha; e rolou uma pedra para a entrada do
partes, de alto a baixo. 39 mo centurião que estava em frente túmulo. 47 Ora, Maria Madalena e Maria, mãe de José, obser-
dele, vendo que 7 assim expirara, disse: Verdadeiramente, varam onde ele foi posto.
este homem era o Filho de Deus.
40 nEstavam também ali algumas mulheres, observando A ressurreição de Jesus
ºde longe; entre elas, Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, o ªPassado o sábado, Maria Madalena, Maria, mãe de
menor, e de José, e Salomé; 41 as quais, quando Jesus estava na
Galiléia, Po acompanhavam e serviam; e, além destas, muitas
16 Tiago, e Salomé, bcompraram aromas para irem em-
balsamá-lo. 2 E, cmuito cedo, no primeiro dia da semana, ao
outras que haviam subido com ele para Jerusalém. despontar do sol, foram ao túmulo. 3 Diziam umas às outras:
Quem nos removerá a pedra da entrada do túmulo? 4 E, olhan-
O sepultamento de Jesus do, viram que a pedra já estava removida; pois era muito gran-
42 q Ao cair da tarde, por ser o dia da preparação, isto é, a de. s dEntrando no túmulo, viram um jovem assentado ao lado
véspera do sábado, 43 vindo José de Arimatéia, ilustre membro direito, vestido de branco, e ficaram surpreendidas e atemmi-
do Sinédrio, 'que também esperava o reino de Deus, dirigiu-se zadas. 6 e Ele, porém, lhes disse: Não vos atemorizeis; buscais a
resolutamente a Pilatos e pediu o corpo de Jesus. 44 Mas Pilatos Jesus, o Nazareno, que foi crucificado; ele ressuscitou, não está
admirou-se de que ele já tivesse morrido. E, tendo chamado o mais aqui; vede o lugar onde o tinham posto. 7 Mas ide, dizei a
centurião, perguntou-lhe se havia muito que morrera. 45 Após seus discípulos e a Pedro que ele vai 1 adiante de vós para a Ga-
certificar-se, pela informação do comandante, cedeu o corpo a liléia; lá o vereis, f como ele vos disse. 8 E, saindo elas, fugiram
José. 46 5 Este, baixando o corpo da cruz, envolveu-o em um 2 do sepulcro, porque estavam possuídas de temor e de assom-
lençol que comprara e o depositou em um túmulo que tinha bro; ge, de medo, nada disseram a ninguém.
,.,&, - ---=---=----=--=- -- ---== ~=-~--=-==---=------=
~ 38 1Êx 26.31-33 39 m Lc 23.47 7 NU assim ele expirara 40 n Mt 27.55 o SI 38.11 41 P Lc 8.2-3 42 Q Jo 19.38-42 43 r Lc
2.25,38; 23.51 46 SMt 27.59-60
CAPÍTUL016 t•Jo20.1-8bLc23.56 2Clc24.1 SdJo20.11-12 6eMt28.6 7fMt26.32;28.16-17lafrentede SgMt
28.8 2 Cf. NU e M; TR acrescenta rapidamente; NU e M omitem
•15.37 dando um grande brado. Já havia seis horas que Jesus estava pendu- sa por José, porém é revelado num momento em que todos os próprios discípu-
rado sobre a cruz lvs. 25,34). A crucificação podia estender-se por dois ou três los de Jesus tinham fugido. José coloca-se em conflito com a decisão do Siné-
dias lv. 13, nota). drio, pondo em risco todo o seu futuro.
•t 5.38 o véu do santuário rasgou-se em duas partes. A morte de Jesus é o •15.44 Pilatos admirou-se. A surpresa de Pilatos outra vez confirma o caráter
sacrifício final e definitivo pelo pecado IHb 7.27). A velha dispensação da aliança incomum da morte de Jesus lv. 37, nota).
da graça é levada a um final decisivo. O sumo sacerdote não mais teria necessi- •15.46 túmulo ... aberto numa rocha. De acordo com Mt 27.60, o túmulo per-
dade de entrar no Santo dos Santos, atrás do véu, para expiar os pecados do povo tencia a José e à sua família. Um tal lugar de sepultamento familiar consistiria de
IÊx 26.31-33; cf. Hb 9.1-10). Jesus é o novo e eterno Sumo Sacerdote IHb 8.1) e, um vestíbulo primorosamente pintado, de onde uma passagem conduziria a ban-
também, a perfeita vítima sacrificial IHb 9.14), que obtém "eterna redenção" para cos ou prateleiras individuais cavados na rocha, e onde os corpos eram deitados.
o seu povo IHb 9.12) O túmulo devia ser selado com uma pesada pedra rolada ao longo de um sulco
•15.39 centurião. Oficial romano responsável por cem homens. Este centurião, feito na rocha à sua entrada.
aparentemente, era o responsável pelo destacamento encarregado de executar a •16.1 Passado o sábado. Ao pôr-do-sol, 16 horas da tarde), no fim do sábado,
sentença contra Jesus. Ele estava bem posicionado para observar a morte de Je- um horário apropriado para comprar especiarias, mas não para visitar túmulos.
sus. embalsamá-lo. Ungir com aromas era um modo de demonstrar afeição 114.8,
filho de Deus. O grego poderia ser traduzido "um filho de Deus". Um romano nota) como hoje, no Ocidente, se envia flores.
não veria, neste termo, o Messias do Antigo Testamento, nem o eterno Filho da
Trindade, mas a idéia helenística de um humano sendo favorecido pelos deuses.
•16.3 Quem nos removerá a pedra. Elas tinham visto a "pedra ... muito gran-
de" lv. 4) que fechava o túmulo 115.46, nota).
Não obstante, a confissão permanece como o propósito e o clímax do Evangelho
de Marcos, completado com o conteúdo da mensagem cristã lcf. 1.1 ). •16.5 Entrando no túmulo. Elas entraram no vestíbulo da câmara mortuária, no
•15.40 Maria Madalena. Isto é, Maria de Magdala, cidade à margem sudoeste fim da qual estava o nicho (banco ou prateleira) onde tinham deixado o corpo de
do mar da Galiléia lcf. 16.9; Lc 8.2). Jesus 115.46, nota).
Maria, mãe de Tiago, o menor, e de José. Conhecida somente através deste um jovem. Mt 28.2 diz que as mulheres encontraram um anjo no túmulo.
incidente ICf. Mt 27.56). •16.6 o Nazareno. Ver nota em 1.24.
Salomé. Mãe de Tiago e de João IMt 27.56; cf. 20.20-21 ). ele ressuscitou. Se o Evangelho de Marcos alcança o seu clímax na confissão
•15.4 t muitas outras. Todos os homens tinham fugido, exceto o discípulo ama- de que Jesus é o Filho de Deus 115.39, nota), um segundo clímax é atingido com
do IJo 19.26,35) a declaração de sua ressurreição, a qual confirma que sua pregação sobre a vinda
•f 5.42 dia da preparação. O dia anterior ao sábado !sexta feira, Jo 19.14, do reino em poder é verdadeira. Ver notas em 1.15 e 9.1; "A Ressurreição de
nota). Oalimento era preparado antes de o sol se por, quando o sábado começa- Jesus", em Lc 24.2.
va. José tinha de comprar o linho, tomar as providências para o sepultamento de • t 6. 7 e a Pedro. Esta expressão faz toda a diferença no enorme papel que Pedro
Jesus e aprontar o túmulo (vs. 43-46) nas três horas que restavam entre a morte desempenharia na história subseqüente da redenção. Por ela, Marcos indica,
de Jesus e o pôr-do-sol. quando leva seu Evangelho ao fim 116.9-20, nota), que a obra de Jesus, na prepa-
•15.43 José de Arimatéia. Talvez, de Ramá, na Judéia, a aproximadamente ração dos doze, não se perdeu.
trinta e dois km a noroeste de Jerusalém, e cidade do profeta Samuel 11 Sm 1.1 ). ele vai adiante de vós. Ver nota em 14.28.
Ver nota em Lc 23.50-51. •f 6.8 medo. Se os vs. 9-20 não são originais !ver abaixo), então o Evangelho de
Sinédrio. Ver 8.31, nota. Marcos termina com esta frase. Esta seria uma conclusão surpreendente para
reino de Deus. Ver nota em 1.15. José, sem dúvida, era um fariseu piedoso, um documento que se propõe ser um "evangelho", uma "proclamação de boas
mas, também, um secreto seguidor de Jesus. novas". Uma consideração oposta é que a palavra traduzida por "medo" signifi-
dirigiu-se resolutamente. Este, aparentemente, é o primeiro ato de fé expres- ca também "temor reverente", e este mesmo estado mental é produzido nos
MARCOS 16 1178
Jesus aparece a Maria Madalena· vam à mesa, e censurou· lhes a incredulidade e dureza de co·
9 3 Havendo ele ressuscitado de manhã cedo no primeiro ração, porque não deram crédito aos que o tinham visto já
dia da semana, apareceu primeiro a Maria Madalena, hda ressuscitado. 15 nE disse-lhes: Ide por todo o mundo ºe pregai
qual expelira sete demônios. 10 E, ipartindo ela, foi anunciá- o evangelho a toda criatura. 16 PQuem crer e for batizado será
lo àqueles que, tendo sido companheiros de Jesus, se acha- salvo; qquem, porém, não crer será condenado. 17 Estes 'si-
vam tristes e choravam. nais hão de acompanhar aqueles que 4 crêem: sem meu
11 Estes, i ouvindo que ele vivia e que fora visto por ela, nome, expelirão demônios; 1falarão novas línguas; 18 "pega-
não acreditaram. rão5 em serpentes; e, se alguma coisa mortífera beberem, não
lhes fará mal; vse impuserem as mãos sobre enfermos, eles fi-
Jesus aparece a dois de seus discípulos carão curados.
12 Depois disto, manifestou-se em outra forma 'a dois de·
les que estavam de caminho para o campo. 13 E, indo, eles o A ascensão de Jesus
anunciaram aos demais, mas também a estes dois eles não de- 19 De fato, o Senhor Jesus, x depois de lhes ter falado, foi
ram crédito. zrecebido no céu e ªassentou-se à destra de Deus. 20 E eles,
tendo partido, pregaram em toda parte, cooperando com eles
A ordem para a evangelização o Senhor be confirmando a palavra por meio de sinais, que se
14 mFinalmente, apareceu Jesus aos onze, quando esta· seguiam.
9 h Lc 8.2 3 NU traz os vs. 9-20 entre colchetes como não encontrados no texto original. Eles faltam no Codex Sinaiticus e no Codex Vaticanus.
embora quase todos os demais mss. de Marcos os contenham 10 i Lc 24.1 O 11 i Lc 24.11,41 12 I Lc 24.13-35 14 m 1Co 15.5
°
15 n Mt 28.19 [CI 1.23] 16 P [Jo 3.18,36] q [Jo 1248] 17 r At 5.12 s Lc 10.17 l[At 24] 4 creram 18 u At 28.3-6 VTg 5.14 5NU e
nas suas mãos eles 19 x At 1.2-3 Zlc 9.51, 24.51 a [SI 110.1] 20 b [Hb 24]
- -
discípulos quando viram a transfiguração de Jesus [9.6). um tipo da futura ressur- •16.9 Maria Madalena. Ver nota em 15.40.
reição. Mas o silêncio inicial das mulheres foi, realmente, desobediência (v. 7) •16.12 dois deles. Compare Lc 24.13-35.
•16.9-20 Os estudiosos diferem entre si quando consideram se estes versículos •16.15 Ide por todo o mundo. Compare Mt 28.19.
eram originalmente parte deste Evangelho. Alguns importantes manuscritos gre-
•16.16 batizado. Ver "O Batismo Infantil", em Gn 17.11.
gos mais antigos não trazem estes versículos; outros manuscritos têm os versí-
culos 9-20 (conhecidos como o 'longo Final") e. ainda outros, têm um "Breve •16.17 sinais. Todas as coisas preditas aqui (exceto beber veneno mortal) são
Final" (aproximadamente o comprimento de um versículo). Uns poucos manuscri- registradas no Novo Testamento, especialmente em Atos. Ver também Rm 15.19
tos trazem ambos. tanto um Breve Final quanto um Longo Final. Devido a estas di- e Hb 2.3-4. Histórias a respeito de alguns apóstolos sobreviventes que teriam
ferenças alguns estudiosos crêem que os vs. 9-20 foram acrescentados sido forçados a beber veneno são encontradas na literatura cristã primitiva, fora
posteriormente e que não foram escritos por Marcos. Por outro lado, esses versí- da Bíblia.
culos são citados por escritores do final do século li e são encontrados numa es- •16.19 à destra de Deus. Uma posição que simboliza a autoridade que Jesus
magadora maioria de manuscritos gregos do Evangelho de Marcos. Para outros compartilha com Deus, o Pai (14 62; Fp 2.9; cf. SI 1101 ).
estudiosos estes fatos estabelecem a autenticidade da passagem. •16.20 confirmando a palavra por meio de sinais. Ver nota no v. 17.